CARTAS A tempos notamos que o atendimento personalizado é o caminho adotado pelas Empresas que mais crescem em seus ramos de atividade. Ao optar pela individualização explorando nosso potencial na venda de produtos ou serviços, deixamos claro para o Cliente que ele é a parte mais importante do nosso negócio. Hoje vemos esse procedimento na exposição de uma maçã no supermercado, embalada e etiquetada uma a uma ou ainda na possibilidade de escolher os acessórios de um carro para que a Montadora o fabrique exclusivamente para você. Um dos exemplos mais marcantes disso, foi a criação do E-mail como endereço virtual único, possibilitando ser identificados em qualquer parte do mundo a qualquer instante. VALORES ANTIGOS – ( coisas dos nossos avós) Plantar uma árvore Escrever um livro Ter um filho VALORES ATUAIS Falar inglês Ter um telefone individual Ter um computador pessoal Estar na WEB Ser especialista em algo – aqui é básico - alem de procurar trabalhar naquilo que se gosta é preciso saber faze-lo bem, pois alem da competição ser cada vez maior, nenhuma boa idéia fica sem concorrência em pouco tempo. Nos últimos 3 anos o número de cursos de graduação em Fisioterapia triplicou, o que significa que com mercado de trabalho não deverá ser diferente. Embora sabe-se que mais de 50% dos acadêmicos não irão se dedicar ao ramo por
diversas razões, os demais irão sobrevier de seu trabalho ainda assim o número será considerável. Creio que estamos passando por um divisor de águas. Hoje existem 2 situações instaladas e ao meu ver apenas uma sobreviverá: 1ª opção – O Empregado do Ortopedista A cerca de 05 anos, as Empresas de medicina de grupo não possuíam limites para as Sessões de Fisioterapia. Recentemente boa parte delas limitou o atendimento em no máximo 20 sessões, depois 10, e agora a UNIMED / Campinas – SP, libera guias de 05 em 05 sessões. Percebemos que algumas dessas Companhias começam a montar seus próprios serviços de Fisioterapia como fizeram com especialidades como Psicologia, Odontologia e outras, contratando profissionais como funcionários pelo piso salarial da categoria. O da Fisioterapia é aproximadamente R$ 900,00 por 6 horas de trabalho. As Empresas de medicina de grupo cobram de seus usuários adiantado e pagam as Clínicas credenciadas com 30 ou 60 dias após o procedimento, através de um sistema de rateio que não raras vezes acaba glosando o recebimento do serviço prestado. Solução para o problema -: Existem no Brasil aproximadamente 45.000 Profissionais de Fisioterapia em atividade. Seria preciso que a categoria se organizasse politicamente e lutasse pelos seus direitos. O Congresso Nacional é totalmente classista. Até os Caminhoneiros ( profissão bastante difícil de se agrupar pois viajam o tempo todo), possuem seus representantes e param o País quando precisam fazer valer seu direito de trabalhador. Não acredito que a Profissão Fisioterapia consiga isso tão cedo. Foi totalmente desfragmentada não existindo mais representatividade nacional. Somente com uma nova liderança que deverá demorar muito ainda. Um outro caminho seria a criação de uma Ordem dos Fisioterapêutas do Brasil por exemplo, que promovesse um exame de aprovação final, para então poder colocar o Profissional no mercado com a qualificação necessária e com isso melhorar a respeitabilidade junto a classe Médica. Isso já foi proposto recentemente em um evento na UFSCAR pelo Professor Gil Lúcio da Unicamp. 2ª O Profissional autônomo Ah ! Agora sim. ! Vejo a Fisioterapia como uma Profissão Autônoma. Nunca vi um Dentista atender 02 Clientes ao mesmo tempo. Ou mesmo um Psicólogo, Terapeuta ocupacional, Fonoaudiólogo, Farmacêutico, Instrutor de auto escola, Advogado. Outras de atendimento coletivo como por exemplo os Professores das academias, derivam para o Personal Trainner. Tudo caminha para a individualização e com a Fisioterapia não será diferente. Como Fazer ! O Cliente é o melhor vendedor que temos. Ele se encontra acima de qualquer suspeita pois foi o usuário do serviço executado. Poucas especialidades da área de saúde podem se respaldar na mídia para divulgação de sua qualidade
CARTAS
de atendimento. Isso não ocorre com a Fisioterapia. Não há a possibilidade de anunciar em “out doors”, TV, ou qualquer outro meio de comunicação de resposta rápida. Alem do mais, o Cliente só procura Fisioterapeuta quando precisa . Não faz por que o preço está bom, ou para adquirir alguma vantagem. O resultado do trabalho ou de qualquer investimento que se faça neste Segmento demora um pouco mais, porem é líquido e certo. Vou contar 02 casos que aconteceram comigo e a Companhia TAM, para que possam Ter uma idéia de como esse tema é importante. Ao completar 16 anos, meu filho Fábio foi conhecer sua “namorada virtual” em Fortaleza e pela primeira vez viajou de avião. Fiquei preocupado com a sua volta alguns dias depois. Teria que fazer 02 conexões e imaginei que poderia se perder. Liguei para TAM, era Domingo, ainda assim eles o localizaram em pleno vôo e retornaram me tranqüilizando. Outro fato foi quando eu voltava de Belo Horizonte em uma Sexta feira, avião lotado, e por haver me comprometido a jantar em casa, recusei o serviço de bordo mas não a cerveja. O comissário ao me atender, parou o carrinho no meio do corredor e vendo minha barriguinha de cervejeiro foi lá no fundo da aeronave e voltou com os amendoins. É mole ! Veja só -: Eu não sou funcionário da TAM, não sou seu relações públicas. Sou apenas o passageiro ! E estou contando esses fatos pois fui encantado pelo seu atendimento individual. Me senti realmente importante. Vou “vender” TAM sempre que puder, como neste momento por exemplo. Minha esposa Cássia foi tão bem atendida por um Dermatologista e por sua Secretária que me fez perder a conta de quantos Clientes de minha família mandou pra ele, inclusive eu. O cara manda cartão de natal e de aniversário para seus Clientes no ano que prestou o atendimento. O custo já está previsto na consulta que deve ser algo como R$ 2,00. Garanto que os convênios nunca farão dessa forma. Eles trabalham apenas com números não com Clientes. Hoje uma Clinica que tem pretensões de crescer e conquistar parte do mercado local, precisa ter em sua recepção: Computador, não somente para cadastramento ou jogar paciên cia, mas sim como gerenciador das rotinas diárias, criação dos protocolos de atendimento, conexões com Bancos e a Web. Som ambiente. TV de preferência com transmissão a cabo Café, água gelada, ar condicionado Revistas de assuntos variados -: pesca, atualidades, moda e até
fofocas de novelas com edição de no máximo 2 semanas. Isso não se consegue do dia pra noite e será preciso investir em seu negócio. Em 1º lugar é preciso acreditar em sua capacidade Profissional e concluir se escolheu a Profissão certa. Se tiver essa segurança, garanto que vale a pena correr algum risco. Existem dezenas de linhas de crédito nos Bancos, muitas delas subsidiadas pelo Governo Federal algumas inclusive com carência de até 1 ano, para que você possa dar o “start” e ter tempo para fazer caixa e saldar o compromisso nos prazos combinados. As garantias pedidas são pequenas algumas simplesmente um aval. Não se esqueça, todo inicio é complicado pois a falta de experiência nos faz cometer muitos erros e alem do mais, não conheço outra maneira de aprender. Não esqueça ! A humildade é qualidade básica e deve existir mesmo depois de se alcançar algum destaque profissional. A 15 anos comecei na cozinha de casa e hoje ao deparar com a escada que preciso subir, fico feliz em ver que consegui atingir o 1º degrau. Vou chegar lá ! Espero ter contribuído para que alguns leitores levantem a cabeça e sintam-se honrados pela profissão que escolheram. Não tive tempo ainda para um Curso superior tenho o privilégio de poder estar próximo dos Profissionais da Fisioterapia deste País ! Antonio Carlos FERNANDES FISIOTERAPIA
Sandra C.Perossi1
“Nosso corpo é o melhor sistema de saúde, basta dar atenção a ele” Christiane Northrup (Lindemann, 1975) relata que a fisioterapia tem como missão cooperar, mediante a prática de movimentos e aplicações de meios terapêuticos físicos, na prevenção, eliminação e melhora de estados patológicos do homem. Caracteriza-se primeiramente como terapia de reabilitação. Na sua organização como área de saúde, atua dentro das especialidades médicas: neurologia, ortopedia, reumatologia, obstetrícia, pneumologia, pediatria, etc. Na fisioterapia mais tradicional, a abordagem e o tratamento fisioterápico são voltados para a eliminação do sintoma, considerando-se apenas o corpo biológico do qual o psiquismo é excluído. O paciente quando procura a fisioterapia com quadros de dor e incapacidade funcional, tem como objetivo suprimir esta dor e melhorar a capacidade funcional. Se esta dor é interpretada pelo fisioterapeuta como algo a ser eliminado, existem muitas técnicas a serem utilizadas: eletroterapia, hidroterapia, massoterapia, cinesiterapia, termoterapia e outras. (Bio, 1999) relata nesta postura “uma série de conseqüências perniciosas: 1) O paciente perde a possibilidade de descobrir os representantes simbólicos da dor e ganhar mais consciência sobre si mesmo; a linguagem da dor fica traduzida
apenas pelos referenciais fisioterápicos, sem possibilitar a manifestação do inconsciente. 2) Eliminar a dor física, sem dar a chance ao paciente de poder aprender o significado dela. 3) A dor é um sinal de alarme, mas pode ser também um mecanismo de defesa e como tal, tanto impede como protege”. Neste contexto percebe-se que ao se tratar apenas o sintoma, sempre haverá a possibilidade do retorno deste ou de um outro em caráter regressivo, pois não houve a condução de uma investigação do sintoma na história pessoal. O alívio para a dor é temporário ou permanente, não decorre de uma especialidade, pois a dor é única para cada um: são únicas suas causas, as emoções associadas a elas, os cuidados pessoais, o tipo de trabalho e as doenças ocupacionais que a acompanham, a antigüidade do problema, os fatores que a agravam e os que a aliviam. Assim, é indispensável investigar o sintoma antes de querer eliminá-lo, sair dos padrões preestabelecidos de normalidade fisiológica para avaliar o equilíbrio psicofísico, valorizar a relação terapêutica e o papel do fisioterapeuta como terapeuta, tentar compreender os opostos complementares corpo-mente. Aqui diferenciamos a Fisioterapia Psicossomática. (Bio 1999) delimita a Fisioterapia Psicossomática “como um conceito sobre o corpo simbólico, uma teoria sobre a organização corporal e a coordenação motora, um método de pesquisa e de tratamento dos distúrbios somatopsíquicos e uma terapia para integrar o corpo como meio e instrumento de saúde e desenvolvimento.” “O uso do termo psicossomática em Fisioterapia surge
portanto da necessidade de evidenciar uma compreensão do CORPO como continente dos conteúdos somáticos e psíquicos, uma atitude terapêutica voltada para a linguagem do sintoma expressa na organização psicomotora e uma prática fisioterápica direcionada para a presença do corposubjetivo no corpo-objetivo. Trata-se de uma abordagem do CORPO como símbolo de equilíbrio e/ou desequilíbrio da unidade psique-soma.” (1) Seria interessante se todos os fisioterapeutas, não perdessem de vista o fato de que o homem é primordialmente mecânico e emocional. E muito de seus problemas orgânicos e psicológicos, manifestam-se no mecânico e sua solução pode ser encaminhada pelo mecânico. Em qualquer circunstância, o fisioterapeuta deve compreender o paciente através de seu tratamento. Não pode limitar-se nunca ao processo patológico em si, o qual significa que, ante um novo caso, há de tender sempre a captar por inteiro a personalidade do paciente, a aceitar suas reações psíquicas e sua atitude frente a própria enfermidade. É necessário enfatizar que o fisioterapeuta psicossomatista deve atender-entendendo o que o paciente não diz e sente. Segundo (MAGAL, 1999) devemos levar em conta que o psicossomatista “é o profissional de saúde que atua , em qualquer área ou especialidade, vendo o homem de forma total e holística, percebendo que os sintomas psíquicos e/ ou somáticos são sempre uma possibilidade de crescimento, tomada de consciência e busca de integração harmoniosa do trinômio psíquico, físico e energético, conferindo ao humano a possibilidade de viver no contexto social, analisando e interagindo, na dupla mão de direção.” Sendo assim, as técnicas e os recursos fisioterápicos vem auxiliar o fisioterapeuta psicossomatista, a tratar o paciente, melhorar o sintoma, reeducar o movimento, restaurar funções perdidas, conscientizar a organização corporal, equilibrar a coordenação motora e a atuar no corpo simbólico, energético, sexual, histórico e social. Dentro deste contexto podemos verificar que a transformação da psiquê pode se dar através da transformação
do corpo e vice-versa. Assim, entende-se os sintomas e patologias psicossomáticas pela via somatopsíquicas. O fisioterapeuta com uma atitude psicossomática pode levar seu paciente a “ouvir” seu corpo de uma forma holística. Mostrar-lhe que o corpo é o lugar para a transformação. Trabalhar com o corpo não é apenas aliviar um espasmo muscular nas costas ou alguma outra limitação, é sim uma experiência vivida com todo o ser. Ver, perceber e sentir para compreender. Compreender o indivíduo para poder harmonizar suas diferentes partes. Para “reafinar” o instrumento motor e deixá-lo em condições de ajustar-se permanentemente às situações conjunturais que deve viver. Enfatiza-se aqui que a conduta do fisioterapeuta com uma atitude psicossomática é despertar o indivíduo, levando-o a assumir a responsabilidade pelo próprio corpo. Referências bibliográficas: 1-BIO, R.E. – Fisioterapia Psicossomática – RJ – Revista da ABMP – Vol 3 – jan/fev/mar/ab/ma/jun/1999-08-09 2-KOTZE, L. – Atitude psicossomática – Entrevista – Campinas – Boletim Informativo da ABMP - CAMP – março/1999 3-LINDERMANN, K. – Tratado de Rehabilitacion – Barcelona – Editorial Labor – 1975 4-LELOUP, J.Y. – O Corpo e seus símbolos – Uma Antropologia essencial – Petrópolis – Vozes - 1998 5-MAGAL, V - Apostila do Curso de Especialização em Psicossomática – IBEHE – SP – 1998 6-PEROSSI, S.C. – “Reeducação Postural e Psicossomática” - Monografia apresentada para conclusão do curso de especialização em psicossomática do IBEHE – SP - 1999 7-RUBY, P. – As faces do Humano – São Paulo – Oficina de Texto – 1998 Fisioterapeuta com Especialização em Medicina Psicossomática Mestranda em Saúde Coletiva pela Faculdade de Ciências Médicas da UNICAMP Professora no Curso de Fisioterapia na UNIARARAS
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A Osteoporose e a remodelação do osso Adilson Dias Salles, MD, PhD1 e Valéria Silva Braz2
Palavras-chave: osteoporose – arquitetura óssea – remodelação óssea
Pretendemos, neste artigo, discutir algumas questões a respeito da dinâmica da arquitetura óssea normal e de suas adaptações no osso porótico para atender à solicitação mecânica. O Laboratório de Biomineralização do Departamento de Anatomia e o Setor de Antropologia Biológica do Museu Nacional têm desenvolvido uma série de pesquisas em relação ao estudo da arquitetura óssea em populações atuais e antigas. A osteoporose é uma condição provocada pela redução da massa óssea e pela deterioração do esqueleto (Lindsay, 1996). De acordo com Glaser & Kaplan (1997), a osteoporose é caracterizada por uma redução na densidade óssea (massa/volume) de osso normalmente mineralizado. Afeta, principalmente, as pessoas idosas, de ambos os sexos e as mulheres após a menopausa. Trata-se de uma questão essencial na área de saúde pública, devido às graves repercussões clínicas e ao impacto sócio-econômico na população de idade mais avançada (WHO, 1994), especialmente pelo aumento da expectativa de vida neste século (Law et al., 1991). No Reino Unido, dezenas de milhares de fraturas de quadril, punho e vértebras podem ocorrer todo ano, particularmente em mulheres mais idosas (Barlow, 1994). De acordo com a National Osteoporosis Society (1993), cerca de 20000 mortes podem ocorrer anualmente em conseqüência direta ou indireta das fraturas de colo de fêmur, além da incapacidade que provoca nos portadores. Segundo Melton (1997), cerca de 746 milhões de dólares foram gastos nos EUA, em 1995, com fraturas vertebrais associadas à osteoporose.
Embora tenham a mesma composição química, o osso cortical e o osso esponjoso apresentam diferentes propriedades físicas, devido a diferenças na arquitetura e na densidade. O osso cortical é mais denso (porosidade = 10%) do que o osso esponjoso (porosidade = 50 a 90%), tendo, portanto, maior elasticidade e limiar de fratura mais baixo (Hall, 1993). O osso cortical representa cerca de 80% do esqueleto, sendo desenvolvido nas diáfises dos ossos longos. É particularmente importante na resistência mecânica às forças de inclinação e torção aplicadas. Estudos têm revelado que um osso oco, com paredes espessas, como nas diáfise, resiste melhor à atuação de forças de inclinação e torção pelo fato de que as grandes deformações mecânicas estão restritas à periferia do osso, enquanto que no centro da estrutura, a intensidade dessas forças é zero (fig. 2). Assim, a diáfise é o modelo arquitetônico mais adequado neste tipo de resistência mecânica. O osso esponjoso representa 20% do esqueleto e está mais desenvolvido nas epífises dos ossos longos e no interior dos demais tipo de osso (fig. 3). Mostra grande resistência às forças de compressão e tração. As trabéculas
A Estratégica Arquitetura Óssea As investigações clínicas e científicas a respeito da osteoporose têm sido concentradas na análise regional da densidade. Contudo, a resistência óssea às forças mecânicas depende, não apenas da densidade do esqueleto, mas também da sua arquitetura (McCalden et al., 1997). Assim um estudo da morfologia do osso cortical e do osso esponjoso é de extrema importância na caracterização das perdas de massa óssea e dos mecanismos que o osso vivo utiliza para manter as suas propriedades físicas (fig. 1).
fig. 2
fig. 3
do osso esponjoso estão alinhadas de acordo com as rotas de transmissão de forças e agem da dissipação dessas forças, impedindo a sua ação concentrada (Nordin & Frankel, 1981; Buckwalter et al. 1995). Stout (1989) afirma que o osso vivo não é uma estrutura inerte e, devido à sua grande plasticidade, sofre um constante processo de remodelação interna que modifica continuamente a sua arquitetura, para responder aos diversos estressores do ambiente, como a atividade física e o estado nutricional. Essa remodelação, no osso porótico, é responsável pela preservação de grande parte da qualidade mecânica do esqueleto.
Alterações Morfológicas da Osteoporose Embora os dois tipos de osso sofram efeitos da osteoporose, a perda no osso esponjoso é mais precoce e intensa, pela alta taxa de remodelação. No
osso cortical, observamos um aumento de porosidade e um adelgaçamento da espessura da parede (fig. 4).
feixes longitudinais e transversais que se entrecruzam, exibindo um padrão ortogonal. Na osteoporose, devido ao reduzido número de constituintes trabeculares, o sistema restante se reorganiza, de tal forma a perder essa ortogonalidade. Assim, evidencia-se fig.6 um padrão difuso na orientação do sistema. Este rearranjo parece garantir, em parte, a qualidade do osso esponjoso nos indivíduos poróticos. Utilizando um processamento matemático conhecido como Transformada Rápida de Fourier (FFT=Fast Fourier Transform), Salles e Braz (1998) observaram em rádios e calcâneos de indivíduos normais e poróticos, que o padrão ortogonal da orientação trabecular normal era substituído por um padrão difuso denominado favo-de-mel (“honey-comb”) nos casos de osteoporose. Os autores admitiram que esta alteração da arquitetura no osso esponjoso se devia ao rearranjo do sistema trabecular e que este estudo pode complementar os dados da densitometria óssea, na determinação do risco de fratura.
fig. 4 o osso esponjoso, a perda óssea se manifesta pelo desaparecimento de grande parte do sistema trabecular e do adelgaçamento das trabéculas restantes. Esta redução de massa óssea torna o sistema mais frágil, reduzindo o limiar de fratura (fig. 5). A densitometria óssea, em última análise, quantifica essa perda de massa óssea em uma determinada área de análise do osso esponjoso, mas não dá qualquer informação sobre a disposição espacial dos componentes trabeculares.
Considerações Finais Assim, graças à plasticidade do osso vivo, ocorre uma remodelação adaptativa na osteoporose que reorienta a morfologia óssea em relação ao estresse mecânico aplicado. Assim, a anatomia do osso vivo não é uma condição estática e resolvida, mas modificada por toda a vida do indivíduo. Neste processo de remodelação, existe a intervenção de diversos fatores, mas, sem dúvida, o efeito piezoelétrico produzido, pela ação das forças, na matriz mineralizada, é essencial para promover as modificações necessárias ao bom desempenho do esqueleto.
Referências Bibliográficas Amtman, E. (1971) Mechanical stress, functional adaptation and the variation structure of the human femur diaphysis. Ergebn. Entwickl.-Gersch, 44(3): 1-89. Apud: Benninghoff, A., Goerttler, K. (1978) Trattato di Anatomia Umana Funzionale. Padova: Piccin Editore).
Barlow, D. (1994) Osteoporosis. London: Advisory Group on Osteoporosis. Department of Health. Apud: Holmes, S. (1994) Osteoporosis: Insight. Nursing Times, 94 (1): 20-23. Bloom, W., Fawcett, D.W. (1977) Tratado de Histologia. Rio de Janeiro: Interamericana Glaser, D.L., Kaplan, F.S. (1997) Spine, 22(245): 125-165. Buckwalter, J.A., Glimcher, M.J., Cooper, R.R., Recker, R. (1995) Bone biology. Part I: structure, blood supply, matrix, amd mineralization. J. Bone Joint Surg., 77-A(8): 1256- 289. Hall, S.J. Biomecânica Básica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1993. Law, M., Wald, N., Meade, T. (1991) Strategies for prevention of osteoporosis and hipfracture. Brit. Med. J., 303: 453-459. Lindsay, R. (1996) The menopause and osteoporosis. Obstetric and Gynaecology, 87 (2): 165-169. Martz, C.D. (1964) Studies on stress and strain in treatment of fractures. J. Bone Joint Surg., 46-A: 409-415. McCalden, R.W., McGeogh, J.A., Court-Brown, C.M. (1997) Age-related changes in the compressive strenght of cancellous bone: the relative importance of changes in density and trabecular architecture. J. Bone Joint Surg., 79-A:421-427. Melton, L.J. (1997) Epidemiology of spinal osteoporosis. Spine, 22(245): 25-115. National Osteoporosis Society (1993) Osteoporosis: a guide to its causation, treatment, and prevention. Bath: NOS. Nordin, M. , Frankel, V.H. (1981) Biomechanics of whole bones and bone tissue. In:
fig.5
Frankel, V.H., Nordin, M. Basic Biomechanics of the Skeletal System. Philadelphia: Lea & Febiger. Rosse, C., Clawson, D.K. (1970) Introduction to the musculoskeletal system. New York:Harper & Row, Publishers Inc. Salles, A.D., Braz, V.S. (1998) Osteoporose: um novo olhar - processamento digital de imagens radiográficas. Radiol. Bras., 31: 369-373.
Plasticidade Óssea e a Remodelação Adaptativa
A plasticidade do esqueleto permite que a morfologia óssea seja modificada em resposta a inúmeros fatores, incluindo as perdas pela osteoporose. No osso cortical, essa perda é, em parte, compensada por um alargamento do canal central do osso longo, devido a um aumento da deposição óssea (osteogênese) na superfície perióstica e reabsorção (osteolise) na superfície endóstica. Como a taxa de reabsorção é maior, o córtex se torna mais delgado. Esse deslocamento radial da diáfise desvia o osso compacto para a periferia, onde ele é mais resistente (fig. 6). Esta modificação morfológica permite que a diáfise dos ossos longa possa assegurar alguma resistência mecânica aos indivíduos poróticos. No osso esponjoso, de maneira geral, o sistema trabecular normal se dispõe em
Stout, S.D. (1989) Histomorphometric analysis of human skeletal remains. In: Scan, M.Y., Kennedy, K.A.R. Reconstruction of life from skeleton. New York: Alan Liss, p.41-52.World Health Organization Study Group (1994). Assessment of fracture risk and its application to screening for postmenopausal osteoporosis (Technical Report Series No. (843). Geneva: WHO. Agradecimentos: À Equipe de Fisioterapia da Associação Fluminense de Reabilitação pela sugestão e o estímulo em escrever esse artigo. Ao Serviço de Radiodiagnóstico e Medicina Nuclear do Hospital Universitário/UFRJ e ao Setor de Antropologia Biológica do Museu Nacional/UFRJ pela cessão de grande parte do material utilizado nas nossas investigações e que permitiram esta revisão do tema.
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1 Professor Adjunto. Laboratório de Biomineralização do Departamento de Anatomia/UFRJ. Aluna de Mestrado do Programa de Ciências Morfológicas/UFRJ
FISIOTERAPIA PREVENTIVA APLICADA A ESTIMULAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO NORMAL EM CRIANÇAS INSTITUCIONALIZA1 - Introdução “O desenvolvimento motor era até há pouco considerado como um fenômeno relacionado com a maturação e alheio às influencias ambientais (HOPKIN,1988). Contudo, as pesquisas comparativas do desenvolvimento em meios culturais diferentes revelam a importância das influencias do ambiente e da prática sobre o desenvolvimento da motricidade (BRIL,1986). Ficou demonstrado que o modo de criar o lactente desde o nascimento influi sobre a velocidade do seu desenvolvimento motor, especialmente durante os primeiros 12 ou 18 meses de vida. Trata-se de uma informação importante para o fisioterapeuta, não apenas no sentido de aumentar os nossos conhecimentos sobre as diferentes culturas; estes últimos são importantes para o fisioterapeuta que lida com lactentes provenientes de meios culturais diferentes do seu.”(ZURMITZ, 1983) A criança está aninhada num ambiente social. Sua emotividade compõe-se de sensibilidade sentimento e autoconfiança. A motricidade abrange todas as funções motoras: movimentos, gestos, mímica, fala. “Descobriu-se que, para a criança se desenvolver bem, ela deve ser tocada, levada no colo, acariciada e aninhada nos braços; deve-se falar com ela carinhosamente. Os efeitos negativos da privação materna, são provavelmente resultantes de privações perceptivas nos sistemas tátil, visual e provavelmente o vestibular” (MONTAGU, 1988). Há uma escassez de realização deste tipo de trabalho nas crianças aparentemente normais, porém, é indispensável nestas crianças a estimulação para o seu desenvolvimento normal. Estas crianças podem apresentar problemas neurológicos até então não notados, sendo que é necessário uma avaliação para certificar que está descartada esta possibilidade. No caso de serem realmente crianças normais são afetadas psicologicamente e que não tem uma boa estrutura familiar para auxiliar no seu desenvolvimento, sendo então de fundamental importância esta intervenção precoce. O objetivo deste trabalho foi realizar uma avaliação com crianças residentes em uma instituição de Sorocaba para verificar seu desenvolvimento psicomotor e proporcionar estímulos globais com enfoque na função visual, sensorial e proprioceptiva, através de brincadeiras.
Avaliamos 9 crianças no berçário de 8 meses à 2 anos, sendo que são 6 do sexo masculino e 3 do sexo feminino. As crianças não possuem patologias, apenas resfriados recorrentes. As crianças tomam todas as vacinas necessárias, inclusive, tomaram a vacina contra a gripe recentemente. 3 – Resultados e Discussão As avaliações iniciais mostraram que 77% das crianças apresentava-se dentro dos padrões de desenvolvimento normal, enquanto que em 23% já foram encontrados atrasos que mereciam atenção especial do fisioterapeuta. A partir destes dados, passamos a dedicar maior atenção à estas crianças no programa proposto, pois o atraso parece estar relacionado apenas à carência de estimulação e oportunidades adequadas para a idade. Devido às observações iniciais e diárias de convivência com as crianças, ressalta-se a necessidade de estimulação persistente para que obtenham um bom desenvolvimento, sendo este um campo vasto para a realização de pesquisas científicas. 4 – Referências Bibliográficas -LAMARE, R.; A Vida do Bebê; 40º ed. Rio de Janeiro, Block, 1997. p.310-331. -MONTAGU, A.; Tocar - O Significado Humano da Pele; 6ª ed. São Paulo, Summus, 1998. p. 103-106, 230-236. -SEVERINO, A. J.; Metodologia do Trabalho Científico; 20º ed. São Paulo, Cortez, 1989. -SHEPHERD, R. B.;Fisioterapia em Pediatria, 3ª ed. São Paulo,Manole, 1996. p.35,36. -UMPHRD, D. A.; Fisioterapia Neurológica; 2ª ed. São Paulo, Manole, 1994. -ZUHRT, R.; Desenvolvimento Motor da Criança Deficiente, 1ª ed. São Paulo, Manole, 1983. p. 18-22 Alunos do 4 ano do Curso de Fisioterapia UNIP/Sorocaba Adalgisa de Almeida Aline Galvão Ribeiro Érika Fernenda Soares Zanotto Lisângela Moro Tirabassi
2– Metodologia Para o desenvolvimento do estudo, seguiram-se as etapas: a) Apresentação do Projeto à Instituição; b) Observações individualizadas; c) Aplicação de brincadeiras visando a estimulação do desenvolvimento motor normal; d) Análise dos resultados e conclusão
Luciane Bevilacqua Priscila Maurício de Souza Queila Campos Pontes Orientadoras: - Prof.Beatriz de Oliveira Peixoto Coordenadora do Curso e Profa da Disciplina Preventiva - Prof. Silvana Maria de Almeida Santos Prof. da Disciplina Fisioterapia Preventiva e Metodologia Científica - Prof.Conceição Aparecida de Almeida Santos -Prof. da Disciplina Fisioterapia Preventiva
1. Dr. Helder, o que é o evento? O evento, que acontecerá entre os dias 7 e 10 de novembro, no Centro de Convenções Edson Queiroz, em Fortaleza, está dividido em três momentos: I Congresso Brasileiro de Terapia Manual, o I Congresso Brasileiro On-line e a I Feira Brasileira de Fisioterapia - FEBRAFISIO. 2. Qual o objetivo do congresso? O Congresso tem como objetivo apresentar os novos conceitos existentes nos meios acadêmicos e científicos do que há de mais moderno em termos de técnicas de Terapia Manual utilizadas mundialmente. 3. Que técnicas estarão representadas no Congresso? São as técnicas de terapia manual mais difundidas e praticadas no Brasil, como: RPG (Reeducação Postural Global), Osteopatia, Maitland, Cadeias Musculares, Mulligan, Podoposturologia, Mckenzie, SOHIER, Estabilização Vertebral, CYRIAX, Terapia Manual Sub-Aquática e Osteoetiopatia. 4. Já foram escolhidos os palestrantes? Sim, foram convidados representantes oficiais dessas técnicas no Brasil e no exterior. São pesquisadores, professores de Universidades e atuantes em clínicas, renomados por sua atuação, de diversos países e estados do Brasil, como: Ceará,
Bahia, Minas Gerais, Pará, São Paulo, Rio de Janeiro e Paraná, e do exterior: França, Bélgica, Espanha e Estados Unidos. 5. O Sr. já tem algum nome confirmado? Sim, tenho alguns nomes confirmados como os internacionais: Phillippe E. Souchard – França (Fundador e Autor da Técnica de Reeducação Postural Global – RPG); Marcel Bienfait – França (Ministrante de Formação Contínua em Terapia Manual); François Richard – Espanha (Diretor Internacional da Escola de Osteopatia de Madrid); Gordon Cumming – USA (Representante do Método de Maitland); Dominique Lippens – BÉLGICA (Diretor de Formação da Académie de Thérapie Manuelle Et Sportive – ATMS); Julles Bonne – BÉLGICA (Representante do Método de Crochetagem Mioponeurótica); Michael Dufresne – USA (Representante do Método de Mulligan). E os nacionais: Ângela dos Santos – SP (Co-participante da Formação em Terapia Manual no Brasil); Afonso Shiguemi Salgado – PR (Representante da Organização de Medicina Ortopédica de CYRIAX – OMI); Alberto Silveira Viana – BA (Representante do RPG no Brasil); Hélder Montenegro – CE (Representante da Académie de Thérapie Manuelle Et Sportive – ATMS no Brasil); Isidro Marques – CE (Autor do Método de Terapia Manual SubAquática – TMSA); Mauro Pedroni Júnior – PR (Representante da Formação
em Podoposturologia pela PODIATEC – França); Rúbia Márcia Benatti Fuchs – PR (Representante da ATMS no Brasil); Oldack Borges de Barros – BA (Representante do RPG no Brasil); Palmiro Torrieri – RJ (Representante do Método de Mattland no Brasil); Celso Luís Dias – SP (Membro ativo do Groupe Kinésithérapique de Trvail Sur La Scoliose – GKTS); José Liberato Júnior – MG (Representante do Método Mckenzie); Regina Coeli V. Gomes - Representante do Método KABAT no Brasil; Rogério Augusto Queiroz - Diretor do NEO - Núcleo de Estudos em Osteopatia e Terapias Manuais; Maria Luíza Nogueira – Docente na Universidade da Amazônia e Universidade do Estado do Pará nas disciplinas de Recursos Terapêuticos Manuais e Cinesioterapia. 6. Então, Dr. Hélder, será uma programação muito variada e extensa, será possível ao congressista assistir a todas as palestras? Pensando em realizar um evento onde os participantes pudessem aproveitar ao máximo todas as conferências, dentro dos melhores padrões de conforto e tendo a oportunidade de conhecer cada uma das técnicas de Terapia Manual existentes no mundo é que a organização do evento resolveu montar uma programação onde fosse dado ao participante a chance de estar presentes em todas as conferências, que estarão em forma de palestras seqüenciadas, e não simultâneas, como acontece com a maior parte
dos congressos. Todas acontecerão no mesmo auditório, com capacidade para 2.000 pessoas, tendo o suporte de telões estrategicamente posicionados em diferentes pontos do auditório, para melhor visualização dos participantes. 7. Fale-nos um pouco sobre o Congresso On-line. Este é o grande diferencial do evento. Acompanhando a tendência mundial da interação virtual, as conferências serão transmitidas via satélite para diversas universidades brasileiras, através da empresa F&F Work, que tem atuação nacional e internacional e larga experiência nesta atividade. 8. Como será possível a participação essas universidades? A inserção das universidades no circuito das atividades do Congresso ocorrerá através de duas opções de credenciamento. A Universidade poderá inserirse nas atividades do Congresso através das inscrições de alunos ou obtendo o direito de imagem do evento junto aos promotores do evento. Depois de credenciada em quaisquer das opções escolhidas, a universidade deverá providenciar um auditório com capacidade para cento e cinqüenta pessoas (número mínimo para a cobertura dos custos de transmissão e recepção de imagens) e um computador conectado à Internet. Automaticamente os promotores do evento providenciarão a instalação de uma antena receptora de imagens para que os participantes possam assistir às conferências via satélite e fazer suas perguntas on-line. 9. F a l e m o s d a F e i r a A I FEBRAFISIO, com o Sr. Ernesto Ribeiro, Parceiro Prática na organização da Feira. A I FEBRAFISIO - Feira Brasileira de Fisioterapia, acontecerá Paralelo à programação científica do Congresso constituída por 32 conferências magnas, dando aos participantes do evento a oportunidade de conhecer as novas tecnologias em equipamentos, produtos e serviços disponíveis no mercado.
10. Que diferencial terá na I FEBRAFISIO? Estamos procurando empresas que implementem programas de qualidade em seu ambiente organizacional. Será, portanto, o palco ideal para difundir conceitos de prevenção que auxiliam na melhoria da qualidade de vida dos colaboradores a partir da implementação de estratégias alternativas e motivacionais desenvolvidas por profissionais de fisioterapia – gestores de QVT. 11. Qual o principal objetivo da Feira? A I FEBRAFISIO tem como principal objetivo proporcionar o encontro entre empresas fornecedoras dos equipamentos para o setor, além de fun-
cionar como locus ideal para a troca de idéias, experiências e modelos pioneiros do fazer profissional da fisioterapia. 12. Quantos stands já estão disponíveis para a feira? A I FEBRAFISIO contará com o número de 62 stands, de 9 m2, todos posicionados em locais estratégicos do bloco F, escolhido por ser passagem obrigatória dos participantes para assistir o congresso. 13. Como as empresas poderão participar da feira I FEBRAFISIO? As empresas deverão procurar a Prática Eventos, através dos telefones abaixo relacionados e e-mail. Os expositores não serão qualquer empresa, serão empresas comprometidas coma qualidade, credibilidade e postura ética, além de oferecer excelência em qualidade de serviço aos seus clientes. Estaremos
enviando as propostas a partir do dia 25 de janeiro para as empresas que já dispomos no nosso banco de dados, e esperamos, através deste veículo fortíssimo e estratégico, para o setor que é a Revista Fisio&terapia, ampliar estes contatos. 14. Pra finalizar, fale-nos da empresa organizadora do evento, a Prática Eventos. A Prática Eventos é uma empresa do Grupo Prática Empresarial, que há 11 anos atua no mercado brasileiro nas áreas de consultoria, eventos, seleção e formação de líderes. A Prática Eventos é especializada na promoção e organização de eventos de pequeno, médio e grande porte. É associada à Associação Brasileira de Evento, detém o registro da Empresa Brasileira de Turismo – EMBRATUR e o Selo de qualidade em Serviços do SEBRAE/CE, pelo segundo ano consecutivo. As informações sobre o I Congresso Brasileiro de Terapia Manual, o I Congresso Brasileiro On-line ou a I Feira Brasileira de Fisioterapia – FEBRAFISIO podem ser adquiridas nos telefones (85) 224-0638/261-3531 e fax: (85) 261-2796 ou pelo e-mail: praticaeventos@secrel.com.br
Entrevista por: Dr. Oston de Lacerda Mendes
Parceria, guerra, concorrência, Quando “aperta” o aluno, é chato; Quando dá liberdade, é bobo; pa(ma)ternidade, ou loucura mesmo? Fevereiro chegou e recomeça tudo outra vez. A galera vem, ainda, ressaqueada das Festas de Fim de Ano, recheados de Ultravioleta A, B e C provenientes do excesso de sol da praia ou da piscina. Todos com aquela cor de bronze na pele, que já identificamos algumas especificações mais comuns, tais como dos tipos: “Mamãe sou candidato a um carcinoma basocelular!”, ou então, “Mamãe tô a cara da Vovó, toda enrugada!”. E tome-lhe creme. Tem gente que usa Davene, Monange, Nívea, Cremucho, da Xuxa, da Angélica, da Carla Perez, da Galisteu (mas será que elas usam os próprios produtos? Deixa de ser chato ô meu!); Óleo de avião, de mamona, de cenoura, de beterraba, de Jaborandi e tudo o mais que encontrarem nas revistas especializadas em empurrar essas baboseiras goela abaixo da meninada. Elas ficam cheirosas, mas será que ficam realmente hidratadas? Só o tempo, o inexorável, aquele que vivemos tentando controlar e que por mais estável que seja a gente sempre quer altera-lo em determinados momentos, dirá se valeu tanta “lambuzisse” ou tudo não passou de “gastassão” de dinheiro e charme. Tem gente de carro novo, de telefone novo, de namorado(a) novo(a), de “caso” novo e tudo o mais, porém uma coisa
todos têm em comum: novas disciplinas e, conseqüentemente, professores novos e, então, começa o nosso bate papo. Ora, ora, todo professor já foi aluno, mas a recíproca nem sempre é verdadeira, o que quando acontece facilita bastante o relacionamento, no entanto fica claro que essa relação complica às vezes. Vou reproduzir uma crônica que me foi dada pelos alunos da turma da UNIG, que recebeu o Grau de Fisioterapeuta em 24 de Janeiro último e que diz, mais ou menos, assim: O PROFESSOR ESTÁ SEMPRE ERRADO! Quando fala um minuto após o soar do sinal, é fominha; Quando para de falar um minuto antes do soar do sinal, é desinteressado; Quando fala com voz alta, grita; Quando fala com voz baixa, é implicante; Quando é jovem, é inexperiente; Quando é velho, ta caduco; Quando nunca falta, é Caxias; Quando falta, é porque nada quer; Quando a prova é longa, é cansativa demais; Quando a prova é curta, está querendo derrubar;
Mas quando consegue o equilíbrio, é obrigação.
È coisa muito séria, fala a verdade!? Ser professor não é fácil não, ainda mais nesse País, onde “Dr. Lalau” tem atémordomia e numa Câmara Legislativa de uma dessas cidades por aí, tem gente ganhando R$ 65.000,00. E tem aluno que acha que o professor é empregado dele; tem gente que acha que você ser demitido é vergonha ou vai morrer de fome! Tem gente que pensa que professor é babá de aluno. A coisa é muito mais séria do que se pensa. Mas, porém, contudo, não obstante, entretanto, toda classe tem suas ovelhas negras, suas ovelhas não tão negras, suas ovelhas que se fingem de brancas e suas ovelhas realmente brancas, o que não dá direito a tratarem os professores com o desrespeito que tenho visto e ouvido por aí. Meu Deus! O professor é um formador de opinião, por excelência, quantos já mudaram de especialidade por causa do professor, seja por gostar ou por não gostar do dito cujo. Tem aluno que adquire até os trejeitos do professor e quando dá uma aula ou apresenta um trabalho mostra sua “escola”. Tem aluno que detesta o modo de trabalho e, algumas vezes, a própria pessoa do professor, o que considero um direito até, sem eximi-lo de seus deveres. Eu costumo brincar com meus
alunos, dizendo que eu sou um professor que 100% dos meus alunos gostam muito de mim, o que não é mentira, visto que um grupo gosta “muito-muito” e outro grupo gosta “muitopouco”, mas ninguém fica indiferente. Há que se entender que o professor é um ser humano como toda e qualquer pessoa, logo tem dívidas, desejos, anseios, sogra, cunhada, frustrações, etc. Eu soube de um aluno que fez a seguinte afirmação: “professor não pode ter problemas particulares!” Depois ficamos sabendo quem ele realmente era. É de consenso que esses problemas não devem ser levados para a da sala de aula e nesse ponto, felizmente, tenho ouvido muitos colegas, muitos mesmo, iniciantes, no meio da carreira e no final dela, afirmarem que dar aula é uma terapia. É na sala de aula, concentrados em desenvolver os raciocínios corretos e de forma mais acessível ao aprendizado de todos os alunos, que nos entregamos de corpo e alma àquela atividade. E, exatamente, nesse momento vem aquele(a) aluno(a) conversar, falar de novela, em muitos casos, ou marcar churrascos, ou falar de outras amenidades! É comum, então, o professor que estava concentrado, portanto, atento, parar e perguntar o que está ocorrendo, o que se está conversando, o que não está sendo entendido, certamente julgando não estar atingindo o entendimento de alguém e recebe aquela resposta clássica: “- não, nada não prof é sobre a matéria, deixa pra lá!”. E agora, “dorme com esse barulho!”. A verdade é que tem hora para tudo, para brincar, fazer piada, dar bronca, chamar nos brios, discutir mais detalhadamente, enfim, fazer o trabalho fluir com calma, leveza e prazer, logo só não temos a hora da humilhação e do mau trato. É muito comum também, escutarmos a seguinte “frase-SOS”: “ – professor, passa um trabalho para ajudar na nota!?” E eu respondo: “gente, quem ajuda o aluno é o Pai, a Mãe, a Vó, o Vô, o(a) namorado(a), entre outros, o professor facilita o aprendizado do aluno, favorece suas construções lógicas, concretas e abstratas, cria mecanismos que beneficiem o entendimento amplo do tema, criando discussões, debates e tantos outros elementos mais que facilitem o desenvolvimento do aluno. Não é passando a mão na cabecinha de
aluno, facilitando sua aprovação, que se está ajudando o aluno, mais até, construindo bons profissionais! E aqui surge a interface entre o professor e o educador. Só sabe quem vive, é como diz saudoso Gonzaguinha em uma de suas músicas: “...vai viver pra aprender, vai tratar de viver...”. Mas não pensem que a vida do professor é feita somente de maus alunos, daqueles que fazem fofocas para tirar o professor que “aperta” muito; inventam coisas, até sérias em alguns casos, buscando difamar os professores; falam bem na presença e metem o malho na ausência; lideram os “abaixo asssinados” sempre para tirar esses ou aqueles professores, nunca para melhorar o curso. Esses apenas mostram a verdadeira personalidade que possuem, pois que se fazem com os professores, não farão com os colegas, até porque os professores de hoje serão os colegas de amanhã!? Mas é certo que tem professor chato mesmo, implicante, que “pega no pé” por pouca coisa, tem professor que precisa se reciclar, evoluir, pois a melhoria contínua deve ser meta de todos. É lógico que se fôssemos perfeitos não estaríamos habitando esse planeta, não é verdade? Por outro lado, tem aluno bom, muito bom, daqueles que você leva para trabalhar contigo quando tem oportunidade, indica para outros colegas e, é claro que nunca conseguimos atender a todos, mas sempre procuraremos ajudar. Conheço duplas maravilhosas, que se formaram ainda em sala de aula, professores e alunos que ficaram amigos realmente, outros(as) que até se casaram com alunas(os), parcerias que se fizeram no mestrado, no doutorado, no pós-doutorado e por aí a fora. Penso, que é preciso entender, muito rapidamente, que essa oportunidade, de relacionamento entre professor e aluno, é ímpar no sentido de permitir a condução dos caminhos de uma profissão, é a união dos “construtores da coisa”, é a união de entes que se necessitam mutuamente, pois mesmo o, dito, autodidata precisou aprender em algum lugar. Portanto, vejo uma parceria solene e extremamente gratificante, em alguns momentos, entretanto, uma relação de ódio e aversão em outras, mas se somos humanos não haveríamos de exigir amizade de todos. Contudo, por mais que não se queira bem o respeito é soberano, está
acima de tudo e só terá efetividade se estiver presente nos dois sentidos, naturalmente, pois do contrário vira guerra e na guerra todos perdem tudo, sempre. Nosso Valeu dessa edição vai para a galera do Nordeste, aquela terra linda – sou metade Carioca e metade Potiguar; para o Eng. Francisco D´Elia – vamos fazer as coisas acontecerem; para o Prof. José Fernandes da UCB – Fisioterapia e Educação Física tem de ser parceria total; para a Profª Glória Vianna – sua consideração e seu carinho são especiais; para a Isabel, do ambulatório da Fisioterapia do Hospital São José – a sinceridade caminha ao lado do respeito, nunca ao lado do castigo (obrigado). Continuem mandando seus recados, críticas, comentários. Falem conosco, dêem sugestões, mas lembrem-se: mantenham o bom humor! Poderei ser localizado da seguinte maneira: 1) colunaguilherme@fisioon.com.br guiolm@lab.uva.br luis.barbosa@foa.org.br 2) Pessoalmente na Fisiolife e/ou nas universidades “Se você se contentar com menos do que
Luís Guilherme Barbosa é Fisioterapeuta, mestre em engenharia de produçãoUFRJ, doutorando em engenharia de produção-UFRJ, pesquisador associado ao GENTE/COPPE/UFRJ-Grupo de Ergonomia e novas Tecnologias da COPPE/ UFRJ, Ergonomista da PETROBRAS SA., professor da UNIG e UVA e SócioDiretor da FISIOpreventerLIFE.
O Músico e seu corpo A execução de um instrumento musical exige do músico um esforço físico e mental muito maior do que em geral se imagina. O grau do esforço depende de fatores como o tipo do instrumento, a duração da execução, as dificuldades técnico-musicais da obra executada, as condições psicológicas do executante durante a atividade, a qualidade da postura física, o status muscular do instrumentista e a dificuldade em manter a atenção simultânea às sensações corporais (“canal cinestésico”) e auditivas (o maior interesse do musicista é sempre o melhor resultado sonoro possível). Com grande freqüência, os instrumentistas ficam sujeitos à situações estressantes. A carga horária excessiva de estudo, ensaios e apresentações, as provas, os concursos, a ansiedade de desempenho, os instrumentos de má qualidade, remuneração ruim, luta por espaço num mercado muito competitivo, tensão devido à comparações, regentes e parcerias de relacionamento difícil, são situações muito comuns no dia-a-dia do músico, grandes geradoras de stress e tensão. As características estruturais dos instrumentos e maneira de tocá-los são, sem dúvida, os principais fatores responsáveis pela geração de tensão muscular excessiva no músico. Cada instrumento musical oferece um conjunto peculiar de desafios ao instrumentista. Dentre eles, gostaríamos de destacar dois tipos de instrumentos: os instrumentos de corda friccionada e o baixo elétrico. tensão muscular excessiva, e isto é particularmente importante entre violinistas e violistas. Ao contrário do violoncelo e do contrabaixo, apoiados no chão, o violino e a viola são apoiados sobre o ombro esquerdo do executante obrigando o instrumentista a usar o pescoço e os membros superiores de forma assimétrica e ergonomicamente desfavorável. O baixo elétrico por sua vez, exige a manutenção de uma acentuada flexão do punho direito e uma elevação com protusão do ombro direito; além disso, é um instrumento muito pesado, com cordas grossas que demandam muita força flexora dos dedos. A incidência de problemas físicos decorrentes da atividade instrumental é muito elevada mas não tem sido estudados de forma sistemática no Brasil. Em pesquisa, realizada na Escola de Música da UFMG1 com o apoio do Pró-Reitoria de Pesquisa da UFMG, levantamos dados sobre o estado de saúde e a incidência de problemas músculo-articulares entre instrumentistas de cordas nos principais centros culturais do país, e buscamos conhecer as possíveis causas destes problemas e como foram solucionados pelos músicos. Na primeira fase do estudo, enviamos questionários para cerca de 1500 instrumentistas de cordas ligados a várias instituições em todo o Brasil. No questionário foram avaliados a incidência e as características dos problemas físicos apresentados pelo instrumentista, as soluções já propostas e seus resultados. Na segunda fase, foram realizados exames clínicos/cinesiológicos e ortopédicos em um grupo escolhido de músicos que expressaram, voluntariamente, o desejo de serem examinados. Na terceira foi realizada uma avaliação estatística dos resultados obtidos nas duas primeiras fases. Os resultados da pesquisa foram apresentados no I Simpósio Nacional de Pesquisa em Performance Musical, realizado em maio de 2000 na Universidade Federal de Minas Gerais. Os resultados são alarmantes e demonstram a freqüência e a gravidade do problema. Avaliados cerca de 400 questionários, 91% dos instrumentistas disse já ter tido alguma forma de dor ou desconforto físico aparentemente relacionado à execução instrumental, 45% acredita que esses problemas sejam causados diretamente pela atividade instrumental e 35% tiveram que parar de tocar em algum momento, em decorrência do problema. Foram identificadas quatro grandes causas de dor, tensão e fadiga muscular nos instrumentistas. Em ordem de freqüência são elas: 1.inadequações posturais primárias, ou seja má postura não relacionada necessariamente à execução do instrumento. 2.inadequações posturais secundárias à execução do instrumento, decorrentes de vícios técnicos de execução, inadequação da relação das dimensões dos acessórios (queixeira, espaldeira,
etc.) do instrumento com as dos instrumentistas, e excesso de tensão durante a performance. Essas duas causas são responsáveis por 90% dos problemas observados. 3.vícios técnicos de execução sem grandes repercussões posturais, mas causadores de tensão ou contratura muscular excessiva com sobrecarga articular ou neuromuscular. Observados em pouco mais de 9% dos músicos estudados 4. doenças orgânicas articulares e periarticulares. Observadas em menos de 1% dos músicos estudados. Embora os vícios posturais sejam, a nosso ver, o principal disparador dos problemas de dor, tensão e fadiga que afetam os músicos, nossa experiência tem mostrado que cada instrumentista tem que ser avaliado em sua individualidade e que os problemas não devem ser generalizados. Juntamente com essa pesquisa tem sido realizado um trabalho de fisioterapia especializada2 para músicos, com os objetivos de: ·reabilitar os danos corporais causados pela repetição intensiva de movimentos, pela postura inadequada e pelos problemas de adaptação do instrumento ao corpo; ·melhorar a consciência corporal e postura durante a performance para se atingir um melhor resultado sonoro com menor gasto de energia; ·melhorar a qualidade de vida do músico; ·prevenir lesões corporais. No sentido de tornar mais e eficiente e operacional este trabalho, foi criado o Núcleo de Atenção Integral á Saúde do Músico, serviço pioneiro no país, que com participação de médicos de várias especialidades (clínica médica, ortopedia, pneumologia e otorrinolaringologia), fisioterapeutas, dentistas, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais e psicólogos, e também com a participação de músicos interessados na questão do desenvolvimento técnico e na prevenção de lesões. O Núcleo atuará no atendimento de músicos em geral - instrumentistas, cantores e regentes e sua atuação não se limitará ao tratamento de problemas já instalados, mas também, e principalmente, em sua prevenção. Para isso fará parte regular do trabalho do Núcleo, paralelamente às atividades essencialmente na área da reabilitação global, a promoção de debates, cursos, seminários e outras atividades didáticas com o objetivo de discutir aspectos posturais e técnicos da execução de instrumentos musicais e do uso da voz. Temos observado com prazer que esforços semelhantes vem sendo realizados em vários locais no mundo e está começando a se tornar freqüente uma maior consciência da importância de uma utilização mais ergonômica e consciente do corpo pelos músicos. 1 Pesquisa realizada pelo Profs. Edson Queiroz de Andrade e João Gabriel Marques Fonseca, com a colaboração do cirurgião de mão Dr. Ronaldo Percopi de Andrade.
2 Desenvolvida pela Dra. Carolina Valverde Alves desde 1993. - Carolina Valverde Alves; Fisioterapeuta formada na Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais em 1991, especialista no Método Neuroevolutivo Bobath, e em Terapia Manual. Trabalha com fisioterapia especializada para músicos desde 1993. - Edson Queiroz de Andrade; Doutor em Música, University of Iowa, EUA; Professor de Violino da Escola de Música da UFMG; Diplomado em Odontologia pela UFMG em 1982. - João Gabriel Marques Fonseca; médico, musicista, Mestre em Medicina pela Universidade Federal de Minas Gerais, Professor Adjunto da Faculdade de Medicina e da Escola de Música da UFMG; Diretor Clínico do Centro de Promoção da Saúde (Belo Horizonte); Especialista em Cinesiologia Aplicada à técnica de instrumentos musicais. CONTATOS: - Núcleo de Atenção Integral à Saúde do Músico (ligado ao Centro de Promoção da Saúde), Rua Ceará, 781 - Bairro Funcionários - 30.150-311 - Belo Horizonte - MG Fones: (31) 273-5070/2549; FAX: (31)273-1140 - Consultório de Fisioterapia de Dra. Carolina Valverde Rua Padre Eustáquio, 2224 / 204 - Bairro Padre Eustáquio - 30.720-100 - Belo Horizonte - MG Fone: (31) 411-2117 Email: calu@net.em.com.br joaogabr@metalink.com.br