2º Momento – 30 de Novembro de 2014 Hoje inicia-se o Advento. Não quero viver este tempo convosco, de forma repetitiva. Antes sim, meditar, contemplar textos diferentes, uns mais simples do que outros, para que cada um com simplicidade e liberdade possa viver ao seu ritmo. É certo que uns têm uma maior crença em Jesus, outros nem por isso… Por vezes as perguntas são muitas e as respostas são poucas e o melhor é ir questionando, vivendo, experimentando… e acompanhados é uma bênção! Santo Inácio de Loyola, diz-nos que mais do que rezar muita coisa, com muitos textos e palavras, devemos saborear… Saborear aquilo que Deus nos transmite através do nosso relacionamento com Ele na oração/meditação/contemplação. Sempre que voltamos a um mesmo texto e em tom de oração há sempre novidade, espanto e mistério! E por isso, a necessidade de escrevermos o que vamos vivendo! Desenhar a vida é isso mesmo… ter consciência do que somos e o que fazemos para melhorar a todos aqueles que servimos, incluindo-nos a nós próprios e a Deus. Mas o Advento é isso mesmo… Tempo de preparação para a chegada do Salvador, Jesus Menino! Inicio: - Encontra um local agradável para contemplar, - Uma posição cómoda, - Faz o pedido que tens no coração de modo a tirares o maior proveito, - Lê e contempla,
- Agradece e termina. 1 - Um pequeno excerto do texto de Edith Stein sobre Advento e Natal (dos escritos espirituais) “ Cuando los días se hacen cada vez más cortos y comienzan a caer los primeiros copos de nieve, entonces surgen tímida y caladamente los primeros pensamentos de la Navidad. Y de la sola palabra brota un encanto, ante el cual apenas un corazón puede resistirse. Incluso los fieles de otras confesiones y los no creyentes, para los cuales la vieja história del Niño de Belén no significa nada, se preparan para esta fiesta pensando como pueden ellos encender aqui o allá un rayo de felicidade. Es como si un cálido torrente de amor se desbobrase sobre toda la tierra com semanas y meses de anticipación. Una fiesta de amor y alegría. Para los cristianos, y en especial para los católicos, tiene un significado mayor. La estrella los conduce hasta el pesebre donde se encuentra el Niño que trae la paz a la tierra. El arte Cristiano nos lo presenta ante nuestros ojos en numerosas y tiernas imágenes, viejas melodias, en las cuales resuena todo el encanto de la infância, nos cantan de él. Pontos: - Como vivo este tempo? - Que músicas/cantos, imagens, gestos, recordo da minha infância? - São diferentes dos que experimento este ano? - O que faço com eles? - Como é o ambiente em minha casa quando construímos a árvore de Natal e o Presépio? - Posso fazer algo de diferente este ano?
3 – Excerto do livo “ As Palavras Caladas, o diário de Maria de Nazaré” “Sentada ao pé da minha janela, como fazia todos os dias, olhei para as mãos, banhadas pela luz da manhã. Aquelas mãos tinham lavado roupa branca n ribeiro, tinham-na esfregado até que brilhasse, aquelas mãos tinham amassado pão e tinham passajado túnicas com arte. As minhas mãos tinham plantado flores nos vasos que estavam debaixo da parreira e apanhado com carinho as uvas de cada ano. As minhas mãos tinham acariciado a cabeça encanecida da minha mãe, madura de pensamentos amoráveis, e alisado a pela envelhecida dos pergaminhos que continham as Escrituras Sagradas, tão cheias de velha sabedoria. As minhas mãos. Olhei para aquelas mãos de rapariga, compridas e frágeis, poisadas sobre o avental com a pálida lassidão da incerteza. (…) Sentada ao pé da janela, comecei a citar os salmos que conhecia desde criança. Gostava do vaivém dos seus versos, como se fosse o fluxo e o refluxo do mar. Levanto os olhos para ti, Que vives no Céu, Assim como os olhos dos escravos Estão suspensos da mão do seu senhor, Assim como os olhos da escrava Estão suspensos da mão da sua senhora. (sl 123, 1ss) (…) Como disse antes, naquela época José e eu já tínhamos celebrado o noivado, embora ainda não tivéssemos contraído casamento. Como também já antes tinha dito, em cada manhã a sombra convida-me ao silêncio. Repentinamente, como acontecia sempre que entrava em silêncio, o meu ser interior dilatou-se e abriu-se, nas minhas entranhas, como um abismo. Sentia que as coisas exteriores se iam desvanecendo a pouco e pouco e que a minha alma se perdia,
arrastada para o meio de um mar de luz. Era uma luz que conhecia das minhas meditações, a luz em que eu penetrava todos os dias, sabendo-me ser do Ser, plenitude do que permanece, fundo da consciência sem limites, gota do mar, grão de areia, nota de música, verbo não proferido de um poema original e indizível. Mas naquele dia as coisas passaram-se de forma diferente. (…) Como soam as passadas de um anjo? O José tinha a graça de um anjo quando se ria, por isso me enamorei dele. (…) Só as crianças são capazes de os ver ao pé delas mas têm vergonha de falar disso aos mais velhos, porque eles ficam assustados e lhes dizem: “Ora, estão doidos, gaiatos!” Só sei dizer que ouvi proferir o meu nome como uma música interior, como a melodia de uma flauta de cana no meio do campo, como um único acorde de gorjeios e de águas que cantam simultaneamente e explodem num ponto de luz. - Maria. Todos quanto tinham o meu nome estavam ali. Ouvi a voz dos meus pais, da minha vizinha Rute, do José. Ouvi a voz do mar, a voz das estrelas, a voz do pranto, a voz daqueles que não têm voz, a voz dos salmos, a voz da poesia e a voz do olhar. - Alegra-te, minha preciosa, o Senhor está contigo.” 2 - Anúncio do nascimento de Jesus (Mt 1,18-25) - 26Ao sexto mês, o anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade da Galileia chamada Nazaré, 27a uma virgem desposada com um homem chamado José, da casa de David; e o nome da virgem era Maria. 28
Ao entrar em casa dela, o anjo disse-lhe: «Salve, ó cheia de graça, o Senhor está contigo.» 29Ao ouvir estas palavras, ela perturbou-se e inquiria de si própria o que significava tal saudação. 30Disse-lhe o anjo:
«Maria, não temas, pois achaste graça diante de Deus. 31Hás-de conceber no teu seio e dar à luz um filho, ao qual porás o nome de Jesus. 32Será grande e vai chamar-se Filho do Altíssimo. O Senhor Deus vai darlhe o trono de seu pai David, 33reinará eternamente sobre a casa de Jacob e o seu reinado não terá fim.» 34
Maria disse ao anjo: «Como será isso, se eu não conheço homem?» 35O anjo respondeu-lhe: «O Espírito Santo virá sobre ti e a força do Altíssimo estenderá sobre ti a sua sombra. Por isso, aquele que vai nascer é Santo e será chamado Filho de Deus. 36Também a tua parente Isabel concebeu um filho na sua velhice e já está no sexto mês, ela, a quem chamavam estéril, 37porque nada é impossível a Deus.»38Maria disse, então: «Eis a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra.» E o anjo retirou-se de junto dela.
“Encarnação” significa a intenção de Deus de querer ficar igual à sua criatura. Ele veio por mim. Abdica dos seus atributos e desce ao nosso nível para nos puxar para o Seu. Encarnação é o ato em que humanidade e divindade se tocam. Deus quer precisar da nossa humanidade. Pede autorização para realizar o seu plano em Maria e Maria aceita. A conversa entre o Anjo e Nossa Senhora é a chave para compreender como Deus continua a vir até junto da humanidade através do inesperado, duma forma por vezes desconcertante. Pontos: - Como passado os meus dias durante a semana? - Tiro tempo em silêncio para estar com Deus? Abstraio-me dos ruídos e estou com um Amigo ou é um tempo para “despachar”? - Reconheço que cada membro do meu corpo é importante? - Precisam de estar em sintonia, entre eles, para que eu viva saúde! - Cuido do meu corpo, como se cuida dos carros ou da casa? Afinal de contas, é Templo de Deus! Ele habita em nós.
- O que fazem as tuas mãos? Agradece! - E porque estamos em Tempo de Espera, recordo todas as pessoas que passaram na minha vida e foram importantes. De alguma forma, marcaram positivamente a pessoa que sou hoje: a minha mãe, o meu pai, o meu marido ou esposa, os filhos, um tio ou tia, um educador ou um amigo. Alguém conhecido na comunicação social ou um líder carismático. Recordo alguns pormenores importantes, as suas palavras, a sua voz, o seu olhar… o que me cativou nelas? - O que sinto quando chamam pelo meu nome? - Maria é uma figura que todos nós admiramos e muitos veneram. Ansiamos ser como Ela, humildes, simples, verdadeiros, de poucas palavras… Tendo consciência que é um caminho, a santidade, a percorrer, escrevo neste momento as qualidades que gostaria de ter como Nossa Senhora. Escolho aquelas, apenas, que considero conseguir alcançar. Mais tarde, retomo as folhas e continuo a acrescentar… Desta forma, passo a passo, vou-me conhecendo e toco a humanidade de Deus. - Ao longo da semana saboreio o que medito/contemplo/oro, e fico naquilo que me dá mais consolação.
Recordo que são apenas pistas… Boa semana e continuamos juntos!