Bello BRASIL Caleb McLaughlin Nº02
Fotógrafo Arthur Galvao
O ano é 2018. O Google já consegue fazer ligações, marcar cortes de cabelo ou pedir uma pizza por você. Conseguimos nos comunicar, olhando uns nos olhos dos outros, através de um aparelho que cabe no nosso bolso. Aspiradores de pó fazem seu trabalho sozinhos (e ainda carregam seu bicho de estimação, se for da preferência dele). Talvez ainda não consigamos nos teletransportar e viajar em carros voadores, mas deve ser uma questão de tempo.
MAIO 2018
INDICE
Look LOUIS VUITTON
O IT ED
Nº02
04 Carta Do Editor
62 Caleb McLaughlin (Stranger Things)
05 BELLO Must Haves
88 Luxo sustentável x Casa Ibirapitanga
06 Cipó
98 FARM Rio E A Importância Da Inclusão Cultural
20 Giacomo Giannotti 32 Renan Pacheco 42 Tropicália
102 Top 8 103 Colaboradores + Expediente
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MAIO 2018 Bem vindos à BELLO Brasil N02. Preparamos uma edição maravilhosa, toda centrada ao redor de dois assuntos que devem ser abordados urgentemente: sustentabilidade e mídias sociais. Se tratando de Instagram, não há ninguém melhor para falar sobre do que Caleb McLaughlin, nossa estrela da capa. Não podemos esquecer de um dos nossos doutores preferidos de Greys Anatomy, Giacomo Gianniotti, que nos conta um pouquinho de sua vida fora do show. Sentamos também com nosso grande amigo Andrew Matarazzo para um bate papo sobre TeenWolf e suas raízes brasileiras. E para completar a temática, fotografamos o Renan Pacheco aqui em Hollywood, em passagem ao Coachella. Além de muita moda maravilhosa, nos encontramos com Kátia Barros pra falar um pouco sobre FARM Rio, sustentabilidade e a importância de valorizar nossos ancestrais indígenas. Renato Gontijo foi à Serra do Sipó para fotografar as nuâncias da reserva, enquanto daqui de Los Angeles fotografamos a linda Isabella Derrick, toda inspirada pela natureza de Minas Gerais. Aproveitem esta edição que tivemos muito prazer em produzir, e não esqueça de nos seguir no Insta para fotos exclusivas em @bellomagbrasil
Arthur Galvão
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Boné Rainbow Check BURBERRY
Pulseiras Relevo STUDIO DRÊ MAGALHÃES Circle Bag RECMAN
Bobsleigh Sterling Silver Cocktail Shaker ASPREY
Sunset Sweater STELLA MCCARTNEY
Tênis Blue Bounce ADIDAS X STELLA MCCARTNEY
Short TOD
2018 Fifa Capsule LOUIS VUITTON
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CIPร Fotรณgrafo Arthur Galavao x Renato Gontijo
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Jรณias DORI CSENGERI 7
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Jรณias DORI CSENGERI
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Jรณias DORI CSENGERI
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Jรณias DORI CSENGERI Biquini PLUMERIA
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Lingerie PLUMERIA Cordão ICELINK Anel AMYO
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Maiô PLUMERIA
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Fotógrafo Arthur Galvao ( Fashion ) & Renato Gontijo ( Natureza ) Modelo Isabella Derrick - LA Models MakeUp Grace Phillips Cabelo Alexandra Adams Styling Maison Privée
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SPOT LIGHT
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Camisa RAG AND BONE
Giacomo Gianniotti Fotรณgrafo Arthur Galvao
Por Brent Lambert
Se a vida é uma jornada, Giacomo Gianniotti está aproveitando cada segundo de sua viagem. Na véspera deste 29º aniversário, a estrela de Grey's Anatomy está no auge de sua carreira ,em Hollywood fazendo o papel do Dr. Andrew DeLuca, está gostando de viajar pelo mundo e está prestes a se casar. Giacomo embeleza as páginas desta nova edição da BELLO. Recentemente, conversamos com ele sobre seu amor pela Harley Davidson, seu restaurante favorito no mundo, e como ele está ajudando a transformar a vida de jovens sem lar em Los Angeles com o poder e a beleza das artes.
Você esteve recentemente em Joshua Tree. Foi como miniférias? Foi para uma filmagem de noivado. Minha noiva [maquiadora Nichole Gustafson] e eu decidimos ir lá porque nós dois temos um fascínio pelo deserto e nenhum de nós jamais tinha ido a Joshua Tree, então queríamos fazer uma sessão de fotos lá. Vamos nos casar no ano que vem. E nossas famílias estarão conosco, em Roma, onde nasci. Você também é um grande entusiasta tratando-se de motocicletas. Onde essa paixão começou para você e o que está no horizonte para a sua lista de desejos referentes à Harley Davidson? Na Itália todo mundo tem uma motocicleta. Estar em duas rodas é muito popular lá, em Roma, especialmente por ajudar a evitar pesadelos terríveis como achar lugar para estacionar. Isso, por conta da magnitude da cidade, e também serve para burlar o tráfego mais facilmente. Então, quando criança, crescendo em Roma, vi que todos as tinham. Desde muito jovem eu sempre fui muito interesado por motocicletas. Quando eu tinha 18 ou 19 anos, comecei a andar nas Harleys e comecei a desenvolver uma verdadeira paixão por elas. Como você se sente quando está na estrada na sua Harley, você vive e curte o momento, e tudo mais na vida desaparece? Na vida de hoje somos tão dependentes de nossos telefones para entretenimento, estímulos e conexão. A moto é muito mais do que um transporte para mim - é uma forma de meditação. Quando estou de mau humor, ou mesmo quando estou de bom humor e quero melhorar ainda mais, vou dar um passeio. É uma maneira de me desconectar completamente da sociedade. Eu não posso receber um telefonema, não posso enviar mensagens de texto, não posso fazer nada. Tudo o que me resta são os meus pensamentos. Eu tenho meus melhores pensamentos e consigo fazer um brainstorming das minhas idéias quando estou na moto. Eu posso ir a todos esses lugares distantes em minha mente e eu sinto que não seria capaz de fazer isso se estivesse sentado em casa cercado de distrações. Isso me dá um foco tão zen! Em outras palavras, quando você está em sua motocicleta, você não está apenas viajando e passando por paisagens, você também está viajando mais fundo, dentro de si mesmo? Absolutamente.
em São Francisco, e a viagem foi muito linda. Depois que passamos alguns dias em São Francisco, partimos para a segunda etapa da viagem (cerca de uma hora e meia) até Napa e atravessamos a ponte Golden Gate. Dirigir por aquela ponte na minha moto foi incrível. Foi uma sensação diferente, porque todos nós já vimos essa ponte em tantos filmes e programas de TV, e eu nunca tinha estado lá antes. Foi um dia maravilhoso e foi algo muito lindo. O final da temporada de Grey's Anatomy foi ao ar. Isso significa que você está em suas férias de verão agora? Sim, acabamos de terminar a 14ª temporada, então eu vim direto para Toronto para gravar um filme que acabamos de finalizar. Agora estou passando algum tempo em Toronto com minha família e amigos e nos encontrando. Você tem muitos fãs no Brasil. Você já esteve lá? Não, mas mal posso esperar para ir. Um dos meus melhores amigos e parceiro de negócios; bem, a namorada dele é brasileira, então eles compartilharam tantas fotos e histórias de suas viagens comigo, e o Brasil me parece incrível! Eu amo meus fãs lá porque me conecto muito com eles nas redes sociais e eles me dizem o quanto gostam da série. Mesmo quando eu estava fazendo Reign, eu sabia que tinha muitos fãs por lá. Os brasileiros são grandes fãs de TV. Quais são algumas das coisas que você está morrendo de vontade de fazer quando finalmente chegar ao Brasil? Eu adoraria explorar o Rio e estar com as pessoas dançando nas ruas. Estou realmente ansioso pelas praias, também. O filme Cidade de Deus me faz querer visitar as favelas. Como em qualquer lugar de grande beleza, existem extremos. Eu realmente quero ver toda essa gama. Você também é um chef incrível pelo que eu já li. Qual seria a experiência mais incrível referente à comida que você já teve em sua vida? Bem, além da comida da minha avó que não pode ser igualada com nennhuma e com a qual eu comparo tudo, eu tenho que dizer que o marisco é o meu favorito. Eu fui para a ilha Capri algumas vezes e eles têm muito polvo fresco, camarão e peixe fresco. Ugh, é incrível.
Você consegue nos dizer qual é sua maior memória, a número um de todos os tempos que aconteceu com você quando estava na sua Harley? Cerca de um ano atrás eu levei minha noiva Nicole de Los Angeles para Napa. Foram cerca de 9 horas de viagem, porque paramos 21
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Jaqueta JOHN VARVATOS Sweater CALVIN KLEIN
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Como qualquer grande chef, posso presumir que você está sempre experimentando novos desafios culinários? Quais são algumas coisas novas que você tem experimentado na cozinha? Embora eu seja bem versátil, não sou muito bom padeiro. Eu provavelmente estragaria um bolo bem rápido. Eu amo fazer um grande prato de macarrão com salada. Quando tenho companhia é quando realmente me divirto. Eu amo cozinhar para outras pessoas. Qual é o seu restaurante favorito? Isso é difícil. Eu estive em muitos ótimos. Em Roma há um chamado Ai Bozzi na área de Trastevere. É o meu favorito e eu sempre volto para lá quando estou em Roma. Você também é apaixonado por muitas causas sociais, mas qual está mais próxima do seu coração? Definitivamente o "My Friend's Place". É um centro de recursos para jovens desabrigados em Los Angeles. Lidamos com jovens de 12 a 25 anos, e muitos dos nossos jovens são pais. É um momento muito difícil e traumático para eles: ser um jovem que vive nas ruas com um bebê para alimentar. É muito avassalador e estressante para eles. My Friend's Place acaba de celebrar o seu 30º aniversário, por isso fizemos uma grande festa para angariação de fundos e para arrecadamos uma grande quantia de dinheiro para eles. Jack Black apresentou o evento, e o prefeito de Los Angeles também estava lá. Eu tenho trabalhado com eles desde que cheguei aqui, há quatro anos. Eles também têm muita programação artística que ajuda as crianças a se expressarem, e também há muitos recursos de aconselhamento para ajudá-los a se reerguer. Tem sido muito estimulante trabalhar com eles e faço tudo que posso para ajudá-los. As artes são uma ótima maneira de ajudar a tirar essas crianças desprovidas de direitos desse mundo obscuro em que vivem. Sim, e muitos jovens são realmente criativos. Por exemplo, temos um estúdio de música e muitos músicos e engenheiros vêm ajudar essas crianças a gravar suas músicas e divulgá-las no mundo onde podem compartilhá-las, ter orgulho e aumentar sua confiança. O que você acha que acontece dentro da mente de um jovem garoto quando esse caso de amor com as artes começa e eles começam a florescer? Eu não acho que muitos destes jovens já tiveram alguém dizendo que acreditava neles, e que são dignos, ou que alguém já houvesse dado uma chance para eles. Acabei de fazer um discurso na escola em que estudei, em Toronto - talvez um discurso muito real - onde falei sobre como não há apenas um caminho para o sucesso em qualquer área. Eu sei que há o pensamento de que você tem que terminar o colégio, depois ir para a faculdade, então fazer isso e aquilo, ter uma casa, crianças, a cerca, etc. Nós não estamos mais vivendo na geração dos nossos pais . É um momento diferente e existem valores e prioridades diferentes. Eu estava lhes dizendo para
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não ouvir ninguém que diz que só se graduar não é tão bom quanto fazer uma pós, ou que tirar um ou dois anos de folga depois de terminar o colégio é irresponsável - não é. Nenhuma dessas coisas é irresponsável. Sua jornada é diferente da de todos os outros, e você não quer se ver acordando algum dia e pensando: 'Ah, não, eu estava correndo atrás do sonho de outra pessoa e não do meu.' Você tem alguma indicação de onde seu personagem está indo na próxima temporada em Grey's Anatomy? Eu não sei nada. Os atores estão sempre famintos por informação. Meu personagem está em uma fase muito escura e está com o coração muito partido , pois sua namorada teve que deixar o país porque ela estava sendo ameaçada de ser deportada. Sem o amor dele, ele sente que não tem propósito. Então ele teve que assistir a um casamento, que é o último lugar que você quer estar quando está deprimido por não ter amor em sua vida. Então ele fica realmente embriagado e faz um brinde ruim. Então, na próxima temporada, será uma surpresa ou não a maneira em que ele aparecerá. Eu não sei qual o salto de tempo que os escritores vão tomar. Será que vai prosseguir do dia seguinte, ou vai se passar alguns meses , quando ele está um pouco mais recuperado e de volta ao seu eixo? Não tenho certeza. Acabei de ver no seu Instagram uma foto sua e do elenco de Grey's Anatomy e você escreveu: "Sorrindo de orelha a orelha porque eu trabalho com o maior elenco de todos." O que significa para você como ator, ter uma família profissional como essa? É ótimo. Eu amo as pessoas e os atores com quem trabalho. Eles são pessoas tremendamente talentosas que são muito mais do que atores - cada um deles. Todos eles têm diferentes empresas e projetos dos quais fazem parte. Por exemplo, Debbie Allen, produtora executiva, ela dirige uma tonelada de nossos episódios, ela é uma atriz e aparece regularmente em nosso show, ela é uma lenda da dança e dirige várias academias de dança, em seu tempo livre. São todos pessoas notáveis e inspiradoras que fazem isso tudo, e é isso que eu amo. Eu adoro estar cercado por pessoas que estão prosperando na vida e me inspirando a chegar ao lugar onde eu quero estar. Parece que você faz muitas orações de gratidão em suas viagens zen na sua Harley? Sim, nada além de gratidão.
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Blazer BURBERRY T shirt CALVIN KLEIN
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Blazer BURBERRY Tee CALVIN KLEIN Denim BURBERRY
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Jaqueta VINCE CAMUTO Sweater HUGO BOSS
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If life is a journey then Giacomo Gianniotti is enjoying every second of his trip. On the eve of this 29th birthday, the Grey's Anatomy star is at the top of the Hollywood ladder playing the role of Dr. Andrew DeLuca, is enjoying travelling the world, and is about to become a husband. Giacomo graces the pages of this brand new issue of BELLO, and we recently chatted with him about his love of Harley Davidson, his favorite restaurant in the world, and how he's helping transform the lives of homeless youth in Los Angeles with the power and beauty of the arts.
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You were recently in Joshua Tree. Was that a mini vacation? It was for an engagement shoot. My fiancĂŠe [makeup artist Nichole Gustafson] and I decided to go out there because we both have a fascination with the desert and neither of us had ever been to Joshua Tree, so we wanted to do a photo shoot there. We're going to be getting married next year with our families in Rome where I was born. You're also quite a big motorcycle enthusiast. Where did that passion begin for you, and what's on the horizon for your Harley Davidson bucket list? In Italy everybody has a motorcycle. Being on two wheels is very popular there, in Rome especially because of the magnitude of the city, the way it helps avoid parking nightmares, and being able to get around traffic so easily. So as a kid growing up in Rome, everybody had them. From a young age I was always very taken with motorcycles. When I was around 18 or 19 I started riding Harleys and began to develop a real passion for cruiser bikes. What does that feel like when you're on the road on your Harley, you're in the now, and everything else in life disappears? In life today we're so dependent on our phones for entertainment, stimulation, and connection. The motorcycle is so much more than transportation for me -- it's a form of meditation. When I'm in a bad mood, or even when I'm in a great mood and want to make it better, I'll go for a ride. It's a way of completely unplugging from society. I can't take a phone call, I can't text, I can't do anything. All I'm left with is my thoughts. I do a lot of my best thinking and brainstorming about ideas when I'm on the bike. I can go to all these far away places in my mind that I feel like I wouldn't be able to do if I was sitting at home surrounded by distractions. It gives me such a zen focus. In other words, when you're on your motorcycle you're not only travelling through the landscape, you're also travelling deeper within yourself? Absolutely. Can you think of your all-time greatest #1 memory that happened to you when you were on your Harley? About a year ago I took my fiancĂŠe Nicole from Los Angeles to Napa. It's about 9 hours because we stopped in San Francisco, and the ride from L.A. to San Francisco was so gorgeous. After we spent a couple days in San Francisco, we set off on the second leg of the trip (about an hour and a half) to Napa, and got to cross the Golden Gate Bridge. Driving across that bridge on my motorcycle was incredible. It gave me a tingly feeling because we've all seen that bridge in so many countless movies and TV shows, and I had never been there before. It was a gorgeous day and it was such a beautiful thing.
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The season finale of Grey's Anatomy just aired. Does this mean you're on your summer vacation right now? Yeah, we just wrapped season 14, then I came to Toronto right away to shoot a film which I just wrapped. Now I'm spending some time in Toronto with my family and friends and catching up with them. You have such a huge fanbase in Brazil. Have you ever been? No, but I can't wait to go. One of my best friends and business partner, well, his girlfriend is Brazilian so they've shared so many photos and stories of their trips with me, and it looks incredible. I love my fans down there because I connect with them so much on social media and they tell me how much they love the show. Even back when I was on the show Reign I knew I had a lot of fans down there. Brazilians are huge TV fans. What are some of the things you're dying to do when you finally get to Brazil? I would love to explore Rio and be with people dancing in the streets. I'm really looking forward to the beaches too. The movie City Of God makes me want to visit the favelas, too. Like any place of great beauty, there are extremes. I really want to see the full range. You're also quite an amazing chef from what I've read. What would you say is the most incredible food experience you've ever had in your life? Well, besides my grandmother's cooking which can't be rivaled and which I compare everything to, I'd have to say seafood is my favorite. I've been to the island Capri a few times and they have so much fresh octopus, shrimp, and freshly caught fish. Ugh, it's incredible. Like any great chef, I'm assuming you're always experimenting with new cooking challenges? What are some new things you're trying out in the kitchen these days? Although I'm pretty well versed, I'm not much of a baker. I'd probably screw up a cake pretty fast. I do love to make a great plate of pasta with salad. When I have company that's when I really have fun. I love cooking for other people. What's your #1 most favorite restaurant in the world? That's tough. I've been to a lot of really great ones. In Rome there's one called Ai Bozzi in the Trastevere area. It's my favorite and I always go back there when I'm in Rome.
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You're also passionate about many social causes, but which one do you hold closest to your heart? Definitely My Friend's Place. It's a drop-in resource center for homeless youth in Los Angeles. We deal with youth from 12-25, and a lot of our youth are parents. It's a very trying and traumatic time for them -- to be a youth living on the streets with a young baby to feed. It's very overwhelming and stressful for them. My Friend's Place just celebrated their 30th anniversary, so we had a big fundraising gala and raised a tremendous amount of money for them. Jack Black hosted the event, and the mayor of L.A. was there as well. I've been working with them ever since I got here four years ago. They also have so much arts programming which helps the kids express themselves, and there's also a lot of counselling resources to help them get on their feet. It's been very empowering to work with them, and I do everything I can to help them. The arts have a great way of helping lift these disenfranchised kids out of a dark place. Yes, and a lot of the youth are really creative. For example, we have a music studio and a lot of musicians and engineers come and help these kids record their music and get it out into the world where they can share it, be proud of it, and grow their confidence. What do you think is happening inside a young kid's mind when that love affair with the arts begins and they start to blossom? I don't think a lot of the youth that come through the doors have ever had someone say they believe in them, that they're worthy, or have ever had someone take a chance on them. I just spoke at my high school in Toronto and I gave a speech -- perhaps an all-too-real speech -- where I talked about how there's not just one way to success in any field. I know there's the narrative out there that you have to graduate high school, then go to college, then do this and that, get the house, the kids, the picket fence, etc. We're not living in our parents' generation anymore. It's a different time and there are different values and priorities. I was telling them to not listen to anyone who says college isn't as good as university, or that taking a year or two off after high school is irresponsible -- it's not. None of those things are irresponsible. Your journey is different than everybody else's, and you don't want to find yourself waking up someday and thinking, 'Oh no, I was chasing somebody else's dream and not my own.'
the last place you want to be when you're depressed about not having love in your life. So he gets really liquored up and makes a bad toast. So next season could go either way. I don't know how big the time jump is that the writers will take. Will it pick up the next day, or will it pick up a couple months later when he's a little more recovered and back on his feet? I'm not sure. I just saw on your Instagram a photo of you and the Grey's Anatomy cast and you wrote, "Smiling from ear to ear because I work with the greatest cast around." What does it mean to you as an actor to have a professional family like that? It's great. I love the people and the actors I work with. They're all tremendously talented people who are so much more than actors -- every single one of them. They all have different businesses and projects that they're a part of. For example, Debbie Allen executive produces, she directs a ton of our episodes, she's an actress and series regular on our show, she's a dancing legend, and runs several dance academies in her spare time. They're all such remarkable and inspiring people who are doing it all, and that's what I love. I love being surrounded by people who are thriving at life and inspiring me to get to the place where I want to be. Sounds like you say a lot of gratitude prayers on your zen Harley journeys? Yes, nothing but gratitude.
Do you have any indication of where your character is going next season on Grey's Anatomy? I know nothing. The actors are always starved for information. My character's in a pretty dark place and is very heartbroken that his girlfriend had to leave the country because she was being threatened to be deported. Without his love he feels like he has no purpose. Then he had to attend a wedding, which is
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Diesel JOHN VARVATOS
Fotógrafo ARTHUR GALVAO Entrevista BRENT LAMBERT Stylist LO VONRUMPF Grooming NICOLE G. Direção da arte ALEKSANDAR TOMOVIC Produção MAISON PRIVEE X BELLO MEDIA GROUP
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RENAN PACHECO Fotografia ARTHUR GALVAO Styling LUKE FUNTECHA Grooming RACHEL BURNEY Produção Maison Privée x BELLO Media Group
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Jaqueta e Botas SAINT LAURENT Camisa PINK DOLPHIN Calรงa JGERARD Acessรณrios JGERARD ร culos EDWARDSON
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Jaqueta STEFAN GRANT Camisa SOULSTAR
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Sobretudo e calรงa STEFAN GRANT Sweater JGERARD Botas SAINT LAURENT
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Sweater LACRUZ Jaqueta Jeans BALENCIAGA Calรงa RON THOMPSON Botas SANDRO
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Fotografia ARTHUR GALVAO Styling LUKE FUNTECHA Grooming RACHEL BURNEY Produção Maison Privée x BELLO Media Group
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LA Models
Tropicália Fotografia ARTHUR GALVAO | Cenário LUKE FUNTECHA | Make DANNI KATZ | Produção MAISON PRIVÉE Modelo ATONG ARJOK - LA Models | Retoucher BRUNO SGARBI
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Vestido ร UD
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Vestidos MARTHA MEDEIROS Joalheria ALEXANDRA MARGNAT
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Combo Denim BRISTOL STUDIO Botas THE GRAND VOYAGE Anel CARTIER
Andrew Matarazzo
por Alexandra Bonnet
Nascido em São Paulo, filho de uma das mais importantes líderes da comunidade de arte latina, Andrew Matarazzo encontrou seu caminho através do sangue artístico que corre em suas veias. Mal sabia ele que em 2016 uma audição mudaria sua carreira, o que acabou o levando a um papel 7 vezes maior do que originalmente. Amado pelos fãs brasileiros de TeenWolf, fizemos questão de perguntar a ele um pouco sobre o que vocês querem saber.
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Com sua família sendo tão envolvida nas artes, quando você era mais jovem , você já imaginava que faria parte deste mundo? Tornar-se um ator foi seu primeiro sonho? Eu sempre fui cercado por arte, e encorajado a me interessar por isso, mas eu não era até mais ou menos os meus 13 anos. Foi aí percebi que eu poderia ser ator e artista independente da idade. Eu não tinha que "crescer" pra ser artista. Então tive sorte e comecei a atuar, com seriedade, desde cedo. Mas antes disso, acho que meus pais sabiam que eu me envolveria em artes de alguma forma. Eu estava sempre cantando e SEMPRE desenhando. Minha mãe tem um fichário enorme com todos os meus desenhos e neles têm escrito, na parte inferior, a idade que eu tinha quando os desenhei. Alguns deles realmente me surpreendem. Eu até tive problemas na escola quando tinha cerca de 10 anos porque desenhei uma versão muito precisa do Homem Vitruviano- aquele homem nu cheio de braços e pernas- de Leonardo da Vinci, sabe? Eles não conseguiam entender que um menino de 10 anos sabia o que era isso, então eles pensaram que era algo ruim, mas era literalmente eu, aos 10 anos, interessado em Leonardo da Vinci. Tendo diferentes origens culturais, o que fez você querer se mudar para Los Angeles e como se sente em relação ao Brasil? Los Angeles sempre esteve no meu radar porque é o centro de todas as coisas relacionadas a cinema e TV, mas eu morei em muitas cidades grandes antes de aterrissar aqui. E, claro, é muito diferente do Brasil,culturalmente, mas há muitas semelhanças no estilo de vida daqui com o estilo de vida em algumas partes de São Paulo onde cresci. Quero dizer, São Paulo é ENORME, então eu sempre me senti muito em casa em grandes e movimentadas cidades. Você fez o papel de Gabe em "Teen Wolf", como essa experiência ajudou você a evoluir como ator e um jovem adulto? Foi a primeira vez na tela que desempenhei um mesmo papel em muitos episódios. Aprendi muito sobre mim mesmo como ator, assistindo e desenvolvendo meu personagem, e depois pelo feedback que recebia das pessoas. Eu acho que durante o processo eu estava realmente trabalhando duro, mas eu também estava preocupado em perceber como estava minha atuação, então agora saindo dessa experiência eu me sinto muito sortudo por ter sido capaz de exercitar muito do meu treinamento. Minha confiança aumentou, minha gratidão por ser alguém com oportunidades como essa cresceu, e acho que minha visão de onde quero chegar melhorou. Recentemente, você voltou para sua casa no Brasil, onde você foi esperado com uma recepção bem calorosa, você esperava por isso? Como você se sentiu ao ter causado um impacto tão grande em pessoas que estavam a milhares de quilômetros de distância? Você sabe que esse foi um dos momentos mais legais da minha vida. Eu não esperava nada disso. Estar com toda a minha família no aeroporto e ser recebido por uma grande multidão de fãs, que devem ter me esperado por lá durante horas, eles não tinham ideia de quando eu chegaria, e o fato de serem pessoas do meu país reagindo assim , foi incrível. Estou muito feliz por minha mãe e meus irmãos estarem comigo para ver isso. Além do cinema, a que outros reinos da arte você permeia? Eu sempre me interessei em cantar e escrever ficção. Desenhar e pintar não tenho feito tanto ultimamente, mas quando faço, me interesso muito. Eu acho que música é definitivamente meu segundo amor depois de atuar. Como você descreveria a cultura no Brasil? Cite um dos traços de seus personagens que melhor ilustrem esse seu background cultural. O Brasil tem uma energia muito vibrante . Eu amo o quão calorosas e abertas as pessoas são. Eu amo a mistura de diferentes origens econômicas. A selva e as cidades se misturam e, claro, a comida! Eu acho que a parte mais culturalmente brasileira embutida em mim é como eu posso ser aberto a me relacionar com estranhos e com uma vibe como se fôssemos melhores amigos mesmo quando acabamos de nos conhecer. Qual é o próximo passo de Andrew Matarazzo? Mais imediatamente na minha lista eu estou indo para a Europa para algumas reuniões do Teen Wolf e para conhecer fãs em algumas convenções; Roma, Paris e Amsterdã. Há alguns projetos legais vindo por aí. Há uma chance, até o final do ano, dos fãs me verem em um show que eu sei que eles ficarão muito animados. Se você pudesse ser uma cor, qual seria? Algum tom de verde no lado mais escuro.
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T shirt X KARLA Sweater DIOR Jeans ALL SAINTS Cordรฃo ICE LINK Pulseira CARTIER
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Camisa BRISTOL STUDIO Jeans ACNE STUDIOS Jaqueta LTH JKT
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With your family being so involved in the arts, did you know at a young age that you wanted to be part of the world of the arts? Was becoming an actor your first dream? I was always surrounded by art, and encouraged to be interested in it, but it wasn't really until I was about 13 that it hit me that I could be an actor and artist at any age. It wasn't something I had to "grow up" to be. So I was lucky that I started taking acting seriously from a young age. But before that I think my parents knew I was going to be involved in arts in some form. I was always singing, and ALWAYS drawing growing up. My mom has a massive binder of all my drawings with the age I was when I drew it written at the bottom. Some of them really blow my mind. I actually got in trouble in school when I was around 10 years old because I drew a very accurate rendition of Leonardo da Vinci's Vitruvian Man, you know the naked man sketch with all the arms and legs? They couldn't fathom that an 10 year old knew what that was so they thought it was something bad, but it was literally me at 10 interested in Leonardo da Vinci. Having different cultural backgrounds, what made you want to move to Los Angeles and how does it feel compared to Brazil? Los Angeles was always on my radar because its the hub of all things film and TV, but I lived in many big cities before landing here. And of course, its very different culturally than Brasil, but there's a lot of similarities in the lifestyle here to the lifestyle in parts of Sao Paulo where I grew up. I mean Sao Paulo is HUGE, so I've always felt very at home in big busy cities. You played the role of Gabe on the sensational hit TV show “Teen Wolf”, how has this experience helped you evolve as an actor and a young adult? It was the first time on screen I got to play a role over many episodes so it taught me so much about myself as an actor watching it back and watching my character develop, and then later how it was received by people. I think during the process I was really working hard but I was also figuring a lot out as I went, so now coming out of that experience I just feel so lucky to have been able to exercise a lot of my training. My confidence has grown, my gratefulness for getting to be someone with opportunities like that has grown, and I think my vision for where I want to go has sharpened. Recently, you went back home to Brazil where you were awaited with such a warm welcome, did you expect this? How did it feel to have had such an impact on people thousands of miles away?You know that was one of the coolest moments of my life. I was totally not expecting even a fraction of that. Being with my whole family at the airport and being greeted by a big crowd of fans, who must've been waiting there for hours, they had no idea when I was landing, and to be people from my home country reacting to me like that, it was incredible. I'm really happy my mom and siblings were with me to see that. Besides cinema, what other realms of art do you gravitate to? I've aways been into singing and writing fiction. Drawing and painting I don't do as much lately but when I do I get very into it. I think music is definitely my second love after acting. How would you describe the culture in Brazil? Name one of your characters traits that best illustrates this cultural background of yours. Brazil just has such a vibrant energy to it. I love how warm and open the people are. I love the mix of different economical backgrounds. The jungle and cities blending together, and of course the food! I think the most cultrually Brazilian part embedded in me is how I can be open with strangers and really vibe like we're best friends even when we've just met. What is next for Andrew Matarazzo? Most immediately on my list I'm heading to Europe for some Teen Wolf reunions and to meet the fans at a couple conventions; Rome, Paris and Amsterdam. There's some cool projects swimming around. There's a chance, by the end of the year, that fans will see me on a show I know they will be very excited about. If you could be a color, which one would it be? Some shade of green on the darker side.
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Terno SAINT LAURENT Camisa de ceda BRISTOL STUDIO
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Terno ZARA T shirt COS Pulseira ICE LINK
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Fotografia ARTHUR GALVAO Entrevista ALEXANDRA BONNET Styling BENJAMIN HOLTROP Grooming RACHEL BURNEY Produção Maison Privée x BELLO Media Group
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Jaqueta LTH JKT Sweater STELLA McCARTNEY Camisa DEFYANT
Caleb McLaughlin Fotos ARTHUR GALVAO @artgphoto Direção Artística STEPHANE MARQUET @alekandsteph Styling PHILIPPE UTER @philippeuter Grooming GRACE PHILLIPS @grace_phillips Entrevista THIAGO BORBOLLA Produção MAISON PRIVÉE X BELLO MEDIA GROUP @maisonprivee_la @bellomediagroup ALLY MARRONE @allymarrone Caleb McLaughlin, o Lucas de Stranger Things, explica porque ninguém (nem ele, nem nós) consegue largar o passado, mesmo com toda a tecnologia que temos disponível hoje. O ano é 2018. O Google já consegue fazer ligações, marcar cortes de cabelo ou pedir uma pizza por você. Conseguimos nos comunicar, olhando uns nos olhos dos outros, através de um aparelho que cabe no nosso bolso. Aspiradores de pó fazem seu trabalho sozinhos (e ainda carregam seu bicho de estimação, se for da preferência dele). Talvez ainda não consigamos nos teletransportar e viajar em carros voadores, mas deve ser uma questão de tempo.
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CALEB MCLAUGHLIN | STRANGER THINGS
Nós até transformamos as saudosas locadoras, que formaram tanto caráter por aí, em um site que exibe conteúdos em altíssima qualidade numa variedade imensa de dispositivos — de telefones a videogames, que funcionam sem nenhum fio. Mas é olhar para as festas que frequentamos, alguns dos filmes e séries que mais geram discussões por aí nos últimos anos, para perceber que, apesar de tudo, nós não conseguimos largar o passado. “Quando olhamos para trás, fantasiamos sobre como eram maravilhosos aqueles tempos em comparação ao que estamos agora”, diz um extremamente maduro garoto de 16 anos chamado Caleb McLaughlin, que talvez você conheça como o Lucas Sinclair de Stranger Things (e que já foi o Simba na montagem de Rei Leão na Broadway), conversando com a BELLOmag direto do secretíssimo set da terceira temporada da série. “Eu acho que nós ficamos fascinados pelo tempo e aí gostamos de criar coisas sobre como as pessoas se lembram daqueles tempos. É meio que um sentimento acolhedor, sabe?”
que a maior diferença para mim era o peso. Tudo era muito pesado. Hoje em dia é tudo leve pra caramba!” Caleb já nasceu no século XXI. Para ele, vintage é o iPhone 4s, a quinta geração do smartphone da Apple que revolucionou o mundo da tecnologia em 2007, quando esse garoto de Carmel, Nova York, tinha apenas 5 anos. Um telefone celular que tem uma câmera que grava vídeos em Full HD, pode armazenar até 64GB das mais diversas coisas e introduziu a Siri, a assistente virtual que nos fez realmente acreditar que estávamos no futuro — o que, para ele, era nada além do presente. “É bem recente, mas é bem velho se comparado ao que a gente tem agora!”, justifica, com toda a razão do mundo.
Stranger Things é, essencialmente, esse fascínio transformado em uma série. Juntaram todas as lembranças e referências que os Irmãos Duffer tinham na cabeça e criaram uma obra que fez com que muita gente (mas muita gente MESMO) se identificasse de alguma maneira. De Dungeons & Dragons aos mais diversos objetos no set, incluindo telefones e latas de refrigerante, era como se nos sentíssemos em casa. A casa daqueles tempos em que tudo era mais fácil e nossas obrigações não iam muito além de tentar encontrar um final para o Enduro, do Atari.
Com mais de 5.3 milhões de seguidores no Instagram, Caleb usa o seu iPhone (que, se não for da última geração, é bem mais novo do que essa peça de museu que é o 4s) para se divertir (sem nenhum filtro que transforme suas fotos ou vídeos em coisas guardadas no sol desde 1983, o que também tem virado modinha entre os social influencers nos últimos tempos), trabalhar e passar uma mensagem de apoio a todo o pessoal que o segue e que sofre com aquelas coisas que os garotos de Stranger Things sofrem na série — bullying, para começo de conversa. “É trabalho e diversão, com certeza. Você tem de trabalhar duro, nada vem fácil. Mas é divertido. Se você ama seu trabalho, acaba se divertindo”, comentou o garoto, que, além de divulgar tudo o que faz, gasta seu tempo conversando com fãs e os incentivando a serem quem são através das hashtags #BeYourBiggestFan e #EmbraceYourFace.
“Eu nunca tinha ouvido falar de Atari antes” conta Caleb sobre a primeira vez que pisou no set da série, no já bizarramente longínquo ano de 2016. Justamente o Atari, o videogame que nós, que estamos há pelo menos trinta anos nessa brincadeira de cultura pop, conhecemos tão bem, o garoto nunca tinha sequer visto. (E nem jogou depois. Nem mesmo em emulador!) “Mas todo o resto eu era bem familiarizado. Eu acho
Talvez por isso ele considere Conta Comigo, filme de 1986 baseado no livro de Stephen King, o seu favorito entre todos os que os Irmãos Duffer indicaram para que o elenco assistisse previamente. “Antes da série, eles meio que recomendaram alguns filmes para nós vermos, para termos uma noção de como a série seria”, relembra Caleb. “Tinha E.T - O Extraterrestre (clássico de Steven Spielberg, lançado em 1982), Os Goonies
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(outro clássico produzido por Spielberg e dirigido por Richard Donner, em 1985), Conta Comigo e todos esses filmes legais de ficção-científica dos anos 80 e... É, eu tive que me preparar para o papel, tive que estudar, especialmente para a primeira temporada.” “São todos diferentes, divertidos... Eu costumava dizer que Conta Comigo era o meu favorito. É um filme muito bom, com a união entre os garotos, a floresta, a aventura em busca do garoto morto", conta. “Esses três filmes, juntos, dão em Stranger Things.” Apesar da pouca idade, Caleb também tem esse fascínio pelo que o passado produziu, também se sente em casa com algo que vem daqueles tempos e, em sua maioria, continua tão atual quanto naquela época: a música. “Eu não posso dizer qual era [da cultura pop] eu prefiro, porque não vivi nos anos 90, 80 ou 70. Mas, pelo que eu vejo, diria o fim dos anos 80, início dos anos 90, por causa da música. Eu amo R&B, então os anos 90 são meu momento favorito do R&B.” K-Ci and Jojo, Whitney Houston, Mary J. Blige, En Vogue, Boyz II Men, Usher, Bone Thugs-N-Harmony, Brian McKnight, Aliyah, TLC, Janet Jackson... De fato, é uma boa época, de muito boa música. Muito provavelmente, porém, Caleb não conhece o Sampa Crew, maior banda de R&B que o Brasil produziu — e o simples fato de eu dizer isso já mostra o quanto, de fato, essa coisa de nostalgia é forte por aqui, por mais que tenhamos a chance de conhecer tanta coisa nova o tempo todo. Mas o nosso país, ah, isso ele conhece e bem, ainda que nunca tenha vindo para cá. “Preciso ir! Ouvi que vocês amam Stranger Things! Tem um monte de gente que aparece no meu Instagram dizendo ‘eu te amo, o Brasil te ama!’ e isso é legal!”, conta. Quando perguntado quantas vezes já leu a frase “Please Come to Brazil”, Caleb é direto: “Um bilhão”. Então toma essa bilionésima primeira, Caleb: Please Come to Brazil! Nossos anos 80 foram um show à parte. Tenho certeza que você iria se divertir à beça. ◙
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Track Suit DAILY PAPER Jaqueta de couro LTH JKT Tênis YEEZY
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Jaqueta BOHEMIAN SOCIETY Tracksuit PARAVAL Tênis YEEZY
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Jean Jacket DAILY PAPER Shirt DEFYANT Jeans PARAVAL Sneakers YEEZY
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"Nunca conheci um brasileiro que nรฃo fosse uma pessoa ALEGRE E BOA de conversa."
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Jaqueta LTH JKT Sweater STELLA McCARTNEY Camisa DEFYANT Calรงa PARAVAL Sneakers YEEZY
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Jaqueta DEFYANT Camisa DAILY PAPER Moletom PAUL SMITH Sandรกlia LOUIS VUITTON
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Jaqueta LTH JKT Sweater DKNY Calรงa PARAVAL
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Jaqueta e calรงa LABORATOIRE Moletom DAILY PAPER
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THE OBSESSION OF TIME By Thiago Borbolla
CALEB MCLAUGHLIN, LUCAS OF STRANGER THINGS, EXPLAINS WHY NO ONE (NEITHER HE, NOR WE) CAN LET THE PAST GO AWAY, EVEN WITH ALL THE TECHNOLOGY WE HAVE AVAILABLE NOWADAYS.
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The year is 2018. Google can make phone calls, schedule an appointment at the hairdresser or even order pizza for you. We are able to communicate, looking into each other's eyes, through a device that fits in our pocket. Vacuum cleaners do their job on their own (and also carry pets, if you prefer). We may not yet be able to teleport and travel in flying cars, but it may be a matter of time. We've even turned the ancient rent-a-video outlets that influenced lots of people on a site that features high definition contents on a variety of gadgets - such as wireless phones and video games. We just have to look at the parties we go, to some of the films and series which have been generating lots of discussions in recent years, to realize that, despite everything, we cannot leave the past. "When we look back, we can remember how wonderful those times were compared to what we are living now," says an extremely mature 16-year-old boy named Caleb McLaughlin, whom you may know as Stranger Things' Lucas Sinclair( and also has played the role of Simba in the version of the Lion King on Broadway), talking to BELLOmag straight from the secret set of the series' third season. "I think we constantly become fascinated by time, the past and so, we like to create things about how people remember those times. It's kind of a cozy feeling, you know? " Stranger Things is essentially this fascination turned into a series. They brought together all the memories and references that the Duffer Brothers had in their heads and created this series that is responsible for making many people ( a lot of people, in fact) identifying themselves in some way. From Dungeons & Dragons to the most diverse objects on the set, including phones and soda cans, we felt like we were sitting at home. The typical home of those times when everything was easier and our obligations didn't go much further than trying to find an end to one of the most famous games from Atari: Enduro. "I've never heard of Atari before," says Caleb when he talks about the first time he was on the set of the series, in the "bizarrely distant year" of 2016. Precisely the Atari, the video game that we- who have been at least thirty years in this game of pop culture- know so well! The boy had never seen it! He had never played it before, not even in an emulator! "But I was very familiar with the rest. I think the biggest difference to me was the weight. Everything was very heavy at that time and nowadays it's totally the opposite! " Caleb was born in the 21st century. For him, vintage is the iPhone 4s, the fifth generation of Apple's Smartphone that revolutionized the world of technology in 2007, when this boy from Carmel, New York, was only 5 years old. A cell phone that has a camera that records videos in Full HD, can store up to 64GB of many different things and introduced Siri, the virtual assistant who made us really believe we were in the future - which, for him, was nothing more than the present. "It's very recent, but it's very old compared to what we have now!" He justifies, quite rightly.
this 4s museum piece) to have fun (with no filter that turns your photos or videos on things exposed in the sun since 1983, which has also become something trendy among social media in recent times), to work and to give support messages to all his followers who suffer with those things that the boys of Stranger Things suffer in the series - bullying, to begin with. "It's work and fun, for sure. You have to work hard, nothing comes easy. But it's fun. If you love your work, you end up having fun, "commented the boy who publicizes everything he does, spends his time talking to fans and encouraging them to be who they are through hashtags #BeYourBiggestFan and #EmbraceYourFace. Maybe that's why he considers Stand by me, 1986 movie based on the book of Stephen King, his favorite among all the others that the Brothers Duffer have indicated for the cast to watch in advance. "Before the series, they recommended some movies for us to see, so we could have a perception of how the show would be," remembers Caleb. "There was ET - The Extraterrestrial (classic of Steven Spielberg, released in 1982), the Goonies (another classic produced by Spielberg and directed by Richard Donner in 1985), Stand by me and all those amazing films of science fiction of the 80's and ... Yeah, I had to get ready for the role. I had to study, especially for the first season. " "They're all different, fun ... I used to say Stand by me was my favorite. It's a very good film, with the bond between the boys, the forest, the adventure while searching for the dead boy, "he says." These three films together seem to result in Stranger Things. " Despite being young, Caleb also has this fascination with what the past has produced, he also feels comfortable with one thing that comes from those times and is still so actual: their music. "I cannot say which pop culture I prefer, because I didn't live in the 90s, 80s or 70s. But from what I see, I would say the late 80s, early 90s, because of the music. I love R & B, so the 1990s are my favorite R & B moment. "K-Ci and Jojo, Whitney Houston, Mary J. Blige, En Vogue, Boyz II Men, Usher, Bone Thugs-N-Harmony, Brian McKnight, Aliyah , TLC, Janet Jackson ... In fact, it's a good time, with a lot of great music. Probably, though, Caleb doesn't know Sampa Crew, the biggest R & B band that has been produced in Brazil- and the mere fact that I mention it already shows how much, in fact, this nostalgia thing is strong around here, even having the chance to know lots of new stuff all the time. But our country, ah, that he knows well, even though he has never come here. "I need to go! I heard you love Stranger Things!" There are a lot of people that appear on my Instagram saying 'I love you, Brazil loves you!' And that's cool!", he says. When we asked about how many times he had read the phrase "Please Come to Brazil", Caleb was straightforward: "A billion". So here we'll say once more: Caleb, Please come to Brazil! Our 80s were a show apart. I'm sure you will enjoy and have lots of fun here.
With over 5.3 million followers on Instagram, Caleb uses his iPhone (which, if it's not the latest generation, is a lot newer than
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Fotos ARTHUR GALVAO @artgphoto Direção Artística STEPHANE MARQUET @alekandsteph Styling PHILIPPE UTER @philippeuter Grooming GRACE PHILLIPS @grace_phillips Entrevista THIAGO BORBOLLA Produção MAISON PRIVÉE X BELLO MEDIA GROUP @maisonprivee_la @bellomediagroup ALLY MARRONE @allymarrone Agradecimento Especial JAMES GOLDSTEIN @jamesfgolstein ANGELA MACH @angiegogo
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LUXO SUSTENTÁVEL EM PARCERIA COM CASA IBIRAPITANGA
Fotografia por Arthur Galvao
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Camisas REROUPA x FARM Relรณgio MARร Brincos CAROL ANDRADE Bolsa LOUIS VUITTON
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Bolsa OSKLEN Camisa REROUPA
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Mala LOUIS VUITTON Bolsa RECMAN
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ODYSSEE FAZ MODA COM ARTE E UPCYCLING
Transformar plugues, placas de circuitos, cabos e fios em acessórios originais é a atividade da designer de moda Fernanda Nicolini, criadora da Odyssee – marca carioca de pulseiras, brincos, colares, chaveiros e bolsas que simbolizam um novo tempo em upcycling de materiais e resíduos eletrônicos. Nesta entrevista, Fernanda conta a história de sua marca e sua relação inovadora com a sustentabilidade e a arte.
Como surgiu a ideia de transformar resíduos eletrônicos em moda?
pessoa pode nos contactar para descartar até cinco quilos, recebendo em
A Odyssee surgiu em 2015 no trabalho final da minha graduação em Moda,
troca um cupom de desconto na Odyssee. Também temos parcerias com a
quando os acessórios que criei com resíduos eletrônicos fizeram bastante
recicladora de eletrônicos Zyklus, para onde encaminhamos carcaças e par-
sucesso. Depois, com muita pesquisa, percebi que havia pouca informação
tes plásticas para reciclagem direta, e garimpamos material em empresas e
sobre o que eu estava fazendo e que era importante falar sobre aquele ma-
escritórios que nos procuram para fazer a gestão de resíduos. Nosso projeto
terial. Decidi então mostrar uma moda com significado que ajudasse o meio
a médio prazo é unir forças para criar e capacitar grupos para as etapas de
ambiente e que fosse autoral. Foi assim que oficializei a minha marca.
preparação da matéria-prima.
Como você definiria a Odysse?
Como você produz as suas peças? Ou joias?
A marca é mais que o produto em si. Desejamos mostrar a importância de se
Não tenho problemas com rótulos, meus produtos podem ser chamados da
consumir conscientemente e incentivar o descarte correto do e-lixo. E temos
forma como a pessoa se sente melhor. Alguns os chamam de bijuterias, out-
outras iniciativas que fortalecem a marca como workshops de ressignificação
ros joias ecológicas. Eu prefiro pensar meu trabalho como “acessórios arte”.
e construção de acessórios, palestras sobre upcycling e consumo consci-
Todo o processo é feito à mão por mim, seguindo as etapas de logística de
ente, cursos de longa duração ligados à arte e um programa de imersão para
arrecadação de material eletrônico. Adquiro de fornecedores apenas os aca-
empresas de moda que querem implementar o reaproveitamento nas suas
bamentos e ferragens das peças. Tenho alguns parceiros técnicos, outros
práticas. Desenvolvemos projetos especiais de gestão criativa de resíduos
institucionais, e o Marcelo Sant’Anna, artista visual e músico, que cuida da
em parcerias com empresas e também realizamos exposições ligadas à arte
parte de identidade de marca e da parte audiovisual.
contemporânea, ampliando o nosso raio de ação.
Como você vende suas criações?
De onde vem a sua inspiração?
Estabelecemos um sistema de circularidade do produto em que as peças
Tudo me inspira, até uma pergunta que me é feita pode me inspirar a fazer
podem se transformar em outras peças. Depois de um ano, o cliente pode
uma coleção inteira. Arquitetura, arte, cinema e temas importantes também
descartar conosco a sua peça e transformá-la em uma nova pagando 50%
muitas vezes são traduzidos para as peças, busco sempre essa interface. Por
do seu valor original, ou ganhar desconto para a compra de uma peça nova.
vezes um insight faz com que o próprio material desmontado se transforme
Outra iniciativa é o sistema “pague o quanto quiser Odyssee”, inaugurado em
imediatamente em uma peça. Por isso nossas coleções não seguem tendên-
abril de 2018. Com ele, o cliente decide o quanto pagar a partir de uma lista
cias ou estações pré-definidas e são lançadas progressivamente durante o
aberta de etapas de produção e tempo investido em cada produto. Estamos
ano sem formato fixo em coleções cápsulas e em coleções de peças únicas.
propondo um modelo novo na moda, abrindo caminhos para que o consumo seja realmente consciente.
Qual é a origem da sua matéria-prima? Temos diversas formas de receber e coletar o resíduo eletrônico. Promovemos ações e eventos de descarte consciente em nossas mídias e qualquer
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Página anterior Relógio MARÉ Choker CAROLINA ANDRADE Cordão ODYSSEY Bolsa de feira FARM Biquini MARJU Tênis VERT
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E A IMPORTÂNCIA DA INCLUSÃO CULTURAL Estar no centro das atenções hoje não é fácil - especialmente por conta da grande ferramenta que se tornou a página de busca do Instagram; onde empresas, designers e celebridades são julgados em cada passo e em cada palavra que sussurram. A Farm tem sido uma dessas marcas há algum tempo; uma gigante brasileira que só no ano passado fez um lucro de 250 milhões de reais. Com mais de 70 lojas espalhadas por todo o país e ganhando cada vez mais popularidade, a marca está evoluindo e aproveitando seu amplo alcance transformando seu carioquismo em algo muito mais amplo e profundo: uma representação da cultura nacional. “Temos essa identidade de“ marca carioca ”, e mais de mil pontos de varejo espalhados pelo Brasil. Então, nós realmente queríamos começar a falar sobre essas outras partes do país. Desta vez escolhemos o Norte ”, diz Kátia Barros, proprietária e criadora da Farm.
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Sento-me com ela em seu QG, um paraíso verde isolado, escondido das movimentadas ruas de São Cristóvão, uma área do Rio conhecida por abrigar os escritórios de produção e os showrooms das grandes marcas cariocas. Mas não é só isso - é um santuário criativo onde você pode ouvir os pássaros cantando enquanto o sol se põe, é um lugar em que você esquece o cinza e o preto, e em suas palavras "escolhe o colorido". A Farm foi inspirada pelas culturas indígenas antes, mas nada dessa magnitude em termos de produção. A tribo Yawanawa foi escolhida pela marca para representar a maior parte do norte do país; uma tribo ribeirinha. “Nós mergulhamos, neste trabalho, com um grupo de pesquisadores, designers, designers de estampas, estilistas da marca. Eles nos informam tudo e colocamos no filtro da Farm, então tudo sai com a nossa cara”. E assim fizeram, abrindo caminho pelo rio Amazonas - em um barco - e visitaram os Yawanawa. “Tudo foi feito com muito cuidado, porque há sempre a questão da apropriação cultural, de trazer essas mulheres pra cidade. Tudo ficou lindo no final. ” Os Yawanawa não foram escolhidos apenas porque eles têm uma bela estética, muito semelhante à da Farm; eles foram escolhidos pelo que representam. As mulheres da tribo criam miçangas que criam padrões inconfundíveis, linhas fortes que lembram suas personalidades. “Eles trouxeram a miçanga para o trabalho e nós fornecemos o material. Tudo o que fizemos teve a aprovação deles ”. O líder da tribo não é homem, como costuma ser no país, mas Mariazinha: a primeira líder nativa. Ela era uma de três meninas, que fez com que o pai as educassem-nas como guerreiras e aprendessem a cultivar suas habilidades de liderança internas. “Conheço muito bem a força feminina, não sou feminista nem nada, mas acho que as mulheres são muito especiais. Temos uma espécie de força interna que eu acho que a humanidade ainda pode não entender ”, lembra ela. Apesar de um país completamente enraizado na cultura indígena, o Brasil tende a ignorar o valor e o significado de sua origem, seja por meio de desmatamento, construção de usinas hidrelétricas dentro de reservas ou oleodutos em águas sagradas. Conflitos entre reservas indígenas e os empresários que buscam dinheiro acontecem há décadas, ignorando a linha tênue que separa o imperialismo da preservação cultural. Então, quando eu pergunto a Katia sobre essa desconexão entre o povo brasileiro e nossos antepassados, sua resposta é bem simples e curta, “é uma questão de autoestima, de desvalorização cultural”, diz ela. Mas valorizar a cultura não significa muito se não optarmos por incorporar aquelas pelas quais estamos sendo inspirados. As mídias sociais trouxeram críticas à marca antes, com os usuários expressando sua frustração pela falta de taman-
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hos maiores disponíveis, e particularmente, em uma, onde um elenco de modelos brancos usava turbante. “O indivíduo tem força e se manifesta, encontrando seu par ao redor do mundo. Não toleramos mais a injustiça e gritamos e somos ouvidos. Eu sempre digo à minha equipe que a crítica é incrível porque nos ajuda a construir um mundo melhor, onde aprendemos ”. A marca canadense DSquared sofreu recentemente uma reação semelhante, embora muito mais dura, ao lançar sua linha de outono inverno 2015, inspirada em motivos nativo-canadenses. Muitos outros designers estão na berlinda por questões semelhantes, provando que este é um problema mundial que precisa ser resolvido. Para uma marca que começou nos anos 90 durante o nascimento da tecnologia moderna, tudo isso é novo: o Facebook foi fundado em 2004 e o Instagram em 2010. O que temos agora é uma forma contemporânea de administrar uma empresa, muito mais democrática e popular como modelo de negócio. Isso diz muito sobre como o povo brasileiro vê a roupa. Um país dividido em tantas classes sociais e econômicas diferentes, formando um grande caleidoscópio de diferentes etnias e origens; aqui, tudo isso é devido a um começo difícil liderado pelos monarcas de uma colônia de exploração. “É uma forma de expressão, de representar um povo, uma classe social. É uma ferramenta de comunicação poderosa ”, diz Kátia. Antes do surgimento das mídias sociais, os designers tinham um feedback limitado de como as pessoas usavam suas criações no cotidiano. Com o surgimento de plataformas como Facebook e Instagram, as marcas são capazes de reconhecer e apreciar modelos de todas as formas, tamanhos e cores, enquanto obtêm comentários e feedback não filtrados para criar produtos que seus clientes desejam. É muito mais comum identificar campanhas e lookbooks lideradas por minorias nesta década do que em qualquer outra anterior, e a Farm é um exemplo perfeito de mudança. “Se você olhar para os nossos primeiros modelos e o número de pessoas de diferentes etnias com grandes cargos, na empresa, isso aumentou muito. A era digital mudou e influenciou nosso comportamento ”. A coleção "O coração é o norte" da Farm é um grande passo à frente. É uma decisão consciente de incluir o desvalorizado e valorizar a nossa cultura, e não apenas ser inspirado por ela. Quando eu começo a encerrar a entrevista, sou trazido de volta para o fato de estarmos sentados dentro da floresta tropical. Se há uma outra coisa que deu origem ao nosso continente tanto quanto nossos ancestrais indígenas, isso é a própria natureza. A matal é a primeira coisa que me vem à mente quando penso no Brasil, e é uma das coisas que é mais impactada pela indústria da moda, e todos nós somos os culpados. Então, onde podemos encontrar equilíbrio?
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“É o oxigênio, sem ele não podemos viver. Eu sempre digo “A natureza é feminina", tantas cores e formas, e ainda estamos aprendendo. Não estamos nem perto das possibilidades criativas que a natureza oferece ”, diz Kátia quando pergunto o que a natureza significa para ela. Então, aqui estou eu, pensando no impacto que uma marca desse tamanho tem no meio ambiente, seja pelo desperdício de sobras de tecidos ou a cadeia de produção. “Imagine uma marca tão grande quanto a Farm, a responsabilidade que temos. Temos que aprender como mudar a industria. Não adianta dizer que seremos 100% sustentáveis amanhã, porque tudo o que fazemos está conectado. Então, em vez disso, nossa postura hoje é pensar sobre o que tiramos da natureza e como podemos devolver”. Ela levanta um bom argumento: não é realista esperar que as marcas se tornem plenamente sustentáveis da noite para o dia. A Revolução Industrial e o Fordismo têm raízes muito profundas em nosso estilo de vida capitalista, e é difícil voltar atrás neste ponto. Livrar-se disso para uma empresa que ocupa tanto espaço no mercado quanto a Farm seria um suicídio. "Mas estamos na luta por mudanças, mapeando todas as fases de nossa cadeia de produção e entendendo nosso impacto e como podemos retribuir. Temos um projeto em andamento para criar um jeans totalmente sustentável. Não há planeta B ”, diz ela. Pode parecer como pintar a imagem da utopia, numa época em que a fast fashion domina o mercado, saturando cada canto da indústria, empregando mãode-obra barata e proporcionando ao consumidor um produto básico e direto. Mas Kátia faz uma consideração interessante ao fecharmos nossa entrevista “Mais uma vez as marcas que têm um propósito profundo e que são únicas, são o futuro. E isso me dá esperança, porque nós temos essa missão ”. Em 2017, a Adidas vendeu 1 milhão de sapatos feitos de plástico retirado do oceâno. Quando saí do enorme complexo que a Farm possui, não pude deixar de pensar em Mariazinha e sua aldeia. Em um jantar comemorando a colaboração entre a Farm e a tribo Yawanawa, a líder veio até a casa dela e lhe deu um colar que “ela provavelmente trabalhou por um mês e disse:“ Eu dou isso para você : de cacique para cacique ”. Kátia e Mariazinha são muito parecidas, mulheres liderando um império.
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Bello
Recman
Studio Drê Magalhães
Empresa de acessórios desenvolvidos a partir de matéria prima reutilizada, principalmente câmaras de pneus. Todo caminho percorrido pela matéria prima até a finalização dos produtos, segue uma linha circular, incluindo, consciência na lavagem, utilizando água de reuso e confeccionando as peças em comunidades menos privilegiadas, proporcionando oportunidades.
Marca brasileira que cria acessórios especiais e completamente únicos. Colares, braceletes, bolsas, brincos, e decor. Tudo feito à mão com uma base em comum: a corda. Aqui ela é o protagonista: interligada, estruturada com nós, amarras ou combinada com outros materiais.
Leo Capote O conceito que Leo Capote trabalha, desde 1997, é de descobrir como reutilizar objetos já industrializados. Ele logo cedo criou intimidade com martelos, pregos e parafusos ao trabalhar na loja de ferragens do avô, o que fez com que ele enxergasse um novo universo de possibilidades, onde a sociedade e o cotidiano se tornaram suas maiores fontes de pesquisa e ideias.
Flávia Aranha Tendo o tingimento natural como cerne da marca, Flávia Aranha constrói uma rede estruturada numa visão holística sobre a moda, em que as relações humanas são priorizadas e os saberes tradicionais valorizados.
Projeto RL
Crua Design
Tendo como objetivo a reutilização de shapes de skates quebrados, que seriam descartados, evitando que esses materiais cheguem aos aterros e transformando-os em uma nova fonte de matéria prima, para desenvolvimento de novos produtos, tais como banquetas, tábuas de uso culinário, cepo para facas, novos skates, entre outros.
Bello
O estúdio Crua Design traz o conceito de ressignificação. Através de um olhar atento e sensível, desenvolvem produtos com materiais reutilizados e/ou inusitados. O foco atual está nos resíduos de madeira encontrados em marcenarias, ateliês, ou até mesmo em entulhos.
Think Blue
Barini Design
Com peças de design marcante feitas de forma artesanal, a Think Blue utiliza em sua produção denim doado e garimpado, promovendo uma segunda vida ao material em boas condições que seria descartado. O investimento em upcycling e política de zero waste resulta em um produto de design exclusivo.
A alma da marca de acessórios para casa está em garimpar e reutilizar materiais que veem da natureza. Madeiras, folhas ou galhos encontrados em sua trajetória servem de matéria-prima. Depois de passarem por um processo artesanal de limpeza e acabamento, ganham novas formas e funções. Nº02
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Caleb McLaughlin Fotรณgrafo Arthur Galvao
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