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Cátia Godoroja
CÁTIA GODOROJA “A participação dos jovens nas associações faz muito pela democracia"
Além de participante nas actividades da Lifeshaker Associação e elemento da equipa técnica, a jovem do Monte da Caparica é também presidente do projecto Multiplicar Opiniões, que criou em nome próprio
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Inês Antunes Malta
Cátia Godoroja nasceu em Lisboa, mas reside actualmente no Monte da Caparica. Tem 20 anos e está a tirar um curso superior de Estudos Gerais, “que permite escolher áreas que consideramos mais importantes para o nosso currículo”, na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.
Em 2016, começou como participante nas actividades da Lifeshaker Associação, sedeada em Almada, e desde Abril faz parte da equipa técnica, assumindo “um papel cada vez mais activo nos projectos”.
“Comecei a ir aos treinos de Rugby, mas atinei com a modalidade. No entanto, quando quis deixar, já estava envolvida noutras actividades da associação”, começa por dizer. “Foi também no Rugby que aprendi os valores que faziam parte das raízes da organização: a cooperação, o respeito, a solidariedade, a transparência e o rigor. Foi nessa altura que o associativismo apareceu na minha vida e esses os motivos que me fi zeram fi car”, adianta, sem esquecer “o sentimento de família, pertença, compromisso e propósito, que também me foram motivando”.
Na associação, fez voluntariado desde 2016 até ao ano passado, altura em que surgiu a oportunidade de fazer um estágio profi ssional, que lhe trouxe “uma perspectiva diferente. Com mais responsabilidade, percebi que quanto melhor fi zermos o que fazemos mais impacto tem na comunidade e melhor será o futuro dos participantes dos nossos projectos”. Até esse ponto já fazia parte da acção associativa da Lifeshaker
DR
Pela sua experiência conclui que "quanto melhor fizermos o nosso trabalho mais impacto terá na comunidade"
Cátia Godoroja
à queima-roupa
Idade 20 anos Naturalidade Lisboa Residência Monte da Caparica Área Estudos Gerais
O interesse pela igualdade de género e participação política dos jovens levaram-na a criar uma associação
“mas não via o resultado. Fazia pelo sentimento de pertença, mas não percebia bem o impacto que tínhamos. Sabia que estávamos a fazer alguma coisa de bom, mas não sabia tão grande que era”.
A Lifeshaker, cuja área de actuação se encontra compreendida entre a Caparica, a Trafaria e o Laranjeiro, acredita que “cada jovem tem em si o talento, a energia e a criatividade necessários para ultrapassar situações desvantajosas, sendo capazes de transformar as suas ideias em mudanças positivas para a sociedade” e tem como objectivo “o reforço da educação de qualidade e a promoção do trabalho digno e do crescimento económico”.
Esta é, assim, a base para todo o trabalho que tem vindo a desenvolver, com principal destaque para os projectos “Este país é para ciganos”, “Laboratório do amanhã”, “Bairros saudáveis, “Flight simulator” e “Jobs airport”, que segundo Cátia, “têm sempre um resultado bastante visível, na comunidade e na escola é notório o desenvolvimento de competências e isso é muito motivador para quem o faz. Sente que faz a diferença na vida daquelas pessoas”.
Também a equipa com que se leva a cabo este trabalho é importante nesta equação e sente que o facto de todos fazerem um pouco de tudo “dá-nos uma capacidade de resolução de problemas e de adaptabilidade muito grande”.
Igualdade de género e participação política juvenil norteiam associação Em simultâneo, percebeu que o seu interesse “pela igualdade de género e pela participação política dos jovens era grande” e que “na associação tinha contacto com muitas pessoas com interesse nestas temáticas, mas depois fora dessa esfera muitas não tinham”.
Ser “participante, estagiária e depois trabalhadora” fez com que a Lifeshaker a ajudasse a criar um espaço seu, a Multiplicar Opiniões - Associação, onde é agora presidente associativa. Esta experiência traduz, nas suas palavras, “este interesse que tenho. As actividades têm sempre a ver com estes temas e a associação tem muito a ver com a ideia que tenho do associativismo. Imagino-o como uma casinha confortável, um espaço organizado, seguro e pessoal. Foi assim que o conheci através da Lifeshaker”.
Cátia Godoroja considera, neste sentido, “que o associativismo faz muito pela democracia, pela participação dos jovens e por quase todas as áreas da nossa vida. Sentir que temos um espaço onde podemos expressar as nossas convicções, opiniões e ouvir os outros é muito importante, assim como sentir que independentemente de tudo o que diga ninguém me vai julgar”. É este o sentimento que guarda fruto da sua experiência na Lifeshaker e que quer replicar para passar ao próximo. “Quis criar um espaço onde as pessoas também se sentissem confortáveis para falar sobre os mais variados temas. Muitas vezes querem fazê-lo e não encontram esse espaço”, afi rma.
A participação jovem é, no seu entender, “muito baixa e acho que juntando ao associativismo temas de que os jovens gostem é sempre mais fácil de os trazer e aumentar essa participação. Participação política não tem de ser apenas uma participação formal”, conclui.