3 minute read

André Gonçalves

Next Article
João Lopes

João Lopes

Ambiente

Desde miúdo, percebi que estava a par de coisas que as pessoas da minha idade não estavam, o que me deu uma vontade muito grande de transmitir o que sei

Advertisement

ANDRÉ GONÇALVES O clarividente de Setúbal

Aos 27 anos orgulha-se de escrever artigos científicos para a Comissão Europeia, mas o que ninguém sabe é que as respostas que hoje tem para a vida foram conseguidas na meditação que iniciou aos 10 anos.

Um cenário pacífi co. Um grupo de adultos em retiro espiritual em busca de tranquilidade e equilíbrio com o mundo em seu redor. Entre os presentes, salta à vista a presença de um adolescente de 13 anos que deixou de parte as brincadeiras da juventude para questionar o sentido da vida.

Para uns, um episódio peculiar, para André Gonçalves, um dia habitual no seu crescimento. Afi nal, aos 10 anos foi apresentado ao Yoga pelo irmão mais velho e não tardou a que o seguisse para retiros de meditação.

Rodeado de pessoas mais velhas, o jovem foi amadurecendo a visão que tinha do mundo até se tornar na pessoa calma e ponderada que hoje se senta à conversa na Praça do Quebedo, em Setúbal.

O discurso é bem preparado, fl uído e revela facilidade em comunicar, não fosse fundador de uma organização de consultoria ambiental.

“Não consigo reter em mim o conhecimento”, começa por explicar. “Desde miúdo me apercebi que estava a par de coisas que as pessoas da minha idade não estavam, o que me deu uma vontade muito grande de transmitir o que sei”.

Construir “ferramentas para o bem” Inspirar os outros é o seu trabalho, mas não quer ser uma inspiração qualquer. Quer mostrar que a saúde mental em bom estado é uma alavanca para um planeta saudável.

“Queremos descarbonizar para quê? Para termos uma sociedade cada vez mais viciada em tecnologia que perde a capacidade de se conectar? Não, andamos à procura da felicidade e temos de perceber que as respostas estão menos lá fora e mais cá dentro”, afi rma.

Foi com esses valores em mente que, em 2021, decidiu criar a ‘Tools for good’, Ferramentas para o bem, em português, uma organização onde desenvolve formações e workshop para pessoas individuais ou empresas que queiram apostar numa transição para a sustentabilidade.

Auxilia-se dos “milhentos” livros que leu ao longo da vida, dos autores que cita de cor e mostra que é possível ir construindo um futuro optimista. “Isto é feito para pessoas que não falam destes temas no dia a dia. No fi nal da formação, cada pessoa percebe o que se está a passar no planeta e sabe que pode fazer a diferença”.

A escolha de um percurso verde A conexão com a natureza começou nas sessões de meditação, mas só mais tarde é que André sentiu vontade de fazer mais pelo planeta. Tornar-se um género de “guardião da natureza”, como lhe chama.

Já com uma Licenciatura em Gestão de Recursos Humanos, encheu-se de coragem e contou aos pais que não planeava seguir para Mestrado. “Um momento marcante”, lembra. Abraçou uma decisão mais verde e envergou por uma Pós-Graduação em Gestão de Sustentabilidade na Universidade de Lisboa.

Como ‘o saber não ocupa espaço’, não fi cou por aí. Fez mais de 400h em Design Social, Ecológico e Económico com a Gaia Education, uma organização não governamental internacional (ONG) e tornou-se copywriter de empresas internacionais, escrevendo sobre os fenómenos ambientais que estão a afectar o mundo.

Num dos artigos por si escritos, alcançou um milhão de visualizações e aí se fez o “clique”: “As pessoas querem saber mais sobre isto”. Foram os primeiros indícios para a criação da ‘Tools for good’.

De Setúbal para a Comissão Europeia “Não faças planos para a vida para não estragares os planos que a vida tem para ti”, cita o jovem. A verdade é que, há um ano, André tentou contrariar o que lhe estava reservado. Candidatou-se à unidade de ‘Biodiversidade’ do ‘Joint Research Centre’, o pilar da Comissão Europeia responsável por produzir artigos científi cos, mas a candidatura perdeu-se e não foi seleccionado.

“Não fi quei contente, mas tal como na natureza, tudo acontece no momento certo”. Há cinco meses, recebeu um telefonema que fez a espera compensar. Foi seleccionado para a unidade de ‘Desastres e Riscos’ do ‘Joint Research Centre’, onde pode escrever sobre o que sabe e garantir que a mensagem chega a um número mais alargado de pessoas.

André Gonçalves

à queima-roupa

Idade: 27 anos Naturalidade: Setúbal Residência: Setúbal Área: Ambiente

A transição para um planeta saudável passa por uma saúde mental equilibrada. Uma descoberta precoce que é a sua orientação de vida

This article is from: