Edição 27

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www.carci.com.br E-mail:carci@carci.com.br

A

Força Maior em Fisioterapia

Fesmed - Ref: 4050 Eletro Estimulador Funcional (FES/TENS)

Tensmed IV - Ref: 4035 Eletro Estimulador tipo TENS com 4 canais de saída

Tensmed II - Ref: 4040 Eletro Estimulador tipo TENS com 2 canais de saída

EGF - Ref: 4030 Corrente Galvânica e Farádica

Fensmed Jr - Ref: 4055 Eletro Estimulador Funcional Portátil

Tensmed Jr. - Ref: 4045 Eletro Estimulador tipo TENS portátil

ento

Lançam

Lasermed - Ref: 4090 Laser Infra vermelho 905nm ou 850nm com 200W ou 60W

Diatermed - Ref: 4022 Ondas Curtas Contínuas e pulsado com Schliephake

Sonomed - Ref: 4110 Ultra som contínuo e pulsado 1MHz

Carci Indústria e Comércio de Aparelhos Cirúrgicos e Ortopédicos Ltda. Rua Dr. Siqueira Campos, 246 - São Paulo / SP - CEP: 01509-020 Telefax: (11) 3346-2100


Índice. 04 - Agenda de Eventos. 06 - Cartas. 07 - Fisioterapia Preventiva Aplicada a Estimulação do Desenvolvimento Nomal em Crianças Institucionalizadas. 08 - Ler/Dort - Abordagem Psicossomática na Fisioterapia. 10 - Tratamento Fisioterápico ou Fisioterpêutico? 12 - Fibromialgia. Quando Tudo Dói... 14 - Entrevista com Bernard Redondo. 17 - A Intervenção do Fisioterapeuta no Transplante Hepático. 22 - Reflexões Sobre o Ensino de Fisioterapia. 25 - Os Efeitos Positivos da Corrente de Baixa e Média Frequência Associados ao Método Kabat na Paralisia Facial Periférica.

Expediente desta edição. Diretor e Editor Dr. Oston de Lacerda Mendes Diretor Comercial Flávio Branco Gerente de Produção Márcio Amaral Jornalista Responsável Marco Antônio Alves Assessoria em Informática Júlio César Pereira Assessoria Jurídica Dr. Walter Lambert de Brito Assessoria Contábil Antônio Carlos Programação Visual e Web Design Oficina Detrês Web Developer TKA Informática

Assinaturas. A Revista Fisio&terapia é uma publicação bimestral e somente é vendida por assinatura. O valor da assinatura anual é de R$ 50,00 e as assinaturas podem ser feitas pelos telefones (21) 294-9385 / 249-8190 / 249-8191 ou pelo site www.fisioon.com.br. Maiores informações: Revista Fisio&terapia - R. José Linhares, 134 - Leblon - Rio de Janeiro - RJ - Cep: 22430- 220 E-mail - assinante@fisioon.com.br A Revista Fisio&terapia não se responsabiliza por cartas e artigos assinados.


Agenda. DESC DATA CURSO CIDADE UF. TELEFONES JUNHO Em Junho Shiatsu e Acupuntura Rio de Janeiro RJ.(21) 257-3065 15% Em Junho Fisioterapia Estética Corporal Niterói RJ.(21) 719-1201 15% Em Junho Avaliação Fisioterapêutica nos Paciêntes Neurológicos Niterói RJ.(21) 719-1201 15% Em Junho Fisioterapia Respiratória Ambulatórial e no Leito Niterói RJ (21) 719-1201 / 9978-3089 / 9981-7008 15% Em Junho Fraturas, Lesões e Traumatismo dos Membros Superiores Niterói RJ (21) 719-1201 / 9978-3089 / 9981-7008 Em Junho Curso Internacional - Método Maitland São Paulo SP (43) 325-7656 / 0800-43-7008 Em Junho Ressonância Magnética, Anatomia Radiológica e Técs. de Imobilização (gesso) Rio de Janeiro RJ (21) 570-3251 / 3686-7472 Em Junho Shiatsu e Acupuntura Rio de Janeiro RJ (21) 205-1570 / 556-2455 11 a 16 Aprimoramento Profissional em Método Kabat Curitiba PR (41) 225-6670 13 a 17 Watsu I Recife PE (81) 3228-1528 / 9968-1467 13 a 16 IX Congresso Brasileiro do Quadril Fortaleza CE (85) 268-2052 / 268-2202 14 Câncer de Pele Rio de Janeiro RJ (21) 255-7635 14 e 15 Fisioterapia na Doença de Parkinson Belo Horizonte MG (31) 3337-0155 14 a 17 VI Encontro de Atividade Física e Fisioterapia do Estado do Rio Cabo Frio RJ (21) 9957-6403 / 577-6202 16 A Fisioterapia e o Esporte Brasília DF (61) 567-9299 10% 18 e 19 Curso de Radiologia Parte II Fisio Aplicada Rio de Janeiro RJ (21) 577-1826 / 3473-9844 / 9998-2705 10% 18 e 19 Curso de Anatomia Palpatória Rio de Janeiro RJ (21) 577-1826 / 3473-9844 / 9998-2705 10% 18 e 19 Galvanopuntura ( Eletrolifting ) Rio de Janeiro RJ (21) 255-7635 21 a 26 As Cadeias Musculares Belo Horizonte MG (31) 226-4836 / 9958-4479 10% 22 a 24 Diagnóstico por Imagem para Fisioterapia Cuiabá MT (43) 338-4466 22 a 24 Curso de Bandagem Funcional Rio de Janeiro RJ (21) 275-2595 23 a 24 Eletrotermofototerapia Aplicado a Traumatologia e Ortopedia Florianópolis SC (41) 232-2727 10% 23 a 24 Anatomia Palpatória Rio de Janeiro RJ (21) 577-1826 / 3473-9844 / 9998-2705 10% 23 e 24 Curso Avançado de Fisioterapia Respiratória em UTI Rio de Janeiro RJ (21) 577-1826 / 3473-9844 / 9998-2705 24 a 29 Curso de Osteopatia - Especialização 1º módulo (Nova Turma) Rio de Janeiro RJ (21) 451-1043 / 3351-3104 10% 28 a 01 Hidroterapia-Fluir Hidro Londrina PR (43) 338-4466 29 a 01 Curso de Shiatsu para Fisioterapeutas Curitiba PR (41) 225-6670 29 e 30 Curso de Sensações Somáticas e Reeducação Postural Belo Horizonte MG (31) 3285-1133 10% 30 Avançado de Fisioterapia Respiratória em UTI Rio de Janeiro RJ (21) 577-1826 / 3473-9844 / 9998-2705 30 Quiropraxia Rio de Janeiro RJ (21) 418-7119 / 9611-9346 30 a 13 Diagnóstico Precoce do Bebê Pelo Método Evolutivo Neuropsicomotor Samarão Brandão Rio de Janeiro RJ (21) 425-2896 R: 324 20% 30 a 01 I Simposio Paulista de Fisioterapia em Terapia Intensiva São B. do Campo SP (11) 4427-5022 10% 30 a 01 Watsu Rio de Janeiro RJ (21) 575-6338 / 9628-5568 JULHO Em Julho Shiatsu e Acupuntura Rio de Janeiro RJ (21) 257-3065 15% Em Julho A Utilização da Bola como Recurso na Fisioterapia Niterói RJ (21) 719-1201 / 9978-3089 / 9981-7008 15% Em Julho P.R.T. - Positional Release Therapy Strain/Counterstrain Niterói RJ (21) 719-1201 / 9978-3089 / 9981-7008 15% Em Julho Interpretação de Imagem Radiológica Niterói RJ (21) 719-1201 / 9978-3089 / 9981-7008 Em Julho Ressonância Magnética, Anatomia Radiológica e Técs. de Imobilização (gesso) Rio de Janeiro RJ (21) 570-3251 / 3686-7472 Em Julho Método Kabat Nova Friburgo RJ (24) 526-0248 / 526- 8628 / (21) 9803-0255 Em Julho Shiatsu e Acupuntura Rio de Janeiro RJ (21) 205-1570 / 556-2455 Em Julho Pós-Graduação “Lato Sensu” Reabilitação do Membro Superior Belo Horizonte MG (31) 3273-6966 r. 232 / Fax. 3274-3523 Em Julho Neve Carbônica P/ Tratamento do Acne e Manchas Senis Rio de Janeiro RJ (21) 255-7635 10% 01 Curso Avançado de Fisioterapia Respiratória em UTI Rio de Janeiro RJ (21) 577-1826 / 3473-9844 / 9998-2705 02 a 13 RPG - Philippe Souchard São Paulo SP (11) 240-9605 / 240-0675 10% 03, 09 e 10 Tratamento Manual e Cinesioterapia das Enfermidades da Coluna Vertebral Niterói RJ (21) 610-2626 / 610-2859 r. 239 ou 245 07 e 08 Lesões Traumáticas Fundamentais Rio de Janeiro RJ (21) 418-7119 / 9611-9346 07 a 15 Método Kabat Nova Friburgo RJ (24) 9909-9461 / (21) 9803-0255 13 a 15 Curso de Shiatsu para Fisioterapeutas Curitiba PR (41) 225-6670 14 e 15 Tratamento Fisioterápico no Amputado de Membro Inferior e Prótese Rio de Janeiro RJ (21) 418-7119 / 9611-9346 10% 14 e 15 Fraturas dos Membros Inferiores Rio de Janeiro RJ (21) 577-1826 / 3473-9844 / 9998-2705 10% 14 e 15 Anatomia Palpatória Rio de Janeiro RJ (21) 577-1826 / 3473-9844 / 9998-2705 Esp. 14, 15 e 16 Fisioterapia em Estética São Paulo SP (11) 3079-0925 / 3168-2592 15 Curso Completo Método Kobat Nova Friburgo RJ (24) 9909-9461 / 9905-5169 / 9803-2255 20, 21 e 22 Terapia Manual Integrada e Trigger Points Curitiba PR (41) 225-6670 10% 21, 22 e 28 Métodos e Técnicas de Avaliação Fisioterápica Rio de Janeiro RJ (21) 577-1826 / 3473-9844 / 9998-2705 23 Curso de Aprimoramento Profissional pelo Método de Sensações Somáticas Curitiba PR (41) 225-6670 10% 23 a 27 ENNEFISIO Fortaleza CE (85) 239-3872 10% 28 e 29 III Fisiocampos Campos RJ (24) 724-8461 / 9253-0002 28 e 29 Manipulação Terapêutica Avançada - Coluna Lombar, Cintura Pélvica e Região Abdominal Santana SP (11) 6996-2645 / 6952-2035 AGOSTO Em Agosto Ressonância Magnética, Anatomia Radiológica e Técs. de Imobilização (gesso) Rio de Janeiro RJ (21) 570-3251 / 3686-7472 15% Em Agosto Método e Técnicas de Avaliação em Fisioterapia Cardio-Vascular-Respiratória Rio de Janeiro RJ (21) 719-1201 / 9978-3089 / 9981-7008 15% Em Agosto Fisioterapia Pediátrica Niterói RJ (21) 719-1201 / 9978-3089 / 9981-7008 15% Em Agosto Bandagens Funcionais. Reorganização Postural e Eletroterapia nas Lesões Desportivas Niterói RJ (21) 719-1201 / 9978-3089 / 9981-7008 15% Em Agosto Terapia de Consciência Corporal e Reeducação Postural Niterói RJ (21) 719-1201 / 9978-3089 / 9981-7008 Em Agosto Curso Internacional do Método Kabat São Paulo SP (43) 325-7656 / 336-1107 / 0800-43-7008 DESC DATA CURSO CIDADE UF. TELEFONES


10% 10% 10% 10% 10% 20% 15% 15% 15% 15% 15% 10%

Em Agosto Curso Internacional de Hidroterapia: Método “ARS” - Thomas Tierney - EUA Londrina PR (43) 325-7656 / 336-1107 / 0800-43-7008 Em Agosto Shiatsu e Acupuntura Rio de Janeiro RJ (21) 257-3065 Em Agosto Shiatsu e Acupuntura Rio de Janeiro RJ (21) 205-1570 / 556-2455 03 e 04 Curso de Sensações Somáticas e Reeducação Postural Belo Horizonte MG (31) 3285-1133 03 a 05 Diagnóstico por Imagem Para Fisioterapia Londrina PR (43) 338-4466 04 a 11 Curso Completo Método Kobat Nova Friburgo RJ (24) 9909-9461 / 9905-5169 / 9803-2255 04, 11 e 25 Exames Complementares Ambulatorial Niterói RJ (21) 610-2626 R-239 04 e 18 Biomecânica do Membro Superior Niterói RJ (21) 610-2626 R-239 04 a 18 Método Kabat Nova Friburgo RJ (24) 9909-9461 / 9905-5169 / (21) 9803-0255 05 e 19 Biomecânica do Membro Superior Niterói RJ (21) 610-2626 R-239 07 Fisioterapia Respiratória Ambulatorial (teórico - prático) Niterói RJ (21) 610-2626 r. 239 e 245 10, 11 e 12 I Simpósio de Fisioterapia de Esporte da UNICID São Paulo SP No local 14 a 19 Watsu I Londrina PR (43) 338-4466 18 a 02 Atuação Fisioterápica em UTI da Avaliação do Paciente Crítico Niterói RJ (21) 610-2626 R-239 20 a 07 Avaliação e Tratamento de Pacientes Hemiplégicos - Conceito - Bobath Porto Alegre RS (51) 346-4336 / 222-4198 23 a 26 ENEFIG - I Encontro de Estudantes de Fisioterapia de Goiânia Goiânia GO (62) 9968-8272 / 202-2420 25 a 28 Radiologia Aplicada à RPG Curso Livre - Nível Avançado Rio de Janeiro RJ (21) 579-2380 29 a 01 Curso Cervical - Curso Livre de RPG - Nível Avançado Rio de Janeiro RJ (21) 521-3041 29 e 30 Manipulação Terapêutica Avançada - Sacro, Coccix e Membros Inferiores Santana SP (11) 6996-2645 / 6952-2035 SETEMBRO Em Set. Shiatsu e Acupuntura Rio de Janeiro RJ (21) 257-3065 Em Set. Drenagem Linfática Manual Niterói RJ (21) 719-1201 / 9978-3089 / 9981-7008 Em Set. Principais Patologias do Joelho Niterói RJ (21) 719-1201 / 9978-3089 / 9981-7008 Em Set. Hemiplegia no Adulto Niterói RJ (21) 719-1201 / 9978-3089 / 9981-7008 Em Set. Fisiologia Respiratória Niterói RJ (21) 719-1201 / 9978-3089 / 9981-7008 Em Set. Método Kabat Niterói RJ (21) 719-1201 / 9978-3089 / 9981-7008 Em Set. Curso Internacional do Método Kabat São Paulo SP (43) 325-7656 / 336-1107 / 0800-43-7008 Em Set. Curso Internacional do Método Kabat Londrina PR (43) 325-7656 / 336-1107 / 0800-43-7008 Em Set. Ressonância Magnética, Anatomia Radiológica e Técs. de Imobilização (gesso) Rio de Janeiro RJ (21) 570-3251 / 3686-7472 Em Set. Tui-Na China (55) 242-6300 / 242-5414 Em Set. Shiatsu e Acupuntura Rio de Janeiro RJ (21) 205-1570 / 556-2455 03 a 08 Osteopatia e Técnicas Associadas Florianópolis SC (41) 242-6573 / 262-4545 06 a 09 1ª Jornada de Fisioterapia do Sul Fluminense Resende RJ (21) 9806-3764 / 9957-6403 / 9944-5761 10 a 15 Curso em Facilitação Neuro Muscular Método Kabat Curitiba PR (41) 225-6670 12 a 14 IX Jornada de Fisioterapia do CREFITO-2 Rio de Janeiro RJ (21) 568-8060 / 569-9588 13 a 16 Hidroterapia - Fluir Hidro Londrina PR (43) 338-4466 15 e 16 Curso de Fisioterapia Estética Rio de Janeiro RJ (21) 9628-5568 / 451-1043 / 3351-3104

Veja a continuação da Agenda de Eventos da Revista Fisio&terapia no site www.fisioon.com.br


Cartas.

SUCESSO COMPROVADO!!!! . Graças ao apoio da Revista Fisio&terapia e a presença destes renomados profissionais, o I CONGRESSO BRASILEIRO DE TERAPIA MANUAL, já é sucesso absoluto. Já são mais de 700 inscritos o que você está esperando. Confira abaixo os palestrantes que tem a presença confirmada no Centro de Convenções Edson Queiroz, do estado do Ceará, durante os dias 7 a 10 de novembro de 2001: INTERNACIONAIS: DOMINIQUE LIPPENS - BÉLGICA . (Diretor de Formação da Académie de Thérapie Manuelle Et Sportive ATMS) PHILIPPE E. SOUCHARD – FRANÇA . (Fundador e Autor da Técnica de Reeducação Postural Global RPG) MARCEL BIENFAIT – FRANÇA . (Ministrante de Formação Contínua em Terapia Manual) FRANÇOIS RICARD – ESPANHA . (Diretor Internacional da Escola de Osteopatia de Madrid) GORDON CUMMING - USA . (Representante do Método de Maitland) JULLES BONNE – BÉLGICA . (Representante do Método de Crochetagem Mioponeurótica) MICHAEL DUFRESNE – USA . (Representante do Método de Mulligan) LÉOPOLD BUSQUET – FRANÇA . (Autor do Método das Cadeias Musculares) NACIONAIS: ÂNGELA SANTOS – SÃO PAULO . (Co-participante da Formação em Terapia Manual no Brasil) AFONSO SHIGUEMI SALGADO – PARANÁ . (Representante da Organização de Medicina Ortopédica de CYRIAX OMI) ALBERTO VIANA DA SILVEIRA – BAHIA . (Representante do RPG no Brasil) HELDER MONTENEGRO – CEARÁ . (Representante da Académie de Thérapie Manuelle Et Sportive ATMS da Bélgica no Brasil) ISIDRO MARQUES – CEARÁ (Autor do Método de Terapia Manual Sub-Aquática TMSA)

MAURO PREDONI JÚNIOR – PARANÁ . (Representante da Formação em Podoposturologia pela PODIATEC França) RUBIA MÁRCIA BENATTI FUCHS – PARANÁ . (Representante da ATMS no Brasil) OLDACK BORGES DE BARROS – BAHIA . (Representante do RPG no Brasil) PALMIRO TORRIERI – RIO DE JANEIRO . (Representante do Método de Mattland no Brasil) CELSO LUÍS DIAS – SÃO PAULO (Membro ativo do Groupe Kinésithérapique de Trvail Sur La Scoliose GKTS) . JOSÉ LIBERATO JÚNIOR – MINAS GERAIS . (Representante do Método Mckenzie) REGINA COELI V. GOMES – CEARÁ . (Prof. Titular do Curso de Graduação em Fisioterapia, Prof. das Técnicas de Facilitação Neuromuscular Proprioceptiva do Curso de Especialização na Reeducação da Motricidade) ROGÉRIO AUGUSTO QUEIROZ – SÃO PAULO (Diretor do NEO- Núcleo de Estudos em Osteopatia e Terapias Manuais) MARIA LUÍZA NOGUEIRA – PARÁ . (Docente na Universidade da Amazônia e Universidade do Estado do Pará nas disciplinas de Recursos Terapêuticos Manuais e Cinesioterapia) RODRIGO LUIZ LIMA JUCÁ – PARANÁ . (Professor do Curso de Fisioterapia das Faculdades Assis Gurgacz Fag, Cascavel/PR. Diplomado em OsteoEtiopatia pela Academia de Terapia Manual Esportiva (ATMS BÉLGICA) Todos já confirmaram a presença neste importante evento. E você, o que está esperando para confirmar a sua? Faça logo a sua inscrição e envie sua inscrição junto com o comprovante de matrícula para o endereço abaixo: INFORMAÇÕES: Av. Santos Dumont, 2.727 sala 806 Centro Empresarial Etevaldo Nogueira Aldeota - Fortaleza - Ceará - CEP: 60150-161 Fone:(85) 224-0638/261-3531/261-9667 Fax: 261-2796 E-mail: praticaeventos@secrel.com.br ou visite o nosso site: www.terapiamanual.fst.br A KW Eletrônica, procura representante para distribuição de aparelhos de fisioterapia e estética em todo o Brasil, contato pelo telefone (19) 3807-5100 e fax (19) 3807-6774, site www.kweletronica.com.br e e-mail kw@kweletronica.com.br Jeferson Castilho Dep. Comercial


Fisioterapia Preventiva Aplicada a Estimulação do Desenvolvimento Nomal em Crianças Institucionalizadas. 1-Introdução. O desenvolvimento motor era até há pouco considerado como um fenômeno relacionado com a maturação e alheio às influencias ambientais (HOPKIN,1988). Contudo, as pesquisas comparativas do desenvolvimento em meios culturais diferentes revelam a importância das influencias do ambiente e da prática sobre o desenvolvimento da motricidade (BRIL,1986). Ficou demonstrado que o modo de criar o lactente desde o nascimento influi sobre a velocidade do seu desenvolvimento motor, especialmente durante os primeiros 12 ou 18 meses de vida. Trata-se de uma informação importante para o fisioterapeuta, não apenas no sentido de aumentar os nossos conhecimentos sobre as diferentes culturas; estes últimos são importantes para o fisioterapeuta que lida com lactentes provenientes de meios culturais diferentes do seu.”(ZURMITZ, 1983). A criança está aninhada num ambiente social. Sua emotividade compõe-se de sensibilidade sentimento e autoconfiança. A motricidade abrange todas as funções motoras: movimentos, gestos, mímica, fala. Descobriu-se que, para a criança se desenvolver bem, ela deve ser tocada, levada no colo, acariciada e aninhada nos braços; deve-se falar com ela carinhosamente. Os efeitos negativos da privação materna são provavelmente resultantes de privações perceptivas nos sistemas tátil, visual e provavelmente o vestibular” (MONTAGU, 1988). Há uma escassez de realização deste tipo de trabalho nas crianças aparentemente normais, porém, é indispensável nestas crianças a estimulação para o seu desenvolvimento normal. Estas crianças podem apresentar problemas neurológicos até então não notados, sendo que é necessária uma avaliação para certificar que está descartada esta possibilidade. No caso de serem realmente crianças normais são afetadas psicologicamente e que não tem uma boa estrutura familiar para auxiliar no seu desenvolvimento, sendo então de fundamental importância esta intervenção precoce. O objetivo deste trabalho foi realizar uma avaliação com crianças residentes em uma instituição de Sorocaba para verificar seu desenvolvimento psicomotor e proporcionar estímulos globais com enfoque na função visual, sensorial e proprioceptiva, através de brincadeiras. 2-Metodologia. Para o desenvolvimento do estudo, seguiram-se as etapas: a)Apresentação do Projeto à Instituição; b)Observações individualizadas; c)Aplicação de brincadeiras visando a estimulação do desenvolvimento motor normal; d)Análise dos resultados e conclusão.

Avaliamos 9 crianças no berçário de 8 meses a 2 anos, sendo que são 6 do sexo masculino e 3 do sexo feminino. As crianças não possuem patologias, apenas resfriados recorrentes. As crianças tomam todas as vacinas necessárias, inclusive, tomaram a vacina contra a gripe recentemente. 3-Resultados e Discussão. As avaliações iniciais mostraram que 77% das crianças apresentavam-se dentro dos padrões de desenvolvimento normal, enquanto que em 23% já foram encontrados atrasos que mereciam atenção especial do fisioterapeuta. A partir destes dados, passamos a dedicar maior atenção à estas crianças no programa proposto, pois o atraso parece estar relacionado apenas à carência de estimulação e oportunidades adequadas para a idade. Devido às observações iniciais e diárias de convivência com as crianças, ressalta-se a necessidade de estimulação persistente para que obtenham um bom desenvolvimento, sendo este um campo vasto para a realização de pesquisas científicas. 4-Referências Bibliográficas. LAMARE, R.; A Vida do Bebê; 40º ed. Rio de Janeiro, Block, 1997.p.310-331. MONTAGU, A; Tocar - O Significado Humano da Pele; 6ª ed. São Paulo, Summus, 1998.p.103-106, 230-236. SEVERINO, A. J; Metodologia do Trabalho Científico; 20º ed. São Paulo, Cortez, 1989. SHEPHERD, R. B; Fisioterapia em Pediatria, 3ª ed. São Paulo, Manole, 1996. p.35,36. UMPHRD, D. A; Fisioterapia Neurológica; 2ª ed. São Paulo, Manole, 1994. ZUHRT, R.; Desenvolvimento Motor da Criança Deficiente, 1ª ed. São Paulo, Manole, 1983.p.18-22

Por: Adalgisa de Almeida; Aline Galvão Ribeiro; Érika Fernenda Soares Zanotto; Lisângela Moro Tirabassi; Luciane Bevilacqua; Priscila Maurício de Souza; Queila Campos Pontes. Orientadoras: Profa. Dra. Beatriz de Oliveira Peixoto Coordenadora do Curso e Profa. da Disciplina Preventiva. Profa. Dra. Silvana Maria de Almeida Santos Profa. da Disciplina Fisioterapia Preventiva e Metodologia Científica. Profa. Dra. Conceição Aparecida de Almeida Santos Profa. da Disciplina Fisioterapia Preventiva.


Ler / Dort - Abordagem Psicossomática na Fisioterapia.

Por: Dra. Sandra C. Perossi

LER - Lesões por Esforços Repetitivos. DORT- Distúrbio Osteomuscular Relacionado ao Trabalho. Podemos definir as LER/DORT como lesões musculares e/ou de tendões e/ou de fáscias e/ou de nervos nos membros superiores ocasionadas pela utilização biomecanicamente incorreta dos membros, que resultam em dor, fadiga, queda de performance no trabalho, incapacidade temporária e conforme o caso podem evoluir para uma síndrome dolorosa crônica, nesta fase agravada por todos os fatores psíquicos (no trabalho ou fora dele) capazes de reduzir o limiar de sensibilidade dolorosa do indivíduo. Sob o rótulo de LER/DORT, abrigam-se formas clinicas como: - - - - - - - -

tendinites, epicondilites, bursites, tendinite do supra-espinhoso e bicipital, dedo em gatilho, síndrome do túnel do carpo, cervicobraquialgias, lombalgias e outras.

Pode-se considerar 04 fatores mais contribuitivos como causa da LER/DORT:

to

- -

Força Alta repetitividade do mesmo padrão de movimen-

- -

Posturas incorretas Aspecto Emocional

Aspectos Emocionais das LER/DORT Análises de depoimentos e levantamentos de dados de pessoas lesionadas, na tentativa de obter subsídios para formular modelos teóricos na área da Psicopatologia do Trabalho, vêm consolidando a convicção de que a vida psíquica das pessoas, seus pensamentos e sentimentos são profundamente influenciados por suas atividades profissionais, e os estados emocionais bem como as funções cognitivas não podem ser descontextualizados da vida total da pessoa, em que o trabalho desempenha papel central e determinante. No caso dos lesionados, foram revelados sentimentos como desconfiança, insatisfação, angústia, perda, falta de liberdade, falta de capacidade criativa, medo da limitação, medo de perder o emprego, marginalização, ansiedade por conviver com os novos limites, ansiedade por retornar ao trabalho,

apreensão,tensão, stress, etc.. Dentro do continuum da essencialidade versus reatividade existencial, podemos verificar comportamentos ligados aos fatores de personalidade que tem como temas comuns: minusvalia, sensação de estar desvalido, desamparado, abandonado, sensação de estar sendo observado e criticado, medo, ansiedade, inquietude, excitabilidade, irritabilidade, grande afluxo de pensamentos, preocupação exagerada com o futuro e com a própria segurança, sensação de que algo terrível há de lhe acontecer, cansaço da vida, necessidade de manter o controle sobre todos os fatores e detalhes de sua vida, sentimento de que todas as coisas devem sempre estar em dia e em ordem. Em uma amostra dos casos de afastamento por período prolongado de uma determinada empresa, em que foram aplicados testes psicológicos, acompanhados de entrevistas psicológicas e sociais, encontrou-se em boa parte da população, um quadro de rigidez de personalidade, acompanhado de problemas relacionais na família e no próprio grupo de trabalho, onde o isolamento impera no comportamento. Em uma pesquisa realizada no final de 1998 em 31 lesionados com profissões diversificadas, através de questionários, verificou-se que a dificuldade de relaxar, dificuldade em perceber os seus limites e a sobrecarga de trabalho são fatores predominantes no aparecimento das LER/DORT. É interessante observar que a situação de não perceber seus limites se inverte, levando o lesionado a conviver constantemente com os limites impostos pela lesão. Tratamento Fisioterápico O tratamento fisioterápico tradicional consiste em: Termoterapia (Calor Profundo como Ondas Curtas ou Ultra-som), Eletroterapia, Massagens, Cinesiterapia, Hidroterapia, Órteses, RPG, e outras técnicas. O fisioterapeuta, deve levar em consideração tanto o estágio evolutivo da doença, como as respostas do paciente a tratamentos anteriores. Apesar dessa abordagem terapêutica ampla, muitos pacientes permanecem sintomáticos, particularmente aqueles que são deprimidos, que estão insatisfeitos com seu trabalho, que acreditam ter adquiridos “lesões” através das atividades desse trabalho e que estão envolvidos em litígio trabalhista. Aqui é importante ressaltar que a visão do fisioterapeuta psicossomatista é fazer com que esses pacientes reconheçam essas possibilidades e direcionem suas atenções para a eliminação desses fatores. Um aspecto muito importante que se observa nos trabalhadores que realizam movimentos repetitivos e automáticos é que eles têm sido modelados, fechados para a tarefa que executam, é a pessoa que perdeu o olhar aberto, é alguém com a nuca rígida, que perdeu a flexibilidade de olhar para os lados, para cima, para baixo e para trás. É alguém com uma viseira


(LELOUP –1998)” Relatos de lesionados indicam que, enquanto desempenham suas tarefas, permanecem pensando em outros assuntos, o que se explica pelo grau de automação do trabalho. “uma digitadora relatou: ”-..parece que minha mão não obedece mais meu cérebro, é como se houvesse uma ligação direta entre o olho e a mão...” O fisioterapeuta neste contexto deve, no tratamento, ensiná-lo a relaxar, ir direcionando-o a tomar consciência de seu corpo; de como se comporta: caminhando, parado na fila do banco, deitado, na frente da TV, trabalhando. Orientá-lo a “escutar” os sintomas que lhe dizem o limite de seu corpo e a postura errada. Ajudá-lo a refletir a respeito de como conduziu sua vida, do que realmente faz sentido e o que não, descobrir novas potencialidades e habilidades Partindo desta conscientização, consegue-se melhorar o desempenho pessoal, minimizar tensões musculares, tirar a atenção da dor, principalmente entrar em contato com ele mesmo, que passa a perceber suas limitações: o que deve ou não fazer. Pode aprender a lidar com as pressões sem que estas o afete tanto, aprender a respeitar o próprio limite e compreender de que modo pode-se modificar a relação com o trabalho, os colegas e a vida. Descobrir atividades que lhe dêem prazer e que tragam satisfação, possibilitando assim, enfrentar a LER/ DORT de maneira mais adequada e satisfatória.

Referências bibliográficas: 1- Artigo da Revista Brasileira de Medicina Psicossomática – Vol. I – no. 03 – 1997 – Integração homem-trabalho. O trabalho em processos repetitivos (LER), uma epidemia? – Avelino Luiz Rodrigues 2- Codo, W. , Almeida M.C.C.G. – L.E.R. – Lesões por Esforços Repetitivos – Petrópolis – RJ – Vozes – 1995 3- Lindemann, K. – Tratado de Rehabilitacion – Barcelona – Editorial Labor – 1975 4- Leloup, J.Y. – O Corpo e seus símbolos – Uma Antropologia essencial – Petrópolis – Vozes – 1998 5- Moraes, M. A. – Apostila – LER/DORTs: Prevenção e Tratamento; Noções Básicas de Ergonomia – Campinas 1998 6- Perossi, S.C. – “LER/DORT e Psicossomática” – Apostila elaborada para seminário no curso de especialização em psicossomática do IBEHE – SP - 1999 Dra. Sandra C. Perossi Fisioterapeuta com Especialização em Medicina Psicossomática Mestranda em Saúde Coletiva pela Faculdade de Ciências Médicas da UNICAMP Professora no Curso de Fisioterapia na UNIARARAS.


Tratamento Fisioterápico ou Fisioterpêutico? Continuando com os debates do Fórum da Revista que na edição anterior descutiu sobre o uso ou não do Dr. ou FT., nesta edição iremos falar sobre a nomenclatura correta para a atividade exercida por nós fisioterapeutas. O correto é tratamento fisioterápico ou fisioterapêutico? O questionamento veio pelo fato de vermos em diversos lugares, até mesmo em nossa agenda de eventos, uma alternância no uso das duas palavras sem nenhuma justificativa aparente. Primeiramente procuramos alguém que fosse estudioso em letras e preferencialmente conhecedor de morfologia (descrição da forma) que no caso de letras, estuda entre outras coisas a origem das palavras e esta nos respondeu o seguinte: “tive professores que tiveram como mestres nada mais nada menos que Evanildo Bechara e Celso Cunha, pessoas de renome na língua portuguesa. O vocábulo fisioterapia de origem latina não admite a derivação “fisioterapêutico” mas somente, fisioterápico. Se fossemos analisar lingüisticamente, poderíamos dizer que esta condição, fisioterapêutico, seria aceita uma vez que a lingüística tem como finalidade à comunicação, não importando o conceito de certo ou errado, contudo estamos falando de gramática e a mesma só admite, neste caso, o termo fisioterápico. Esta é a única forma aceita pela gramática tradicional. Também vale lembra que no Dicionário Aurélio não existe fisioterapêutico.”Além de consultar este profissional também enviamos um e-mail para cada um dos 9 CREFITO‘S e ao COFFITO, mas apenas o CREFITO 5 respondeu nosso e-mail, mesmo assim o e-mail foi o seguinte: “Dr. Oston. Agradecemos sua atenção. Estaremos enviando nossa colaboração. Um abraço, Dr. Fernando Prati” A resposta mais considerável sobre o assunto veio do colega, Dr. Oséas que disse o seguinte. “Caro Dr. Oston, fisioterapêutico está relacionado com o fisioterapeuta e fisioterápico está relacionado à fisioterapia. Quando a Comissão Nacional de Elaboração do RNHF propôs esta terminologia, foi para enfatizar que a intervenção profissional tem como foco o profissional e não a técnica.

Por: Dr. Oston de Lacerda Mendes

Parece ser pequena a diferença, mas o efeito é significativo. Um abraço, Dr. Oséas Moura, Presidente do IBF.” Simultaneamente colocamos em nosso site uma enquete para saber a opinião dos leitores da Revista e seus comentários. O resultado da enquete foi também muito dividido não chegando a um resultado comum. Fico por aqui com apenas as informações que pude colher e minha conclusão. Sou fisioterapeuta e meu tratamento é Fisioterápico. Próximo enquete. No mesmo enquete, pedimos comentários e sugestões sobre novos temas e alguns foram muito interessantes e escolhemos alguns para publicar aqui. Sugestão de: - Lilian Dalete Siqueira - O boicote científico do congresso de fisioterapia em outubro de 2001. - Chrystiane Maria Paulino - Dificuldades na vida do recém formado. - Rivaldo Rodrigues Novaes Junior - Enquetes na Internet. Qual a utilidade das enquetes? - Mirian Santos Rodrigues – O Fisioterapeuta tem Paciente ou Cliente? Este último foi eleito para a próxima edição. Participe e de sua sugestão para a próxima enquête também. Para você nós fisioterapeutas temos clientes ou pacientes? Porque? www. fisioon.com.br Abraços a todos os colegas e obrigado a todos que participaram, vamos juntos melhorar ainda mais nossa tão querida fisioterapia. Agradecimentos á Luciene Lopes, que nos deu todas as informações para embasar a matéria desta edição. Muito obrigado e até a próxima.



Fibromialgia. Quando Tudo Dói... Ansiedade, desânimo, depressão, dormência nas mãos, pés, pernas e rosto, cefaléias e enxaquecas, problemas gastrointestinais, dores às vezes descritas como ardência, rigidez e fisgada nos músculos, fadigas constantes, distúrbios do sono (sono leve e não reparador) e alterações no humor são os principais sinais e sintomas de uma das síndromes da reumatologia: a fibromialgia, que não é uma doença nova, uma vez que os sintomas sempre existiram, mas sim um diagnóstico recente. Trata-se de uma síndrome caracterizada por dores crônicas, que atacam principalmente os músculos, tendões, ligamentos (tecidos conectivos), mas também podem afetar os ossos. Embora possa surgir em qualquer idade a partir dos 9 anos, o pico de incidência está entre 35 e 45 anos, atingindo 5 milhões de americanos e, no Brasil, representa 12% das queixas nos consultórios dos reumatologistas. Sendo de diagnóstico muito difícil, só é possível detectá-la por meio de um bom exame clínico: quando há sensibilidade extrema à palpação de 18 pontos específicos do corpo e o paciente sentir dor em pelo menos 11 deles. Esses pontos estão localizados nos quadris, joelhos, ombros, braços, pescoço e no peito. Já outros exames, como os laboratoriais, não revelam nada. Apesar das dores atacarem os tecidos conectivos, o problema não está localizado aí. Na verdade, elas são causadas pela incapacidade de adaptação e deficiência do SNC, mais especificamente, dos mecanismos cerebrais que controlam o sono, o mecanismo da dor e as diferentes condições de stress. Estudos recentes feitos na Europa mostraram que alguns pacientes fibromiálgicos têm anticorpos contra a serotonina, um neurotransmissor que entre outras funções, controla a dor. Com isso, na maioria dos pacientes com fibromialgia, a depressão é extremamente comum. Existe uma lógica do ponto de vista biológico: são duas doenças com um ponto em comum, que seria a deficiência à serotonina. Além da depressão e dos distúrbios do sono, em muitos casos outros males aparecem ao mesmo tempo, como hipotireoidismo e artrite reumatóide. O tratamento não é complicado, mas exige uma combinação de diversos especialistas como psicólogos, que dão apoio e ajudam a superar a depressão, associados a baixas doses de antidepressivos (para melhorar a qualidade do sono e aumentar o bem-estar), fisioterapeutas que ensinam e realizam técnicas específicas de alongamentos e relaxamentos dos músculos (IsoStretching, Hidroterapia, Watsu, Massagens, etc.), reumatologistas que prescrevem os remédios necessários (analgésicos por exemplo), acupunturistas, assistentes sociais, entre outros. Primeiramente no Iso-Stretching, realiza-se uma ginástica postural e principalmente nesses casos, global; porque o corpo todo trabalha cada exercício, pois a musculação, alongamento e relaxamento são incluídos em cada postura. Com isso, este tipo de ginástica permite aos fibromiálgicos conhecerem melhor o seu corpo, reduzindo enrijecimentos, facilitando

Por: Dr. Vicente Chirinéia Júnior Dr. Marcos Roberto Sartori Mendonça

movimentos as vezes limitados, melhorando a condição física e emocional. Na Hidroterapia a água aquecida e seus efeitos através de técnicas específicas, reeducam os movimentos através da cinesioterapia, estimulando o trabalho mio-articular global, promovendo melhora da socialização, auto-confiança e qualidade de vida. Sendo assim, o meio hídrico facilita a ação cinética ajudando a superar a inibição funcional e a tensão psicossomática, transformando a atividade receosa numa atividade prazerosa. Já no Watsu os fibromiálgicos desfrutam de um método terapêutico que engloba técnicas de alongamento e relaxamento, realizados por um fisioterapeuta, em sessões individuais, com piscina aquecida a 35 ºC, que alivia tensões musculares e psíquicas, proporcionando uma liberdade corporal e um profundo relaxamento físico e mental. Sendo prazerosas, as atividades físicas como caminhadas, natação, hidroginástica, ciclismo, também ajudam a proporcionar aumento nos níveis de serotonina. Dança, música, atividades sociais, tudo vale para o paciente vencer a dor. A duração do tratamento vai depender da evolução do quadro clínico em resposta à intervenção terapêutica multidisciplinar, e também é claro, muito apoio e força de vontade por parte do paciente e todos à sua volta.

Veja ao lado os dezoito pontos que apresentam sensibilidade ao serem pressionados; se a pessoa sentir dor em pelo menos onze deles, o diagnóstico é de fibromialgia.

Dr. VICENTE CHIRINÉA JUNIOR Graduado em Fisioterapia pela Universidade de LondrinaPR Habilitado pelo Watsu Center Brasil Cursos Internacionais em Hidroterapia Proprietário do Centro de Reabilitação Chirinéa, BotucatuSP Dr. MARCOS ROBERTO SARTORI MENDONÇA Graduado em Fisioterapia pela Universidade do Sagrado Coração-SP Formação em Iso-Stretching Formação em Watsu Cursos Internacionais em Hidroterapia e Terapia Manual



Entrevista com Bernard Redondo. A Revista Fisio&terapia esteve presente no 1º Meeting Brasil realizado na cidade de São Pedro-SP no Hotel Fazenda Colina Verde, o mesmo hotel onde são ministrados os cursos de Iso-Stretching. Tivemos a oportunidade de entrevistar o fisioterapeuta francês, Bernard Rodondo, que nos falou um pouco sobre o Método Iso-Stretching. Fisio&terapia: Como você definiria em poucas palavras o Método IsoStretching? Bernard Redondo: O Iso-Stretching se assemelha a uma ginástica, porém não é uma ginástica branda, a intensidade do trabalho muscular é muito importante. Ele pode ser praticado por todas as pessoas e procura melhorar a condição física. Para o fisioterapeuta, trabalhar com o Iso-Stretching é muito interessante porque ele se caracteriza como um método não traumatizante, corretivo, educativo, preventivo, flexibilizante e tonificante. É importante frisar que os exercícios são efetuados com extrema atenção do fisioterapeuta que deve obedecer à intensidade máxima que cada praticante pode dar, respeitando também a capacidade do momento de cada um.

Fisio&terapia: Quais são os princípios básicos do Iso-Stretching? Bernard Redondo: Existe uma postura a ser definida pelo fisioterapeuta como uma posição de partida, depois há a colocação dos membros em tensão, uma mobilização da bacia no sentido de um crescimento e de estiramento das cadeias musculares dos membros inferiores e um alinhamento da coluna sobre ela, com um auto-engrandecimento. A postura será então mantida ao máximo da correção pelo tempo de uma expiração completa e prolongada. Portanto, o controle respiratório, o domínio das sensações e das posições são a base do Iso-Stretching, acrescentado de um intenso trabalho muscular. Fisio&terapia: Na prática quais seriam os pontos básicos para aplicar o IsoStretching e qual a sua frequência? Bernard Redondo: Para não sobrecarregar a descrição das posturas os planos dos exercícios se apresentam como sendo repetido 3, 6 ou 9 vezes nos exercícios simétricos e 2, 4 ou 8 nos assimétricos. Os exercícios tem a duração de 30 a 45 minutos e é necessário repetir ao menos 03 vezes, porque a primeira vez será para compreender, a segunda vez será para corrigir e a terceira vez

para executar da melhor maneira. As séries são compostas de exercícios simétricos e assimétricos, sendo: Simétricos dentro do eixo, a fim de evitar as rotações que lhe são resultantes de todo movimento. Assimétricos que vão aumentar as restrições e limitações articulares. O trabalho respiratório de expiração e inspiração profunda vai desenvolver a capacidade vital, evitando os bloqueios respiratórios, as pressões sobre o diafragma inferior vão determinando o tempo de sustentação da postura. A bacia será o ponto soberano da postura, pois a coluna deverá se alinhar sobre o prolongamento se enrijecendo em vigília para não se inverter ao acentuar a curvatura. A seqüência deverá ser: Posição inicial: ponto de partida como tomada de referência. Correção: é a posição em pré-tensão por colocação da bacia, alinhamento da coluna e verificação das compensações. Ação: é a fixação dos diversos elementos aumentando a tensão muscular por alongamentos pela contração isométrica. Com uma expiração profunda e prolongada, um abaixamento das omoplatas e um auto-engrandecimento da coluna vertebral. Fisio&terapia: Qual é o país de origem do Iso-Stretching, há quantos anos existe esse método e há quanto tempo ele é ministrado aqui no Brasil? Bernard Redondo: O Iso-Stretching é a evolução natural do método de ginástica de entretenimento e da colocação em forma da postura que elaboramos e ensinamos há quase 30 anos na França. No Brasil o curso já existe há 08 anos com grande sucesso. Fazemos as inscrições no mês de novembro, e depois há todo um trabalho de monitoria durante o curso. Ele só é ministrado uma vez ao ano e quase sempre no primeiro semestre mais precisamente entre os meses de abril e maio aqui na cidade de São Pedro em São Paulo, mas o Brasil é muito grande e por isso no próximo ano o curso será na cidade do Rio de Janeiro-RJ. Fisio&terapia: Em alguns outros métodos como, por exemplo, o RPG de seu conterrâneo o fisioterapeuta Phillipe Souchard existe um trabalho de reci-


clagem para quem já realizou o curso. Com o Iso-Stretching também existe esta reciclagem? Bernard Redondo: Sim. A cada 02 anos é realizado um congresso para que os fisioterapeutas possam expor seus trabalhos e se reciclarem e sempre me surpreendo, pois, o brasileiro é muito criativo e inteligente e é possível perceber isso já que o método permite a atuação em várias áreas desde a prevenção até a ginástica laboral e curativa. Fisio&terapia: Você disse que existe uma peça muito importante em seu curso e que é o principal segredo dele. O que é? Bernard Redondo: Ela se chama Rosie. É minha esposa há quase 40 anos e que sem ela este método não seria o que ele é, pois ela soube com suas qualidades contribuir muito para a evolução do Iso-Stretching. Fisio&terapia: Para os fisioterapeutas que quiserem saber mais sobre o método Iso-Stretching no Brasil ou que queiram informações sobre o curso onde devem procurar estas informações?

Bernard Redondo: Bom, para maiores informações sobre o método, uma boa dica é o livro que foi lançado neste mês ISOSTRETCHING. Ele é de minha autoria e pode ser encontrado em algumas livrarias e também na Skin. Fisio&terapia: Bernard Redondo, a Revista Fisio&terapia gostaria de agradecer pela entrevista concedida. Muito Obrigado! Bernard Redondo: Foi um prazer enorme participar desta Revista e gostaria de aproveitar a oportunidade para passar os telefones os interessados no livro ou curso. As informações podem ser adquiridas através da Skin pelos telefones (19) 4221066 ou 422-1771, e por eles também é possível obter maiores informações sobre o curso. Um grande abraço a todos os leitores e colegas brasileiros.



A Intervenção do Fisioterapeuta no Transplante Hepático.

Por: Carla Luzia Apolinário Vicente Pimenta Fisioterapeuta – Hospital Curry Cabral Lisboa Portugal

Fisio&terapia - Obs: Trabalho escrito em Português/Portugal. Resumo O objectivo deste artigo é caracterizar a intervenção do fisioterapeuta ao doente submetido a transplante hepático. É abordada de uma forma sumária a cirurgia, identificando as principais causas, enumerando as complicações mais frequentes e realçando as implicações na qualidade de vida do doente. O papel do fisioterapeuta como elemento da equipa multidisciplinar é descrito analisando o seu processo de intervenção (Avaliação > Definição de objectivos > Selecção de estratégias de actuação). Este trabalho resulta da experiência profissional numa Unidade de Cuidados Intensivos e Unidade de Transplantes que assistem o doente submetido a transplante hepático e da necessidade sentida de possuir informação que permita uma actuação consciente. A cirurgia. Nas últimas duas décadas, o transplante hepático deixou de ser uma cirurgia rara para passar a ser uma cirurgia relativamente comum e com baixas taxas de morbilidade e mortalidade (Strong, 1999). Este facto deve-se essencialmente a dois factores: aos avanços nas técnicas cirúrgicas e aos novos esquemas de imunosupressão (Amersi, Farmer e Busuttil, 1998). O transplante hepático permite a cura ou a melhoria significativa da qualidade de vida a vários doentes com patologias “incuráveis”. Está indicado em casos de doença crônica hepática, doenças metabólicas, falência hepática aguda, paramiloidose amilótica familiar e sempre que a esperança de vida do doente com patologia hepática é inferior a um ano ou a sua qualidade de vida não é aceitável, e se julgue que o transplante trará benefícios. As taxas de sobrevivência de doentes submetidos a transplante hepático são superiores a qualquer outro tratamento realizado em doentes com patologia terminal hepática (Leonardi, Boin e Leonardi, 1998). Segundo alguns autores as taxas de sobrevivência são de aproximadamente 85% ao fim do primeiro ano e variam entre 60 a 80% ao fim de cinco anos. Complicações do transplante hepático. O transplante hepático é uma cirurgia abdominal complexa, com cerca de 8 a 10 horas de duração e dela advém uma série de complicações, que segundo Mendiluce (1993) podemos dividir em: alterações da função respiratória, hemodinâmicas, digestivas, da função hepática, electrolíticas e da função renal, da coagulação, da função neurológica e infecções. Tal como Martel e Carre (1996) referem as complicações respiratórias são as grandes responsáveis pelo aumento das taxas de mortalidade e morbilidade dos doentes transplantados; e

como é, principalmente, sobre estas que inside a intervenção do fisioterapeuta, neste trabalho apenas se desenvolverá as complicações associadas às alterações da função respiratória. Alterações da função respiratória. As complicações respiratórias são frequentes em doentes submetidos a cirurgia abdominal. Normalmente surgem alterações restritivas, com diminuição significativa da capacidade vital. (Bourn e Jenkins, 1992) Segundo Garcia e outros (1993) as complicações respiratórias mais frequentes no transplantado hepático são: o derrame pleural, as atelectasias, a infecção e o ARDS (sindrome de disfunção respiratória no adulto). O derrame pleural direito é um achado práticamente universal no transplantado hepático, atingindo valores de 80% de incidência (Garcia e outros, 1993) e atendendo à sua fisiopatologia não o é possível evitar. Este surge pelo trauma operatório do diafragma (no momento da clampagem das veias supra-hepáticas e também pela utilização, posicionamento e permanência prolongada dos afastadores) e é potencializado pelo proceso inflamatório inerente à cirurgia. Na maioria dos doentes é assintomático (Foster e Williams, 1990). As atelectasias surgem frequentemente em doentes submetidos a intervenção cirúrgica torácica e abdominal, a sua fisiopatologia está relacionada com as alterações da mecânica respiratória, da ventilação e das trocas gasosas. (Clergue e Harari, 1982). No caso concreto dos transplantados hepáticos, surgem essencialmente nos lóbulos inferiores (principalmente no direito) e os principais factores etiológicos são a presença de ascite, os efeitos da incisão cirúrgica, o trauma operatório do diafragma, a dor e a retenção de secreções (Garcia e outros, 1993). O doente transplantado é muito susceptivél a todo o tipo de infecções, devido aos esquemas de imunosupressão, que tentam evitar a rejeição. Para além das infecções respiratórias, que são as mais frequentes, também podem surgir outras que afectem a cavidade abdominal, a via biliar e urinária. O ARDS, tem uma baixa incidência nos doentes com transplante hepático, mas é referido por vários autores. Surge, principalmente, em casos de retransplante. Ainda não foi possível estabelecer uma relação causal entre os eventos intraoperatórios e o aparecimento de ARDS, mas julga-se existir relação com a quantidade de sangue perdida e a hipotensão severa mantida. Qualidade de vida pós-transplante. Estudos realizados sobre a qualidade de vida pós-transplante hepático referem que: · As dores corporais e as dificuldades de realizar algumas tarefas devido a “fraqueza” são os problemas mais frequentemente referidos pelos doentes (Hellgren e outros, 1998) · A sua vida social e saúde mental não são afectados pelo


transplante (Hellgren e outros, 1998) · A principal preocupação dos doentes submetidos a transplante hepático é a possibilidade de rejeição (Gubby, 1998) · Estes doentes apresentam uma melhoria significativa nos aspectos da qualidade de vida relacionados com a saúde (Bravata e outros, 1999) Existem outros factores que, muitas vezes, são negligenciados e que podem comprometer a qualidade de vida destes doentes, nomeadamente: · A obesidade – que é uma preocupação a médio/longo prazo nos doentes submetidos a transplante hepático. O risco de obesidade e os factores que a influenciam ainda não estão bem definidos, mas julga-se estar relacionado com a medicação imunosupressora (Everhant e outros, 1998) · A osteoporose – os doentes com patologia hepática tem geralmente uma diminuição da densidade óssea e o transplante está associado a um agravamento dessa tendência (Keogh, 1999) O fisioterapeuta como elemento da equipa multidisciplinar. Quando se possuí conhecimentos sobre a cirurgia, as suas complicações e repercussões na qualidade de vida do doente submetido a transplante hepático, torna-se evidente a necessidade do fisioterapeuta como elemento da equipa multidisciplinar, na medida em que pode prevenir algumas complicações e tratar algumas sequelas, contribuindo assim para a melhoria da qualidade de vida do doente. A fisioterapia oferece a melhor forma de tratamento e profilaxia em muitas das possíveis complicações respiratórias (PowellJackson, Polson e Williams, 1987). Estes doentes apresentam riscos acrescidos de hemorragia (atendendo às alterações da coagulação), de pneumotórax (por serem submetidos a ventilação mecânica) e de infecção (devido à imunossupressão), razões pelas quais se deve evitar a necessidade de drenar derrames pleurais, broncoscopias e esquemas prolongados de antibioterapia, dando ênfase à prevenção e tratamento utilizando métodos não invasivos. A intervenção do fisioterapeuta deve iniciar-se na fase préoperatória, com uma avaliação e ensino pré-operatório, o que permite um nível de colaboração e conscienzialização por parte do doente adequado ao sucesso que se pretende no pós-operatório. No entanto a problemática burocrática e as caracteristicas de recrutamento do doente para a cirurgia dificultam esta intervenção preventiva. Na fase pós-operatória, a intervenção do fisioterapeuta (tal como a dos outros elementos da equipa) está condicionada pelo evolução clínica do doente. Gomez-Arnau e outros (1993) referem que existem três factores essenciais que determinam a evolução pós-operatória: · A severidade da doença hepática de base e as suas repercussões (o estado geral do paciente, a força muscular e o seu estado nutricional; influenciam, por exemplo, o tempo de desmame ventilatório) · As incidências intra-operatórias (a quantidade de sangue perdida e a hipotensão, podem condicionar o aparecimento de complicações) · A função do enxerto (que é essencial para a homeostasia geral). É frequente considerarem-se três fases distintas no pósoperatório: · Fase 1: Pós-operatório imediato, fase em que o doente se

encontra numa UCI (unidade de cuidados intensivos) e que pode ser subdividida em: o Fase inicial, em que o doente permanece sedado e conectado ao ventilador. Se não existirem complicações esta fase corresponde às primeiras 12 horas, podendo prolongar-se um pouco mais, mas raramente atinge mais de 24 horas. o Fase intermédia, corresponde à fase do desmame ventilatório. A maioria dos doentes são extubados entre as 24 e as 48 horas pós-transplante. o Fase final, começa com a introdução da alimentação oral e termina com a alta da UCI. Normalmente corresponde ao 3º ou 4º dia. · Fase 2: Internamento na enfermaria, fase em que o doente se encontra internado numa unidade de transplantes. Normalmente varia entre quatro a seis semanas. · Fase 3: Após a alta hospitalar, fase em que o doente é seguido em ambulatório. Em todas as fases de intervenção é imprescindível existir uma comunicação efectiva entre todos os profissionais, de modo a prestar um serviço de qualidade de forma organiza e trabalhando em cooperação. Sempre que possível, deve-se tentar um trabalho de equipa transdisciplinar, em que o doente (e a sua família) tenham um papel activo. Para isso é necessário que o doente esteja esclarecido da sua situação clínica, seja informado dos benefícios e riscos dos diferentes tratamentos e tenha oportunidade de expressar as suas expectativas, colaborando assim na definição dos objectivos de tratamento. A avaliação do fisioterapeuta. Na fase pré-operatória, se o fisioterapeuta tiver oportunidade de intervir, como é desejável, a avaliação tem como objectivo conhecer o estado do doente e orientar a intervenção. Deve ser sumária. Na fase pós-operatória é importante uma avaliação cuidadosa em cada sessão, porque a condição do doente é muito variável. Durante o tratamento, não se deve esquecer que a avaliação é um processo contínuo e ter especial atenção à mimica facial, cor do doente, traçado cardíaco e tensão arterial (principalmente no pós-operatório imediato). O fisioterapeuta deverá ter sempre presente que uma correcta avaliação dos problemas, reais e potenciais, condicionam a definição de objectivos e a selecção das estratégias de intervenção. Os objectivos da intervenção. Os objectivos da intervenção do fisioterapeuta devem ser coordenados com os da equipa, e sempre que possível devem-se aferir os resultados obtidos, através dos sistemas de monitorização ou de outros dados objectivos ou subjectivos. Na fase pré-operatória os principais objectivos de tratamento são: · Explicar os fundamentos do tratamento de fisioterapia · Abordar sumáriamente os procedimentos cirúrgicos e os sistemas de monitorização · Ensinar alguns exercícios respiratórios · Incentivar à mobilização e levante precoce no pós-operatório · Envolver o doente no processo de reabilitação, responsabilizando-o pela sua recuperação.



No pós-operatório os objectivos a atingir são: · A curto prazo (até ao momento da alta da UCI): - Prevenir as complicações respiratórias ou evitar as suas sequelas - Estimular a respiração espontânea - Melhorar a ventilação e a perfusão - Definir os posicionamentos do doente de modo a melhorar a função pulmonar e a prevenir as retracções musculares - Encorajar ao relaxamento, reduzindo o trabalho respiratório (e a ansiedade) - Incentivar à mobilização no leito - Promover o máximo de independência possível no leito - Iniciar o levante. · A médio prazo (até à alta hospitalar): - Optimizar a função cardiopulmonar - Promover o máximo de independência possível nas actividades básicas da vida diária (cuidados pessoais, mobilidade no leito, sentar, transferências e marcha) - Manter ou restaurar a elastecidade/extensibilidade dos tecidos moles e a resistência ao esforço de acordo com a condição do doente - Envolver a família no processo de reabilitação. · A longo prazo (após a alta hospitalar): - Responsabilizar o doente pela execução de um plano de tratamento auto-realizável - Prevenir o aparecimento de complicações tardias (como a obesidade e a osteoporose) - Melhorar a condição física do doente - Atingir o máximo de qualidade de vida possível de acordo com a condição do doente e seu prognóstico. Estratégias de actuação. O fisioterapeuta possui uma grande variedade de métodos e técnicas de intervenção que pode seleccionar para fazer cumprir os objectivos propostos. As estratégias que a seguir se apresentam devem ser consideradas meras sugestões, na medida em que terão se ser adaptadas em função da gravidade dos problemas, do grau de colaboração do doente, da existência ou não de dor e a sua intensidade, do nível de funcionalidade, etc... Na fase pré-operatória, as estratégias de actuação baseiam-se essencialmente em: · Informar o doente do papel do fisioterapeuta, como elemento da equipa de saúde, valorizando a necessidade da sua colaboração activa no processo de reabilitação · Desdramatizar a cirurgia, explicando como vai ser a incisão cirúrgica e quais os drenos, linhas e catéteres que terá no pósoperatório · Se possível, mostrar ao doente os sistemas de monitorização e o ventilador a que estará conectado depois da cirurgia · Ensino de exercícios de mobilização activa dos membros inferiores e reforçar as vantagens de um levante precoce · A nível respiratório: - Consciencialização da mecânica respiratória - Treino da ventilação dirigida - Ensino da tosse e huffing, com protecção da cicatriz. No pós-operatório imediato, a actuação do fisioterapeuta está condicionada pela situação clinica, nomeadamente pelo tipo de ventilação: · Intervenção durante a ventilação controlada: - Posicionamentos: Corrigem-se as posições antiálgicas e tentase que o doente tolere durante alguns periodos o decúbito semi-

dorsal esquerdo ou lateral esquerdo, colocando a hemicúpula diafragmática direita em posição inspiratória. - Ambu e abertura costal electiva direita: Hiperinsuflação do pulmão direito de modo a permitir manter ou recuperar a compliance pulmonar. - Mobilização activa-assistida dos membros: Insistindo num plano de exercícios auto-realizáveis. - Se o doente apresentar muitas secrecções terá que se incluir no plano de tratamento estratégias que permitam a desobstrução das vias aéreas. · Intervenção durante o desmame ventilatório: - Podem-se utilizar todos os procedimentos anteriores, aos quais se devem adiccionar: · Ensino e consciencialização dos tempos respiratórios de modo a que o doente adquira um ritmo mais apropriado e eficaz · Abertura costal global para melhorar a distribuição e a ventilação alveolar. · Ventilação dirigida, corrigindo as assinergias e defeitos ventilatórios. · Solicitação de inspirações profundas periódicas de modo a melhorar a ventilação alveolar. · Intervenção com o doente em ventilação espontânea e extubado: - Dissociação dos tempos respiratórios, insistindo no controlo da respiração. - Reeducação diafragmática, tentando diminuir a sobrecarga muscular. - Tentar encontrar estratégias, conjuntamente com o doente, que lhe permitam algum grau de independência no leito. - Levante (para o cadeirão), a realizar logo que possível, porque para além dos benefícios psicológicos e da prevenção dos inconvenientes da imobilidade, permite uma melhor dinâmica respiratória. - Inspirometria de incentivo, que o doente pode realizar sózinho e permite a quantificação da sua evolução. Durante o internamento na enfermaria, o estado do doente, já não é tão critico permitindo alargar a actuação do fisioterapeuta: · Insiste-se na optimização da função cardiopulmonar, realizando com o doente e incentivando-o a realizar sózinho, exercícios de ventilação dirigida, abertura costal global, mobilização activa dos membros com controlo dos tempos respiratórios, inspirometria de incentivo, etc... · Tenta-se estimular a independência do doente nas actividades básicas da vida diária, treinando as mudanças de decúbito, o sentar, as transferências e a marcha, observando se existe ou não a necessidade de utilização de auxiliares. · Elabora-se com o doente um plano de exercícios autorealizável, de mobilização e fortalecimento global, que se vai ajustando, permitindo quantificar a sua evolução. · Envolve-se a família no processo de reabilitação, solicitando por exemplo que ande com o doente na enfermaria, que estimule a sua independência de acordo com o seu potencial e que o auxilie apenas nas tarefas em que ele é incapaz de realizar sózinho. Após a alta hospitalar é desejável, que numa primeira fase, o doente continue a fisioterapia em regime ambulatório: · Tenta-se que o doente adquira comportamentos saudáveis, nomeadamente a prática de actividade física regular (de acordo com a sua condição e o seu prognóstico) de modo a prevenir o aparecimento de complicações tardias e a melhorar a sua


condição física · Auxilia-se a reintegração do doente, tentando encontrar soluções para alguns obstáculos, que eventualmente existam no seu dia-a-dia. Conclusões. O fisioterapeuta pode dar uma contribuição preciosa ao doente submetido a transplante hepático, na fase pré e pós-operatória, na unidade de cuidados intensivos, na unidade de transplantes e em regime ambulatório. No entanto a sua integração na equipa multidisciplinar ainda é muito recente. Com o aumento do número de transplantes hepáticos e com a diminuição das taxas de mortalidade, aumenta a solicitação do fisioterapeuta para intervir tanto no tratamento como na profilaxia das complicações e sequelas da cirurgia. É necessário que o fisioterapeuta demarque o seu campo de intervenção e se afirme perante a equipa, reconhecendo as suas limitações, assumindo as suas responsabilidades, contribuindo para a melhoria da qualidade de vida do doente e para a evolução da própria profissão. Sugere-se o desenvolvimento de estudos que permitam uma reflexão sobre a eficácia da intervenção da fisioterapia nesta área. Bibliografia. AMERSI, F; FARMER, DG; BUSUTTIL, RW. – Fifteen-year experience with adult and pediatric liver transplantation at the University of California. Clin. Transpl. (1998) 255-61. BOURN, J; JENKINS, S. – Post-operative respiratory physiotherapy: indications for treatment. Physiotherapy. Fev. Vol 78 (2). (1992). 80-84. BRAVATA, DM et al. – Health-related quality of life after liver transplantation: a meta-analysis. Liver transpl. Surg. Jul. 5 (4). (1999). 318-331. CLERGUE, F; HARARI, A. – Atelectasies post-operatoires. Encycl. Méd. Chir. Paris, Anesthesie-Réanimation. 11 – 1982. 36422 A 10. FOSTER, PF; WILLIAMS, JW. – Early postoperative care. In WILLIAMS, JW .- Hepatic transplantation. Philadelphia. WB Saunders Company, 1990. 140-162.

GARCIA, S. et al.- Complicaciones cardiovasculares y respiratorias en el transplantado hepatico. In RIAÑO, D. et al. Manejo perioperatorio del transplante hepatico. ELA Editores, 1993. 145-149. GOMEZ-ARNAU, J. et al. – Cuidados generales en el postoperatorio inmediato del transplante hepático. In RIAÑO, D. et al. - Manejo perioperatorio del transplante hepatico. ELA Editores, 1993. 131-136. GUBBY, L. – Assessement of quality of life and related stressors following liver transplantation. J. Transpl. Coord. Jun. 8 (2). (1998). 113-118. HELLGREN , A et al. - Health-related quality of life after liver transplantation. Liver transpl. Surg. Maio. 4 (3). (1998). 215-221. Leonardi, LS; BOIN, IF; LEONARDI, MI . – Indicação e resultados do transplante hepático em adultos. Arq. Gastroenterol. Jul-Set. 35:3. (1998) 198-206. MARTEL, S; CARRE, PC. – Pathologies pulmonaires dans la transplantation cardiaque, hepatique et renale chez l’adulte. Rev. Mal. Resp. Nov. Vol.13. (1996) 57-70. MENDILUCE, RM. – Cuidados y complicaciones en el postoperatorio inmediato del transplante hepatico. In RIAÑO, D. et al. - Manejo perioperatorio del transplante hepatico. ELA Editores, 1993. 137-143. POWELL-JACKSON, P; POLSON, RJ; WILLIAMS, R . – Postoperative management. In CALNE, R (ed). – Liver Transplantation: The Cambridge – King’s College Hospital. Grune & Stratton, Inc. 1987. 2ª Edição. 253-291. STRONG, RW. – 1998 Distinguished academician lecture: Hepatic resection – a western perspective. Ann. Acad. Med. Singapore. Maio. 28:3 (1999) 330-335.

Por: Carla Luzia Apolinário Vicente Pimenta Fisioterapeuta Hospital Curry Cabral Lisboa Portugal


Reflexões Sobre o Ensino de Fisioterapia.

Por: Dra. Melissa Medeiros Braz Dr. Francisco Antônio Pereira Fialho

1. Resumo O artigo a seguir se propõe a realizar em reflexão, embasada bibliograficamente, sobre a prática do ensino de Fisioterapia na parte de realização de estágios. O texto trata particularmente do Estágio de Ginecologia e Obstetrícia, realizado pelos alunos da UDESC-Florianópolis na Maternidade Carmela Dutra. O estágio é realizado diariamente e tem duração de um mês, com carga horária de 110 horas. O Estágio tem por objetivo proporcionar a vivência da profissão na área de Ginecologia e Obstetrícia dentro de um hospital, sendo a prática subsidiada por referenciais teóricos. Observa-se uma grande dificuldade dos alunos de adequar a teoria acadêmica à prática, o que acarreta em alguns problemas, que o artigo pretende referenciar e discutir. 2. Palavras-Chave Aprendizagem, Ensino, Fisioterapia

3. Introdução Este trabalho pretende compreender as perspectivas no ensino da Fisioterapia, mais especificamente na parte prática do aprendizado, na realização de estágios em hospitais, fase plena de desafios e rica em aprendizado para o professor. Na minha prática profissional como professora e supervisora de estágio, às vezes me deparei com alunos preparados na teoria, com conteúdos decorados mas não elaborados e aplicados à realidade; alunos que não conheciam a realidade de um hospital ou mesmo das camadas mais pobres da população que, com seu vocabulário erudito e a extrema preocupação no desempenho das técnicas, não conseguiam enxergar e atingir o Ser Humano que estava diante deles, não conseguiam apreender sua história e nem aprender com ela, preocupavam-se em desempenhar bem as técnicas e reabilitar o físico, sem querer olhar, respeitar, amar e aprender com o paciente. Este, para mim, é o grande desafio de um professor do estágio - além de compartilhar pressupostos teóricos, partilhar a magia de estar com outro ser e a grandeza de poder conhecer seu legado mais sagrado - sua intimidade. Sou supervisora de estágio na área de Fisioterapia em Ginecologia e Obstetrícia - trabalhamos com mulheres grávidas, no momento do parto e depois dele; antes e após cirurgias ginecológicas e com mulheres com câncer. Acompanhamos muitos dos períodos importantes da vida de uma mulher: a menarca (primeira menstruação) e as cólicas menstruais; o início da atividade sexual; a gravidez; o parto e o período pós-parto, com os cuidados com o bebê; o climatério e a menopausa; promovendo a saúde, provendo informações e técnicas que garantam a saúde total e uma melhor qualidade de vida. Neste ponto, percebo que não só a educação dos alunos é importante, mas também a de nossos pacientes que, muitas vezes, não conhecem seu próprio corpo e a fisiologia de “ser mulher” - e a ignorância implica em cuidados inadequados, preocupações desnecessárias e perpetuação de tabus, limitações no viver e até mesmo na instalação de doenças. Cabe ao professor a educação para o sentimento, para o conhecer-se e conhecer a cultura de sua terra, de seu povo, de respeitar o falar errado do paciente, suas angústias e seus anseios, ampliando seu olhar de fisioterapeuta não somente para o corpo, mas também para a história de vida do paciente, escrita no corpo e na alma. Percebo, em minha prática profissional, a comprovação da teoria holística (Ferguson,1980; Chopra, 1988; Gerber, 1988) - as manifestações físicas da doença estão, sim, ligadas a desequilíbrios do ser - e as doenças tipicamente femininas, como problemas que conduzem a uma gravidez de alto risco ou que levam à retirada do útero ou de uma mama, geralmente estão intimamente relacionados a problemas com a feminilidade e a maternidade. Encontro muita resistência por parte dos alunos quanto a esta visão holística, já que a sua formação acadêmica é quase que completamente voltada ao corpo, às doenças do corpo e à cura do corpo, numa visão mecanicista e newtoniana


de tratar e curar a parte doente, e não de olhar para o todo. É responsabilidade do professor ensinar este olhar. Outro problema bem comum, que também vem dos bancos acadêmicos, é a perspectiva de trabalhar com a doença, com a cura de problemas já instalados e não com a saúde, prevenção e a totalidade. O trabalho se propõe a realizar uma reflexão embasada bibliograficamente sobre a educação e a prática da Fisioterapia, com suas peculiaridades e desafios, a fim de garantir melhor qualidade de ensino e maior riqueza de vivências para os alunos, enriquecendo sua formação acadêmica com uma prática rica, baseada na aprendizagem por descoberta e no respeito à história pessoal de cada aluno. 4. Desenvolvimento A cognição ocorre dentro de um sistema vivo e está sujeita às limitações do sistema biológico. O processo pedagógico ocorre a partir de trocas do ser com o sistema em que está inserido, que modifica a ambos (linha pedagógica). A ação pedagógica sobre o biológico gera uma episteme. Então o ser biológico, frente à sua interação com o meio, vai construir uma visão de mundo, uma percepção da realidade, através da qual baseiam-se os seus atos. A episteme é o significado individual, é a forma de ver diferente, a interpretação do processo históricopedagógico combinado com a biologia. O biológico sofre um processo histórico-pedagógico para formar a sua episteme. (FIALHO, 1998) Ferguson (1980) considera o aluno como um sistema aberto, em interação com o ambiente, que recebe informações, as integra e usa. As informações são incorporadas à vivência única de cada aluno. Assim, o professor deve ser aberto, estabelecendo um bom relacionamento, pressentindo necessidades e dificuldades não-verbalizadas, conflitos, esperanças e temores. Ao professor cabe respeitar a autonomia do aluno, ajudando a formular perguntas, mais que exigindo respostas. (FREIRE, 1999) Ferguson (1980) inclui como responsabilidade do professor despertar a auto-estima e a segurança do aluno, ampliando sua auto-imagem e despertando-o para o seu próprio potencial. O ambiente de aprendizagem deve favorecer a curiosidade, criatividade, reflexão crítica, respeito, interatividade, cooperação, participação, corporificação das palavras pelo exemplo. (FREIRE, 1999) O estágio é um período caracterizado pela aprendizagem por descoberta, que parte da ação, levando a um saber fazer. A aprendizagem por descoberta é baseada no erro. Nada transforma mais do que a experiência, por que nela estão integrados nossos sentimentos, emoções e intuições, sem separações artificiais. É na vivência, especialmente junto às pessoas que podemos interagir e potencializar em muito aquilo que aprendemos. O conhecimento liberta e pode nos conduzir a uma vida mais plena e feliz, na medida em que o apliquemos de fato. Na aprendizagem por descoberta envolvem-se alguns elementos que trazem uma carga emocional muito forte devido ao processo de descoberta e ação envolvida no mesmo, permitindo desta forma que sejam percorridos caminhos moldados à realidade e experiências já vivenciadas, o que toma um aspecto extremamente significativo na fixação do conhecimento. (FIA-

LHO, 1998) Maturana (1999) ressalta a importância das emoções em nossas vidas - afirma que todos os nossos atos são baseados em emoções, que as nossas emoções vão influenciar toda a nossa visão de realidade e, consequentemente, os nossos atos. Para o autor, a emoção mais importante e criadora é o amor, que deve ser estimulado em todas as relações. Maturana (1999) ressalta a importância da educação da formação de novas crenças, processo que ocorre nas relações estabelecidas e que podem mudar as emoções, propiciando uma nova visão e a manifestação do amor. As relações permitem que o indivíduo entre em contato com suas crenças através de outros olhos, uma observação diferente baseada na história de vida do outro e esta troca de experiências propicia uma consciência crítica e a criação de novos pensamentos, novas emoções e novas realidades. Na aprendizagem por instrução a carga emocional é menor, pois o objeto de estudo ou pesquisa está pronto e a disposição geralmente de forma verbal ou textual, destinando-se a ser transferido ao receptor. (FIALHO, 1998) Pode-se dizer que a aprendizagem por instrução cuida do saber, enquanto a aprendizagem por descoberta dedica-se ao saber fazer, em outras palavras, pode-se entender e compreender regras destinadas a execução de uma determinada atividade, isso é saber. Mas executar, realizar os procedimentos associados a essas regras está associado ao saber fazer. Assmann (1998) defende que “a aprendizagem revela-se em uma cadeia complexa de saltos qualitativos da auto-organização neuronal da corporeidade viva”, ainda reforça que “se aprende a partir de experiências de aprendizagem, ao contrário de simples memorizações de conteúdos.” Deve-se desenvolver vivências personalizadas de aprendizagem que obedeçam à coincidência entre processos vitais e processos cognitivos que privilegiem a capacidade de acessar, decodificar e manejar os conhecimentos disponíveis. A corporeidade, a morfogênese, a prazerosidade e as emoções devem ser privilegiadas, sob o risco de tornar o processo educativo desinteressante, enfadonho e ultrapassado. O aprendente é um ser com suas peculiaridades, diverso, com várias habilidades cognitivas e dotado de inteligências múltiplas, um sistema aberto de qualidades, cujas buscas e necessidades são individuais, mas que poderá colaborar com o grupo e aprender com ele. É um ser inconcluso, transcendente, que não se limitará ao aspecto corpo, mas é corporeidade viva em busca de seus significados e do próprio significado da vida. (ASSMANN, 1998; FREIRE, 1999; MONTENEGRO e NEVILLE, 1999) O ensino deve dar ênfase ao aprender a aprender e ao aprender a ser. (FONSECA, 1998; DELORS, 1996) No processo de aprender a aprender, o sujeito deixa de adquirir conhecimentos acumulados pela cultura em que está inserido e passa a construir seus próprios significados, se constituindo como indivíduo. O aprender a aprender ocorre quando se automatiza o processo de abstração reflexiva (Montenegro e Neville, 1999), que nos leva a pensar o nosso próprio pensamento, ou, nas palavras de Maturana e Varela (1995), quando observamos, de forma sistemática, nossos próprios estados internos. É a transferência geral de princípios, atitudes, habilidades de pensamento crítico e estratégias de solução do problema. Aprender a aprender é automatizar o processo de fazer abstrações reflexivas que poderão ser usados mais tarde. É


desenvolver estratégias que possibilitem permanecer envolvidos: investir esforços e pensar profundamente sobre o que se está aprendendo, monitorar seu próprio entendimento enquanto aprende-se, discriminar como usar diferentes estratégias, quando e por que aplicá-las. “Aprender a aprender é adquirir um conhecimento e por analogia descobrir onde pode ser usado aquele aprendizado. É generalizar, é perceber o próprio pensamento” (FIALHO, 2000). Aprender a aprender é um processo, enquanto apenas aprender está ligado ao produto. No processo de aprender a ser, o aprendente é capaz de construir seus próprios significados. A educação deve contribuir para o desenvolvimento total da pessoa – espírito e corpo, inteligência, sensibilidade, sentido estético, responsabilidade pessoal, espiritualidade. Todo o ser humano deve ser preparado, especialmente graças à educação que recebe na juventude, para elaborar pensamentos autônomos e críticos e para formular os seus próprios juízos de valor, de modo a poder decidir, por si mesmo, como agir nas diferentes circunstâncias da vida. “O desenvolvimento tem por objeto a realização completa do homem, em toda a sua riqueza e na complexidade das suas expressões e dos seus compromissos como indivíduo, membro de uma família e de uma coletividade, cidadão e produtor, inventor de técnicas e criador de sonhos. (DELORS, 1996) Por fim, o professor deve explicar ao aluno que a aprendizagem é uma jornada, um processo que dura toda a vida. (FERGUSON, 1980). 5. Conclusão A educação deve estar baseada no respeito ao aluno, à sua individualidade e história de vida, propiciando um ambiente de relações adequadas à troca e que estimule a auto-estima e o amor. A aprendizagem que respeita o aluno leva em conta sua experiência e vivência pessoal, não é restritiva nem impositiva, mas amplia e acrescenta. O aprender é contextualizado, voltado à prática e ao cotidiano, ensina o aluno a pensar e buscar suas respostas. É valorizado o aprender a aprender, o aprender a viver e o aprender a ser. É uma aprendizagem cheia de emoções, que reconhece sua importância na incorporação do conhecimento, valorizando o erro e a aprendizagem por descoberta.

6. Bibliografia ASSMANN, Hugo. Reencantar a Educação - rumo à sociedade aprendente Petrópolis: Vozes, 1998. CHOPRA, Deepak. Cura Quântica. São Paulo: Best Seller, 1988. DELORS, Jacques. Educação - Um Tesouro a Descobrir. São Paulo: Cortez, 1996. FERGUSON, Marilyn. A Conspiração Aquariana. Rio de Janeiro : Record, 4o ed. 1980. FIALHO, F.A.P. Introdução ao Estudo da Consciência. Curitiba: Genesis, 1998. FONSECA, Vitor da. Aprender a Aprender a Educabilidade Cognitiva. Porto Alegre: ArtMed, 1998. FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia. Paz e terra, 1999. GERBER, Richard. Medicina Vibracional. São Paulo: Cultrix, 1988. MATURANA, H. VARELA, F. A Árvore do Conhecimento. Campinas: Editorial PSY, 1995. MATURANA. Emoções e Linguagem na Educação e na Política. Belo Horizonte: Editora UFMG, 1999.

Dra. Melissa Medeiros Braz Mestranda em Engenharia de Produção e Sistemas da UFSC Dr. Francisco Antônio Pereira Fialho Doutor em Engenharia de Produção e Sistemas da UFSC


Os Efeitos Positivos da Corrente de Baixa e Média Frequência Associados ao Método Kabat na Paralisia Facial Periférica. Por: Dra. Fernanda M.Vendicto Romano Dra. Margarete Jardinetti Dr. Eduardo M. Romano RESUMO Esse trabalho científico foi realizo no ambulatório de fisioterapia da UNOESTE de Presidente Prudente - SP. Teve como sujeitos 4 adultos, sendo 2 do sexo masculino e 2 do sexo feminino, todos portadores de paralisia facial periférica. O presente estudo teve como objetivo restabelecer os movimentos da mímica facial e sua estética, utilizando a eletroterapia e a cinesioterapia como tratamento. Após aplicação do tratamento foi conseguida uma recuperação total da mímica facial nos pacientes submetidos ao programa de tratamento. INTRODUÇÃO Segundo J. Cambier (1988), a Paralisia Facial Periférica também conhecida como Paralisia de Bell ou a “frigore” é caracterizada por uma paralisia do conjunto dos músculos da face comprometendo por igual os territórios faciais superior e inferior. A expressão fisionômica do paciente assume uma importância considerável ao permitir o imediato reconhecimento da afecção em causa. As paralisias infra-nucleares ou a nuclear são as que constituem a Paralisia de Bell, que resulta de uma lesão intrínseca do nervo craniano. Essa paralisia é geralmente unilateral, onde se nota assimetria da face tanto no repouso como nas tentativas de movimento voluntário. Ocorre um desvio dos traços fisionômicos para o lado são, as rugas frontais do lado afetado são apagadas, a fenda palpebral aumentada (logoftalmo), o piscar está ausente e o globo ocular eleva-se na tentativa de fechamento da pálpebra. A pessoa com paralisia não consegue, sorrir, inflar a bochecha do lado afetado, a assoviar, assoprar, nem falar com facilidade (disartria). Pode-se ainda se associar, uma abolição das secreções lacrimais e salivares, uma ageusia dos dois terços anteriores da língua e uma hiperacusia desagradável, provocando total alteração dos movimentos da face e interferindo na estética facial do paciente.Wilson Luiz Sanvito, (1981). MATERIAL E MÉTODO Como foi dito anteriormente, esta pesquisa foi realizada na Clínica de Fisioterapia da Universidade do Oeste Paulista, de Presidente Prudente S.P. Teve como sujeitos quatro adultos, dentre eles, sendo dois indivíduos masculinos e dois femininos, com idades entre 37 e 61 anos, apresentando Paralisia Facial Periférica em uma das hemifaces.

Foram realizadas avaliações específicas para a Paralisia Facial Periférica, contendo: anamnese, escala de cotação para a musculatura da face, escala de cotação do grau de sincinesias, reflexos e sinais ausentes e preservados da hemiface comprometida seguindo escala de avaliação segundo Lacôte, M., Avaliação clínica da função muscular. Após as avaliações foram realizados o tratamento utilizando corrente de baixa freqüência (Diadinâmicas de Bernard modo R.S.); média freqüência (Corrente Interferencial vetorial) e LASER de AsGa associadas ao método Kabat (Facilitação neuromuscular proprioceptiva). Os pacientes receberam tratamento fisioterápico com sessões de duração de 45 minutos, 3 vezes por semana, com total de 9 dias de tratamento para cada paciente. Após o término dos 9 dias de tratamento, os pacientes foram submetidos a uma nova reavaliação para se verificar os ganhos de movimentos da mímica facial da hemiface comprometida RESULTADOS E DISCUSSÃO Realizadas as avaliações iniciais nos quatro pacientes, foram observadas no paciente 1, portador de Paralisia Facial Periférica á direita, as alterações como disartria, desvio da rima bucal para o lado íntegro e parestesia da língua; à palpação apresentou leve diminuição do tônus na hemiface direita e presença de quadro álgido na região mentoniana. Com relação as provas musculares, os músculos da sobrancelha, pálpebra, nariz e lábios apresentaram cotação 1 para musculatura, B para o tônus e I para sincinesia. Os reflexos e sinais estavam ausentes para sinal de negro, logoftalmo, reflexo mentoniano, glabelar e superficial corneano. O sinal de Bell estava presente à D. A pressão de grosso e médio calibre e a unilateral foram realizadas pela paciente com leve pressão, insuflava a bochecha passando o ar para o lado comprometido provocando grande escape de ar. Quanto a elevação do lábio da face comprometida, utilizando o músculo canino, apresentou sincinesia com cotação II. O paciente 2 apresentou Paralisia Facial Periférica à esquerda, com sinais de edemaciamento da boca e parestesia da hemiface E, com desvio da rima bucal para o lado íntegro e disartria. No exame físico foi encontrado hipotrofia na região maxilar da hemiface E. Na palpação, encontrou-se hipotonia na região frontal e maxilar, com hipersensibilidade térmica na região frontal e ganglionar.


Nas provas musculares, os músculos da sobrancelha e pálpebra apresentaram cotação 1 para musculatura, B para tônus e I para sincinesia, com exceção do músculo orbicular do olho, entretanto os músculos dilatadores do nariz apresentaram cotação 1. B. I. e o constritor, músculo mirtiforme, com cotação 3. B. I. Os músculos dilatadores e constritor dos lábios apresentaram cotação 1. B. I, com exceção do músculo mentoniano com cotação 2. B. I. Os músculos canino e o zigomático se apresentavam com sincinesias de cotação III. Quanto aos reflexos e sinais, o reflexo de Bell foi o único presente, a pressão de grosso e médio calibre e a unilateral foram testadas apresentando leve pressão. O paciente 3, apresentou Paralisia Facial Periférica á direita, com edema entre a região auditiva e a zigomática da hemiface comprometida, com leve hipotrofismo da mesma hemiface. Nas provas musculares, os músculos da sobrancelha, pálpebra, nariz e lábios, apresentavam cotação 2 para a musculatura, B para o tônus e III para sincinesias. Quanto aos reflexos e sinais, o sinal de Bell, logoftalmo, negro, mentoniano e o superficial corneano estavam ausentes; já o reflexo glabelar, se apresentava presente bilateral. A pressão de grosso e médio calibre, e a unilateral foram realizadas pelo paciente com leve pressão. Paciente 4, apresentava Paralisia Facial Periférica á direita, com parestesia da face direita e língua, com leve hipotrofismo na hemiface comprometida. Nas provas musculares dos músculos da sobrancelha, pálpebra, nariz e lábios, foi confirmada, cotação 2 para a musculatura, B para o tônus e III para as sincinesias. Quanto aos reflexos e sinais, o único presente era o sinal de Bell, os demais se apresentavam ausentes. O paciente realizou o teste de pressão de grosso e médio calibre e a unilateral apresentando leve pressão. Aplicada a avaliação inicial, foi aplicado o tratamento, conseguindo após o término das 9 sessões, para o paciente 1 uma recuperação total dos músculos do quadrante superior; os do quadrante inferior apresentaram recuperação parcial em virtude da presença de alterações emocionais interferindo na terapia. O paciente 2 apresentou total recuperação dos movimentos faciais, recuperando, desta forma, sua própria estética facial. O paciente 3 apresentou total recuperação dos músculos do quadrante superior e inferior da face, com leve persistência de edema na região zigomática. O paciente 4 apresentou total recuperação dos movimentos faciais, com exceção do músculo mirtiforme, que apresentou déficit leve. CONCLUSÃO Após a realização do tratamento e nova avaliação para cada paciente, notou-se grande evolução no quadro disfuncional. Observou-se que a eletroterapia associada a cinesioterapia restabeleceram a mímica facial, obtendo-se uma reabilitação total dos movimentos faciais com número pequeno de sessões de tratamento. Desta forma, atingiu-se o objetivo proposto de reabilitar os

BIBLIOGRAFIA APOSTILA, Enraf Nonius Pelfit, Correntes Diadinâmicas, 1986, pág. 2-45. APOSTILA, Enraf Nonius Pelft, 1986, pág. 5-32. APOSTILA, do 1 Curso de Atualização em Eletrotermoterapia e laser de londrina, Profº Sérgio Jorge, Profº Nelson Fuirine Júnior e Engenheiro Glauco José Longo, pág. 1-25 (Corrente Diadinâmica) (R.S.), Interferencial, pág. 80-136, (Corrente Interferencial), pág. 168-213 (Laser Diodo). DANIELS, Lucille, Provas de Função Muscular, 4ª edição, editora Interamericana, cap. 1, pág. 154-163, 1981, Rio de Janeiro. DELISA, Joel A. , Medicina de Reabilitação Princípios e Práticas, editora Manole Ltda, cap. 11, 1992, pág. 225, Volume 1, São Paulo. DORETTO, Dário, Fisiopatologia Clínica do Sistema Nervoso Fundamentos da Semiologia, 2ª edição, editora Atheneu, 1996, cap. 9, pág. 262-265 e 270-274, São Paulo. GUTMANN, A. Zauner Fisioterapia Actual, , Editoral Jims, 2ª edición, pp. 27-29. LUCENA, Antônio C. T., Fisioterapia na Paralisia Facial Periférica, editora Lovise Ltda, cap. 5, pág. 19-20, São Paulo. LACÔTE, M. , Avaliação Clínica da Função Muscular, editora Manole Ltda, cap. 1, 1987, pág. 22, São Paulo. MACHADO, Ângelo B. M. , Neuroanatomia Funcional, 2ª edição, editora Atheneu, 1991, cap. 20, pág. 173-174, Rio de Janeiro e São Paulo. NITRINE, Ricardo, A Neurologia que todo Médico deve saber, 2ª reimpressão, editora Santos Maltese, 1991, cap. 1, pág. 35-36, São Paulo. REVISTA Fisioterapia, Método Kabat na Paralisia Facial Periférica, volume 4, Julho e Setembro 1993, ano 1, pág. 14-19, São Paulo. SOBOTTA, Atlas de Anatomia Humana, Volume 1, 18ª edição, editora Guanabara Koogan S.A., 1982, pág. 134-148. SANVITO, Luiz Wilson, Propedêutica Neurológica Básica, 4ª edição, editora Brasil, 1981, cap. 20, pág. 191-192, São Paulo. VOSS, Dorothy E, Facilitação Neuromuscular Proprioceptiva, editora Panamericana, 1987, cap. 3, pág. 336-339, São Paulo.

AUTORA: Dra. Fernanda M.Vendicto Romano - Especialista. Profª Supervisora de Estágio em Fisioterapia Cárdio-pulmonar e UTI Geral da UNOESTE. Orientadora: Dra. Margarete Jardinetti - Mestra. Profª Supervisora de Estágio em Fisioterapia Neurológica Adulta e da Disciplina de Neuroanatomia da UNOESTE. Co-orientador: Dr. Eduardo M. Romano - Especialista. Profº Supervisor de Estágio em Fisioterapia Ortopédica e Traumatológica, Disciplina de Fisioterapia Nas Afecções Ortopédicas e Traumatológicas e da Disciplina de Métodos e Técnicas de Avaliação da UNOESTE.




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