Edição 76

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ISSN 1678-0817 NovaFisio.com.br • 1


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FISIO

Editorial|

DESDE 1996

Caros leitores, Abrimos esta nossa edição nº 76 parabenizando todos os nossos leitores pelo seu dia, 13 de outubro. Em 1969, nesta data, foi regulamentado o Decreto Lei nº 938, definindo como atividade específica do fisioterapeuta o desenvolvimento e a conservação da capacidade física de um paciente. Todos merecem os cumprimentos da equipe da Revista NovaFisio pela sua dedicação e seu trabalho que beneficia tanta gente, o que é facilmente comprovado em nossas entrevistas de capa, onde a cada edição entrevistamos uma personalidade que tenha se tratado com colega. Neste número da revista, produzimos uma entrevista com o ator da TV Globo, Nando Cunha que, depois de interpretar o informante Samuca no seriado policial Força Tarefa da mesma emissora, atualmente faz parte do elenco da novela Araguaia, onde faz o papel do palhaço Pimpinela. Nando falou sobre seu tratamento para curar uma hérnia de disco. E em breve. Na sua próxima edição, NovaFisio publicará uma entrevista imperdível com a atleta campeã dos saltos ornamentais, Juliana Veloso. Aguardem!!! Oston de Lacerda Mendes Fisioterapeuta - Editor

Índice|

04 Cartas. 09 Frases e Coluna Social. 10 Entrevista com o ator Nando Cunha. 12 Coluna do Dr. José da Rocha. 14 Coluna do Dr. Geraldo Barbosa. 16 Coluna do Dr. André Luiz Relvas. 18 A utilização da Corrente Galvânica no tratamento de hiperidrose primária. 22 Relação entre a fadigabilidade e a qualidade de vida em portadores de esclerose múltipla. 26 Perfil do cuidador do idoso dependente no espaço comunitário. 33 Classifisio. 34 Agenda de eventos. 36 Tininha. 38 FisioPerfil com Dr. Armand Angibaud.

Equipe|

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EDITORES: OSTON MENDES oston@novafisio.com.br & LUCIENE LOPES luciene@novafisio.com.br SECRETÁRIA: NINA LOPES MENDES nina@novafisio.com.br

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Cartas|Escreva sua carta também. Escreva para: revista@novafisio.com.br LITERATURA LANÇAMENTOS DOR LOMBAR

FISIOTERAPIA AQUÁTICA FUNCIONAL

Ferguson, Fraser Este é um manual de consulta ideal para qualquer profissional que trate a dor lombar com frequência, em particular os estudantes e os recém-graduados em fisioterapia que perdem muito tempo se preocupando por que o tratamento da dor lombar é uma experiência assustadora. Oferece conhecimento e aconselhamento experiente, em acesso rápido e fácil, a uma abrangente variedade de aspectos da avaliação e do tratamento essencial para o sucesso de pacientes com lombalgia. O formato de bolso da Série Pocket em Fisioterapia atende à dinâmica da vida do de quem precisa ter em mãos um conteúdo para consultas rápidas e objetivas sobre a prática diária. Em uma linguagem clara e rica em esquemas e tabelas da prática baseada em evidências garante um apoio seguro a qualquer momento em qualquer lugar.

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MOVIMENTO HUMANO

ELETROFISIOLOGIA CLÍNICA - 3.ED. Eletroterapia e teste eletrofisiológico Andrew J. Robinson & Lynn Snyder-Mackler Este livro, organizado por objetivos e resultados do tratamento, apresenta os fundamentos da intervenção eletroterapêutica baseada em evidências, além de procedimentos de avaliação de eletroestimulação e biofeedback.

Trew, Marion e Everett, Tony Esta obra objetiva proporcionar um material de referência, com base nas evidências, para aqueles que estudam o movimento humano com fins terapêuticos. As informações nela contidas constituem a base anatômica, fisiológica e biomecânica para compreensão do movimento humano no contexto da atividade da vida diária. Sua apresentação e formato facilitam a leitura, e as atividades descritas nos capítulos, de acordo com seus objetivos, servem como um meio para se avaliar a autocompreensão.

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Cartas|Escreva sua carta também. Escreva para: revista@novafisio.com.br PROFISSÃO FISIOTERAPEUTA: SONHO E REALIDADE Vez por outra me permitem usar uma tribuna privilegiada para relatar acontecimentos, expor ideias e sentimentos, contar uma história... Toda história tem versões! Nenhum observador é isento da influência de suas próprias crenças e emoções. Cada fato, situação, proposta, conquista tem seu próprio tempo e contexto. Algumas vezes fica seu registro numa foto, em um papel..., mas, na maioria das vezes, apenas na memória das pessoas. Muda o tempo, muda o contexto, mudam as pessoas e mudam os interesses das mesmas pessoas diante de um novo contexto... Como é perigosa a denominada “engenharia de obra feita”! Sua prática pode transformar omissos e opositores em atores positivos e esquecer os verdadeiros protagonistas. Só o tempo é capaz de revelar o verdadeiro caráter das pessoas. Só o tempo mostra as mudanças drásticas de comportamento em alguns, transformando-os de paladinos em algozes de sua profissão. Daí a necessidade de ser cauteloso na abordagem de assunto desta natureza, pois uma informação equivocada pode vir a ser copiada e utilizada por outros, até em trabalhos acadêmicos, ocasionando a difusão de inverdades, gerando injustiças... 1969 foi o ano do registro legal da profissão de fisioterapeuta no Brasil! Por coincidência foi também o ano em que iniciei meu tempo na Fisioterapia como estudante. Como profissional convivi com o núcleo das decisões e de diversos acontecimentos. Hoje, como uma nave autônoma, habito uma órbita afastada deste núcleo, de onde observo as mudanças, os movimentos, e percebo intenções. O Decreto Lei 938/69, de 13 de outubro de 1969, representa o marco do reconhecimento das profissões de Fisioterapeuta e Terapeuta Ocupacional no Brasil. A partir deste ponto da história muito se tem falado e alguma coisa já foi escrita, mas o contexto e as condições políticas que determinaram este feito têm escasso registro formal. Não conheço o suficiente para relatar este período anterior ao Decreto Lei. No entanto, parece-me lógico que seria impossível este acontecimento sem uma preparação prévia que mostrasse aos detentores do poder as razões e os benefícios para a criação de mais duas profissões liberais no concerto da área trabalhista brasileira. A única conclusão plausível é que foi devido ao trabalho daqueles que faziam a Associação Brasileira de Fisioterapeutas – ABF, cuja fundação em 19 de agosto de 1959 representou o nascimento desta profissão. Na verdade, neste ano completamos cinquenta anos de existência como grupo profissional organizado e representado socialmente. Quando o número de profissionais era muito pequeno, quando havia grande dificuldade de acesso às informações e aos meios de comunicação, típicas dos anos sessenta, quando seu tamanho como entidade e a força econômica da categoria que representava eram inexpressivas, quando 6 • NovaFisio.com.br

tudo era dificuldade, a ABF era como um farol iluminando com sua luz o caminho do futuro para a profissão. Ideias para diversas ações que somente se materializaram em conquistas muito tempo depois surgiram em seus fóruns de discussão. Paradoxalmente, foi a partir da fragilidade de sua estrutura, suas contradições internas, suas dificuldades financeiras e os enormes desafios a transpor, que fizeram brotar e fortaleceram um sentimento de “união em torno de um objetivo comum” e este sentimento mobilizou os pouquíssimos profissionais envolvidos com a representação de classe a adotarem posturas prospectivas que contrastavam com a realidade dos hábitos existentes nos cenários em que atuavam os fisioterapeutas de então. Foi vivendo na busca de uma utopia, que muitas lutas se travaram, e, aos poucos, a minúscula organização da ABF, formada por Associações Regionais com distribuição geográfica capaz de caracterizá-la como representação nacional, foi se impondo diante dos desafios. A ABF não tinha dinheiro, não tinha patrimônio material. Nunca chegou a ter! A ABF era antes de tudo o sonho, o desejo, o impulso, a imaginação! Sempre que alguém com honestidade intelectual se debruçar sobre a história da profissão de fisioterapeuta no Brasil haverá de constatar que é impossível deixar de relatar e realçar os feitos da entidade mater da Fisioterapia Brasileira. COMPARANDO OS CENÁRIOS: 1969 e 2009

“O que dá pra rir dá pra chorar, questão só de tempo e de medida.” Edu Lobo As opiniões escritas servem para avaliar o grau de acerto nos prognósticos e a coerência pessoal de um observador com seus valores e razões conjunturais que embasaram as opiniões emitidas em determinada ocasião. Há dez anos publiquei uma retrospectiva sistemática dos principais acontecimentos que marcaram a trajetória de nossa profissão em um artigo intitulado Brasil: A Fisioterapia e o Tempo, e um ano após, outro, denominado Os Desafios da Representação de Classe. Constato que as opiniões emitidas continuam atuais! Como muitos desses acontecimentos são agora bem lembrados, vou ocupar este momento na análise de alguns pontos que julgo interessantes para gerar reflexão e discussão. 1969 Neste ano o Homem alcançou a Lua. O astronauta americano Neil Armstrong, 38 anos, entra para a história como o primeiro homem a pisar na Lua e avistar a Terra de lá, quando sentenciou: “Este é um pequeno passo para um homem, um gigantesco salto para a humanidade”. Enquanto a humanidade composta de 3,5 bilhões de habitantes se maravilhava com esta conquista, o Brasil vivia sob regime político de exceção, com os militares

no poder. Uma situação semelhante a existente em outros países da América do Sul. (USAID) A expressão do pensamento está sob o controle da Lei de Segurança Nacional. Não se expede habeas corpus para quem for enquadrado nesta lei. (Ato Institucional nº. 5) As Universidades Brasileiras estavam implantando o modelo da Reforma Universitária de 1968, movimento iniciado na França que visava desonerar o Estado e tornar mais democrática e profissional essas instituições educacionais. A cátedra é extinta! A economia em expansão inicia uma fase denominada de “milagre brasileiro”. Beirávamos os 90 milhões de habitantes, declamados no ano seguinte de “90 milhões em ação” numa modinha que animava a participação da seleção brasileira de futebol na copa do mundo do México, aonde nos tornaríamos tricampeões. O Presidente da República, Marechal Arthur da Costa e Silva (66 anos) é vitima de uma trombose cerebral, cujos sintomas iniciados no dia 26 de agosto se agravaram num momento crítico para o destino político da nação, pois havia encarregado ao seu VicePresidente, o Senador mineiro Pedro Aleixo, de coordenar uma reforma constitucional que deveria ser promulgada no dia primeiro de setembro permitindo a reabertura do Congresso e o restabelecimento da ordem democrática. Dois dias antes do prazo, a aeronave da Força Aérea Nacional que levaria o Vice-Presidente da República ao Rio de Janeiro para apresentar o projeto ao Presidente, que estava se restabelecendo no Palácio do Catete, não saiu do Aeroporto da Pampulha. Parece que houve pane! No dia seguinte, 30 de agosto, quando o Vice-Presidente chegou ao Palácio do Catete, a situação de saúde do Presidente havia se agravado com a perda do controle motor da mão direita e já não podia mais assinar a proposta. Como tinha sido voto contrário à expedição do Ato Institucional nº. 5, o Vice-Presidente Pedro Aleixo foi impedido de assumir a Presidência da República pelos militares, sendo instalada a Segunda Junta Governativa Provisória da República composta pelo Ministro da Marinha, Almirante Augusto Rademaker Grunewald, do Ministro do Exército, General Aurélio de Lira Tavares e do Ministro da Aeronáutica, Brigadeiro Márcio de Sousa Melo, que exerceu o poder no período de 30 de agosto a 31 de outubro de 1969. Neste período foi procedida uma reforma constitucional de autoria do Ministro da Justiça, Gama Filho, que manteve o Ato Institucional nº. 5 e introduziu uma Lei de Segurança Nacional ainda mais violenta e arbitrária. Foi esta Junta que assinou o Decreto-Lei 938/69! Apesar destes acontecimentos existia um forte sentimento de busca pela justiça, de liberdade e de nacionalismo. As músicas “Apesar de você”, de Chico Buarque de Holanda e “Para não dizer que não falei de flores”, do paraibano Geraldo Vandré, eram ouvidas como hinos. No cenário interno éramos aproximadamente


Cartas|Escreva sua carta também. Escreva para: revista@novafisio.com.br 600 profissionais graduados nos 6 cursos existentes. (Nordeste: Pernambuco e Bahia; Sudeste: São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Petrópolis). Nossa representação era exercida por Associações Regionais sediadas em São Paulo (APF), Rio de Janeiro (AFERJ), Pernambuco (APERFISIO), Minas Gerais (AMF), Rio Grande do Sul (AFIRGS) e Brasília (AFIBRA), as quais, em conjunto, constituíam a ABF. Os fisioterapeutas trabalhavam para reabilitar as pessoas usando as técnicas da fisioterapia geral. Os níveis de remuneração eram baixos e os profissionais desejavam melhorar o status social, mas os caminhos para esta realização ainda eram obscuros. Para alguns, a fisioterapia era mais do que uma profissão, era uma causa, uma missão, motivada pela sua estreita vinculação as pessoas deficientes e a forte influência da civilização cristã. O contexto social brasileiro ainda permitia o altruísmo, o encanto e a participação desinteressada em questões coletivas. O começo de nossa vida pós-decreto foi de enfrentamento com dificuldades externas e também internas, pois nem tudo eram flores na relação da ABF e suas Regionais. Havia um comportamento de superioridade dos “paulistanos” em relação aos demais colegas, uma espécie de “bairrismo”, sentimento hegemônico ou sei lá o quê, que causava reações de indignação. Mas, num hiato deste comportamento, diante da ameaça do completo retrocesso que acarretaria a aprovação do Projeto de Lei 2090/70, originado da Comissão de Saúde da Câmara Federal, modificado em Plenário pelo Substitutivo Fagundes Neto e que postulava a derrubada na íntegra do Decreto-Lei 938/69, nos vimos na necessidade de trabalhar em conjunto, a fim de ultrapassar esta ameaça inicial ao nosso reconhecimento legal. É importante lembrar que foi uma regional que organizou e articulou, com a devida delegação, a defesa da categoria. O trabalho em equipe mostrou sucesso! Em 1973, realizou-se na cidade de São Paulo, após um intervalo de nove anos, o II Congresso Brasileiro de Fisioterapia. Neste evento foram discutidas estratégias para conquista da regulamentação profissional e foi aprovada a proposta feita por uma Regional para que fosse comemorado o Dia Nacional do Fisioterapeuta, em 13 de outubro. A primeira comemoração em nível nacional somente ocorreu durante a realização do IV Congresso Brasileiro de Fisioterapia, em Recife, 1979. Após terem sido apresentados quatro Projetos de Lei à Câmara Federal, sem aproveitamento, o resultado dos estudos realizados por uma Comissão Interministerial encaminhada ao Presidente da República motivou uma Mensagem Presidencial que foi submetida ao Congresso Nacional junto com um Projeto de Lei regulamentando as profissões de Fisioterapeuta e Terapeuta Ocupacional. Aprovado sem emendas transformou-se na Lei 6.316/75, que criou o Conselho Federal e os Regionais de Fisioterapia e Terapia Ocupacional. Como já havia acontecido com o Decretolei 938/69, a Lei 6.316/75 também foi decorrente de um encaminhamento político

no sentido “de cima para baixo!”. O III Congresso Brasileiro de Fisioterapia, em 1976, Porto Alegre, foi um momento especial para tomar um conjunto de decisões que iria se refletir em grandes conquistas posteriores. Definição de estratégias para a implantação dos CREFITOs e indicação de nomes para compor o COFFITO, criação da Comissão de Ensino da ABF com a missão de realizar o diagnóstico do ensino e uma proposta de Currículo Mínimo Nacional; Escolha antecipada das sedes de dois congressos brasileiros sucessivos; etc. O clima era de entusiasmo e cooperação. Com a posse do primeiro Colegiado do COFFITO (1977) e a instalação dos CREFITOs 1,2 e 3 (1978), a função ordenadora e de fiscalização do exercício profissional estava com seu sistema montado. A ABF e suas Associações Regionais que até então era a única via de expressão e defesa da categoria continuou a realizar seu trabalho, inclusive o projeto de currículo mínimo nacional, agora com o apoio dos Conselhos. Duas conquistas destacam o trabalho conjunto dessas entidades: O código de Ética Profissional (Resolução COFFITO nº. 10) e o Currículo Mínimo Nacional (Parecer CCC/ CFE nº. 622/82). Os documentos foram “gestados” com a participação de membros das comissões específicas criadas em cada órgão, de forma articulada, a fim de manter a necessária coerência de fundamentos. Em nossa jornada aparecem mais duas ameaças: o Projeto Julianelli e a Representação STF 1056. Da primeira nos livramos rapidamente através de uma luta associada a outras profissões atacadas. O Acórdão exarado na Representação STF 1056, ambíguo, deixou sequelas. O V Congresso Brasileiro de Fisioterapia desenvolveu inteligente campanha nos outdoors da cidade de Salvador sob o lema: Fisioterapeuta e Deficiente: Um quebra cabeças social, chamando a atenção da sociedade no Ano Internacional das Pessoas Deficientes, 1981. As Associações e os Conselhos convivem com dificuldades financeiras, mas a credibilidade das instituições da fisioterapia atinge nível elevado. Uma demonstração desta confiança no trabalho desenvolvido foi evidenciada na primeira reunião do Supremo Tribunal Federal, em 5 de maio de 1982, quando fisioterapeutas de diferentes Estado da União atenderam a solicitação da Presidente do COFFITO e compareceram para “fazer número” no plenário do Supremo pagando todas as suas despesas de viagem e hospedagem em Brasília. Em 30 de setembro de 1985, o COFFITO edita a Resolução nº.58, regulamentando a realização das primeiras eleições no sistema. Eleições diretas para os Regionais e indiretas para o Federal. A Resolução não faz referência ao instrumento da reeleição. Antes das eleições são criados os CREFITOS 4 e 5. Em outubro de 1985, realiza-se em Belo Horizonte o VII Congresso Brasileiro de Fisioterapia e I Encontro Nacional de Docentes de Fisioterapia. Este evento inicia uma fase de megaeventos na fisioterapia e teve o prestígio da participação do Vice-Presidente da República Aureliano Chaves em sua abertura. A ABF reforma

seus Estatutos possibilitando, finalmente, que todos os fisioterapeutas brasileiros pudessem participar de sua gestão e não apenas aqueles que fossem residentes na cidade de São Paulo. Há sinais evidentes de melhoria da capacidade econômica dos fisioterapeutas e dos seus órgãos de classe. Os cargos de direção nestas entidades passam a conferir prestígio social. A partir deste ponto no tempo, a vaidade e a ambição pessoal começam a influir e até sobrepujar o interesse coletivo nas decisões! 2009 A sociedade humana atinge 6,5 bilhões de indivíduos. A economia mundial é regida pelas regras do mercado. A União Russa Socialista Soviética e o Muro de Berlim já não existem. O capitalismo é adotado por países de governo comunista. Os produtos da tecnologia aeroespacial são massificados (transmissão de sinais digitais de som e imagem por satélite, computadores, internet) e estabelecem novas formas de comportamento. A população brasileira estimada é de 191 milhões de habitantes e o regime de governo é democrático e de origem popular, uma característica também encontrada na maioria dos países da América do Sul. O êxodo rural faz aumentar perigosamente a população nas cidades, acarretando inúmeros problemas sociais e acentuando a violência urbana. Há liberdade de expressão, mas a atenção social é efêmera! A mídia televisiva expõe exaustivamente as cenas de violência, os casos de corrupção e a impunidade reinante, para uma platéia que assiste a tudo isso em seus televisores digitais, como uma forma de entretenimento. Diante disso o escritor Otto Lara Rezende refletiu: “De tanto ver, a gente banaliza o olhar. Ver não vendo! Experimente ver pela primeira vez o que você vê todo dia, sem ver.” As Universidades e outras Instituições de Ensino Superior proliferam de maneira contínua e avassaladora. A formação superior substitui o modelo dos Currículos Mínimos pelas Diretrizes Curriculares. No cenário interno somos quase 122.000 profissionais fisioterapeutas registrados e distribuídos em todo o território nacional; até a semana passada existiam 520 cursos de graduação; há entidades de representação por especialidades; de grupos especiais; de subgrupos de especialidades; sindicatos; federações sindicais e de entidades, Conselho Federal, 12 Conselhos Regionais e as precursoras Associações Estaduais que ainda sobrevivem. A ABF é esquecida! EM QUE AVANÇAMOS? No âmbito da legislação destaco a inserção da carreira de fisioterapeuta no Serviço Público e a conquista da Jornada Semanal de 30 horas; Na educação experimentamos um Currículo Mínimo Nacional com mudança do paradigma, de reabilitadores para profissionais da saúde; Os cursos de graduação são ofertados em todas as regiões geográficas; a formação NovaFisio.com.br • 7


Cartas|Escreva sua carta também. Escreva para: revista@novafisio.com.br pós-graduada lato sensu se expande como reflexo da formação stricto sensu (mestres e doutores), agora com oferecimento de programas na área específica. Temos representação própria nos comitês técnicos da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - CAPES; Na área do trabalho, constata-se a expansão de novos campos de atuação e em diferentes níveis de intervenção. De “Técnicos em Reabilitação” estamos evoluindo para uma atuação por especialidades em diversas áreas de conhecimento da fisioterapia que começam a se inserir no mercado e a prosperar. Estamos indelevelmente incorporados ao sistema de pesquisa científica formal e temos representantes nos comitês técnicos dos órgãos de fomento ao nível estadual e federal, como o Conselho Nacional de Pesquisas – CNPq. As revistas científicas da área se encontram em processo expansão quantitativa e qualitativa. Os artigos publicados alcançam nível de excelência internacional. As formas de representação de classe foram ampliadas, tornando-se esta atividade mais complexa. Surgem associações de especialidades como a ASSOBRAFIR e tantas outras. A organização do segmento acadêmico evoluiu da Comissão de Ensino da ABF, Fóruns de Docentes e finalmente, em outubro de 1999 nasceu a ABENFISIO; Culturalmente os congressos nacionais por especialidades e por áreas de interesse, as manifestações públicas de reconhecimento social e a consagração do Dia do Fisioterapeuta, mostrando a amplitude do campo de trabalho atraem o interesse dos jovens pela profissão. São dezenas de milhares de alunos matriculados e a pressão para acesso nos vestibulares elevada e constante. Conclusão: SOMOS UMA PROFISSÃO EM ASCENSÃO SOCIAL! EM QUE NÃO AVANÇAMOS? Independente das implicações conjunturais que caracterizam nossa histórica emergência parece que não prestigiamos os métodos democráticos em nossas relações de poder. Este comportamento não favorece a união necessária ao enfrentamento e a solução de problemas e dificulta uma evolução mais abrangente da profissão, pois inibe a politização da categoria. Para refletir sobre esta situação, vamos abordar a vida dos Conselhos. Como a contribuição pecuniária aos conselhos é compulsória, por força de lei, estes órgãos foram aos poucos se estruturando e se capitalizando em decorrência do natural aumento de profissionais registrados. Com uma taxa de natalidade elevadíssima nos últimos dez anos, a profissão de fisioterapeuta assegura ao seu Conselho Profissional um orçamento que permite sua expansão e, inclusive, remunerar a atividade de conselheiro. A influência do poder econômico dos Conselhos no dia a dia das demais instituições da fisioterapia foi aos poucos deteriorando valores num jogo de troca de funções institucionais, evoluindo, em 8 • NovaFisio.com.br

seguida, para a troca de favores pessoais e uso das entidades para respaldar iniciativas em proveito pessoal, gerando, por exemplo, a crise da ABF. Contribuiu de forma determinante para se chegar a esta situação o mecanismo de eleições indiretas para o Conselho Federal através de um Colégio Eleitoral formado por Presidentes de Conselhos Regionais, operando um mecanismo sem regra para a reeleição e possibilitando a manutenção maliciosa dos dirigentes nos cargos por períodos de tempo típicos dos encontrados nas ditaduras. Dentro deste contexto, os cargos de representação de classe passaram a ser cargos políticos. É fato que as eleições de alguns Conselhos Regionais e do Federal foram tumultuadas, com manifesta manipulação nos processos eleitorais, determinando ações judiciais e a exposição pública destes confrontos, determinando a quebra da unidade hierárquico-administrativa no Sistema COFFITO/CREFITOs. Houve discussão jurídica entre órgãos componentes de um mesmo sistema e, o que é pior ainda, financiada com os recursos provenientes das contribuições compulsórias dos profissionais que não tem o direito de eleger de forma direta os componentes do Conselho Federal e que não são consultados pelos seus Conselhos Regionais para definição do voto no Colégio Eleitoral. Que tipo de contribuição pedagógica se pode esperar desses fatos? As Universidades Públicas deram uma lição de como é possível exercitar métodos democráticos, mesmo diante da barreira legal para realizar eleições. Utilizaram o mecanismo pactuado de “Consultas a Comunidade” antes de consumar o rito canônico exigido em seus colégios eleitorais. Em certas decisões, impõe-se uma participação coletiva em assuntos que dizem respeito à profissão, mas não se discute com a categoria um novo modelo de escolha de seus representantes. Não se procura saber o grau de satisfação dos profissionais com este modelo de escolha vigente. É ingênuo imaginar que se consiga mudar determinada situação através de determinações. Outro aspecto se refere à inexistência de um modelo de remuneração dos procedimentos profissionais, o que gera situações constrangedoras devido ao nível aviltante dos valores praticados e a relação desastrosa com os planos de saúde. A baixa remuneração continua sendo uma dificuldade presente e um obstáculo quase intransponível. Há alguns anos houve uma mobilização no sentido de implantar um Referencial Nacional de Honorários de Fisioterapia – RNHF. Apesar de ter sido um processo construído com a participação coletiva, inclusive da ABF e Conselho Federal, a iniciativa não prosperou e a tabela da AMB continuou sendo a régua adotada pelos planos de saúde para balizar os procedimentos da fisioterapia. Em conjunto estes fatores contribuem para a desintegração da unidade de pensamento. Surgem “Movimentos” em vários Estados da Federação tentando resgatar valores, dignidade, etc., mas, todos estão centrados

na busca de assegurar melhor remuneração ao profissional em si, sem mostrar como isto pode ser importante para a sociedade em geral. Conclusão: CRISE DE CREDIBILIDADE! AINDA NÃO ESTAMOS CONSOLIDADOS! O QUE FAZER? 1- Eleições Diretas no Sistema Coffito/ Crefitos, com adoção de cautelas que previnam a quebra da unidade federativa com a concentração excessiva de representantes de uma mesma região geopolítica, em detrimento das demais. Enquanto a legislação vigente for impedimento para esta prática, adotar o sistema de consulta a comunidade, a fim de exercitar a participação consciente e consequente dos profissionais no futuro de sua profissão. 2- Conquistar uma legislação federal regulamentando o rol de procedimentos de fisioterapia e sua respectiva remuneração mínima. Somente desta maneira o Referencial Nacional de Honorários Fisioterapêuticos será respeitado pelos planos de saúde. 3- Criar sistemas de avaliação crítica do desempenho da profissão em seus diferentes campos de atuação, através de entidades independentes, com vista à construção de um Projeto Nacional que contemple os diversos setores numa visão prospectiva. 4- Estimular a formação política dos estudantes como uma maneira importante de formar quadros dirigentes, conhecedores e comprometidos com os valores humanos e as normas que regem as sociedades democráticas. 5- Investir para que uma instituição de representação da Fisioterapia alcance credibilidade suficiente para aglutinar esforços e exercer a função coordenadora das políticas da categoria, para que a “orquestra” possa ter novamente um “maestro” que indique os rumos e possa continuar sua jornada consciente de seus deveres com a sociedade em geral, superando as incertezas ora vigentes. Finalizo com um provérbio chinês:

“Se teus projetos forem para um ano, semeia o grão; Se forem para dez anos, planta uma árvore; Se forem para cem anos, educa o povo.” Alberto Galvão de Moura Filho Fisioterapeuta – Crefito 9-F Professor Associado da UFPE Rua Padre Anchieta 578/401 – Madalena CEP 50710-430 – Recife-PE. agmoura@ufpe.br


Frases|Mande a sua frase: revista@novafisio.com.br “Não deixe que a saudade sufoque, que a rotina acomode, que o medo impeça de tentar. Desconfie do destino e acredite em você. Gaste mais horas realizando que sonhando, fazendo que planejando, vivendo que esperando, porque, embora quem quase morre esteja vivo, quem quase vive já morreu”. (Luiz Fernando Veríssimo) [Dr. Rafael Almeida Nascimento]

“O trabalho inter e multidisciplinar é fundamental para a evolução do paciente, pena que muitos profissionais não estejam preparados para o diálogo” [Michael Naschio]

Coluna Social|6º ECAF 2010 Fortaleza - CE

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Entrevista da capa

C

om mais de 20 anos de profissão, o ator Nando Cunha que recentemente interpretou o personagem Samuca, informante da polícia na série Força Tarefa, exibida pela TV Globo, agora vive o palhaço Pimpinela, em Araguaia, nova novela das 18h, da mesma emissora. O ator já havia carregado uma grande responsabilidade quando interpretou o saudoso Grande Otelo, um dos maiores nomes da nossa cultura, na minissérie Dalva e Herivelto. Antes disso, arrancou sorrisos do público como o Soldado Brasil, na novela Desejo Proibido. Mas não é só a comédia que o motiva, ele faz questão de transitar por todos os aspectos emocionais. Nando Cunha é o artista das vertentes do samba, apaixonado pelo carnaval, e das biografias, pois já interpretou importantes personalidades que fizeram a história do samba, como Carlos Cachaça em Cartola e a história do grande sambista, além de relembrar a vida do fundador da Escola de Samba Estácio de Sá, Ismael Silva. No teatro, esteve em cartaz com O Homem da Cabeça de Papelão, eleito entre os dez melhores de 2008 pelo Jornal O Globo, e foi premiado como melhor ator no espetáculo infanto-juvenil O Mundo é Grande, da Cia Dramática de Comédia. Participou também do musical Estatuto de Gafieira. O ator também participou do filme O Assalto Nosso de Cada Dia, febre na Internet. A exibição já teve mais de 300 mil acessos no youtube. Nando Cunha conversou com NovaFisio revelando detalhes da sua carreira e sobre o tratamento para curar uma hérnia de disco. 10 • NovaFisio.com.br

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Nando Cunha


Por

| Eduardo Tavares

| Dani Cordeiro

Foto

E

m que cidade você nasceu? - Eu nasci no Rio de Janeiro, mas sou de São Gonçalo.

De onde veio sua veia artística? Você teve ou tem atores na sua família? - Eu acredito que esse meu dom artístico veio de Deus. Não fiz nenhuma escola e nem tenho parentes envolvidos com artes. Aprendi mesmo na vida, nos palcos. Quais são seus ídolos atores e na música? - Meus ídolos são Tony Ramos e Georgina Góes. Na música, são muitos. Sou muito eclético, vou do samba ao jazz. Mas, dentre os tantos que eu gosto, posso citar meu amigo Arlindo Cruz, que é uma pessoa muito simples, e a Vanessa da Mata, pelo conjunto da obra. O teatro é o caminho obrigatório para se tornar um bom ator? - Com certeza. Ele é que dá a base para o ator ter o conhecimento da profissão, principalmente porque a linguagem do cinema e da TV são completamente diferentes. TV é distanciamento, cinema é realismo e o teatro é o lugar do devaneio. Mas os três têm algo em comum muito forte que é a verdade. Como foi representar o inesquecível Grande Otelo, na minissérie Dalva e Herivelto? - Foi uma responsabilidade muito grande e ao mesmo tempo uma alegria enorme poder interpretar um artista tão querido. Quantos negros do país não gostariam de estar no meu lugar? Para mim, ele me escolheu e fiquei muito satisfeito com o resultado do trabalho. Eu acho que agradou todo mundo também. Recebi muitos elogios nas ruas. Personagens biográficos sempre estiveram presentes em sua carreira, como Carlos Cachaça e Ismael Silva, por exemplo. Recentemente você representou o Samuca em Força Tarefa. Qual é o trabalho mais árduo para um ator, interpretar um personagem biográfico ou um fictício, onde não há uma referência? - O fictício sempre é o mais difícil, porque o ator parte do zero é como um mergulho no escuro. Como surgiu o convite para representar o Samuca? - O convite veio do diretor José Alvarenga. Acho que foi pelo meu trabalho na novela Desejos Proibidos, quando fiz o Soldado

Brasil, ou por ele já conhecer mesmo os meus trabalhos anteriores.

- Teatro, cinema, samba, cerveja e um bom bate-papo com os amigos.

Como você se sente agora fazendo parte do elenco da nova novela Araguaia? - O Pimpinela foi outro grande presente do Walther Negrão. Ele é enigmático, mas muito doce e que tem uma veia cômica muito forte. No início das gravações, os diálogos ainda não estavam definidos e eu e a Mariana Rios, que fará par romântico comigo, fizemos as cenas de improviso. O resultado ficou lindo.

Você pratica algum esporte? - Futebol todos os sábados e também frequento a academia diariamente.

O que te ajudou a compor o personagem? - Para compor o personagem, utilizei muitos elementos do teatro e estudei muito Charles Chaplin. Tenho certeza de que o público se encantará com a magia envolvendo o palhaço Pimpinela. Como é o assédio quando o sucesso começa a aparecer? - Eu sempre digo que sou o famoso desconhecido. Muitas vezes, vejo alguém me olhando de forma mais demorada, mas só vai até esse ponto. Não tenho a ilusão de que vou me tornar uma celebridade tão rapidamente. Quero continuar trabalhando sempre, essa é minha meta. A vida do ator é muito inconstante, e para o ator negro é sempre mais difícil. O trabalho em uma grande emissora te faz ter contato com um ambiente hostil de concorrência e inveja dentro da mesma categoria profissional? - Isso acontece em todas as empresas, independente da profissão. Acredito que o segredo é focar no trabalho e nunca perder a força de vontade e esse olhar. Os vídeos “O Assalto Nosso de Cada Dia”, em que você participa, virou febre na Internet. Você acha que bandido e malandro são realmente coisas bem distintas? O malandro carioca é uma espécie em extinção atualmente? - Bandido é bandido e malandro é malandro. O malandro que é malandro não se mete em confusão. Malandro quer viver a vida sem problemas, só se divertindo. Tenho um projeto de montar um musical contando a história da malandragem e desmistificar esse tipo que ainda existe nas velhas guardas, nas rodas de sambas e em muitos setores de trabalhos que existem aqui no Rio. O que você gosta de fazer quando está fora dos compromissos profissionais? Qual o seu hobby?

O que ocasionou sua lesão? - Tenho uma protrusão discal e uma lesão no supra-espinhal. Meu médico disse que a lesão que tenho surgiu em decorrência do tempo. Quando você tomou conhecimento que tinha uma hérnia de disco? Você estava fazendo qual trabalho na época? - Tomei conhecimento da hérnia de disco quando eu estava escalado para fazer 20 capítulos de Sinhá Moça. Por causa desse problema, não passei no exame admissional, já que meu personagem seria um escravo fujão. As dores chegaram a ser muito fortes? - Foram um pouco incômodas e o médico me disse que elas poderiam ir e voltar. Você fez aproximadamente quantas sessões de fisioterapia? Quais eram os exercícios? - Ainda faço RPG três vezes na semana e fisioterapia todos os dias. Você seguiu disciplinadamente tratamento? - Tenho seguido todos os dias.

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Fisioterapia é um tratamento longo que exige paciência. O que mais te incomodava durante as sessões? - Na verdade nada. Os profissionais que me atendem, como a doutora Aline Lanes, são super competentes e divertidos. E eu levo o tratamento muito a sério porque o meu corpo é minha mão-de-obra. Você acredita que atingiu a recuperação necessária e que foi importante fazer as sessões? - Ainda estou no processo, mas está dando bom resultado. Lembra de algum fato curioso que aconteceu com você durante as sessões de fisioterapia? Algo positivo, negativo ou engraçado? - Tem um fisioterapeuta na clínica onde faço minhas sessões que é completamente sem noção. Eu levava o jornal para ler enquanto estava no gelo ou no tens, e ele lia o jornal junto comigo e parava totalmente o que estava fazendo. Eu ficava rindo calado dele. NovaFisio.com.br • 11


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O SALÁRIO DO FISIOTERAPEUTA – parte 3

olto ao tema do salário do fisioterapeuta em sua terceira e última parte. Como foi visto nas edições anteriores, o tema é complexo e vasto e não pode ser analisado por uma ótica isolada. Vivemos um momento de luta e mobilização da categoria no sentido de valorizar o relevante trabalho do profissional nas três frentes de ação da saúde; infelizmente, por não termos uma saúde pública de qualidade que garanta o acesso a todas as abordagens da fisioterapia de forma plena e digna e, principalmente, gratuita, não podemos pensar em salário digno sem tocar no aspecto crucial que são os planos e seguros-saúde. No Brasil, aproximadamente 42 milhões de pessoas pagam planos de saúde de vários níveis, gerando coberturas diferenciadas para os inúmeros procedimentos. Em relação à fisioterapia a situação é ainda mais delicada. Em média, os tratamentos são de médio e longo prazos, necessitando de atendimentos diários, duas vezes, três vezes e a extremos de seis vezes por dia como aconteceu com um paciente meu e no pós-operatório de uma neoplasia de fígado era fundamental evitar que ocorresse derrame pleural como intercorrência esperada devido à retirada de grande parte da víscera, ocasionando insuficiência hepática e passagem do líquido excessivo para a pleura direita. Como uma família pode arcar com um tratamento diário de fisioterapia, além dos outros gastos necessários ao tratamento e à subsistência? Torna-se impossível e, quase sempre, a fisioterapia, mesmo sendo imperiosa, passa para plano secundário, retardando ainda mais a recuperação e o profissional de melhor padrão é substituído por outro menos competente, mas que cobra um valor bem menor pelo atendimento. Estou me reportando ao paciente domiciliar privado, constatando que a fisioterapia é muito elitista, daí a impossibilidade de manutenção de um salário digno, pois o nosso tratamento é realizado por nós, diferentemente do médico que vai à casa do paciente, cobra R$1.000,00 pela visita e a família paga, pois a cultura é a de que o médico vale o que cobra e a consulta não é tão constante. Novamente a fisioterapia torna-se um fator menor, pois a sociedade, de modo geral, desconhece o real valor dos procedimentos, assim como a classe médica também desconhece ou está acostumada a presenciar tratamentos distorcidos e de baixa qualidade, contribuindo para a citação de frases como esta: “estou fazendo fisioterapia porque o médico mandou, mas não adianta nada.” Quantas distorções e desinformação em uma pequena frase; mas isso é o que as pessoas estão presenciando. Isso é constatado nos tratamentos ambulatoriais, onde o paciente é mal atendido, assim como nos pacientes acamados, críticos ou não. Finalmente entramos no aspecto relativo aos planos de saúde. Uma coisa não justifica a outra, mas como o valor do atendimento pago pelo plano é muito baixo, há a necessidade de quantidade para proporcionar algum retorno para o profissional. Logicamente, se a quantidade é priorizada pensa-se sob duas óticas; ou o tratamento mantém a qualidade com mais profissionais atendendo e, com menor fatia do bolo para cada um, ou mantém-se a quantidade de profissionais com maior ganho e a qualidade é preterida. Nenhuma das duas opções é boa, mas observamos uma terceira situação ainda mais cruel. Como a maioria dos hospitais privados terceiriza a fisioterapia, empresários organizam uma firma e contratam fisioterapeutas para realizar os atendimentos (em sua maioria com poucos profissionais e muitos atendimentos – ambulatório, enfermaria e quartos e cti) pagando, em muitos lugares, R$60,00 por plantão de doze horas. Os “empresários” ganham no bolo e o colega paga para trabalhar. Isso é aviltante, é a prostituição elegante da fisioterapia; a outra é o profissional que se presta a cobrar R$5,00 para “ganhar” o paciente. E nas clínicas? Aquelas que atendem mais de 500 pacientes por dia? Aquelas em que o fisioterapeuta recebe R$600,00 por mês e o dono da clínica, pelo menos R$40.000,00 por mês em cima da fisioterapia? Aquelas em que o próprio paciente aplica o ultrasom “para adiantar”? Aquelas em que os estagiários de terceiro, quarto período já atendem e quando chega à fiscalização do crefito deitam nas macas e passam a ser “pacientes”? Aquelas em que o aparelho está com defeito, mas a orientação é aplicar assim mesmo porque o convênio paga? Como fica isso? Os fins justificam os meios? Esses pacientes estão sendo tratados? E os criminosos que compartilham dessa desonestidade? Se o fisioterapeuta, em sua maioria esmagadora, fosse comprometido com a categoria, fosse ético e competente, saberia que o quantitativo que dispomos hoje é suficiente para dialogar e impor determinadas medidas em prol dos pacientes e da sociedade. Se ninguém se sujeitar a essas explorações que citei acima, várias situações criminosas e vexatórias deixariam de ocorrer. Se ninguém aceitar um plantão de sessenta reais, a situação muda; se ninguém aceitar trabalhar junto aos planos de saúde por valores ofensivos, a situação muda. Para isso é necessário competência, estudo, conhecimento. Mas como investir se falta salário? Como se atualizar sem dinheiro para investir? E a ciranda volta ao seu início. O tema é delicado e, como citei anteriormente, não pode ser abordado de formas isoladas. É emergencial a criação de uma frente de negociação permanente com os planos de saúde para alterar a remuneração e dignificar o trabalho do fisioterapeuta. Esses planos ganham muito dinheiro, repassam tudo o que podem e o que não podem; é possível, sim, pagar decentemente pela fisioterapia de ambulatório, de leito e de terapia intensiva. É necessário e imperioso que o fisioterapeuta saia do marasmo em que se encontre, se mobilize, junte-se aos grupos de trabalho que estão se formando por todo o país, para que a situação mude. A hora é mais do que agora. Um ponto tem que ficar absolutamente claro. Se a sua profissão não dá a você sustentabilidade, realização financeira, pessoal, afetiva e social ela não é atraente. Se a sua profissão é influenciada por outros profissionais erroneamente, não tem autonomia plena e é sub-valorizada que estímulo você terá? Juntamos tudo isso e verificamos o esvaziamento progressivo da categoria e a corrida para outros cursos da saúde ou não. Os mais otimistas afirmam que a fisioterapia está passando por uma acomodação de equilíbrio e só vão ficar os bons. Eu penso exatamente o contrário; a fisioterapia está passando por um esvaziamento em função de tudo o que joga contra o gosto pelo trabalho com independência, reconhecimento e realização. Daqui a um tempo, a escória da incompetência vai optar pela fisioterapia, pois vão sobrar vagas no ensino privado e público devido à baixa autoestima a que o fisioterapeuta se permitiu. Sou fisioterapeuta há 34 anos, eternamente apaixonado pelo que faço, vivendo única e exclusivamente da fisioterapia ao longo de todo esse tempo, É possível para mim, é possível para você, é possível para todos nós. Não desista, se orgulhe e lute pelos seus ideais, a recompensa vale o sacrifício. No presente texto só me voltei para a ação secundária e terciária. No próximo número vamos refletir sobre a ação primária, magistério, titulação e a cegueira do governo em relação à saúde e educação. Até lá.

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Colunas | Coluna do Dr. Geraldo Barbosa - Leia todas as outras no site. 13 de OUTUBRO

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ra Brasília, no ano remoto de 1969. Comentava-se na capital a doença do Presidente da República e a baixa umidade relativa do ar. No setor de Fisioterapia do Centro de Reabilitação mantido pela Fundação das Pioneiras Sociais e conhecido pelo nome de uma primeira dama do país, um jovem Fisioterapeuta, egresso da Universidade Federal de Pernambuco, atendia um paciente que, como muitos outros, constituía, na época, a seleta clientela da casa. Pertencia tal paciente ao alto escalão da República. Tratava-se de um Ministro de Estado oriundo das forças armadas, porém dirigente de um ministério civil. Estávamos, nós brasileiros, naquele momento, sob a vigência de um regime de exceção. Mas, voltando à cena do atendimento fisioterapêutico: o ministro paciente era assistido por um profissional, tendo, nas proximidades, um outro Fisioterapeuta, colega de turma da mesma faculdade daquele que procedia ao tratamento. Para distrair o paciente, e assim desligá-lo da maçante rotina diária dos exercícios e das aplicações do arsenal terapêutico disponível, conversavam sobre as condições do tempo e como não podia deixar de ser, sobre a doença presidencial. - “Pois é”, adiantou o ministro paciente, atalhando a conversa, “o nosso Presidente adoeceu e, agora, está precisando de tratamento com um Fisioterapeuta. Vocês têm um projeto de regulamentação da profissão no Congresso Nacional que ainda não foi aprovado. Acho que é o momento...” Referia-se o ministro paciente ao Projeto 1265/68, elaborado pela Associação Brasileira de Fisioterapeutas, cujo texto havia sido anexado a outro projeto, estranho à categoria, de número 3768/66, cuja autoria, dizia-se na época, seria fruto de uma parceria ou fusão de projetos de dois deputados federais, ou, como afirmavam alguns, seria de autoria exclusiva de um único parlamentar, muito conhecido pela sua defesa, no Rio de Janeiro, quanto a criação de “cursos de fisioterapia de nível médio.” . Não há registro documental desse episódio da fala do ministro aos dois Fisioterapeutas, durante uma sessão de tratamento, entretanto, a tradição diz que foi assim que abriu-se o caminho, “de cima para baixo” , como diriam aqueles que acreditam no poder e na força para a criação das profissões de Fisioterapeuta e de Terapeuta Ocupacional no país, com nível de formação superior. O Decreto-Lei, assinado pelos ministros da Marinha de Guerra, do Exército e da Aeronáutica Militar, na vigência do Ato Institucional número 5, ficou isento da interferência de politiqueiros e de politiquices, e, de interesses corporativos outros. Comemora-se, portanto, no dia 13 de outubro, a partir de 1969, a cada ano, na data do Decreto - Lei 938, o dia nacional do Fisioterapeuta e do Terapeuta Ocupacional.

Dr. Geraldo Barbosa E-mail: geraldobarbosa43@yahoo.com.br Blog14-F http://geraldobarbosa43.blogspot.com Adquira o livro Herdeiros de Esculápio – História e organização profissional da Fisioterapia, pelo e-mail. geraldobarbosa43@yahoo.com.br 14 • NovaFisio.com.br


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Colunas | Coluna do Dr. André Luiz de Mendonça É UMA CASA PORTUGUESA COM CERTEZA!

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stimadas leitoras e leitores bem vindos ao nosso primeiro destino. Nesta edição desembarcaremos em terras lusitanas. Portugal, oficialmente República Portuguesa, está localizado no sudoeste da Europa, seu território se situa na zona ocidental da Península Ibérica e em arquipélagos no Atlântico Norte. Possui uma área total de 92 090 km² e é a nação mais ocidental do continente europeu. O território continental é delimitado a Norte e a Leste pela Espanha e a Sul e Oeste pelo Oceano Atlântico. Portugal possui ainda as regiões autónomas: os arquipélagos dos Açores e da Madeira. Com aproximadamente 10.000.000 de habitantes Portugal é também um dos menores países da Europa. Como não podia ser diferente o idioma é a característica mais marcante de Portugal. A pronúncia mais fechada e aglutinada do Português de nossa ex Metrópole torna-se às vezes difícil de ser compreendida por nós “Brasucas“, como nos chamam por lá. A diferença não é só notada no idioma falado. Mas também na gramática. Na ortografia de algumas palavras como: facto (Portugal) e fato (Brasil), ou baptizado (Portugal) e batizado (Brasil). No próprio significado de palavras como: sítio, lugar genérico em Portugal, e denominação normal para casa de campo no Brasil; ou passear (que em Portugal significa normalmente andar a pé, e no Brasil pode ser simplesmente sair de casa), costumam causar no começo alguma confusão. Outras palavras simplesmente não são parte do nosso vocabulário. Palavras como: autocarro (ônibus), carro descapotável (carro conversível), casa de banho (banheiro) ou comboio (trem) não são escritas ou ouvidas em território Tupiniquim. Culturalmente o país é rico. Bonito e aconchegante, Portugal possui diversos lugares históricos: bares e tavernas seculares nos convidam dia e noite a serem descobertos. O fado (música típica) e as danças folclóricas são bastante animados e também apreciados. Lugares como a Torre de Belém e a baixa da cidade em Lisboa. A universidade de Coimbra, a cidade de Sagres e de Braga, as vinhas do Porto e a costa do Algarve, entre outros, não podem deixar de serem visitados. O curso de Fisioterapia dura em média 3 anos e são ministrados geralmente nas escolas politécnicas de saúde ou/e em faculdades, existe possibilidade de ascensão até o nível de pós doutor. Para os Fisioterapeutas do Brasil as equivalências acadêmicas geralmente não apresentam problemas, apesar de ser um processo normalmente complexo, caro e demorado. Academicamente Portugal divide-se em Polos. Sendo de mais destaque os de: Coimbra, Lisboa e Porto. Para nós Fisioterapeutas uma boa pedida de pós-graduação sem dúvida é a Faculdade de Motricidade Humana em Lisboa. Mas podem checar também a Escola Superior de Saúde do Porto que garanto quer não irão se arrepender. Para se levar uma vida de “estudante” em Portugal, são necessários aproximadamente 500 Euros mensais, claro que esta quantia será maior ou menor de acordo com seus hábitos diários…e com a cidade de sua escolha. É importante lembrar que em Portugal mesmo o ensino público é taxado, estas taxas são denominadas propinas. Mas calma prezadas(os) leitoras(es)! Temos que pagar propinas, mas não será necessário corromper ninguém! São apenas as taxas acadêmicas cobradas pela secretaria. Estas taxas são fixas, geralmente começam com a matrícula e são parceladas de 3 em 3 ou 6 em 6 meses até o final do curso. Variam de escola para escola e de pós para pós. Pronto amigas(os)!!! O primeiro passo já está dado. Já entramos na União Europeia. Agora e só esperar e ficar de olho no que vem por aí… Não percam as próximas edições e lembrem-se: pé na estrada!!!

Dr. André Luiz Relvas de Mendonça Fisioterapeuta. Mestrando em Motricidade Humana pela Universidade de Porto. Reside atualmente na cidade Alemã de Mainz contato:andremendonca@hotmail.de 16 • NovaFisio.com.br


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Artigo

|Hiperidrose, corrente galvânica, qualidade de vida.

A utilização da Corrente Galvânica no tratamento de hiperidrose primária. Por

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objetivo deste trabalho foi demonstrar os benefícios da utilização da corrente galvânica no tratamento da Hiperidrose Primária (HPP), a amostra constituiu-se de três voluntários do sexo masculino com idades entre 21 e 30 anos, que apresentavam HPP na região palmar e que não tivesse realizado nenhum tratamento anteriormente, foi aplicado um questionário de qualidade de vida, antes e após as dez sessões, o modo de operação utilizado foi de 70 a 100 micro ampéres (uA), com tempo de aplicação em média de 14 min. Pela análise do questionário observamos que houve uma melhora significativa após as sessões realizadas, onde notou-se a diminuição de suor nas regiões palmar e axilar, melhorando assim consequentemente a qualidade de vida dos pacientes, também podemos relatar uma redução nas queixas principais, aumentando com isso sua autoconfiança para retornar a realizar suas atividades de vida diária e laborais e melhorando também o lado emocional. Foi possível observar os benefícios obtidos através da Fisioterapia Dermato-Funcional, pois foi visto que existe mais uma opção de tratamento para um mal que acomete tantas pessoas que não possuem condições para se submeterem a uma cirurgia de simpatectomia torácica e que desejam conviver socialmente e profissionalmente com mais segurança e mais autoconfiança. Introdução Transpirar é necessário para regulação da temperatura corpórea quando o mesmo se apresenta com temperatura acima do normal, sendo a sua produção controlada pelo sistema nervoso autônomo simpático. A hiperatividade das glândulas sudoríparas écrinas leva à transpiração excessiva, principalmente nas regiões plantar, axilar e palmar, sendo essa condição conhecida como hiperidrose. Trata-se de uma afecção benigna que pode ser de origem primária (sem causa conhecida) ou secundária, associada à obesidade, menopausa, drogas antidepressivas e álcool. A hiperidrose se localiza preferencialmente nas axilas, palmas das mãos, plantas dos pés e face. Estima-se que afete de 0,6 a 1,0% da população, geralmente em adultos jovens, manifestando-se na no início da adolescência ou até mesmo na infância, onde a história familiar é positiva em 30 a 50% dos pacientes, não ocorrendo durante o sono. A hiperidrose focal localizada está associada à considerável morbidade, incluindo maceração da pele, infecções cutâneas bacterianas e fúngicas secundárias. No entanto, a característica desta doença é o intenso desconforto do paciente, comprometendo sua vida social,

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|Alessandro Diego Delgado Machado; Nely Dulce Varela

afetiva e profissional (STOLMAN, 1998; DIAS, 2001; BROIOLO et al., 2006; MONTESSI et al., 2007). Nesse contexto, Ro et al. (2002) concluíram que “Hiperidrose primária palmar é uma desordem hereditária, com prevalência variável, e sem prova de transmissão ligada ao sexo”. O suor em excesso é associado à angústia emocional, profissional e social, já que interfere nas atividades diárias das pessoas acometidas. Esses pacientes sentemse constrangidos em cumprimentar outras pessoas por meio de aperto de mãos e têm a necessidade de trocar as roupas duas ou mais vezes por dia devido à umidade. Constituise em uma disfunção glandular, com o sintoma principal de sudorese excessiva. Esta disfunção, geralmente, é diagnosticada pelo especialista como sendo de “fundo emocional”. Certamente, existem pessoas que apresentam causas fisiológicas para o sintoma da hiperidrose; contudo, nestas também o nível de aumento da sudorese é, diretamente, relacionado a fatores emocionais ou psicológicos (COLACITI, 2006; DORNELAS et al., 2008; CARDOSO et al., 2009). No atual tratamento cirúrgico da hiperidrose localizada, a simpatectomia torácica tem apresentado excelentes resultados, mas, na maioria das vezes, ocorre uma sudorese compensatória em pequena intensidade. Entretanto, o efeito colateral que mais causa arrependimento e desconforto ao paciente é a hiperidrose reflexa (HHR) intensa ou hiperidrose compensatória (HHC), que ocorre no pós-operatório da cirurgia de simpatectomia torácica, sendo caracterizada por sudorese de graus variados, de leve ao suor excessivo, geralmente simétrica, que geralmente acomete as regiões do corpo que não foram simpatectomizadas cirurgicamente e que previamente não apresentavam sudorese anormal, como na região dorsal, no abdome e algumas vezes nos membros inferiores (BARRICHELLO et al., 2007; LYRA et al., 2008). A transpiração reflexa ou compensatória, em alguns casos, vem a representar importante incômodo como resultado da simpatectomia, assumindo importância e intensidade tão elevadas, que muitos pacientes tornaramse arrependidos de terem-se submetido à cirurgia. Como consequência, a transpiração compensatória passou a ser considerada o marcador de qualidade desse tipo de tratamento (ARAUJO, 2008). A corrente galvânica também denominada de corrente contínua, define-se como aquela em que o movimento das cargas de mesmo sinal se desloca no mesmo sentido, com uma intensidade fixa. A aplicação desta

corrente pode ser dividida em: galvanização propriamente dita e iontoforese (ionização). A galvanização é o uso dessa corrente, utilizando exclusivamente os efeitos polares (que se manifestam unicamente sob os eletrodos) por ele promovidos, já a iontoforese ou ionização, é a penetração de substâncias no organismo, por meio de uma corrente galvânica, que é a que melhor possibilita a migração iônica da substância a ser aplicada pela sua emissão constante e unidirecional do fluxo elétrico. Utilizando no material intermediário uma solução eletrolítica comum como água (BAENA, 2003; IBRAMED, 2006; CUNHA et al., 2007; SCHROEDER, 2008). É uma corrente de baixa frequência, com fluxo de elétrons constante sem interrupção nem variação de intensidade na unidade de tempo (MACHADO, 1991). A hiperemia é mais intensa no cátodo, aparecendo como edema, já no ânodo origina um aplanamento da pele. Ocorrem hiperestesias no ânodo e hipoestesias no cátodo A narcose galvânica se dá ao colocar o ânodo em posição cefálica e o cátodo na periferia que produz uma corrente descendente que desencadeia este efeito. Excitação espástica é um efeito inverso ao anterior. A vasodilatação ocorre devido a hiperemia ativa prolongada que ocasiona uma reatividade vasomotora. Tem efeitos: bactericida, anti-inflamatória, analgésica, tonificação muscular (GUTMANN, 1991). Esse estudo visa analisar os efeitos da corrente galvânica em pacientes que apresentam Hiperidrose Primária e a melhora da qualidade de vida desses pacientes relacionado com o constrangimento causado pelo excesso de suor, pelas repetidas trocas de roupas e o que mudou na sua vida pessoal, afetiva e profissional sem que para isso haja necessidade da realização da cirurgia de simpatectomia evitando assim efeitos colaterais decorrente do procedimento. Materiais e Métodos Esta pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética da Faculdade Maurício de Nassau, sob o protocolo n° 294106. O presente estudo foi realizado na Clínica Escola de Fisioterapia da Faculdade Maurício de Nassau, no período de Fevereiro a Maio de 2010, caracteriza-se por um estudo quantitativo do tipo experimental, composto por uma amostragem de conveniência, escolhidos aleatoriamente, onde foram envolvidos 03 voluntários do sexo masculino, com idade entre 21 e 30 anos que apresentaram Hiperidrose Primária sem nunca ter realizado tratamento anterior para essa doença.


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Artigo

|Hiperidrose,corrente galvânica,qualidade de vida.

Para seleção da amostra da pesquisa foram considerados como critérios de exclusão: pacientes com sensibilidade à corrente elétrica, apresentando lesão dermatológica, problemas cardíacos, gestantes, diabéticos ou que apresentem hipertensão descontrolada, como também ser portadora de neoplasias. Os voluntários foram esclarecidos sobre o procedimento a ser realizado através do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) e com isso foi obtido o seu consentimento para realização dos procedimentos. Após o processo seletivo os pacientes foram submetidos a uma avaliação para observar as áreas mais acometidas e as que mais causam desconforto, e posteriormente responderam a um questionário de qualidade de vida adaptado de Broilo et al. (2006). Todos os pacientes após realizar a avaliação responderam ao questionário que se baseia na comparação entre o antes e o depois do tratamento, abordando pontos que envolvem convívio com seu parceiro, no ambiente de trabalho, ao realizar tarefas do dia a dia, situações em que o paciente se sente mais afetado pela HPP, além de estimular o paciente a pensar mais na sua situação buscando saber como ela se comporta diante do seu distúrbio. Para a realização do tratamento, há necessidade de um eletrodo ativo, e um eletrodo passivo que é do tipo placa. A faixa ideal para tratamento concentra-se entre 70 a 100uA, podendo variar dependendo da sensibilidade do paciente. O protocolo utilizado constou em preparar um recipiente contendo água e mergulhar a palma da mão do paciente será posicionado um eletrodo de corrente galvânica dentro da água e o outro na região escapular do paciente, o aparelho será ativado por aproximadamente 14 minutos, invertendo a polaridade durante o procedimento. O mesmo vai ser repetido por três vezes na semana e reavaliadas através do questionário de qualidade de vida. Análise e Discussão dos Resultados A HPP é uma doença comum e pouco compreendida, está comumente associada à hiperatividade do sistema nervoso simpático, que gera hipertrofia glandular e hipersecreção. O suor excessivo nas palmas das mãos é a situação que mais se torna inconveniente em encontros profissionais e sociais. A hiperidrose axilar é uma condição comum e angustiante, a difícil aceitação social, o desconforto da umidade constante, o odor e o fato de manchar as roupas diminuem significamente a qualidade de vida desses indivíduos (MONTESSI et al., 2007; DORNELAS et al., 2008; CARDOSO et al., 2009). Como mostramos na tabela 1, durante a avaliação observamos que a região de mais incômodo nesses pacientes foi a região palmar que tinha como queixa principal o suor excessivo assim como também a umidade nas axilas. Em todos os pacientes, a HPP esteve ligada à ambientes agitados e situações em que o indivíduo se encontrava estressado em seu estado emocional. 20 • NovaFisio.com.br

Observamos também que o paciente 2 e o 3 tiveram o caráter de hereditariedade como um dos fatores predisponentes à HPP, como afirmamos anteriormente de acordo com o estudo de Ro et al. (2002) onde a HPP é uma desordem hereditária, outros estudos

@@@@@@@@@@@@@@@@@@ Tabela 1. Dados do Pacientes afirmam que a história familiar é positiva em 30 a 50% dos pacientes, afetando geralmente adultos jovens, manifestando-se no início da adolescência ou até mesmo na infância. (STOLMAN, 1998; DIAS, 2001; BROIOLO et al., 2006; MONTESSI et al., 2007) Os pacientes se submeteram a um questionário de qualidade de vida antes do tratamento e após a terapia baseado no questionário adaptado de Broilo et al. (2006). Que compara com escala de (0 a 100), abordando os pontos importantes como o convívio social e profissional, convívio pessoal com seu parceiro e o emocional buscando saber como ela se porta consigo mesma e com os outros perante o problema. Como mostra o Gráfico 01, no nosso estudo observou a melhora do paciente acompanhada pelo questionário de qualidade de vida apos realizar as 10 sessões.

@@@@@@@@@@@@@@@@@@ Gráfico 1.Qualidade de Vida Observamos através desse gráfico a melhora dos pacientes após realizar a primeira sessão. O paciente 1, submetido ao questionário, obteve o valor igual a (63), o paciente 2 (52) e o 3 (42), resultados avaliados em escala de 0 a 100 onde o resultado 20 é considerado excelente e 100 muito grave. Com a realização da terapia, após as 10 sessões foram realizadas as reavaliações onde os mesmos obtiveram os resultados do paciente 1 (44), paciente 2 (40) e 3 (21) melhorando seus resultados em relação ao início do tratamento. Os melhores resultados observados foram exatamente onde os pacientes mais sentiam-se incomodados, o convívio social e profissional como também o convívio pessoal tiveram grandes ganhos em relação ao início do tratamento assim demostrado também no emocional do paciente que obteve melhoras que além de sentirem mais confortáveis em relação com a hiperidrose também a uma maior segurança para que os mesmo realizem suas atividades diárias evitando assim os

constrangimentos causados pela HPH. O grau de satisfação dos pacientes foi avaliado em escala de 0 a 10 onde os mesmos pontuaram de acordo com os benefícios recebidos após a realização do tratamento como mostra na figura 1.

Onde podemos observar que o tratamento foi significativo para esses pacientes, onde a avalição alcançou uma media de 8,6 entre os mesmos. Diante do estudo realizado, foi possível observar um resultado positivo do uso da corrente galvânica no tratamento da hiperidrose primária após realizar as 10 sessões, percebendo uma melhora significativa dos pacientes e a satisfação dos mesmos com o resultado obtido.

@@@@@@@@@@@@@@@@@@ Não foi observado nenhum tipo de reação adversa ao tratamento após realizar a terapia, a sensação de formigamento e a hiperemia causada pela aumento da circulação sanguínea no local do tratamento foi apenas o que se foi possível observar, não houve relato de nenhum tipo de incômodo ou sensação após tratamento por parte dos pacientes. Considerações Finais Apesar de não contar com estudos anteriores realizando tal procedimento, a área da Fisioterapia Dermato-Funcional demostrou ser uma alternativa para tratar a hiperidrose, somando assim mais um tratamento eficaz evitando a necessidade do paciente passar pela cirurgia de simpatectomia anulando o risco de passar por uma hiperidrose reflexa ou compensatória. A Fisioterapia DermatoFuncional abre novos caminhos para tratamentos com a corrente galvânica em pacientes com hiperidrose primaria, mas é sabido que há poucas pesquisas desenvolvidas nesta área, na abordagem da galvanização em hiperidrose primaria. Por esse motivo, é restrito o material didático disponível para essa pesquisa. O resultado obtido neste estudo apresentouse muito satisfatório. Quanto à motivação dos pacientes no pós-tratamento, ambos declararam-se como muito realizados com os resultados. No entanto, ele não pode ser generalizado para outros casos clínicos semelhantes, apenas ajuda a divulgar experiências clínicas na nossa área, com procedimentos não invasivos, gerando hipóteses para pesquisas futuras.


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Artigo

|Fadiga, qualidade de vida, esclerose múltipla.

Relação entre a fadigabilidade e a qualidade de vida em portadores de esclerose múltipla. Por

|COELHO, Tito Luca da Silva

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fadiga na Esclerose Múltipla (EM) é um dos sintomas mais incapacitantes e prevalentes, que carece de medidas avaliativas mais consistentes, que sejam capazes de mensurar as repercussões da mesma sobre a qualidade de vida dessa população. Objetivo: analisar a relação entre a fadigabilidade e a qualidade de vida dos pacientes portadores de EM. Método: trata-se de um artigo de revisão, com levantamento das bases de dados da Bireme, no período de 1994 a 2008, utilizando as palavras-chave fadiga, Esclerose Múltipla e qualidade de vida, tendo como correspondente na língua inglesa fatigue, Multiple Sclerosis, quality of life. Resultados/Discussão: foram encontrados 52 artigos, dos quais 19 foram incluídos na pesquisa por abordarem temas de interesse do estudo, quatro capítulos de livro e uma dissertação de mestrado, não sendo encontrada nenhuma publicação nacional ou internacional que tivesse avaliado a relação proposta nesse estudo. Conclusão: o presente estudo apresentou aspectos importantes pertinentes à relação entre fadiga e à qualidade de vida (QV), até então pouco estudado pela comunidade científica. Há que se desenvolver novos estudos, sobretudo pesquisa de caráter investigativo para melhor esclarecer os efeitos do sintoma sobre a QV. A esclerose múltipla (EM) é considerada a principal doença desmielinizante do sistema nervoso central (SNC). É caracterizada pela destruição da mielina do SNC, mediada pelo sistema imunológico, manifestando-se por múltiplas áreas de inflamação da substância branca. Entretanto, as manifestações clínicas da doença estão diretamente relacionadas à região encefálica ou medular onde está ocorrendo o processo de desmielinização. 1,2,3,4 A EM acomete preferencialmente o sexo feminino, com idade inferior a 40 anos. No entanto, a etiologia da EM ainda permanece desconhecida, tendo como principal hipótese etiológica a predisposição genética associada a fatores ambientais. 1,2,5 A afecção apresenta-se de quatro diferentes formas clínicas: remitente-recorrente, progressiva secundária, progressiva primária e benigna, sendo que cada uma delas caracterizam-se por evoluções e déficit neurológico distintos.2,6 22 • NovaFisio.com.br

A fadiga é uma das principais características clínicas da EM, podendo ser um sintoma que contribui para o diagnóstico clínico, estando presente em cerca de 80% dos casos. 7,8,9 Por se tratar de um sintoma subjetivo, a fadiga pode ser de difícil definição e avaliação, porém é conceituada como sendo uma sensação de cansaço excessivo, seguido de perda de energia física, podendo ocorrer dificuldades respiratórias. 10 Apesar de ser um sintoma frequente na doença, sua origem ainda não foi esclarecida. 10,11 Entretanto, acreditase que a sua causa pode ser multifatorial, com combinação de fatores emocionais, alterações imunológicas, metabólicas, endócrinas, cerebelar e decorrente da própria diminuição da condutibilidade da informação nervosa. 10,11,12 Os estudos demonstram uma grave e importante diminuição na qualidade de vida (QV) desses indivíduos, o que nos leva a crer na necessidade de novos estudos que melhor descrevam as repercussões do sintoma fadiga, sendo possível que esta seja um dos sintomas responsáveis pela baixa QV, por limitar o desempenho das atividades funcionais e de vida diária. 7,10,11 Considerando a Esclerose Múltipla como uma doença de caráter limitante e que acomete indivíduos jovens em pleno período de produtividade, é provável que a qualidade de vida esteja diretamente comprometida pelas limitações físicas por ela trazidas. Diante de tal razão, despertou-me especial interesse pelo presente estudo, cujo objetivo é analisar a relação entre a fadigabilidade e a qualidade de vida dos pacientes portadores de Esclerose Múltipla. METODOLOGIA Trata-se de uma revisão bibliográfica que compreende a análise de artigos de periódicos, entre o período de 1994 a 2008, cuja fonte foi a Bireme, na qual as bases de dados consultadas foram: Medical Literature Analysis and Retrieval System Online (MEDLINE), Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS) e Scientific Electronic Library Online (SCIELO), capítulos de livro, dissertação de mestrado, além de sites de periódicos de universidades brasileiras. Como palavras-chave para a busca foram

usados os seguintes termos: fadiga, qualidade de vida e esclerose múltipla, sendo encontrados 52 artigos, entre os quais – após a leitura – observou-se que 33 abordavam temas não relacionados ao estudo como, por exemplo, intervenções farmacológicas da doença, logo foram excluídos do estudo. Com isso, 19 artigos foram incluídos na pesquisa, por abordarem temas pertinentes ao estudo nos idiomas inglês, espanhol e português. A seleção dos capítulos de livro e dissertação foi desenvolvida de forma assimétrica, sendo incluídos quatro capítulos de livro e uma dissertação de mestrado. RESULTADOS Durante a busca nas bases de dados, não foram encontradas publicações que avaliassem a influência da fadiga na QV em portadores de esclerose múltipla. Porém, foram encontrados artigos que mencionavam algumas medidas avaliativas dos aspectos clínicos relacionados à EM. No entanto, ainda não se observa nenhuma escala ou medidas funcionais que dimensionem o quanto o sintoma fadiga interfere na qualidade vida desses pacientes. As publicações foram escritas em inglês, espanhol e português; publicações em outros idiomas não entraram na pesquisa pela sua difícil interpretação. DISCUSSÃO O referido estudo contribui para auxiliar na compreensão da relação entre o sintoma fadiga e a QV em portadores de EM. Diante do exposto, percebe-se que não existem, até o momento, estudos que busquem demonstrar o quanto essa condição pode comprometer a qualidade de vida desses indivíduos, sendo este um estudo pioneiro no Brasil a refletir sobre essa relação, tendo em vista que a fadiga é o mais prevalente e incapacitante sintoma na EM; logo merece maior atenção por parte dos profissionais de saúde. Estudos demonstram a alta prevalência da fadigabilidade nos pacientes com a doença. 8,10,11 Apesar de existirem algumas escalas que avaliem a fadiga do ponto de vista da severidade, frequência e até mesmo dos fatores que podem exacerbar o sintoma, 8,13,14,15,16 não se observa escalas que façam a relação entre a fadiga e a qualidade de vida relacionada à saúde


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|Fadiga, qualidade de vida, esclerose múltipla.

(QVRS). A maioria dos estudos se concentra em determinar o grau de incapacidade trazida pela doença, sobretudo com a utilização da Expanded Disability Status (EDSS). 10,17,18 Atualmente foi validada no Brasil por Mendes et al. 15 a escala de determinação funcional da qualidade de vida na EM (DEFU), que é a versão brasileira do instrumento específico da Function Assessent in Multiple Sclerosis (FAMS), a qual é composta por seis domínios, dentre os quais, o domínio pensamento e fadiga seria responsável por avaliar funcionalmente esses aspectos. 15 No entanto, seria insuficiente para determinar o grau de QV relacionado à fadiga nessa população, já que a QV deve ser avaliada nos contextos, satisfação e bem-estar do indivíduo nos domínios físicos, psicológicos, social, econômico e espiritual em relação ao estado de saúde, conforme o estabelecido pela Organização Mundial de Saúde (OMS). 19 O impacto da fadiga na QVRS, em portadores de EM, permanece desconhecido. Os estudos corroboram quando afirmam que a EM provoca um impacto negativo significante em todos os domínios da Medical Outcomes Study – 36-item Short Form (SF-36). 18,20,21 Porém, não temos um instrumento de pesquisa que forneça as informações pertinentes sobre as repercussões do sintoma fadiga na QV. Os conhecimentos dessas repercussões poderão estimular os profissionais de saúde a validarem para a população brasileira uma medida que avalie tal relação, além de aprimorarem as estratégias para o tratamento de fadiga. Alguns estudos que utilizaram diversos instrumentos para avaliação da fadiga seguem apresentados no quadro 1, no final do texto. Todos os estudos evidenciaram que a fadiga compromete não a apenas a QV, como também as relações sociais, familiares, funcionais e até mesmo as AVD´S (Atividade de vida diária), podendo assim interferir negativamente na QVRS. O tratamento da fadiga é um desafio para os profissionais de saúde. Provavelmente essa condição se estabeleça pela não compreensão da sua causa. 10,11,20 Essa impotência diante da fadiga pode ser um dos fatores que contribuem para uma expressiva diminuição da QV nesses pacientes. Estudos reconhecem a importância de se averiguar com mais intensidade os aspectos relacionados à fadiga na EM. 8,22 Entretanto, a não padronização e a ausência de escalas validadas para a nossa população, que mensurem a QVRS, dificultam a sua compreensão. Não obstante, deve-se ressaltar que Fisk e col. 24 • NovaFisio.com.br

23 em 1994 desenvolveram uma escala com o intuito de avaliar a relação proposta nesse trabalho. Contudo, não se observa estudos com a utilização dessa escala na população brasileira em função de não estar validada transculturalmente para a nossa população. De acordo com a literatura, o fator emocional parece não ter relação direta com o aparecimento do sintoma, embora haja estudos que mostram a depressão como um agente capaz de favorecer o aparecimento do surto da doença. 8,24 Pesquisas com a utilização da SF-36 têm evidenciado menor escore nos domínios físicos em comparação aos domínios mentais nos portadores de EM. 18,20 Em estudo 7 realizado com 95 pacientes portadores de EM na forma remitenterecorrente, os instrumentos de pesquisa utilizados para a análise da fadiga, foram: escala de severidade de fadiga (ESF), escala de fadiga de Chalder modificada (EFcm), para a avaliação da incapacidade foi utilizada a EDSS, além do uso da escala de ansiedade e depressão (HAD). Observou-

se a associação entre a fadiga grave e maior incapacidade funcional. Diante de tal achado, percebe-se que o sintoma pode estar diretamente relacionado com maiores índices de incapacidade funcional, consequentemente comprometendo a QV que, por sua vez, é uma variável que merece correta e consistente avaliação. CONCLUSÃO A promoção da qualidade de vida continua sendo o maior objetivo de qualquer profissional da área médica, sobretudo, quando se trata de uma doença de evolução crônica, capaz de gerar graus variados de incapacidade neurológica. Destarte, faz-se necessária a realização de estudos cujo escopo esteja direcionado sobre a qualidade de vida frente à fadiga na ocorrência de esclerose múltipla, com o objetivo de desenvolver estratégias eficientes no combate aos fatores que atuam negativamente na compreensão da qualidade de vida, dentre eles a fadigabilidade que representa um dos sintomas mais limitantes na EM.

Quadro 1 – Estudos que utilizaram diferentes instrumentos de avaliação da fadiga.


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|Cuidador, Dependente, Idoso e Perfil.

Perfil do cuidador do idoso dependente no espaço comunitário. Por

|Anna Clara Amorim De Brito Tenutes, José Alves Martins, Késia Da Silva

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om o advento da transição demográfica e epidemiológica brasileira há um aumento nos casos de idosos com incapacidade física e consequentemente a necessidade do indivíduo recorrer a um cuidador em tempo integral. Este se torna importante para o sistema de saúde à medida que sua atuação, durante a provisão contínua dos cuidados, pode influenciar a qualidade de vida do idoso dependente. Sendo, assim, este estudo, tem por objetivo identificar o perfil do cuidador do idoso dependente, nas áreas 7 (sete), 8 (oito) e 9 (nove) do PSF Unipark, em Várzea Grande/MT. Metodologia: Estudo de base populacional, exploratório e descritivo realizado junto aos cuidadores de idosos dependentes residentes na área de abrangência do PSF Unipark no município de Várzea Grande. Resultados e Discussão: Os dados revelaram que no grupo pesquisado a faixa etária prevalente está entre 31 e 49 com 72,08%, que na sua maioria os cuidadores são mulheres (81, 04%) da raça negra (59,03%), casados (65%) que não completaram ainda o primeiro grau (61,1%) e com renda familiar entre 1 e 3 salários mínimos. Quanto aos aspectos relacionados ao ato de cuidar os dados apontam que o tempo de cuidado é superior a 12 meses (81,4%), que na maioria dos casos cuidam de pessoas com doenças neurológicas (44,4%) e que desenvolveram ao longo das atividades de cuidar algum tipo de agravo geralmente reumático ou ortopédico (44,7). Na maioria das vezes residem junto com o idoso dependente (77,7%) e apontam como maior obstáculo o espaço físico da residência (33,3%) e também a relação conflituosa com os serviços da Unidade Básica de Saúde (29,6%). Ao se tratar de envelhecimento populacional, deve-se ter em mente que embora o envelhecimento não seja uma enfermidade, as mudanças de estruturas e funções corporais que ocorrem no organismo, levam os indivíduos a perderem sua capacidade funcional para exercer suas atividades de vida diária. Por isso, é preciso atenção dos profissionais de saúde que indicam cuidados em casa a idosos dependentes, que sejam consideradas as mudanças sociais e econômicas que estão transformando as estruturas familiares e nas cidades brasileiras e como estas podem afetar a posição e o papel tradicional do cuidador de idosos fragilizados e dependentes. Enfim, conhecer o perfil do cuidador do idoso dependente na área de abrangência da Estratégia de Saúde da Família se torna importante à medida que possibilita integrar saberes e 26 • NovaFisio.com.br

práticas populares e técnicas no sentido de otimizar as formas de cuidar no espaço comunitário. Introdução A Fisioterapia, ao longo de sua evolução histórica, tem em a gênese na reabilitação física, ou seja, sua atuação está, basicamente, pautada na prevenção terciária, a qual visa o tratamento e/ ou reabilitação do paciente já sequelado ou incapacitado. Com o tempo adquiriu abertura na atuação hospitalar, desenvolvendo competências para atuar também na prevenção secundária, a qual busca atender o paciente na fase de desenvolvimento da doença, a fim de promover um diagnóstico precoce e nortear o processo de tratamento. Atualmente, a profissão tem como desafio sua inserção no cenário comunitário, agindo de forma direta no cotidiano das pessoas e desta maneira desenvolvendo habilidades e competências para novas formas de cuidar atuando na atenção primária à saúde; trabalhando de forma efetiva nos três níveis de prevenção, isto é, desde a promoção de saúde até a fase reabilitadora do paciente. Concomitante aos avanços da Fisioterapia, o fenômeno do envelhecimento populacional brasileiro passa a coexistir no mesmo cenário. Não se trata, porém de fenômenos díspares, pelo contrário, as práticas e os saberes, em Fisioterapia sofrem transformações à medida que ocorrem as mudanças nas necessidades da população. No Brasil, à transição demográfica e epidemiológica apresentam, cada vez mais, um quadro preocupante, sobretudo no impacto das políticas públicas de saúde uma vez que o envelhecimento populacional vem ocasionando um incremento das doenças crônico-degenerativas no perfil epidemiológico da população. Esse grupo de doenças, apesar de não possuir um alto nível de letalidade é caracterizado pela capacidade acentuada em provocar sequelas das mais diversas que podem comprometer o nível de independência do individuo. Estudos estimam que 13% dos indivíduos entre 64 e 74 anos, 25% dos entre 75 e 84 anos e 46% daqueles acima de 85 anos apresentam algum tipo de incapacidades ¹. Esse fenômeno exige da fisioterapia, assim como das outras profissões da saúde, a percepção sobre o processo de envelhecimento e sua consequência natural, a velhice, que implicam em uma série de modificações nos aspectos físicos,

psíquicos e sociais do ser humano. Essa condição exige, na maioria das vezes, a presença de um cuidador em tempo integral ². Nesse sentido se conclui que a sobrevivência desses indivíduos está na dependência de uma ou mais pessoas que suprem as suas incapacidades para a realização das atividades de vida diária ³. Assim, como forma de amenizar o problema, ocasionado por esse fator demográfico e epidemiológico, os serviços de saúde deverão se organizar para, após efetuar um primeiro atendimento assistencial digno ao paciente idoso, assumi-lo em todas as suas necessidades4. Neste contexto, a atuação da Estratégia de Saúde da Família como instrumento de proximidade do sistema de saúde com a comunidade, funciona como ponte de apoio para trabalhar com os cuidadores, idosos e as famílias, dentro de uma visão ampla da vida cotidiana, também, por conceder a esses agentes de cuidados as orientações necessárias para com os idosos dependentes. A equipe técnica de uma Unidade Básica de Saúde (UBS) deverá trabalhar dentro de um novo conceito de prática gerontológica, denominado atenção progressiva, a qual promove a união de serviços médicos com os sociais em base de uma avaliação multidimensional, destinada a determinar os variados níveis de intervenção de que cada paciente precisará5. Essa forma de atenção compreende a avaliação clínica e social que se complementa com as Atividades de Vida Diária (AVDs), diagnóstico familiar e do estado de saúde mental. Além dos serviços oferecidos pelo Programa de Saúde da Família (PSF), tais como: atendimento médico; assistência farmacêutica; tratamento odontológico e cuidados emergenciais da enfermagem; deve-se oferecer também o atendimento fisioterápico como parte do processo de reabilitação global, visto que esse é um aspecto fundamental no seguimento das pessoas idosas5. Com isso, o fisioterapeuta para desenvolver as habilidades de assistência ao idoso, atua no PSF, no qual trabalha diretamente intervindo na vida do paciente, e junto ao cuidador, não somente com o objetivo de reabilitação, mas também com o intuito de procurar reintegrar o idoso ao meio em que vive com maior autonomia possível. De modo geral, as propriedades referentes à saúde do idoso, devem ir total ou parcialmente, ao encontro de um conceito mais abrangente da situação, cujos aspectos multidimensionais da saúde englobam o equilíbrio positivo com


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o ambiente, o potencial para perseguir objetivos pessoais e conviver com demandas ambientais, e sociais, e o processo de ação direcionado para um objetivo, como o processo de convívio efetivo 4. Nos rearranjos culturais brasileiros o cuidar da pessoa idosa é, naturalmente uma função da família, tendo a figura feminina como a mais indicada para tal função. Portanto, para a equipe de saúde, o seu objetivo é o bem-estar biopsicossocial do paciente idoso, do cuidador e da família; pois, na assistência domiciliar, se lida, frequentemente com pacientes dependentes em suas Atividades Básicas de Vida Diária (ABVDs) e Atividades Instrumentais de Vida Diária (AIVDs), criando-se a necessidade de um cuidador, o qual é uma pessoa que dispensa todos os cuidados ao paciente, assistindo-o em grande parte de suas funções sociais e orgânicas, variando de acordo com seu grau de dependência 6. Deste modo, a forma de cuidar em conjunto (pacientecuidador-família-serviço de saúde), alivia o trabalho e a responsabilidade do cuidador único e solitário, possibilitando o retardar ou minimizar o aparecimento do estresse para a família, o cuidador e para o próprio idoso. O trabalho de Neri citado por Karsch esclarece que a relação entre cuidador e o idoso dependente é complexa e, dependendo do perfil psicológico de ambos, poderá tornar-se difícil, principalmente em relação à autonomia do idoso que, apesar de estar dependente e frágil, muitas vezes tem expectativas de exercitá-la tão plenamente quanto seu passado 3. Porém, segundo a Política Nacional do Idoso e a Política Nacional da Saúde do Idoso, determina-se que assistência a essa população deve ter como preocupação básica a sua permanência na comunidade, no seu domicílio, de forma autônoma pelo maior tempo possível 1. Nessa vertente, o PSF pode ser uma estratégia eficiente face ao desafio que é cuidar, com inclusão de novos profissionais diretamente ligados à reabilitação, como o próprio Fisioterapeuta, imbuídos por uma visão holística do problema, comprometidos, não em tratar de uma doença, mas em cuidar de um individuo que convive com outros indivíduos, os quais também sofrem influências do processo de cuidar e, portanto, devem ser alvos do sistema oficial de saúde7. O cuidador familiar, dentro de uma proposta mais ampla de cuidados deve ser entendido como um membro da equipe de saúde e para tanto, deverá ser preparado, sobretudo porque é a partir dele que a equipe pode acessar informações reais e instantâneas, imprescindíveis para a uma melhor resolutividade no processo de cuidar. Face ao exposto, entende-se que é de fundamental importância o conhecimento do perfil dos cuidadores desses idosos, 28 • NovaFisio.com.br

bem como o que pensam e o que fazem, pois são determinantes nos resultados das ações da Fisioterapia no espaço comunitário, potencializado ou reduzido os efeitos desta assistência. Sendo, assim, este estudo, tem por objetivo identificar o perfil do cuidador do idoso dependente, nas áreas 7 (sete), 8 (oito) e 9 (nove) do PSF Unipark, em Várzea Grande/ MT. Metodologia Trata-se de um estudo de base populacional, exploratório e descritivo, aprovado pelo Comitê de Ética da Universidade de Cuiabá, registro nº 023 CEP/UNIC/2009 – Protocolo nº 2009-013, realizado junto aos cuidadores de idosos dependentes residentes na área de abrangência do PSF Unipark, no município de Várzea Grande. Este estudo teve uma amostra de 27 (vinte e sete) cuidadores de idosos dependentes alocados junto aos prontuários das famílias cadastradas na Unidade Básica de Saúde (UBS) do PSF Unipark e, portanto, moradores das micro-áreas 7 (sete), 8

(oito) e 9 (nove); de ambos os sexos; acima de 18 (dezoito) anos de idade; com ou sem grau de parentesco com a pessoa cuidada. Para obtenção das informações, foram realizadas técnicas de coleta de dados na forma de entrevistas conduzida pelos próprios pesquisadores com uso de questionário estruturado, no período de abril a maio de 2009. As mesmas foram efetuadas nas residências de toda a amostra selecionada com o objetivo de analisar as seguintes variáveis do estudo: idade, raça, sexo, nível de escolaridade, grau de parentesco, nível sócio-econômico (em salário mínimo), patologias prevalentes, estado civil, religião, existência de vínculo empregatício, tempo de atuação como cuidador, existência de assistência da UBS ao cuidador, as dificuldades apontadas pelo cuidador quanto a sua atuação e, o nível de dependência do idoso cuidado. Tais variáveis foram submetidas à análise estatística descritiva, que foram expressas em forma de tabelas, deste modo, efetivando a análise quantitativa dos dados coletados.

Tabela 1 – Dados Sócio-demográficos dos Cuidadores Entrevistados


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Resultados e Discussão Os dados colhidos no campo apontaram para um perfil heterogêneo quanto aos aspectos sócio-demográficos dos informantes, variando em diferentes padrões de repostas, principalmente quanto às variáveis: idade, raça, grau de parentesco e religião; o que pode ser observado na Tabela 1. Nesse sentido passamos a descrevê-la e analisá-la. A maioria dos cuidadores se encontra na faixa etária dos 31 aos 49 anos de idade. O estudo de Fonseca e Penna, que contou com 10 cuidadores familiares, em SalvadorBahia encontrou uma média de idade de 54 anos 8. Quanto a esta variável Ribeiro et. al. diz ser um aspecto importante na atividade de cuidador, pois a dependência dos idosos, principalmente em relação às AVDs, demanda esforço físico daqueles que atuam nesta função, o que remete a pensarmos que cuidadores com idades mais avançadas terão maiores limitações no ofício de cuidar 9. Quanto ao sexo, houve uma recorrência nas respostas apontando que mais de 80% dos informantes são do sexo feminino, o que corrobora alguns achados de outros pesquisadores, como Euzébio e Laham, citados por Fonseca e Penna, de que as mulheres em sua grande maioria se prestam ao papel de cuidadora, devido à contextualização histórica e cultural da sociedade brasileira 8. Laham diz que, apesar de todas as mudanças sociais e as transformações na composição familiar – que impõe novos papéis à figura da mulher, que acaba por assumir uma maior participação no mercado de trabalho, ainda assim, em nossa sociedade esperase da mulher a iniciativa em assumir mais essa função de cuidar dos entes enfermos 8. Esse autor afirma ainda que, geralmente, os homens participam do cuidado de uma forma secundária, através de ajuda material ou em tarefas externas, como transporte do paciente e pagamento de contas 8. Contudo, Muraro e Boff acrescentam que a relação afetiva das mulheres com o cuidar pode contribuir na humanização das instituições 9. Já, quanto à variável raça, prevaleceu à raça negra com percentual de 59,03%, seguida pela branca com 29,06% e a parda que apontou 11,01%, com base nas respostas referidas pelos informantes. E a respeito, do estado civil dos informantes identificou-se uma maior prevalência de cuidadores casados (65%) seguido pelos solteiros (20%). E o estudo do Ribeiro et. al., sobre o perfil de cuidadores de idosos institucionalizados observou que nas instituições privadas, mais da metade eram casados (50,6%) e nas filantrópicas, o percentual de casados foi igual ao de solteiros (37,8%) 9. Em relação à existência de vínculo familiar, dentre os 27 entrevistados, 55% não possuem grau de parentesco com os idosos cuidados. Esses achados são divergentes 30 • NovaFisio.com.br

dos encontrados por Fonseca e Penna, que revelou uma predominância para os filhos, seguidos pelos cônjuges 8. Esses mesmos autores ao citarem Cattani e GirardonPerlini relatam que os cônjuges são os principais a assumirem o cuidado, movidos principalmente por uma “obrigação matrimonial”, pelo projeto de vida comum assumido pelo casamento e o compromisso de estar junto na saúde e na doença 8. Nesta circunstância, a relação entre o cuidador e o idoso dependente é complexa e, dependendo do perfil psicológico de ambos, poderá ser muito difícil, principalmente em relação à autonomia do idoso que, apesar de estar dependente e frágil, muitas vezes tem expectativas de exercitá-la tão plenamente quanto em seu passado, segundo o que diz Neri, citado por Floriani e Schramm 10. Quanto à religião a mais prevalente é a evangélica (51,85%), seguida pela católica (48,15%) o que diverge dos achados de Marques, Rodrigues e Kusumota que em seu estudo realizado com 8 (oito) famílias, todos os membros do núcleo familiar eram católicos 11. Na Tabela 2, observa-se outros dados sócioeconômicos como: o vínculo empregatício, o grau de escolaridade, renda familiar e a contribuição com a renda familiar (se o idoso contribui ou não). Assim, quanto à existência de vínculo empregatício apenas 7,41% da amostra possui vínculo empregatício. O baixo nível de instrução foi uma realidade observada entre os informantes. O grau de escolaridade prevalente foi de 1º grau incompleto (61,10%), seguido por 1º grau completo (12,05%) e, 2º grau completo (12,05%), já no estudo de Fonseca e Penna, em relação

à escolaridade, apenas 6 (seis) dos 10 (dez) entrevistados declararam ter concluído o ensino médio, no entanto, a amostra também inclui 2 (dois) analfabetos. Assim sendo, segundo Restá e Budô, citados por Fonseca e Penna, é importante conhecer a escolaridade dos cuidadores, pois são eles que recebem as informações e orientações da equipe de saúde 8. Nesse sentido a educação em saúde está muito ligada à capacidade de compreensão das pessoas. Laham levanta a hipótese de que o nível de escolaridade possa influir nos sentimentos dos cuidadores, sendo que a pouca aprendizagem dificultaria a compreensão do que acontece com o paciente 8. O índice de renda familiar mais encontrado foi de 1 a 3 salários mínimos (70,36%), seguido por menor que 1 salário mínimo (19,33%). Este resultado é explicado pelo acesso ao sistema de previdência social – aposentadoria ou benefício de prestação continuada, que lhes garantem um salário mínimo, sendo que apenas duas pessoas, dentro de cada família dos idosos, receberem remuneração salarial. Quanto à contribuição ou não do idoso na renda familiar 92,59% afirmaram que contribuem no sustento da casa. Esse fato se dá em virtude dos gastos associados aos cuidados com o idoso e, por isso, a sua remuneração financeira se torna imprescindível a manutenção da casa. O que se refere aos aspectos relativos ao ato de cuidar, observados na Tabela 3, evidenciou- se ainda que: o tempo de cuidado encontrado neste estudo foi superior a 1(um) ano, prestando cuidados aos idosos dependentes, entretanto, no estudo de Fonseca e Penna, o tempo em

Tabela 2 – Dados sócio-econômicos


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que os cuidadores estavam exercendo esta atividade variou de 1 (um) a 4 (quatro) meses, com média de 2 (dois) e 4 (quatro) meses. Outro importante, dado pesquisado foi sobre a existência de doença ou agravos apresentados pelo idoso cuidado, que repercuti efetivamente no ato de cuidar. Os achados desse estudo apontam que 44,45% das doenças são de caráter neurológico, seguido pelas ortopédicas ou reumáticas com 33,33%. Já segundo, a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio, demonstra que as doenças de coluna/costas, artrite/reumatismo e hipertensão são as doenças crônicas mais frequentes, que chegam a atingir quase 50% das pessoas com a faixa etária acima dos 45 (quarenta e cinco) anos 12; A doença do cuidador, também pode influenciar muito na qualidade do cuidado e na relação dele com o idoso. Dentro da amostra estudada a doença mais encontrada foi à ortopédica ou reumática com 44,74%. No estudo de Karsch, os dados sobre a saúde dos cuidadores dos casos entrevistados, 40,7% tinham dores lombares, 39,0% depressão, 37,3% sofriam de pressão alta, 37,3% tinham artrite e reumatismo, 10,2% problemas cardíacos e, 5,1% diabete, e segunda esta autora, as condições físicas desses cuidadores levam a inferir que os cuidadores são doentes em potencial e que sua capacidade funcional está constantemente em risco 3. Quanto à relação com os serviços da atenção básica, a maioria dos entrevistados possui cadastro e fazem uso da Unidade Básica de Saúde - UBS, além disso, residem junto ao idoso cuidado, por serem pessoas próximas a eles ou de suas famílias. As dificuldades no ato de cuidar também foram alvos desse estudo, revelando que quanto a esse fator, os entrevistados em sua maioria, veem o espaço físico como maior dificuldade (33,33%), seguido pela relação com a UBS (29,63%) e por último a relação com o contexto familiar (25,93%). Quanto ao nível de dependência (autoreferido) do idoso, dos 27 (vinte e sete) entrevistados 18 (dezoito) são parcialmente dependentes, correspondendo há 66,67% e, os outros 9 (nove) são totalmente dependentes, correspondendo há 33,33% da amostra, este fator sugere certa cautela por parte do cuidador, que em alguns momentos não se sentem apto a função de cuidar, devido à condição física e funcional do idoso. Considerações Finais Esse estudo pretende chamar a atenção dos profissionais de saúde que indicam cuidados em casa a idosos dependentes, no sentido de se considerar as mudanças sociais e econômicas que estão transformando as estruturas familiares, sobretudo das camadas populares das grandes cidades brasileiras, e como estas podem afetar a posição e o papel tradicional do cuidador de idosos fragilizados e dependentes ³. Como 32 • NovaFisio.com.br

afirma a autora e também profissional da saúde, Úrsula M. Karsch, devemos nos ater a olhar de modo mais humanista dentro de um contexto biopsicossocial 3. Atentandonos as perspectivas apontadas pelo Ministério da Saúde e pelas Secretarias de Saúde do Estado de Mato Grosso e da Municipal de Várzea Grande, quanto às ações tomadas no âmbito da Saúde da Família, principalmente a respeito da saúde do idoso. Pois, o fato de se ter um cuidador, não significa que os médicos e todo

o grupo multiprofissional do PSF Unipark, deve deixar a mercê essa população idosa que requer muitos cuidados, do mesmo modo que os cuidadores (que são parte responsável pelo bem estar desses idosos) não devem deixar de reivindicar e fazer valer os direitos desses idosos dentro da UBS do PSF Unipark, em Várzea Grande. Nessa vertente a Fisioterapia, vem otimizar e contribuir quanto à relação dos cuidados aos idosos dependentes, pertencentes às equipes de saúde da família.

Tabela 3 – Fatores e/ou Aspectos relacionados ao Cuidador/Idoso Dependente


CLASSIFISIO Nome: Grasiela Rodrigues Cidade: Brasília-DF e-mail: grasygrb@gmail.com Anuncio: Vendo aparelhos de pilates da marca D&D!! Aparelhos: Reformer/StepChair/Cadillac/Ladder-Barrel, completos com todos os acessórios inclusos, na cor verde, em madeira maciça e aço inóx! Valor: R$8.500,00 Forma de Pagamento: Ã combinar Frete: Por conta do comprador Aparelhos ainda na garantia de fabricação! Contato: (61) 8536-0635 / 9322-6813 Nome: Fernanda Cidade: Rio de Janeiro e-mail: nandafonte@gmail.com Anuncio: VENDO MEIAS COM ANTI DERRAPANTE UNISEX PARA PILATES.TEMOS PREÇO PARA REVENDA TAMBÉM. (21) 9753-7485 Nome: Angela Beatriz Varella Cidade: Rio de Janeiro – RJ e-mail: angbiavarella@gmail.com Anuncio: Vendo uma caixa extensora do Trapésio, para Pilates, azul. R$ 50,00.Favor ligar para (21) 2268-6997 ou 2288-8131 Nome: Cristiane Stecca Cidade: Jundiaí­-SP e-mail: cristeca@ig.com.br Anuncio: Vendo aparelho de ultrassom de 3mHz da GS,com 45 watts e tres cristais por R$1.300,00. Nome: Rosane Assunção Cidade: São João de Meriti – RJ e-mail: dra.rosane-assuncao@ hotmail.com Anuncio: Procuro espaço para alugar ou sublocar para abrir consultorio de fisioterapia.

Tel:7553-7271 Nome: Jovana Lopes Cidade: Nova Iguaçu – RJ e-mail: fisiojqueen@hotmail.com Anuncio: Procuro estagiário(a) de FISIOTERAPIA para trabalhar com profissional autônomo na cidade de Mesquita – RJ. Horário: Iní­cio: 13hs Término: 17hs. Valor da bolsa: R$ 100,00 Benefí­cio: VT (R$ 94,00). Nome: Cesar Cidade: Rio de Janeiro e-mail: cesarvaleije@yahoo. com.br Anuncio: Vendo, em bom estado, o Livro Os Fundamentos da Medicina Chinesa 1 ed. de Giovanni Maciocia, por R$ 110,00. (pagto em dinheiro). Nome: Valéria Cidade: Suzano-sp e-mail: leriabarbosa@bol.com.br Anuncio: Equipamentos Fisioterapia (Semi-Novos) – URGENTE TUDO POR APENAS : R$ 4.800.00 01 Tablado 01 Estetoscópio rapaport 01 Negatoscópio 02 macas (azul claro) 02 escadinhas 03 mesas auxiliares c/ rodinhas 2 bandejas 03 colchonetes (azul claro) 03 cunhas (azul claro) 03 travesseiros (azul claro) 03 rolos médios (azul claro) 01 forno de bier-c/termostato01 bicicleta ergométrica (moviment) 01 barra paralela Epox (ISP) Nova na embalgem 01 Espaldar maderia 01 andador (Ortometal) 01 jg Bastões coloridos com suporte 01 exercitador de punho madeira 01 Tabua proprioc.Balairina

01 Tabua proprioc redonda 01 Tabua proprioc retangular 01 Tabua along. Tríceps 01 Banquinho (mocho) 01 Bota exercícios em couro 01 Inalador ultra-sonico 01 longari01 cadeira turbilhão ISP 01 turbilhão ISP digital 220Lt

Anuncio: Vendo carrinho auxiliar,com tres bandejas e suporte para fios da GS por R$100,00.

Todos os equipamentos em perfeito estado sem uso. Contato: 11-9131-0116 ou 11-6272-7883 Valéria e-mail:leriabarbosa@ bol.com.br / leriacomjc@ hotmail.com

Anuncio: O consultório Innovar está aceitando envio de curriculo de fisioterapeutas que atue na área dermatofuncional por favor encaminhar o curriculo para biamelo@ hotmail.com

Nome: Luiz Spolidoro Cidade: Sao Paulo e-mail: spolidorovet@gmail.com Anuncio: VENDO Physiotonus II – BIOSET – USADO 3 VEZES Physiolux Dual – BIOSET – NOVO NA CAIXA Sonacel Dual – 1&3MHz – BIOSET – NOVO NA CAIXA VALOR ESPECIAL PARA COMPRA DOS 3 APARELHOS JUNTOS!! TEL- 11-78377809 Nome: Augusto Prado Cidade: Rio de Janeiro – RJ e-mail: prado64@oi.com.br Anuncio: PILATES: VENDO 1) REFORMER 2) CADILAC Preço a combinar. Nome: Ana Paula Rocha Cidade: Rio de Janeiro e-mail: linhapmr@hotmail.com Anuncio: Procuro emprego na área de fisioterapia no Rio de Janeiro. Disponibilidade de horário. Entrar em contato por email. Grata Nome: Cristiane Stecca Cidade: Jundiaí-SP e-mail: cristeca@ig.com.br

Nome: Beatriz Cidade: Rio de Janeiro e-mail: biamelo@hotmail.com

Nome: Aline Freire Cidade: Rio de Janeiro – RJ e-mail: alineazf@yahoo.com.br Anuncio: Vendo livros e seminovos em perfeito estado: *Fisioterapia Respiratória no Paciente Crí­tico – George Jerre Vieira Sarmento – 1ª ed. (2005) R$120,00. *Fisioterapia Respiratória Pediá¡trica – Guy Postiaux – 2ª ed. (2004) R$150,00 *Tratado de Medicina Fí­sica e Reabilitação de Krusen – Volumes 1 e 2 – Kottke Lehmann – 4ª ed. (1994) R$200,00 *Fisioterapia CardioPulmonar – Scot Irwin e Jan Stephen Tecklin – 3ª ed. (2003) R$150,00 *Tratamento de Queimaduras Um Guia Prático – Dino R. Gomes – 1ª ed. (1997) R$50,00 *As Escolioses – Philippe Souchard e Marc Olliver – 2ª ed. NOVO R$100,00 *Reeducação Postural Global – Método do Campo Fechado – P. E. Souchard – 6ª ed. (2006) R$20,00 *Esculpindo Seu Corpo – Autoposturas de Endireitamento – P.E. Souchard – 1ª ed. Veja todos os anúncios e anuncie gratuitamente também no site : www.novafisio.com.br NovaFisio.com.br • 33


Agenda |

Divulgue seu evento de graça em nossa agenda. Visite o site.

DATA CURSO NOVEMBRO 20 Formação Busquet – Cadeias Fisiológicas 03 II Curso BABY – Conceito BOBATH 03 a 05 Acupuntura / Dry Needling – Valéria Figueiredo Cursos 04 Mobilização Neural (Neurodinâmica) 05 Curso de Formação de Instrutores de Pilates 05 Protocolos acelerados nas Afecções do Joelho – FisioWork 05 e 06 Eletroterapia Geral 05 a 26 Reeducação postural global 06 CIF – FisioWork-RS 06 e 07 Auriculoterapia com Ênfase na Escola Huang Li Chun 09 a 11 Acupuntura / Dry Needling – Valéria Figueiredo Cursos 11 Curso Nível 4 de Terapia Integração Craniossacral® 12 a 16 Kabat Vallejo – Valéria Figueiredo Cursos 16 Advanced Assessment II – PHYSIO PILATES – POLESTAR 16 a 18 ADVANCED ASSESSMENT II / PHYSIO PILATES – POLESTAR 18 Estabilização Segmentar Vertebral 19 Drenagem Linfática e Técnicas Corporais Alternativas – FisioWork 19 Ergonomia do Posto de Trabalho e Atividade Laboral – FisioWork 20 Coluna Avançada – PHYSIO PILATES – POLESTAR 20 Curso de Ventilação Mecânica 20 e 21 Fisioterapia Respiratória – Recursos Terapêuticos Manuais 20 e 21 Curso Coluna Avançada PHYSIO PILATES – POLESTAR 20 e 21 Curso Coluna Avançada PHYSIO PILATES – POLESTAR 20 a 27 Curso de Pilates Aparelhos Básicos – Teresa Camarão 20 e 27 Sling Training – Mód. 1, 2 e 3 20 a 12 Pilates: aparelhos, solo e bola 25 e 26 Simpósio Reabilitação Neurolocomotora da Bancada ao Leito 26 Estabilização Segmentar das Artções Periféricas e Tape Funcional 26 a 29 Pilates Clínico – Valéria Figueiredo Cursos 27 Workshop de Fasciaterapia: liberação da cintura escapular 27 Fasciaterapia e Somatopsicopedagogia 27 e 28 Osteopatia 27 e 28 Curso de Liberação Miofascial Introdução ao Método ROLF 28 e 29 Curso de Pilates Aparelhos Avançado – Teresa Camarão

CIDADE-UF

CONTATO

Recife-PE Porto Alegre-RS São Paulo-SP Belém-PA Macapá-AP Novo Hamburgo-RS João Pessoa-PB Rio de Janeiro-RJ Porto Alegre-RS Rio de Janeiro (ABBR) S. J. do Rio Preto-SP São Paulo-SP São Paulo-SP Salvador-BA Salvador-BA Vitória-ES Porto Alegre-RS Porto Alegre-RS São Paulo-SP Niterói-RJ São Paulo-SP São Paulo-SP Salvador-BA Chapecó-SC Rio de Janeiro-RJ Rio de Janeiro-RJ Rio de Janeiro (UFRJ)-RJ Belo Horizonte-MG Belo Horizonte-MG São Paulo-SP Sao Paulo-SP Rio de Janeiro-RJ São Paulo-SP Chapecó-SC

21 3717-3763 51 3024-2906 0800 400 7008 21 4063-7914 96 3222-8690 51 3587-4671 83 3044-0356 21 2269-5963 51 3587-4671 21 3528-6404 0800 400 7008 11 3052-1924 0800 400 7008 0800 606 8008 / 71 3261-8000 71 3261-8000 / 0800 606 8008 21 4063-7914 51 3587-4671 51 3587-4671 71 3261-8000 / 0800 606 8008 21 2705-0517 11 8405-7534 71 3261-8000 / 0800 606 8008 71 3261-8000 / 0800 606 8008 49 3328-0881 21 3281-0733 21 3528-6404 21 8123-5911 21 4063-7914 0800 400 7008 11 7889-9402 11 3463-9549 / 9342-7843 21 2269-5963 11 4224-2773 49 3328-0881

DEZEMBRO 02 a 05 Curso Internacional Conceito Mulligan 03 Protocolos acelerados nas Algias Vertebrais – FisioWork-RS 03 a 05 Curso de Drenagem Linfática Manaul Medical Corporal e Facial 04 Mat Pilates e Acessórios – FisioWork-RS 04 Workshop de Fasciaterapia 04 e 05 Sling Training + Pilates 05 e 06 Pilates Pequenos Equipamentos – Valéria Figueiredo Cursos 07 e 08 Pilates Saúde da Mulher – Valéria Figueiredo Cursos 07 a 12 Congresso de Mini- Cursos Interdisciplinar 09 Curso Pediátrico de Terapia Integração Craniossacral® 09 e 10 Pilates On the Ball – Valéria Figueiredo Cursos 10 a 19 Curso Quiropraxia Clínica para Fisioterapeutas 11 Mobilização Neural – FisioWork-RS 11 Mat Pilates e Acessórios – FisioWork-RS

Nova Friburgo-RJ Porto Alegre-RS Niterói-RJ Novo Hamburgo-RS Rio de Janeiro-RJ São Paulo-SP Porto Alegre-RS Porto Alegre-RS Rio de Janeiro-RJ São Paulo-SP Porto Alegre-RS Rio de Janeiro-RJ Santa Maria-RS Santa Maria-RS

22 2523-8863 51 3587-4671 21 9995-5317 51 3587-4671 11 7889-9402 21 3281-0733 0800 400 7008 0800 400 7008 21 2269-5963 11 3052-1924 0800 400 7008 21 9369-1228 51 3587-4671 51 3587-4671

EM 2011 DIVULGUE SEU CURSO GRATUITAMENTE NO SITE WWW.NOVAFISIO.COM.BR E VEJA TAMBÉM NOSSA AGENDA COMPLETA DIVULGUE SEU CURSO GRATUITAMENTE NO SITE WWW.NOVAFISIO.COM.BR E VEJA TAMBÉM NOSSA AGENDA COMPLETA DIVULGUE SEU CURSO GRATUITAMENTE NO SITE WWW.NOVAFISIO.COM.BR E VEJA TAMBÉM NOSSA AGENDA COMPLETA DIVULGUE SEU CURSO GRATUITAMENTE NO SITE WWW.NOVAFISIO.COM.BR E VEJA TAMBÉM NOSSA AGENDA COMPLETA DIVULGUE SEU CURSO GRATUITAMENTE NO SITE WWW.NOVAFISIO.COM.BR E VEJA TAMBÉM NOSSA AGENDA COMPLETA DIVULGUE SEU CURSO GRATUITAMENTE NO SITE WWW.NOVAFISIO.COM.BR E VEJA TAMBÉM NOSSA AGENDA COMPLETA DIVULGUE SEU CURSO GRATUITAMENTE NO SITE WWW.NOVAFISIO.COM.BR E VEJA TAMBÉM NOSSA AGENDA COMPLETA DIVULGUE SEU CURSO GRATUITAMENTE NO SITE WWW.NOVAFISIO.COM.BR E VEJA TAMBÉM NOSSA AGENDA COMPLETA DIVULGUE SEU CURSO GRATUITAMENTE NO SITE WWW.NOVAFISIO.COM.BR E VEJA TAMBÉM NOSSA AGENDA COMPLETA 34 • NovaFisio.com.br


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Tininha | Humor - passa-tempo - game - novidades - música - cinema - moda - TV - DVD Tininha direto de Portugal Pois é pessoal, aca estou e vou escrever diretamente de Lisboa para vocês aí. A Revista está ficando internacional, coisa chique, eu de Portugal, o André da Alemanha, nossa, que legal. Bom, mas hoje em dia com a Internet, fica fácil ficar bem perto mesmo estando tão longe, por isso, escrevam. Ah, se eu receber muitos pedidos de fotos, irei publicá-las nas próximas edições, mas tem que ser muitos pedidos, se não fico com vergonha. O e-mail voces já sabem: tininha@novafisio.com.br

Professores coagidos pelos alunos e com apoio dos pais. 1969 vs 2009... Essa pergunta foi a vencedora em um congresso sobre vida sustentável.

“Todo mundo ‘pensando’ em deixar um planeta melhor para nossos filhos... Quando é que ‘pensarão’ em deixar filhos melhores para o nosso planeta?” Agora vai um desafio para quem quiser testar seus conhecimentos de língua portuguesa. Na frase abaixo deverá ser colocado 1 ponto e 2 vírgulas para que a frase tenha sentido. PENSE antes de ver a resposta que está no final da página. Resista. Não veja a resposta antes de tentar.

MARIA TOMA BANHO PORQUE SUA MÃE DISSE ELA PEGUE A TOALHA. RESPOSTA: Maria toma banho porque sua. Mãe , disse ela, pegue a toalha. A “pegadinha” está no fato do uso do verbo suar, confundindo com o pronome possessivo (sua)... A Língua Portuguesa é fogo, mesmo... 36 • NovaFisio.com.br


tendências - automóvel - compras - economia - turismo - esporte

Quem é obsceno aqui? Você consegue responder ao menos uma? 1 - O que é mole, mas na mão das mulheres fica duro? 2 - Onde as mulheres têm o cabelo mais enrolado? 3 - O que as mulheres têm, com 6 letras, começa por B, termina com A, e não sai da cabeça dos homens? 4 - O que as mulheres têm no meio das pernas? 5 - O que é que a mulher casada tem mais larga que a solteira? 6 - O que é redondo, tem duas letras, um furo no meio, começa com C, quem dá fica feliz, e quem ganha fica mais mais feliz ainda? 7 - Começa com B termina com A e geralmente está entre as pernas das mulheres e as vezes dos homens? Respostas 1 - Esmalte. 2 - Na África 3 - A Beleza. 4 - O Joelho. 5 - A cama. 6 - Um CD. 7 - Bicicleta. Obs: Quanto mais obsceno você tiver achado esta brincadeira, mais suja está a sua mente, pois uma mente pura não verá nada de errado em nenhuma destas perguntas ou imagem. Pense nisso!

Vamos a um último teste? Foi descoberto que o nosso cérebro tem um Bug. Aqui vai um pequeno exercício de cálculo mental!!! Este cálculo deve fazer-se mentalmente (e rapidamente), sem utilizar calculadora nem papel e caneta!!! Seja honesto... faça cálculos mentais... Tens 1000, acrescenta-lhe 40. Acrescenta mais 1000. Acrescenta mais 30 e novamente 1000. Acrescenta 20.. Acrescenta 1000 e ainda 10. Qual é total?

O teu resultado foi 5000? Errou!

pELEVADORq pSOBE... Fisioterapeutas são incluídos nos

programas de assistência à Saúde de Campinas. No dia 27 de julho, o prefeito de Campinas (SP), Dr. Hélio de Oliveira Santos, sancionou o Projeto de Lei nº 500/2009. A iniciativa foi resultado de uma longa batalha da Associação dos Fisioterapeutas de Campinas (AFICAMP), para ampliar a inclusão desses profissionais na rede pública de Saúde da cidade.

pSOBE...

A Associação de Fisioterapeutas do Brasil - AFB foi eleita para assumir a gestão da CLAFK-Confederação Latino Americana de Fisioterapia e Kinesiologia, gestão 2010/2014.

pSOBE...

MS abre inscrições para bolsas de estudo na área de Saúde Mental. Profissionais, professores e estudantes da área de saúde receberão incentivos para estudos. Inscrições vão até 12 de novembro Mais informações estão no site www.saude.gov.br/sgtes/petsaude ou podem ser obtidas pelo e-mail petsaudemental@saude.gov.br.

...qDESCE

Lamentamos o falecimento do Dr. JOSÉ LUIZ SILVA MONTEIRO, Conselheiro Efetivo do CREFITO-2.

PARTICIPE

Você sabe de algum fato bom ou ruim na fisioterapia? Escreva-nos e iremos publicar aqui no elevador sobe e desce. NovaFisio.com.br • 37

A resposta certa e 4100!!! Se não acreditar, verifique com a calculadora. O que acontece e que a sequencia decimal confunde o nosso cérebro, que salta naturalmente para a mais alta decimal (centenas em vez de dezenas).


|FisioPerfil

FP

Armand Angibaud

Sempre uma breve entrevista com quem tem uma longa história.

armand@fasciaterapia.com.br

Quem é, o que faz | Fisioterapeuta e fasciaterapeuta francês, residente no Brasil, onde desenvolve o método da fasciaterapia desde 2005, como terapeuta e formador. A fasciaterapia é uma técnica que faz parte da fisioterapia esportiva na França e em Portugal. O contato com profundidade em relação às fáscias e o domínio desse universo, revelou a ele importantes aspectos referente à harmonia do movimento, a postura e a mobilidade articular, nos processos bioquímicos e de percepção. A fasciaterapia é adotada como importante aliada no tratamento fisioterápico e permite ao profissional da área uma expansão na prática de seu trabalho. Armand trabalha com o método da fasciaterapia desde sua origem com o seu fundador, o fisioterapeuta e osteopata Dr. Danis Bois, e participa da construção do método que se tornou uma abordagem completa (terapêutica e educativa) em constante evolução. Também é integrante do centro de Pesquisas Acadêmicas na Universidade Fernando Pessoa, em Portugal, (www.cerap.org), onde é mestrando. “Tive um consultório na França durante quarenta anos e trabalhei com fisioterapia clássica, osteopatia, balneoterapia, eletroterapia, drenagem Vodder, Kabat, Feldenkrais, cadeias musculares de Mme Struyff, massagens reflexos. Desde 1982 me dedico ao método da fasciaterapia. Além disso, também me tornei pedagogo, formador desde suas primeiras turmas e continuo ministrando formações, atividade que gosto muito.” Qual ano e em qual faculdade que se formou? 1966, École St. Michel - Paris - França.

Estaria ao mesmo tempo nos encontros de pesquisa na Europa e aqui no Brasil implantando o método da fasciaterapia.

Qual foi a melhor coisa que fez na vida? A descoberta da fasciaterapia como método de trabalho é uma paixão em minha vida.

Qual maior mentira já contou? Atender um paciente em fase terminal e feito ele acreditar em sua recuperação.

Qual foi a pior coisa que fez na vida? Passei muito tempo envolvido em métodos com uma visão mecanicista. O que você mais gosta na profissão? Gosto da aprendizagem constante que essa área proporciona. O que você odeia na profissão? A visão limitada que se tem do corpo. Que qualidade mais admira nos profissionais que te cercam? A capacidade de dedicação ao paciente. Que qualidade você mais detesta nos profissionais que te cercam? A falta de empenho na busca do autoconhecimento. Qual sua maior virtude? A tenacidade. Qual seu pior defeito? Não tenho tino comercial. Se pudesse mudar algo, o que seria? 38 • NovaFisio.com.br

Qual fato foi mais inusitado em sua carreira? Curar uma criança com diagnóstico hiperativo em apenas uma sessão. Qual fato foi o mais cômico? Uma paciente na primeira sessão me disse: “Ah não! Mais um tratamento esotérico! Isso não vai funcionar!”. Ela já havia passado por uma “via sacra” de tratamentos por causa de dores persistentes, e não podia acreditar que um tratamento tão sutil poderia fazer efeito. Resultado: esta paciente foi curada e tornou-se minha mulher.

Qual sua aquisição mais recente? Um Mestrado na Europa, na Universidade Fernando Pessoa, Portugal. Qual seu maior sonho? Harmonia em todos os campos da minha vida. Qual seu maior pesadelo? Uma sociedade desumana. Que talento mais gostaria de ter? Atrair multidões. Se não fosse fisioterapeuta gostaria de ser o que? Escritor viajante. E qual profissão jamais queria ter? Advogado. Diga um desafio? Desenvolver a fasciaterapia no Brasil.

Qual seu maior arrependimento? Não ter começado a ensinar a fasciaterapia mais cedo.

Um livro? “O Eu renovado” (Danis Bois) ed. Ideias e letras.

Qual dica daria aos colegas? Ver o paciente numa globalidade e não apenas como um corpo com um sintoma.

Quer fazer alguma divulgação? Gostaria de convidar os fisioterapeutas e alunos para o workshop: Liberação da cintura escapular, sábado 27 de novembro, em São Paulo; E também para visitarem o site: fasciaterapia.com.br

Qual objeto de desejo? Organizar o primeiro centro de fasciaterapia no Brasil.


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