www.inx.com.br/fisio&terapia Ano IV nยบ 19 - Fev/Mar 2000
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Veja na Internet a lista completa das empresas participantes e dos descontos oferecidos
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Agenda Pag. 04
Expediente
EDITOR / DIRETOR Dr. Oston de Lacerda Mendes
Cartas Pag. 06
DIRETOR DE PUBLICIDADE Dr. Fabiano Moreira da Silva GERENTE DE REDAÇÃO Rita de Cássia Coutinho
Efeitos da MHB Pag. 08
PROGRAMAÇÃO VISUAL E WEB PAGE Oficina Detrês JORNALISTA RESPONSÁVEL Marcos Antônio Alves MTB 6036DRT-MG ASSESSORIA JURÍDICA Dr. Walter Lambert de Brito
Tumores Cerebrais Pag. 10
ASSESSORIA EM INFORMÁTICA Flávio Branco GAROTO PROPAGANDA Dr. Piá. ASSESSORIA CONTÁBIL Dr. Antonio Carlos
Entrevista: Dr. Eurico Miranda Pag. 11
Coluna do Prof. Luís Guilherme Barbosa Pag. 14 Cliente: Sujeito ou Objeto? Pag. 16
Queimados Pag. 18 Entrevista: Dr. Elza Lucia B. L. de Souza Pag. 16
Entre em contato Rio de Janeiro Tel/Fax: (21) 294-9385 revista@inx.com.br Minas Gerais Tel/Fax: (31) 824-7029 phisio@zaz.com.br Acesse Fisio&terapia: www.inx.com.br/fisio&terapia Assinaturas: Rio de Janeiro: (21) 294-9385 Minas Gerais: (31) 824-7029 A Revista Fisio&terapia não se responsabiliza por artigos e cartas assinadas. Redação: Rua José Linhares, 134 - Leblon Rio de Janeiro - RJ CEP 22430-220
Rio de Janeiro - (21) 294-9385 - Minas Gerais - (31) 824-7029 (www.inx.com.br/fisio&terapia) >>> Site: www.inx.com.br/fisio&terapia - E mail: revista@inx.com.br
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Cartas revista@inx.com.br 6
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Prezados colegas fisioterapeutas, Fiquei muito feliz ao ler a carta a respeito dos perigos da ascensão da carreira, enviada à redação desta Revista, pelo senhor Márcio Paulo Garzuzi. Feliz por dois motivos: primeiro, por concordar com tudo ao que ele se refere. Foi exatamente esta a opinião que tive ao ler a reportagem a respeito do número de candidatos/vagas no vestibular da Fuvest. Segundo, pelo fato de ter citado o nome da Puc-Campinas, o que me deu uma saudade danada. Mas o que me deixou um tanto quanto envergonhado e ao mesmo tempo furioso, foi o fato que o Márcio Garzuzi não é um fisioterapeuta, tampouco um acadêmico, mas teve a sensibilidade que nós não tivemos, sentiu-se incomodado e receoso com o crescimento descontrolado da profissão. E se digo descontrolado, vocês entenderão porquê. Aonde estamos, fisioterapeutas e acadêmicos? Escondidos e satisfeitíssimos atrás dos nossos quase R$1.000,00 / mês, em média? Márcio, se ficou incomodado com aquela reportagem, talvez não tenha lido no caderno Cotidiano, da Folha de São Paulo de 26/11/1999, de fácil acesso pela Internet, a reportagem que dizia o seguinte: “PAÍS TERÁ CURSO DE QUIROPRAXIA EM 2000, da reportagem local. “A Universidade Anhembi Morumbi, em São Paulo, pretende criar, a partir do próximo ano, um novo curso superior na área da saúde, a Quiropraxia. A formulação do currículo será discutida por especialistas internacionais, em reunião na próxima semana. A Quiropraxia, profissão amplamente difundida nos Estados Unidos e países europeus, se dedica ao diagnóstico de alterações do sistema músculoesquelético que causam dores nas costas, no pescoço etc. O tratamento é feito com manobras manuais de manipulação e ajustamento vertebral.
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A Universidade de Novo Hamburgo (RS) também deve lançar no próximo ano seu curso superior de Quiropraxia.” Colegas fisioterapeutas, vocês conhecem algum curso parecido? Pois é, eu também. E sabem o que mais me impressiona? Ter ligado para o COFFITO solicitando a sua posição perante essa situação, e a secretária da presidência haver solicitado um fax da reportagem, pois não tinham ciência do caso. Imediatamente enviei o fax e estou aguardando uma posição. Acham que acabou por aí? Na mesma semana tomei conhecimento da existência de um CURSO TÉCNICO DE FISIOTERAPIA , no Colégio Brasil de Ribeirão Preto. Podem assistir os “reclames”, nas emissoras do SBT, na região de Ribeirão Preto, maiores informações: (0xx16) 625-3546. Aí vão algumas características do curso que ainda espera um posicionamento da Delegacia de Ensino: a duração do curso será de um ano e meio, o aluno deve ter 18 anos e segundo grau completo. Custará a bagatela de R$186, 00 mensais ( bem mais barato que a faculdade de sua namorada, não é, Márcio?). E sabem de quem é a culpa deste descontrole? É nossa, mesmo! Estamos vendo as coisas acontecerem e não nos comprometemos, não cumprimos o nosso papel de defender a FISIOTERAPIA. Estamos num período crítico de transição. Depende de nós, o famoso “Boom” da Fisioterapia ser de crescimento absoluto, ou a explosão de uma total falta de controle. Cabe a nós tomar uma atitude, agora! Wander Pimenta Filho Fisioterapeuta
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EFEITO DAS MHB
MANOBRAS DE HIGIEBRÔNQUICA EM PACIENTES ASMÁTICOS (Fisioterapia causa broncoespasmo?)
Entre as várias doenças que acometem o sistema respiratório, restringindo de maneira crônica a função pulmonar, a asma é uma das mais comuns. A asma é uma doença crônica episódica por natureza, e na qual exarcebações agudas se interpõem entre períodos assintomáticos de variável duração (1). Acredita-se que a prevalência de asma esteja em torno de 5% a 8% da população mundial. Pelo menos 40 mil mortes da população mundial, por ano, são atribuídas à asma. A prevalência de asma, desde a década de 1980, vem aumentando gradativamente, fato notado em várias regiões do mundo. Por outro lado, vários trabalhos têm mostrado um excesso de risco de morte por asma estimado entre 20% a 67% dos pacientes com a doença. O aparente paradoxo de aumento de mortalidade por asma, frente aos recentes avanços no conhecimento de fisiopatogenia da doença e da utilização de novas modalidades terapêuticas, é um fenômeno preocupante e, até certo ponto, pouco compreendido. Ainda não é possível afirmar com certeza se a asma é uma doença única ou uma síndrome clínica, ou seja, um conjunto de sinais, sintomas e alterações histológicas e funcionais pulmonares secundários a variadas etiologias. Existe certamente uma predisposição genética, que é muito forte em algumas famílias, provavelmente ligada a uma herança poligênica, ligada a chamada atopia, um conjunto de condições clínicas constituído principalmente por asma, rinite e eczema atópico. Estímulos como inalação de alérgenos, infecções virais de vias aéreas superiores, inalação de poluentes atmosféricos, exercício físico, estresse emocional, exposição a baixas temperaturas, uso beta-bloquadores, uso de aspirina, uso de inibidores de enzima conversora de angiotensina, por mecanismos variados podem desencadear crises de asma (3). Então, tem-se uma reação de defesa das vias aéreas, onde há liberação de fatores químicos levando à um aumento da permeabilidade dos vasos sangüíneos (capilares), espessamento da parede brônquica devido a inflamação, acúmulo de líquido resultando em edema de mucosa, acúmulo de muco no interior das vias aéreas juntamente com diminuição de sua remoção e aumento da atividade da musculatura lisa dos brônquios, resultando numa constrição dos brônquios (broncoespasmo), diminuindo assim o seu lúmen e fazendo com que aumente a sua resistência durante a crise de asma, sendo o substrato morfológico para a tosse, dispnéia e o chiado (sibilo) no peito que o paciente apresentará. Com relação ao broncoespasmo, afirma-se que o indivíduo já tem uma tendência aumentada a broncoconstrição, que é denominada de hiperreatividade brônquica ou das vias aéreas, característica essa, avaliada observando-se a diminuição dos índices espirométricos de obstrução brônquica, o VEF (3). A asma altera as propriedades de resistência ao fluxo aéreo, relações pressão-volume, elasticidade pulmonar, mecânica da parede torácica, distribuição da ventilação e relação ventilação-perfusão (2) O sucesso do tratamento requer reconhecimento precoce de tal insuficiência, assistência ventilatória, reversão do broncoespasmo e eliminação de secreção. Deve-se estabelecer uma assistência na sua globalidade, por uma equipe multidisciplinar desenvolvendo funções como: promoção, prevenção, recuperação e reabilitação do paciente com asma. A Fisioterapia tem muito a oferecer a um paciente que sofre de uma doença pulmonar, procurando, entre outras finalidades, facilitar a depuração mucociliar e, por conseguinte, mobilizar e aumentar o volume de secreção das vias aéreas, promovendo a higiene brônquica, prevenindo e evitando complicações posteriores que possam surgir devido ao acúmulo de secreção e assim melhorando a função pulmonar. Para isso faz uso de alguns métodos, como as Manobras de Higiene Brônquica (MHB) que incluem tapotagem ou percussão, vibrocompressão, tosse assistida ou
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Huffing, que são manobras específicas que se utilizam combinadas com a drenagem postural para mover secreções periféricas até o centro, de onde são expectoradas ou aspiradas com maior facilidade, podendo ser associadas a outras manobras e exercícios (4). A capacidade da Fisioterapia Respiratória para eliminar secreção das vias aéreas está amplamente aceita, alguns autores informam sobre o êxito na eliminação de secreção de vias aéreas central, intermediária e periférica depois das MHB (5). A princípio, os asmáticos tendem a relaxar mais com as técnicas de vibração e com os exercícios respiratórios do que com a percussão, tendo sido observado que a percussão causa broncoespasmo e sibilância nos pacientes com doença pulmonar aguda, e que estaria contra-indicada, podendo haver piora (9), sendo que a percussão só deveria ser realizada nos períodos de intercrises para impedir o acúmulo e eliminar as secreções, e que essas manobras e as posturas de drenagem poderiam ser utilizadas, desde que as vias respiratórias já estejam broncodilatadas. As vibrações torácicas são contra-indicadas caso o paciente apresente broncoespasmo intenso e constante e não seja submetido a um broncodilatador (6),(7),(8),(9). A prescrição da Fisioterapia deve ser indicada para asmático com dispnéia contínua ou hipersecreção, juntamente com o tratamento médico (10). Porém, a literatura a respeito das MHB em pacientes asmáticos é contraditória e escassa, e após levantamento bibliográfico cuidadoso, não foi encontrado trabalho científico a esse respeito. Contudo, foram estudados os efeitos causados pelas MHB em pacientes com asma grave, tanto na forma secretiva como na não-secretiva, com o objetivo de avaliar se as manobras estariam levando ao broncoespasmo e demostrar quais os seus benefícios. Para isso houve uma avaliação e análise da função pulmonar através dos dados de Espirometria ou teste de função pulmonar; avaliação e análise do pico de fluxo e também observação e registro da sintomatologia que os pacientes apresentarem durante o atendimento. MÉTODO Foram submetidos à Fisioterapia 30 pacientes em estágio grave de asma (Grupo I) e 16 indivíduos sadios e sem complicações do trato respiratório a pelo menos 30 dias (Grupo II), provenientes do Ambulatório de Clínica Médica Geral da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo - Hospital das Clínicas - que concordaram com a pesquisa e com o seguimento neste serviço. Os pacientes estavam, necessariamente, fora de crise. Os indivíduos sadios eram profissionais do próprio hospital, servindo para verificar os efeitos em indivíduos sadios porque não havia nenhum trabalho científico realizado até então. Foram utilizados para obtenção dos dados: um espirômetro Koko Spirometer (aparelho para prova de função pulmonar), um Peak Flow Meter (aparelho para medida do pico de fluxo expiratório), um bocal para cada paciente e inalador ultra-sônico DeVilbiss 65 (Devilbiss Corp. Somesert, PA.). Para o Grupo I, estipulado tratamento duas vezes por semana, realizou-se, a cada terapia: 1) provas de função pulmonar (três medidas); 2) três medidas do pico de fluxo expiratório; 3) foram anotados os sintomas apresentados pelos pacientes até o momento; 4) realizaram a Fisioterapia com percussão (tapotagem) e vibrocompressão em ambos os hemitórax associando posição de drenagem, respirações diafragmáticas, para melhor eficácia das MHB e por último huffing (tosse assistida) para expectoração; 5) ao final da terapia, realizaram nova prova de função pulmonar e medida do pico de fluxo (ambos três medidas); 6) anotação dos sintomas apresentados pelos pacientes depois da Fisioterapia, (melhor, igual ou pior), se
apresentou expectoração (e em que quantidade) e se precisou de broncodilatador , que era utilizado no caso de piora. O Grupo II realizou o mesmo procedimento do Grupo I e também respondeu ao questionário subjetivo de sintomatologia, antes e depois da Fisioterapia. De ambos os grupos foi separada a melhor medida, tanto da prova de função quanto do Peak flow (pico de fluxo) de cada terapia. Ao final da pesquisa, os pacientes do Grupo I foram dispensados e encaminhados ao ambulatório do hospital para dar continuidade ao tratamento da doença. RESULTADO E DISCUSSÃO Para verificação dos resultados foram colhidos dados em campo, demostrando os dados de cada paciente e de cada indivíduo do grupo controle: pico de fluxo do Peak Flow Meter (Peak) e prova de função pulmonar (PEFR, FEV1, FEF25-75%); antes e depois da Fisioterapia. Foram observadas pequenas variações entre os valores pré e pós- Fisioterapia nos dois grupos. No intuito de verificar se tais variações seriam significantes, foi realizada uma análise estatística desses dados utilizando o teste-T de Student for paried samples, onde compara-se os dados de cada grupo, fornecendo a média, o desvio padrão e a significância (p) de cada par de dados comparado. A significância considerada para este teste é 0,05 - valores acima não são considerados significantes. Os resultados da análise estatística estão apresentados nas tabelas abaixo; Tabela 1 para o Grupo I e Tabela 2 para o Grupo II. PEAK-PRÉ PEAK-PÓS PEFR-PRÉ PEFR-PÓS VEF1-PRÉ VEF1-PÓS FEF25-75%-PRÉ FEF25-75%-PÓS MÉDIA 4,31 4,25 3,71 3,81 1,63 1,66 1,12 1,05 DESVIO 1,53 1,50 1,32 1,48 0,67 0,64 0,80 0,82 PADRÃO P 0,63 0,46 0,42 0,60 A Tabela 1 mostra a média de cada dado dos pacientes antes e depois da fisioterapia, bem como, o desvio padrão e a significância (p) de cada par de dados comparado, demostrando que para todos os pares de dados do grupo dos pacientes, as alterações de todos os valores de pré para os valores de pós não foram significantes, uma vez que, os resultados de p foram superiores à 0,05. MÉDIA DESVIO PADRÃO
PEAK-PRÉ 8,10 1,56
PEAK-PÓS 8,30 1,49
P
0,11
PEFR-PRÉ 6,63 1,96
PEFR-PÓS 7,54 2,00
0,004
VEF1-PRÉ 3,62 0,71
VEF1-PÓS 3,71 0,72
0,02
FEF25-75%-PRÉ 4,22 0,93
FEF25-75%-PÓS 4,20 1,08
0,82
A Tabela 2 mostra a média de cada dado dos indivíduos sadios antes e depois da fisioterapia, bem como, o desvio padrão e o p de cada par de dado comparado, demostrando que dois pares tiveram alteração significante. O resultado de p do PEFR Pré e Pós e do VEF1 Pré e Pós tiveram valores inferiores à 0,05 comprovando assim que a alteração pós fisioterapia foi considerada estatísticamente significante. Os pacientes não necessitaram de administração de broncodilatadores (nem antes e nem depois do atendimento), havendo aumento do volume de secreção expectorada (mesmo para aqueles que a princípio não eram secretivos, ou aqueles que tinham dificuldade para (ATENÇÃO: FALTA TEXTO OU PALAVRAS) Nos casos em que notou-se queda nos valores pós-fisioterapia, os mesmos, além de não serem estatíticamente significantes, não refletiram no quadro clínico dos pacientes, tendo em vista que esses pacientes também não tiveram necessidade do uso de broncodilatador após a fisioterapia e mantiveram-se sem queixas, relatando as mesmas melhoras. No grupo controle notou-se melhora de todos os valores, sendo que, no pico de fluxo peak flow meter e FEF 25-75% não foi estatisticamente significante e no pico de fluxo da prova de função pulmonar (PEFR) e VEF1 foi estatisticamente significante; entretanto, verificou-se que em indivíduos sadios a Fisioterapia leva à uma melhor resposta ventilatória devido à uma melhor utilização da musculatura respiratória secundária ao relaxamento muscular através das manobras fisioterapêuticas. CONCLUSÃO As manobras de higiene brônquica como recurso terapêutico a ser incluído nessa abordagem é o objeto de pesquisa deste trabalho. Secreções abundantes, excessivamente viscosas ou espessas, podem vedar os brônquios e aumentar a obstrução das vias aéreas. Se o paciente tem dificuldade em eliminar este material e sendo a hipersecreção uma características fisiopatológica da asma, as manobras como percussão, vibrocompressão, tosse assistida são úteis para manter a higiene brônquica e, de acordo com o estudo realizado e com os resultados obtidos, foi observado que essas manobras além de não desencadearem o broncoespasmo, e consequentemente uma crise de asma, serviram para evitá-lo, pois o acúmulo de secreção é um fator agravante e pode propiciar uma crise. Os pacientes, na sua totalidade, referiam melhoras quanto à freqüência e intensidade das crises. Houve diminuição: do número de crises (aumentando o tempo de intercrise), da falta de ar e intolerância aos esforços, do “chiado”, da quantidade de secreção acumulada (aumentando o volume de expectoração) e do uso de broncodilatador diário (aerossol), traduzindo assim, uma melhor disposição para as atividades de vida diária. A explicação para tal repercussão clínica poderia ser a higiene brônquica e o relaxamento promovidos pelas manobras. Contudo, em situações que se faz necessário a higiene brônquica para o tratamento e recuperação dos pacientes, a Fisioterapia pode dispor desses recursos sem prejudicar o quadro REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA 1. AMERICAN THORACIC SOCIETY, Pulmonary reabilitation. Amer. rev. resp. dis., n.124 p.663-65. 1981. 2. FISHMAN, P. A. Diagnóstico das doenças pulmonares. São Paulo: Manole, 1992 3v 3. SOCIEDADE PAULISTA DE PNEUMOLOGIA E TISIOLOGIA. Pneumologia atualização e reciclagem. São Paulo/ Belo Horizonte/ Rio de Janeiro: Atheneu, 1998 2v. 4. DOWNIE, P. A. & CASH, J. E. Cash: fisioterapia nas enfermidades cardíacas, torácicas e vasculares. São Paulo: Panamericana, 1987. 5. BATEMAN, J R M, et. al. Regional lung clearance of excessive bronchial secretions during chest physiotherapy in patients with stable chronic airways obstruction, Lancet, 1v p. 294-297, 1979. 6. CAMPBELL, A H, et. al. The effect of chest physiotherapy upon the FEV1 in chronic bronchitis. Medical journal of Australia, n.1 p. 33-35, 1975. 7. GABARRA, A F J Abordagem fisioterápica ambulatorial na asma infantil. In: Kudo, A M Fisioterapia, fonoaudiologia e terapia ocupacional em pediatria. Sarvier, 1990. 8. GUIMARÃES, M L Fisioterapia na asma brônquica. Pediatria. São Paulo, 5 (1), p.33-7, 1983. 9. JARDIM, J R B Ação dos músculos respiratórios. J. pneumologia. v.8 p.118- 24, 1982. 10. VADEVENNE, A Respiratory re-training in asthma. Theoretical basis and results. Rev. Mal. Respr, Starsbourg, n12 3v, p.241-56, 1995.
Autor: Priscila Games Robles FT Co-autor: Viviane Barnabé FT mestranda em Fisioterapia Respiratória - Serviço de Fisioterapia da Enfermaria de Clínica Médica e Ambulatório de Clínica Médica do Hospital das Clínicas FMUSP e Supervisora de estágio de Fisioterapia da Universidade Cidade de São Paulo- UNICID
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O Tratamento Fisioterápico de Pacientes com “Tumores Cerebrais” O Tratamento fisioterápico é de tamanha importância para pacientes portadores de tumores cerebrais. Cada vez mais os fisioterapeutas buscam o aperfeiçoamento e a atualização para um desenvolvimento científico na área de neurologia aplicada à Fisioterapia. Diante de um paciente com tumor cerebral, temos que destacar que trata-se de neoplasia que ocorre dentro da caixa craniana, atingindo células constituintes da substância encefálica-neuroglia, neurônios, células vasos sangüíneos e tecido conjuntivo; a maior causa de morte são as metástases e a maior freqüência é na população masculina. Várias são as classificações dos tumores, como: astrocitoma, meduloblastoma, ependimoma, meningioma, neurilemonas etc.. Os distúrbios presentes podem resultar em aumento da pressão intracraniana, dor de cabeça, vômito, torpor, letargia, irritabilidade, convulsão, papiledema, além de outros, como distúrbios da fala, visão, motricidade etc.. O tratamento para um paciente com tumor cerebral baseiase em cirurgia (descompressão/ remoção/lobectomia), radioterapia,
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quimioterapia e um trabalho de reabilitação fisioterápica. 1. Bases da reabilitação fisioterápica: O paciente precisa ser participante no plano terapêutico e o fisioterapeuta deverá considerar o prognóstico, o grande impacto emocional da doença e as conseqüências da imobilização. A reabilitação é preventiva, ela deve retardar o desenvolvimento ou reduzir o impacto de uma incapacidade funcional, sabendo sempre que o quadro clínico modifica-se constantemente. Devemos ter cuidado com dor durante o exercício assistido, pois é o primeiro indicador de uma metástase ou fratura patológica e, um paciente com uma fraqueza considerável, pode ser um sinal de aumento de pressão intracraniana. Pacientes com tumores cerebrais, com repouso prolongado no leito e totalmente dependentes, podem correr o risco de tromboflebite, embolia pulmonar pelas mudanças no volume e viscosidade sangüínea, mas podem ser evitadas com exercício isotônico por aumentar a bomba muscular. O cuidado também deve ser com úlceras de decúbito que geralmen-
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te tendem aparecer em pacientes acamados que não se movimentam; sua probabilidade é alta se não forem prevenidas; o acometimento é nas proeminências ósseas onde a pressão fica aumentada, causando uma vermelhidão. Os exercícios fisioterápicos e o treino de marcha são fundamentais para assegurarem um nível funcional de excitabilidade dentro do sistema nervoso, e talvez previnam a degeneração transneural decorrente dos distúrbios causados pelo tumor. O fisioterapeuta e os problemas psicossociais O fisioterapeuta é um profissional que mantém uma forte relação com todos os pacientes, talvez pelo toque, tempo de tratamento, convívio dia-a-dia, exercícios .... alguém com quem eles podem contar; e essa é a chave para uma reabilitação bem sucedida. Devemos ajudar o paciente a vencer o senso de abandono, manter o conforto e diminuir a dor. É um desafio pessoal e profissional o tratamento para esse paciente. Sabemos dos seus efeitos incapacitantes, o processo que desenvolve a doença e a luta constante entre a vida e a morte. Flávia M. Campos de Abreu Acadêmica do 4º ano (UEMG - Campus de Lavras) REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS - MERRITTI. Tratado de Neurologia. Rio de Janeiro: Editora Guanabara Koogan, 9ª edição. - DOWNIE, Patrícia A. Cash. Neurologia para Fisioterapeutas. São Paulo: Editora Médica Panamericana, 4ª edição, 1987. - SANVITO, Wilson Luiz. Síndromes Neurológicas. São Paulo: Editora Athenas, 2ª edição, 1997.
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Dr. Eurico
Miranda
Carioca, 55 anos, Dr. Eurico Miranda é Fisioterapeuta formado em 1968 pela Escola de Reabilitação do Rio de Janeiro (ABBR), no Jardim Botânico, e nosso entrevistado nesta edição.
Entrevista
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Fisio&terapia – O Sr. Chegou a atuar como fisioterapeuta, trabalhou, teve clínica? Eurico – Fiz os estágios e cheguei a montar uma clínica com alguns companheiros, mas depois passei a minha parte. Fisio&terapia – Os companheiros ainda atuam? Eurico – Eu acho que sim, depois desta época, alguns foram para a medicina, tinha um companheiro meu, antigo, o Antônio Cúri, que deve ser Fisiatra, tem outro que deve ter continuado na Fisioterapia, o Bira, ele era até do Cacique de Ramos, eu não sei quem parou e quem continua. Fisio&terapia – Então no início você chegou a atender pacientes? Eurico – Sim atendi, normalmente o trabalho feito no nosso estágio era com pacientes que tinham Sídrome de Parkinson, hidrocefalia, problemas neurológicos. Fisio&terapia – E hoje em dia o Sr. tem acompanhado a Fisioterapia, através da imprensa? Eurico - Sim, desenvolveu muito daquela época para cá. Inclusive fui um dos precursores da regulamentação profissional, em 1969, na época, trabalhei muito nesse sentido. Eu me formei em 1968, um ano antes da regulamentação. Nesse ano a gente estava tramitando na Câmara e foi regulamentada no ano seguinte. E lá se vão trinta anos. Fisio&terapia – Há quanto tempo o Sr. não se envolve com Fisioterapia? Eurico - Clinicamente faz um bom tempo, mas eu tenho aqui no Vasco fisioterapeutas e todas as modalidades esportivas e acompanho esse trabalho. Fisio&terapia – Por você ser fisioterapeuta, você conhece a importância da profissão em um clube, enquanto os outros dirigentes tiveram que ver através da mídia, fale sobre isso. Eurico - Os resultados, as possibilidades, a propaganda da Fisioterapia, eu já
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conhecia antes. Na minha época havia uma certa reação, por causa da parte médica, havia um grande equívoco. O massagista se confundia com o Fisioterapeuta, o massagista é uma coisa, o Fisioterapeuta é outra completamente diferente, é outro estágio, assim como o médico também é outro estágio, quer dizer, todo esse aparato, a aparelhagem, era usada por profissionais inabilitados, a partir do momento que você tem um Fisioterapeuta, você dispõe de um profissional habilitado técnica e cientificamente, tornando o tratamento mais eficaz e evitando assim, causar malefícios ao paciente, isso está patente, a gente não precisa ficar defendendo, a Fisioterapia hoje já é uma realidade. Fisio&terapia – O Sr. tem acompanhado o trabalho do COFFITO e dos CREFITOS? Eurico – Eu acho que eles têm cometido um grande erro porque não têm me procurado. Fisio&terapia – Fica aqui então um convite a essas pessoas para uma possível representatividade/parceria junto ao Congresso Nacional? Eurico - É claro, estou aberto, e com certeza a gente pode ajudar. É mais fácil para aquele que sabe o que representa, conseguir se mexer. Fisio&terapia – E como eles poderão fazer esse contato? Eurico – Me achar é a coisa mais fácil, vocês não me encontraram? Fisio&terapia – O Sr. tem ciência das dificuldades que envolvem a nossa profissão? Eurico – Eu não conheço os problemas de agora, mas devem ser muito menores do que os da minha época. Fisio&terapia – Quais são suas pretensões políticas para o futuro? O Senado? Eurico – Não, o Senado não! Na verdade eu nem sei se vou me candidatar a Deputado novamente, sou uma pessoa mais ligada ao esporte e ligada ao Vasco. Fisio&terapia – Porque você se afastou da Fisioterapia? Eurico – Na época eu tive uma certa desilusão com a impossibilidade de você querer e não poder fazer. Tanta gente que precisava de ajuda, de apoio, e a gente não poder fazer, esse negócio mexeu um pouco comigo. Ao mesmo
tempo que você via progresso de um lado, não via do outro, você conseguia uma reação de quem praticamente não tinha reação nenhuma, e você despertava, trazia toda uma sensação de algo poderoso que você tinha realizado, ao mesmo tempo você também tinha uma sensação de impotência, quer dizer, um negócio assim muito forte. Eu não soube conviver muito bem com isso, talvez tenha sido isso que me afastou. Depois da Fisioterapia fui para outra atividade, fiz Direito. Fisio&terapia – O Sr. tem acompanhado o trabalho de Fisioterapeutas que tratam de jogadores de futebol como o Nivaldo Baldo, Nilton Petrone entre outros? Eurico – Assim de perto não. Vejo pela TV o trabalho que eles tem desenvolvido. Fisio&terapia – Agora o Romário sendo do Vasco, ele continua fazendo tratamento na clínica FisioBarra do Nilton Petrone, ou ele passa a se tratar na Fisioterapia do próprio Vasco? Eurico – Quando ele necessitar de um tratamento fisioterápico, é que se vai analisar, em todos os sentidos. Fisio&terapia – O Sr. como Fisioterapeuta e vice-presidente do Vasco, poderia implantar aqui o maior departamento de Fisioterapia da América Latina, para atletas de todas as modadidades. Já que o Vasco é essa potência Olímpica, isso não seria uma boa referência? Eurico – Na realidade eu não vejo assim. Fisio&terapia – O Luizinho e o Pedrinho se tratam em clínicas de fora. Isso se dá pelo fato de São Januário não ter uma estrutura de equipamentos fisioterápicos para tratar os seus jogadores aqui dentro do clube? Eurico – Não, a coisa não funciona dessa maneira, o que existe é um acordo até do próprio Departamento Médico com os atletas; no caso do Luizinho, ele está fazendo tratamento em São Paulo, e está com um tratamento previamente combinado. Se o Departamento Médico achar que determinado protocolo requer cuidados específicos e aquela determinada clínica irá proporcionar isso ao nosso atleta, eu não vejo motivo para esse atleta não se tratar em um lugar mais especializado, de repente até com maiores recursos. Fisio&terapia – O senhor contrataria um Fisioterapeuta específico para trabalhar no Vasco, por ele ter fama ou experiência? Eurico – Não vejo necessidade, quer dizer, por que especificamente teria que contratar tal Fisiotereputa para trabalhar no Vasco. Eu acho que o Fisioterapeuta não é jogador de futebol, não é técnico. O Fisioterapeuta é um profissional de uma área que não tem que se confundir com essa história de contratação. Da mesma forma que você não sai contratando o médico, porque o médico é o fulano de tal. O serviço de Fisioterapia do Vasco existe muito antes de se ter essa divulgação que é feita aí pelo Petrone etc. O Petrone ficou numa situação de ser disputado por um clube, por outro. Eu acho que não é por aí, na minha cabeça, a coisa não funciona assim. Agora, isso não quer dizer que amanhã ou depois, eu não tendo um fisioterapeuta, eu não o contrataria, porém, acho pouco provável, diante de sua posição, que ele aceite trabalhar aqui dentro dos padrões salariais que o Vasco oferece. Fisio&terapia – O Sr. vê a possibilidade de se criar convênios com as universidades para a contratação de estagiários, visando dinamizar o serviço, bem como o clube participar diretamente na qualificação profissional? Eurico – O Vasco tem diversos estagiários. Pena que são poucas vagas, mas todas as modalidades tem Fisioterapeutas e estagiários, a natação, o futsal, o basquetebol, enfim, temos uma equipe competente de profissionais da área. Fisio&terapia – Para finalizar, qual a mensagem que o Sr. deixa para nossos leitores? Eurico – Pela camisa que estou recebendo “Fisioterapia com Fisioterapeuta cada macaco no seu galho”, a profissão deve ainda sofrer muitas interferências e vocês devem continuar buscando o espaço que o Fisioterapeuta merece. A Fisioterapia é uma profissão nova, e essa luta tem que continuar! Essa luta é nossa é não pode parar. Fisio&terapia – Muito Obrigado Dr. Eurico Miranda.
por Glauco Dahan
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QUEM FALA
O QUE QUER OUVE O QUE
NÃO
PRECISA
FELIZ ANO NOVO! 2000 chegou, o mundo não acabou, o novo milênio ainda não virou, nem todos aqueles que fizeram o bem foram recompensados, muito menos todos os que fizeram o mal foram punidos. Mas é isso aí, 2000 certamente será um ano bom para a Fisioterapia, estamos na profissão do futuro. Pronto, bastou dizerem isso que começou a correria. Todo mundo agora quer ser fisioterapeuta, já tem gente entrando na Universidade com o apelido ensaiado, uns querem ser “Bifes”, mas, tanto que colam, chegarão, no máximo, a “Mané”; outros se denominam “Azuredo” e, se considerarmos as gazetas que fazem, não passarão de “Azedos”. Ora, ora, nem tudo é apelação, tristeza e maledicência, tem muita gente boa vindo para nossa seara e que sejam bem vindos. Esse pessoal é o pessoal que quer estudar, produzir, trabalhar, aprender e ensinar, são aqueles que honrarão o branco e o orgulho amoroso das avós e mães, dignas representantes da esperança das famílias brasileiras.
Prof. Luís Guilherme Barbosa
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Os cursos vão se multiplicando, o pessoal vai chegando, as preocupações aumentando e as coisas começam a acontecer. Se hoje nos dedicamos ao aluno é porque estamos preocupados com o profissional de amanhã. Eis que surge minha querida amiga Professora Denise Ricieri, da ABENFISIO – Associação Brasileira de Profissionais de Ensino de Fisioterapia, entidade criada no último Congresso Brasileiro em Salvador, da qual tenho a honra de participar como fundador, ao lado de outros colegas. É tudo muito sério, pois nossa profissão é considerada do futuro e se a cobrança do presente é grande, imaginem no futuro! Se estamos na “vitrine profissional”, mais preparados deveremos estar para o bom cumprimento dessa função. E, então, lá vou eu para o acadêmico, novamente, essa “pedra bruta” , em cuja lapidação nos compete auxiliar.
E essa vida de acadêmico é muito da boa mesmo, algumas vezes é muito divertida, noutras muito confusa, sempre muito cansativa, mas aproveita-se muito de tudo. Nós professores e supervisores de estágio temos tido bons retornos dessa galera, apesar de que tem momentos que a “coisa” complica. Nossa orientação é para que o aluno leia sempre muito, leia de tudo, ampliando seus conhecimentos e aprimorando seu modo de escrever, mas tem hora que a “massa desanda” e encontramos nas provas a dupla “Ana e Minese”, que juntamente com o exame físico, onde palpar (ou apalpar) significaria “pegar no paciente com um todo”. Há um tempo, em alguma dessas provas, criaram um paciente de sangue muito quente, tão quente que apresenta “Êxtase Venoso”; a mesma criatura nos ofertou a seguinte colocação: - o paciente só sentiu a dor aumentar após o trauma porque o “Sangue Esfriou”. E a coisa vai por aí, são pérolas do tipo: “Ematomba”, seria a queda da ema, após um episódio de aceleração máxima, escorregando numa casquinha de banana?; “Infarto do Minhocárdio”, falamos de alguma minhoca cardíaca?, “Bicabornato de Sal”, mudaram a fórmula química do sal e criaram o “caborno”?; “Istoporose”, seria uma porosidade apontada?; “Bidução”, talvez seja o irmão do bionicão? Como esse assunto não é privilégio meu, aqui vai uma colaboração do meu amigo Prof. Guilherme Alves, que tem muita vivência dentro na Fisioterapia Respiratória, onde Peito de pombo já virou de frango, câmara de ar no estômago foi chamada de “armistrong”, tórax em tonel, tranforma-se em ”tunnel”, ambú, virou “embú”. Mas não é também privilégio dos professores, pois conforme colaborou a Acad. Fanny, da UNIG, já atendeu paciente usando gadernal, que pode ser de um laboratório concorrente ao do que fabrica o “gardenal”, ou mesmo, um certo paciente que apresentava “endema de membros de baixo”. Esse assunto é importante, pois no contato com o paciente todos nós, profissionais e acadêmicos, devemos adequar nosso linguajar, de modo a sermos entendidos, claro e completamente, evitando incidentes de quaisquer natureza. As expressões do “Fisioterapeutês” nem sempre são facilmente compreendidas pelos pacientes e, em muitos casos, por cole-
gas de outras especialidades da área da saúde. É preciso estar atento ao que dizer, como dizer, para quem dizer e quando dizer, sem que isso signifique ocultar qualquer tipo de informação, o que fere a ética profissional. Mas vejamos um exemplo que trouxe-nos um ex-aluno, que ficou perplexo ao presenciar o desmaio de uma senhora após receber a notícia de que sua pressão arterial estava estabilizada. Ora, simplesmente, o que aconteceu foi que após ser tratada de uma elevação da pressão arterial, sentou-se ao seu lado o nosso querido ex-aluno, na época acadêmico, dizendo-lhe que iria aferir sua pressão (ela não entendeu porque ele não quis tirar a pressão) e recebeu a notícia de que sua pressão estava ótima: - Ok, Dna. Fulana, sua pressão está de garota, 130 X 80 mmHg! Ora, a pressão, normal, que ela conhecia, que sempre lhe haviam dito era 12 por 8, sem tal de milímetro de mercúrio. A paciente do nosso amigo, num esforço Hercúleo, ainda teve forças para perguntar: - doutor, o senhor tem certeza de que minha pressão está em 130?!. Desmaiou logo após a confirmação do nosso amigo em questão. Foi um tremendo “corre-corre”, mas refeito o susto, restabelecido o estado normal e desfeita a confusão, fica a lição para todos nós! A comunicação é fundamental, pois imaginem um paciente entender, sem orientação, que para realizar abdução de escápulo-umeral basta “abrir o braço”. É preciso adequar a linguagem, o que não significa ter que passar os conceitos, mas não esquecer de esclarecê-los sempre que possa haver dúvidas. Por outro lado, não vamos sair por aí chamando imagem radiológica de “chapa”, nem claudicante de “manco” nas conversas com nossos pares da área de saúde. Falar e escrever corretamente é exigência para qualquer profissional de nível superior. Nosso valeu dessa edição vai para: A Profa. Denise e todos os colegas da ABENFISIO; Prof. Guilherme Alves (UGF); Raquel (UVA), pela mensagem; Felipe e Rafael (UVA), pela garra, Dr. André Nasser, persista, que ajudaremos a relaxar; Dra. Holanda, seu poema é lindo; Ao Prof. José Tadeu, todos os professores e todos os alunos da primeira turma de Fisioterapia da UNIG, que formou no dia 14 de Janeiro de 2000.
Continuem mandando seus recados, críticas, comentários e sugestões. Falem conosco, dêem sugestões, mas lembrem-se: mantenham o bom humor ! Poderei ser localizado da seguinte maneira: 1) revista@inx.com.br 2) guiolm@lab.uva.br 3) Prof. Luís Guilherme Barbosa. C. P. No. 15 557, CEP: 20 132-970, Centro - Rio de Janeiro, RJ. 4) Pager 528 05 28 Cód. 112 95 73; 5) Pessoalmente na FISIOLIFE e/ou na UNIG e UVA. “Quando o ritmo de mudança lá fora supera o ritmo de mudança dentro de nós, o fim está à vista” Jack Welch PROF. LUÍS GUILHERME BARBOSA
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Cliente: I
magine a cena: como é comum em qualquer hospital escola , um preceptor está em uma enfermaria , passando visita com seus alunos aos pacientes daquela unidade. O professor e seus alunos entram no quarto e deparam com uma senhora deitada e completamente coberta com lençóis e cobertor. Como de costume, o chefe da visita não cumprimenta a paciente e, seguindo o exemplo, os alunos também não. A visita começa com o preceptor perguntando: - De quem é o paciente? – como se a senhora fosse propriedade de alguém!... O aluno, “ dono da paciente” , munido de um imenso prontuário, exames laboratoriais, RX, tomografias e tudo o mais que a tecnologia médica moderna possa dar, identificase para apresentar o caso a todos. Começa então o martírio para o estudante e o show para o professor, que espera o aluno descarregar o que já estava escrito no prontuário: nome , idade, diagnóstico etc. Quando o aluno termina, é a vez da bateria de perguntas do preceptor. Porém, as perguntas são centralizadas em interpretações dos exames e rodapé de livros sobre a patologia em questão. Os exames passam de mão em mão , como se a pobre mulher não estivesse no quarto. Após a sabatina, o aluno acaba se saindo bem,
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mas o professor sempre deixa a todos humilhados com o seu vasto conhecimento dos periódicos que versam sobre o assunto. A visita acaba, as doses dos medicamentos são mudadas , segundo os resultados dos últimos exames, e é lógico, pela sugestão do professor. Todos saem do quarto, deixando a senhora lá, coberta da cabeça aos pés, sem ao menos olhar o seu rosto e muito menos sem uma despedida. Quando o grupo passa pelo posto de enfermagem, a enfermeira pergunta se eles passaram no leito 41. O preceptor, com ar de superioridade sobre a suposta subalterna, diz que acabam de sair daquele quarto. A enfermeira então pergunta: - Quem de vocês fará o atestado de óbito da paciente? Ela faleceu nesta noite. Esta história pode ser chocante e mostra a questão principal que quero abordar . No entanto poderia ter amenizado com exemplos mais brandos , que qualquer um poderia dizer: eu já passei por isso. Por exemplo : O indivíduo vai ao consultório de um profissional da área de saúde. Ao ser recebido, o cumprimento é frio e um simples aperto de mão é raro. O profissional questiona o motivo da visita e troca algumas palavras . Se o problema apresentado pelo paciente não foi claro, pode ser que seja examinado rapidamente e até indicados alguns exames. Após não mais do que quinze minutos de consulta, o profissional indica um medicamento ou uma forma terapêutica. Caso essa consulta seja particular, essa atenção dispensada pode melhorar muito; caso seja em um serviço público, pode piorar ainda mais. Os dois exemplos apresentados apontam, principalmente no caso do segundo, situações corriqueiras dentro dos serviços de saúde, atualmente. Venho me deparando com essas cenas há mais de dez anos e nunca me conformei com essas situações e a maneira como as pessoas são tratadas . Sem dúvida, alguma coisa está errada . Na minha vida profissional , sempre atuei exercendo a profissão de Fisioterapeuta no ambiente hospitalar e, paralelamente, sempre estive ligado à formação de fisioterapeutas, como professor e supervisor de estágios na graduação. A formação de fisioterapeutas mais voltados para o ser humano sempre foi a minha maior preocupação e a minha maior paixão . No início, acreditava que a seleção para profissionais da área de saúde não satisfazia as exigências para a escolha de indivíduos verdadeiramente vocacionados para atuar com o ser humano. Porém, após várias leituras, reflexões e principalmente discussões com professores da pós-graduação, vejo que a questão da relação terapeuta-paciente é muito mais abrangente e apresenta muito mais elementos do que imaginamos. Nesse sentido, por que uma boa parte dos fisioterapeutas e outros profissionais da área de saúde tratam seus clientes como se fossem meros objetos ? Para responder a esta pergunta e, num segundo momento, até mesmo sugerir soluções, pretendo debruçar-me em um estudo aprofundado sobre os fatores que levam a este comportamento nefasto, principalmente a influência da formação profissional e o seu verdadeiro papel . Neste artigo, pretendo ater-me principalmente ao Fisioterapeuta, porém não posso deixar de falar do médico e de sua
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formação profissional. A Fisioterapia é uma profissão que nasceu de uma das ramificações da Medicina e a formação do Fisioterapeuta no Brasil foi toda baseada na escola médica. além de ter adquirido toda sua filosofia e visão de homem, de mundo e de ciência. O médico e suas posturas e condutas ainda serve de modelo para professores e alunos de Fisioterapia . Para que possamos entender as várias faces deste problema, pretendo dividir a questão em aspectos filosóficos, políticos, econômicos, sociológicos e científicos, com relação à formação do Fisioterapeuta e seu comportamento perante o cliente. A visão reducionista e mecanicista do pensamento cartesiano-newtoniano ainda é muito forte na ciências biológicas, onde o corpo é comparado com máquina. “Vemos relógios, fontes artificiais, moinhos e outras máquinas semelhantes que, embora meramente feitas pelo homem, têm, não obstante, o poder de se moverem por si mesmas de muitas maneiras diferentes.(...) Não reconheço qualquer diferença entre as máquinas feitas por artífices e os vários corpos que só a natureza é capaz de criar” (Descartes , citado por Capra,1982 , p.57). Veja-se a disciplina Anatomia, ministrada no início de qualquer curso da área de saúde. Nela, os alunos se deparam com ossos, músculos e órgãos, partes de corpos, como peças de uma máquina desmontada, com o intuito de compreender o funcionamento de cada peça. Além disso, seu primeiro contado com o corpo humano vem de cadáveres, corpos ou pedaços de corpos sem vida, onde ele pode manipular e observar sem maiores constrangimentos ou preocupações. Este comportamento descompromissado com o corpo do outro, pode se manter para sempre na sua vida profissional. A doença também acaba se inserindo nesse contexto como um mau funcionamento dos mecanismos biológicos, e os profissionais da área de saúde devem aprender a “consertar” ou “reparar” as avarias, com os recursos que cada profissão dispõe. Os cursos de saúde dedicam a maioria do seu tempo com a doença e pouco com a saúde . Para muitos, “ a saúde é a ausência da doença”. Dessa forma, é ensinado o que é ser doente, porém ninguém explica o que é ser saudável. Hoje, com o advento da saúde preventiva, o assunto tem tomado vulto e muito há que mudar nas escolas médicas e de Fisioterapia. Sem saber exatamente o que é ser saudável e como chegar a esse estado, os profissionais da saúde sempre acabam olhando para apenas uma parte e se dedicando a ela. Fugindo da definição da Organização Mundial da Saúde do que é saúde, prefiro ficar com a definição simples de Patch Adams, que define saúde “como uma vida vibrante e feliz, na qual você utiliza o que possui, com enorme prazer” (Adams, 1998, p.17). A divisão das áreas médicas e da Fisioterapia retrata essa divisão do corpo, para melhor estudá-lo e aprimorar suas intervenções. Esse tipo de abordagem vem dando ótimos resultados há muito tempo. É inegável que as ciências da saúde avançaram muito em 300 anos e resolveram inúmeros problemas que afligem a humanidade, porém, é necessário uma visão mais sistêmica e não apenas reducionista, para que possamos ir além da ausência da doença. A Fisioterapia também mantém este tipo de pensamento e apresenta suas subdivisões acompanhando a tendência da medicina, porém, o Fisioterapeuta acaba entrando em choque, pois, em seu ambiente de trabalho, defronta-se com questões que colocam em dúvida suas concepções. Como disse anteriormente, o avanço da área biomédica, principalmente com relação à tecnologia, é inegável, porém, tais avanços acabaram tornando as práticas de intervenção à saúde muito caras, embora assistamos “a uma profunda crise da assistência médica na Europa e na América do Norte. Muitas razões são apontadas para o descontentamento generalizado com as instituições médicas; inaces-
sibilidade de serviços, ausência de simpatia e solicitude, imperícia ou negligência, mas o tema central de todas as críticas é a impressionante desproporção entre o custo e a eficácia da medicina moderna. Apesar do considerável aumento com os gastos nas últimas três décadas e em meio aos pronunciamentos dos médicos acerca do valor da ciência e da tecnologia, a saúde da população não parece ter apresentado uma melhora significativa” (Capra, 1982,p.126). Observe-se que o autor refere-se a países de primeiro mundo. O alto custo dos serviços na área da saúde aumentou significativamente as desigualdades sociais no nosso país. Além disso, a dependência por exames ou procedimentos terapêuticos sofisticados, que muitas vezes são até desnecessários, contribui para aumentar a distância na relação profissional de saúde e cliente. O fim das visitas domiciliares e do médico de família (estereótipo de um bom serviço) retratam a situação. “Quando a medicina deixou de fazer parte do setor de serviços para desenvolver-se no mundo dos negócios, as visitas domiciliares foram abandonadas por não serem práticas. À medida que a medicina tecnológica começou a dominar a prática da medicina, as visitas domiciliares foram descartadas. O processo usado para levar cuidados aos pacientes foi invertido. Acho que a eliminação das visitas domiciliares foi o maior golpe sofrido pela arte da medicina neste século” (Adams, 1998,p.12). O ato de entrar na casa do paciente, traz um envolvimento com o cliente . A maioria dos colegas com os quais tive contado nos últimos anos, preferem atender seu pacientes nas suas clínicas e só realizam terapias domiciliares cobrando muito. Devemos reconhecer que o contato com o cliente não é bem discutido nas graduações. A população em geral é fascinada pela mística que cerca as profissões de saúde. A nossa sociedade nos conferiu o direito de determinar quem está doente e os procedimentos que devem ser adotados para cada caso. A autoridade dos profissionais de saúde e sua responsabilidade pela mesma, fazem-nos assumir um papel paternal. O cidadão, quando leva seu carro a um mecânico, quer saber todos os detalhes do serviço executado e chega até a conferir as peças substituídas, porém, quando vai ao médico é incapaz de questionar sobre seu caso e acata, sem pestanejar, qualquer forma de tratamento proposto. Isto mostra o dogma que envolve o conhecimento biomédico. Para alguns profissionais tal comportamento serve como um grande aliado, aumenta o poder sobre o outro sem nenhum tipo de constrangimento. Mesmo quando tratam com pessoas mais curiosas, os profissionais da saúde sempre têm uma boa explicação para todos os males, pois a própria população questiona isso. Desta forma, o profissional trocou a ignorância pela mentira (Gordon,1993). O hábito de sempre ter respostas vem da própria vida escolar, exemplo do comportamento dos professores. O professor sempre tem todas as respostas, pois, se as não tiver, vai decepcionar os alunos. Tanto na educação como na área de saúde, estamos mais condicionados a mentir do que mostrar nossas fragilidades perante o conhecimento. Os profissionais da saúde com formação superior, em sua grande maioria, vêm de camadas mais elitizadas da nossa sociedade. Atualmente, apenas 12% dos jovens que estão na faixa etária dos 18 aos 24 anos, são matriculados no ensino superior (PNE,1997). Assim mesmo, para esses 12% o poder público oferece somente 40% das vagas, contra 60% das oferecidas pelas instituições particulares (MEC/INEP/SEEC,1996 ). Os cursos de saúde oferecidos de forma gratuita pelas universidades públicas, são extremamente concorridos e aqueles que não conseguirem ingressar neles, matriculamse em universidades particulares . Para ingressar nos cursos públicos, o candidato deve estar muito bem preparado. Já para cursar uma universidade particular,
Sujeito ou Por Marcus Vinícius Gava
Objeto?
principalmente os cursos de saúde, deve ter bons recursos financeiros, pois esses cursos são caros e na maioria das vezes em período integral. Isto explica uma forte elitização dos profissionais da saúde. Os profissionais da área de saúde em nosso país têm uma grande tarefa como agentes de saúde. O Brasil necessita de sanitaristas, médicos do trabalho, clínicos gerais e profissionais de saúde pública, porém, o sonho da maioria dos profissionais é ter uma clínica em um bairro de classe “A “ ou trabalhar em hospitais de elite. Tenho presenciado a grande surpresa que meus alunos têm ao estagiar em hospitais públicos da periferia. As escolas não têm nenhuma preparação para trabalhar com essa situação. Há uma escassez de profissionais no interior do país e um esgotamento nos grandes centros. Os doentes no terceiro mundo são ”mais doentes” e trabalhar com a doença social afasta os profissionais. Neste imenso emaranhado, situa-se, também, o Fisioterapeuta, uma profissão que, além de seguir o modelo da formação médica tradicional, passa por vários dilemas na sua vida prática. O Fisioterapeuta é o profissional que usa o toque no corpo do outro, da maneira mais incisiva possível. Não se justifica tocá-lo terapêuticamente, sem um mínimo de vínculo . O Fisioterapeuta não trabalha apenas com a doença, mas também com suas seqüelas, fazendo com que o cliente possa utilizar ao máximo o que possui, e nem sempre o que é ensinado pela na escola é suficiente para cumprir a tarefa. Na maioria das vezes, o tratamento fisioterapêutico é extremamente barato, restringindo-se, muitas vezes, ao uso das mãos do próprio terapeuta. Durante a graduação, o graduando é obrigado a submeter-se as terapias que ele mesmo vai ministrar, sentindo
Autor: Marcus Viniciuus Gava Professor da disciplina de Fisioterapia Cárdio-Respiratória e Supervisor de Estágio da UNICID Professor e Coordenador do Curso de Fisioterapia da Universidade Metodista de São Paulo Mestrando em Educação pela UNICID
literalmente na pele o que é ser paciente. Dessa forma, os cursos de Fisioterapia se deparam, por um lado, com a realidade da estrutura do ensino de saúde e, por outro lado, com a prática que pede um maior envolvimento com o ser humano . Qual é então a concepção de paciente que é difundida pelos cursos de Fisioterapia? Para uma profissão que apareceu apenas há algumas décadas, no Brasil, e que hoje passa por uma verdadeira explosão de abertura de cursos, o esclarecimento desta questão torna-se fundamental. É chegada a hora de repensar a Fisioterapia no país, pois, por um lado, temos os estatutos, códigos de ética e, até mesmo, as diretrizes curriculares dos cursos, que pregam uma postura mais humana dos profissionais , porém, no dia a dia o que vemos são muitos Fisioterapeutas tratando seus clientes como simples objetos, imitando o que há de mais retrógrado na medicina. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABBAGNANO, N. Dicionário de Filosofia. . São Paulo: Martins Fontes, 1998. ADAMS, P. O amor é contagioso. Rio de Janeiro: Sextante, 1999. BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Plano Nacional de Educação : Instituto de Estudos e Pesquisas Educacionais. Brasília, 1997. BOTOMÉ, S.P ., REBELATO, J.R. Fisioterapia no Brasil: perspectivas como campo profissional e como área de conhecimento. 2 ed São Paulo: Manole, 1999. CAPRA, F. O Ponto de Mutação: a ciência , a sociedade e a cultura emergente. 20 ed .São Paulo: Cultrix, 1999. GORDON,R. A assustadora história da medicina. 8 ed. Rio de Janeiro: Ediouro, 1997. 223p.
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Queimados Tratamento Fisioterápico nos pacientes queimados graves INTRODUÇÃO A queimadura é uma patologia muito freqüente nos centros hospitalares, que pode ser provocada por agentes químicos, descargas elétricas, chamas (fogo) e líquidos quentes. Os maiores índices de acidentes ocorrem nos domicílios e ambiente de trabalho. O atendimento hospitalar vai depender do grau de queimadura e o estado clínico do paciente. No momento do atendimento devem ser avaliados a extensão da queimadura, local danificado, lesões secundárias (fraturas e sistema neurovascular), as condições hemodinâmicas e o nível de consciência . De acordo com a extensão da lesão tecidual e a profundidade traumática da pele, podem levar desde uma simples ferida que cicatriza alguns dias depois, como também a morte do paciente. Por isso que a atuação da equipe de saúde tem um papel importante no tratamento do paciente queimado, mas o que vai ser mostrado neste trabalho é a atuação da Fisioterapia. GRAU DE QUEIMADURA As queimaduras são classificadas de acordo com a extensão da lesão tecidual (superficial e profunda). Quando ocorrer lesão a nível superficial da pele (epiderme), é classificada com grau I. A do tipo grau II ocorre quando a lesão atinge níveis superficiais e profundos (epiderme e parte da derme) e a do tipo grau III atinge níveis superficiais e profundos (epiderme, derme, tecido celular subcutâneo, músculo e tecido ósseo). O reconhecimento clínico dos graus de queimadura corporal é feito da seguinte forma: Grau I – a região se encontra hiperemiada e com dor, na ausência de bolhas ou flictenas e a cicatrização pode levar de 3 a 5 dias Grau II – a região lesada se encontra com bolhas ou flictenas (extravasamento plasmático) e dor. E a cicatrização pode levar de 15 a 30 dias . Grau III – a região se apresenta esbranquiçada com diminuição da elasticidade tecidual. e sem dor (lesão de terminação nervosa), além da deformidade tecidual; nesse caso, pode ser feito ato cirúrgico (enxertia cutânea). É impossível a cicatrização.
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COMPLICAÇÕES Insuficiência cardíaca, respiratória, renal e hepática, infecção cutânea e pulmonar, neuropatia, derrame articular, calcificação de partes moles, amputação e lesão de vias aéreas por inalação. INDICAÇÃO DE INTERNAÇÃO HOSPITALAR É indicativo de internação hospitalar paciente que apresenta queimaduras que ultrapassam 10 % da superfície corporal total, patologias graves associadas, queimaduras em face, vias aéreas superiores e inferiores, períneo, membros superiores e inferiores, queimaduras por explosão (traumatismo torácico), incêndios em lugares fechados ou acidentes em via pública, queimaduras elétricas ou químicas. TRATAMENTO FISIOTERÁPICO É iniciado através de exame físico do paciente . Ele é baseado na qualidade que se encontra a pele, pois a lesão tecidual pode ser superficial ou profunda e, com isso a limitação ortopédica fica caracterizada. Além das complicações respiratórias provocadas pelas queimaduras das vias aéreas, face e caixa torácica. A situação anatômica, em relação a mobilidade e a funcionabilidade das articulações da face, membros superiores e inferiores, caixa torácica e órgãos genitais têm que ser analisadas, pois paciente com algias intensas induzirá a limitação das amplitudes articulares. As condições hemodinâmicas do paciente têm que ser avaliadas também devido às grandes alterações clínicas. Além dessas preocupações, outra particularidade que não pode ser esquecida é o posicionamento do paciente no leito, pois ele adotará atitudes viciosas antálgicas e, com isso, o risco de seqüelas secundárias (retrações, fibroses cutâneas, problemas respiratórios e as escaras). O posicionamento vai depender dos riscos evolutivos da cicatrização e outras complicações clínicas. As duas forma de posicionamento do paciente são: # Instalação flexora: abdução do ombro, flexão do cotovelo, flexão de coxo-femural e flexão do joelho. # instalação extensora : extensão cervical, abdução de ombro, extensão completa do cotovelo, extensão neutra de punho e dedos, extensão de joelho, dorsiflexão do tornozelo e abdução de coxo-femural. Para auxiliar no posicionamento do paciente no leito e até mesmo após as sessões de Fisioterapia, é indicado o uso de órteses que têm por finalidade manter os ganhos adquiridos pela mobilidade e os estiramentos. OBJETIVO DO TRATAMENTO O objetivo do tratamento fisioterápico é recuperar amplitude, força e massa muscular, evitar as contraturas ou deformidades, reduzir edemas e prevenir complicações circulatórias e respiratórias. CINESIOTERAPIA MOTORA A cinesioterapia motora é realizada de forma passiva (lenta e suave). Ela deve ser feita no sentido inverso à retração e depois no sentido retracionado, sempre de forma progressiva, aumentando com isso a flexibilidade cutânea e inibindo as contraturas musculares. O objetivo da cinesioterapia nesse momento é prevenir as retrações e encurtamentos do sistema osteomioarticular, além de melhorar o aporte sanguíneo que ajuda a diminuir edemas generalizados e auxilia na cicatrização. Nessa fase inicial é impossível realizar outra forma de cinesioterapia (ativo, ativo assistida, resistido e isométrico), devido a alteração do nível de consciência e dos edemas generalizados.
CINESIOTERAPIA RESPIRATÓRIA O uso dela tem por objetivos: desobstrução brônquica (infiltrados e secreções), aumentar a expansão pulmonar e melhorar dentro do possível as funções musculares da respiração (diafragma, intercostais e abdominais) que ficam bem restritas por causa do quadro álgico, infecção pulmonar e as retrações musculares. Pacientes graves, geralmente, são intubados e acoplados ao ventilador mecânico devido as dificuldades respiratórias e aos desequilíbrios hemodinâmicos. Nesses casos, o tratamento fisioterápico vai ter um papel muito importante, pois tudo será feito de acordo com a monitorização (freqüência cardíaca e respiratória, pressão arterial, gasometria arterial e adaptação do ventilador mecânico) e as condições em que se encontra o paciente. O trabalho fisioterápico na desobstrução brônquica tem por finalidade a eliminação de secreção, tampões mucosos e rolhas que restringem as trocas gasosas pulmonares, podendo elevar a insuficiência respiratória. Para evitar complicações pulmonares, pode ser usada a terapia expiratória manual passiva, e, quando possível, vibrocompressão torácica, percussão torácica, drenagem postural, toillet brônquica (aspiração oro e nasotraqueal) e nebulização para facilitar a eliminação da secreção. O trabalho de reexpansão pulmonar é de grande valia, pois proporcionará maior elasticidade às áreas comprometidas e maior mobilidade à caixa torácica, tornando as trocas gasosas mais fáceis e ajuda no deslocamento de secreções pulmonares . Esse trabalho pode ser realizado através de exercícios propioceptivos e estimulativos do diafragma e intercostais, além de atuar na reeducação funcional desses e de outros músculos inspiratórios e expiratórios .
CONCLUSÃO A Fisioterapia tem grande importância nesse tipo de tratamento, pois a sua atuação precoce impedirá as múltiplas complicações que são características dos pacientes queimados. O envolvimento do fisioterapeuta com o paciente se inicia desde a sua internação hospitalar até a sua saída do centro de tratamento, e boa parte desse contato terá como objetivo principal evitar a permanência prolongada do mesmo no CTQ. Para que isso aconteça é importante fazer avaliações constantes e detalhadas, e intensificar cada vez mais o tratamento traçado de acordo com as necessidade do paciente. Autor: Dr. Aristóteles Teixeira Filho Fisioterapeuta - Pós- graduado em Fisioterapia Traumato-Ortopédica - UCB BIBLIOGRAFIA · AZEREDO, C.A.C.; Fisioterapia Respiratória Moderna, Rio de Janeiro, Ed. Revinter– 1994 · THOMSON, A.; Fisioterapia de Tidy, Rio de Janeiro, Ed. Santos1994 · GOMES,D. R.; Tratamento de Queimaduras, Rio de Janeiro, Ed. Revinter- 1997 · ROTHSTEIN, J. M.; Manual de Especialista em Reabilitação, São Paulo, Ed. Manole – 1997 · SMITH, P.K.; Clínica Médica do Sintoma ao Diagnóstico, Rio de Janeiro, Ed. Revinter-1993 · McATEE, R.E.; Alongamento Facilitado, São Paulo,Ed. Manole 1998
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Entrevista com
Dra. Elza Lúcia Baracho Lotti de Souza Apresentação: Dra. Lais Cristina Almeida Tenho acompanhado com admiração a trajetória da colega, Fisioterapeuta, Dra. Elza Lúcia Baracho Lotti de Souza. Com muita luta e entusiasmo, ampliou os horizontes da nossa profissão no nível clínico, em consultório particular e no serviço público, coordenando o serviço de Fisioterapia da Maternidade Hilda Brandão, da Santa Casa de Belo Horizonte, onde tem conseguido levar adiante também um brilhante trabalho de pesquisa científica, como professora da FCMMG. Leciona a disciplina Fisioterapia aplicada à Ginecologia e Obstetrícia e é constantemente homenageada por seus alunos. Atualmente, nos brinda com seu livro Fisioterapia aplicada à Obstetrícia e aspectos de Neonatologia, enriquecendo a nossa literatura, e criando o SIM – Saúde Integral da Mulher, com uma equipe multidisciplinar incluindo o Leite Meu (Enfermagem), Fisioterapia em ginecologia e obstetrícia, odontopediatria, psicologia, fonoaudiologia. Nossa homenagem à Elza, Fisioterapeuta que faz a Fisioterapia. Revista: Como começou o seu trabalho com gestantes? Dra. Elza: Em 1985, os cursos de Fisioterapia passaram por uma reforma curricular e a disciplina “Fisioterapia aplicada a Ginecologia e Obstetrícia” foi incluída no currículo obrigatório. Desde então, eu comecei a lecionar esta disciplina na Faculdade de Ciências Médicas – MG. No começo era muito difícil ter trabalhos científicos sobre o assunto. Além disso, por ser um tema novo, tinha pouca credibilidade. Mas eu sempre acreditei na importância da assistência à gestante, e, ao longo desses 18 anos de trabalho, posso dizer que houve muitas conquistas. A carga horária da disciplina, que é de 30 horas em várias escolas. Atualmente conta com 140 horas na FCMMG, incluindo as aulas teóricas e práticas. No congresso internacional de Fisioterapia, no Japão, foi apresentado um trabalho de Fisioterapia no Puerpério imediato. Na FCMMG estão em andamento oito trabalhos de pesquisa nesta área. No mercado de trabalho, é uma área em expansão. Revista: Por que você escolheu trabalhar com Fisioterapia em Ginecologia e Obstetrícia? Dra. Elza: Em primeiro lugar, esta foi uma busca muito pessoal. A impressão que eu tenho é que todo profissional procura uma área em que tem alguma dificuldade, ou seja, seu interesse é despertado a partir de uma vivência pessoal. Eu tive meu primeiro filho aos 24 anos, quando ainda estava na Faculdade. Por vivenciar uma gravidez, o parto, e a própria maternidade,
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pude perceber todas as dificuldades, todas as angústias daquela espera. Experimentei medos, ansiedades. Tive problemas na amamentação, tive fissura mamilar. No nono mês, sofri uma lombalgia terrível. E o pior é que, quando ia ao médico ou me queixava para alguém, me diziam: “Isso é da gravidez. Quando o bebê nascer, esses problemas acabam”. E o que se recomendava era o repouso, a inatividade. Em virtude desses problemas que eu tive, comecei a pensar se tinha de ser assim mesmo. Se tinha que aceitar passivamente que tudo aquilo era normal e que só o nascimento da criança é que resolveria. Será que não poderia ter um profissional que pudesse ajudar nesse processo? Por que não tem alguém que ajude a passar esta fase de forma mais prazerosa? Além disso, eu sempre gostei da área da saúde. Quando fui para a universidade, estava na dúvida entre os cursos de Fisioterapia e Psicologia, porque percebia o ser humano como um todo indissociável. O corpo fala muito do que a pessoa traz emocionalmente. E eu sempre quis trabalhar este corpo de forma global, que tem sido meu objetivo mais presente no momento. Voltando à gravidez, as dores advêm de alterações do sistema músculo-esquelético. Na maior parte dos casos, estas alterações são compensadas e não apresentam sintomas. Mas muitas vezes trazem comprometimentos álgicos. Conscientes do conteúdo teórico e prático da obstetrícia, podemos trabalhar, durante a gravidez, essas alterações orgânicas, além daquele repouso que todos recomendavam. O repouso apresenta dois aspectos que eu acho importante ressaltar: Primeiro, há o ônus da queda da produtividade. A mulher de hoje, que trabalha, não pode ficar nove meses em casa, de repouso, esperando a gravidez “passar”. O segundo aspecto é o da limitação que a inatividade impõe, que é prejudicial, do ponto de vista emocional. A mulher hoje é mais cobrada dentro e fora de casa. Com isso, há mais conflitos, mais problemas a resolver. E a carga física é maior. Quando uma mulher que trabalha fora engravida, ela sabe que vai precisar de ajuda. Hoje, o obstetra encaminha as suas pacientes para a Fisioterapia. Isso porque há maior sensibilidade para saber que não é normal sentir dor. Não temos que conviver com isso. A Fisioterapia é hoje mais um recurso terapêutico nesse quadro de profissionais que zelam pela saúde da mãe e do bebê. Está havendo uma preocupação geral no sentido de uma maior humanização do processo da gravidez. Revista: Como a Fisioterapia pode ajudar ? Dra. Elza: Sabemos que a gravidez traz, entre outras, as seguintes alterações, que, na verdade, são adaptações para conter o feto em desenvolvimento: - O estiramento do músculo reto abdominal; - Diástase do mesmo músculo; - Deslocamento do centro de gravidade para a frente, levando a: Anteversão da pelve; Aumento da lordose lombar, podendo, em alguns casos, chegar à hiperlordose (esta é a alteração responsável pelo maior número de casos de dor, pelo aumento da tensão nos músculos para-
vertebrais); Cifose compensatória da coluna torácica, com protrusão da cabeça; - Frouxidão ligamentar, mediada por ação hormonal; - Acréscimo de volume sanguíneo em aproximadamente dois litros; - Aumento de peso corporal. Estas alterações fisiológicas, quando instaladas em mulheres que têm alterações posturais prévias, podem causar dor. A Fisioterapia contribui para aliviar esta dor. Cabe ao fisioterapeuta estar atento a estas alterações, analisando-as de forma cuidadosa, e estabelecendo um tratamento de acordo com cada caso. Cada ser humano é singular e o tratamento será também. Revista: Após o parto, os sintomas podem continuar? Dra. Elza: Sim, especialmente nas mulheres submetidas a parto transabdominal. Nestes casos, as mulheres podem adquirir atitudes antiálgicas, no sentido de proteger a ferida cirúrgica. Normalmente, a mulher assume uma retroversão da pelve. Como o abdome está flácido, as vísceras forçam a musculatura do períneo, pelo aumento da pressão intrapélvica, levando, no futuro, a um problema que aflige muitas mulheres, a incontinência urinária de esforço, que é uma doença social. No meu consultório, e no serviço público (Santa Casa), recebo várias pacientes com incontinência urinária de esforço. Realizamos a Fisioterapia aplicada à uroginecologia. A Fisioterapia tem um grande papel no tratamento conservador. Por isso, a Fisioterapia pode e deve atuar já no leito da maternidade, de forma preventiva. Na Maternidade Hilda Brandão, este trabalho é feito com muito sucesso. É um dos poucos serviços no Brasil que presta este tipo de atendimento. Tudo isso fecha um ciclo na nossa atuação. Nós atendemos a mulher no pré-parto, no pós-parto e na maturidade. E isso é muito gratificante. Sou verdadeiramente apaixonada pelo meu trabalho, por poder prestar um serviço de qualidade. Revista: Quais os recursos que você utiliza no seu trabalho com mulheres com incontinência urinária de esforço? Dra. Elza: Nós partimos para a reeducação da musculatura, usando eletroestimulação, reforço muscular e reeducação postural através de cadeias musculares. Revista: Como é a relação com outros profissionais? Dra. Elza: É excelente! Existe um respeito mútuo muito grande. O mais importante é a consciência de um trabalho multidisciplinar, de equipe. E numa equipe, todos os membros são importantes. Cada um contribui com o que sabe. Não é possível saber tudo. Todos somos limitados. Se posso contar com um profissional mais preparado para abordar um aspecto que não é minha especialidade, é claro que vou lançar mão disso! O crescimento profissional vem em conseqüência de uma série de questões, a partir da preocupação com o bem-estar da cliente que nos procura. Há uma intensa troca de experiências entre os profissionais, e entre as gestantes e os profissionais. Elas são nossa grande fonte de aprendizagem. Revista: Você já publicou dois livros e está lançando a segunda edição do segundo. Como surgiu o desejo de escrever? Dra. Elza: Da necessidade de bibliografia nesta área. E de literatura brasileira, da realidade brasileira. O país é tropical, quente. Nossa realidade é diferente da alemã (que é uma de nossas fontes de bibliografia). Precisava ter um livro que retratasse a realidade da nossa mulher. Esse livro nasceu também para consagrar a multidisciplinaridade. Todos os profissionais, com seus recursos particulares, podem falar do mesmo assunto de formas diferentes. No meu livro, contei com a colaboração inestimável de pediatras, anestesistas, enfermeiros, outros fisioterapeutas. E nós, fi-
sioterapeutas, contribuímos com os trabalhos de outros profissionais. Por exemplo, o Dr. Mário Dias Correia, obstetra, me convidou para escrever um capítulo do livro dele sobre a abordagem fisioterápica no Pré-natal. Revista: Quem são os profissionais que compõem a equipe? Dra. Elza: O obstetra, o pediatra, o enfermeiro, que tem um papel fundamental na amamentação, por exemplo, o fisioterapeuta, o psicólogo, o médico, o odontopediatra, o fonoaudiólogo, etc. Revista: Como é o seu trabalho atualmente? Dra. Elza: Hoje em dia, eu busco trabalhar de forma global, tanto no diagnóstico quanto no tratamento. Acredito que o vínculo, a transferência estabelecida entre o profissional e a mulher que procura atendimento é fundamental para o sucesso do tratamento. No período gestacional, a relação cliente-terapeuta torna-se mais forte. As angústias, os medos, a insegurança de uma nova situação que está chegando estreita estes laços, gerando maior confiança. Quando existe esta real transferência, torna-se mais fácil o encaminhamento a outro profissional, quando se fizer necessário. Neste clima de confiança, podemos abordar todo o contexto da mulher e do bebê que vai nascer. O recém nascido também faz parte do nosso trabalho. Para ter esta visão global da gestante, tenho procurado formas de tratamento que me permitam isso, como as técnicas manuais, a consciência corporal, a osteopatia, o método Mézières. Tenho vivido a angústia de descobrir técnicas diferentes, a inquietação de buscar coisas que são novas para mim. Deus me livre de falar que eu já busquei tudo. É quase como outra gestação, que é a própria expressão do novo, da mudança, do nascer de novo...
Dra. Elza Lúcia Baracho Lotti de Souza Fisioterapeuta atuante na área de Ginecologia e Obstetrícia; coordenadora do Serviço de Fisioterapia da Maternidade Hilda Brandão da Santa Casa de Misericórdia de Belo Horizonte; Professora Assistente do Departamento de Fisioterapia da Faculdade de Ciências Médicas, da disciplina Fisioterapia aplicada à Ginecologia e Obstetrícia; Especialista na área de Educação em Saúde Pública; Fisioterapeuta da Clínica SIM – Saúde Integral da Mulher.
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