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“Volta de quem nunca foi”. Calma, calma, parece título de filme de terror, mas se trata apenas de uma forma alegre de expressar esse momento importante que é retomar os trabalhos junto a Revista Fisio&terapia. Durante esse período afastado do corpo editorial em virtude de outros compromissos assumidos, sempre mantive um contato estreito com toda equipe da revista, sempre com a mesma liberdade de opinar, criticar, mas acima de tudo o prazer de “ler” a revista com “outros olhos”, os olhos do assinante, e pude descobrir o que muitos de vocês gostariam de ver, interagir e participar. Tal processo foi fundamental para aceitar o convite do Dr. Oston Mendes para assumir o cargo de Diretor de Edição, assim, eu que um dia “vi” a revista com os olhos de produtor, posso agora, após ter passado por um período de “leitor tradicional”, em conjunto com as opiniões de vocês leitores
torná-la cada vez mais interativa, atendendo ainda mais a massa crítica profissional e acadêmica de todo país, haja visto que nosso objetivo é agradar de norte a sul. Aproveito a oportunidade para convidá-los a nos escrever, enviar e-mail, telefonar dando suas sugestões de matérias e colunas que gostariam de ler na SUA REVISTA. Afinal trabalhamos para vocês. Um grande abraço e conto com todos. Dr. Fabiano Moreira da Silva CREFITO-4 31938-F Coordenador e professor do Curso de Fisioterapia da Univaço. Delegado Regional do Crefito-4 no Vale do Aço. Gerente de Saúde do Município de Ipatinga-MG. Diretor Geral da Fisioeventos Ltda. Diretor de Edição da Revista Fisio&terapia. Editor do Jornal Fisiovale.
04 - Agenda de Eventos. 06 - Cartas.
07 - Pós-Graduação. O que é? 08 - Diálogo Profissional Sobre Uro-Ginecologia. 11 - Entrevista com Dra. Maura Seleme. 12 - Entrevista com Dr. Fabiano Moreira da Silva. 16 - Informática e Fisioterapia. 20 - Reabilitação em Câncer de Mama. 24 - Artigo Dr. Hildeberto Lopes dos Santos.
26 - A Importância do Estudo da Imagem e Esquema Corporal em Pacientes com AVC. 28 - A Utilização das Bolas Suíças, Como Meio Facilitador no Aprendizado e
Conscientização Corporal na Dança do Ventre.
Diretor e Editor Dr. Oston Mendes Diretora Comercial Luciene Lopes Diretor de Edição Dr. Fabiano Moreira da Silva Diretora de Correspondentes Karine Garcia Santos Assistente de Redação Diogo Santos Gerente de Produção Márcio Amaral Jornalista Responsável Rafael Vieira Rodrigues RJ
Assessoria Jurídica Dr. Walter Lambert de Brito Como Assinar: A Revista Fisio&terapia é uma publicação bimestral e somente é vendida por assinatura. As assinaturas podem ser feitas pelos telefones ou pelo Site onde você pode imprimir seu boleto bancário. Telefones: (21) 2249-8190 (21) 2294-9385 www.fisioon.com.br
Fale com a Redação: Comentários, sugestões, dicas, escreva para Revista Fisio&terapia. R. José Linhares, 134 - Leblon - RJ Cep: 22430-220 A Revista Fisio&terapia não se responsabiliza por cartas e artigos assinados. Programação Visual e Web Desing Uq programação visual marcio@fisioon.com.br 3
Veja a agenda completa da Revista Fisio&terapia no site.
www.fisioon.com.br DESC. DATA CURSO CIDADE UF. TELEFONES JULHO Em Julho Terapia Manual Método Maitland - Robert Nee - EUA São Paulo SP (43) 325-7656 / 336-1107 / 0800-43-7008 Em Julho Fisioterapia Terapêutica Cuba (11) 4799-5069 Em Julho Fisioterapia Terapêutica Geriátrica Cuba (11) 4799-5069 Em Julho Fisioterapia Asma Bronquial Cuba (11) 4799-5069 Em Julho Fisioterapia Terapêutica para Diabetes Cuba (11) 4799-5069 Em Julho Fisioterapia para a Terceira Idade Cuba (11) 4799-5069 Em Julho Fisioterapia Sistema Locomotor Cuba (11) 4799-5069 Em Julho Cultura Física Terapêutica p/ Fisio. (Mestrado) Cuba (11) 4799-5069 Em Julho Pós-Graduação de Reabilitação Pulmonar da UVA Rio de Janeiro RJ (21) 2574-8800 / 0800-24-6112 Em Julho Pós-Graduação de Fisioterapia Cardio-Respiratória da UVA Rio de Janeiro RJ (21) 2574-8800 / 0800-24-6112 Em Julho Pós-Graduação de Fisioterapia em Oncologia da UVA Rio de Janeiro RJ (21) 2574-8800 / 0800-24-6112 Em Julho Pós-Graduação de Reabilitação Cardio-Vascular da UVA Rio de Janeiro RJ (21) 2574-8800 / 0800-24-6112 Em Julho Pós-Graduação de Aurículomedicina Reflexa da UVA Rio de Janeiro RJ (21) 2574-8800 / 0800-24-6112 Em Julho Pós-Graduação de Fisioterapia do Trabalho da UVA Rio de Janeiro RJ (21) 2574-8800 / 0800-24-6112 Em Julho Pós-Graduação de Fisioterapia Labiríntica da UVA Rio de Janeiro RJ (21) 2574-8800 / 0800-24-6112 10% 03 a 07 Fisioterapia Aplicada à UTI Neonatal (30h) Rio de Janeiro RJ (21) 2422-2041 / 2278-6123 / 9866-5915 04 a 06 1ª Jornada Amazonense de Fisioterapia Manaus AM (92) 622-3377 8% 05 a 07 Fisioterapia Estética e Eletroterapia em Estética Corporal São Paulo SP (11) 3079-0925 / 3168-2592 06 Pós-Graduação em Ventilação Mecânica da UVA Rio de Janeiro RJ (21) 2293-7002 / 2293-6678 10% 06 e 07 Biomecânica - Módulo VI Rio de Janeiro RJ (21) 2422-2041 / 2278-6123 / 9866-5915 10% 06 e 07 Reabilitação Vestibular - Módulo III Rio de Janeiro RJ (21) 2422-2041 / 2278-6123 / 9866-5915 10% 06 e 07 Manipulação Terapêutica Avançada - Terapias manuais São Paulo SP (11) 6996-2645 / 6952-2035 10% 10 a 14 Semiologia Cardiovascular Respiratória (30h) Rio de Janeiro RJ (21) 2422-2041 / 2278-6123 / 9866-5915 10% 11 a 14 Enaf Bahia Salvador BA (71) 332-7069 / (35) 3222-2344 14 Câncer de Pele Rio de Janeiro RJ (21) 2225-7635 22 a 27 XIX Curso Nacional de Fisioterapia Respiratória Rio de Janeiro RJ (21) 3084-5799 / 3084-5399 / 9388-4101 10% 24 a 28 VIII ENEEFISIO e I ENAFISIO João Pessoa PB (83) 216-7550 / 9969-8811 26 a 28 Curso de Bolas Suíças Rio de Janeiro RJ (19) 422-1066 / 422-1771 / 433-2321 27 e 28 Revisão Músculo Esquelético / Unidade Inferior (Londrina) Londrina PR (43) 339-6235 / 322-4071 28 a 02 Curso de Osteopatia (2ª Turma) Fortaleza CE (85) 246-0349 / 99973-6908 AGOSTO Em Agosto Bandagem Funcional Método Jenny McConnell - Austrália São Paulo SP (43) 325-7656 / 336-1107 / 0800-43-7008 Em Agosto 1º Encontro de Fisioterapia da UNIGRANRIO Duque de Caxias RJ (21) 9986-4072 10% Em Agosto Reabilitação Vestibular - Módulo II Rio de Janeiro RJ (21) 2422-2041 / 2278-6123 / 9866-5915 10% 03 e 04 Manipulação Terapêutica Avançada - Terapias manuais São Paulo SP (11) 6996-2645 / 6952-2035 10% 03 e 04 Biomecânica - Módulo VII Rio de Janeiro RJ (21) 2422-2041 / 2278-6123 / 9866-5915 03 e 04 Fisio. Respiratória no Leito e no Ambulatório - Módulo I Niterói RJ (21) 2610-2626 04 Neurociências Aplicados à Clínica e Tto. de Lesões do S.N. Rio de Janeiro RJ (21) 2562-6150 / 2590-3842 / 2590-4891 Esp. 07 a 11 Técnicas Viscerais e Cranianas / Módulo II Rio de Janeiro RJ (21) 2570-8920 / 2285-4564 15% 08 a 11 Ergonomia para Fisioterapeutas São Paulo SP 0800-28-24252 8% 09 a 10 Drenagem Linfática Manual Pré e Pós Cirurgia São Paulo SP (11) 3079-0925 / 3168-2592 09 a 11 Assistência Ventilatória Invasiva e Não-Invasiva Rio de Janeiro RJ (21) 2438-1756 15 a 19 Mobilização Neural Rio de Janeiro RJ (21) 2543-8434 5% 16 a 18 Mulligan Nova Friburgo RJ (22) 2523-8863 / 9836-7331 / 9909-9461 10% 17 Bases Neurofuncionais para Fisioterapia - Módulo I Rio de Janeiro RJ (21) 2422-2041 / 2278-6123 / 9866-5915 17 e 18 Curso de Escoliose Rio de Janeiro RJ (21) 3084-5799 / 3084-5399 / 9388-4101 17e 18 Fisio. Respiratória no Leito e no Ambulatório - Módulo II Niterói RJ (21) 2610-2626 18 a 23 Curso de Osteopatia (1ª Turma) Belo Horizonte MG (31) 3227-1662 / 3227-1172 21 a 23 3ª Semana Acadêmica de Fisioterapia da UEPA Belém PA (91) 9986-6258 / 9603-9337 23 a 25 Curso de Terapia Manual e Postural - Módulo II Fortaleza CE (85) 242-9444 10% 24 Bases Neurofuncionais para Fisioterapia - Módulo II Rio de Janeiro RJ (21) 2422-2041 / 2278-6123 / 9866-5915 10% 24 e 25 Bola Suíça Nova Friburgo RJ (22) 2523-8863 / 9836-7331 / 9909-9461 10% 24 e 25 3ª Turma de Biomecânica - Módulo I (88h) Rio de Janeiro RJ (21) 2422-2041 / 2278-6123 / 9866-5915 24 e 25 Fisio. Respiratória no Leito e no Ambulatório - Módulo III Niterói RJ (21) 2610-2626 28 a 31 Jornada de Fisioterapia em Pneumologia da UCSAL Salvador BA (71) 9971-4804 29 a 01 Radiologia - Apoio Instituto Philippe Souchard Salvador BA (71) 331-8905 / 331-6272 10% 30, 31 e 01 Drenagem Linfática Corporal Nova Friburgo RJ (22) 2523-8863 / 9836-7331 / 9909-9461 10% 31 Bases Neurofuncionais para Fisioterapia - Módulo III Rio de Janeiro RJ (21) 2422-2041 / 2278-6123 / 9866-5915 10% 31 e 01 3ª Mostra de Fisioterapia do Vale do Aço Ipatinga MG (31) 3826-5766 / 3092-0037 / 9126-7126 www.fisioon.com.br 4
CRIE - NPC RPG
Centro de Reabilitação Integrada Dra. Elisabeth
CURSOS EM FISIOTERAPIA MÉTODO MULLIGAN
Phillipe Souchard – Outubro/2002
Dr.Palmiro/Dr.Edelberto – Agosto/2002
ANATOMIA PALPATÓRIA
CERVICAL (Avançado RPG)
Dra. Lília Junqueira – Outubro/2002
DERMATO FUNCIONAL
Rita Menezes – Novembro/2002 Dra. Eliane Guirro – Agosto/2002 CADASTRE-SE PARA RECEBER INFORMAÇÕES SOBRE CURSOS BRASÍLIA - DF / Fone: (61) 340-2344 / 340-6830 Fax. 347-5457 / e-mail crie@terra.com.br
CURSOS
INTERNACIONAIS/2002/2003
ValériaFigueiredo
Terapia Manual:
MÉTODO MAITLAND - Terapia Manual (São Paulo)
CURSOS
Robert Nee-EUA-Coluna e Membros - (Julho/2002 e Janeiro/2003)
MÉTODO MULLIGAN - Terapia Manual - (São Paulo e Rio de Janeiro)
Kim Robinson e Toby Hall – Austrália - (Novembro/2002) Coluna e Membros
DE
FISIOTERAPIA
Hidroterapia:
MÉTODO BAD RAGAZ – ( São Paulo )
Peggy Schoedinger – EUA (Outubro/2002)
MÉTODO HALLIWICK - (São Paulo)
MOBILIZAÇÃO NEURAL - Terapia Manual - (São Paulo e Rio de Janeiro)
Kim Robinson e Toby Hall - Austrália - (Novembro/2002)
MOVIMENTO COMBINADO/Algias da ColunaAvançado do Maitland
Peggy Schoedinger - EUA - (Outubro/2002)
HIDROTERAPIA NAS ALGIAS - (São Paulo)
Peggy Schoedinger – EUA (Outubro/2002)
HIDROTERAPIA EM NEUROLOGIA - (São Paulo)
Julie e Judy – Austrália (Dezembro/2002) Kim Robinson e Toby Hall - Austrália - (Março/2003) - (São Paulo e RJ) HIDROTERAPIA EM ORTOPEDIA 1ª RPG - PELO SISTEMA AUSTRALIANO - (São Paulo)
Kim Robinson e Toby Hall - Austrália - (Março/2003)
no ve Bra z sil
Maiores Informações:
E TERAP. MANUAL - (São Paulo)
Julie e Judy – Austrália - (Dezembro/2002)
(43) 325-7656, 336-1107 ou 0800-43-7008 /
MÉTODO KABAT O curso tem a aprovação da “Associação Internacional do Método”, seguindo rigorosamente suas exigências. Nossa proposta é: curso rápido, prático, de aplicação imediata e o mais importante, “atualizado” , pois como nossas instrutoras são da Associação Internacional do Método Kabat, estaremos trazendo o que há de mais atual. O Método: É um trabalho de cinesioterapia que, através de estímulos proprioceptivos, tem como objetivo aumentar a resposta muscular e, consequentemente, melhorar a função do paciente. O Curso: Altamente aplicável para casos de neurologia e ortopedia. 80% de prática. Assuntos abordados: • Padrões de Tronco (escápula, pélvis) • Padrões de Membro Superior e Membro Inferior • Transferências dentro do desenvolvimento motor (supino, supino para sentado, sentado, sentado para de pé, de pé). • Marcha Local: São Paulo Data: Setembro/2002
Site: www.vfcursos.com.br / E-mail: vfcursos@vfcursos.com.br 5
Mais de 400 pessoas na Jornada Catarinense de Fisioterapia. Mais de 400 pessoas, entre fisioterapeutas, médicos ortopedistas, terapeutas ocupacionais e estudantes participaram, de 23 a 25 de maio, da 7ª Jornada Catarinense de Fisioterapia Ortopédica e Traumatológica, no Centreventos Cau Hansen (Teatro Juarez Machado), em Joinville (SC). Durante estes três dias, o evento, que contou com uma feira paralela, funcionou como centro de estudos, reciclagem e troca de experiências, propiciando o desenvolvimento do conhecimento dos participantes. A promoção foi do Centro Integrado de Fisioterapia (CRV). “Como frear o ritmo acelerado dos acontecimentos do mundo moderno um desafio diário? Como acompanhar, sem
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perder a direção, os fatos que destacam a fisioterapia como uma das mais importantes formas de assegurar a mulheres, homens e crianças, a postura ideal, o movimento preciso e o procedimento adequado para prosseguir na rotina acelerada, com saúde e qualidade de vida? Sim, há muito que ver, ouvir e reformular para não ficar de fora deste turbilhão de informações, que transformam conceitos, aperfeiçoam técnicas, equipamentos e atuações”, ressalta o organizador da Jornada, o fisioterapeuta Cláudio Vezaro. O evento, este ano, deu ênfase principalmente a problemas que acometem a articulação do ombro, quadril, joelho, tornozelo, pé e as lesões desportivas.
“Na jornada do ano passado, falamos dos problemas relacionados à coluna, entre outros”, revela Cláudio Vezaro. Participaram como palestrantes, entre outros, André Bergamachi Demore, André Casagrande, Mauro Moura e Marco Antônio Schueda, médicos de Joinville, além dos profissionais da área médica e fisioterapêutica de São Paulo, Curitiba, Porto Alegre e Londrina, como Rogério Teixeira da Silva, Maurício Garcia, José Felipe Marion Alozza, José Alberto Gonçalves, Beno Ejnismann, Mauro Superti, Luciene Bittencourt, Elcimar Reis, Edilson S. Thiele, Débora Grace Schnarndors e Nelson Akio Shirabe. Fernando Pinto Júnior Assessor de Imprensa.
Pós-graduação. O que é? Uma palavra cada vez mais usada no nosso cotidiano, porém, poucas pessoas sabem realmente o que significa. Pós-graduação é um curso feito após o término da graduação e que para ter valor como título acadêmico, precisa estar enquadrado em uma destas situações: * Pós-graduação Strictu – Sensu - Mestrado - Doutorado * Pós-graduação Lato – Sensu - Aperfeiçoamento Profissional - Especialização Os cursos de Pós-graduação Strictu-Sensu na área de Fisioterapia no Brasil ainda são poucos, em virtude da escassez de fisioterapeutas Doutores para assumir as linhas de pesquisa. O jeito é fazer Mestrado ou Doutorado em áreas da ciência básica que mais se aproximem da sua área de interesse (morfologia, anatomia, biofísica, fisiologia, etc...). Esta pode ser uma excelente experiência, apesar de à primeira vista não parecer; afinal, o aprofundamento dos fisioterapeutas clínicos na ciência básica pode ser uma ponte que una a teoria à prática. Quanto aos cursos de pósgraduação Lato-Sensu, estes vêm se proliferando bastante nos últimos anos (principalmente as especializações) e existem várias opções para o profissional. A especialização é um curso que se caracteriza pelo seguinte: - Carga horária: A carga horária mínima é de 360 horas. - A disciplina de metodologia da pesquisa é obrigatória e o curso que não oferece a disciplina de didática não habilita o profissional à docência.
- É obrigatório que pelo menos 50% do corpo docente seja Mestre ou Doutor. Já a Pós-graduação Lato Sensu Aperfeiçoamento Profissional deve ter uma carga horária mínima de 180 horas e deve conter a disciplina de Metodologia da Pesquisa. O aperfeiçoamento profissional não habilita o profissional à docência. Os cursos de Pós-graduação Lato Sensu são normatizados pela Resolução Federal 001/2001.
Dra. Solange Canavarro
porque você “não sabe nada daquilo”, opte por se especializar em alguma área na qual você já tenha alguma experiência e à qual se dedique. - É recomendável que o pós-graduando saiba ler em inglês, pois é a língua em que está escrita a maior parte dos artigos científicos. - Fazer pós-graduação não é apenas assistir às aulas. É necessário ler os artigos recomendados pelos professores a fim de suscitar novas dúvidas e enriquecer a discussão durante os seminários. - A especialização deve ser uma época especial da sua vida em que você prioriza o seu crescimento profissional. Não procure uma pós se você não tem certeza de poder se dedicar. Talvez ainda não seja o momento certo... - Invista no seu futuro!!! Faça sua pósgraduação render para o resto da sua vida!!! As dificuldades virão no decorrer do curso mas, enfrente-as e você descobrirá uma força que nem sabia que tinha... Solange Canavarro
Ao escolher uma pós-graduação, aconselhe-se com os alunos das turmas anteriores, veja se o curso é sério, se a coordenação é presente, pergunte sobre a qualificação do corpo docente, veja se o curso está organizado de forma coerente e se há carga horária suficiente para que o professor possa se aprofundar nos temas propostos. Dicas para aproveitar ao máximo sua pós-graduação: - Não escolha uma área de concentração
A Profa. Solange Canavarro é coordenadora dos cursos de pós-graduação Lato Sensu em Fisioterapia Ortopédica; Fisioterapia Neurológica; Fisioterapia em UTI, Fisioterapia em Neuropediatria e Fisioterapia em Home - Care da parceria Ciência em Movimento - Universidade Estácio de Sá. As inscrições para as turmas de agosto de 2002 estão abertas. Maiores informações: (21) 9407-2302 (Raquel) 7
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Reabilitação em Câncer de Mama.
Dra.’s Silvia Bacelar, Rosana Lucena, Márcia Gonçalves, Mônica Tugores e Rosa Vargas.
O paciente que sobrevive ao câncer passa por momentos distintos: O primeiro é um imenso alívio em ter vencido a doença, o segundo é a frustração de se deparar com as li-mitações decorrentes das seqüelas da doença ou de seus tratamentos, assim como o possível desconforto de sentir-se estigmatizado pelo câncer. A paciente que sobrevive ao câncer de mama quer mais do que tão somente a vida. Sua expectativa é de que a vida seja o mínimo possível alterada pela doença e pelo tratamento. As formas tradicionais de avaliação dos efeitos do tratamento do câncer, tais como sobrevida global ou livre de doença, resposta tumoral e toxicidade, devem ser somados dados de qualidade de vida. Desta forma, cada paciente com câncer é um candidato potencial à reabilitação - o processo de prevenir ou diminuir as disfunções físicas e psicossociais que resultam do câncer e do seu tratamento. Uma palavra chave na discussão da reabilitação é prevenção. Se o dano físico ou emocional puder ser considerado desde o início, a paciente com câncer estará em um caminho mais próximo para reassumir suas atividades normais, a rotina de sua vida. Em um momento inicial do adoecer de câncer, a paciente confronta-se com uma busca do significado da doença, medo da morte, das seqüelas, da mutilação e do desconhecido. Um movimento na busca da reabilitação pela paciente, ocorre em um momento posterior quando realiza o contato com problemas de relacionamento familiar e social, e busca uma adaptação à doença e suas conseqüências. A equipe de saúde deve procurar integrar esse processo futuro de reabilitação desde um planejamento inicial de tratamento.
Neste sentido, torna-se primordial garantir uma boa relação entre a paciente e a equipe de saúde. Na abordagem do diagnóstico e possibilidades de tratamento devem-se considerar as diferenças individuais das pacientes quanto às reações, desejo de informação e de participação nas decisões. É importante determinar a quantidade de informação e o nível de participação que a paciente deseja ter para que se estabeleça uma estratégia adequada. Quando a paciente busca a informação, pode não fazê-lo exatamente para controlar o resultado de seu tratamento, e sim para reduzir a sua ansiedade e o medo do desconhecido. O médico deve encorajar a paciente a expressar seus medos, o que irá conduzílo a determinar a informação correta que ela necessita. Nos tratamentos atuais do câncer, a qualidade de vida do paciente é de fundamental importância. Desta forma, o profissional de reabilitação torna-se peça fundamental na equipe multidisciplinar de tratamento, seja ele fisioterapeuta, psicólogo, cirurgião plástico, etc. As conseqüências físicas dos tratamentos da mama, aparecem com freqüência
diretamente proporcional à radicalidade do tratamento, podendo assumir maior ou menor importância em função de outros fatores, tais como: suporte familiar, recursos sócio-econômicos, estado emocional, e outros. Restrições à movimentação do ombro e alterações de sensibilidade, podem estar presentes em até 100% das pacientes tratadas cirurgicamente (Tabela 1). - Restrição funcional pós-operatória do ombro: Pacientes submetidas a esvaziamento axilar, apresentam dificuldade à movimentação do ombro com limites álgicos. Orientação: Adequada com relação a exercícios durante a internação e após a alta, deve ser dada às pacientes ainda no pré-operatório. Em relação aos exercícios amplos com o ombro homolateral, parece ser consenso o fato de que o início dos mes mos do 1° ao 5° dia de pós-operatório, embora apresente melhora imediata da mobilidade, geram aumento significativo na incidência de seromas, só devendo-se então iniciar movimentos de flexão e abdução do ombro em todo o seu arco no mínimo após o 7° DPO.
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Outros movimentos do membro superior devem ser iniciados precocemente. O espessamento vascular (fibrose de vasos linfáticos) presente em 40 a 50% das pacientes submetidas a linfadenectomia axilar, aparece geralmente de 6 a 8 semanas após a cirurgia. Estes vasos mostram-se como cordões, mais visíveis na interlinha articular do cotovelo à extensão do mesmo com concomitante elevação do membro. Com os exercícios os vasos se rompem espontaneamente, porém, massagens com anestésicos tópicos antes dos exercícios dão ótimos resultados. Aderências nas incisões cirúrgicas são motivo de restrição à mobilidade do ombro e dor à movimentação, e devem ser tratadas com massagens e outras técnicas de descolamento. - Alterações de Sensibilidade: Disestesia na face medial do braço (sensação de almofada embaixo do braço) ocorre pela lesão do nervo intercostobraquial, já sendo observada no pós-operatório imediato. Intercostobraquialgia é pouco freqüente, e responde mal à técnicas fisioterápicas de tratamento, sendo ideal o encaminhamento precoce ao clínico de dor. Hipoestesias e hiperestesias em plastrão ou mama são tratadas com estimulação ou dessensibilização respectivamente. Terapia com ultra-som pode ser administrada criteriosamente em casos de dor. Pode ocorrer a mama fantasma (sensação de presença da mama após a mastectomia), que tende a regredir sem nenhuma intervenção. - Outras Complicações Escápula alada ocorre por lesão do nervo longo torácico levando a dor e impotência funcional do ombro. Deve ser tratada com fisioterapia (estimulação neuromuscular) tão logo seja detectada. Com relação à radioterapia, sabe-se que pacientes previamente irradiadas apresentam maior incidência de complicações pós-operatórias, e que a irradiação das cadeias de drenagem da mama aumenta significativamente a incidência de linfedema. Pode ocorrer, embora raramente, complicações como lesão actínica de plexo braquial ou radionecrose, levando a perdas funcionais importantes. - Fadiga Oncológica: A fadiga é uma queixa comum entre pacientes com câncer, chegando a afetar www.fisioon.com.br 10
até 70% dos pacientes durante quimio e radioterapia. Existem relatos de que a deterioração da condição física pode persistir durante anos após o término do tratamento em até 30% dos pacientes que sobrevivem ao câncer. A origem da fadiga é multifatorial e aspectos psicológicos aparecem como fator etiológico importante, além da anemia, deterioração do estado nutricional, distúrbios do sono, alterações bioquímicas secundárias à doença e ao tratamento, e redução do nível de atividade. A doença é seguida por uma síndrome astênica que consiste em dois componentes: um objetivo (perda da “performance” física), que pode ser medido quantitativamente com testes e exames físicos; e outro subjetivo. Como todo fenômeno subjetivo, a percepção da fadiga depende da experiência passada e pode variar nos diversos momentos do tratamento na medida em que se torne crônica. Gradualmente, o paciente com câncer se acostuma a sua deterioração física. Assim, os parâmetros subjetivos de avaliação do paciente vão se modificando durante o curso da doença, alterando o seu relato. A deterioração física pode resultar do aumento da dependência, diminuição da auto-estima e da redução das atividades sociais. Pode ser interpretada pelo paciente como um sinal de piora da doença, levando ao aumento do “stress” emocional. Por outro lado, pacientes depressivos e ansiosos tendem a reduzir suas atividades, permanecendo maior tempo em casa, adotando uma atitude mais passiva, o que contribui para diminuir o seu condicionamento muscular e a “performance” física. Promoção de programas de atividades físicas podem favorecer, trabalhos que preconizam programas de treinamento aeróbico reportam uma melhora significativa da “performance” física e estabilidade emocional nos pacientes, assim como programas de atividade aeróbica interferem nas complicações da quimioterapia. Dimeo e Cols estudaram pacientes submetidas a altas doses de quimioterapia e transplante de medula óssea participaram de estudo randomizado com programa de treinamento aeróbico usando bicicleta ergométrica apresentam menor perda em sua condição física, assim
como menor duração de neutropenia e trombocitopenia, menor severidade da diarréia e dor, e redução no tempo de internação, determinando as vantagens da atividade física aeróbica ainda durante a hospitalização. Com grupo semelhante de pacientes, após o término de seu tratamento com altas doses de quimioterapia e transplante de medula óssea pacientes submetidas a condicionamento físico aeróbico apresentaram melhor performance física, concentrações mais altas de hemoglobina e ao contrário do grupo controle não apresentaram fadiga nas atividades diárias. Segundo De Vita, os efeitos da imobilidade são observados nos sistemas músculo-esquelético, cardiovascular, respiratório, endócrino, urinário, digestivo e apresentam repercussões na pele (úlceras), resultando em aumento significativo dos problemas psicológicos e sociais. A fadiga seguida aos tratamentos oncológicos (cirurgia, radioterapia, quimioterapia) pode ser o fator determinante do aumento do tempo de permanência no leito em pacientes oncológicos. - LINFEDEMA O linfedema de membro superior é uma conseqüência freqüente de todas as cirurgias de mama acrescidas de esvaziamento axilar. Segundo Casley Smith, 1/3 das partes tratadas por tumores da mama desenvolvem linfedema, cuja gravidade é variável, podendo ser discreto sem repercussões, como muito grave, acarretando restrições funcionais, problemas estéticos e até perdas profissionais. O linfedema se desenvolve a partir de um desequilíbrio entre a demanda linfática e a capacidade do sistema drenar a linfa. Sendo as proteínas de alto peso molecular extravasadas para o interstício absorvidas exclusivamente pelo sistema linfático através do linfático inicial, no momento que o mesmo perde sua capacidade de escoamento por destruição ou obstrução de via linfática em algum ponto de seu trajeto, ocasiona estagnação da linfa no vaso, e posterior extravasamento de volta ao interstício. O aumento da concentração de proteínas no meio vascular gera alteração da pressão osmótica, e acarreta a presença definitiva de fluído no interstício, o que constitui o linfedema.
Os métodos de avaliação do edema são perimetria, volumetria e tonometria, e da função linfática a linfografia e a linfocintilografia. A melhor abordagem no tratamento do linfedema é sempre a prevenção. O tratamento fisioterápico que apresenta melhores resultados é a Fisioterapia Complexa Descongestiva (Complex Descongestive Physiotherapy), e consiste em 4 pontos: I – Cuidados com a pele; II – Massagem de drenagem; III – Enfaixamento compressivo; IV – Exercícios linfocinéticos. C.D.P. (Complex Descongestive Physiotherapy). É a combinação de técnicas mais utilizadas atualmente. Foi descrita inicialmente por Foldi, e sua teoria baseia-se nos fatos de que o êxtase linfático se inicia no quadrante torácico do lado operado e evolui para o M.S., e de que é possível a formação de vias alternativas de drenagem tanto nos quadrantes torácicos, quanto nos próprios membros (comprovado também pelo Dr. Leduc em laboratório de anatomia). A C.D.P. consiste em 4 pontos: I – Cuidados com a pele; II – Massagem de drenagem; III – Enfaixamento compressivo; IV – Exercícios isocinéticos. Esta técnica vem sendo amplamente utilizada nos diversos países, eventualmente acrescido de Benzopirona, bombas compressivas e outros. O tratamento por nós recomendado
vem sendo utilizado há alguns anos, com redução importante do linfedema e poucas recidivas, e consiste em: 5 a 6 semanas consecutivas de fisioterapia, combinando massagem descongestiva – Foldi; Bomba seqüencial de 10 (dez) câmaras – Lymphapress, pressão entre 40 a 50 mmhg; Hidroginástica (exercício + pressão hidrostática); num total de 90 minutos, após o que o M.S. é enfaixado com atadura não elástica Comprilan, pelas 21 horas restantes. Após a redução máxima do volume do membro, é feita medida para confecção de malha JOBST, cuja pressão varia entre 30, 40 e 50 mmhg, em função da severidade do edema. A desvantagem deste método é a estrutura necessária para seu desempenho, tendo em vista a piscina e instalações de banho.
AUTORAS: Silvia Bacelar - Fisioterapeuta do INCA, Mestre em Radiologia - UFRJ, Doutoranda em Radiologia - UFRJ, Coordenadora Geral do Serviço de Fisioterapia do Hospital Quinta D’OR Rosana Lucena - Fisioterapeuta, Supervisora do Serviço de Fisioterapia do INCA – Hospital do Cancer I, Coordenadora do Serviço de Fisioterapia do Hospital Quinta D’OR Márcia Gonçalves - Fisioterapeuta do INCA, Coordenadora do Serviço de Fisioterapia do Hospital Quinta D’OR Mônica Tugores - Fisioterapeuta do INCA Rosa Vargas - Psicóloga do INCA REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: 1. COATES A. Quality of life and supportive care. Supp Care Can 5: 435-438, 1997 2. MORGEN R.G., CASLEY-SMITH J.R. et al. Complex physical therapay for the lymphoedematous arm. J Hand Sur (British vol. 1992) 17B: 437-441. 3. SAY C.G., DONEGAN W. A bioestatistical evaluation of complications from mastectomy. Surg Gyn & Obst 1974, 138:370-376. 4. FÖLDI E., FÖLDI M. et al. The lymphedema chaos: a lancet. Plast Surg 1989, 22(6): 505-515. 5. PETREK J.A., LERNER R. Limphedema - Diseases of the breast. In: Delisa JA, Miller RM, et al. Rehabilitation of the cancer patients. 6. De VITA JR V., HELLMAN S., ROSEMBERG S. Cancer: Principles and pratices of oncology. 3° Ed. 1989. J.B.Lippincot C o m p a n y. P h i l a d e l p h i a . p . 2 4 8 9 . 7. CASLEY-SMITH J.R. Modern treatments of lymphedema complex phisical therapy: the first 200 8.GERBER L. Rehabilitation management for woman with breast cancer: maximizing functional outcomes. In: Diseases of the breast. Edited by Jay R. Harris, Marc Lippman, Monica Morrow and Samuel Hellman. Lippincott-Raven Publishers, Philadelphia.1996 p. 939-947.
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Entrevista. Dr. Fabiano Moreira da Silva Revista Fisio&terapia: Dr. Fabiano Moreira, você é o coordenador de curso de fisioterapia mais jovem do Brasil além de outros cargos não menos importantes, nos fale um pouco de sua trajetória. Dr. Fabiano Moreira: Minha trajetória foi bem interessante, eu ingressei na Universidade Gama Filho no Rio de Janeiro em agosto de 1995 e ao chegar lá, sentia que era o caminho certo, sei lá, parecia que algo me dizia que coisas especiais estavam reservadas para mim. No início de 1997 conheci a Revista Fisio&terapia através de um anúncio, liguei para redação a fim de me tornar um correspondente e o Dr. Oston Mendes e João Marcelo, Editores da Revista na época confiaram em mim e começei então a desenvolver trabalhos de divulgação da Revista dentro da minha própria faculdade. Os meses se passaram e as coisas deram tão certo que fui promovido e convidado a continuar meu trabalho de divulgação dentro da redação, não mais apenas para a UGF, mas para todo o Brasil. Mais uma vez correspondi às expectativas e em pouco tempo assumi o cargo de Diretor de Publicidade. Neste período, consegui colaborar muito com a Revista (palavras do Dr. Oston), colocando-a em evidência em todas as Faculdades de Fisioterapia do Brasil e até algumas no
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exterior. Em agosto de 1999 veio minha graduação e o dilema, ficar no Rio ou voltar para Ipatinga – MG minha terra natal? Após o apoio da Revista que me garantiu o emprego para que eu desse seqüência ao trabalho mesmo estando em Ipatinga, decidi voltar, aliado ainda a uma proposta de trabalho em uma clínica que acabou não se concretizando. Me vi desempregado por um tempo (trabalhando com a Revista é claro, mas sem estar atendendo), não desanimei e sabia que Deus iria me ajudar, não deu outra, ao me oferecer para trabalhar voluntariamente na casa da Esperança (entidade filantrópica que presta assistência integral a portadores de deficiência física ou mental) a presidente da instituição, Maria Lúcia Valadão (“Tia Lúcia”) que sempre teve por mim um carinho de Mãe, não só aceitou meus préstimos, mas me contratou, sem ter condições, mas fez isso por mim (e diga–se de passagem nunca tive um dia de salário atrasado). Com o tempo fui ganhando meu espaço, atendendo muitos pacientes domiciliares, até que com muito trabalho, consegui comprar o serviço de Fisioterapia da Korpus Academia. Em 2000 fui convidado pelo prefeito Chico Ferramenta e pela primeira dama Cecília Ferramenta, para assumir
a gerência de uma das unidades de saúde do município (cargo este, nunca ocupado por um Fisioterapeuta antes), aceitei o desafio e é prazeroso poder participar e ajudar a traçar os rumos da saúde pública. Deste momento em diante, ficaria difícil conciliar todas as funções e pedi um afastamento da Revista Fisio&terapia, prontamente aceito pelo Dr. Oston e em dezembro de 2000 fui indicado juntamente com o colega Dr. Vinícius Lana pela maioria absoluta dos Fisioterapeutas do Vale do Aço para pleitear a implantação de uma Delegacia Regional do Crefito – 4, e emuma reunião com o presidente do conselho Dr. Hildeberto Lopes e o secretário geral Dr. Márcio Delano, nosso pedido foi prontamente aceito e tomamos posse em fevereiro de 2001, tendo nossa sede oficial inaugurada em março de 2002. Mas a generosidade de Deus é tão grande, que em Junho de 2001 fui convidado para assumir a coordenação e dar aulas no curso de Fisioterapia da Univaço. Durante esses 3 anos realizo anualmente a Mostra de Fisioterapia do Vale do Aço e neste mês estarei lançando o Jornal FISIOVALE, um informativo bimestral sem fins lucrativos e de distribuição gratuita a todos os profissionais do Vale do Aço. A mais nova empreitada é o meu re-
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torno a Revista Fisio&terapia, desta vez com o cargo de Diretor de Edição onde pretendo juntamente com o Dr. Oston lançar novas sessões na Revista e melhorar ainda mais a qualidade dos artigos publicados. Preparem-se que muita coisa nova vem aí! F&T. Não te assusta, tantas conquistas e responsabilidades sendo tão jovem? Dr. F. No início sim, e por muitas vezes tive que evitar exageros, mas hoje, apesar dos meus 25 anos de idade, aprendi e amadureci muito, quero aprender cada vez mais é claro, mas isso tudo não afetou “negativamente” meu ego. Me relaciono muito bem desde lideranças políticas e estudantis até a comunidade que atendo. F&T. Você faz parte de uma pequena parcela de Fisioterapeutas que ocupa cargos comissionados (de confiança) em administração publica, na sua opinião, por que isso acontece? Dr. F. Falta ao Fisioterapeuta despertar para o lado administrativo da profissão e buscar destaque nesta área, a maioria ao se graduar sai com um perfil claro: “Montar uma clínica”, ou “ir par um hospital”. Quanto maior o número de colegas inseridos em funções como essa, maior o poder de crescimento direto ou indireto para profissão. F&T. Como está o trabalho a frente da delegacia do CREFITO? Dr. F. Muito bem. Somos a maior sede de todas do Brasil e temos o apoio absoluto da maioria dos profissionais,. Temos um ótimo relacionamento com toda imprensa da região e sempre que requisitamos, temos total espaço. Além da inauguração desta sede, temos “fechado
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o cerco” com fiscalizações e garantia de qualidade de atendimento à população, além de estarmos apoiando as clínicas contra o abuso dos planos de saúde. Mas tudo isso graças ao total apoio e colaboração do nosso Presidente, Dr. Hildeberto Lopes dos Santos. F&T. Como Delegado regional como você analisa o atual momento político da Fisioterapia? Dr. F. Ruim. Mas já estamos esboçando novas perspectivas, haja visto as mudanças de direções em alguns conselhos. Quando digo ruim, não é só o Fabiano que acha isso, existe uma insatisfação geral dos Fisioterapeutas e Terapeutas Ocupacionais, principal-mente em relação ao COFFITO, os anos passam e não vemos mudanças ou ações substanciais que beneficiem as duas profissões. F&T. Você faz parte da chapa de oposição nas eleições do COFFITO, o que te motivou a se engajar neste projeto? Dr. F. Gostaria de deixar claro que não existe oposição a pessoas especificamente, existe sim oposição ao atual modelo administrativo. Recebi o convite do Dr. José Euclides, analisei a proposta de trabalho, opinei e digo com a maior certeza, os ideais são os melhores possíveis. E o que me mais motivou é a necessidade de pessoas novas “sangue novo” lá em Brasília, não porque sou novo, pois não há idade para se ter flexibilidade, mas estes requisitos têm faltado, e muito atualmente. Só espero que as “pendências” jurídicas permitam que as eleições, que já eram para ter acontecido, realmente aconteçam e caso algo der errado, que os colegas do Brasil
todo façam um protesto público. F&T. Como estamos em ano de eleições estaduais e federal, o que você espera deste pleito para a Fisioterapia? Dr. F. Somente com o número de Fisioterapeutas, Terapeutas Ocupacionais e estudantes somos capazes de eleger um senador, deputado federal e no entanto não temos sequer um vereador Fisioterapeuta ou Terapeuta Ocupacional. Enquanto é muito comum Médicos, Advogados, Engenheiros, ocuparem cargos legislativos e executivos. E isso é prejudicial, pois quando precisamos de amparo aos nossos projetos e necessidades, temos que recorrer a outros colegas, onde seria obvio que se tendo representantes de nossa profissão a luta seria constante e objetiva. Já passou da hora de almejarmos sonhos mais altos. Nossa classe precisa se unir em prol de nomes para nos representar. O que eu sugiro aos colegas de todo Brasil, é que, em caso de não terem colegas candidatos, buscarem nomes que se comprometam em representar nossa profissão caso sejam eleitos. F&T. Entre as mais de 300 faculdades de Fisioterapia do Brasil, você é o coordenador mais jovem da história, como você encara esta realidade? Dr. F. Com muita responsabilidade, mas muito feliz, pois faço parte de um processo que mesmo lentamente já vem acontecendo em nosso país, que é a valorização e crédito aos jovens. Acredito que meu êxito na administração deste curso esteja fundamentado na abertura total que tenho com meus alunos, na UNIVAÇO eles têm VEZ e VOZ e também, talvez, pelos
nossos ideais estarem próximos em virtude da diferença de idade não ser muito extensa. Agradeço muito aos primeiros diretores da instituição que acreditaram e depositaram em mim total confiança e hoje estou mais feliz ainda, pois com a chegada da CESVALE, dirigida pelo Dr. Nicolau e também pela Dra. Jussara, continuei privilegiado no cargo onde foi explicitado todo o reconhecimento ao bom trabalho que eu venho desempenhando. F&T. Em se falando de faculdades, como você vê o atual modelo de aberturas de escolas de Fisioterapia no Brasil? Dr. F. Com muita preocupação, pois estamos caminhando a passos largos para a total desproporção da oferta de emprego em relação ao número de profissionais. Além de se autorizar a abertura de escolas, os órgãos competentes também deveriam criar mecanismos para viabilizar a inclusão rápida dos recém–formados no mercado de trabalho. F&T. Além de coordenador, você também leciona? Dr. F. Sim, sou professor em duas disciplinas e considero fundamental que o coordenador lecione a seus alunos, é uma forma de estar em constante contato com os mesmos, o que facilita na resolução e intervenção precoce em possíveis dificuldades. F&T. Você falou que receberá a visita do Dr. Nilton Petrone na UNIVAÇO, é algum motivo especial? Dr. F. Muito especial, estaremos inaugurando nosso laboratório de Fisioterapia e convidei – o “filé” para ceder seu nome ao nosso espaço, ele gentilmente aceitou e virá na solenidade. Tal convite
se justifica em 2 fases: “devemos homenagear as pessoas enquanto elas estão entre nós” e “o Nilton teve e tem um papel importantíssimo no crescimento de nossa profissão, não só no Brasil, mas no mundo”; ele merece! F&T. No IV Gama Fisio, você ministrou uma palestra de Neuropediatria, essa é a área de atuação que você mais gosta? Dr. F. Minha paixão por Fisioterapia não tem limites, mas confesso que sempre fui fascinado por crianças, daí gostar muito de Neuropediatria foi um pulo. Mas durante a graduação tive um ótimo estágio nesta área no CEI de Quintino (governo do estado do Rio de Janeiro) e após formado trabalhei na casa da Esperança em Ipatinga, onde pude colocar em prática os conhecimentos nesta área. F&T. Você se formou no Rio, seus amigos de graduação são daqui, não te passa pela cabeça um dia voltar? Dr. F. Bem (risos...) recentemente eu recebi um convite para lecionar em uma faculdade aqui do Rio de Janeiro. Estou muito feliz por ter sido lembrado, mas ainda estou analisando as possibilidades antes de tomar qualquer decisão. F&T. Quais são os planos para o futuro? Dr. F. Bem, já diz o ditado: “O futuro a Deus pertence”, mas o ser humano é movido a sonhos e, se não almeja outras situações você estaciona e isso nos dias atuais pode decretar seu retrocesso. Pretendo continuar dando seqüência com o mesmo êxito que tenho conseguido em minhas funções, mas o principal sonho atual é poder colaborar com as mudanças que a Fisioterapia e Terapia Ocupacional necessitam.
Aproveito o gancho da pergunta para recomendar a leitura do livro “Quem mexeu no meu queijo?” de autoria de Spencer. Ao lerem vão entender detalhadamente o que quero dizer e muito mais. F&T. Qual a mensagem que você gostaria de passar aos nossos leitores? Dr. F. Lembrem-se: A dignidade do trabalho não está na aparência nem no lucro, ela é medida pela forma como é realizada, visando o progresso e o bem estar dos outros. Quem trabalha com esta postura, traz dentro de si um tesouro incalculável. Um abraço a todos, e obrigado pela entrevista.
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UNIVAÇO - “CONSTRUINDO O FUTURO” A UNIVAÇO tem buscado inovar oferecendo como diferencial pedagógico a interação entre os cursos mantidos, visando proporcionar a seus alunos uma formação profissional dentro do contexto atual do mercado. Com modernos laboratórios desde o ciclo básico até o profissionalizante, o curso de Fisioterapia apresenta notória qualidade, passando por programas de reciclagem acadêmica e parcerias estabelecidas com entidades da região viabilizando projetos como “Fisioterapia Cidadã”, Unifisio e Jornadas Acadêmicas.
Nova gestão CESVALE 17
Informática e Fisioterapia. Informe Publicitário A informática evoluiu muito nestes últimos 20 anos. Além de seus inúmeros benefícios no dia a dia de todos nós, permitiu a criação de equipamentos na área da saúde cada vez mais modernos e mais computadorizados. Para o fisioterapeuta, a informática pode proporcionar hoje aplicativos para gerenciamento completo de suas clínicas ou consultórios. O uso de um software no consultório permite realizar desde as funções mais simples, como cadastro de clientes, consultas, controle de atendimentos, até a utilização de relatórios, controles financeiros, inúmeras ferramentas e principalmente a facilidade no acesso a uma determinada informação. Hoje, o profissional que opta pelo uso do computador em seu consultório dificilmente volta a trabalhar com agendas de papel para marcação de consultas, fichas para cadastro, etc. O usuário acaba se tornando um dependente do computador na medida em que facilita o seu dia a dia, organizando suas tarefas e permitindo um atendimento mais rápido, prático e moderno. Uma das empresas que produzem estes aplicativos é a Rh! Software que está no mercado há 9 anos e iniciou suas atividades na criação de software na área odontológica e atualmente disponibiliza também software médico e fisioterápico. Nos 3 produtos mencionados, o suporte ao usuário sempre foi prioritário. Através de revisões mensais disponíveis gratuitamente na Internet, o usuário mantém seu software sempre atualizado com constantes melhorias e novidades. São produtos em constante modernização. O Software Fisio Office Millenium é o gerenciador de consultórios que a Rh! Software disponibiliza no mercado há 3 anos. Um software completo, prático e moderno que incorporou os conceitos do software odontológico Dental Office que distribui há 9 anos. Estes conceitos incluem as constantes melhorias, a praticidade no uso das diversas funções e www.fisioon.com.br 18
o intercâmbio de idéias entre a empresa e o usuário. O software está disponível atualmente em 2 versões: Versão Completa: para uso em um único Computador e versão Rede para uso em clínicas ou consultórios com mais de um computador. Ambos podem ser instalados em qualquer computador com ambiente operacional Windows. A tela principal do software apresenta fichas sobrepostas que oferecem acesso imediato à ficha de cadastro, agenda e controle de guias e sessões. Na porção superior da tela botões de acesso rápido às funções mais utilizadas. A listagem de clientes cadastrados, por profissional, está disponível também na tela principal do software. O software permite o cadastro de múltiplos fisioterapeutas. Este cadastro permite o controle individualizado ou em conjunto dos clientes cadastrados, agendas, controles financeiros e relatórios. O cadastro de usuários do software é ilimitado. Os usuários podem ser cadastrados em grupos de usuários o que permite restringir o acesso a determinadas funções ou telas do programa. Senhas de acesso ao usuário e senhas de acesso às funções podem ser definidas pelo usuário. Cada usuário possui seu painel de avisos e agenda telefônica. O Fisio Office Millenium permite o cadastro de diferentes profissionais. A agenda é configurável para cada fisioterapeuta cadastrado. Podem ser configurados horários padrões de agendamento para os períodos da manhã, tarde e noite, com quaisquer intervalos entre elas. Pode-se bloquear determinados dias ou períodos, inclusive com férias e cadastro de feriados. Os agendamentos podem ser visualizados em agendas diárias, semanais, mensais ou anuais. Os agendamentos são marcados nas agendas de forma prática com opções de indicação de faltas, remarcações, motivos da consulta e duração das consultas. É possível carregar a ficha do
cliente através de um nome agendado. A ficha de cadastro dos pacientes possui todas as informações necessárias para um paciente particular ou conveniado. Pode-se incluir a foto 3x4 do paciente. Validação de CPF, busca de CEP, discador automático de telefones e envio de e-mail podem ser utilizados na ficha do paciente. A ficha de Evolução Clínica e Avaliações permite acompanhar e detalhar a evolução do paciente ao longo dos tratamentos realizados na clínica ou consultório. O Controle de Guias e Atendimentos do programa permite acompanhar os atendimentos realizados para pacientes particulares ou de convênios. O Software permite o cadastro de múltiplas tabelas de preços, particulares ou de convênios. O controle de guias para paciente conveniados permite incluir guias e definir a quantidade de atendimentos autorizados pelo convênio. Pode-se indicar a realização de cada atendimento e verificar o número de sessões em haver para o cliente. O controle de atendimentos para pacientes particulares permite verificar os atendimentos já realizados e a situação de pagamento de cada sessão. Um relatório de faturamento indica os procedimentos realizados em um determinado período, por fisioterapeuta ou pela clínica. Fichas de anamenese para cada especialidade, protocolos de tratamentos, fichas de avaliação clínica e fichas de RPG completam as informações de tratamento dos pacientes. Mais de 15 tipos de relatórios estarão sempre disponíveis para apresentar, entre outros: aniversariantes do mês, pacientes cadastrados, pacientes em débito, guias entregues, tabelas de preços, atendimentos particulares e de convênios, emissão de recibos, faltas e presenças por fisioterapeuta. O controle financeiro do software Fisio Office permite cadastrar inúmeras tabe-
las de preços, índices financeiros, valores de referência, controles bancários, gastos do consultório com previsão de despesas, calculadora, emissão de recibos, notas promissórias e boletos bancários para impressora laser ou matricial. O faturamento por período permite acompanhar os pagamentos dos clientes. Inúmeras ferramentas foram incluídas no software para tornar o software um completo gerenciador e facilitar o dia a dia do usuário. Mala Direta para emissão de etiquetas pode ser configurada para quaisquer tamanhos de etiquetas. Diversos filtros estão disponíveis, entre eles: aniversariantes, pacientes em débito, endereço da clínica, clientes especiais, indicadores, profissionais. Código Internacional de Doenças permite verificar com facilidade o código de qualquer enfermidade que o paciente apresente e incluí-la inclusive na guia do conveniado. O código das doenças está disponível também para inserção automática no atestado que pode ser impresso a qualquer momento pelo usuário. Carteirinhas do Consultório estão disponíveis em 3 modelos, inclusive com foto do paciente e dados pessoais. Cartão de consulta pode ser impresso para ser entregue ao paciente com data e hora da próxima consulta. Modelos de atestados e encaminhamentos estão disponíveis no software para impressão e personalização para cada paciente.
Editor de textos integrado ao software permite a criação de cartas simples ou para mala direta. Campos de mesclagem (nome do cliente, endereço, telefones, etc) permitem criar com rapidez cartas padrões para impressão rápida para qualquer paciente. Painel de avisos para cada usuário cadastrado no software. Os avisos poderão ser cadastrados em 3 níveis de prioridade com cores distintas para cada um deles. O painel de avisos poderá ser visualizado sempre que o software for iniciado. O painel de avisos permite também a comunicação entre um usuário e outro do software através da inclusão de lembretes. A ferramenta de backup permite a realização rápida e prática de cópias de segurança dos dados. Dois sistemas de backup estão incluídas no Fisio Office. Um backup automático é criado diariamente. O backup manual poderá ser realizado em disquete ou Cd-Rom. Através do backup o usuário poderá inclusive importar os dados atuais em outro computador que já tenha o software instalado. Este sistema permite a manutenção dos dados sempre atualizados de um computador para outro. O catálogo de imagens permite incluir inúmeras imagens para cada cliente. As imagens poderão ser ampliadas, reduzidas, comparadas lado a lado ou até mesmo editadas através do editor de imagens do software. Um campo de texto permite detalhar aspectos importantes das imagens. O usuário poderá imprimir individual-
mente ou em conjunto as imagens da galeria. O catálogo de documentos permite incluir cópias de documentos de cada cliente ou documentos da clínica para verificação e análise a qualquer momento. Apesar de conter inúmeros recursos, o software sempre se preocupou em manter o programa prático e fácil de usar. Usuários solicitam pequenas modificações e fornecem sugestões com frequência. Este intercâmbio de idéias permite a manutenção de um software em constante modernização, adequando-se sempre às necessidades de seus usuários. Revisões mensais na Internet permitem que o usuário mantenha seu software sempre atualizado. O uso de um software para gerenciamento de um consultório ou clínica de fisioterapia é fundamental. Inúmeras são as vantagens e benefícios que ela trará ao usuário na medida em que organiza os dados dos seus pacientes, permite o controle financeiro e inclui ferramentas que facilitam o gerenciamento de todas as tarefas do dia a dia. Maiores Informações: Rh Software Ltda. - São Paulo - SP Telefone: (11) 4651-2269 / 4651-1829 www.rhsoftware.com.br
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Diálogo Profissional Sobre Uro-Ginecologia.
Dra. Maura Seleme
A reeducação perineal reagrupa diferentes técnicas fisioterapêuticas que são utilizadas com o objetivo principal de melhorar o controle e as qualidades do sistema vésico-esfincteriano. Esta reeducação começou nos EUA em 1948 por Kegel que mostrou a importância desta musculatura nas incontinências e prolapsos. Nos anos 70 ela começou a se desenvolver na Europa e principalmente na França por Alain Bourcier. Desde então, esta especialidade vem se desenvolvendo cada vez mais, sendo também bastante discutida no nosso país nos últimos anos. No Brasil, inicialmente, poucos fisioterapeutas tinham esta especialidade, geralmente aqueles que dominavam as técnicas e conhecimentos fizeram curso no exterior, fisioterapeutas que tiveram a oportunidade como eu, de morar algum tempo nos EUA ou Europa. Recentemente a formação é feita no Brasil por cursos organizados por faculdades e entidades de ensino, por professores competentes e reconhecidos neste domínio. Geralmente estes cursos são de pequena duração, 3 a 4 dias, dando ao fisioterapeuta uma noção deste domínio e uma grande vontade de se especializar. E por quê não? Por que não reconhecer que está surgindo aos poucos no Brasil uma especialidade que é extremamente útil, pois segundo dados e estudos internacionais os problemas urinários chegam a atingir 10% da população de um país! Esses estudos mostram também que apesar dos grandes progressos e de toda a compreensão científica acumulada sobre o assunto, entre as milhares de pessoas que sofrem deste problema só uma pequena minoria procura tratamento adequado, pois é ainda considerado um “tabu” para se falar e a regra do silêncio impera. Nestes últimos 7 anos tenho me dedicado cada vez mais a este assunto e mediante meus estudos, congressos e também aos inúmeros pacientes de que tratei, acredito que nosso apoio, compreensão e conhecimento nesta especialidade são de grande utilidade, ou seja, a reeducação, a prevenção e a informação desta população que sofre www.fisioon.com.br 20
de problemas urinários e é composta de milhares de pessoas, faz também parte da nossa competência profissional. Mas, como trabalhar? Como ser eficaz? Em primeiro lugar, o fisioterapeuta que quiser trabalhar nesta especialidade deve ter conhecimento de todas as técnicas a serem utilizadas, saber identificálas e fazer uso quando necessário, pois é só conhecendo as diferentes técnicas de tratamento que o fisioterapeuta poderá adaptá-las de forma ideal, já sabendo que é a associação de diversas técnicas que dão os melhores resultados. Talvez aqui entre a minha primeira crítica. Como é possível ser formado em 3 a 5 dias em uma especialidade tão delicada e que requer tantos conhecimentos? Acho impossível e peço àqueles que querem realmente ver bons resultados que se especializem de uma forma mais completa e longa, antes de se aventurarem neste domínio. As formações mais curtas servem para despertar o conhecimento e estimular na busca de outras formações e estudos. Mas, indo além do domínio técnico, não se deve esquecer que o períneo é complexo, com problemas anteriores (cistocele, incontinência urinária, etc) e também posteriores (constipação, incontinência fecal, etc), e que o tratamento pode ser muito mais difícil e complexo do que se imagina. A reeducação uro-ginecológica nem sempre é tão evidente quanto parece. É preciso saber reavaliar, aceitar o erro, propor outras alternativas e sobretudo, ser capaz de recuar quando necessário. Os conhecimentos vão além das técnicas; são também anatômicos, fisiológicos e neurológicos. E todo o sucesso é baseado em um exame fisioterapêutico que deve ser completo e exaustivo para que a paciente possa ser reeducada de forma correta. Baseado em todas as técnicas e conhecimentos sobre o assunto, podemos nos perguntar – Reeducação Perineal – Onde estamos? Para responder, faço uso e referência ao trabalho do Dr. Dominique Grosse apresentado na SIFUD (Sociedade Internacional Francófona de Urodinâ-
mica) em 1995, ao trabalho de L’Agence Nationale pour le Développement de L’Évaluation Médicale (ANDEM – 1995) e às reflexões de Dr. Lantz que apareceu na revista Kiné Plus 1997 (fevereiro-março) na França. Baseado nestes autores, atualmente pode-se dizer que: 1) A conscientização perineal é melhor quando utilizada uma técnica de contato intracavitária como sonda, como o trabalho manual e a massagem. É melhor e oferece mais resultados que a orientação verbal. 2) As técnicas de biofeedback são superiores quando utilizam-se aparelhos com curvas, sons e cores, do que simplesmente o controle verbal. 3) Em relação aos múltiplos protocolos de eletroestimulação, o ideal é de 50 Hz para o trabalho muscular e de 5 a 25 Hz para inibição vesical com impulsões retangulares, de 0,5 a 1 ms de duração em corrente bifásica. 4) Os tratamentos comportamentais e as micções programadas são eficazes, mas faltam trabalhos comprovando suas vantagens. 5) A melhor obtenção de resultados é com a presença do fisioterapeuta na sessão. São resultados superiores aos obtidos com tratamentos realizados no domicílio só pela paciente. 6) A colaboração da paciente em realizar exercícios cotidianos de manutenção são fundamentais para se obter resultados duradouros. 7) Sessões de manutenção durante o ano com o fisioterapeuta e trabalho cotidiano do paciente são fatores essenciais do sucesso do tratamento. 8) As combinações terapêuticas com eletroestimulação e biofeedback fornecem resultados superiores do que somente eletroestimulação. Esses são alguns dados importantes, mas é preciso saber que a reeducação esfincteriana não se limita a simples protocolos de eletroestimulação ou de fortalecimento muscular. Existem várias outras maneiras úteis e importantes para se trabalhar nesta especialidade como: 1) Ginástica hipopressiva. 2) Técnicas de relaxamento.
3) Exercícios posturais. 4) Cones vaginais. 5) Calendários miccionais elaborados por computador. 6) Massagem perineal. 7) Exames Urodinâmicos: é fundamental o conhecimento pois são extremamente úteis para a avaliação da reeducação, além de orientar no tratamento. Além das técnicas deve-se também estar consciente do local do tratamento que deve ser extremamente higiênico e aconchegante. Mesa de exames e tratamento confortável (cama uroginecológica). A posição semi-sentada com as pernas bem posicionadas em flexão e abdução são ideais. Respeitar o pudor da paciente com aventais descartáveis, sala discreta e sem a possibilidade de outras pessoas verem a paciente na mesa. Respeitar o protocolo de utilização de sondas, onde além da lavagem, desinfecção à cada sessão, a sonda deve ser única para cada paciente (incluir no valor da avaliação). Além das técnicas, dos cuidados de instalação do consultório e dos protocolos de higiene, deve-se também, ser exigente na escolha do material de utilização. Estar convencido da sua qualidade, das garantias e das possibilidades terapêuticas que estes aparelhos oferecem. Aqueles que já são especializados em Uro-ginecologia sabem como é importante poder contar com medidas fiáveis e reprodutíveis e proporcionar ao paciente meios que possam ser visualizados e de fácil compreensão, visto que a musculatura perineal não é trabalhada da mesma forma que outros músculos como o bíceps ou quadríceps, que são
de fácil visualização e integração da paciente. Mediante estas dificuldades, felizmente hoje, pode-se contar com o apoio indispensável dos sistemas computadorizados. Ora, sabe-se muito bem que estimular um músculo sem após poder contraí-lo de forma ativa, não produz o efeito desejado, ou seja, a eletroestimulação deve recrutar o máximo de fibras, ser eficiente e após ser reproduzido ativamente pela paciente. Desta forma faz-se um trabalho inteligente e eficaz. Os sistemas computadorizados ajudam a desenvolver todos os objetivos: trabalho passivo, ativo-assistido, ativo, integração nos gestos da vida diária e também permite fazer um excelente exame clínico e um interrogatório completo. Armazenar dados para imprimí-los mais tarde. Os mais sofisticados evoluem no tempo, ou seja, podem ser reatualizados por um simples Cd-rom. PASSO A PASSO, UMA FORMA DE REEDUCAR. Em primeiro lugar, quando se começa a reeducação, inicia-se por um interrogatório e um exame fisioterapêutico completo. O ideal hoje em dia é fazer tudo isso pelo computador, pois faz ganhar tempo e também utilizar uma mesma referência para todos os pacientes. Isto torna o exame reprodutível, confiável e que pode ser explorado como dados estatísticos e trabalhos de pesquisa. Outro dado importante são as medidas de: 1) potencial de ação muscular: A paciente deve manter 10 contrações máximas de seus músculos perineais
sem se fatigar. 2) tônus de base: Medindo ao repouso a integridade das fibras musculares (estudos provam que uma diminuição do valor preconizado do tônus de base do períneo está intimamente relacionado com a incontinência urinária). Isto mostra a importância da utilização de um especulômetro no exame inicial. Em função do que se encontra no interrogatório e no exame, pode-se então propor um tratamento adequado e após algumas sessões reavaliar a eficácia do tratamento proposto. Em relação aos protocolos, geralmente antes de se aplicar as técnicas propriamente ditas (exercícios, eletroestimulação, biofeedback) é interessante analisar os diferentes aspectos anatômicos e fisiológicos e avaliar através de um Calendário Miccional (computadorizado nos fornece mais dados e análises mais precisas) os hábitos urinários da paciente: horários e quantidade de perdas de urina; e observar se com nossos conselhos e técnicas houve, após algumas sessões, mudanças significativas que nos levam a acreditar que estamos utilizando técnicas adequadas. No início do tratamento, pela minha experiência profissional, acredito que o primeiro passo é a conscientização de uma boa contração muscular, pois a grande maioria das pacientes, não tem idéia nem noção de como realizar isto corretamente e muito menos utilizar quando preciso. O ideal hoje em dia, em termos de conscientização perineal, é sem dúvida: 1 Massagem perineal (nem sempre agradável nas primeiras sessões). 2 Trabalho manual (o fisioterapeuta
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mostra com a introdução de dois dedos via vaginal, o local onde a paciente deve contrair e solicita que execute o trabalho). É uma excelente técnica, mas falta o apoio visual. 3 Biofeedback: técnica ideal por excelência, pois através da sonda, recebe-se informações na tela do computador que são visualizadas pela paciente. A cor, o som, as diferentes curvas e os objetivos a serem realizados tornam a terapia agradável, lúdica, de fácil compreensão e a participação ativa da paciente é de 100%. Os resultados são ideais e fazem com que essa técnica seja indispensável no tratamento, porque a motivação para continuar as sessões se encontram nos resultados obtidos diante das queixas e no progresso realizado pela paciente no biofeedback. Outro recurso de que se pode utilizar é a eletroterapia que, além dae: 1) Manter a contração e o trofismo muscular, 2) Favorece e estimula a propriocepção da musculatura perineal da paciente conscientizando-a de como utilizá-la quando necessária: ao tossir, ao abaixarse, ao fazer esforços; no início de forma voluntária e posteriormente de forma reflexa. Outro trabalho muito importante, é começar no computador com as curvas do biofeedback e quando a paciente não conseguir mais contrair ativamente, a corrente elétrica é empregada para estimular e manter a contração. Também nas instabilidades vesicais, dores cicatriciais e na dispareunia podem ser aplicadas a eletroterapia. Cada patologia tem determinados protocolos, que podem ser usados e trazer bons resultados. O mais importante é saber escolher o melhor protocolo e estar consciente que somente a eletroestimulação não tem praticamente nenhum valor, é a combinação do biofeedback com a eletroterapia que produzem os melhores resultados. O ideal quando utiliza-se o biofeedback e a eletroestimulação é poder anotar o progresso e um resumo de cada sessão (tipo de biofeedback, tempo de corrente elétrica, intensidade). Pelo computador esses dados são armazenados automaticamente e pode-se assim, rever e imprimir tudo o que a paciente executou. www.fisioon.com.br 22
Posteriormente à realização do trabalho feito através do computador, deve-se colocar em prática por meio dos exercícios e gestos da vida diária, o que a paciente acabou de realizar. Quatro são as formas ideais: Com uma sonda sem fio (telimetria) praticar vários gestos da vida diária. Exercício de conscientização da musculatura pélvica (com bolas, respiração...) em posições estratégicas. Exercícios hipopressivos, tal técnica inclui a alteração na distribuição de pressões, aumentando o tônus de base do períneo e conseqüentemente previnem a incontinência urinária. Também usada no tratamento desta (vários estudos mostram a incidência nefasta dos exercícios abdominais clássicos “hiperpressivos” na manutenção do tônus da musculatura pélvica). Exercícios de relaxamento (também podem ser usados no início do tratamento antes de qualquer outra técnica). Quando terminar o tratamento devese comunicar ao médico a evolução e propor uma continuidade ao tratamento quando necessário, baseado no exame final e no resumo das sessões (através do computador pode-se obter automaticamente todos os dados necessários). Acredito, pela minha experiência, que de uma forma bem resumida discorri um pouco do que é ideal em reeducação uro-ginecológica. Felizmente hoje, no Brasil, possuímos cursos de formação para nos orientar e que se referem às técnicas mais atuais no mundo, além de contarmos com equipamentos extremamente sofisticados. Eu, pessoalmente, há alguns anos utilizo o Phenix USB em termos de aparelho, não só porque é o mais moderno, mas também por ser o único que proporciona satisfação e elementos necessários para os tratamentos. Acredito que muitos já perceberam necessidade de fazer uma formação mais completa. Minha forma de ajudá-los é colocar cursos de formação em prática e orientá-los por meio de artigos sobre esta especialidade. Em artigos futuros tentarei abordar cada assunto em particular. Sou fascinada por esta área e espero logo contar com colegas que trabalhem neste mesmo domínio, e que juntos possamos trocar idéias e fortalecermos cada vez mais esta especialidade.
Dra. Maura Saleme
Dra. Maura, lendo seu artigo, gostaria de aproveitar a oportunidade e fazer uma breve entrevista: F&T: Foi em Paris que você se especializou em Uro-ginecologia? Dra. M: Sim, posso dizer que a grande maioria dos cursos que fiz foram em Paris, mas também viajei muito, durante 7 anos, fiz cursos em toda a França. F&T: Foi muito difícil voltar ao Brasil? Dra. M: Não foi não, eu já estava com saudades. Toda minha família mora aqui e além disso há algum tempo já sonhava em fazer Doutorado no Brasil, e também poder informar, formar e orientar sobre a Incontinência Urinária. F&T: Você já conseguiu realizar um pouco dos seus sonhos? Dra. M: Sim, hoje faço Doutorado na Universidade Federal do Rio de Janeiro e estou realizando em Junho uma formação completa em Uro-ginecologia. F&T: Você também criou uma Associação, a ABAFI. Por quê? Dra. M: A ABAFI é na realidade o meu maior sonho. ABAFI quer dizer Associação Brasileira de Ajuda e Formação sobre Incontinência Urinária. Meu objetivo é poder ajudar e formar fisioterapeutas, ajudar e orientar a população. F&T: Está sendo difícil trabalhar no Brasil? Dra. M: Pelo contrário. Tenho dois consultórios, o apoio da comunidade médica e alguns convênios. F&T: Hoje, após um ano e meio, qual país você prefere. França ou Brasil? Dra. M: Os dois. Sou brasileira e francesa. Para trabalhar prefiro o Brasil, pois ainda existe muito a se fazer no nosso país e isto é um estímulo para que eu possa continuar. Nas férias tento dividir um pouco aqui e um pouco em Paris para rever os amigos. F&T: E para continuar a se especializar? Dra. M: Por enquanto a Europa e sobretudo a França ainda é a melhor opção. Infelizmente no Brasil não existem muitas oportunidades de evoluir na Reeducação Uro-ginecológica. É por isso que faço parte de Associações e Sociedades na França para sempre poder estar atualizada. Vou à Europa duas vezes por ano para participar de Congressos e Cursos de Formação. F&T: Você já foi este ano? Dra. M: Sim, fui à Bélgica fazer um acordo com a Universidade para dar seguimento a minha pesquisa de Doutorado onde o tema é Incontinência Urinária, e encontrar o Dr. Marcel Caufriez, autor da Ginástica hipopressiva que é uma técnica extremamente utilizada em Uro-ginecologia. Fiquei também alguns dias em Paris para poder atualizar os programas do meu aparelho. F&T: O que significa atualizar os programas do seu aparelho? Dra. M: Eu tenho um sistema computadorizado que desde que haja novidades em Reeducação Uro-ginecológica eu posso incluí-las no meu aparelho. F&T: O que você colocou de novidade desta vez? Dra. M: Correntes Interferenciais que são excelentes para instabilidades vesicais. Eletroestimulação Condicional que é um protocolo onde desde que a paciente não consiga contrair ativamente, a eletroestimulação entra em ação. É uma mistura de biofeedback e eletroestimulação que eu ainda não tinha. F&T: Você encontra materiais e aparelhos brasileiros que possam ser utilizados nesta especialidade? Dra. M: Infelizmente não. Tudo o que possuo compro na Europa. Os aparelhos nacionais são incompletos e não oferecem um tratamento ideal. Acredito que o ISP (Instituto São Paulo) vai conseguir fechar essa lacuna. Eles hoje estão investindo nesta especialidade. F&T: Você poderia escrever um pouco mais sobre o que você pensa da Uro-ginecologia e também de que modo você trabalha? Dra. M: Sim, mas saiba que será um simples resumo e que será impossível descrever tudo o que faço de uma só vez. F&T: Isso quer dizer que você escreveria outros artigos para a Revista? Dra. M: Com muito prazer. É só pedirem e ficarei feliz em transmitir um pouco do que sei.
Dra. Maura Seleme Fisioterapeuta 1) Diplomada pela Universidade Tuiuti Curitiba/Pr. 2) Diplomada em Fisioterapia na École de Masseurkinésitherapeutes de l’Hôpital Lariboisiére à Paris – França. 3) Diploma Universitário em Exame Urodinâmico pela Faculdade de Medicina Xavier Bichat – Paris VII – França. 4) Certificados de Formações e Estágios nas Atualidades em Reeducação Uro-Ginecológicas na França. 5) Fisioterapeuta do Serviço de Reeducação – Hôpital Lariboisiére - Paris. Fisioterapeuta do serviço hospitalar interno de ortopedia, e do serviço hospitalar externo para tratamento da incontinência urinária e membro da equipe de pesquisa de Exames Fisioterapêuticos informatizados e Protocolos de Tratamento Fisioterapêutico. 6) Participante como professora na formação teórica e prática de estagiários (alunos de fisioterapia) em ortopedia e reeducação perineal, informação e orientação de trabalhos de conclusão de curso. 7) Participante no ensino das formações de especialidade em Incontinência Urinária - 19992000-2001. 8) Organizadora e palestrante do II Congresso Internacional sobre atualidades em Incontinência Urinária no Hospital Santa Cruz em Curitiba/Pr. Tema: Prevenção e tratamento conservador da Incontinência Urinária - 2001. 9) Palestrante no Curso Médico de Atualização em Temas Urológicos – promovido pela Sociedade Brasileira de Urologia - Curitiba/ Pr 2001. 10) Cursando doutorado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro - Serviço Social - Tema proposto “Incontinência Urinária”. 11) Palestrante do Curso de Educação Continuada em Geriatria e Gerontologia na Sociedade Médica de Geriatria – Curitiba/ Pr. Tema: Reeducação da Incontinência Urinária na Geriatria. 23
SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL CONSELHO REGIONAL DE FISIOTERAPIA E TERAPIA OCUPACIONAL DA 4ª REGIÃO - MG. GO. TO. DF. O CREFITO-4 E SUA FUNÇÃO JURÍDICO-SOCIAL Hildeberto Lopes dos Santos*
O trabalho, segundo a dinâmica social hodierna, transformou-se. Deixou de ser apenas um instrumento de sobrevivência para ocupar um lugar de extrema relevância no seio da sociedade. A liberdade do exercício profissional, nesse particular, reconhecida pela Constituição da República, é a tônica de que os cidadãos brasileiros se valem para a operacionalização dos meios produtivos do Brasil. A regulamentação profissional, inobstante essa válida e reconhecida liberdade, atua, por sua vez, no âmbito da valorização e aperfeiçoamento, tanto das atividades visadas pelo Estado, quanto das técnicas e métodos a serem aplicadas pelos profissionais. A deontologia, diante dessa dotação valorativa das profissões, representa o conjunto de princípios éticos que norteiam o exercício profissional. O Estado, classicamente considerado como o grande fomentador e gestor do desenvolvimento social, detém, como objetivo fundamental, dentre outros, a garantia do desenvolvimento nacional. Desenvolvimento esse, por sua vez, perpassa, indubitavelmente, pela prevalência da observância, por parte do Povo, das instituições jurídicas, aliada à prática de condutas éticas, formalmente reconhecidas. O exercício da Fisioterapia e da Terapia Ocupacional, diante disso, é regulamentado e normatizado pelo Estado que o reconhece, sobretudo, pela sua relevância institucional e pelo seu consectário social. A manutenção, preservação e aprimoramento da saúde humana, de acordo com o preâmbulo da Constituição da República, constituem-se pela forma de se gerar o bem-estar como uma função do próprio Estado. Essas profissões, por terem, eminentemente, como seu objeto de atuação a saúde humana, encontram-se regulamentadas e normatizadas por um ente Estatal, criada e instituída por lei federal para essa finalidade. O CREFITO-4 apresenta-se como essa entidade pública, Autarquia Federal, responsável e competente para a fiscalização do exercício profissional da Fisioterapia e Terapia Ocupacional no âmbito de sua jurisdição. Seus objetivos institucionais e prerrogativas são, verdadeiramente, as mesmas do Estado, pois, trata-se de uma pessoa jurídica de direito público interno. A defesa da sociedade brasileira, a valorização do exercício profissional e a estimulação da ética para a prática profissional são as bases de que se vale o CREFITO-4 para o seu desenvolvimento administrativo. Fiscalizar o exercício profissional do Fisioterapeuta e do Terapeuta Ocupacional quer como pessoa natural, quer como pessoa coletiva, além de ser um comando legal (Lei nº 6.316/75), representa uma ação efetiva do Estado, através de sua Autarquia Federal, CREFITO-4, visando à saúde humana. O CREFITO-4, no exercício de seu mister funcional, ao coibir a prática ilegal das profissões por leigos, ao autuar o profissional desidioso quanto às suas obrigações legais para o exercício da profissão, ao exigir o registro de clínicas e hospitais que se dedicam à Fisioterapia como atividade fim, pretende a aferição e a constatação da regularidade funcional do que a aplicação das penalidades previstas em lei. O CREFITO-4, não obstante, tem suas funções como indelegáveis e irrenunciáveis, não cabendo à sua Diretoria a deliberação quanto à fiscalização. Cabendo, sim, a sua realização, sob pena de responsabilidade administrativa. É de se ressaltar que há, além do CREFITO-4, outras entidades inerentes à Fisioterapia e a Terapia Ocupacional. Os Sindicatos e as associações. Os sindicatos, dessa forma, têm www.fisioon.com.br 24
competência para a representatividade dos profissionais, relativamente às relações de trabalho, melhoria das condições, remunerações, dentre outras. As Associações, de forma geral, são constituídas visando ao desenvolvimento sócio-cultural e científico dos profissionais, dentre outras. O CREFITO-4, não apenas no âmbito fiscalizatório, tem cumprido os seus objetivos, apesar de se diferir das referidas entidades, relativamente quanto às suas competências e funções institucionais. Nunca se furtou às demandas judiciais que houvesse como fundamento às prerrogativas dos profissionais, bem como a exação desse mesmo exercício. Há em curso várias ações judiciais, intentadas pelo CREFITO-4, que tem como objetivo coibir as ingerências realizadas por outras entidades no que respeita à plenitude profissional. O Fisioterapeuta e o Terapeuta Ocupacional detém, por previsão legal e por capacidade científica, autonomia e plenitude para o exercício profissional. A nenhum outro profissional é dado o direito de tentar macular essa capacidade plena profissional. A ciência tem avançado no sentido de dotar os estudiosos da Fisioterapia e da Terapia Ocupacional de condições de aperfeiçoamento de sua prestação de serviço e o CREFITO-4 não fica alheio a essas questões dinâmicas. Valoriza o Fisioterapeuta e o Terapeuta Ocupacional ao fiscalizar o seu exercício profissional, haja vista que a lisura nesse desenvolvimento funcional aferida pelo CREFITO-4, torna-se a chancela Estatal que a sociedade moderna e bem informada pretende vislumbrar no profissional que contrata e que coloca a sua saúde em sua confiança para o tratamento Fisioterapêutico e Terapêutico Ocupacional. O Supremo Tribunal Federal, em julgamento de representação realizada pelo Conselho Federal de Medicina, onde se buscava a manifestação de inconstitucionalidade das normas dos artigos. 3º e 4º do Decreto Lei nº 938, julgou totalmente improcedente referida representação, dirimindo qualquer dúvida que pudesse ser originada, posto que, considerou constitucional a privatividade do Fisioterapeuta e do Terapeuta Ocupacional em exercer seus métodos e técnicas. Note-se que a autonomia e plenitude da profissão FISIOTERAPIA foi confirmada pelo Supremo Tribunal Federal, não devendo nenhum profissional se submeter a nenhum outro profissional. Ao Fisioterapeuta, nesse diapasão, cabe a imposição de sua prerrogativa profissional. O cidadão tem o direito individual, constitucionalmente assegurado, da liberdade de escolha de sua profissão. Por força dessa liberdade, ao Fisioterapeuta e ao Terapeuta Ocupacional é assegurado o exercício de sua profissão, sem limites, sendo, pois, apenas condicionado à observância das qualificações profissionais impostas pela Lei. As normas criadoras da profissão de Fisioterapia e da Terapia Ocupacional, bem como as criadoras dos Conselhos Fiscalizadores dessa profissão e as normas emanadas do Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional são as únicas limitações ao seu pleno exercício profissional. Não há outra fonte de limitação à execução de todos os métodos e técnicas inerentes a formação do Fisioterapeuta e do Terapeuta Ocupacional, oriundos de sua formação em curso superior. O CREFITO-4 enquanto órgão fiscalizador da Fisioterapia e Terapia Ocupacional não admite e nem pode admitir que grupos privados de saúde limitem ou condicionem o pleno exercício do Fisioterapeuta e do Terapeuta Ocupacional a outro profissional. A ignorância não deve ser permitida, quando se trata de descumprimento da Lei, principalmente, com o mister de subsumir um direito de liberdade profissional a outros desejos de clareza comprometida. Ao analisarmos a questão profissional fora do âmbito do corporativismo profissional, diante dessas considerações, para alcançar profissional, de personalidade jurídica e organização legal concebida pelo Estado - FISIOTERAPIA e TERAPIA OCUPACIONAL INSTITUIÇÃO - quanto uma ameaça à democrática liberdade de exercício da profissão escolhida. Ao CREFITO-4 sempre coube e sempre efetivou condutas e procedimentos no âmbito de sua responsabilidade legal e social visando a deliberar acerca de atos concretos que exterminem certas situações ultrajantes sofridas pelos profissionais quanto à sua plenitude profissional. E o seu desiderato, dessa forma, a salvaguarda de todos os direitos dos Fisioterapeutas e dos Terapeutas Ocupacionais perante a qualquer ente, público ou privado, sob pena se vislumbrar a derrocada jurídico-social de uma profissão partícipe do anseio de bem-estar que o ser humano busca incessantemente, que são a Fisioterapia e a Terapia Ocupacional. *Presidente do Conselho Regional de Fisioterapia e Terapia Ocupacional da quarta região; Fisioterapeuta. 25
A importância do estudo da Imagem e Esquema Corporal em Pacientes com AVC. Dr. Gilson de Assis Pinheiro, André Chagas M. da Costa, Elizanete de Paula R. Araújo, Thaisa A. Rodrigues e Thays Pereira Barbosa
O Acidente Vascular Cerebral (AVC) pode ser definido como um déficit neurológico focal súbito devido a lesão vascular e podem levar a distúrbios do campo espacial e visual, alterações na fala, hemiplegia, alterações no comportamento de marcha, dificuldades na execução das Atividades de Vida Diária (AVDs), alterações de humor, dentre outras. Através do grafismo pode-se investigar a noção cognitiva-afetiva, a representação mental do corpo, tanto o corpo formal-físico, quanto o corpo simbólico-representacional nos aspectos afetivo, cognitivo, relacional, intelectivo, sexual, neurológico. O plano da reabilitação inclui processos onde são inseridos procedimentos e competências que possibilitam o estudo da imagem e esquema corporal e a reabilitação conseqüentemente proporcionará contribuições para uma nova imagem e esquema corporal. Frug (2001), assim define esquema corporal: “esquema corporal define-se como uma tomada de consciência formal do indivíduo no seu mundo das sensações, ou ainda uma maneira de expressar que (meu corpo está no mundo). É o núcleo fundamental da personalidade e é a partir dele que são organizados todos os comportamentos e conduta. A consciência de si é que determina a consciência do mundo. O esquema corporal não é compreendido só por imagens, mas em especial por relações, pois envolve a relação entre espaço gestual e espaço entre objetos”. Já a imagem corporal, é vista por Cabral (2001), como: “a imagem inconsciente do corpo, substrato psíquico inconsciente..., ultrapassa www.fisioon.com.br 26
o real do corpo e começa a marcar-se por traços, através de percepções sutis, constituindo os primeiros significantes. Trata-se de um traço estrutural da história emocional de cada ser humano, gravado a partir de suas percepções sutis com os outros que são significativos para cada um. É uma expressão inconsciente a partir da qual é elaborada toda expressão do sujeito”. O emprego da expressão gráfica como forma de adentrar no universo internalizado não é recente. O uso de desenhos visa estabelecer relação com a imagem corporal, dentre eles destaca-se o desenho da figura humana. Embora, nele, possamos estabelecer conexões com imagem corporal e esquema corporal, vou me deter no que se refere à imagem corporal. Este desenho tem sido considerado importante como integrante da bateria de testes para identificar desordens da imagem corporal (Sandyk, 1998). O desenho da figura humana tem proporcionado bons indicadores para a atividade clínica. Há incursões recentes em seu uso com pessoas com Acidente Vascular Cerebral (AVC), onde foi administrado em 51 pessoas com AVC juntamente com a escala de atividades diárias (AVDs) de Klein-Bell, por Chen-Sea (2000), e, observou-se que há correlação entre a imagem corporal e a performance na escala de Atividades de Vida Diária (AVDs), em pessoas com seqüelas em razão do AVC, bem como foi encontrado correlação com aspectos somatosensórios, alterações motoras, força muscular. Em estudo de campo foi dada a instrução verbal solicitando a sujeitos com idade superior a 50 anos com AVC que fizessem o desenho de uma pessoa.
Após o recebimento dos desenhos constatou-se: a - macrosomatognosia - refere-se a desordem da imagem corporal na qual o paciente percebe parte ou partes de seu corpo desproporcionalmente largos. Estas alterações têm sido correlacionadas a lesões em regiões do lobo parietal (Sandyk, 1998), a qual integra funções percepto-sensório motoras relacionadas à imagem corporal. b - A expressão gráfica permite observar aspectos emocionais importantes no manejo clínico do paciente. Finset e Anderson (2000) chamam atenção para as diferentes formas individuais de enfrentamento (coping) em pessoas que sofreram AVC, destacando a apatia e sintomas depressivos, esquiva, como variações na expressão da topografia do comportamento adaptativo de acordo com a área de localização do AVC. c - A investigação da imagem corporal, esquema corporal, consciência do movimento corporal nos vetores referentes aos aspectos espacial, temporal são de suma importância na avaliação do sucesso clínico de uma terapia proposta ao paciente (Tham, Ginsburg e Tegner, 2001) e devem ser objetos de avaliação pelo fisioterapeuta. A imagem corporal, a consciência do movimento (e a performance) interfere no treinamento principalmente no que tange a intervenção estratégica e aprendizado de técnicas compensatórias em pessoas com heminegligência ou negligência unilateral (Tham, Borell e Gustavsson, 2000). d - Foi possível observar as distorções na imagem e esquema corporal e outras dificuldades psicomotoras. E durante as entrevistas não estruturadas realizadas, notou-se alterações na memória,
dificuldades na realização, alterações na marcha, estado de humor, fala e comunicação verbal e gestual, manipulação de objetos, domínio corporal, deslocamento no espaço físico (espaço geográfico). e - Ficou bem demarcado no desenho o lado negligenciado, principalmente no que se refere à vivência, consciência e ajustamento dos diversos sujeitos no processo de adaptação e ressocialização. Nota-se o corpo e sua relação com a existência humana onde Existir é viver. A imagem corporal expressa no desenho reflete a qualidade da existência. Nochi em 1998 informa que há pessoas que narram a experenciação da “perda do eu” em virtude da perda sofrida (o deficit é físico e emocional). Juntamente com as intervenções fisioterapêuticas, também ocorrerá uma reabilitação do “eu perdido” para o encontro com a cidadania, para o autoconhecimento, para uma melhor assertividade. Este sentimento de perda, de sintomas melancólicos ou depressivos são também observados nos desenhos. Em uma observação com referencial Lacaniano, Morin, Thibierge e Perrigot (2001) citam um caso onde o paciente descrevia em entrevistas semi-dirigidas, que a imagem especular do paciente foi correlacionada com a imagem “hemi-injuriada” e que a parte do corpo privada com a heminegligência “deprivou-se” de valor simbólico. Neste caso a anosodiaforia e heminegligência pareciam contribuir de formas diferentes para a repressão de aparência intrusiva do corpo real. O estudo da hemi e pseudonegligência têm ganhado considerável atenção na literatura (Chen-Sea, 2000, Jewell & Mc Court, 2000; Kerkhoof, 2001, McCourt, Freeman, Tahhmahkera-Stevens e Chaussee, 2001) nos aspectos da expressão gráfica, nos aspectos espacial, viso-motor, processos atencionais e perceptuais, neurobiológico, comportamental. Vale destacar que distúrbios da percepção e imagem corporal são seqüelas comuns em pessoas que sofreram AVC. Há uma estreita relação entre o
funcionamento perceptual e a execução das AVDs. A ligação com a negligência unilateral e a execução das AVDs tem sido amplamente estudada, no entanto, as relações com a somatognosia e imagem corporal muito ainda falta para a compreensão total deste funcionamento (Rubio e Van Deusen, 1995). O corpo da pessoa que sofreu AVC, não é apenas o corpo biológico, é também o corpo que se relaciona com o mundo, que expressa emoções, que constrói relações, e o desenho possibilita o adentrar em um mundo simbólico, onde ser identifica a imagem e o esquema corporal. Um programa de intervenção deve estabelecer uma metodologia adequada que vise no processo de reabilitação a melhora da auto-estima, da auto-imagem, da imagem corporal. Identificar as seqüelas advindas do acidente vascular é um passo importante no lidar com a imagem corporal, no entanto, o corpo vivido pode ser muito bem evidenciado na produção do desenho da figura humana. Diante destes itens, pode-se ver o ser humano como um todo, e adotar uma ação mais globalizante, não sendo o profissional apenas um instrumentaloperatório de trabalho mais um importante papel inserir no processo de reabilitação o corpo físico-emocionalsocial. A expressão gráfica identifica a imagem corporal e tem sido muito empregada nestas incursões, possibilitando ser uma ferramenta importante na reabilitação do eu, na reabilitação da imagem corporal, do corpo que marcha, que afaga, que sente e que é sensível, que faz preensão no espaço e tempo e que se relaciona e que ocupa um espaço no contexto histórico-social. Na relação com o outro, o profissional decodifica a leitura simbólica da expressão gráfica em sujeitos com hemi-negligência, ou seja, também a leitura corporal, o código psicomotor, a mímica depressiva, melancólica ou distímica, a inibição gestual e vocal. A sessões de fisioterapia, representarão a partir da leitura da imagem e esquema
corporal o resgate do eu e a interferência no vazio afetivo proporcionando melhor qualidade de vida. Autores: *André Chagas Moraes da Costa *Elizanete de Paula R. Araújo *Thaisa Auxliadora. Rodrigues *Thays Pereira Barbosa Alunos do curso de Fisioterapia UNIPLAC- Faculdade de Reabilitação do Planalto Central **Dr. Gilson de Assis Pinheiro Professor de Psicologia da UNIPLAC Professor de Psicologia da Universidade Católica de Brasília Mestre em Psicologia Referências bibliográficas: Cabral, S. V. (2001). Psicomotricidade Relacional- prática clínica e escolar. Ed Revinter. Rio de Janeiro, R.J.354 p Chen-Sea, M. J. (2000). Validating the Draw-A-Man Test as a personal neglect test. American Journal of Occupational Therapy. 54: 391-397. Finset, A. & Andersson, S. (2000). Coping strategies in patients with acquired brain injury: Relationship between coping, apathy, depression and lesion location. Brain Injury. 14: (10) 887-905. Frug, C. S. (2001).Educação Motora em portadores de deficiência. Formação da consciência corporal. Ed Plexus.São Paulo-SP.107p Jewell, G. & Mc Court, M. E. (2000). Pseudoneglect: a review and meta-analysis of performance factors in line bisection tasks. Neuropsichologia. 38: (1) 93-110. Kerkhoof, G. (2001). Spatial hemineglect in humans. Progress in neurobiology. 63: (1) 1-27. McCourt, M. E., Freeman, P., TahhmahkeraStevens,C. & Chaussee, M. (2001). The influence of unimanual response of pseudoneglect magnitude. Brain and Cognition. 45: (1) 52-63. Morin,, C., Thibierge, S. & Perigot, M. (2001). Right brain damage, body imagem, and language: a psychoanalytic perpective. Journal of Mind and Behavior. 22: (1)69-89. Nochi, M. (1998). “Loss of self” in the narratives of people with traumatic brain injuries: a qualitative analysis. Social Science & Medicine. 46: (7)869-878. Sandyk, R. (1998). Reversal of a body image disorder (macrosomatognosia) in Parkinson’s disease by treatment with AC pulsed electromagnetic fields. International Journal of Neuroscience. 93: (1-2) 43-54. Rubio, K. B. & Van Deusen, J. (1995). Relation of perceptual and body-image dysfunction to activies of daily living of persons after stroke. American Journal of Occupational Therapy. 49: (6) 551-559. Than, K, Borell, L & Gustavsson, A. (2000). The discovery of disability: a phenomenological study of unilateral neglect. American Journal of Occupational Therapy. 54: (4) 398-406. 27
A utilização das bolas suíças, como meio facilitador no aprendizado e conscientização corporal Dra. Mônica R. S. Porto na dança do ventre. e Gláucia La Regina A bola vem sendo utilizada desde os anos 40 com fins terapêuticos; primeiramente por fisioterapeutas através do conceito neuro evolutivo Bobath; com o objetivo de facilitar em pacientes portadores de disfunção motora adulto ou criança, as reações de endireitamento; de equilíbrio; de proteção; a integração do corpo no espaço e com ele mesmo; a estimulação vestibular; proprioceptivo e adequação do tônus corporal para controle antigravitacional e de movimentos mais harmônicos. A bola também é utilizada como meio para obter alongamento e fortalecimento das cadeias musculares; simetria e relaxamento corporal; não só no âmbito ambulatorial com o hospitalar. Atualmente, sua utilização estendeu-se aos educadores físicos, bailarinos, terapeutas corporais e demais profissionais que trabalham com o corpo, a fim de alcançar uma perfeita harmonia deste com todo e suas partes, para facilitar o conhecimento global sejam para as danças; o alívio das algias e tensões diárias. Portanto, a bola transformou-se em uma eficaz ferramenta para todos que trabalham com o corpo não só pelos mecanismos que ativa, mas também pelo
aspecto lúdico que desperta em todos; quem enquanto criança não se encantou com as brincadeiras com a bola! Aplicação na dança do ventre As bolas de ginástica sempre me fascinaram. Semelhantes ao próprio corpo humano, permitem uma série infinita de exercícios, muitas vezes integrando-se ao movimento daquele e outras “dando continuidade” ao movimento do corpo. De forma redonda, similar à nossa anatomia arredondada, curvilínea e espiralada, desde a cadeia genética do DNA até as nossas estruturas ósseas e musculares, vem sendo cada dia mais aplicada em tratamentos nas áreas de fisioterapia e terapias corporais, e, ainda, na dança. Concordo plenamente com as orientações da Profa Laís Lima: “Todo professor tem uma responsabilidade muito grande quando se expõe e transmite conhecimentos a seus alunos. Para o professor de Educação Física e de Dança, esta responsabilidade se alia ao bem estar físico, à aproximação tátil e a uma complexidade de atitudes psicossomáticas que, na maioria das vezes, impede ou dificulta os movimentos que o corpo humano é capaz de executar. É muito importante que o professor da Dança conheça a anatomia do corpo humano (sua estrutura óssea, muscular
e circulatória) e saiba como identificar a real utilização muscular e articular dos movimentos que exige dos seus alunos. Assim como seus alunos devem se conscientizar do trabalho que estão executando, evitando, com maior margem de segurança, estiramentos musculares, posturas incorretas e conseguindo melhor distribuição energética por todo o organismo através da aplicação correta do movimento respiratório”. Os recursos que ele utilizará envolvem, principalmente, a criatividade, e, pensando nas necessidades e particularidades da dança do ventre, desenvolvi algumas séries de exercícios com as bolas que acredito serem bastante úteis para auxiliar a compreensão – em sentido amplo, ou seja; mental e corporal – de diversos movimentos executados por determinadas “partes” do corpo, exigindo a dissociação dessas partes do todo, em determinados planos do espaço. Vamos mostrar, aqui, a título de exemplo, somente dois exercícios que compõem uma dessas séries e que auxiliam a promover a “dissociação” entre movimentos da pélvis e membros inferiores para facilitar a execução de movimentos “desenhados com a bacia, ou os quadris” , no plano horizontal, dada a dificuldade que algumas alunas encontram em executar esses movimen-
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tos sem envolver os membros inferiores (as pernas). Devemos observar que existem vários tamanhos de bolas com diâmetros variando de 42 cm a 1m e 20 cm, com cores diferentes para cada um deles, dependendo da origem da fabricação (Alemanha, Itália, Suíça e USA). A escolha do tamanho da bola é muito importante e deve levar em conta a estatura e o comprimento das pernas de cada aluna, de forma que, sentada na bola, em posição correta - coluna ereta, os ângulos devem ser respeitados. Em geral, as bolas de 65 cm são as mais utilizadas, em decorrência dos critérios acima definidos. Entretanto, algumas alunas vão precisar usar bolas menores (53 cm de diâmetro, por exemplo) ou maiores (85 cm de diâmetro, por exemplo). Exercício nº 1: sentada na bola, a aluna imagina que a sua bacia está sobre um skate e vai deslizar suavemente de um lado para outro, sem perder o contato dos ísquios (ossos integrantes da bacia que sentimos apoiados, “fincados” na parte superior da bola – se estivermos com a coluna ereta) com a bola. Os joelhos mantêm–se alinhados, na direção do “segundo dedo do pé”, ou seja; aquele ao lado do “dedão”, como no início do exercício, e não há variação dos ângulos. Deste modo, usamos a bola como um recurso para as alunas entenderem e perceberem que as pernas não executam nem “acompanham” o movimento dos quadris, isto é; não oscilam de um lado para o outro, apenas para as coxas é transmitido um pequeno e discreto “balanço”. Exercício nº 2: seguindo as mesmas orientações do exercício nº 1, “desenhamos” círculos no plano
horizontal, isto é; em cima da superfície da bola, nos sentidos horário e, depois, anti–horário, ou “para a direita e para a esquerda”. Os joelhos mantêm – se alinhados em relação aos pés e as pernas não “caem” para dentro, para fora ou para os lados. Aqui vamos constatar que ocorre uma minúscula variação apenas no ângulo “b”, dos joelhos, variação esta que se apresentará, igualmente, ao executarmos os mesmos movimentos em pé, sem a bola. Tanto no exercício 1 quanto no exercício 2 não há necessidade de uma amplitude grande nos movimentos. Cada aluna irá mover-se dentro das suas condições e limites corporais, respeitando – se, assim, a individualidade anatômica e estrutural de cada uma delas. Pode-se, inclusive, dentro de cada um desses exercícios, com o intuito de explorar e enriquecer o conhecimento e a conscientização corporais, pesquisar as diversas amplitudes possíveis de cada aluna, desde que respeitadas as orientações para a execução dos mesmos. Finalmente, terminados estes dois exercícios, esses mesmos movimentos podem ser repetidos em pé, sem a ajuda da bola, ocasião na qual cada aluna poderá verificar, entender e confirmar que esses movimentos podem ser executados “apenas” pela bacia, sem a “participação” das pernas.
Superior, Docente das Universidades UNISA/ UNIBAN da disciplina Fisioterapia aplicada à Pediatria e mestranda do curso Distúrbios do Desenvolvimento da Universidade Presbiteriana Mackenzie. Gláucia La Regina, ou Málika, bailarina, professora de dança e coreógrafa, desenvolveu método de ensino da Dança do Ventre e técnica próprias, fundamentadas na Anatomia e nos Princípios Cineseológicos, valendo-se também das técnicas corporais de conscientização do movimento. Além do balé clássico e música, estudou várias modalidades de dança durante 26 anos, em academias e com mestres renomados. Especializou-se na dança do ventre há 16 anos, ministrando aulas nessa modalidade há 10 anos, tendo estudado no Brasil e no exterior com professoras e dançarinas árabes e americanas. Estudou anatomia e cineseologia, além de diversas técnicas corporais como o Método Feldenkrais de Educação Somática, Harmonização; Integração Corporal; Ginástica Holística; Fisiologia Chinesa; Método Laban; Linguagem Corporal; Cadeias Musculares e Técnicas G.D.S.
Bibliografia:
1. Lima, Laís, “Dança e Flexibilidade”, in Flexibilidade, Alongamento e Flexionamento, Estélio H.M.Dantas, 2. Kucera, M. in Gymnastik mit dem Hüpfball; 3. Maurer, H., in Gymnastik Ball; 4. Tanaka, Profa Dra Clarice e Farah, Dra. Estela A., in Anatomia Funcional das Cadeias Musculares; 5. Miranda, Edalton, in Bases de Anatomia e Cinesiologia; 6. Calais-Germain, Blandine in Anatomia para o Movimento, vol.1; e, Dufour, Leroy; Péninou; Pierron e Génot in Cinesioterapia, vol. 2, Membro Inferior.
Autoras:
Dra. Mônica R. S. Porto - Fisioterapeuta graduada há 21 anos com experiência na área pediátrica com crianças portadoras de múltiplas deficiências. Especialista no conceito neuroevolutivo Bobath, Educação condutiva (Petö) e Integração Sensorial, com cursos e estágios em nível nacional e internacional. Pós-graduada em nível Latu Senso em tecnologia do Ensino
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