Recontos 83 anos Passo Fundo

DIÁRIO DA MANHÃ -

1

Recontos

TERÇA-FEIRA, 19.12.2017, PASSO FUNDO

Em sua trajetória de 82 anos, o Grupo Diário da Manhã se posiciona hoje como referência em informação por meio dos veículos de comunicação em que atua. Sendo assim, em outras palavras, um jovem de 82 anos que está em constantes adaptações mirando o futuro da comunicação na era do online e do efêmero, sem esquecer da base voltada ao conteúdo e a informação com responsabilidade. O Caderno Recontos apresenta a história do Grupo contada por ele mesmo, através de uma autobiografia de sua trajetória de mais de oito décadas presente no dia a dia dos passo-fundenses. Das grandes coberturas às histórias cotidianas que se mesclam em uma linguagem literária e repleta de lembranças.

Foto: Daniel Rohrig/DM

Terça-feira, 19.12.2017, Passo Fundo

2 - DIÁRIO DA MANHÃ

Terça-feira, 19.12.2017, Passo Fundo

Tenho certeza de que eu já conheço você. Já devemos ter nos encontrado em alguma banca, sala de consultório, na caixa de correio do seu prédio, em uma destas muitas mesas de bar que existem por aí. Ou também na internet, é claro. Pode não parecer, mas já passei dos 80. Para ser sincero, estou completando 82 anos.

Já sei, a primeira impressão é de que sou um daqueles velhos nostálgicos que se apega ao passado e não consegue lidar muito bem com o jeito que as coisas mudam, não é? Pois bem, gostaria de iniciar a nossa conversa abrindo o jogo: sou apenas um jovem de 82 anos de idade, daqueles cheios de vida e com muita história para contar.

Ah, as histórias! É exatamente sobre elas que eu gostaria de lhe contar um pouco mais. É porque eu adoro contar histórias. Digamos que eu sempre vivi para isso. Literalmente.

Quando eu nasci, o computador ou até mesmo a televisão eram coisas inimagináveis. Veja você, em 1935 o mundo não tinha nem atravessado a Segunda Guerra Mundial. A Revolução Farroupilha completava recém o seu centenário e o Brasil ainda tinha Getúlio Vargas no comando. O rádio ainda era uma coisa nova, estava no país há pouco mais de dez anos. Assim como o pessoal daqueles tempos, nasci em uma época em que todo mundo estava aprendendo a utilizar as “tecnologias”. Mas espera aí! Hoje em dia também é assim, não é mes-

Foto: Daniel Rohrig/DM

Um “jovem” senhor de 82 anos... mo? Talvez, você vai me entender mais fácil do que pensei!

Não é nenhuma novidade lhe contar que eu nasci no meio de uma redação pulsante. Foi na manhã de uma segunda-feira, 28 de outubro de 1935 que tudo começou. Era lua nova e estávamos na metade da primavera, a estação das flores. O aroma do pólen estava por todo o canto e a sensação de que muita coisa boa estava por vir era instigante. A partir deste dia, eu iria me encontrar com você todos os dias pela manhã. Seria o Diário da Manhã de Passo Fundo.

Pode parecer um trocadilho, mas não consegui encontrar outra forma de explicar que meu nome simboliza genuinamente a minha função.

Por trás disso tudo, muitas pessoas depositaram em mim a confiança de que poderia dar voz e vez a muita gente.

Nasci de um sonho, criado pelas mãos corajosas de um sonhador. É assim que eu posso definir o Túlio.

Uma personalidade política e com muitos contatos, que sempre pensou nos outros antes dele mesmo.

Naquela época, não havia maneira mais efetiva de colaborar com a vida das pessoas, se não por meio de um jornal. A casa na qual eu passei mais da metade da minha vida ficava na esquina das ruas Cel. Chicuta com a Independência. Nas salas espaçosas do andar de cima, estava instalada a redação. Logo abaixo, separado por alguns degraus, as rotativas estavam

Terça-feira, 19.12.2017, Passo Fundo

3

Fotos: Arquivo/Deolindo Czamanski

posicionadas. Foi ali que eu comecei a ser impresso e ganhei os olhos dos passo-fundenses. Tudo isso ficou tatuado na história da cidade e no coração dos leitores. [...] Dentro da missão árdua, mas de inegável e fascinante beleza, que o Jornal desempenha, colaborando de maneira decisiva para o desenvolvimento econômico, moral e cultural do povo, “Diário da Manhã” ocupará, certamente, posto de relevo no jornalismo riograndense, sendo portavoz sincero e sereno das múltiplas necessidades desta região do nordeste e guia modesto mas seguro da opinião de seu povo [...] E assim, como dividiram o tédio de um fracasso impossível, repartem os diretores, como o povo desta terra, a vitória esplendente que sorri ao Diário da Manhã [...] – trecho do primeiro editorial publicado em 28 de novembro de 1935 por Túlio Fontoura.

Passo Fundo, minha cidade natal, não era tão grande quanto hoje. Os prédios eram bem menores e em menor número também. Uma típica cidade do interior que se tornaria uma referência para o Rio Grande do Sul anos mais tarde. E eu já vou explicar o porquê disso. Antes, deixa eu contar um pouco mais daquela época.

A Avenida Brasil era toda recoberta de paralelepípedos que formavam um tapete de pedras ao longo de toda sua extensão. As árvores nos canteiros ainda eram bem menores e nem produziam sombras para escapar do sol forte do verão. Hoje, fica até difícil de imaginar ela sem aquele vai e vem de carros a toda a hora, mas eu já vivi isso. Eram outros tempos, não é

DIÁRIO DA MANHÃ -

Cassino da Maroca

Gare da Estação Férrea mesmo?

O toque desenfreado das máquinas de escrever preenchia o silêncio da redação ao passo que se integrava à

concentração dos jornalistas. A única energia necessária vinha da inspiração de contar histórias. Dezenas de dedos construíam, uma a uma, as

notícias que o público iria ler no dia seguinte. O odor característico dos grãos de café pairava sobre o ar condensado, em que informação e cafeína pareciam uma só coisa. O prédio era semelhante a um organismo vivo, mas em vez de sangue, era o jornalismo que corria pelas minhas veias.

Tive uma juventude agitada, sabe?

Não gostava nem um pouco de me esconder ou disfarçar a minha presença. Eu gostava mesmo era de estar no meio da multidão, pois era justo ali que as coisas aconteciam.

No habitat da notícia. Lá pelos vinte e tantos anos, acompanhei as festas luxuosas que aconteciam no Cassino da Maroca. Muita gente nem lembra, mas o prédio ainda existe na esquina

Terça-feira, 19.12.2017, Passo Fundo

progresso da cidade.

A década de 1950 também me colocou à prova, testou meus limites e despontou meu posicionamento perante a política nacional. Em agosto de 1954, no dia em que o presidente Getúlio Vargas tirou a própria vida, minha sede foi atacada, alvejada, apedrejada. Em minhas páginas, Túlio lutara ferrenhamente contra o governo getulista. Naquela noite, apesar de ter minhas janelas e portas despedaçadas pela oposição fervorosa, ninguém ousou pisar neste chão em que transitavam jornalistas, defensores da democracia e da liberdade de expressão. Do lado deles, balas, pólvoras e violência. Ao meu lado, os jornalistas travestidos de soldados usavam as máquinas de escrever

Fundo/Facebo ok

Antiga sede do Jornal Diário da Manhã

como armas, disparando palavras para combater tamanha barbárie. O episódio é guardado como lembrança de que a liberdade de expressão deve ser defendida com unhas e dentes, como no dia em que o Diário da Manhã quase foi invadido. [...] Em pleno coração da capital da República, pistoleiros assalariados pelos mandões ocasionais do dia, tentaram contra a existência do jornalista Carlos Lacerda, o corajoso patriota que vem desmascarando, de público, os criminosos que estão levando a Pátria ao abismo e o povo a mais amarga das misérias [...] editorial publicado pelo Jornal Diário da Manhã às vésperas do suicídio de Getúlio Vargas.

Foto; Fotos An tigas de Passo

da Rua 15 de Novembro com a General Osório. A boate era conhecida em todo o Estado pelas noites animadas e pelas belas meninas que lá trabalhavam, vindas diretamente da Argentina. Aquele local movimentou a roda da economia da cidade durante toda a grande guerra mundial, alimentado pelo contrabando de pneus aqui na região e pela movimentação dos caixeiros viajantes. Na década de 1950, com a aproximação do centenário de Passo Fundo, Maroca e suas garotas foram retiradas do Centro, pois a sociedade da época julgou imoral a rotina daquela vizinhança.

Como qualquer jovem, eu adorava viajar pela região. Para você ter uma ideia, a Avenida Sete de Setembro, que contorna o Parque da Gare, já abrigou o emaranhado de trilhos da antiga ferrovia. No prédio que existe até hoje, funcionava a estação de trem, toda equipada com máquinas, oficinas, salas e telégrafos. A construção foi inaugurada na década de 1920, pouco antes de eu nascer. Dali, partiam pessoas para todos os cantos do Estado. Os vagões de passageiros eram confortáveis, com bancos de couro alaranjados por toda a parte.

A lembrança do aroma amadeirado está viva na memória, assim como o apito da maria-fumaça que tracionava a composição férrea. Em 1982, noticiei em minhas páginas a retirada dos trilhos para dar lugar a uma avenida. A partir desse dia, a brisa leve que adentrava as janelas deixou de ser sentida no rosto para dar lugar ao

Terça-feira, 19.12.2017, Passo Fundo

Foto: Aquivo/DM

4 - DIÁRIO DA MANHÃ 4 - DIÁRIO DA MANHÃ

Avenida Brasil em 1970

Terça-feira, 19.12.2017, Passo Fundo

Foto: Aquivo/DM

Antigo parque gráfico Sete de Setembro e Independência. O local foi escolhido a dedo pelo Túlio, que acreditava que essa era a “Esquina da Liberdade”, uma vez que a independência do Brasil aconteceu no dia 7 de setembro de 1822.

Coincidência ou não, nem nos períodos mais difíceis, acompanhados pela censura durante a Ditadura Militar, eu deixei de cumprir com a minha missão. Jamais deixei de funcionar um único dia sequer. Entre poemas e músicas ocupando o espaço nas páginas de política, me mantive firme durante os anos de chumbo. Só pude respirar aliviado em 1985, com a abertura política e a redemocratização do Brasil. [...] A prosperidade de uma nação

5

depende de dois fatores, apenas: da probidade de seus administradores e do trabalho de seus filhos. Riqueza se obtém com trabalho produtivo e com emprego correto dos impostos pagos pelo povo, para a construção das obras públicas necessárias para o desenvolvimento econômico de um Município, de um Estado e de um País [...] citação de Túlio Fontoura, no mínimo, atual diante do cenário geopolítico vivenciado diariamente.

Apesar de não ser um parente tão distante, os livros foram os anfitriões da década de 1980 aqui em Passo Fundo. Isto porque em 1981, acompanhei com a curiosidade intrínseca de uma criança em pleno desenvolvimento, o surgimento do evento que mais tarde, se tornaria a maior mo

Foto; Arquivo UPF

Os anos que seguiram me trouxeram a maturidade e o entendimento de que eu me tornara um dos mais importantes veículos de comunicação da região. De fato, já havia passado dos trinta anos e, como qualquer jovem adulto, caminhava ao meu lado o fardo da responsabilidade de informar. A década de 1960, de certo modo, chegou trazendo ventos favoráveis ao desenvolvimento da minha querida Passo Fundo. O calendário já transpunha a metade do século XX e o município passava por um intenso processo de migração das comunidades rurais para a cidade. Foi nesse período que a sociedade começou a se mobilizar em busca de alternativas que possibilitassem aos jovens a continuidade dos seus estudos e contribuíssem de forma efetiva no desenvolvimento da região. A criação da Sociedade Pró-Universidade de Passo Fundo (SPU), em 1950, e do Consórcio Universitário Católico (CUC), em 1956, permitiu à região iniciar a caminhada rumo ao ensino superior.

Em 1968, com brilho nos olhos, noticiei em letras garrafais o início das operações da Universidade de Passo Fundo. O decreto de reconhecimento da UPF foi assinado pelo presidente Arthur Costa e Silva e pelo ministro da Educação Tarso Dutra, no dia 2 de abril de 1968.

Em meio a tantas boas notícias, acabei mudando de casa. De endereço fixo. Mas não fui pra muito longe, não. Para ser exato, apenas migrei uma quadra. Hoje, a gráfica fica na Vila Ricci e o jornal, assim como as rádios AM e FM, estão entre as ruas

DIÁRIO DA MANHÃ -

Primeiras instalações da

UPF

Terça-feira, 19.12.2017, Passo Fundo

páginas. Uma foto mais linda do que a outra. Nessa trajetória, ajudei o evento a ser reconhecido nacional e internacionalmente, com a cobertura completa dos espetáculos artísticos e a presença de grupos de diversos países e estados brasileiros. A comunidade, por sua vez, deu seu show particular, com a participação de 160 voluntários na última edição. Em 2018, tem mais!

O avançar da idade me fez lembrar que a eternidade é uma das coisas mais efêmeras que existem, por mais contraditório que pareça. Até seus últimos dias, o Túlio jamais me abandonou.

Poucos antes de deixar a vida terrena, em 17 de setembro de 1979, ele ainda circulava por estes corredores da re

Foto: Matheus Moraes/DM

vimentação literária da América Latina: a Jornada Nacional de Literatura. Embaixo de sua lona, uma legião de escritores munidos de suas obras encantaram a multidão de leitores de todas as partes do país.

Tamanha comoção nacional garantiu, ainda em 2005, o título de Capital Nacional da Literatura à Passo Fundo.

Contudo, a garantia de continuidade foi abalada em 2015, com o cancelamento do evento em virtude da crise financeira.

Confesso que fiquei extremamente preocupado. Do mesmo modo com que a pausa pode me causar sensações nem tão boas, acompanhar a mobilização para a retomada do evento me deixou orgulhoso. Em 2017, com um novo formato, a Jornada atraiu vinte mil pessoas nos cinco dias de evento. Aqui, cabe aquele famoso ditado popular gaúcho – não está morto, quem peleia!

Eu sei que falo demais, ou melhor, escrevo em demasia. Mas prometo que o seu tempo de leitura valerá a pena. Se a década de 1980 foi dos livros, a seguinte celebrou a pluralidade de culturas. Foram

Terça-feira, 19.12.2017, Passo Fundo

Edição da Jornada de Literatura em 2017 muitas reuniões de preparação com vários segmentos municipais até que o I Festival Internacional de Folclore de Passo Fundo viesse a acontecer de 17 a 31 de agosto de 1992, no Parque de Exposições Wolmar Salton, contando com o apoio de várias entidades locais. O tema de estreia, “O Encontro de Dois Mundos”, foi em comemoração aos 500 Anos do descobrimento da América. Nessa altura do campeonato, a euforia tomava conta das minhas

Foto: Matheus Moraes/DM

66- -DIÁRIO DA MANHÃ DIÁRIO DA MANHÃ

Festival de Folclore acontece a cada dois anos

Terça-feira, 19.12.2017, Passo Fundo

DIÁRIO DA MANHÃ -

Foto: Aquivo/DM

Incêndio no prédio Ughini dação, evitando demonstrar que não estava bem. Meu pai resolveu escrever histórias na eternidade e deixou seu legado para a comunicação regional. A partir daí, passei a ser conduzido pela família, sob a mão de Dyógenes Martins Pinto, que me transformou em um importante complexo de comunicação.

Seguindo os planos do fundador, Dyógenes comandou a ramificação do grupo dos Diários da Manhã para Carazinho. Hoje, a Rede de Jornais e Rádios Diário da Manhã está presente em duas grandes regiões do Estado. O Planalto Médio conta com a cobertura do Jornal Diário da Manhã de Passo Fundo e das Rádios Diário AM-570 e Diário FM 98.7.

A Produção têm a presença do jornal Diário da Manhã de Carazinho, fundado em 1980 e da Diário AM-780.

Outra perda significativa foi a de Dyógenes, em 1998, que nos deixou repentinamente. Sua filha, Janesca Martins Pinto, assumiu a direção do grupo e seguiu o projeto de garantir informação de qualidade a toda a região. Em uma era em que a notícia inunda os olhares de todos, a todo tempo, penso que só consigo combater a desinformação com a credibilidade de um jornal a serviço das pessoas e feito de gente. É assim que sempre trabalhei.

Com mais de oito décadas de vida, é natural que as páginas da minha história sejam permeadas por tantas outras histórias que vivenciei e testemunhei ao longo dos anos.

Nem todas se tornaram boas recordações, bem verdade. Lembro que, em 2013, acordei em um domingo pela manhã com o barulho das sirenes cortando o silêncio matinal da Avenida 7 de Setembro. Do estúdio da rádio, contei treze ambulâncias apressadas com destino à ERS 135, em Passo Fundo.

Em uma das curvas da rodovia, a viagem de 37 passageiros, que retornavam do Pa-

raguai, foi interrompida de forma trágica. O ônibus em que eles viajavam caiu em um barranco com mais de trinta metros de altura, ceifando seis vidas e deixando dezenas de feridos. Aqui, o telefone não parava de tocar: pessoas de todos os cantos da cidade e de municípios vizinhos ansiavam por notícias sobre os feridos. Em minhas páginas, relatei a dor e a tristeza das famílias que, desesperadas, tentavam compreender a precocidade da despedida.

Há lembranças que nos marcam de forma tão profunda que seus detalhes mais ínfimos permanecem enraizados na nossa memória. Comigo, não é diferente. Ainda recordo do cheiro da fumaça que se alastrou pelos quarteirões centrais da cidade e das centenas de olhos apavorados que se amontavam nas ruas próximas à esquina da Bento Gonçalves com a General Osório. Em julho de 2014, quando o prédio Ughini foi consumido pelas chamas, eu estava lá. Assisti, por cinco horas, aos bombeiros combaterem incansavelmente o fogo que consumia a edificação.

Em meio aos escombros, vi brotar uma onda de solidariedade para ajudar a família que perdeu a moradia e todos os pertences no sinistro. A estrutura, construída em 1945, foi demolida, mas o registro daquela noite jamais deixou o meu pensamento.

Não tenho como saber se estamos conversando pelas minhas páginas ou através da tela de um computador, neste momento. Mas sei que se você chegou até aqui é porque sabe que a informação nunca acaba.

Nunca pausa. Não tem um fim. À medida que as próximas linhas são lidas, algum fato importante acontece, em algum lugar. A história escondida ou até mesmo distorcida, começa a ser desmembrada. Nossos jornalistas estão, por meio do jornal, do rádio ou da internet, levando o melhor conteúdo até você.

7

Foto: Édson Coltz/DM

8 - DIÁRIO DA MANHÃ

Como sempre compartilhei histórias com você, tenho mais esta novidade. A partir do ano que vem, vou mudar. Vou mudar de cara, de visual, mas essa longa tradição com a notícia, todos os dias pela manhã, jamais vai se transformar. Estou mudando pois você muda também, o tempo todo. Nessa linha, um nome tradicional em minha história, retorna para dentro da minha essência. O jovem Túlio Martins Pinto passa a fazer parte da história da comunicação, em que o protagonista continua sendo você, leitor e ouvinte.

Chego aos 82 anos com meus pulmões cheios de novos ares, mi-

Terça-feira, 19.12.2017, Passo Fundo

rando um horizonte ainda desconhecido. Termino estes escritos, sob um céu estrelado de dezembro e com a brisa fresca da madrugada preenchendo o ambiente. Ao fundo, a canção de Elis Regina parece entender a minha situação quando esbraveja que “vejo vir vindo no vento o cheiro da nova estação”. Tens razão, Elis, os ventos sempre sopram a favor daqueles que jamais deixam de sonhar. A única certeza que tenho é que não vejo a hora de lhe contar como serão meus próximos 82 anos de vida. Mesmo que concorde com você, “que ainda somos os mesmos e vivemos como os nossos pais”.