MANUAL DE PSIQUIATRIA PARA CONCURSOS VOLUME #1
ORGANIZADORES Lucas da Rocha Fantini Medicina - FASEH - 2010 Residência - Psiquiatria - UFJF - 2013 Residência - Psiquiatria Forense - IRS/FHEMIG - 2014 João Marcos Castro Andrade Residência - Psiquiatria - Fhemig - 2000 Mestrado - Educação UFMG - 2003 Professor Psiquiatria e Saúde Coletiva - FASEH
PREFÁCIO O Psiqcurso é composto por 40 aulas, 4 apostilas e uma grande quantidade de questões comentadas. Nossos professores produziram um curso perfeito para quem está estudando para concursos em psiquiatria.
O MÉTODO DE ENSINO O método de ensino MedAULA é utilizado há vários anos em diversos cursos. Ele foi criado para que o aluno faça uma associação de áudio, imagens, texto, questões exemplo e questões de concursos, assimilando, assim, toda a matéria.
SEQUÊNCIA PARA ESTUDO Assista às aulas da semana utilizando todos os recursos do sistema. Recomendamos que pare a aula e anote os temas mais importantes. Leia os capítulos das apostilas referentes àquela semana e fixe ainda mais a matéria. Dentro da teoria básica, o aluno encontra as QUESTÕES EXEMPLO para memorização do conhecimento.
Manual de Psiquiatria para Concursos - Volume 1/ Editores Lucas da Rocha Fantini e João Marcos Castro Andrade - Primeira Edição - Belo Horizonte - MG. Med e_Learning Cursos Interativos, 2018. 51 p. Ilustradas. Inclui Bibliografia ISBN 1.
Psiquiatria I. Concursos II. Fantini III. Andrade IV
CDU: 617.7 CDD 617.7
Produção visual: Leonardo Alves Revisão ortográfica: Danielle Lagares Bicalho ©Copyright 2018 - MED E_LEARNING© Prefixo Editorial: 62824
Esta obra é protegida pela lei número 9.610 dos Direitos Autoriais de 19 de Fevereiro de 1998, sancionada e publicada no Diário Oficial da União em 20 de Fevereiro de 1998.
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Em vigor a lei número 10.693, de 1 de Julho de 2003, que altera os artigos 184 e 186 do Código Penal em acrescenta Parágrafos ao artigo 525 do Código de Processo Penal.
ÍNDICE
PAG
CAPÍTULO 1 - TRANSTORNO PSIQUIÁTRICO NA GESTAÇÃO E PUERPÉRIO .......................................
6
CAPÍTULO 2 - TRANSTORNO DE DÉFICIT DE ATENÇÃO E HIPERATIVIDADE (TDAH) .........................
10
CAPÍTULO 3 - TRANSTORNOS DO ESPECTRO DO AUTISMO .................................................................
16
CAPÍTULO 4 - TRANSTORNO DE ANSIEDADE E SEPARAÇÃO .................................................................
17
CAPÍTULO 5 - TRANSTORNO DE ANSIEDADE GENERALIZADA ..............................................................
19
CAPÍTULO 6 - TRANSTORNO DE PÂNICO E AGOROFOBIA .....................................................................
24
CAPÍTULO 7 - TRANSTORNO DO SONO .....................................................................................................
28
CAPÍTULO 8 - ELETROCONVULSOTERAPIA .............................................................................................
35
CAPÍTULO 9 - SUICÍDIO ................................................................................................................................
38
CAPÍTULO 10 - TRANSTORNO AFETIVO BIPOLAR .....................................................................................
43
CAPÍTULO 11 - TRANSTORNO FACTÍCIO ...................................................................................................
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1. Imunofluorescência Direta ................................................................................................................ 2. Fatores de Risco .................................................................................................................................. 3. Etiologia ............................................................................................................................................. 4. Definição – DSM 5 ................................................................................................................................. 5. Definição – CID 10 ............................................................................................................................... 6. Depressão gestacional ......................................................................................................................... 7. Transtornos puerperais ...................................................................................................................... 8. Disforia do pós-parto (Maternity blues) ......................................................................................... 9. Depressão pós-parto ........................................................................................................................... 10. Psicose puerperal ..............................................................................................................................
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TRANSTORNO PSIQUIÁTRICO NA GESTAÇÃO E PUERPÉRIO
TRANSTORNOS PSIQUIÁTRICOS NA GESTAÇÃO E PUERPÉRIO Christiane Carvalho Ribeiro
1. INTRODUÇÃO A gestação é uma fase bastante complexa na vida da mulher. As questões hormonais e sentimentos conflitantes na mãe frente a ideia de concepção podem desencadear diversas reações e levar a transtornos psiquiátricos e desestabilizações nesse período. Vista inicialmente como fator protetor certo para distúrbios psiquiátricos, estudos mais recentes demonstram que de fato a realidade é outra: a sensibilidade da mulher nesse período é responsável por alterações de humor e até mesmo sintomas psicóticos em grande parte das mulheres. O risco para a ocorrência de transtornos psiquiátricos é o mesmo na gestação ou em outra fase da vida da mulher. No puerpério aumenta-se ainda mais a sensação de responsabilidade. Sintomas obsessivos com o recém-nascido são co muns, principalmente com tema “contaminação” ou excesso de proteção.
2. FATORES DE RISCO Fragilidade social, ausência paterna, crises no relacionamento conjugal, baixa idade materna, eventos estressantes nos últimos 12 meses e desemprego são alguns dos principais fatores de risco para esses transtornos psiquiátricos. O componente psicossocial é presente na maioria desses fatores de risco. Mulheres com maior nível socioeconômico e maior escolaridade apresentam menor risco.
3. ETIOLOGIA Alterações hormonais: níveis de progesterona e estrógeno superiores àqueles vistos nas mulheres fora do período gestacional. No pós-parto, a queda hormonal é brusca e poderia estar envolvida nos transtornos psiquiátricos puerperais. O tratamento hormonal, porém, não se mostrou eficaz. Alguns casos de psicose puerperal podem ser explicados por infecções, intoxicações e hemorragias.
4. DEFINIÇÃO – DSM 5 A depressão pós-parto se refere ao desenvolvimento de uma doença depressiva após o parto e pode ser parte de uma doença bipolar ou geralmente, uma doença (depressão) unipolar. A depressão pós-parto não é reconhecida pelos sistemas de classificação atuais como uma doença á parte, mas o início de um episódio depressivo em até 4 semanas do pós-parto pode ser registrado pelo especificador de início perinatal no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (5ª edição) (DSM-5). Há evidências sugerindo que o especificador do DSM-5 é muito limitado. Assim, no sentido geral, episódios depressivos que ocorrem em até 6 meses após o parto podem ser considerados depressão pós-parto.
5. DEFINIÇÃO – CID 10 Transtornos mentais e de comportamento associados ao puerpério, não classificados em outros locais. Segundo a CID 10, essa classificação só deve ser usada nos casos de transtornos mentais específicos e intimamente associados ao puerpério, ou seja, que tenham se iniciado dentro de seis semanas após o parto. Além disso, não devem preencher quaisquer critérios para outros transtornos classificados ao longo do CID 10. 6
QUESTÕES EXEMPLO 1. ABP - Os critérios diagnósticos do DSM-IV para o transtorno do humor no pós-parto especificam que a relação temporal para o aparecimento dos sintomas deve ser: a) b) c) d) e)
Uma semana após o parto Ate duas semanas após o parto Ate quatro semanas após o parto Ate três meses após o parto Ate seis meses após o parto O DSM IV considera até 04 semanas após o parto como o período “pós-parto.” Mas para os estudos não há um período fixo padronizado para o pós-parto, ele pode variar de dois, três, seis e até 12 meses após o parto. Portanto a alternativa correta é a letra C.
6. DEPRESSÃO GESTACIONAL A depressão gestacional tem relação com a incidência de depressão pós-parto e pode ter consequências tanto maternas quanto para o recém-nascido. Não há proteção da mulher nessa fase, contradizendo estudos anteriores. A incidência de transtornos de humor na gestação é igual a qualquer outra fase na vida da mulher. A qualidade do parto, índices de aborto, a saúde materna e a relação mãe e filho são influenciados pelo quadro. Alguns autores defendem a não existência de diferenças entre os transtornos de humor durante o parto e em outras fases da vida. Sintomas não vegetativos, como anedonia, sentimentos de inutilidade, perda do interesse, humor deprimido, perda de peso e apetite e pensamentos recorrentes de morte estão presentes e devem ser avaliados. Sintomas maternos e somáticos característicos da gravidez como hipersonia no início da gravidez e insônia no fim, hiperfagia, diminuição da libido e queixas de dor são pouco úteis para o diagnóstico e menos associados aos transtornos em si. Complicações obstétricas como abortos, baixo peso, prematuridade parecem ser relacionadas ao quadro, porém não há estudos concretos. Não há, a princípio, escalas diagnósticas específicas para detecção de depressão durante o período gestacional.
7. TRANSTORNOS PUERPERAIS Disforia do pós-parto (Puerperal blues), Depressão pós-parto e psicose puerperal. Ocorrem em até 4 semanas após o parto.
8. DISFORIA DO PÓS-PARTO (MATERNITY BLUES) Inclui desânimo, choro fácil, labilidade emocional, irritabilidade, comportamento hostil. Já pode estar presente nos primeiros dias pós-parto. Os sintomas são mais leves, o pico é no quarto ou quinto dia após o parto e a tendência é o quadro permanecer por no máximo duas semanas. É muito comum, pode ser identificada em 50% a 85% das puérperas, dependendo da classificação diagnóstica utilizada. A psicoterapia é o tratamento indicado, oferecendo apoio a puérpera e verificando as condições e riscos que se encontra o recém-nascido. O tratamento farmacológico geralmente não é necessário nesses quadros.
9. DEPRESSÃO PÓS-PARTO O primeiro mês após o parto é o mais crítico em relação ao desenvolvimento de transtornos psiquiátricos, e o risco de depressão é aumentado nessa fase. Ocorre algumas semanas após o parto, e o período de duração é maior do que a Disforia do Pós-parto.
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O uso de tratamento psicofarmacológico pode se tornar necessário. A relação materna com a criança é prejudicada e deve ser monitorada. A Escala de Depressão Pós-Parto de Edimburg - EPDS (Tabela 1) foi o primeiro instrumento focado para a triagem da Depressão pós-parto, e é a escala mais utilizada. A EPDS foi desenhada para complementar, não para substituir, a avaliação clínica. Trata-se de uma autoavaliação composta por 10 itens referentes aos sintomas depressivos frequentemente observados no puerpério.
Escala de Depressão Pós-parto de Edimburgo (EPDS) Nome: Data: Idade do bebê: Pontuação: Aplicador da escala: Dado que teve um bebê há pouco tempo, gostaríamos de saber como se sente. Por favor, sublinhe a resposta que mais se aproxima dos seus sentimentos nos últimos 7 dias. Obrigado. Nos últimos 7 dias: 1. Tenho sido capaz de me rir e ver o lado divertido das coisas. Tanto como dantes Menos do que antes Muito menos do que antes Nunca 2. Tenho tido esperança no futuro. Tanta como sempre tive Menos do que costumava ter Muito menos do que costumava ter Quase nenhuma 3. Tenho-me culpado sem necessidade quando as coisas correm mal. Sim, a maioria das vezes Sim, algumas vezes Raramente Não, nunca 4. Tenho estado ansiosa ou preocupada sem motivo. Não, nunca Quase nunca Sim, por vezes Sim, muitas vezes 5. Tenho-me sentido com medo ou muito assustada, sem motivo. Sim, muitas vezes Sim, por vezes Não, raramente Não, nunca 6. Tenho sentido que são coisas demais para mim. Sim, a maioria das vezes não consigo resolvê-las Sim, por vezes não tenho conseguido resolvê-las como antes Não, a maioria das vezes resolvo-as facilmente Não, resolvo-as tão bem como antes 7. Tenho-me sentido tão infeliz que durmo mal. Sim, quase sempre Sim, por vezes Raramente Não, nunca 8. Tenho-me sentido triste ou muito infeliz. Sim, quase sempre Sim, muitas vezes Raramente Não, nunca 9. Tenho-me sentido tão infeliz que choro. Sim, quase sempre Sim, muitas vezes Só às vezes Não, nunca
10. Tive ideias de fazer mal a mim mesma. Sim, muitas vezes Por vezes Muito raramente Nunca EPDS - Orientações para cotação Cotadas de 0 até 3, onde 0 indica menos grave e 3 mais grave. Nas questões 3, 5, 6, 7, 8, 9 e 10 são cotadas inversamente (3, 2, 1, 0). Cada item é somado aos restantes para obter a pontuação total. A pontuação de 12 ou mais indica a probabilidade de depressão, mas não a sua gravidade.
10. PSICOSE PUERPERAL Sintomas psicóticos, delírios e alterações de pensamento e déficit cognitivo podem estar presente em algumas pacientes,e são diretamente relacionados ao maior risco de infanticídio e suicídio nessa fase. Insônia, agitação, inquietação são sintomas iniciais. Há relação entre a incidência de psicose puerperal e os transtornos de humor, principalmente Transtorno Bipolar e Depressão Maior. Estes devem ser considerados também como possíveis diagnósticos diferenciais. Os sintomas podem se iniciar dias após o parto ou em até 8 semanas. O conteúdo delirante em geral possui a maternidade como temática. Não há critérios específicos no DSM-IV-TR, o nexo causal dos sintomas deve ser observado. É necessário o acompanhamento próximo da paciente e seu recém-nascido, observando de perto as condições e cuidados com o mesmo. O contato da mãe com bebê pode auxiliar no tratamento, desde que supervisionado.
QUESTÕES EXEMPLO 2. ABP – Com relação aos transtornos do humor do Puerpério, e incorreto afirmar que: a) A depressão e a segunda manifestação psiquiátrica mais comum no puerpério; b) A depressão e a primeira manifestação psiquiátrica mais comum no puerpério; c) A incidência de depressão e variável entre 3 e 17%; d) A disforia do pós-parto não requer tratamento farmacológico; e) Na disforia do pós-parto pode-se observar elação do humor. A manifestação mais comum no pós-parto é a disforia puerperal (Meternity Blues), que pode ser identificada em 50 a 85 % das puérperas. Os sintomas mais comuns são choros fáceis, certa labilidade afetiva, irritabilidade e hostilidade. Portanto a alternativa correta é a letra B.
11. GRAVIDEZ E USO DE PSICOTRÓPICOS Com a intensificação dos estudos na área, atualmente podemos ter certa margem de segurança e conhecimento claro de efeitos adversos com a utilização de alguns psicotrópicos, principalmente as drogas mais antigas. Porém, ainda se torna necessário maior tempo de utilização de drogas mais recentes, uma vez que em sua grande maioria tratam-se de estudos de relato de caso. Estudos prospectivos são, obviamente, não-éticos. Quando a medicação for necessária, a dose utilizada deve ser a mínima efetiva possível, e a dose deverá ser ajustada de acordo com período gestacional (No último trimestre, com a expansão do volume sanguíneo, a dose deve ser aumentada). A atividade hepática muda marcadamente durante a gravidez, no que também faz-se necessário novos ajustes de dose. Os recém-nascidos devem ser monitorados a fim de serem detectados efeitos adversos das medicações. Os riscos envolvidos podem ser tanto maternos, envolvendo complicações na gravidez e efeitos adversos, quanto fetais, incluindo abortamento e
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TRANSTORNO PSIQUIÁTRICO NA GESTAÇÃO E PUERPÉRIO
teratogenicidade. A FDA classifica as medicações em categorias de risco A, B, C, D, X (Tabela 2) de acordo com risco gestacional de cada medicação quando utilizada no período gestacional. Quanto às medicações psicotrópicas, a grande maioria é classificada como categoria de risco FDA C, sendo rara as medicações psiquiátricas classificadas como B e praticamente inexistentes até o momento as consideradas psiquiátricas e sem riscos por comprovação de estudos em humanos (classificação A). As medicações antidepressivas de escolha tanto na gestação quanto no período pós-parto são os IRSRS (Inibidores de Recaptação da Serotonina), a maioria categoria C, em que não há riscos comprovados no desenvolvimento gestacional no primeiro e segundo trimestre com exceção da Paroxetina (categoria D), que apresenta riscos de defeito cardíacos mais comprovados nesse período, relacionados a defeitos obstrutivos ao fluxo de válvula ventricular direita. Quanto aos estabilizadores de Humor, o Carbonato de Lítio, categoria de risco D, está relacionado a incidência aumentada de anomalia de Ebstein quando utilizada no primeiro trimestre. O ácido valproico é considerado teratógeno e relacionado a altas taxas de de-
feitos do tubo neural, hipoplasia facial, microcefalia, palato fissurado, doença cardíaca congênita. O uso dessa medicação em pacientes do sexo feminino em idade fértil requer consentimento da paciente para a utilização de métodos anticoncepcionais obrigatórios e teste de beta HCG negativo. Em relação aos antipsicóticos o Haloperidol não demonstrou prejuízos fetais nos primeiros trimestres. Cuidados devem ser tomados com sintomas extrapiramidais no recém-nascido, principalmente nos expostos a droga no último trimestre de gestação. Maiores estudos são necessários para a utilização de antipsicóticos atípicos, há relatos de agranulocitose com o uso de clozapina, e evidências de risco de má-formação do tubo neural com a Olanzapina e Quetiapina. Os benzodiazepínicos são associados ao maior risco de fenda palatina quando utilizados no primeiro trimestre e ao desenvolvimento da síndrome do Floppy Baby quando utilizados no último: Há hipotonia muscular do RN, baixos níveis de Apgar, hipotermia, reflexo de tosse prejudicado. Pode ocorrer também a síndrome de abstinência, que se caracteriza por hipertonia, hiperreflexia, inquietude, irritabilidade, convulsões, choro incontrolável.
Classificação da FDA em categorias de risco para o uso de drogas na gravidez
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Classe
Risco Gestacional
A
Estudos controlados em mulheres não demonstraram risco fetal no primeiro trimestre. Não há evidência de riscos nos últimos trimestres. A possibilidade de dano fetal parece remota.
B
Estudos em animais em reprodução não demonstram risco fetal, mas não existem estudos controlados em mulheres grávidas ou estudos em animais em reprodução mostram efeito adverso (que não há diminuição da fertilidade) que não foram confirmados em estudos controlados em gestantes no primeiro trimestre (e não há evidencia de riscos nos últimos trimestres).
C
Estudos em animais revela efeitos adversos no feto (efeitos teratogênico, embriocidas ou outros) e não existem estudos controlados em mulheres. Essas drogas só devem ser administradas se o beneficio potencial justifica o risco potencial para o feto.
D
Há evidência positiva fetal humano, mas os benefícios do uso em gestantes podem ser aceitáveis apesar do risco (p.ex.: se a droga for necessária em uma situação de risco de morte ou para uma doença grave drogas mais seguras não podem ser usadas ou são ineficazes).
X
Estudos em animais ou seres humanos demonstram anormalidades fetais ou há evidencia de risco fetal baseado em experiência humana ou em ambos, e o risco de utilizar a droga em gestante claramente sobrepuja qualquer possível benefício. A droga está contraindicada para mulheres que estão ou podem estar grávidas.
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TRANSTORNO DE DÉFICIT DE ATENÇÃO E HIPERATIVIDADE (TDAH)
TRANSTORNO DE DÉFICIT DE ATENÇÃO E HIPERATIVIDADE (TDAH) O TDAH é o transtorno caracterizado por desatenção, hiperatividade e impulsividade - com início habitualmente na infância – essas características estarão presentes em todos os ambientes da criança e com intensidade e frequência maiores que em outros da sua idade. Os sintomas podem ter início na primeira infância, porém em geral verificamos em idades maiores, quando a criança tem mais demandas na escola. Há relatos na literatura de que os sintomas do transtorno diminuam com a idade, principalmente os de impulsividade e desatenção. Os dados ainda são escassos, mas considera-se que entre 4 e 60% das crianças com TDAH persistirão com o transtorno na idade adulta. Alguns dos preditores de persistência do diagnóstico no adulto são: história familiar de TDAH e comorbidades psiquiátricas, gravidade do TDAH na infância e adversidades e comorbidades na infância.
QUESTÕES EXEMPLO
tomas da criança não são mais bem explicados como resultantes de problemas na sua vida de relação. Pode ser classificado em leve, moderado ou grave, a depender do grau de comprometimento que os sintomas causam na vida do indivíduo. De acordo com o DSM-5, o TDAH é um transtorno do neurodesenvolvimento diagnosticado quando há a presença de pelo menos 6 sintomas em uma das duas dimensões – desatenção e hiperatividade/ impulsividade. Os sintomas devem ter início antes dos 12 anos de idade. Esses sintomas devem estar presentes por pelo menos 6 meses. O perfil de sintomas do transtorno pode variar em um indivíduo ao longo do tempo. A sua apresentação pode ser classificada em predominantemente desatenta, predominantemente hiperativo/ impulsivo ou apresentação combinada. Para a CID-10, o TDAH é diagnosticado quando há sintomas presentes em cada uma das dimensões – pelo menos 6 de desatenção, 3 de hiperatividade e 1 de impulsividade. Para qualquer que seja o sistema classificatório, deve-se estar atento ao fato de que os sintomas podem variar com a idade. Em geral, a hiperatividade tende a diminuir com o passar do tempo, e a impulsividade a modificar a apresentação. A desatenção costuma permanecer. Indivíduos com TDAH têm dificuldade de manter por um tempo maior atenção focada em detalhe(s). A seguir, os critérios diagnósticos da dimensão de desatenção: 1. Desatenção: seis (ou mais) dos seguintes sintomas persistem por pelo menos seis meses em um grau que é inconsistente com o nível de desenvolvimento e que impacta diretamente de forma negativa as atividades sociais e acadêmicas/profissionais:
1. ABP 2007 - O diagnóstico comórbido mais frequente ao transtorno de déficit de atenção/hiperatividade (TDAH) em crianças é o transtorno de:
a. Frequentemente não presta atenção em detalhes ou comete erros por descuido em tarefas escolares, no trabalho ou durante outras atividades (p. ex., negligencia ou deixa passar detalhes, o trabalho é impreciso).
a) b) c) d) e)
b. Frequentemente tem dificuldade de sustentar a atenção em tarefas ou atividades lúdicas (p. ex., dificuldade de manter o foco durante aulas, conversas ou leituras prolongadas).
ansiedade; humor; aprendizagem; conduta; uso de substâncias. O TDAH está frequentemente associado à outra condição psiquiátrica. E os transtornos psiquiátricos mais frequentes nessa população são o Transtorno Desafiador e Opositor (TOD), o Transtorno de Conduta (TC), Transtorno de Ansiedade, Transtorno de Humor (depressão). Os transtornos estão em ordem decrescente de frequência. Resposta correta Letra D
A prevalência do TDAH é de 6,3% em crianças e de 2,7% em adolescentes. É 2,5 vezes mais frequente em meninos que em meninas, quando se refere à população geral. Entre pacientes encaminhados, tal razão passa a ser de 9:1. Fatores genéticos, ambientais e psicossociais estão envolvidos na etiologia do transtorno. O TDAH é um dos transtornos mentais mais herdáveis: os fatores genéticos são responsáveis por mais de 70% da variabilidade encontrada na relação entre gêmeos monozigóticos e dizigóticos. Entre os fatores de risco ambientais para o TDAH, encontram-se: tabagismo e estresse durante a gravidez, prematuridade, baixo peso ao nascer, maus-tratos, exposição ao chumbo, entre outros. Estudos indicam que o TDAH resulte de alterações no neurodesenvolvimento. Sabe-se que volumes cerebrais são menores em crianças com TDAH que em controles saudáveis. E que provavelmente o transtorno seja resultado de alterações nas seguintes estruturas: córtex frontal, núcleos da base, córtex parietal e cerebelo. Supõe-se que pessoas com o transtorno têm um atraso para atingir espessuras corticais maiores. Em relação à genética, encontrou-se que o gene DRD4 parece está associado a piores quadros clínicos. O TDAH é diagnosticado clinicamente, a exemplo de outros transtornos psiquiátricos, e só deve ser diagnosticado quando os sin-
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c. Frequentemente parece não escutar quando alguém lhe dirige a fala de forma direta (p. ex., parece estar com a cabeça longe, mesmo na ausência de qualquer distração óbvia). d. Frequentemente não segue instruções e não consegue terminar trabalhos escolares, tarefas ou deveres no local de trabalho (p. ex., começa as tarefas mas rapidamente perde o foco e facilmente perde o rumo). e. Frequentemente tem dificuldade para organizar tarefas e atividades (p. ex., dificuldade em gerenciar tarefas sequenciais; dificuldade em manter materiais e objetos pessoais em ordem; trabalho desorganizado e desleixado; mal gerenciamento do tempo; dificuldade em cumprir prazos). f. Frequentemente evita, não gosta ou reluta em se envolver em tarefas que exijam esforço mental sustentado (p. ex., trabalhos escolares ou lições de casa; para adolecentes mais velhos e adultos, preparo de relatórios, preenchimento de formulários, revisão de trabalhos longos). g. Frequentemente perde coisas necessárias para tarefas ou atividades (p. ex., materiais escolares, lápis, livros, instrumentos, carteiras, chaves, documentos, óculos, celular). h. Com frequêcia é facilmente distraído por estímulos externos (para adolescentes mais velhos e adultos pode incluir pensamentos não relacionados). i. Com frequência é esquecido em relação a atividades cotidianas (p. ex., realizar tarefas, afazeres; para adolecentes mais velhos e adultos, retonar ligações, pagar contas, manter horários agendados).
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TRANSTORNO DE DÉFICIT DE ATENÇÃO E HIPERATIVIDADE (TDAH) A hiperatividade, por sua vez, corresponde a uma maior dificuldade desses indivíduos em manterem-se quietos por determinados intervalos de tempo, em relação aos seus pares. A impulsividade é resultante de um menor controle de impulso por esses indivíduos. São critérios diagnósticos de hiperatividade/impulsividade: 2. Hiperatividade e Impulsividade: seis (ou mais) dos seguintes sintomas persistem por pelo menos seis meses em um grau que é inconsistente com o nível de desenvolvimento e que impacta diretamente de forma negativa as atividades sociais e acadêmicas/profissionais: a. Frequentemente remexe ou batuca as mãos ou os pés ou se contorce na cadeira. b.Frequentemente levanta da cadeira em situações em que se espera que permaneça sentado (p. ex., sai do seu lugar em sala de aula, no escritório ou em outro local de trabalho, ou em outras situações que exijam que se permaneça em um mesmo lugar). c. Frequentemente corre ou escala em situações em que isso é inapropriado. (Nota: em adolescentes ou adultos, pode se limitar a sensações de inquietude).
radrenalina e que tem ação agonista indireta sobre a dopamina, melhorando os sintomas de TDAH. Além disso, pode reduzir sintomas de ansiedade e o uso problemático de substâncias. Outras drogas, que não são de primeira linha, usadas no tratamento do TDAH, são os tricíclicos nortriptilina e imipramina; a bupropiona e a guanfacina.
QUESTÕES EXEMPLO 2. ABP 2010 - Os medicamentos de escolha no tratamento do transtorno de déficit de atenção e hiperatividade incluem: a) b) c) d) e)
metilfenidato e desipramia; dextroanfetamina e olanzapina; bupropiona e desipramina; bupropiona e olanzapina; metilfenidato e dextroanfetamina Os principais medicamentos usados no tratamento do TDAH são os psicoestimulantes, como o metilfenidato e a dextroanfetamina. Mas fazem parte também do arsenal terapêutico, a atomoxetina, os antidepressivos tricíclicos e a bupropiona. Outras medicações, menos usadas, são o modafinil, clonidina e guanfacina. Resposta correta Letra E
d. Frequentemente é incapaz de brincar ou se envolver em atividades de lazer calmamente. e. Com frequência “não para”, agindo como se “movido a motor” (p. ex., não consegue ou se sente desconfortável em ficar parado por muito tempo, como em restaurantes, rauniões; outros podem ver o individuo como inquieto ou dificil de acompanhar). f. Frequentemente fala demais. g. Frequentemente deixa escapar uma resposta antes que a pergunta tenha sido concluída (p. ex., termina frases dos outros, não consegue aguardar a vez de falar). h. Frequentemente tem dificuldade para esperar a sua vez (p. ex., aguardar numa fila). i. Frequentemente interrompe ou se intromete (p. ex., mete-se nas conversas, jogos ou atividades; para adolescentes e adultos, pode intrometer-se em ou assumir o controle sobre o que outros estão fazendo). Em geral, indivíduos com TDAH têm maior chance (chegando a 80%) de terem comorbidades psiquiátricas que indivíduos com outros transtornos. As principais são transtornos disruptivos (50-80%), transtornos de humor e ansiedade (20-25%) e transtornos de aprendizagem (25%). A partir do DSM-5, pode-se dar diagnóstico de TDAH comórbido em pacientes com autismo, caso sejam preenchidos os critérios diagnósticos. Além disso, o TDAH pode ser fator de risco para um uso problemático de substâncias e para dificuldades em relacionamentos. O tratamento do TDAH deve ser multidisciplinar, incluindo psicoeducação, acompanhamento psicopedagógico e psicofármacos, a depender do caso. Os psicoestimulantes são a primeira escolha, caso do metilfenidato. O metilfenidato tem meia-vida curta (3 a 4 horas): assim, para crianças que necessitem focar a atenção ao longo do dia, a dose total (20 a 60 mg/dia – 0,3 a 1 mg/kg/dia) deve ser fracionada em 2 ou 3 vezes. Caso se utilize formulações de metilfenidato de ação prolongada, a medicação pode ser administrada uma vez ao dia, com duração de ação de doze horas. Aproximadamente 70% dos pacientes com TDAH vão responder bem ao uso da medicação. Os efeitos adversos mais comuns são: diminuição de apetite, insônia, sintomas gastrointestinais e cefaleia. Um estimulante de longa ação – a lisdexanfetamina – foi aprovada para uso no transtorno. Já a atomoxetina é um inibidor seletivo da receptação da noPSIQCURSO - 2018
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