Revista_Saúde_2022_O Setubalense, o seu diário da região

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EM REVISTA

SAÚDE

Voluntários ajudam a lidar com o cancro

Resíduos Economia circular é urgente Psicologia (Sem) Bicho de 7 Cabeças ESTA REVISTA FAZ PARTE INTEGRANTE DO JORNAL O SETUBALENSE E NÃO PODE SER VENDIDA SEPARADAMENTE



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SAÚDE

ÍNDICE 4 ~ Ciclo de debates sobre saúde envolve

população e especialistas

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6 ~ “No rastreio pós-pandemia há um grande

crescimento dos cancros”

10 ~ “É necessário levar cada vez menos

resíduos para aterro e promover a economia circular”

14 ~ “Bicho de 7 Cabeças” coloca saúde

mental na linha da frente com abordagem descomplicada

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16 ~ Setúbal assinala Dia Mundial das Doenças Raras com duas rotundas iluminadas 18 ~ Nova extensão de saúde para Santa Susana está em marcha mas falta remodelação da unidade de Alcácer do Sal 20 ~ Seixal reivindica hospital e mais condições de saúde

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22 ~ Projecto “Cardápio” promove alimentação saudável, sustentável e acessível 24 ~ “Residência sénior Jardins de São Luís, ao serviço da terceira idade 26 ~ Café Memória combate isolamento de

pessoas com demência e dos seus cuidadores

30 ~ Cuidado, comunicação e criatividade

foram chave para União Mutualista do Montijo lidar com pandemia

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32 ~ Península de Setúbal já tem dois balcões SNS 24 e o terceiro está a caminho 34 ~ Mostra da Fundação Ernesto Roma

conta história da diabetes no átrio do Hospital Nossa Sra. do Rosário

FICHA TÉCNICA Propriedade Outra Margem - Publicações Outra Margem - Publicações e Publicidade, Lda. Contribuinte: 515 047 325 (Detentores de mais de 10% do capital social: Gabriel Rito e Carlos Bordallo-Pinheiro) Editor Primeira Hora - Editora e Comunicação, Lda. Contribuinte: 515 047 031 (Detentores de mais de 10% do capital social: Setupress, Lda., Losango Mágico, Lda., Carla Rito e Gabriel Rito) Sede de Administração e Redacção: Travessa Gaspar Agostinho, 1 - 1.º, 2900-389 Setúbal Conselho de Gerência Carla Rito, Carlos Dinis Bordallo-Pinheiro, Gabriel Rito e Carlos Bordallo-Pinheiro Director Francisco Alves Rito Textos Inês Antunes Malta, Humberto Lameiras, Luís Geirinhas. Mário Rui Sobral Comerciais Ana Oliveira, Carla Santos, Célia Félix, Graciete Rodrigues, Rosália Batista, Paginação Marisa Batista Impressão Tipografia Rápida de Setúbal, Lda. Distribuição VASP - Venda Seca, Agualva - Cacém; Tel. 214 337 000 Tiragem média diária 9.000 exemplares

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Ciclo de debates sobre saúde envolve população e especialistas Corroios promove ciclo de debates sobre saúde, e a nível do concelho estão já agendados vários webinars para aumentar a literacia nesta área Humberto Lameiras (texto)

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uma perspectiva de levar informações sobre questões de saúde mais perto da população, com o objectivo de aumentar a literacia sobre como viver mais saudável e como agir em caso de doença, a Junta de Freguesia de Corroios incluiu no Plano de Actividades para 2022 o ciclo de participação “Conversas sobre Saúde”. A próximo está marcada para 8 de Março, Dia Internacional da Mulher. Para esta data, entre a junta de freguesia e a farmácia Bento Lino, em Corroios, parceira destas conversas, foi decidiu abordar o tema dedicado à “Actividade sexual da mulher após a menopausa”. Está marcado para as 18h45, no auditório José Queluz. Indica o presidente da junta de freguesia, Hugo Constantino, que este ciclo faz parte de uma política de “proximidade” com a população, sendo que vão ser debatidos vários temas sobre saúde, “sempre na primeira semana de cada mês”. O último decorreu a 8 de Fevereiro, e teve a participação do cardiologista António Pedro Machado e da farmacêutica especialista Catarina Dias; esteve em conversa a hipertensão arterial, diagnóstico e monitorização da doença. Entretanto, com o município do Seixal a coordenar, desde 2002, a Rede Portuguesa de Municípios Saudáveis, a qual visa implementação e desenvolvimento do projecto Cidades Saudá-

veis nos municípios que assumem a promoção da saúde como uma prioridade da agenda dos decisores políticos, vão acontecer vários webinars relacionados com o concelho e integrados no ciclo “Conversas com a Saúde”. Ao longo do ano, e com a participação de especialistas, parceiros e da comunidade em geral, vão ser debatidos vários projectos municipais que “visam a promoção da saúde”, sublinha a autarquia. Assente no Quadro de Referência da Governação Local para a Saúde, este ciclo pretende ser um contributo “promotor da saúde e de comunidades mais saudáveis”. E através das entidades parceiras, dar enfoque “aos diversos intervenientes, experiências e opções adoptadas, promovendo a partilha de boas práticas desenvolvidas no concelho”. Explica a autarquia que o ciclo “Conversas com a Saúde” “está directamente relacionado com os 6 Pilares da VII Fase da Rede Europeia de Cidades Saudáveis da Organização Mundial da Saúde: Investir nas pessoas que compõem as nossas cidades; Conceber lugares urbanos que melhorem a saúde e o bem-estar; Promover a participação e parcerias para a saúde e bem-estar; Melhorar a prosperidade das comunidades e o acesso a bens e serviços comuns; Promover a paz e a segurança através de sociedades inclusivas; Proteger o planeta da degradação nomeadamente através da produção e do consumo sustentáveis”. O SETUBALENSE

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Debates em agenda

Os webinars, que decorrerão entre Fevereiro e Novembro de 2022, contarão com a participação de variados peritos e profissionais, e incluirão um período para debate e colocação de perguntas pelos participantes. O ciclo culminará num relatório de sistematização das principais conclusões e respectiva avaliação. Já a 24 de Fevereiro, das 15h00 às 17h00, o tema é a Reflexão sobre a covid-19 no município do Seixal. Em cima da mesa vão estar questões que envolvem as pessoas, o combate à pandemia, como reagir aos impactes da mesma e que lições tirar para o futuro. A 24 de Março, há mesma hora, como serão todos os webinars deste ciclo, mais uma vez no âmbito da reflexão sobre a covid-19 no Município do Seixal, vai ser abordado o caso da vacinação e das escolas. A 7 de Abril será apontada a literacia em saúde e estilos de vida saudáveis, a 9 de Junho o tema é nascer e crescer saudável no concelho do Seixal. Depois de um período considerado de férias de Verão, os webinars voltam a 29 de Setembro para debater a saúde mental e bem-estar em tempos de pandemia. O último está agendado para 10 de Novembro e é dedicado à prosperidade e paz – bairros saudáveis.



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“No rastreio pós-pandemia há um grande crescimento dos cancros” Instalações do Grupo de Apoio de Setúbal da Liga Portuguesa Contra o Cancro comemoram seis anos. De acordo com o coordenador Paulo Pinho, regista-se um “aumento significativo” de casos de cancro detectados nas acções de rastreio pós-pandemia Inês Antunes Malta (texto)

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Equipa de voluntários do GASET presta apoio a doentes oncológicos enquanto complemento ao tratamento recebido nos equipamentos de saúde, apoio social aos mais carenciados e situações de conforto através de várias valências

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edifício que acolhe o Grupo de Apoio de Setúbal (GASET) da Liga Portuguesa Contra o Cancro (LPCC) completou recentemente seis anos de existência. Com José Manuel Sousa e Guadalupe Saião como coordenadores fundadores, abriu portas ao público a 23 de

Janeiro de 2016, dando início a um caminho de apoio aos utentes doentes oncológicos enquanto complemento ao tratamento que recebem nos hospitais e centros de saúde, com apoio social aos mais carenciados e situações de conforto e terapias proporcionadas pelas valências conduzidas pelos seus voluntários. Durante a pandemia, o apoio social nunca O SETUBALENSE

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parou e as sessões e consultas foram ministradas de forma não presencial. De acordo com a LPCC, os dados sugerem que muitos casos de novos cancros ficaram por identificar durante os anos de pandemia e o grande impacto nas mortes por cancro deverá sentir-se dentro de um a cinco anos. Em Setúbal, durante este período, verificou-


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-se, de acordo com Paulo Pinho, coordenador do GASET desde Junho, “um crescendo bastante grande do número de casos, comparativamente a dados de outros anos em que não havia pandemia e nota-se mais até nos rastreios. Olhando para valores de outros anos, num rastreio que recebe entre 80 a 100 pessoas, encontrávamos cinco ou seis referenciados, agora encontramos 20. É bastante significativo”. A O SETUBALENSE, conta ainda que “as pessoas estiveram a fazer pouca prevenção ou não tiveram mesmo oportunidade para a fazer porque o aproximar dos hospitais também era arriscado e a situação levou a uma degradação nessa área. Agora que nos podemos aproximar mais e fazer consultas e prevenção, as situações subiram exponencialmente”. Militar de formação e com experiência enquanto comandante de submarinos, o coordenador do GASET considera que “a sua melhor capacidade talvez seja a de liderar e conduzir pessoas, procurando gerir o grupo da melhor forma. Cada dia é uma batalha e vamos tentando vencer. Sou voluntário e é aliciante o contacto, o conhecer a forma como os voluntários correspondem, a forma como em conjunto conseguimos atingir os objectivos a que nos propomos”. Neste momento, o grupo conta com entre

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40 a 50 voluntários e acompanha cerca de 70 utentes no apoio social com medicação gratuita, cerca de 20 nas consultas de psíco-oncologia, 15 em sessões de reiki e meditação, que regressaram ao formato presencial desde finais de Outubro, e 10 na actividade de manutenção chi-kung, realizada no ginásio do Vitória Futebol Clube. “No apoio social damos respostas a pessoas

com carências financeiras que não podem comprar a medicação e dirigem-se a nós com as suas receitas e fazemos uma validação, mediante apresentação da devida documentação, e as pessoas podem dirigir-se à Farmácia Alice, com quem trabalhamos, para aviar a sua medicação gratuitamente”, refere, adiantando que “a Liga complementa o que já é feito pelos hospitais e centros de saúde e há que atender a estas situações. A resposta tem de ser dada rapidamente e nunca ninguém fica à espera com uma receita. Se houver necessidade, cobrimos essa despesa. O nosso maior gasto tem precisamente a ver essencialmente com a medicação, entre dois a três mil euros por mês”.

Num rastreio que recebe entre 80 a 100 pessoas, encontrávamos cinco ou seis referenciados, agora encontramos 20 Paulo Pinho

Acções de prevenção e promoção de conforto integram plano de actividades

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Em simultâneo, estão a decorrer consultas de apoio ao cancro da mama, com o projecto Vencer e Viver, e ao cancro oral, com o movimento Movaplar, sem esquecer os rastreios. No dia 26, realizaram dois, aos cancros de pele e oral, em Setúbal, de um total de quatro previstos para este ano. Os próximos terão lugar em Sesimbra e em Alcácer do Sal. No âmbito da sensibilização, continuam igualmente a dinamizar a “prevenção primária”, com acções informativas em termos preventivos de alimentação saudável, efeitos do


Prioridades Psíco-oncologia e fisioterapia procuram voluntários

Para além de se terem realizado, a 26 de Fevereiro, os rastreios aos cancros de pele e oral, em Setúbal, estão ainda previstos mais dois durante este ano, em Sesimbra e em Alcácer do Sal

As consultas de psico-oncologia são, no entender de Paulo Pinho, uma das valências mais procuradas. “Temos neste momento três psicólogas que se deram como voluntárias para atender as pessoas que acabam de receber a notícia e também os seus familiares que por vezes também necessitam de apoio psicológico”, explica, partilhando que o grupo “anseia por receber voluntários nesta área”. Também a fisioterapia é igualmente “muito procurada” e neste momento não se realiza “por falta de voluntários. O voluntariado é muito importante para desenvolvermos as nossas iniciativas. Não conseguimos sobreviver sem a boa vontade das pessoas”. No que diz respeito a esta valência, o GASET encontra-se em vias de apresentar ao Núcleo Regional do Sul da Liga, com o Instituto Politécnico de Setúbal, um projecto para estágio dos alunos finalistas de Fisioterapia em apoio ao doente oncológico. trabalho, cuidados com a pele, entre outros, realizadas nas escolas dos 1.º e 2.º ciclos de ensino. A actividade do grupo passa ainda pela promoção de iniciativas de divulgação, sensibilização e angariação de fundos, de que são exemplo o Outubro Rosa e o peditório nacional de quatro dias a ter lugar no início do mês de Novembro. Este é, de acordo com Paulo Pinho, “a principal fonte de rendimento para alimentar as iniciativas da Liga, a que acrescem depois outras fontes de que são exemplo algumas entidades locais que por vezes nos apoiam”. Entre os planos para o futuro está a criação de valências que tragam novas situações de conforto, entre as quais “Pinturas & Manualidades”, todas as sextas-feiras a partir de 11 de Março às 14h30, “Terças-feiras à conversa”, uma tarde que, de 15 em 15 dias, “pretende juntar pessoas para falar do que lhes aprouver, sobre os mais variados temas como forma de descontrair e desanuviar”, e sessões de aconselhamento de nutrição para doentes oncológicos. O SETUBALENSE

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“É necessário levar cada vez menos resíduos para aterro e promover a economia circular” Município de Setúbal tem em mãos três projectos de recolha selectiva de resíduos urbanos biodegradáveis. Carla Guerreiro, vereadora com o pelouro da Educação e da Saúde, explica em que ponto se encontra cada uma das iniciativas e alerta para a importância da separação quotidiana dos resíduos Inês Antunes Malta (texto) Mário Romão (fotografia)

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município de Setúbal encontra-se em fase de implementação de três projectos de recolha selectiva de resíduos urbanos biodegradáveis realizados no âmbito de três candidaturas ao Plano Operacional Sustentabilidade e Eficiência no Uso de Recursos (PO SEUR). Mediante a tipologia de habitações servidas, os projectos dividem-se, com recolha de resíduos biodegradáveis de cozinhas e também de jardins, entre as vertentes de recolha porta-a-porta em áreas de moradias e a recolha de proximidade onde predomina


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a construção em altura. Que factores motivaram estas candidaturas e a consequente criação destes projectos? Foram destacados muitos fundos no âmbito do PO SEUR, a 85 por cento, e decidimos avançar por esta facilidade e também pela necessidade. Sabemos que no que diz respeito aos resíduos e ao ambiente estamos, a nível nacional, muito abaixo das metas europeias definidas para este sector. Em 2023, entra em vigor a legislação que obriga os municípios a separar os resíduos orgânicos e é necessário arranjar formas de levarmos cada vez menos resíduos

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para aterro, pensando sobre o que é possível fazer a esses resíduos de forma que o impacto ambiental não seja grande e perceber que segunda vida ou utilização podem ter. Cada vez que depositamos resíduos no aterro, estamos a transformar o lixo, mas ele não desaparece. Dentro do nosso lixo indiferenciado, existe uma percentagem grande, que se estima ser entre 30 a 40 por cento, de matéria orgânica. Se for separada, estamos a retirar da deposição em aterro e a dar-lhe uma nova vida e função, num processo a que chamamos hoje economia circular. O que foi feito até ao momento e que O SETUBALENSE

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balanço é possível fazer? Na primeira candidatura, com início operacional no terreno em Janeiro de 2021, estamos a abranger cerca de nove mil fogos. Obrigava-nos a ter como alvo 20% da população e escolhemos começar pela freguesia de Azeitão e algumas zonas da União das Freguesias de Setúbal, Pontes, Gâmbia e Alto da Guerra e freguesia do Sado, com recolha porta-a-porta. Tivemos de escolher moradias, em altura é um processo diferente. Está agora a fazer um ano de projecto e os resultados têm sido muito positivos, com muitas pessoas a aderir e umas quantas toneladas fora


a região do aterro que por esta acção não foram incorporadas nos outros lixos. A nossa ideia passa por, a médio-longo prazo, conciliar o que fazemos com a actividade da Amarsul, para que faça também o porta-a porta das suas fileiras: vidro, cartão e plástico. Se separamos estes resíduos e todas as outras coisas que devem ter um acompanhamento devido, sobra muito pouco, como coisas que não se podem reciclar, por exemplo, e conseguiremos fazer uma gestão diferente dos resíduos. Em que momento do processo nos encontramos? Para as pessoas que vivem em prédios, fizemos mais duas candidaturas que foram aprovadas para a freguesia de São Sebastião e para a União de Freguesias de Setúbal. Em São Sebastião, estamos a colocar junto dos contentores enterrados existentes um contentor semelhante, com capacidade menor, de três metros cúbicos, que abre com chave electrónica dada a cada morador, que passa o cartão, abre a tampa e lá deposita os seus orgânicos. Monte Belo e Vale do Cobro já têm estes contentores, que também vão chegar à Azeda, ao Bairro Afonso Costa e futuramente à União das Freguesias, estimando que no segundo semestre do ano esteja implementado também nesta zona da cidade. A ideia passa por ter uma rede quase de cobertura total com esta oferta. Há sítios nos quais, pela natureza das actividades, as pessoas não aderem muito. Com um pequeno quintal e animais, já não têm esse desperdício. Já fazem essa economia circular há muitos anos, são muitas vezes práticas ancestrais, mas na cidade tal não acontece e era necessária esta resposta. Nesta primeira fase está ainda incluída a restauração local, com um peso muito grande no concelho, com quem estamos neste momento a estabelecer contacto. Este projecto será ainda implementado nos refeitórios das escolas. Em Azeitão já se encontra em curso, mas chegará também às restantes freguesias. Pretendemos igualmente conversar com as IPSS, para chegar a sítios com grande produção e poder recolher ainda mais material. Que números podem ilustrar esta situação no município de Setúbal? Só na Câmara Municipal de Setúbal, em 2021 recolhemos entre 68 a 70 mil toneladas de resíduos indiferenciados. Todos os dias saem em direcção ao aterro sete camiões de dia, seis de noite e outros dois camiões que fazem contentores diferentes. Cada camião leva cinco a seis toneladas. No total, são números muito fortes aos quais é mesmo preciso dar a volta.

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70 mil No ano passado, a Câmara de Setúbal recolheu entre 68 a 70 mil toneladas de resíduos indiferenciados. Todos os dias saem em direcção ao aterro sete camiões de dia, seis de noite e outros dois camiões que trabalham com contentores diferentes Neste momento, estamos a ver as quantidades a aumentar por força de mais aderentes ao processo. Dos nove mil fogos abrangidos nem todos aderiram, mas de maneira geral as pessoas estão receptivas e aderem ao projecto. Muitas vezes perguntam-nos qual o benefício que têm directamente enquanto consumidores. No nosso país, também está previsto na legislação adequar a taxa de resíduos ao que as pessoas efectivamente depositam e não ao consumo da água que têm. É um outro passo que pode ser difícil de implementar a nível de justiça fiscal, mas considero que um dia também terá de ser dado. Que investimento em equipamento foi realizado até ao momento? Estas candidaturas em execução perfazem um investimento do município de quase três milhões de euros. Tivemos de adquirir os contentores, os grandes e os mais pequenos, quatro camiões para o porta-a-porta e dois para os moloques mais pequenos, com comparticipação em 85%. Os municípios, sem este tipo de apoio, teriam muito mais dificuldades em modernizar a sua frota e em poder aderir a estes projectos. Sem comparticipação PO SEUR, foram ainda adquiridos uma máquina de lavagem de contentores e um compostor comunitário. Já está a ser utilizado? Que mais valia representa? O que nos interessa é que os resíduos não vão para aterro. Os aterros estão a ficar sobrecarregados e continuamos a não ter no nosso país grande solução fora deles. Um dia, vão atingir a sua capacidade e temos que, a montante, começar a ter estratégias para que isso aconteça o mais tarde possível e estudar também outras alternativas e já é possível a partir destes resíduos produzir composto e electricidade. A Amarsul, por exemplo, faz um composto, mas necessita de uma grande triagem para separar a matéria orgânica, recebe tudo misturado. Se logo a montante conseguirmos desviar e dar-lhe outra utilização é preferível e se se separar logo na origem a qualidade do O SETUBALENSE

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composto é muito melhor. Apesar de termos sido considerado município para recolha selectiva de orgânicos, e não para compostagem, num estudo realizado pela Agência Portuguesa do Ambiente, decidimos investir na compostagem como forma pedagógica e sustentável. No Viveiro das Amoreiras, temos agora um combustor onde os hortelãos podem colocar os seus resíduos decorrentes da limpeza do terreno, fazer a respectiva compostagem e depois usar o composto nos seus cultivos, permitindo o desenvolvimento de projectos comunitários de estímulo à produção e consumo locais, contribuindo por esta via para a adopção de práticas sustentáveis. Tais como? No concelho e no resto do país, os números

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Recolha porta-a-porta, que começou em Janeiro de 2021, abrange nove mil moradias da freguesia de Azeitão e algumas zonas da União das Freguesias de Setúbal, Pontes, Gâmbia e Alto da Guerra e freguesia do Sado


de recolha de resíduos indiferenciados todos os anos aumentam e é necessário colocarmos um travão. Há muito trabalho a fazer, por exemplo, antes da recolha. Antes de algo ser lixo, temos de pensar o que fazer e há soluções que devem ser estimuladas, como a venda a granel. Há muitas coisas que precisam de ser olhadas. Tem de haver uma política nacional a nível destas matérias. Nos municípios somos parte de um puzzle que envolve as empresas que fazem as embalagens, as que disponibilizam os produtos, os consumidores. No fim, recolhemos, e a ideia de resolver o problema devia ser logo no princípio. O comércio local, nos mercados, é um aspecto importante a ter em conta neste sentido. Por que havemos de consumir um produto que vem de longe se temos produtores locais a vender no nosso mercado? Todos estes temas posicionam-se antes dos resíduos, mas relacionam-se com elementos que acabam por se transformar em resíduos, e estes são factores determinantes para a saúde pública e de cada um de nós. Como tal, combater as alterações climáticas através da redução de emissões de gases com efeito de estufa e proteger o ambiente e a saúde humana, prevenindo ou reduzindo os impactes adversos decorrentes da produção e gestão dos resíduos, são dois dos nossos objectivos da recolha selectiva de resíduos urbanos biodegradáveis.

Vereadora Carla Guerreiro considera que existe trabalho por fazer muito antes do momento da recolha dos resíduos e defende que a resolução do problema deve começar logo no início do ciclo, nos hábitos de consumo

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“Bicho de 7 Cabeças” coloca saúde mental na linha da frente com abordagem descomplicada As conversas são moderadas pela psicóloga Beatriz Franco com organização de Carolina Nunes e Catarina Pinote, técnicas da Divisão de Juventude da Câmara Municipal de Setúbal que se encontram a acompanhar o projecto Inês Antunes Malta (texto)

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írculo de partilha e entreajuda dirigido a jovens, dos 14 aos 30 anos, para reflexão em torno do indivíduo singular e colectivo e desenvolvimento de ferramentas para lidar melhor com a ansiedade, a angústia, as transformações físicas e emocionais, o trabalho e as relações interpessoais. Assim se apresenta a iniciativa Bicho de 7 Cabeças, dinamizada pela psicóloga Beatriz Franco e organizada pela Divisão de Juventude da Câmara Municipal de Setúbal. Teve início em 2021, no seguimento de um ciclo de debates sobre saúde mental realizado em 2019 e 2020 em todas as escolas de Setúbal, na qual a equipa da Divisão de Juventude da Câmara Municipal de Setúbal percebeu que existia uma necessidade cada vez maior em

abordar temáticas deste cariz na camada mais jovem. “Os jovens vinham, depois das sessões, falar com os oradores e comigo e notámos a necessidade que tinham de partilhar, encontrar respostas, perceber com quem podiam falar”, começa por contar Beatriz Franco a O SETUBALENSE. “A pandemia veio reforçar a necessidade que já sentíamos e quando a Divisão de Juventude me convidou eu aceitei de imediato”, acrescenta. Carolina Nunes, técnica superior, e Catarina Pinote, assistente técnica, da Divisão de Juventude, partilham que depressa perceberam que “seria necessário algo participativo, inclusivo e informal para dar resposta a esta procura por um local seguro, sem compromissos e de acesso gratuito onde os jovens pudessem desenvolver ferramentas para lidar melhor com O SETUBALENSE

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diversas situações do quotidiano, promovendo a ideia de que todas as fases da vida nos podem fazer sentir instáveis e ansiosos e que não há vergonha nenhuma nisso”. Esta ideia é igualmente partilhada pela psicóloga Beatriz Franco: “há que demonstrar que todos temos dias difíceis. A ansiedade é normal, há momentos em que precisamos dela porque no fundo nos mobiliza para a acção. A raiva também, não é errado senti-la, como todas as emoções é para ser sentida. Controlamos o nosso comportamento, não podemos nem devemos tentar controlar as nossas emoções”. A psicóloga alerta ainda para o facto de que “apesar de estes momentos difíceis serem normais é preciso estar atento aos sinais que nos dizem que podemos não estar a conseguir gerir


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A psicóloga Beatriz Franco defende "a importância de olhar a saúde como um todo" e que este tipo de iniciativa é essencial para a "prevenção e promoção de competências".

mudou claramente é muito bom”. Segundo dados fornecidos pelas técnicas da Divisão de Juventude, conseguiram chegar, até Julho de 2021, a “33 jovens. Em Outubro, retomámos o formato presencial e até ao final do ano tivemos a participação de 17 jovens diferentes, com média de 8 a 10 jovens por sessão”.

Pandemia traz novo olhar sobre bemestar psicológico

esse mal-estar sozinhos e precisamos de pedir ajuda. Quanto mais cedo for pedida a ajuda também mais fácil vai ser resolver a situação”.

Ansiedade e relações interpessoais entre os principais temas abordados

As sessões têm como ponto de partida um tema que, indo ao encontro das necessidades dos jovens, avaliadas após o preenchimento de um questionário fornecido pela Divisão de Juventude, suscita o debate e a partilha entre os participantes. A ansiedade e a relação com os outros são dois dos temas mais abordados até agora. As inscrições são geridas pela Divisão de Juventude, que faz ainda a comunicação e o financiamento das sessões, realizadas aos sábados, quinzenalmente, a partir das 10h30, inicialmente em formato online, mas desde Outubro presencialmente no equipamento municipal a Casa do Largo. Apesar de existir um tema, Beatriz Franco destaca a “liberdade completa para partilha de outros temas ou experiências. As sessões vão sendo guiadas pelas pessoas dentro da sala e na minha opinião é isso que torna o projecto tão interessante”. No que diz respeito a resultados alcançados até ao momento, a psicóloga partilha que “o Bicho de 7 Cabeças já permitiu a algumas pessoas pedir ajuda a um profissional de saú-

Existe ainda um estigma associado à terapia, a consultar um psicólogo ou psiquiatra, que deve ser desconstruído Carolina Nunes e Catarina Pinote

de mental, olhar para as situações de outra perspectiva e partilhar questões sobre o que sentiam e pensavam com amigos e familiares”. O feedback recebido tem sido, por isso, “muito positivo. Estamos a trabalhar em termos de sensibilização e sentir que houve algo que O SETUBALENSE

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Nas palavras da psicóloga Beatriz Franco, “este tipo de iniciativas é fundamental por fazer parte de trabalho desenvolvido no sentido da prevenção e promoção de competências. Se apostarmos cada vez mais no trabalho junto da comunidade vamos conseguir prevenir situações mais complexas e consequentemente alcançar melhores resultados. Acredito que os recursos devem ser mobilizados nesse sentido, com psicólogos na comunidade, nas escolas, nos centros de saúde”. A pandemia trouxe um “novo olhar sobre o mundo, sobre a saúde mental. Talvez as pessoas agora compreendam a importância de estarmos bem do ponto de vista psicológico e não apenas físico e olhem a saúde como um todo, como deve ser olhada”, considera, adiantando que espera também “que se comece a olhar mais para as pessoas, para as suas necessidades, bem-estar e esforço. Os bons resultados acontecem quando tudo isto está reunido e é preciso repensar o excesso de foco no resultado, acredito que não é por aí que se começa. O olhar, a compreensão e a empatia sobre o outro permite-nos muito evoluir em todos os sentidos”. Os jovens estão, de acordo com a sua experiência, “muito sensibilizados para as questões da saúde mental. Por vezes acho que se sentem até incompreendidos quando passam por uma situação emocionalmente mais difícil. Para eles, é uma questão muito importante”. Carolina Nunes e Catarina Pinote registam ainda “um estigma associado à terapia, a consultar um psicólogo ou psiquiatra, que deve ser desconstruído. Cada vez existem mais casos de ansiedade e depressão nos jovens, muito exacerbados pela pandemia, e se continuarmos a estigmatizar estas questões estaremos continuamente a alienar os jovens de algumas das melhores ferramentas de promoção de saúde mental: as consultas com especialistas que os possam auxiliar”. As duas técnicas municipais acreditam, assim, que “apesar de existir ainda um grande caminho a percorrer, grandes passos têm sido dados e o desenvolvimento de iniciativas como o Bicho de 7 Cabeças é um exemplo disso mesmo”.


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Setúbal assinala Dia Mundial das Doenças Raras com duas rotundas iluminadas Rotundas dos golfinhos e dos peixes têm iluminação cor-de-rosa, verde e azul até 5 de Março Inês Antunes Malta (texto)

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cidade de Setúbal associa-se às comemorações do Dia Mundial das Doenças Raras, assinalado a 28 de Fevereiro, com duas rotundas iluminadas. As rotundas dos golfinhos, nas imediações do Centro Comercial Alegro, e dos peixes, situada entre as avenidas 22 de Dezembro e Mariano Carvalho, pintam-se, entre os dias 28 de Fevereiro e 5 de Março, de tons de cor-de-rosa, verde e azul, cores que traduzem o simbolismo associado à data. A iniciativa, que tem como principal objectivo aumentar a consciência sobre as doenças

raras e melhorar o acesso ao tratamento e à assistência médica, contempla um conjunto de acções, a nível nacional. É organizada pela RD-Portugal – União das Associações das Doenças Raras, que apela aos portugueses para que na tarde de 28, pelas 18h00, iluminem também as suas casas com uma destas três cores e partilhem o apoio a esta campanha nas redes sociais da associação promotora. Em Portugal, estima-se que existam entre 600 a 800 mil pessoas portadoras destas doenças. A RD-Portugal nasce pela necessidade de criar uma única estrutura agregadora de várias associações de doentes com O SETUBALENSE

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doenças raras e dedicar atenção à pessoa com doença rara, aos seus cuidadores e familiares com vista à sua qualidade de vida, sem esquecer a perseguição de cura. Em Maio de 2021, realizou a escritura, “formalizando e coroando o trabalho que a comissão instaladora tinha vindo a dinamizar desde Novembro de 2018 e trazendo esperança aos doentes raros”. No que diz respeito à data mais concretamente, foi criada pela Eurordis - Rare Diseases Europe, em 2008, e comemora-se anualmente no último dia do mês de Fevereiro em mais de 80 países.


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Nova extensão de saúde para Santa Susana está em marcha mas falta remodelação da unidade de Alcácer do Sal Além da melhoria dos equipamentos de saúde para o concelho, Vítor Proença insiste na criação de uma escola para formar profissionais de enfermagem Humberto Lameiras (texto)

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localidade de Santa Susana, freguesia do concelho de Alcácer do Sal, vai receber uma nova extensão de saúde para ampliar a capacidade de resposta aos utentes que, actualmente, apenas dispõem de uma pequena unidade que “que mal alberga as pessoas que têm necessidade de recorrerem a um médico para serem consultadas”, comenta o presidente da Câmara Municipal, Vítor Proença. A construção do novo edifício, segundo o autarca, terá a planta de localização entregue na Câmara e processo desencadeado ainda este ano, devendo o passo seguinte ser célere uma vez que, este tipo de obras, não carecem do mesmo tipo de licenças que as obras particulares. A futura extensão de saúde já tem terreno definido, o qual foi cedido pela Câmara Municipal de Alcácer do Sal ao Ministério da Saúde, junto à escola do 1.º Ciclo, e cálculo de investimento. A obra é assumida pela Unidade Local de Saúde Litoral Alentejano, está avaliada em 200 mil euros e é financiada pelo programa Alentejo 2020. Do lado da Câmara Municipal e da União das Freguesias de Alcácer do Sal e Santa Susana fica a responsabilidade dos arranjos exteriores ao edifício, caso da construção de um jardim e espaços verdes, acessos, vedações e instalação de carregadores eléctricos para viaturas, entre outras estruturas, num investimento conjunto de 60 mil euros, além do valor do terreno municipal. Quanto às instalações internas deste equipa-

mento de saúde, contemplam gabinete médico, sala de espera espaçosa, casa-de-banho para utentes e outra para profissionais de saúde e auxiliares, espaço de atendimento amplo, sala de tratamento para diversas patologias, telheiro exterior, zona de copa, zona de arrumo e ainda uma farmácia para melhor auxiliar a população da aldeia, dá a saber autarquia em nota de Impresa. “Esta extensão de saúde resulta de uma parceria entre o município e a Unidade Local de Saúde Litoral Alentejano”, e vem no seguimento “de

um pedido formulado pela Câmara junto desta entidade, há já algum tempo”, frisa Vítor Proença. E acrescenta: “A Câmara de Alcácer do Sal já tinha dado o exemplo ao construir uma nova extensão de saúde em Palma”, obra que “foi integralmente suportada pelos cofres municipais”, ou seja, “sem recurso a qualquer apoio do Estado ou financiamento comunitário”. Com a nova extensão de saúde de Santa Susana em andamento e dotada de “um edifício muito melhor para os cidadãos e profissionais

Urgência Escola de saúde é fundamental no Litoral Alentejano A falta de profissionais de saúde no concelho, e restante Litoral Alentejano, é outra das lutas de Vítor Proença e dos presidentes de câmara da Comunidade Intermunicipal do Alentejo Litoral (CIMAL), e aponta o caso do Hospital do Litoral Alentejano em que a administração, que “que tem bom relacionamento com os municípios”, e “não consegue resolver este problema”. A solução, aponta, e isso foi discutido mais uma vez na reunião de 14 de Fevereiro da CIMAL, - organismo que está a construir a estratégia 2030 para o próximo ciclo financeiro da União Europeia -, passa pela O SETUBALENSE

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“urgência em criar no Litoral Alentejano uma Escola Superior de Saúde, ou de um polo de Ensino Superior de Saúde na área de enfermagem”. E revela que o assunto “já foi colocado ao Instituto Politécnico de Setúbal”, sendo que foi Alcácer do Sal que se candidatou a receber este ensino”. O certo para Vítor Proença é que, seja através do Politécnico, ou outra instituição, esta escola de ciências da Saúde tem de ser criada, até para “ajudar a resolver a carência de enfermeiros [no Hospital do Litoral Alentejano] e fazer com que se fixem na região”.


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SAÚDE

Autarcas e outros responsáveis visitaram recentemente o terreno onde vai ser construída a extensão de saúde de Santa Susana

de saúde”, a preocupação do presidente Vítor Proença sobre este género de equipamentos está agora voltada para o Centro de Saúde de Alcácer do Sal. “Há uma urgência enorme em resolver a situação [de funcionamento] do maior equipamento de saúde do concelho”. Diz o autarca que o Serviço de Urgência Básica deste centro de saúde está “em péssimas condições”, e mais notório é o problema quando tem uma “procura gigante”. Sobre isto afirma que tem vindo a chamar a atenção tanto de responsáveis da Unidade Local de Saúde Litoral Alentejano como do Governo. Inclusivamente, aquando da visita ao concelho do secretário de Estado Adjunto e da Saúde, Lacerda Sales, “mostrei-lhe o estado lamentável em que se encontra o Centro de Saúde de Alcácer do Sal e o Serviço de Urgências Básica; carecem de obras urgentes”, disse-lhe. A acrescentar aos problemas de eficiência do edifício, “não tem médicos nem enfermeiros em número suficiente, nem assistentes operacionais”, aponta. PUBLICIDADE

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Seixal reivindica hospital e mais condições de saúde

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m dos pilares do Estado de Direito Democrático é o direito à protecção da saúde, consagrado na Constituição da República Portuguesa. Incumbe ao Governo assegurar as condições para o cumprimento deste direito, seja nos cuidados da medicina preventiva, curativa ou de reabilitação. No concelho do Seixal, porém, são muitas as necessidades no acesso à saúde e poucos os investimentos do Governo. Mesmo aqueles investimentos com acordos firmados tardam em ser concretizados, como é o caso do Hospital do Seixal. No quadro dos cuidados de saúde primários, prestados pelo Agrupamento de Centros de Saúde (ACES) Almada-Seixal, verifica-se um número reduzido de médicos de família para dar resposta às necessidades da população. De referir que o ACES Almada-Seixal regista 168.908 utentes inscritos no município do Seixal, dos quais 140.607 com médico de família e 28.301 sem médico de família. A Câmara Municipal do Seixal alerta e reivindica há muito tempo a construção de novas unidades de saúde que permitam responder efectivamente às necessidades de prestação de cuidados de saúde e ao crescimento populacional. Para agilizar os processos, a autarquia tem cedido terrenos para a implantação destes equipamentos, estando disponível para participar nestes investimentos. A construção dos novos centros em Foros de Amora e Aldeia de Paio Pires, a substituição de instalações do centro de saúde de Pinhal de Frades, a nova unidade de saúde para alocar a USF Rosinha, o alargamento do Centro de Saúde de Fernão Ferro, a construção de uma Unidade de Cuidados Continuados Integrados, em Arrentela, e a construção do Hospital do Seixal são essenciais para a prestação de um melhor serviço à população. É por isso com enorme satisfação que podemos anunciar que, durante este mandato autárquico, vai avançar a construção das novas unidades de saúde dos Foros de Amora, da Cruz de Pau/Amora (USF Rosinha) e de Aldeia de Paio Pires. De referir que já foram entregues à câmara municipal, por parte da Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo, os projectos de arquitectura para dois destes novos centros (Foros de Amora e Amora/Cruz de Pau). Além da cedência de terreno, a autarquia fica responsável pela realização dos restantes projectos de especialidades e de lançar o concurso das obras a candidatar ao Plano de

OPINIÃO Joaquim Santos Presidente da Câmara do Seixal

Durante este mandato autárquico, vai avançar a construção das novas unidades de saúde Recuperação e Resiliência. Relativamente ao Hospital Garcia de Orta, inicialmente construído para dar resposta a 150 mil utentes, serve actualmente uma população estimada de cerca de 350 mil utentes dos municípios do Seixal e de Almada, o que se traduz numa situação preocupante para os utentes e para os profissionais de saúde. A falta de recursos humanos e de camas de internamento, a sobrelotação de alguns serviços, o elevado tempo de espera para marcação de consultas de especialidade e meios complementares de diagnóstico e terapêutica, de cirurgias e de atendimento do Serviço de Urgência Geral são realidades enfrentadas diariamente pela população dos dois concelhos. A construção do Hospital do Seixal é uma reivindicação da população e das autarquias do Seixal O SETUBALENSE

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há muitos anos. Apesar de ser um compromisso firmado pelo Estado português há cerca de duas décadas, este equipamento fundamental para a melhoria da dignidade e das condições de vida das populações ainda não foi concretizado. Determinante na resolução dos problemas estruturais do Hospital Garcia de Orta e dos cuidados de saúde na região, o Hospital do Seixal representará um investimento no edificado e espaços exteriores de cerca de 35 milhões de euros e será construído em terreno do Estado, no Fogueteiro, em Amora, com o apoio da Câmara Municipal do Seixal, através da isenção do pagamento de taxas municipais e da construção de acessos e infra-estruturas, num valor próximo dos três milhões de euros. É importante salientar que, nos últimos dois anos, foi o Serviço Nacional de Saúde (SNS) que esteve sempre, desde o primeiro momento, de portas abertas para receber e tratar doentes com covid-19, apesar de todas as suas insuficiências, fruto do desinvestimento dos sucessivos Governos. No apoio ao SNS, o Poder Local Democrático, por seu lado, teve um papel determinante. No Seixal, o combate à covid-19 representou um investimento municipal global de mais de 4,5 milhões de euros. A criação de três centros municipais de vacinação (assegurando o transporte de doentes para os mesmos), a distribuição de mais de um milhão de máscaras à população, a disponibilização de equipamento de protecção individual, gel desinfectante e refeições aos agentes das instituições humanitárias e sociais que estiveram na linha da frente, a forte mobilização dos trabalhadores da autarquia, que deram um contributo extraordinário nas várias fases do combate, as campanhas de sensibilização e informação foram algumas das medidas de apoio à população e às instituições de saúde durante os últimos dois anos. É com a população e na defesa dos seus interesses que a Câmara Municipal do Seixal tem actuado. Na área da saúde, não sendo competência directa da autarquia, tem investido, reivindicado e trabalhado para que todos os munícipes tenham as melhores condições de acesso aos cuidados de saúde, além de incentivar a promoção de estilos de vida saudável e de desenvolver projectos de saúde de proximidade, através do projecto Seixal Saudável, no âmbito da Rede Portuguesa de Municípios Saudáveis, coordenada pela Autarquia do Seixal, e da Rede Europeia de Cidades Saudáveis da Organização Mundial da Saúde.


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Projecto “Cardápio” promove alimentação saudável, sustentável e acessível Iniciativas realizam-se junto da comunidade escolar do concelho de Sesimbra e do distrito Inês Antunes Malta (texto)

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associação Anime - Projecto de Animação e Formação, que crê no poder do associativismo e da actuação em comunidade, tem, entre os seus projectos, o “Cardápio”, que pretende promover saúde e bem-estar através da confecção de uma alimentação saudável, sustentável e em conta. Sedeada na Quinta do Conde, tem desenvolvido as suas acções no concelho de Sesimbra, já chegou a algumas escolas de Almada e pretende continuar a expandir a sua actividade a nível do concelho e consequentemente do distrito e do país. “Sou bióloga de formação, estive durante muitos anos ligada ao ensino e à elaboração de manuais escolares, na área das ciências naturais, e muitos dos projectos que surgiram em agregação aos livros diziam respeito à promoção da saúde. Quando saí da editora, em 2018, voltei a estudar”, começa por dizer Ana Duarte, bióloga, pós-graduada em microbiologia médica e saúde pública e membro da Associação Anime - Projecto de Animação e Formação, a O SETUBALENSE. “Fiz então um mestrado em saúde pública. Muito se fala hoje na pandemia de covid-19 mas uma das grandes componentes da saúde pública, e foi

o que me levou a escolher este mestrado, é a promoção da saúde propriamente dita. Com a promoção de saúde evitamos a doença ou pelo menos esperamos ter menos doença a acontecer. A alimentação é um factor muito importante a ter em consideração nesta equação”, adianta. O projecto "Cardápio" surge, assim, a partir da ideia de criar um pacote de actividades, de carácter lúdico, que, desde o ensino pré-escolar ao ensino secundário, na escola mas também na comunidade, possa dar a todos, independentemente do seu nível de escolaridade e da sua situação socio-económica, acesso a informação no âmbito alimentar. “A ideia foi criar condições para que todos dentro de uma comunidade tenham acesso a informação e de forma contínua para que ao longo da sua vida possam aumentar a sua literacia, fazer as suas escolhas mais saudáveis e conseguir ter ganhos em saúde”, explica. “Neste processo, o indivíduo ganha porque terá ganhos em saúde a longo prazo e ganha a comunidade, no seu todo”, continua.

Actividades transmitem ensinamentos sobre os alimentos de forma lúdica

A partir da alimentação e da promoção de O SETUBALENSE

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estilos de vida saudáveis, foram desenhadas actividades para desenvolver nas escolas e em comunidade “para que todos possam ter acesso, trabalhar ou ver pelo menos hipótese de aumentar a sua literacia em saúde e nomeadamente a literacia alimentar”. No entender de Ana Duarte, “os conteúdos escolares já abordam estes temas e a ideia passa por transformar o conteúdo em algo lúdico, de carácter relativamente frequente, para que cada aluno possa interiorizar e valorizar mais a experiência e a informação que recebe”. Até ao momento, o "Cardápio" já desenvolveu as suas actividades na freguesia da Quinta do Conde, com três turmas do Agrupamento de Escolas da Quinta do Conde, onde foi abordada a utilização dos açúcares na alimentação, e com uma “acção relâmpago” no Agrupamento de Escolas da Boa Água de prevenção da utilização do sal. No total das seis acções dinamizadas até agora, foi ainda até ao município de Almada, com outras três acções dentro do projecto “Mãos à obra”, que aborda a alimentação saudável, sustentável e acessível. “Não adianta pensarmos numa alimentação baseada em qualquer alimento


que depois não seja acessível a todos, ao bolso comum”, considera, esclarecendo que “a ideia é dar essas pistas também e ajudar nesse sentido”. Na comunidade, no seu todo, por seu turno, o projecto tem acções previstas para espaços públicos, como o mercado, “onde qualquer pessoa pode ir”, mas pretende igualmente trabalhar “alguns sectores mais frágeis da sociedade” e Ana Duarte dá um exemplo: “os beneficiários da ajuda alimentar recebem um cabaz de ajuda alimentar e depois o que fazem com aqueles bens? O que podem fazer para que se torne saudável e apetecível? Tem de ser algo que dê gosto. No nosso país, juntamo-nos por diversas ocasiões à volta de uma mesa, a refeição é um momento muito importante”. O objectivo é, em suma, encontrar alternativas que sejam simultaneamente saudáveis, sustentáveis e acessíveis do ponto de vista financeiro, abrangendo todas as faixas etárias. “Para trabalhar essencialmente com os idosos, temos previstos temas como o sal, pela hipertensão, e a hidratação, dois problemas que afectam muito a terceira idade, perceber, dentro do universo da alimentação, que escolhas fazer para reduzir os riscos”, remata.

O objectivo principal é “criar condições para que todos tenham acesso a informação e ao longo da sua vida possam aumentar a sua literacia, fazer escolhas mais saudáveis e conseguir ter ganhos em saúde”

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Residência sénior Jardins de São Luís, ao serviço da terceira idade

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Artur Cardoso, proprietário, não tem dúvidas: “Oferecemos o melhor serviço no apoio à população sénior e à mobilidade”

s portas de Setúbal, na estrada que liga a cidade sadina a Azeitão, encontra-se a residência sénior que celebra no próximo mês de Julho o seu terceiro aniversário. Um espaço que oferece um serviço completo onde o conforto, o carinho e o bem-estar dos utentes são as principais prioridades desta instituição privada. “Não queríamos, nem queremos ser apenas mais um lar”, frisa Artur Cardoso proprietário do espaço”. Desde o início, acrescenta, “a preocupação sempre foi dar às pessoas um tratamento digno, com enorme respeito, para lhes proporcionar a melhor qualidade de vida. A partir do momento que chegam a esta casa fazem parte desta família, são dos nossos. É

isso que lhes transmitimos todos os dias”. O público-alvo, revela, “está preferencialmente localizado na região de Setúbal, mas esta casa está aberta a todos. Nesta altura, para se ter uma ideia temos, por exemplo, seis utentes de Lisboa. Isto mostra a nossa abertura, disponibilidade e capacidade para receber pessoas de zonas mais distantes”. Artur Cardoso tem sido um empresário ambicioso, em vários sectores de actividade, e um chef de outros tempos com restaurante próprio. Fez quase toda a sua vida profissional na Suíça, mas há seis anos uma promessa feita à sua avó, pessoa de vital importância numa altura crucial no seu crescimento, aos 13 anos, fê-lo voltar a Portugal.”Quando ela necessitou ir para um lar, não gostei do que O SETUBALENSE

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vi e prometi-lhe que ia construir um para ela. Comprei este terreno, adaptei, remodelei e alonguei a residência”, conta orgulhoso em detalhe. Um projecto novo que, analisando a realidade dois anos volvidos, veio para ficar. “O balanço é muito positivo”, confirma o empresário. “Temos a lotação esgotada e uma longa lista de espera”. Uma situação que obrigou a rever a estratégia, revela. “Nós não queremos crescer em termos de infraestrutura porque há o risco de perdermos qualidade nos serviços que prestamos, por isso optámos por apostar no Hospicasa que começámos há pouco a potenciar. Com esta opção podemos providenciar ao domicílio todos os serviços que prestamos aqui nos Jardins de São Luís”.


a região 25 O Hospicasa tem como objectivo promover a melhoria da qualidade de vida dos utentes e famílias, bem como contribuir para a permanência dos mesmos no seu ambiente familiar. Proporcionando actividades e estratégias de desenvolvimento para a auto-gestão da sua condição. Nesta altura a residência tem 28 utentes instalados em 13 quartos, individuais, duplos e triplos. Os quartos são modernos, iluminados, com excelentes dimensões e decoração cuidada. Estão adaptados às necessidades de cada residente, camas articuladas munidas com colchões anti-escaras. As casas de banho são adaptadas com material de excelência. Conta com 16 cuidadores, médico, enfermagem, fisioterapia, animadora socio-cultural. Os seniores podem contar também com um programa de animação diária para ajudar a manter uma mente sã. A residência é destinada a qualquer pessoa, com ou sem mobilidade, que pretenda desfrutar de um serviço familiar de qualidade a preços acessíveis. Tem uma equipa multidisciplinar especializada nos cuidados de saúde, no domicílio “sempre em constante formação”.

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A residência tem, nesta altura, 28 utentes instalados em 13 quartos, individuais, duplos e triplos, e conta com 16 cuidadores, entre médico, enfermagem, fisioterapia e animação socio-cultural

“Temos uma resposta social dirigida ao utente e família, prestando cuidados individualizados e personalizados, identificados após avaliação técnica e médica. A nossa intervenção é dirigida para os serviços básicos do dia-a-dia, para os cuidados de saúde primários e crónicos, priorizando o ambiente e conforto no próprio lar”. PUBLICIDADE

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Café Memória combate isolamento de pessoas com demência e dos seus cuidadores As sessões, que no distrito acontecem em Almada, Barreiro e Sesimbra, servem de ponto de encontro para partilhar experiências, combater o isolamento e reduzir o estigma associado à doença Inês Antunes Malta (texto)

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conceito não é português. Desenvolve-se nos Estados Unidos da América e em países da Europa, como Holanda, Luxemburgo e Inglaterra, de onde veio a inspiração. Foi no conceito inglês que se basearam para criar o Café Memória, ponto de encontro para pessoas com problemas de memória, já com diagnóstico da demência, numa fase inicial ou até moderada, e aos seus familiares, amigos e cuidadores. “Arrancou como projecto piloto em Abril de 2013, com a abertura dos dois primeiros espaços, no Centro Comercial Colombo, em Lisboa, e no Cascais Shopping”, começa por contar Catarina Alvarez, da Alzheimer Portugal, uma das entidades promotoras da iniciativa Café Memória, a par da empresa Sonae Sierra, “que ajudou a desenvolver este projecto no âmbito da sua política de responsabilidade social”. Ainda no mesmo ano, a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa interessou-se pelo projecto e quis

As sessões são realizadas num local conhecido da comunidade, ao sábado de manhã, num registo muito informal Catarina Alvarez

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abrir uma outra unidade na cidade. No presente, existem 27 Café Memória em funcionamento em vários pontos do país, e entre Abril de 2013 e Março de 2020 foram realizadas mais de 900 sessões, abrangendo também mais de quatro mil participantes e perto de 17 mil participações, 27 mil horas de voluntariado e 1400 convidados.

Projecto abraça vários formatos: presencial, itinerante e online

A acção do Café Memória divide-se em três formatos. Antes da pandemia, o formato tradicional, com sessões presenciais, acontecia mensalmente. “Nessas sessões, convidamos pessoas com problemas de demência e as famílias a virem ao nosso encontro, num local conhecido da comunidade onde estamos longe dos hospitais e dos equipamentos sociais, numa manhã de sábado, num registo muito informal”, conta. “Num primeiro momento, acolhemos os participantes, trabalhamos com dois técnicos com formação na área das demências e com


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um grupo de voluntários”, continua. Segue-se a participação de um orador convidado para falar sobre temas que podem ir “desde o diagnóstico à intervenção farmacológica, ou não farmacológica, ao bem-estar do cuidador, e depois terminamos com uma pausa para café”. É, de acordo com a experiência de Catarina, “nesta pausa que as pessoas conversam, partilham experiências, desafios, dificuldades”. Apesar do desenvolvimento da rede, a organização percebeu que “Portugal é muito assimétrico em termos de acesso a este tipo de respostas mais específicas” e que seria “muito difícil implementar o formato tradicional em zonas como o Alentejo e o Norte Transmontano”. Então, em 2018 e 2019, inspirado no conceito de itinerância das bibliotecas da Fundação Calouste Gulbenkian, entidade parceira, o Café Memória fez-se à estrada e realizou cerca de 60 sessões em 18 distritos, em pontos longe dos centros urbanos. Enquanto parceiros institucionais, conta ainda com a Fundação Montepio, o Instituto de Ciências da Saúde da Universidade Católica Portuguesa e outros a nível local, no total de aproximadamente 70. Em Abril de 2020, fruto da pandemia, nascia o formato online “Café Memória fica em casa”, onde através da plataforma Zoom os participantes de vários pontos do país se reuniam todos os sábados entre as 10h30 e as 12h00. “Neste modelo, encontrámos forma de não perder as pessoas de vista e também de convidar novas pessoas que não se podem deslocar

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Em Abril de 2020, nascia o formato online “Café Memória fica em casa”, que será para manter a um dos espaços físicos mas podem ligar-se a nós online”, explica. “Temos vindo a realizar sessões num ritmo semanal desde essa altura, com cerca de 60 participantes por sessão, e em contra-ciclo abrimos um Café Memória em Pombal, outro em Loures e estamos em conversações com o município de Portimão”, adianta, partilhando que têm vindo a ponderar a retoma das sessões presenciais “mas quando tal acontecer manterão o formato online porque algumas pessoas não têm condições de participar no formato tradicional”.

Almada, Barreiro e Sesimbra colocam distrito no mapa da memória

“Para expandirmos esta resposta pelo país precisamos sempre do apoio de parceiros locais, formamos e acompanhamos as equipas locais e tivemos a sorte de a Santa Casa da Misericórdia de Almada estar interessada em desenvolver este projecto e já estamos há uns O SETUBALENSE

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anos a funcionar no Museu da Cidade”, refere, adiantando que marcam igualmente presença no Barreiro desde Setembro de 2019. “Os sítios escolhidos são sempre conhecidos da comunidade e no fundo também nos ajudam a normalizar comportamentos. Reunimo-nos ao sábado de manhã para tomar um café em conjunto”, acrescenta. Em Sesimbra, por sua vez, o apoio e a dinamização da iniciativa é da responsabilidade da autarquia e da Santa Casa da Misericórdia e acontece no Espaço Memória, recentemente recuperado pelo município, no centro da vila. “O objectivo desta resposta, comunitária e complementar à resposta técnica, num primeiro momento é tirar as pessoas do isolamento em que se encontram, tanto as com demência como os cuidadores, chamar as pessoas, pô-las a conviver entre si com a nossa ajuda e desse modo também reduzir o estigma associado às demências”, informa, para depois acrescentar que “por outro lado, queremos trabalhar junto da comunidade. Temos um grupo muito alargado de voluntários que fomos formando ao longo dos anos, são perto de 700 agora e no fundo são verdadeiros agentes de mudança, formados previamente para poder acompanhar o projecto e as pessoas que nos visitam e no fundo também através deles vamos desmistificando o tema das demências e reduzindo o estigma por um lado e aumentando a informação por outro”. A componente de voluntariado neste projecto é, no seu entender, “absolutamente fun-


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No futuro, a rede pretende continuar a expandir-se e a avaliar os resultados da sua resposta

damental. Teria sido impossível criar esta rede e expandirmo-nos a este ponto sem a ajuda da comunidade e destas pessoas que de forma muito solidária se juntam a nós”. No futuro, “pretendemos continuar com esta expansão, com a avaliação do ponto de vista técnico-científico dos resultados desta resposta. Já fizemos alguns estudos relacionados com o impacto que esta resposta tem junto dos cuidadores e dos voluntários mas ainda não o fizemos com as pessoas com demência e queremos também desenvolver este conhecimento sobre os resultados que esta resposta tem junto das pessoas e eventualmente pensar noutros modelos”. Em quase dez anos de vida, o projecto já abraçou algumas derivações que fizeram, de acordo com Catarina Alvarez, “bastante sucesso. Temos muito que fazer. É um projecto muito maduro mas ainda com muita capacidade para crescer”.

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Cuidado, comunicação e criatividade foram chave para União Mutualista do Montijo lidar com pandemia Passada a “montanha-russa de emoções” da fase mais critica, instituição encara o futuro com esperança David Marcos (texto)

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pandemia de covid-19 e, consequentemente, as medidas tomadas para a travar, apresentaram um desafio extraordinário para toda a sociedade e especialmente pesado para as Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS) que prestam cuidados de saúde aos mais vulneráveis, no caso os idosos. A União Mutualista Nossa Senhora da Conceição (UMNSC), localizada no Montijo, apesar das naturais dificuldades, conseguiu manter o acompanhamento e qualidade dos seus serviços. “Tem sido de aprendizagem a todos níveis e de um trabalho de equipa enorme” afirma Patrícia Soares, membro do Conselho de Administração da União Mutualista e enfermeira-chefe do Centro de Convivência para Idosos (CCI) e da Estrutura Residencial para Idosos (ERI), destacando todo o trabalho realizado pela instituição, também em colaboração com a Protecção-Civil, Segurança Social e as autoridades de saúde pública. Recordando as incertezas iniciais, Patrícia Soares sublinha que “era importante que as pessoas que estivessem a trabalhar, os colaboradores, se sentissem seguros, só assim podíamos valorizar a qualidade dos cuidados que são prestados”, lembrando que “os utentes também tinham que sentir-se bem, porque esta é casa deles”. A enfermeira destacou, ainda, o trabalho importante desenvolvido com os familiares, em especial a comunicação. “O trabalho tem de ser sempre em articulação e em diálogo bastante assertivo e próximo com as famílias”, afirma, “tivemos sempre o cuidado de, O SETUBALENSE

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a região sempre que houvesse um procedimento diferente, uma norma, ou orientação diferente, estarmos apoiados relativamente à autoridade local de saúde, e fazíamos uma comunicação para todos os familiares, e desta forma eram informados” explicou a responsável. Para Patrícia Soares o comportamento dos familiares foi também de enorme importância. “Houve muito cuidado das famílias em proteger os seus familiares”, afirmou a enfermeira, deixando o elogio aos familiares envolvidos neste processo. De todo o trabalho desenvolvido pela União Mutualista do Montijo destaca-se, definitivamente, o projecto “box das emoções”, uma estrutura que permitia que os familiares, de forma isolada, conseguissem ver e falar com os seus utentes, mesmos separados por um vidro. Assim, tanto o utente, como o familiar podiam “matar” um pouco das saudades sem colocarem em risco nenhuma das partes. A ideia foi um sucesso e para além de ser bem recebida pelos utentes e familiares, foi amplamente divulgada e passou a ser replicada por outras instituições. Ultrapassada a “montanha-russa das emoções” do início da crise pandémica, o futuro

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Apesar de irmos normalizando, temos sempre de nos lembrar que estas pessoas são vulneráveis Patrícia Soares pode ser de esperança, sem nunca esquecer a segurança dos utentes, segundo a enfermeira-chefe. “Apesar de a situação ser diferente e irmos aos poucos normalizando, temos sempre de nos lembrar que, apesar da vacinação, estas pessoas são vulneráveis, e que podemos manter alguns cuidados”, conclui Patrícia Soares. PUBLICIDADE

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Península de Setúbal já tem dois balcões SNS 24 e o terceiro está a caminho O primeiro foi instalado na Junta do Samouco e o segundo na Junta de Montijo e Afonsoeiro. Segue-se a Moita Mário Rui Sobral (texto)

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ermitem a marcação de consultas para o centro de saúde, a realização de teleconsultas médicas e o pedido de receituário. São os balcões SNS 24 e na Península de Setúbal já estão dois a funcionar: o primeiro foi instalado no passado dia 1 na Junta de Freguesia do Samouco; o segundo abriu portas, a 10 deste mês, na sede da Junta de Montijo e Afonsoeiro. E a caminho está um terceiro, para a Moita. Miguel Lemos, director executivo do Agrupamento de Centros de Saúde (ACES) Arco Ribeirinho – que abrange os concelhos de Alcochete, Barreiro, Moita e Montijo –, não esconde o desejo de ver o serviço “replicado” à escala regional – no País já foram instaladas mais de 120 unidades. Para o efeito é necessário que as autarquias assim o solicitem e, pelo menos, já existe a 'encomenda' de mais um Balcão SNS 24 para a região. “A Moita também já pediu e estou convencido de que vão surgir mais”, revelou o responsável a O SETUBALENSE, sem deixar de frisar a preponderância do poder local no processo. “A implementação destes balcões parte muito da predisposição das câmaras municipais e das juntas de freguesia”, disse. Para Miguel Lemos, a implementação deste tipo de serviço não traduz incapacidade de resposta da tutela na área dos cuidados de saúde primários. Muito pelo contrário. “Significa uma grande criatividade por parte da tutela”, con-

sidera, ao mesmo tempo que realça algumas das principais vantagens do serviço prestado. “Quando nós construímos ferramentas é para nos ajudar e o Balcão SNS é uma ferramenta, que promove o acesso, a acessibilidade, aumenta os níveis de conhecimento, literacia, no digital, por parte dos nossos utentes. É um resultado dos tempos de desenvolvimento que estamos a viver.” Ainda assim, admite que esta “ferramenta” – como lhe chama – acaba por aliviar os serviços administrativos nos centros de saúde, o que, no seu entender, acaba também por representar uma mais-valia para os utentes. “Alivia, sobretudo, a carga dos tempos de espera que os utentes têm de suportar. Às vezes esperar-se 15 minutos para se ser atendido,

O Balcão SNS facilita o acesso aos cuidados de saúde e promove literacia no digital aos utentes O SETUBALENSE

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numa situação em que se está doente, é um tempo de espera muito grande. Se estivermos bem, se calhar até podemos esperar uma hora. Mas quando vamos a um serviço privado não nos queixamos tanto do tempo de espera, contudo toda a área do privado foi desenvolvendo aplicações para os telemóveis com o objectivo de reduzir a carga de espera, o tempo que às vezes se consome para resolver um problema administrativo, como por exemplo ir levantar um receituário que já está passado pelo médico”, defende. Os balcões SNS 24, reforça, vêm “optimizar os recursos na área da saúde” e “satisfazer o utente pela produção de um serviço em tempo útil e rápido”, reduzindo assim “o peso de ter de estar à espera”. Além de marcação de consultas, realização de teleconsultas médicas e possibilidade de renovação do receituário, a população pode ainda, através dos balcões SNS 24, “consultar guias de tratamento e o resultado de exames clínicos, avaliar e registar os sintomas provocados pela covid-19, agendar vacinação contra o coronavírus, obter certificados covid (vacinação, testagem e recuperação) e pedir isenção de taxas moderadoras por insuficiência económica”. E tudo à distância de um clique, feito nas autarquias – e não nos respectivos centros de saúde – com apoio de funcionários para quem tem pouca literacia digital ou não tem acesso ou conhecimento para aceder aos serviços digitais do Serviço Nacional de Saúde (SNS).


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SAÚDE

Miguel Lemos “Unidades de Saúde Familiar são a maior fonte de atracção de médicos” O principal desiderato dos agrupamentos de centros de saúde é o aumento do número de médicos de família. E uma das receitas para o conseguir passa, segundo Miguel Lemos, pela aposta em Unidades de Saúde Familiar (USF). “O movimento de colocação de médicos nas unidades não acontece de forma automática, não existe nenhum mecanismo legal que obrigue um profissional de saúde a trabalhar num determinado sítio. Resulta sempre de uma opção pessoal [do médico]. Uma opção que, por sua vez, resulta de perspectivas que existam no terreno, em termos de projecto, de desenvolvimento profissional, de condições de trabalho. Colocar uma USF no terreno é, neste momento, uma das maiores fontes de atracção de médicos”, explica o responsável pelo ACES Arco Ribeirinho, para reforçar de seguida: “A atractividade

passa por ter USF, boas condições de trabalho. Garantindo isso na base, a probabilidade de poder atrair mais médicos é maior.” Para Abril, admite, está prevista a abertura da USF Aldegalega no Hospital do Montijo. E o equipamento da Baixa da Banheira (Moita), “se tudo correr bem, deverá abrir no final do próximo ano”. “Depois temos projectos para o Barreiro, julgo que a Câmara Municipal já quer avançar com dois – o dos Fidalguinhos e outro na zona da Escavadeira [Alto do Seixalinho]. Na Moita, a ideia é podermos também promover algum estímulo para Alhos Vedros. Voltando ao Montijo, está prevista ainda uma outra unidade de saúde para o Bairro do Areias e temos ainda a perspectiva de criar uma USF em Alcochete, até mesmo utilizando as instalações do actual centro de saúde”, resumiu, a concluir. PUBLICIDADE

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SAÚDE

Mostra da Fundação Ernesto Roma conta história da diabetes no átrio do Hospital Nossa Sra. do Rosário Exposição acontece no âmbito dos 100 anos da descoberta da insulina Luís Geirinhas (texto)

E

sta segunda-feira, 28 de Fevereiro, é o ultimo dia para ver, na entrada principal do Hospital Nossa Senhora do Rosário, a exposição itinerante “Uma Visita à História da Diabetes no Centenário da Descoberta da Insulina”, promovida pela Fundação Ernesto Roma. A mostra, segundo o Centro Hospitalar Barreiro Montijo (CHBM), tem como propósito “revisitar os principais marcos históricos relativos ao tratamento da diabetes desde o antigo Egipto até aos dias de hoje”, sendo possível aos visitantes acompanharem o percurso desde a descoberta da insulina, em 1921, à sua primeira aplicação com sucesso no ano seguinte. A exposição faz também referência à década de 80, marcada por ter sido uma época em que a insulina “passou a ser comparticipada a 100%” pelo Serviço Nacional de Saúde (SNS).

A mostra celebra o caminho científico para chegar a um medicamento que é, sobretudo para os diabéticos tipo 1, o milagre que lhes permite viver O SETUBALENSE

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“Ter integrado a Comissão Nacional das comemorações do centenário da descoberta da insulina e o culminar com a possibilidade de receber esta exposição na instituição é uma honra e um privilégio”, afirma a equipa responsável pela Unidade Integrada da Diabetes deste estabelecimento de saúde. Segundo a mesma unidade, a mostra reveste-se de uma importância não só informativa, uma vez que nos transporta pelo conhecimento da história da diabetes, mas igualmente, porque “celebra o caminho científico feito por muitos para chegar à produção de um medicamento [...] que é, particularmente para os diabéticos tipo 1, o milagre que lhes permite viver”. O CHBM possui desde há três décadas um grupo de profissionais dedicado ao acompanhamento destes utentes, celebrando a 27 de Junho de 2022 os 20 anos da criação da consulta de diabetes e gravidez.


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