Ottica Art Guto
Lacaz Arte MULTIMIDIA
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Guto Lacaz
Quando a Arte, a Ciência e o Humor se encontram
Africa Africans
Arte Contemporânea Africana
O Animado Mundo de
Inácio Zatz
Poster!
A comunicação com Arte
Nas Entrelinhas e As Três Terezas
Regina de Barros
José Diniz
e seu periscópio
Guto acaz
Quando a Arte a Ciência e o humor se encontram...
Guto Lacaz é um artista multimídia. Com sua criança interior bem viva e presente, mostra um equilíbrio impressionante entre a ciência e espontaneidade, entre forma e conteúdo, entre crítica e humor. O pensar e o fazer, mesclam-se criando um amálgama de obras inusitadas e divertidas, que além da qualidade plástica e conceitual, tem uma aura de alegria, de humor crítico inteligível. Muitas vezes usa a mídia e o consumo para suas obras bem-humoradas. Suas instalações cinéticas, encantam pela magia entre ciência e poesia, explorando as possibilidades tecnológicas na arte. Na performance, Guto mostra seu fascínio pelo universo das invenções das máquinas, da eletricidade, da mecânica, transformadas em espetáculos inusitados fora do contexto original, numa catarse artística bem-humorada e ao mesmo tempo ”non sense”. Como desenhista e ilustrador, tem soluções originais muito bem estruturadas conceitualmente, com traços previamente pensados. Podemos apreciar nas várias ilustrações para livros, revistas e criações de logomarcas a simplicidade e a graça fundamentadas conceitualmente na mensagem a ser transmitida. Guto Lacaz é um artista completo. Formado em eletrônica industrial e arquitetura e urbanismo, transita nas várias áreas da arte, como artista, inventor, desenhista, ilustrador, editor, professor, cenógrafo, performer ou criando objetos fora de seu contexto original, constrói metáforas e signos de interesses heterodoxos, que são resultados das ciências captadas nos desenhos, que com graça, ironia e humor, traduzem fatos em sínteses férteis e prodigiosas, que convidam o espectador de uma forma arguta à reflexão, porém de maneira leve e bemhumorada. Guto Lacaz, ensina, desvenda, sugere, brincando como um menino curioso que acabou de descobrir um tesouro. Guto Lacaz, está participando da exposição As Margens dos Mares, no SESC - Pinheiros com a escultura cinética Pororoca, que irá até o dia 02/08/2015
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Pororoca - 2015 Escultura CinĂŠtica SESC Pinheiros SP
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Foi da auto peça cruzeta, que viu na revista Quatro Rodas, que o artista se inspirou na obra “Pororoca”
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Projeto mecânico - Ernesto Tuneu Produção - Paulo Masson e Ricardo Negrae Montagem - Tirso Pires e equipe Imagens - Edson Kumasaka
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A Ottica Art, fez a seleção de algumas obras da vasta produção de Guto Lacaz, que será mostrada nas próximas páginas.
Obras CinĂŠticas
Ondas D'รกgua - 2010 SESC - Belenzinho
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Trigêmeas Ciclistas - 2013 SESC - Pompéia
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Linhas รกgua luz da luz - 2006 SESC - Pinheiros
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OFNIS - 2012 Parque Ibirapuera
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Buenos Livros - 2009 Intervenção Urbana OX Parque Buenos Aires
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Audit처rio para Quest천es Delicadas - 1989 Parque Ibirapuera - S찾o Paulo
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Claudio Leonardo e Orlando - 2012 Parque Estoril - S達o Bernardo
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Bossa Nova - Homenagem a Tom Jobim IV UNIT, S達o Paulo 1995
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MĂşsica a vivo - Panorama das formas tridimensionais 1991 MAM SĂŁo Paulo
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A Terceira Margem do Rio 2010 Marquise do Ibirapuera S達o Paulo
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Esculturas
RG Enigmรกtico - 1999 Casa das Rosas - Sรฃo Paulo
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Alex Alex - 2015 CCSP dia do Grafite
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Ulisses o elefante biruta - 2014 Parque Pedreira - Campinas
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Objeto
Exposição Eletro Livros - 2012 Maria Antônia Centro Universitário - USP
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- Fantasma-Homem atravessando a Porta - Lógico Equilíbrio - Cheque Mate - Óleo Maria à procura da Salada - Sulfite sou Eu 30
- Alma de Artista-Blaser de lona de pintura - The Book is on the table - Abajur branco - Bem TV
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Campo de Futebol em relevo
Performance
- Eletro Performance (na outra pรกgina) - IOU-A Fรกbula do Cubo e do Cavalo - Mรกquina 3 - 3 Setas
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Gravuras
Pequenas Grandes Ações - 2003 (Serigrafia) Galeria Circo Bonfim - Belo Horizonte Galeria Val de Almeida - São Paulo
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Irm達os Linhas - 2010 (Serigrafia)
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3 l창mpadas 1986 (Serigrafia)
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Ilustração
Penso, logo desenho Auto retrato de um dos mais importantes artistas brasileiros.
Desenhos publicados na coluna de Joyce Pascowitch no Jornal Folha de S達o Paulo 80/90 44
Ilustrações feitas para revista Alfa – na sessão Confissões 2010
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Algumas ilustrações, das muitas, que durante mais de 15 anos o artista fez na seção Um Desenho da revista Caros Amigos. Que estão reunidos no livro 80 Desenhos, editora Dash.
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Ilustração para Revista Tempo Sky - 2009 O artista atuou no tridimensional com material diverso.
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Algumas ilustrações do clássico Peter e Wendy. Esse livro faz parte de um projeto da editora Cosac Naify, em que o objetivo é trazer uma nova arte a essas obras tradicionais. Para isso, Guto atuou com recortes, posteriormente fotografados, para dar vida aos personagens.
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Ilustração para os melhores da Revista Veja 1983 Os melhores em, Livros, Teatro, música e cinema
Ilustração para Revista Tempo Sky - 2009 O artista atuou no tridimensional dobradura em papel e tijolo.
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Pintura
Mascote (esmalte sobre madeira) Homem na Escada (esmalte sobre madeira) 53
Clube – (guache sobre cartão) Paisagem – (guache sobre cartão)
Esculturas em alumínio - 1983 (guache sobre cartão) Xuva de Mézotrons - 1983 (guache sobre cartão)
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Infinito - 1983 (guache sobre cart達o) Elefante - 1983 (guache sobre cart達o)
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Cartazes
Cartazes
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www.gutolacaz.com.br
Africa Africans ARTE CONTEMPORÂNEA
O Museu Afro Brasil apresenta a maior exposição sobre arte contemporânea africana já realizada no país. A mostra Afica Africans estreou no dia 25 de maio, dia Internacional da África, uma exposição maravilhosa e gratuita, que o espectador poderá ver instalações, esculturas, pinturas, fotografia vídeo e moda. A mostra traça um panorama da recente criação visual do continente africano. A curadoria selecionou obras de artistas de diversos países da África, além de obras africanas do acervo do museu e da coleção particular de Emanoel Araujo, diretor curatorial do museu.
Christian Cravo Christian Cravo neste momento do seu trabalho, estรก retratando os exuberantes desertos com seus contornos de luz e sombra
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Christian Cravo 65
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Africans
A exposição é rica em cores, formas e padrões, com linguagens e suportes variados. A mostra concentra as obras dos artistas africanos e de origem africana, residentes ou não no continente, mas que mantém um diálogo com a pluralidade de experiências estéticas e sociais presentes nas diversas regiões do continente. A mostra ilustra com primor a África atual e uma África antiga com vários países, falando milhares de línguas e dialetos, berço da humanidade. Com diversas tribos, com seus adornos e vestimentas. As moedas de troca são bem interessantes, verdadeiras esculturas feitas em ferro. Os artistas tem obras muito ricas algumas bem pungentes, que trazem a dor de uma África que foi subjugada por colonizadores Europeus, e tantos africanos que tiveram de deixar suas origens para ir trabalhar como escravos em outras terras. Artistas como o premiado El Anatsui, o respeitado Ablade Glover, e Yinka Shonibare, são alguns dos nomes que o espectador vai encontrar. O museu também recebeu no dia 17 de abril, a 39ª edição do São Paulo Fashion Week, com a mostra África Africans Moda e apresentou os trabalhos de cinco estilistas africanos: Palesa Mokubung (África do Sul); Amaka “Maki” Osakwe (Nigéria); Jamil Walji’ (Quênia); Xuly Bët (Mali) e Imane Ayissi (Camarões). A mostra de moda ocorreu no espaço central do museu e teve a curadoria do nigeriano Andy Okoroafor, reconhecido editor e diretor de arte, clipes musicais e moda em Paris, França. O museu promoveu um encontro internacional sobre o tema da exposição, trazendo os artistas convidados para um debate com o público acerca de sua produção e de questões levantadas pela exposição e pelos participantes. A mostra vai até dia 30 de agosto.
Adornos e Artefatos A mostra traz uma bela coleção de máscaras, totens, instrumentos, adornos variados de vários povos africanos.
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Hector Sonon Hector Sonon é um desenhista, cartunista, com um traço sagaz, um olhar esperto e rápido que capta com humor e graça o cotidiano agitado das ruas de Cotonou, dos mercados a céu aberto, onde acontecem simultaneamente muitas coisas, sem restrição. O Museu Afro Brasil, exibe dois grandes painéis do cotidiano de sua região, nas paredes externas do museu.
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Hector Sonon
Alfred Weidinger Portraits fortes marcantes de Alfred Weidinger ele revela em PB e Color, o espírito da África, com sua nobreza e ostentação passada por gerações.
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Alfred Weidinger
Owusu-Ankomah
Owusu Ankomah, tem um trabalho instigante, em branco e preto, com símbolos fortes, que já encantam de longe, e quando nos aproximamos, revelam com um firme e delicado contorno vermelho, seu auto retrato, um corpo forte e exuberante mimeticamente camuflado no branco e nos símbolos construídos simetricamente..
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Esta obra “Microcron Kusum nº4” em azul é uma exceção colorida .
Ablade Glover Ablade Glover ĂŠ o artista mais respeitado da mostra, com sua pintura vibrante, de cores fortes, e grande camada de textura, ora espatular ora com pinceladas, compondo com linhas verticais que dĂŁo a ideia de multidĂŁo.
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Moedas de Troca A exposição também traz as moedas de troca de vários povos que são verdadeiras esculturas em ferro 75
Rémi Samuz
Remi Samuz tece delicadamente cinco figuras humanas, que além da maestria escultórica, ganham na sobreposição das peças devido a transparência, nuances de cinzas.
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Soly Cissé Soly Cissé é do Senegal, é um artista de obras monumentais. Nessa mostra ele está representado por 3 pinturas com predomínio de azul, que ele trabalha com pinceladas, espátulas, camadas esborrifadas de tinta, com traços, desenhos, e inscrições.
Tchif Tchif é de Benim, ele nos seduz pela sua pintura colorida vigorosa cheia de texturas. Uma pintura com abordagem simbólica, ele retrata nestas obras as quatro estações. 77
El Anatsui El Anatsui,ganês,radicado na Nigéria, é considerado o mais importante artista africano da atualidade, com grande prestígio na Europa e nos Estados Unidos e recém premiado, no dia 9 de maio de 2015, com um Leão de Ouro, na Bienal de Artes de Veneza. Sua Obra Skylines, é exuberante, de estrutura maleável, que possibilita que a obra se adapte ao espaço. Skylines encanta justamente por ser construída com tampas de metal de bebida alcoólicas (sucata),obstinadamente costuradas com fios de cobre, e ter uma aparência absolutamente majestosa. Anatsui rompe com a tradicional adesão da escultura às formas fixas, embora faça visualmente referência à história da abstração na arte europeia e africana.
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Bright Ugochukwu Eke
Brigth Ugochukwu Eke, reconhecido por suas grandes instalações, traz uma singular e bela ambientação, com a intenção política de dar um alerta, a falta de critérios que acabam poluindo as águas e as transformam em chuvas ácidas. Ele mesmo foi vítima dessa poluição.
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Yinka Shonibare
Yinka Shonibare MBE é nigeriano-britânico, suas duas instalações são de grande beleza e impacto. Em The British Library, nos deparamos com uma biblioteca, onde os livros são encadernados com tecido "Dutch Wax",marca registrada do artista. Curiosamente o tecido se tornou a assinatura do povo africano, sem ser realmente produzido lá. As lombadas dos livros trazem nomes de imigrantes famosos, que contribuíram em diversas áreas, além de nomes proeminentes que se opunham à imigração. E nos i-Pads, ele explora as razões para imigração por meio de um arquivo documental. Em suas obras,ele explora questões como ambiguidade, hibridismo, colonialismo, pós-colonialismo, território, deslocamento, identidade cultural entre outras.
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Yinka Shonibare Em Egg Fight, ele retrata a luta entre mouros e crist達os, de forma divertida ao olhar, os soldados com vestimentas de belos tecidos, que atiram sobre uma parede de ovos. 81
Aston Aston é um artista do Benim, sua instalação é construída minuciosamente com sucatas coletadas de suas caminhadas, remetem aos navios negreiros com suas tristes travessias pelo mar do Atlântico, com centenas de pessoas amontoadas e mal alimentadas, que quando morriam eram atiradas ao mar.
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Aston
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O Animado Mundo de Inรกcio Zatz!!!!
InácioZatz!!!! É um pesquisador, músico, cineasta e artista multimídia. Um aficionado por tecnologia, ele não pensa duas vezes em utilizar um novo equipamento em suas obras,masnunca fugindo desuaessência Com muitohumor elecria desenhos digitais,compõemmusicas,trilhassonoraseproduzfilmeseanimaçõesnomínimo sensacionais! Aqui nós vamos apresentar alguns dosseus milharesde desenhos digitais, como ele mesmo diz, todos produzidos sem complicações e com muito prazer.Elesaca seutablet ecria o AnimadoMundodeInácioZatz!!!!
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O Pôster ou cartaz como é conhecido popularmente, não se limita somente na transmissão de um discurso publicitário, ele carrega consigo uma aura artística distinta, fazendo o observador encantar-se com seus designs, independentemente de sua época e origem. 109
Os primeiros cartazes tinham como suporte a pedra e as placas de argilas. A partir do século X a impressão era através de matrizes de madeira, por meio da técnica de xilogravuras. No renascentismo, o primeiro cartaz conhecido é o de Saint-Flour, de 1454, era um manuscrito sem imagem alguma. Somente no final do século XIX que houve a união dos textos com as ilustrações numa folha de papel. Conforme o passar do tempo, alcançou maior projeção e um alto grau de sofisticação pelas mãos de artistas plásticos da época.
Cartaz de Saint-Flour, 1454
A integração entre produção artística e industrial é uma herança da carreira de Jules Cherét. filho de um tipógrafo e aprendiz de um litógrafo em Paris, foi em Londres que estudou as técnicas mais recentes das artes gráficas. De volta a Paris em 1860, Cherét gradualmente desenvolveu um sistema de 3 a 4 cores de impressão. O estilo de Cherét atingiu o seu auge por volta de 1880 e foi adotado e desenvolvido por outros artistas como Pierre Bonnarde e Toulouse-Lautrec.
No final do século XIX a litografia colorida tornou-se disponível, possibilitando aos artistas da época trabalhar diretamente na pedra, sem as restrições da impressão tipográfica. Este avanço tecnológico foi responsável pelo florescimento e difusão dos cartazes impressos. Toulouse-Lautrec assinou centenas de pôsteres de divulgação de espetáculos de cabaré, reproduzidos através de pedras litográficas. Foi nas mãos de Toulouse-Lautrec, através do toque impressionista que a arte publicitária alcançou popularidade.
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Jules Chéret Jules Chéret e Toulouse Lautrec
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Toulouse Lautrec
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Art Nouveau
A Arte Nouveau surge no final do século XIX e no começo do século XX e relaciona-se especialmente com a 2ª Revolução Industrial e com os avanços tecnológicos nas artes gráficas, a técnica da litografia colorida que teve grande influência na arte dos Pôsteres. Vários artistas se destacaram neste período produzindo pôsteres com liberdade estética e ousadia criativa, usando como fonte de inspiração a figura feminina de longos cabelos ondulados, emoldurada por uma decoração floral e traços orgânicos. Os artistas tornam-se responsáveis pelo desenho de cada elemento gráfico do cartaz, incluindo a tipografia, visando a sua reprodução através da maquinaria, prática hoje também conhecida como Design Gráfico. Alphonse Maria Mucha foi um pintor, ilustrador e designer gráfico checo e um dos principais expoentes do movimento Art Nouveau.
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Alphonse Muncha
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Século XX
No século XX o cartaz teve um papel importante no design moderno. Foi um período entre as décadas de 20 e 30 repleto de movimentos artísticos no campo da pintura e do design: Construtivismo Russo, Bauhaus, De Stijl, Futurismo, Cubismo, entre outros.
Construtivismo O Construtivismo Russo teve um envolvimento com as vanguardas artísticas. Artistas engajados como Rodchenko, El Lissitsky, Irmãos Stenberg, todos ligados ao processo revolucionário, criavam pôsteres que transmitiam a exaltação do patriotismo, o fortalecimento dos pensamentos de igualdade e da vitória. O design gráfico russo foi influente na evolução do cartaz europeu.
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BAUHAUS
O Construtivismo Russo teve um envolvimento com as vanguardas artísticas. Artistas engajados como Rodchenko, El Lissitsky, Irmãos Stenberg, todos ligados ao processo revolucionário, criavam pôsteres que transmitiam a exaltação do patriotismo, o fortalecimento dos pensamentos de 118igualdade e da vitória. O design russo foi influente na evolução do cartaz europeu.
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Cubismo
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STIJL
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O Pôster é sem dúvida, um dos meios de comunicação visual mais utilizados, nos dias de hoje. Ele pode ser impresso no papel ou num suporte digital, não importa, o fato é que o pôster transmite informações, publicitárias, comerciais, didáticas, culturais, políticas e sociais. Em determinados casos com um requinte no design que os transformam em puras obras de arte.
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Regina de Barros
“Nas entrelinhas...”
O inverso de Penélope "Um dos mais importantes princípios das artes plásticas é o da linha. Basta ligar dois pontos para que ela surja, oferecendo as mais inesperadas combinações, num jogo musical e plástico entre aquilo que se imagina e aquilo que se conquista no momento da construção de um desenho, de uma escultura ou de uma instalação. O termo “linha” indica ainda um modo de conceber o trabalho, como um caminho de pesquisa, de indagações, tanto visuais como existenciais, pois gerar uma linha significa seguir um percurso, nem sempre, porém, linear, mas, quando bem-sucedido, com unidade em seus objetivos e questionamentos. O trabalho de Regina de Barros surge exatamente numa linha de pensamento que desfaz a linha. Ela toma pedaços de tecido e os vai desmanchando, desfazendo, desconstruindo, num processo em que as linhas permanecem soltas, esvoaçantes, indagadoras. Elas, às vezes preenchidas por linhas de texto, escritas com caneta esferográfica sobre o tecido, vão conquistando seu espaço enquanto objeto artístico em si mesmas. O tecido e o texto, quando presente, podem ser desmontados, mas a linha, enquanto resposta à vida, emerge com força como uma resposta estrutural à falta de referência que caracteriza a arte contemporânea. A linguagem da linha estabelece espaços e contornos, dando lugar ao tecido para que respire e, acima de tudo, ao observador para que veja como os espaços entre as linhas funcionam como os intervalos de uma vida. Nesse sentido, o trabalho vale por aquilo que é em si mesmo, mas, acima de tudo, pelo que evoca em termos de sutilezas. O cheio e o vazio se integram num diálogo entre aquilo que o tecido voil era, aquilo que se tornou pelo processo de desestruturação feito pela artista e o que virá a ser, pois o tempo – sempre ele – também contribuirá decisivamente para desfiar o material, gerando novas linhas e, talvez, dar nova aparência aos suportes em que o resultado estético seja depositado.
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O ato de fazer aponta para muito mais do que um trabalho com a matéria. Ele traz em si mesmo o poder de questionar o fluxo de tempo e da pequenez humana. Não se trata de uma questão abstrata, mas sim de uma realidade concreta. O passar do tempo desmancha as pessoas, assim como o ato de Regina de Barros transforma cada tecido que passa pelas suas mãos. Se a mítica Penélope, referência obrigatória quando se pensa em fazer e desfazer, protagonizava duas ações, destruindo o que ela mesma construía, Regina estrela o processo inverso. Ela desfaz para oferecer a quem vê uma ruína, um resto, mas com sabor de novo, com frescor. Destruir, como a artista plástica prova em seu trabalho, pode ser extremamente sedutor. Se Penélope, com seu ato de desfiar a colcha diariamente fiada, adiava a cobiça e o desejo dos seus pretendentes, aguardando a chegada do marido Ulisses; Regina, com seu desfiar do tecido, atinge outro resultado, pois desperta, em vez da ira dos adversários do rei de Ítaca, um sentimento de admiração e cumplicidade. Desmantelar, desse modo, é a melhor maneira de nos obrigar a reconstruir o que existe, sejam cacos, restos ou simplesmente linhas a nos orientar no mundo, tal qual múltiplos fios de Ariadne. Os fios da artista paulista, porém, em vez de nos retirar do labirinto ameaçador do Minotauro, nos fazem mergulhar nos meandros, nem sempre lineares, da nossa mente, onde neurônios se embatem de maneira incessante, em conexões das mais diversas, marcadas, porém, pelo funcionamento ininterrupto do tempo, companhia permanente dos míticos personagens gregos e de nós, cotidianos seres humanos a conviver com numerosas linhas: as do tempo, as do trabalho e as desafiadoras de Regina de Barros.“ Oscar D’Ambrosio, jornalista, mestre em Artes Visuais pelo Instituto de Artes Visuais da UNESP, integra a Associação Internacional de Críticos de Arte (AICA-Seção Brasil)
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Série Cúmulos Sem Título - 2000 Tecido desconstruído e esferográfica.
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Série Cúmulos Sem Título - 2000 Tecido desconstruído e esferográfica.
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Série Cúmulos – 2000 Sem título - Tecido descontruído Detalhes da obra
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Série Cúmulos – 2000 Sem título - Tecido descontruído Detalhes da obra
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Série Memórias Suspensas Tempo escorrido - 2002 Tecido desconstruído
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Série Memórias Suspensas Sem Título - 2000 Tecido desconstruído
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Série Memórias Suspensas Tempo expandido - 2002 Tecido desconstruído e esferográfica
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- Série - Série - Série - Série
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Memórias Suspensa - Sem Título - 2001 Memórias Suspensa - Sem Título - 2001 Cúmulos - Sem Título - 2001 Cúmulos - Asas - 2001
Série Monte de Tempo - 2001 Sem título Linhas e resíduos de esferográfica
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Série Memórias Suspensas 2001 Sem título Sem Título – Tecido e esferográfica
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Série Monte de Tempo - 2001 Unidade de Tempo Acrílico e linhas com resíduo de esferográfica
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- Série Memórias 2009 Palavras – Acrílico, tecido e esferográfica - Série Memórias 2009 Compondo no Vazio – Acrílico, tecido e esferográfica
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Detalhes da obras ao lado
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Série Memórias - 2010 Foco no Verbo Acrílico, lente de aumento, tecido e esferográfica 148
-Série Memórias 2003 Sem título – Acrílico, tecido e esferográfica -Série Memórias 2003 Sem título - Acrílico , tecido e esferográfica
-Série Memórias 2003 Territórios Vazios – Acrílico tecido e esferográfica
-Serie Memórias 2003 Contagem de Tempo – Acrílico, linhas com resíduo de esferográfica
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Série Memórias – 2009 Caminhos – Acrílico, tecido e esferográfica
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Série Memórias – 2011 Passagem – Acrílico, tecido e grafite Detalhes da obra
Série Memórias – 2011 Percussão do Tempo – Acrílico, tecido e esferográfica Detalhes da obra
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Série Memórias 2011 Simbiose – Acrílico, tecido e grafite Detalhes da obra
Série Memórias – 2011 Costela – Acrílico e tecido
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Série Monte de Tempo – 2011 Memorex – Embalagem fita de computador e linhas
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Regina de Barros é paulista, nasceu em 1971.
Artista Plástica formada pela faculdade de Belas Artes em São Paulo, no ano de 1997. Conclui em 2006, Licenciatura em Artes Plásticas pela mesma faculdade, ”FEBASP”. Teve aulas com José Resende, Flávia Ribeiro, Luís Hermano, em 1999 e 2000. Dividiu atelier com Geórgia Kyriakakis de 1999 à 2001. Serigrafia e Estamparia - Mackenzie 1998.Aulas no atelier de Geórgia Kyriakakis de 1999 à 2001. Seminário Internacional “ Conservar para não Restaurar” 2000. Seminário Internacional “Ação Educativa” Itaú Cultural 2000. Monotipia com Dudi Maia – Sesc Ipiranga 2000.
Principais exposições/galerias e instituições: -Intervenção urbana - Oxigênio 2009 e 2014 -OFF Bienal 2009 e 2010 -APM 2009 -Chapel Art Show 2004 à 2014 -Argentina 2006 -Art du Bresil França 2005 -Primeiro Salão Aberto de São Paulo/ paralelo à Bienal 2004 -Coletiva no MAC - Olhares Impertinentes 2004 -Coletiva MUBE - Uma Homenagem a Ianelli 2004 -Espaço Jú Corte Real 2004 -Galeria de arte Valu Arte 2003 -Projeto 23 – Intervenção Urbana na av.23 de maio, organizada pelo Centro Cultural São Paulo e Novelli Imagem 2000
Obras premiadas -Prêmio aquisição da Secretária de Cultura de Arte contemporânea2000 -Filme feito em parceria com vários artistas “ Bailado do Deus Morto” foi o vencedor em primeiro Lugar no festival de vídeo(IDI) FEST 2014 na Itália.
Obras em espaços públicos: -Painel de 15 m em cobre para SESC Belenzinho 2011. -Escultura em ferro na faculdade UNIMEP, Piracicaba 2000.
Atua na área de direção de Arte e Cenografia para filmes publicitários. Desenvolve brindes para empresas. Na área da educação, ministra aulas de arte no atelier e oficinas em eventos e empresas. Em seu trabalho autoral, investiga a tensões físicas e conceituais de diversos assuntos e materiais.
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As Três
Terezas
Em outro momento os tecidos foram para rua, em uma intervenção urbana no Parque Buenos Aires. Um trabalho coletivo, onde cada artista criava uma obra relacionada com a sustentabilidade. As Terezas de Regina tinham a fuga para o céu, fazendo alusão para a liberdade plena de um voo. A instalação, se tornou uma obra interativa, os passantes se dependuravam e balançavam nas Terezas.
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José
Diniz
José Diniz é um fotografo com um olhar muito especial. Com riqueza de detalhes, tons e uma perspectiva imersa a qual não estamos acostumados a enxergar, ele registra a sua relação com o mar que o habita desde da infância, nos mostrando um horizonte impressionista, revelado em belíssimas imagens!
Com ajustes prévios, mas sem o controle do foco, da abertura e da velocidade da câmera, José Diniz aproveita esta restrição e se apropria do caso e do acaso para registar os movimentos entre o céu e o mar.
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Navegando e fotografando ao longo do litoral brasileiro indo do Maranhão até Uruguai. José Diniz foi registrando suas imagens sem nenhum compromisso documental local, somente levado pela experiência sem limites
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Recentemente José Diniz publicou o livro PERISCOPE pela Editora Madalena com coordenação editorial de Iatã Cannabrava, lançado em 2014 em São Paulo, Paraty, Rio e Paris ,foi considerado um dos melhores livros de 2014 pelo ICP–International Center of Photography (Nova York), MEP-Maison Européenne de la Photographie (Paris), Lens Culture (Paris), dentre outros.
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José Diniz José Diniz nasceu em Niterói – RJ, numa família de artistas e incentivadores. Logo cedo teve contato com a fotografia pelas mãos de seu avô paterno Durval Baptista Pereira um dos fundadores da “Sociedade Fluminense de Fotografia”, pelo seu outro avô que o presenteava com câmeras fotográficas e pelo seu pai o artista plástico José Maria Nogueira Diniz, quem influenciou o filho a estudar no Museu de Arte Moderna do Rio (MAM), onde aprendeu com o concretista Ivan Serpa. Fez o curso de pós-graduação em Fotografia na Universidade Candido Mendes-RJ, e participou de cursos no MAM-Rio, EAV Parque Lage e no Ateliê da Imagem. Participou de exposições individuais e coletivas no Brasil e no exterior. Em 2013 foi indicado pelo British Journal of Photography como “Ones to Watch in 2013”. Em 2012 foi contemplado com o Prêmio Funarte Marc Ferrez de Fotografia e em 2011 participou da III Bienal International Discoveries em Houston – Texas onde curadores do FOTOFEST escolheram 12 novos fotógrafos em vários países durante 2010/2011.
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Pin Hole A Ottica Art Magazine!, quer estimular sua criatividade, quem desejar receber um molde para montar uma Pin Hole, 茅 s贸 solicitar gratuitamente pelo e-mail abaixo: otticaart@gmail.com E tem mais quem fotografar com este molde de Pin Hole e enviar para n贸s, sua fotografia ser谩 publicada na revista!
Criação, Direção, Produção e Diagramação: Fernando Rozzo Regina de Barros
Publicação: Ottica AudioVisual
otticaaudiovisual.wix.com/ottica-audiovisual
Agradecimentos: -Guto Lacaz www.gutolacaz.com.br -Emanoel Araujo -MuseuAfroBrasil www.museuafrobrasil.org.br -Gabriel Cruz (Dep. de Imprensa) -Inácio Zatz www.facebook.com/inaciozatzcollection -José Diniz www.josediniz.com.br
Fotografias: -Edson Kumasaka – (Foto da Capa) www.edsonkumasaka.wordpress.com -Heiner Pflug – (Foto José Diniz) -Otávio Dias (Foto Tecidos – Regina de Barros) -Vadico (Foto Tecidos - Regina de Barros) -André Velozo (Fotos – Divulgação exposição Africa-Africans ) -Regina de Barros (Fotos – Pororoca / Buenos Livros / As Terezas / exposição Africa-Africans) -Adriana Guimarães (Foto As Terezas)
Magazine!