Rota Regional Passo Fundo

DIÁRIO DA MANHÃ -

TERÇA-FEIRA, 19.12.2017, PASSO FUNDO

O município de Passo Fundo não se tornou referência por acaso e para evidenciar os principais pontos para o desenvolvimento, o Grupo diário da Manhã apresenta quais os setores responsáveis por movimentar a cidade e emplacar como um dos mais importantes municípios do Rio Grande do Sul.

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Foto: Matheus Moraes/DM

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Rota Regional

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eograficamente localizada em uma região estratégica do Rio Grande do Sul, Passo Fundo completou em 2017, 160 anos de emancipação. Ao longo de mais de um século e meio de história, consolidou-se polo regional de prestação de serviços e referência em setores como saúde, educação, agricultura, indústria e comércio. Metade deste tempo, o Grupo Diário da Manhã foi responsável por noticiar os avanços nos campos econômico e social da capital do planalto médio, contribuindo para levar as informações e as façanhas do município ao alcance de todos. O Caderno Rota Regional apresenta Passo Fundo nas entrelinhas e vai a fundo para entender quais os setores responsáveis por movimentar a cidade e emplacar Passo Fundo como um dos mais importantes municípios do Rio Grande do Sul. O município de Passo Fundo não se tornou referência por acaso. Ao longo das décadas, profissionais que aqui se estabeleceram trabalharam para que a economia e demais setores de grande importância apresentasse o desenvolvimento que elevou a cidade para patamares de grande prestadora de serviços da região Norte. O Grupo Diário da Manhã também faz parte da gama de profissionais que contribuiu para o êxito deste trabalho. Além de proporcionar uma vitrine para profissões importantes para o nosso desenvolvimento, utilizou de fontes para o embasamento de todo o conteúdo veiculado ao longo destes 82 anos.

A ascensão de um polo regional Marcada por uma trajetória ambiciosa rumo ao desenvolvimento, Passo Fundo beira os 200 mil habitantes com características de grandes cidades. Para chegar à este perfil, o município se tornou um grande prestador de serviços da região Norte e ostenta números importantes para a economia gaúcha Se a Passo Fundo de hoje foWsse colocada frente a frente com a cidade interiorana do início do século XX, o choque de realidade seria inimaginável. Dois cenários completamente diferentes ao mesmo tempo em que se conectam diretamente, ligados por uma trajetória de desenvolvimento um tanto quanto peculiar. Conhecida pelo popular jargão de “terra de passagem”, o município nem de longe é tido como um lugar pouco atrativo para fixar endereço, muito pelo contrário. Foi eleita, em outubro deste ano, uma das cem melhores cidades para se investir, de acordo com o ranking da Revista Exame. A nível nacional, Passo Fundo ocupa a 30ª posição, em uma lista em que apenas oito cidades gaúchas figuram como atrativas para investimentos.

Entre os questionamentos que norteiam este status perante o país diz respeito a quais desdobramentos culminaram na atual conjuntura.

São muitas respostas possíveis, todas elas cercadas de condições pertinentes ao livre crescimento do município em setores primordiais para a economia.

Cercada por pelo menos cinco rodovias importantes para o escoamento da produção e o deslocamento de pessoas, a cidade é cortada pela BR 285 – ligação importante com Santa Catarina e a região Noroeste do RS. Também está na rota da RS 324, rodovia que dá acesso à Serra e a região Norte. A RS 135 possibilita a saída para Erechim e a região do Alto Uruguai e Santa Catarina. Pela RS 153, Passo Fundo se conecta com diversos municípios importantes do Noroeste. A 25 km de distância, em Tio Hugo, a rodovia en-

FUNDADOR Jornalista Túlio Fontoura (1935 1979) PRESIDENTE-EMÉRITO Dyógenes Auildo Martins Pinto (1972 1998) Vinícius Martins Pinto (1997 2003)

contra a BR 386, principal via de acesso para a capital gaúcha, Porto Alegre e região metropolitana.

Mas não foi apenas por terra que a cidade articulou suas relações comerciais e econômicas ao longo da história. Pelo espaço aéreo, a prosperidade fez check-in em Passo Fundo a partir da década de 1970 com a implantação do Aeroporto Lauro Kortz, hoje, o terceiro mais movimentado do Rio Grande do Sul, perdendo apenas para Porto Alegre e Caxias do Sul. Os números só não são maiores pois a ampliação do modal se arrasta há anos e demanda investimentos que superam R$ 40 milhões, já previstos no orçamento do Governo Federal para 2018. Contudo, é o Rio Grande do Sul que terá de executar a obra para desafogar o Lauro Kortz.

A grande sacada da década de 1980 Na avaliação do atual secretário de Desenvolvimento Econômico de Passo Fundo, Carlos Eduardo Lopes Silva, a cidade consagrou o potencial de crescimento a partir de uma infraestrutura até então desacreditada pela comunidade na década de 1980: a construção das perimetrais. “O processo de desenvolvimento efetivo iniciou com a criação do anel viário que circunda a cidade. Naquela época, a obra foi criticada, rotulada de ‘loucura’ se assim podemos dizer. Nós ganhamos muito tempo com as perimetrais. Sem essa estrutura, hoje, a entrada e saída de produtos seria um caos e a gente perderia muito tempo para implantar este sistema, em que os recursos que hoje destinamos para fortalecer outra áreas, seriam voltados exclusivamente a isso, pois seria inviável para a cidade ficar sem

Presidente Janesca Maria Martins Pinto Vice-Presidente Ilânia Pretto Martins Pinto Diretor executivo Túlio Martins Pinto

estas estradas”, explica o secretário.

A obra foi viabilizada durante a gestão de Fernando Machado Carrion, a frente da prefeitura de Passo Fundo de 1982 a 1989 e articulada em colaboração de empresários da região. “Atualmente, a cidade ultrapassou os limites das perimetrais e já poderia ser pensado um novo projeto para elas, pois já podem ser consideradas distrito urbano. Ninguém imaginava que a cidade cresceria até aquele local. Foi um salto imprescindível para o desenvolvimento do município. Aqui entra também a instalação da Universidade de Passo Fundo e o desenvolvimento do polo em saúde. São vários acontecimentos felizes do passado que convergiram para o atual cenário” destaca Silva.

EDIÇÃO ESPECIAL 82 ANOS DM Diretora Comercial: Eliane Maria Debortoli Editor: Liliana Crivello - RP 10.698 Reportagens: Daniele Freitas, Daniel Rohrig e Vinícius Coimbra Diagramação: Marcelo Lange Colaboração: setor de artes do Jornal Diário da Manhã, setor comercial e demais funcionários.

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A cidade dos serviços

Adriano Sonda, explica que o comércio caminha lado a lado com diversos setores Foto: Arquivo

Com um Produto Interno Bruto (PIB) na casa dos R$ 7,8 bilhões de reais (2015), a Fundação de Economia e Estatística elenca Passo Fundo como a sexta economia mais importante do Rio Grande do Sul, com participação de 2,53% no índice a nível Estado. Cerca de 80% do PIB é ancorado pelo setor de comércio e serviços, seguido da indústria (15%) e do agronegócio (5%). A matriz econômica diversificada proporciona dinamismo nas relações comerciais da cidade com outros municípios, prova disso é a influência que a economia passo-fundense tem para mais de 1 milhão de 200 mil pessoas num raio de cem quilômetros.

Considerada a grande prestadora de serviços da região Norte, o setor dispara na frente no quesito diversificação, conforme aponta o secretário Carlos Eduardo. “São vinte mil alunos de graduação matriculados aqui, muita gente que vem de fora e gira a economia com o fomento da construção civil, dos bares, supermercados, casas noturnas, lojas, etc.

Além disso, nós formamos profissionais

Foto: Divulgação/CDL

Considerada a grande prestadora de serviços da região Norte, o setor dispara na frente no quesito diversificação

Secretário Carlos Eduardo considera Passo Fundo a grande prestadora de serviços da região Norte

para alimentar nossas próprias demandas de mercado.

Somos um município praticamente sustentável e isso é um dos pontos mais atrativos. Os empresários pensam em uma configuração de empresa e prontamente já existe um leque de profissionais disponíveis pra preencher esta demanda”, avalia o comandante da pasta de Desenvolvimento Econômico.

Como segundo carro-chefe da economia, o comércio também se destaca e alavanca a circulação de recursos através do varejo. A Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) conta com mais de mil e quinhentos associados dos mais diversos ramos de atuação. Pelo setor, circulam empresas do ramo de confecções, calçados, eletrodomésticos,

cosméticos e perfumaria, farmácias, alimentação, móveis, joalherias e óticas, cama, mesa e banho, eletrônicos, decoração, peças e acessórios automotivos, papelaria, materiais de construção, concessionárias, entre outros. Além disso, é um dos setores que mais registra saldos positivos nas contratações. De janeiro a setembro de 2017 foram 9.279 admissões contra 9.145 desligamentos, um saldo positivo de 134 vagas abertas em Passo Fundo e micro região.

O presidente da CDL, Adriano Sonda, explica que o comércio caminha lado a lado com o setor de serviços, educação, saúde e agronegócio, como principais bases da economia da cidade. “É inegável que a saúde é um dos pilares de nossa economia. Se considerarmos os valores gerados pelos hospitais em nossa cidade, é visível a contribuição significativa para o PIB. Ao lado deles, toda a nossa rede de farmácias e de clínicas hospitalares produzem riquezas e garantem a geração de emprego e renda.

No setor industrial, o protagonismo de empresas como a BSBIOS, que faturou

acima de 2 bilhões desde 2015 e é a maior empresa brasileira de biodiesel”, entende Sonda.

A pluralidade de investimentos e suas ramificações carimba o certificado de polo regional da cidade. “Passo Fundo é como se fosse um grande painel de uma usina hidrelétrica. Quanto mais luzes acesas no painel, mais indícios que estamos operando. Cada luz seria um setor importante pra economia. Quando os outros municípios da região olham para este painel e observam as luzes acesas, é sinal que podem investir”. A analogia é do secretário Carlos Eduardo Lopes Silva e explica, por meio de metáforas, como o município se caracteriza diante dos investidores.

A tecnologia a favor da experiência do consumidor A Comercial Zaffari nasceu em Passo Fundo, e por este motivo, investe e acredita nesta cidade. Hoje, a empresa gera ao todo mais de 1.500 empregos diretos.

Além disso, apoia e incentiva a cultura, o esporte e a comunidade. Entre os projetos que a empresa atua, podemos citar o Festival Internacional do Folclore, o qual a Comercial Zaffari é patrocinadora master desde as primeiras edições. Ainda podemos citar o apoio aos grupos de teatro Ritornelo e Timbre de Galo. No esporte, a Comercial Zaffari é apoiadora através da Lei de Incentivo ao Esporte ao Esporte Clube Vila Nova, que alcança de forma social mais de 400 crianças e jovens. A empresa também é mantenedora do Convidas, que preserva a vida silvestre. Este ano, foi implantado em todas as lojas de Passo Fundo o Troco Solidário, que visa destinar o troco arrecadado de clientes para entidades locais (neste caso, citando Apae, Ong Amor e Liga Feminina de Combate ao Câncer). Além disso, é possível citar adoção de canteiros públicos, diversas doações ao Capa e outras ongs de cuidado aos animais, entre outras ações.

Em termos de aniversário, este ano realizamos uma exposição no Museu Histórico Regional, além de proporcionar à comunidade o show gratuito com o Grupo Tholl, o qual reuniu mais de 3000 pessoas. Realizamos um concurso cultural de poesias nas escolas, que premiou dois alunos de escolas públicas com um tablet e as escolas dos alunos vencedores com uma smart TV. Sempre atenta aos principais movimentos e tendências mundiais, a Comercial Zaffari acaba de reinaugurar no Bella Città Shopping sua nova loja conceito, introduzindo na cidade e na região uma nova experiência de consumo para o setor. Com aproximadamente 2.600m², a loja aposta em tecnologia, conveniência e um mix diversificado para atender as expectativas e exigências do novo consumidor. O projeto carrega em seu DNA o espírito moderno, simples e básico, usando as mais avançadas soluções tecnológicas para garantir a melhor experiência de compra.

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No enfrentamento da crise Especialistas avaliam quais os caminhos que Passo Fundo deve percorrer para superar os efeitos da crise econômica Foto: Divulgação/UPF

A opinião dos especialistas reparo e comunicações, pelos quanto ao enfrentamento da serviços médicos, odontológicrise financeira nos últimos três cos e veterinários e, em quinto anos é unânime quando se trata lugar, a construção civil. Com de Passo Fundo. A matriz econôexceção do comércio varejista, mica diversificada possibilitou esses segmentos tiveram um a dissolução das dificuldades aumento no número de ementre os setores, em que áreas presas. menos afetadas puderam dar Quanto a geração de emcontinuidade aos investimentos prego e renda, o relatório inem detrimento de outras que dica que a estrutura de trabasofreram com a recessão. Para lho para o ano de 2016 soma a economista e professora da 59.124 empregos formais, ínUPF, Cleide Moretto, a demandice ancorado essencialmente da regional baseada no setor no setor de serviços. A maior primário contribuiu para que a expressividade recai no subCleide destaca o dinamismo socioeconômico, economia não se estagnasse. setor comércio varejista, com do município em que o setor de serviços é res“A cidade vem se destacando 14.364 vínculos (24,3%), seponsável por mais de 80% da produção local pelo seu dinamismo socioecoguida pelos serviços médicos, nômico, em que o setor de serviços é responsável por mais odontológicos e veterinários, com 6.704 (11,3%), servide 80% da produção local. Vale ressaltar que Passo Fundo ços de alojamento, alimentação, reparos, e comunimarca presença no topo da lista das melhores cidades para cação, com 5.197 (8,8%), de serviços administrativos, se envelhecer com qualidade de vida, por meio do Índice de técnicos e profissionais, com 5.082 (8,6%), ensino, com Desenvolvimento Urbano para a Longevidade, sobretudo em 4.597 (7,8%) e serviços de transporte e comunicações, função da estrutura de oferta de serviços de saúde”, aponta com 3.687 (6,2%); Juntos, estes subsetores equivalem a economista. a 67% dos vínculos formais de trabalho no município.

A última década reforçou a característica setorial do mu“É essa pluralidade de atividades que segurou as nicípio, mesmo diante da crise econômica que afetou o país. pontas. Em Caxias do Sul, por exemplo, o setor meA partir dos dados da Relação Anual de Informações Sociais tal-mecânico arrastou a cidade para uma crise preo(Rais), fornecidos pelo Ministério do Trabalho em 2017, é poscupante. Mas Passo Fundo tem uma diversidade da sível observar como a economia local reagiu ao período de matriz. O agronegócio foi o setor que praticamente recessão. No ano passado, o número de estabelecimentos segurou o país nos últimos anos, sem dúvida nenhuprodutivos formais em Passo Fundo se manteve próximo ma o nosso município está muito bem posicionado, a 6.850 unidades, em que os cinco principais subsetores pois está rodeado de cidades essencialmente agrícode atividade econômica integram o setor de terciário ou de las, que conseguem se movimentar mesmo em meio serviços. Em primeiro lugar, o comércio varejista, com 2.406 a crise financeira e diante disso, nos procuram para empresas, seguido pelos serviços administrativos, técnicos aplicar o dinheiro”, avalia o secretário de Desenvolvie profissionais, pelos serviços de alojamento, alimentação, mento, Carlos Eduardo Lopes Silva.

O primeiro shopping de Passo Fundo O Bella Città Shopping inaugurou em 1998. Primeiro Shopping de Passo Fundo e região, completa 20 anos em 2018 consolidado como maior e mais completo centro de compras da região norte do estado. Possui em seu mix 115 lojas distribuídas em 4 andares, sendo que destas, cerca de 85% são redes e franquias.

Em 2009 o Shopping inaugurou sua expansão, tornando-se um multiuso, recebendo um hotel e duas torres em seu complexo. Trouxe a Passo Fundo a cultura de Shopping Center, tornando a cidade mais moderna e facilitando o aspecto de compras, lazer e entretenimento de clientes de toda a região.

A família Zaffari, passo-fundense, tem tradição em investir na cidade. Inicialmente atuando no ramo supermercadista, inovou e trouxe à cidade o que havia de mais moderno em termos Shopping Center. A inserção dos nossos clientes locais nas campanhas do Shopping e a interação via redes sociais atestam a boa aceitação da comunidade em geral. Passo Fundo acolheu o Bella Città desde o princípio, já que o Shopping é um local que possibilita o encontro entre amigos, lazer, entretenimento e compras, aliando conforto, segurança e toda a comodidade que um Shopping Center proporciona.

Gerando mais de 3 mil empregos entre diretos e indiretos, colabora a cada dia com o desenvolvimento local, atraindo a cada dia mais clientes não só da cidade mas também da região. Hoje, cerca de 40% dos clientes são de fora de Passo Fundo, o que prova a atração de clientes e o fomento da a economia local. Outro ponto importante é a vinda de franquias e lojas de rede conceituadas. Em 2018, o Bella Città Shopping completa 20 anos. Ao longo do tempo, se modernizou e trouxe atrações diferenciadas para a cidade. Para o ano que vem, novas marcas farão parte do mix do Shopping, novidades que serão informadas ao longo do ano à comunidade. A campanha promocional dos 20 anos também deverá surpreender os clientes.

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O protagonismo empreendedor Com índices de desemprego na casa dos 8%, Passo Fundo acompanha o surgimento de uma nova camada de microempreendedores individuais na tentativa de manter a roda econômica da cidade em movimento Para os mais de sete mil passo-fundenses desempregados, fechar as contas no fim do mês é uma tarefa que demanda criatividade e jogo de cintura. Os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) indicam que a capital do planalto médio possui cerca de 8% da população economicamente ativa sem fonte formal de renda, enquanto a média nacional de desempregados é maior, com 12,5%. Mesmo com estes números, o município contratou mais do que demitiu pessoas em 2017. São mais de 600 postos de trabalho criados em relação ao mesmo período do ano passado, em que a relação entre contratações e demissões registrou número negativo de 749 vagas. No país, 1,3 milhão de vagas de emprego formal em 2016 foram encerradas.

O gosto doce na boca dos microempresários, Manu Amarante e Marcelo Salustiano, ambos com 34 anos e donos de uma bolaria em Passo Fundo, já foi bem mais amargo no passado. Há um ano, a dupla resolveu Manu e Marcelo já projetam a abertura de novas filiais em 2018 unir esforços e enfrentar a crise ao mudar de ramo e sideração o baixo custo do alubuscar nichos de mercaguel em relação ao centro da do até então pouco excidade e a ausência de concorplorados na cidade. Manu rência. Logo no primeiro mês, os entrou no negócio com a dois foram surpreendidos com bagagem de quinze anos a demanda de pedidos e a sende experiência no comansação de que o caminho estava do de vários Cafés, que selivre para o crescimento piscou gundo ela, não atingiram como um painel luminoso. “A as expectativas. Marcelo gente recebeu uma encomenda é arquiteto e decidiu sair de quinhentos chocotones logo do escritório em que trade cara. Nós entrávamos às oito balhava para buscar novos horizontes. Nos dois casos, todos os da manhã e encerrávamos o expediente às onze da noite. caminhos levaram ao empreendedorismo.

E como a bolaria estava em alta a gente decidiu impleEm outubro de 2016, a bolaria começou a funcionar em um mentar o negócio, buscando ajuda profissional”, conta bairro de Passo Fundo. A escolha do endereço levou em conMarcelo.

O futuro é concreto É olhando pra frente que planejamos o futuro. Um futuro que é construído, sim, por cimento, concreto, aço, ferro, tijolo... mas que é, também, construído pelos nossos sonhos. Sonho que nos move e nos desafia desde 1995, quando em um pavilhão, na cidade de Passo Fundo, no Rio Grande do Sul, um jovem sonhador, destemido e empreendedor iniciou a história da JR. Roberto Andreetta sempre trabalhou muito para que este sonho se tornasse realidade, tendo ao seu lado a força e o exemplo de seu pai, João Carlos Andreetta e sua família. Um ano depois, na Avenida Presidente Vargas, foi inaugurada a primeira loja física. E desde então, estivemos em uma busca diária pela excelência.

Conhecendo o mercado, evoluindo em estrutura e mix de produtos, mas de forma muito especial, nos relacionando com as pessoas. Entendendo as necessidades de cada cliente para poder oferecer sempre o melhor em qualidade com preço justo.

Os anos foram passando, as transformações foram acontecendo, e com elas, a JR também se transformou. Era preciso crescer, investir… Deixamos de vender exclusivamente cimento para nos tornarmos referência em materiais para construção e reforma. Crescimento sustentável, responsabilidade e respeito, ética e muito trabalho. Pilares que construíram a nossa trajetória. E que nos acompanham a cada novo dia. A cada novo desafio. A cada nova conquista. O novo Centro de Distribuição marca uma nova etapa para a JR. Uma empresa sólida, de credibilidade, reconhecida pela tradição em oferecer os melhores produtos, as melhores marcas, pensando sempre em atender com excelência todos os clientes.

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A grande sacada

Foto: Daniel Rohrig/DM

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Sócios resolveram implementar o negócio procurando ajuda profissional Se o ditado afirma que “em time que está ganhando não se mexe”, a Manu e o Marcelo resolveram superar anos de sabedoria popular e buscaram consultoria com o Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas, o Sebrae RS, para profissionalizar o negócio. Assim como eles, outras duas mil pessoas já passaram pelo balcão de atendimento da agência em Passo Fundo só neste ano. Até outubro, 10.220 MEI’s foram abertos pelo sistema, um aumento considerável de 12,4% em relação a 2016. Em todo o Rio Grande do Sul, o acumulado supera as 450 mil novas micro empresas, número 15% maior do que o mesmo período do ano passado.

“A importância do MEI não é só para a economia, mas também, para a sobrevivência das pessoas. Então eles abrem a sua empresa e a partir daí mantêm o seu sustento como prestadores de

serviço. E há mercado para este tipo de atividade na cidade”, pondera o gerente do Sebrae em Passo Fundo, César Maurício Samuel do Nascimento.

O aumento significativo de abertura de micro empresas em um período curto de tempo pode ser explicado a partir do seguinte raciocínio. “Este micro empresário precisa consumir, então ele vai até o mercado e efetua a compra. O dono do mercado fatura e compra do fornecedor. O fornecedor gera demanda para quem produz matéria-prima, que por sua vez, abre mercados para o vendedor de sementes, dependendo do produto. Então, este efeito cascata é o que garante a sustentabilidade do mercado”, explica Nascimento.

Na relação dos dados que compreendem o mercado de trabalho formal e informal, um aspecto importante chama a atenção. Com as projeções populacionais fornecidas pelo Instituto Brasileiro de

Para César, a importância do MEI não é só para a economia, mas também, para a sobrevivência das pessoas Geografia e Estatística (IBGE) para 2017, estima-se que a população economicamente ativa em Passo Fundo seja de 130.524 pessoas. Os dados da Relação Anual de Informações Sociais apontam para um valor próximo a 60 mil vínculos formais para o período, o que significa que 54% dos trabalhadores estão ligados ao setor informal, seja na forma de microempreendedor individual, trabalhador por conta própria ou mesmo como trabalhador sem carteira.

Uma legião de microempreendedores A Fundação Gaúcha do Trabalho e Ação Social (FGTA Sine) de Passo Fundo revela que existem cerca de 13.500 CNPJs abertos na modalidade de microempreendedores. “O microempreendedor tem contribuído muito para a circulação de renda e trabalho no município. O perfil geralmente é de trabalhadores que tinham renda de R$ 1 mil a R$ 2 mil e que viram na crise a oportunidade de mudar e estão tendo muito sucesso. Estes trabalhadores aumentam a sua renda, movem uma cadeia de consumo grande com o aumento do ganho mensal e viram empregadores”, avalia o coordenador da agência, Sérgio Ferrari.

Em menos de um ano, a rotina de incertezas se transformou em crescimento profissional para a dupla de empresários, que já miram na transição de modalidade empresarial para 2018. “É muito interessante comparar a nossa realidade de agora com o ano passado. A ideia é manter a bolaria crescendo e a gente projeta abrir uma terceira unidade já no ano que vem. A partir daí, nós vamos mudar de MEI para microempresa, sinal de que o negócio está

Foto: Arquivo/DM

Grupo de empregadores já ultrapassa os 10 mil na cidade

Para Ferrari, trabalhadores aumentam a sua renda, movem uma cadeia de consumo grande com o aumento do ganho mensal e viram empregadores

em um bom momento”, finaliza Manu, sobre o futuro da empresa.

De acordo com o FGTA Sine, são mais de 13 mil microempreendedores com CNPJs cadastrados na cidade.

Ao cruzar esta informação com os dados fornecidos pelo Sebrae a respeito da abertura de MEIs até outubro deste ano, nota-se um aspecto importante sobre este setor. Foram pouco mais de 10 mil micro empreendedores individuais nos dez primeiros meses de 2017. O que significa que grande parte acaba fechando ou até mesmo desistindo da ideia de ser dono do próprio negócio. “Não há como ter um controle efetivo a respeito dos fechamentos de MEIs, pois grande parte não oficializa este procedimento.

Quando o desemprego bate a porta, as pessoas procuram uma fonte de renda para suprir o deficit no orçamento da casa. Mas no meio do caminho, quando arrumam outra atividade remunerada, o MEI acaba esquecido e por isso não temos dados precisos, somente suposições”, explica César Maurício Samuel do Nascimento, do Sebrae.

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Acisa

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Por trás de grandes organizações que impulsionam a economia de Passo Fundo, existem pessoas ousadas que em algum momento, resolveram investir por estas terras e que contribuíram para o crescimento da região como um todo. Antes mesmo de adentrar os portões do Centro de Distribuição da Rede de Farmácias São João, já era possível contemplar a perplexidade da obra que ostenta mais de 100 mil m², inaugurada em 2016. Quando a reportagem do Grupo Diário da Manhã ingressou na sala da reuniões, o presidente da rede, Pedro Henrique Kappaum Brair, concedia entrevista à colegas jornalistas de um veículo da região do Vale do Taquari. Mesmo em meio a sua resposta, Pedro nos cumprimentou com um singelo aceno, sinalizando que éramos bem-vindos ali.

Logo na primeira pergunta, descobrimos que o império farmacêutico, hoje estabelecido com mais de 600 lojas espalhadas em toda a região sul do país, começou a germinar ainda em 1979, quando Pedro foi contratado para trabalhar em uma farmácia em Iraí. A compra de sua primeira farmácia veio em 1982, em Campo Novo, quando o espírito empreendedor começou a aflorar no jovem empresário. A partir daí, o crescimento foi exponencial. Em 1996, as unidades farmacêuticas de Pedro passaram a se chamar “Farmácias São João”. Quatro anos depois, com mais de 10 filiais, a empresa se transfere estrategicamente para Passo Fundo, principal cidade do Norte gaúcho e referência regional em saúde. O processo de expansão consolidou-se ainda em 2008, quando novas lojas foram inauguradas no interior, litoral e na região metropolitana de Porto Alegre. Nessa fase, a rede passou a abranger o maior número de municípios

Foto: Divulgação/São João

A gigante dos medicamentos

Brair elenca coragem e ousadia como ingredientes par se tornar um empreendedor de sucesso do RS e se fez presente em Santa Catarina. Em 2012, já era considerada a oitava maior rede varejista de medicamentos do país, presente em mais de 130 cidades do RS e SC. Mesmo ostentando números representativos diante do país, as Farmácias São João fixaram sua hegemonia com a construção do Centro de Distribuição e Operações Administrativas, ainda em 2015. Questionado a respeito do planejamento da obra, Pedro foi enfático. “Não tivemos muito tempo para planejar, pois é assim que funciona no varejo. Em onze meses toda esta estrutura estava pronta.

Sem muita enrolação”, brinca. O investimento ultrapassa os 100 milhões de reais com a utilização de tecnologia de ponta, referência para as demais redes do ramo. Do lado de fora, a temperatura ultrapassava os 30°C, em plena tarde de dezembro. “Estão vendo, aqui dentro está bem agradável, não dá para sentir calor como lá fora. Isso é tecnologia, foi tudo pensado para ser assim. A iluminação também. Aqui a gente opta pela sus-

“Quando me perguntam – Pedro, o que é preciso para ser um empreendedor hoje em dia? – eu não tenho outra resposta a não ser ‘coragem e ousadia’. São duas virtudes que eu sempre tive comigo e sem elas nós não seríamos o que somos hoje.

Pedro Brair

tentabilidade”, descontrai Pedro, em um rápido passeio pelo complexo em que trabalham mais de mil colaboradores.

Em números, a Rede de Farmácias São João emprega mais de 11 mil pessoas no Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná. Em Passo Fundo, cerca de mil e trezentos tem a empresa como principal fonte de renda. A marca já é considerada a 6ª maior rede varejista

de medicamentos do país, com uma média de seis milhões de clientes atendidos por mês, em cerca de 600 lojas espalhadas por duzentas cidades.

“Quando me perguntam – Pedro, o que é preciso para ser um empreendedor hoje em dia? – eu não tenho outra resposta a não ser ‘coragem e ousadia’.

São duas virtudes que eu sempre tive comigo e sem elas nós não seríamos o que somos hoje. Eu sempre falo nós, pois eu não represento apenas a mim.

Tem uma massa de colaboradores que faz parte e é responsável por tudo isso”, destaca.

Na sala em que a entrevista era realizada, grandes dizeres logo acima na parede integravam a decoração composta por móveis amadeirados e cadeiras confortáveis. A frase “não traga problemas, traga soluções” é apenas uma de um repertório que imprime a identidade de Pedro nas fundações do centro de distribuição da Rede. “Colocamos frases em quase todas as salas. O ser humano precisa de estímulo e sem dúvida quando visualiza, ele também concretiza. É aí que tudo inicia”, explica. Em outras palavras, é como se cada parte do prédio trabalhasse para impulsionar os recursos humanos da empresa rumo ao crescimento e aos ideais de seu líder.

No fim da entrevista, o empresário que dali algumas horas estaria voando rumo a Minas Gerais não demonstrara pressa alguma, muito pelo contrário. Encerrou a conversa enquanto arrumava, uma a uma, as cadeiras em que instantes atrás, ocupávamos para o bate-papo. “A primeira coisa que faço quando acordo é arrumar a minha cama. Considero esta, a primeira vitória do dia”, finaliza, com uma gargalhada seguida de um último aperto de mão.

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Busca por formalização Trabalhador conhecido como informal pode se tornar um Microempreendedor Individual legalizado Foto: Kleiton Vasconecellos/DM

No núcleo do cenário abordado até o momento, determinados ramos se tornam mais atrativos para os microempreendedores. De acordo com o Sebrae, do total de aberturas de micro empresas na cidade, 47% optaram pelo ramo de comércio de artigos de vestuários e acessórios. Em segundo lugar figura o ramo de cabeleireiros, barbeiros e manicures, com 36%. A bolaria da Manu e do Marcelo, citada anteriormente emplaca na terceira posição do ranking, em que os proprietários de bares e congêneres somam 10% do total de aberturas. Em quarto lugar, estão as oficinas mecânicas de veículos seguidas pelo subsetor de pintura, lanternagem e funilaria de veículos.

Ao procurar um dos pontos de atendimento do Sebrae em Passo Fundo, o empreendedor encon-

biliza palestras de sensibilização do MEI nas Faculdades Anhanguera e João Paulo II. Todo este trâmite é gratuito. O trabalhador conhecido como informal pode se tornar um Microempreendedor Individual legalizado e passar a ter CNPJ, o que facilita a abertura de conta bancária, o pedido de empréstimos e a emissão de notas fiscais.

Outros serviços

E m Passo Fundo, 47% empresários optaram pelo ramo de comércio de artigos de vestuários e acessórios tra serviços de passo a passo para a abertura de microempresas, empresas de pequeno porte entre outras moda-

lidades. O serviço fornece o encaminhamento por meio do portal do empreendedor. Além disso, disponi-

Oficina de Plano de Negócio para Começar Bem; Consultoria em Plano de Negócios; Sebrae EAD – Educação a Distância; Software Plano de Negócios Sebrae; Ideias de negócios: estudo com mais de 450 ideias de negócios Sebrae Mercados – dicas, ideias, estudos e pesquisas em negócios

14 - DIÁRIO DA MANHÃ Terça-feira, 19.12.2017, Passo Fundo

Os primeiros sinais da recuperação É unanimidade entre os especialistas de que o desempenho da economia em 2017 foi melhor do que nos últimos três períodos, desde o avanço da crise econômica. Apesar de tímida, a expectativa de crescimento para 2018 é dada como certa pelos economistas, em que o período eleitoral deverá ser imprescindível para a abertura de crédito e programas de financiamento com a facilidade do acesso a renda pela população, resultado de articulações políticas. Na geração de empregos, a aposta é nos bons resultados do último trimestre, em que Passo Fundo contratou mais do que demitiu.

A partir dos dados da Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), é possível interpretar o bom desempenho do ano de 2017. Enquanto os anos de 2015 e 2016 demonstraram saldos negativos (de-

Foto: Kleiton Vasconcellos/DM

Com projeção mais otimista, o próximo ano deve ser de retomada tímida da economia com números positivos de geração de emprego e renda. Especialistas apontam áreas de destaque que mantêm Passo Fundo no caminho do desenvolvimento

Comércio é um dos setores mais otimistas com a chegada do próximo ano

missões maiores que admissões), os primeiros 9 meses do ano de 2017 sinalizam uma recuperação em termos de mercado formal de trabalho, com saldos positivos tanto nos setores-chaves da economia local, como em outros setores emergentes, como é o caso do comércio atacadista, do comércio e administração de imóveis e serviços imobiliários. O destaque para o período compreende a indústria da alimentação, que retomou números positivos em termos de contratação.

Para a economista, Cleide Moretto, é importante entender que os dados mais recentes apontam para uma retomada lenta no cenário econômico. “Nós temos índices positivos, mas ainda são insuficientes para absorvermos o enorme contingente de passo-fundenses, integrantes da População

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Economicamente Ativa, e que estão fora do mercado formal. Basta observamos que o volume de admissões e desligamentos do ano de 2013 que é cerca de 37% superior ao dos anos 2016 e 2017. A expansão do mercado de trabalho é o grande desafio para que a economia retome os níveis de renda necessários para garantir a manutenção do crescimento’, alerta Cleide. Outro aspecto a ser considerado quando se fala do ano 2018 é a ocorrência das eleições presidenciais, fator que impacta diretamente na economia brasileira, inclusive a nível local.

Programas como o Avançar, lançado em novembro pela União, é uma das formas de garantir a circulação de valores e a geração de empregos com a retomada de obras até então estagnadas no país.

Enquanto representante do poder público, o secretário de Desenvolvimento Econômico de Passo Fundo, Carlos Eduardo Lopes Silva, entende que o trabalho colaborativo de várias gestões culminou para o atual cenário da cidade. “O que a gente observa é que o município teve uma linha de condução política pacífica nas últimas duas décadas, com a valorização do trabalho realizado independente do partido ou

grupo político que esteve no poder. Estamos na fase de revisão do plano diretor da cidade e cabe a este processo, permitir a continuidade do nosso crescimento. Também, é essencial a reforma do aeroporto Lauro Kortz para alavancar nosso desenvolvimento”, pontua o secretário da pasta.

O comércio é um dos setores mais otimistas com a chegada do próximo ano. O presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL), Adriano Sonda, percebe um aumento na estimativa de vendas pelo setor.

“O cenário de inflação baixa, diminuição de juros e a recuperação da confiança em relação ao emprego indicam que o consumidor vai programar suas compras e seus parcelamentos de forma mais consciente, o que deve movimentar também o comércio”, destaca. O Índice de Confiança do Consumidor, medido pela Fundação Getulio Vargas (FGV), subiu 1,4 ponto em outubro e atingiu 83,7 pontos, em uma escala de zero a 200. Esse é o maior nível desde março de 2017 (85,3 pontos). Em relação a outubro de 2016, o índice avançou 3,8 pontos. Houve melhora na avaliação dos consumidores tanto em relação ao momento atual quanto em relação ao futuro. Na mesma linha,

Uma das novidades para o ano que vem é o lançamento do Polo Gastronômico de Passo Fundo. São cerca de 40 empresas dos mais variados ramos que estão se organizando para trabalhar em conjunto, a fim de estabelecer uma rota de bares e restaurantes na cidade.

Cesar Maurício Samuel do Nascimento

o Índice de Confiança Empresarial (ICE) divulgado pelo IBGE avançou 2,6 pontos de setembro para outubro, indo a 90,3 – o maior nível desde os 91,3 pontos de julho de 2014.

No campo do empreendedorismo, o Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas, o Sebrae, acompanha com bastante entusiamos uma nova camada de empreendedores surgir, em que o

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setor articula uma nova organização para 2018. “Uma das novidades para o ano que vem é o lançamento do Polo Gastronômico de Passo Fundo. São cerca de 40 empresas dos mais variados ramos que estão se organizando para trabalhar em conjunto, a fim de estabelecer uma rota de bares e restaurantes na cidade. Todas estas empresas são filiadas ao Sebrae e atendem um padrão de qualidade e gestão, com o objetivo de qualificar o serviço que Passo Fundo oferece no quesito gastronomia”, reforça o gerente do Sebrae, Cesar Maurício Samuel do Nascimento.

Outra tendência de negócio que surge na cidade é o fornecimento ambulante de alimentação, os populares “food trucks”. O Sebrae avalia de forma positiva este crescimento, visto que a ampliação das opções de locais para consumo estimula a concorrência e, por tabela, aumenta a qualidade dos serviços prestados pelos estabelecimentos. Uma das apostas para o futuro gira em torno das vendas pela internet, conhecidas como e-commerce. Mesmo não tendo participação significativa para a economia local, ambos os setores tendem a crescer nos próximos anos na região.

16 - DIÁRIO DA MANHÃ Terça-feira, 19.12.2017, Passo Fundo

Protagonismo em Saúde Tudo começou de maneira muito simples e humilde. Há cerca de cem anos, na agrária cidade passo-fundense, os esforços para cuidar das pessoas que, na época, viviam o flagelo da gripe espanhola foram os passos iniciais dos hospitais que, no futuro, se tornariam referência em prestação de serviços de saúde em todo o Rio Grande do Sul. Foi aqui, em um município do interior do Estado, que o esforço em atender e cuidar, a qualificação dos profissionais, as novas instituições na área de ensino e o investimento em tecnologia ganharam morada, evidenciando que, quando a Saúde entra em pauta, Passo Fundo não sai de cena: assume protagonismo no cenário nacional.

Da década de 10 até hoje, muita coisa mudou. Há um longo percurso entre o surgimento dos primeiros hospitais e a premiação de Passo Fundo como a melhor cidade brasileira de porte médio na área de Saúde – reconhecida em 2015. Esse trajeto passa, necessariamente, pelo surgimento da Faculdade de Medicina na década de 70, como veremos mais adiante. Ser um centro de formação profissional foi um dos requisitos essenciais para apresentar ao Brasil um polo de referência em atendimento, infraestrutura, equipa-

Foto: Daniele Freitas/DM

Destaque no cenário nacional, Passo Fundo se consolida como uma das grandes referências na prestação de serviços, na formação profissional e no desenvolvimento de novas tecnologias na área da saúde

No HC, pacientes têm acesso a procedimentos de alta complexidade, como o Serviço de Hemodinâmica mentos com tecnologia de ponta, procedimentos de alta complexidade e serviços especializados. Mesmo com o cenário de crise e os anúncios constantes de fechamento de unidades hospitalares na região e atrasos nos repasses

destinados à área da saúde, Passo Fundo encontra alternativas para subsidiar os recursos necessários para a manutenção dos atendimentos e para investir na ampliação da estrutura e na qualificação do corpo clínico.

Fundado em julho de 1914, por Antonino Xavier e Oliveira e um grupo de passo-fundenses, o Hospital da Cidade (HC) é a mais antiga instituição médico-hospitalar de Passo Fundo. Junto ao Hospital Psiquiátrico Bezerra de Menezes (HPBM), forma um dos maiores complexos hospitalares do Estado. Com uma área de 31.600 m², o HC dispõe de 272 leitos ativos para internação, sendo 223 para o SUS, 18 para a UTI Adulto e 12 para a UTI Neonatal. Na avaliação do administrador, Luciney Bohrer, o Hospital da Cidade é visto como referência na atuação em diversas especialidades, como a oncologia, a traumatologia e ortopedia, a cardiologia, a neurologia e a nefrologia. “O nível tecnológico de Passo Fundo na área da saúde atrai as pessoas que buscam esses recursos. Nos últimos dez anos, todas essas especialidades receberam investimentos. Construímos um prédio de 13 mil m² para atender a essa demanda, desde o consultório até à UTI”, destaca.

Com um orçamento anual de R$ 170 milhões, o Hospital da Cidade é responsável por atender quatro Coordenadorias Regionais de Saúde (6ª – Passo Fundo, 11ª - Erechim, 15ª – Palmeira das Missões, 19ª – Frederico Westphalen), o que engloba 144 municípios e uma população de 1,158 milhão de habitantes. “O SUS regula quais são as cidades que os pacientes devem procurar. Nos convênios e na saúde privada, a busca é individual. Através de convênio com alguns municípios, esses pacientes vêm para Passo Fundo.

Hoje, eu diria que estamos em uma proporção 50/50, ou seja, somando os atendimentos ambulatoriais e internações, metade dos pacientes é de fora e metade é aqui de Passo Fundo”, esclarece Bohrer. Na instituição, diferentemente de suas cidades de origem, as pessoas têm acesso a procedimentos de alta complexidade em Cardiologia, Cirurgia Oncológica, Hemodinâmica, Neurocirurgia, Oncologia, Ortopedia, Endovasculares, Traumatologia e Terapia Substitutiva Renal (Hemodiálise).

O Hospital Prontoclínica, fundado em 1977, proporcionou a Passo Fundo uma impulsão para o desenvolvimento na área da saúde. Essa, pelo menos, é a análise do diretor -presidente, Dr. Julmar Biancini. “Provocamos uma corrida no sentido de melhoramentos na cidade. Nosso hospital sempre foi pequeno e os outros eram menores do que são hoje. Com isso, a chegada da Prontoclínica foi importante, representou uma atenção maior para o segmento e ocasionou grandes investimentos. Ajudamos a alavancar o setor nesse sentido, em tecnologia”, afirma. Atendendo exclusivamente convênios e particular, a instituição oferece plano de saúde para diversos municípios da região,

Foto: Daniele Freitas/DM

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Investimentos em novas tecnologias impulsionam desenvolvimento do setor como Marau, Casca, Sananduva, Lagoa Vermelha, Carazinho, Não-Me-Toque e Soledade. Assim, pacientes de outras cidades buscam a Prontoclínica para a realização de procedimentos cirúrgicos.

Uma das vantagens oferecidas pela instituição, na avaliação do diretor-presidente, diz respeito ao atendimento.

“Como temos um bloco cirúrgico bem interessante, com oito salas de cirurgia, e uma sala de recuperação bem abrangente, pegamos um nicho de mercado bem interessante da região. Por não realizarmos atendimentos pelo Sistema Único de Saúde, o número de pacientes atendidos pelos nossos profissionais é menor que nos outros hospitais e isso, no meu modo de ver, já é um fator diferenciado”, aponta. Atualmente, o maior volume de procedimentos é registrado na área da cirurgia plástica. Além

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disso, a instituição oferece serviço de hemodinâmica, de análises clínicas, pronto-atendimento, UTI Adulta, Pediátrica e Neonatal, Diagnóstico por Imagem, Especialidades e serviço de Oncologia. A estrutura dispõe de cem leitos e o corpo clínico conta com cerca de 180 médicos.

Como reflexo da crise econômica no País, as empresas reduziram o quadro de funcionários, o que impactou no número de usuários de planos de saúde. O cenário, contudo, não afetou diretamente a Prontoclínica. A direção segue realizando investimentos pontuais, de acordo com as necessidades da instituição. “Estamos fazendo a lavanderia para atender o hospital e outros dois hotéis. A previsão de conclusão da obra é abril de 2018. Temos, atualmente, um andar inteiro que está em reforma e adquirimos equipamentos conforme a demanda. Verificamos que, hoje, não há necessidade de aumentar o número de leitos. Além disso, temos um projeto que aguarda a aprovação da Prefeitura para uma área de apoio, com 1,8 mil m²”, reforça o diretor-presidente, Dr. Julmar Biancini.

Prestes a completar o seu centenário, o Hospital São Vicente de Paulo (HSVP), fundado em 1918, é um dos três grandes centros médicos do Sul do País e o maior hospital do interior do Rio Grande do Sul: um cenário bem diferente do que o encontrado quando o diretor médico, Dr. Rudah Jorge, chegou a Passo Fundo. “Estou ligado ao HSVP desde que voltei à cidade como médico, na década de 60. Na época, o Hospital tinha 80 leitos e uma sala de cirurgia.

Era um hospital pequeno. Havia apenas 39 médicos em Passo Fundo”, conta. Naquele período, o HSVP não possuía laboratório para a realização de exames, nem raio-X: uma

situação inimaginável para o cenário atual.

Hoje, a instituição conta com cerca de 800 leitos e realiza mais de 100 cirurgias por dia. A estrutura de mais de 63.000 m² de área construída está distribuída entre o Hospital Geral, o Hospital Unidade II, o Centro de Apoio I e II, além de uma Escola de Educação Infantil, que acolhe aproximadamente 400 crianças, de 0 a 4 anos, filhos de funcionários. Realizando procedimentos de alta complexidade em cirurgia cardiovascular, cardiologia intervencionista, traumato-ortopedia, neurocirurgia, nefrologia, oncologia, terapia nutricional e transplantes, o HSVP internou, só em 2016, pacientes provenientes das 19 Coordenadorias Regionais de Saúde do Rio Grande do Sul, resultando em uma área de abrangência superior a dois milhões de pessoas.

O reconhecimento, entretanto, não caiu do céu. O caminho até a consolidação como excelência em prestação de serviços foi árduo e exigiu, além de investimentos e qualificação, um esforço constante da administração. “Trabalhamos com tecnologia de ponta nos equipamentos para oferecer à comunidade um trabalho de primeira linha.

Além da qualidade médica, há uma boa gestão”, lembra o diretor médico. O espírito empreendedor é também destacado pelo diretor administrativo e financeiro, Deonir de Marco. Para ele, as estratégias de desenvolvimento, de compromisso e de responsabilidade com a população de Passo Fundo e região são a vocação do HSVP. “A epidemiologia exige que o hospital acompanhe as doenças, as necessidades e esteja atento o que há de mais moderno no tratamento de doenças a nível internacional. Isso nos

Foto: Daniele Freitas/DM

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Maioria dos bebês internados na UTI Neonatal vem de municípios da região obriga a crescer. Isso está no DNA, da filosofia que impregna quem dirige a instituição. Sempre buscamos a aquisição de novos equipamentos, a ampliação dos leitos e acompanhar o que acontece no mercado da área da saúde, incorporando novas tecnologias”, garante.

Em 2017, o Instituto do Câncer Hospital São Vicente foi inaugurado com o propósito de ser modelo de gestão em saúde no tratamento onco-hematológico. O formato alia a experiência, o pioneirismo, a capacitação tecnológica e multiprofissional para ser referência oncológica no Sul do País. O HSVP investiu na reformulação estrutural do instituto, em espaços agradáveis para usuários do SUS, as-

sim como para os convênios e particular, nas unidades da matriz e filial. O Instituto do Câncer integra as áreas de oncologia clínica, cirúrgica, oncopediatria, hematologia, pesquisa clínica e radioterapia. O espaço é também lugar para promoção do cuidado humanizado, um dos pilares de atuação do Hospital. Entre as iniciativas, podemos destacar o Espaço Lúdico e de Atendimento Pedagógico às Crianças Hospitalizadas, Mães e Pais Arteiros, Método Canguru, Desenhando Sorrisos, Sorriso Voluntário e Cuidados Paliativos. Outro projeto que traz alegria para os pacientes é a Terapia Assistida por Animais, que proporciona lazer, humanização e minimiza o estresse de quem está internado.

O crescimento do Hospital São Vicente de Paulo está, também, estrelado ao surgimento da Faculdade Medicina da Universidade de Passo Fundo. “O HSVP aceitou a faculdade de medicina como hospital-escola. A faculdade cresceu e o HSVP cresceu junto”, lembra o Dr. Rudah Jorge.

A parceria em prol do desenvolvimento da cidade na área de saúde é também reconhecida pelo diretor da faculdade, Dr. Gilberto Bortolini. “O embrião da faculdade de medicina surgiu com a vinda de especialistas para Passo Fundo, tendo como sede o HSVP. Esse processo perdurou por anos, com professores que vinham de fora e traziam novidades. Todo o ensino leva para uma instituição o conhecimento científico. Passo Fundo, que era uma cidade eminentemente agrícola até então, se tornou um polo de prestação de serviços, juntamente com outras profissões.

Hoje, Passo Fundo é o maior polo de saúde do interior do Rio Grande do Sul, quiçá do País”, projeta.

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Foto: Divulgação HSVP

Foto: Divulgação

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O HSVP é um dos três grandes centros médicos do Sul do País e o maior hospital do interior do Rio Grande do Sul

Desempenho hospitalar Hospital São Vicente de Paulo (HSVP) Leitos (Unidade I): - 631 de internação - 123 de apoio - 45 consultórios ambulatoriais - 69 leitos de UTI - 18 salas de cirurgia - 02 salas de cirurgia Centro Obstétrico Leitos (Unidade II): - 44 de internação - 14 de apoio - 17 consultórios ambulatoriais

- 10 leitos de UTI - 04 salas de cirurgia - Número de funcionários: 400 Hospital da Cidade (2016) Internações: 17.859 Origem Passo Fundo: 8.240 Convênios SUS (%): 69,09% Municípios: 415 Urgências e emergências: 63.917 Cirurgias: 15.413 Consultas médicas: 127.644

Exames: 763.930 Nascimentos: 835 Taxa de ocupação (%): 88,57 Permanência (dias): 5,65 Infecção hospitalar (%): 2,6 Hospital Bezerra de Menezes - Fundado em 1973 - Incorporado ao HC em 1993 - Área: 2.040m² - Leitos: 82 (SUS 50) - Número de funcionários: 56

A Prontoclínica oferece plano de saúde para diversos municípios da região

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Investimento na qualificação profissional O desejo por uma formação acadêmica qualificada aliada à amplitude do campo de atuação profissional são alguns dos fatores que, todo semestre, atraem estudantes de outras cidades e até outros estados para o curso de Medicina em Passo Fundo. Aliás, o desenvolvimento da cidade na área da Saúde está diretamente relacionado com a consolidação da graduação e a formação de novos profissionais. Em 1970, a criação da Faculdade de Medicina da Universidade de Passo Fundo (UPF) permitiu que o município fosse alavancado como um polo de referência não apenas para a região norte do Rio Grande do Sul, mas para o Sul do País. De lá para cá, a medicina, impulsionada pelo avanço tecnológico, evoluiu bastante: as vagas foram ampliadas, assim como a

Foto: Divulgação

Desenvolvimento da cidade na área da Saúde está diretamente relacionado com a consolidação da graduação e a formação de novos profissionais

Diretor da Faculdade de Medicina UPF, Dr. Gilberto Bortolini

estrutura física das instituições, e o currículo reformado para atender as novas demandas de formação profissional.

Um requisito fundamental, no entanto, sobrevive à passagem das décadas: não se faz medicina de referência sem bons médicos.

Buscar constantemente a excelência é o que norteia o trabalho de formação de novos profissionais na Faculdade de Medicina da UPF. Conforme o diretor da unidade, Dr. Gilberto Bortolini, a espinha dorsal do curso é a semiologia, ou seja, a relação com o paciente. “O Projeto Pedagógico do Curso, hoje, é que o aluno saiba resolver os problemas mais prevalentes da população. Atualmente, com a remodelação, temos a inserção precoce do acadêmico na Saúde Coletiva. Isso significa que o aluno irá atender

em uma unidade básica de saúde desde o primeiro semestre”, pontua.

O cuidado dedicado em todas as etapas do atendimento assegura a necessidade de uma visão global do paciente, proposta bem diferente de quando o cardiologista e hemodinamicista, Dr. Gilberto Heineck, ingressou na faculdade, na década de 90. “Hoje, o currículo médico é mais interessante, porque o aluno já entra em contato com o paciente, com a realidade da medicina, desde o primeiro ano. Na minha época, só comecei a ter contato com o paciente lá pelo terceiro de faculdade”, conta. Em pesquisa divulgada pelo Datafolha em 2016, a Faculdade de Medicina da Universidade de Passo Fundo apareceu em 55ª no ranking das melhores faculdades do País. O curso ocupa a 6ª posição no Rio Grande do Sul, sendo o 2º melhor entre as instituições privadas do Estado.

Para investir ainda mais na formação dos acadêmicos, a instituição oferece convênios para estágios e para o internato em países como Itália e Portugal.

Nos próximos meses, pode ser firmada, também, a parceria com Miami, nos Estados Unidos. Segundo Bortolini, a inter-

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Coordenador do curso de Medicina da Imed, Dr.Luiz Artur Rosa Filho nacionalização da escola, por meio dos intercâmbios, além de fortalecer a formação profissional, se firma como um dos diferenciais do curso. “Nós só poderemos atender bem uma população quando nós temos academia, unidades básicas e hospitais. A escola é composta por graduação, pesquisa, extensão e tecnologia da inovação”, salienta.

A maioria dos alunos que estuda na

Faculdade de Medicina da UPF não é natural de Passo Fundo. No entanto, o conceito da instituição e a consolidação como polo de referência em Saúde no Estado são elementos que contribuem para que a cidade se torne o destino dos futuros médicos – o que contribui para alavancar a economia do município em outros segmentos além de saúde e educação, como comércio, construção civil e serviços. Natural de Paraí, a acadêmica de Medicina, Iara Trevizan, está no terceiro semestre do curso e garante que, no que depender dela, todo o conhecimento apreendido na faculdade será aplicado em prol da comunidade passo-fundense. “Meu maior desejo é passar na residência e depois poder trabalhar aqui também. Há uma excelente estrutura para atuação médica e formação profissional, além de ser um eterno centro de aprendizagem, já que os casos mais graves e raros da região acabam parando em Passo Fundo”, relata.

Desde setembro de 2013, Passo Fundo também conta com o curso de Medicina da Universidade Federal Fronteira Sul (UFFS). O crescimento da instituição se reflete, igualmente, na ampliação do

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Nós só poderemos atender bem uma população quando nós temos academia, unidades básicas e hospitais Luiz Artur Rosa Filho

número de vagas ofertadas para ingresso de novos acadêmicos. Das 40 vagas iniciais, a UFFS passou, logo no ano seguinte, a oferecer 62 vagas anuais, com uma turma por semestre. “Ainda em 2014, assumimos todos os programas de residência médica de Passo Fundo, isso significa que a UFFS é a única instituição que possui residência médica na cidade e região. Hoje, depois de quatro anos em Passo Fundo, temos 244 alunos de graduação e 250 médicos residentes”, revela o diretor da UFFS, Vanderlei de Oliveira Farias.

Com o intuito de fortalecer a formação acadêmica, a universidade federal firmou convênios com dois hospitais de

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ensino em Passo Fundo, o Hospital São Vicente de Paulo (HSVP) e o Hospital da Cidade (HC), além do Hospital da Caridade, em Carazinho. Outra preocupação no que concerne à capacitação dos médicos é a qualificação do serviço de saúde pública em Passo Fundo e nos municípios da região. “Percebemos, com a presença do curso da medicina da UFFS, um incremento na qualidade desse serviço, pois nossos alunos são formados nas Unidades Básicas de Saúde. Onde eles estão, a equipe médica como um todo se capacita, porque os estudantes sempre levam novidades e conhecimentos para o local onde estão atuando”, salienta o diretor.

A primeira turma de Medicina da UFFS conclui a graduação em julho de 2019.

Antes disso, porém, os estudantes já poderão usufruir de uma infraestrutura bem mais ampla na nova sede da instituição, localizada na área do antigo quartel do exército. O novo prédio deve ser entregue ainda no final deste ano, contando com sistema integrado de ensino e laboratórios na região central da cidade. Todo o investimento vem atender a uma demanda que é, também, de inclusão: 90% dos acadêmicos do curso são egressos de escola pública e/ou de baixa renda.

“Conseguimos colocar no mercado pessoas que estariam fora da Universidade e que tem a chance de, através do Enem, alcançarem o curso de Medicina.

Poucos alunos estariam na universidade federal se o critério fosse somente nota, mas como há a questão da renda e das cotas, esses alunos recebem a oportu-

nidade que eles não teriam em outro lugar”, reforça Farias. Em 2013, o número de alunos de fora do Rio Grande do Sul era superior ao de estudantes gaúchos.

Com o tempo e o reconhecimento da UFFS, os acadêmicos naturais do Estado e, principalmente, da região Norte do RS aumentou significativamente.

Bem mais recente, iniciado em 2015, o curso de Medicina da Faculdade Meridional Imed ampliou o leque para a formação de novos médicos. São oferecidas, anualmente, 42 vagas para ingresso na graduação. Conforme o coordenador, Dr. Luiz Artur Rosa Filho, os principais diferenciais são a formação de um médico empreendedor e inovador, o que caracteriza o DNA da instituição. “Nossos alunos, possivelmente, sejam os únicos do Brasil a terem aulas de aprendizagem organizacional, gestão da mudança e gestão de pessoas, se assim desejarem, por exemplo. A possibilidade de construírem planos de negócios da área de saúde também abre um leque de possibilidades e é encorajada aqui. Ainda teremos uma disciplina de Gestão de Carreira, em que todos esses conteúdos serão integrados, permitindo um interessante diferencial na carreira do egresso da Imed”, explica.

Assim como nas demais faculdades, a Imed recebe alunos de diferentes estados e registra um número significativo de estudantes da região de Passo Fundo, reflexo da tradição da cidade nos polos de saúde e educação. A estudante Bibiana Cavalheiro, por exemplo, veio de Santa Maria com o propósito de iniciar a carrei-

A chegada dos novos cursos também representou uma mudança no campo de trabalho.

Vanderlei de Oliveira Farias

ra médica no Planalto Médio. “A Medicina é um curso extremamente concorrido e as universidades do Rio Grande do Sul são referência em todo o País. Eu vim para cá porque me encantei com a cidade, logo quando a conheci, e com a infraestrutura da Faculdade. A Imed, mesmo sendo uma instituição nova, com apenas cinco turmas de medicina em curso, disponibiliza uma infraestrutura, professores e materiais de extrema qualidade”, ressalta.

Ao todo, a instituição conta, atualmente, com cerca de 170 graduandos em Medicina, que atuam em duas unidades de saúde e no Hospital da Cidade. A previsão para o próximo ano é que seja firmado o convênio com mais uma UBS, além de iniciar a preparação para o Internato, que são os dois últimos anos do curso.

Se analisarmos o cenário de formação médica, em breve, Passo Fundo injetará, em média, 200 novos profissionais por

ano no mercado de trabalho. Esses dados, considerando o porte de uma cidade com quase 200 mil habitantes, consolidam a Capital do Planalto Médio como um grande centro de formação de profissionais voltados para a área da saúde. Esse panorama é visto com bons olhos pelo diretor da Universidade Federal Fronteira Sul, Vanderlei de Oliveira Farias, que aposta na propulsão de novas áreas de atuação. “A chegada dos novos cursos também representou uma mudança no campo de trabalho, criando a necessidade de professores com mestrado e doutorado para ministrar as disciplinas dos cursos de Medicina”, indica.

A perspectiva otimista é compartilhada pelo coordenador do curso de Medicina da Imed, Dr. Luiz Artur Rosa Filho, que acredita que o aumento no número de médicos na cidade representa a ampliação na cobertura de atendimentos. “Há pelo menos dois anos não faltam clínicos gerais e a tendência é que se estenda para as especialidades, até porque também há expansão de Residências Médicas, inclusive em Passo Fundo”, afirma. Atenta à possibilidade de “saturação” do mercado, a Imed já promove a inclusão de disciplinas alternativas ao currículo, com o propósito de formar um médico com outras competências, tais como liderança e comunicação. “Temos expectativa de formar um médico inovador e humanista, capaz de interagir com essas novas realidades do campo da saúde como generalista ou especialista”, frisa.

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De Passo Fundo para Passo Fundo Até o término do ensino médio, cursar Medicina sequer estava nos planos do médico cardiologista e hemodinamicista, Dr. Gilberto Heineck. Natural de Passo Fundo, o especialista ingressou na faculdade no início da década de 90. Em 1996, ele já estava formado e, logo no ano seguinte, ingressou na residência médica. Para ele, a formação profissional adquirida na UPF forneceu os subsídios necessários para que ele atingisse seus objetivos. Com a possibilidade ofertada pelo convênio com instituições de Porto Alegre, o médico realizou o internato na Capital, onde completou o Mestrado no Instituto de Cardiologia. “A média de formação médica para alguém que quer ser especialista é de 12 anos. E hoje, só ser especialista já não basta, é preciso ter uma subespecialidade para entrar no mercado e se diferenciar.

Assim, retornei para Passo Fundo com condições de trabalhar em um mercado bem concorrido. Quando cheguei aqui, em 2003, já havia duas equipes de hemodinamicistas em atuação. Decidi não fazer parte de nenhuma delas e passei a realizar os cateterismos nos pacientes de outros cardiologistas que

também haviam retornado à. Encontrei um espaço para atuar na região também”, revela.

O profissional fez parte do grupo de médicos que ajudou a formar o serviço de hemodinâmica no Hospital da Cidade (HC), ainda em 2010. “O que fazemos hoje, aqui, é um serviço de ponta em qualquer lugar do mundo. Por toda essa estrutura e essa formação, conseguimos aplicar aqui o que há de mais avançado na medicina mundial. Passo Fundo não perde em nada para Porto Alegre, São Paulo, Rio de Janeiro... Aqui, não devemos em absolutamente nada em atendimento do paciente para nenhum desses grandes centros”, afirma Heineck. Um dos aspectos ressaltados pelo especialista é que, por Passo Fundo ser uma cidade menor, há vantagens, como o acesso facilitado do paciente ao hospital. No caso de um infarto, por exemplo, a agilidade no atendimento é primordial, o que pode não ocorrer em cidades maiores, como São Paulo, em que o deslocamento até a unidade hospitalar é mais demorado.

Na ânsia de diagnosticar rapidamente os sintomas de uma complicação cardiovascular, o Hospital da Cidade oferece uma Unida-

Foto: Divulgação

Formação profissional adquirida no município fornece subsídios necessários para o desempenho da profissão

Médico cardiologista e hemodinamicista, Dr. Gilberto Heineck de de dor torácica e AVC, que funciona junto à emergência do HC. “É um local preparado para receber o paciente com suspeita de infarto. Ele entra direto para essa unidade e será avaliado por um cardiologista ou por um residente em cardiologia. Se não for infarto, o paciente volta para a fila da emergência. Se

for, ele irá direto para a hemodinâmica. Conseguimos acelerar o tempo de tratamento e os resultados são excelentes. Até onde eu saiba, esse centro é o único do interior do Estado”, salienta o hemodinamicista.

O investimento em tecnologia é um alento para pacientes de municípios vizinhos, que encontram, em Passo Fundo, a oportunidade de começar uma vida nova. Pelo menos, é assim que o aposentado Olvide Bassani, de 66 anos, encara o período em que ficou internado no Hospital da Cidade. Morador de São Domingos do Sul, ele passou, recentemente, por uma angioplastia, procedimento cirúrgico pouco invasivo utilizado para combater a obstrução de artérias que conduzem o fluxo sanguíneo até o coração. “Os sintomas começaram a aparecer e busquei atendimento na minha cidade, relatando os mesmos sintomas de quando tive o primeiro infarto.

Fui encaminhado ao HC e realizei os exames que concluíram o diagnóstico. Aqui, em Passo Fundo, é o único lugar próximo em que o procedimento é oferecido. Fui muito bem atendido e indico o Dr. Gilberto para muitas pessoas. Foi ele que me salvou”, desabafa.

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Período de transição e de projeções para o futuro Foto divulgação

É evidente que Passo Fundo não passa imune ao cenário nacional de crise. No entanto, devido às estratégias de gestão e à infraestrutura encontrada no município, foi possível buscar alternativas para driblar os reflexos da instabilidade econômica, política e social. “Com a crise, muitas pessoas perderam seu emprego e, conjuntamente, seu plano de saúde. Com isso, aumentou o volume de pessoas que necessitam de atendimento pelo Sistema Único de Saúde. Isso faz com que tenhamos uma demora maior no atendimento de urgência e emergência, e na cirurgia eletiva, porque são mais pessoas e continuamos com os mesmos recursos e mesmo número de atendimentos”, esclarece o administrador do Hospital da Cidade, Luciney Bohrer.

A alternativa para suprir o déficit financeiro foi ampliar os atendimentos particulares e através de convênios. Segundo Bohrer, é necessário encontrar uma fonte de recursos que complemente os valores que a União e o Estado repassam ao Hospital para os atendimentos pelo SUS. “Estamos em um momento delicado, em que precisam ser vistas as mudanças que vão ocorrer nos próximos cinco ou dez anos. Tenho certeza que esse modelo em vigência hoje mudará, no sentido da relação com os convênios, com os consumidores diretos. A tentativa é de desenhar uma forma que consiga reduzir os custos e qualifique o atendimento para poder atender essa demanda de pacientes”, justifica.

Para o futuro, o HC planeja grandes obras para os próximos cinco anos, que ainda são mantidas em segredo pela administração.

Enquanto isso, a instituição segue investindo na educação continuada em várias especialidades, trazendo profissionais de fora para ministrar cursos no HC e promovendo

Associação Pró-Cluster da Saúde de Passo Fundo foi criada em 2016 eventos científicos com o intuito de qualificar os 305 médicos que compõem o corpo clínico do Hospital. A proposta de estar atualizado e atento às mudanças no cenário da Medicina é uma demanda destacada pelo coordenador do curso da Imed, Dr. Luiz Artur Rosa Filho, que atuou por quase cinco anos como secretário municipal de saúde.

“Em 2030, a Medicina promete ser muito diferente de hoje. Passo Fundo tem esta tradição de rapidamente analisar o cenário e construir novos rumos. Nós acreditamos uma Medicina cada vez mais individualizada. Nossas tecnologias móveis serão capazes de estratificar estes riscos baseado em variáveis coletadas instantaneamente, o que significa que o próprio paciente fará seu diagnóstico. Também, temos um cenário de envelhecimento, que, se não for de maneira saudável, gerará gastos em saúde crescentes, o que já vem acontecendo, por exemplo, para os planos de saúde”, alerta.

A perspectiva do Hospital São Vicente de Paulo (HSVP) para o futuro é desafiadora: realizar transplante de medula. Segundo o diretor médico, Dr. Rudah Jorge, o hospital já possui a equipe médica treinada e qua-

lificada para realizar o procedimento. “Já fizemos 735 transplantes de córnea, 221 de rim, 243 de fígado, um de coração e mais de 5 mil de ossos. Aliás, somos um dos três bancos de ossos do Brasil. O que nos falta é o transplante de medula, que necessita de um investimento maior. Isso tem que vir para Passo Fundo. Outra coisa que eu quero fazer aqui é transplante de pulmão, dificultado pela poluição do ar na região”, ressalta.

Ainda no sentido de fortalecer a área da saúde do município, por meio da inovação, da qualificação e da modernização das empresas e organizações do setor, foi criada, em 2016, a Associação Pró-Cluster da Saúde de Passo Fundo. O projeto, iniciado em maio do ano passado, consiste em o município receber investimentos de empresas alemãs com foco na área da saúde, setor em que a cidade se destaca. Passo Fundo está entre os municípios gaúchos que assinaram o protocolo de intenções para o desenvolvimento de um cluster de tecnologias para a saúde, ainda em agosto de 2015. Com a participação de empresas, instituições, universidades e indústrias, a meta é consolidar Passo Fundo como uma cidade protagonis-

ta em todos os segmentos da saúde, seja na pesquisa, na indústria ou nos serviços prestados.

A Universidade Federal Fronteira Sul (UFFS) é parceira no objetivo de fomentar as ações do Cluster de Tecnologias para a Saúde. De acordo com o diretor da UFFS, Vanderlei de Oliveira Farias, o projeto caminha de mãos dadas com o pleno crescimento do município no setor. “Percebemos que, de forma isolada, não somos tão fortes quanto negociando ou criando estratégias em grupo. Estamos tentando construir estratégias comuns para que Passo Fundo se venda ou se divulgue enquanto uma região polo da área de produção de tecnologia voltada para a saúde. Para isso, é imprescindível que todos esses setores ajam de forma coligada”, destaca. Além da UFFS, a Associação PróCluster da Saúde conta com a participação de instituições como o Hospital São Vicente de Paulo (HSVP), Hospital da Cidade de Passo Fundo, Hospital Prontoclínica, Instituto de Ortopedia e Traumatologia (IOT), Hospital Ortopédico (HO), Universidade de Passo Fundo (UPF), IMED, FASURGS e Associação Comercial, Industrial, de Serviços e Agronegócio (Acisa) de Passo Fundo.

O coordenador do curso de Medicina da Imed, Dr. Luiz Artur Rosa Filho, acredita que as ações recentes desenvolvidas na cidade, como remodelação de parques e o uso de bicicletas compartilhadas, são ações que promovem a prática de atividade física e, em longo prazo, trarão benefícios à saúde da população. Além, disso, a parceria entre instituições terá papel decisivo nesse cenário. “Iniciativas unificadoras como o Cluster da Saúde e o COAPES tendem a manter a saúde de Passo Fundo num patamar acima de cidades de mesmo porte ou até maiores”, defende.

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O desenvolvimento começa em sala de aula

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História de luta pelo ensino superior

Passo Fundo recebe alunos de diversas localidades todo ano. Especialistas afirmam que o ensino superior impulsiona no desenvolvimento da região Foto: arquivo /DM

Gabriel Tomazelli, de 23 anos, é um dos milhares de estudantes que escolhem Passo Fundo para ingressar no ensino superior. No caso do jovem, o objetivo foi o de estudar medicina. Ele diz que sempre gostou da área, tinha livros de anatomia, gostava de estudar sobre o corpo humano.

No ensino médio, ele decidiu que entraria para o curso mais disputados no ensino superior brasileiro. Após a escola, Gabriel fez três anos de cursinho e, depois, prestou 18 vestibulares. Aprovado em 2013, saiu de Bento Gonçalves, onde morava, para entrar na Universidade de Passo Fundo de Passo Fundo (UPF) no ano seguinte.

Ele diz gostar de Passo Fundo e do curso. “A estrutura da cidade Qualidade do ensino impulsionou o desenvolvimento do município e da universidade, com certeza, contribuem para formação”, diz ele, que fez estágios durante o pe- como pessoa também”, diz. ríodo de férias no Hospital São Vicente de Paulo (HSVP) e no HospiOs estágios tinham duração de entre 15 dias e 30 dias, de 20 horas tal da Cidade (HC). Ele avalia de forma positiva essa integração da semanais, com supervisão dos professores e médicos formados. “A academia e o mercado de trabalho. “Nos estágios, tu acaba lidando gente acompanhava os profissionais, seguia a rotina deles, atendia os direto com o paciente, sai um pouco só do teórico e vê a realidade pacientes. Em questão dos profissionais já formados, acho que muique é a medicina. Cada caso que a gente vê ou acompanha agrega tos servem de modelo seja para a formação ou até escolha das futupara o nosso conhecimento, não só como futuros médicos, mas ras áreas de atuação”, comenta o aluno que cursa o oitavo semestre.

DIÁRIO DA MANHÃ -

A trajetória do estudante Gabriel Tomazelli mostra algo que é rotina atualmente: estudantes de diversas regiões do estado e do Brasil buscam qualificação acadêmica em Passo Fundo, considerada como um polo educacional. Isso, no entanto, não foi sempre assim. A criação de cursos no município teve êxito na década de 1950, enquanto cidades como Porto Alegre, Pelotas e Santa Maria já organizaram suas primeiras faculdades na década de 1930. A criação da Sociedade Pró-Universidade de Passo Fundo (SPU), em 1950, e do Consórcio Universitário Católico (CUC), em 1956, permitiram à região iniciar a caminhada rumo ao ensino superior. Neste ano foi criado o curso de direito. A integração entre o SPU e o CUC deram origem à Fundação Universidade de Passo Fundo (FUPF) no ano de 1967. A criação da FUPF foi um passo determinante para o surgimento da UPF, o que efetivamente ocorreu no ano de 1968. “Está criada a Universidade do Planalto. O ato, por certo, marca o término de lutas há muito travadas em prol da implantação do ensino superior em Passo Fundo”, noticiou o Diário da Manhã em abril de 1968. O decreto de reconhecimento da UPF foi assinado pelo presidente Arthur Costa e Silva e pelo ministro da Educação Tarso Dutra no dia 02 de abril de 1968. O ato aconteceu no Palácio Piratini em Porto Alegre, onde Dom Cláudio Colling falou em nome da comunidade regional. O segundo momento que marca a expansão das instituições de ensino superior ocorreu a partir da década de 1990 e 2000, quando instituições privadas chegaram ao município. Atualmente, cerca de 20 mil alunos estão cursos das mais de uma dezena de instituições de ensino superior em Passo Fundo.

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Uma das instituições “concorrentes” da UPF, a Imed, foi fundada em 2004, com o objetivo de “fomentar o desenvolvimento humano, econômico e social através da educação superior de excelência e do empreendedorismo sustentável.” Ela conta atualmente com cerca de 5 mil alunos, em cursos de graduação, especialização, MBA e mestrado em dois campi, Passo Fundo e Porto Alegre.Segundo o diretor geral da instituição, Eduardo Capellari, a partir de 1996, foi permitida a criação de instituições de ensino com fins lucrativos no Brasil. Houve, por isso, a expansão de oferta de ensino superior, que mais que sobrou nas últimas décadas. A Imed foi criada nesse contexto.

“Fizemos uma opção por qualidade e não por quantidade, criando cursos com conceitos altos, mestrados para ter uma universidade com qualidade”, explica. “A creditamos que as pessoas querem frequentar o que podem pagar, mas como qualidade. Estamos nos integrando cada vez mais à comunidade da região norte, ao projeto de desenvolvimento regional com maior participação comunitária com os professores.”

Foto divulgação

Imed: crescimento nos últimos anos

Curso demedicina A Imed recebeu a autorização para funcionamento do curso de medicina em 2015.

Com isso, Passo Fundo ganhou o terceiro espaço para a formação de médicos. O diretor destaca que o município é o único do país com menos de 200 mil habitantes a ter três graduações de medicina. A autorização do funcionamento é definida por Capellari como um momento emblemático na trajetória da Imed. “O curso torna a instituição ainda mais forte e, ao mesmo tempo, integra a Imed aos principais segmentos econômicos de Passo Fundo, que são a saúde e a educação”, explica.

Instuição completou uma década de fundação

Empreendedorismo O empreendedorismo é um dos valores defendidos pela Imed. A ideia é formar alunos que tenham capacidade de iniciativa, de solução de problemas e condições para criar empresas.

Esse pensamento, segundo Eduardo Capellari, tem o objetivo de preparar o profissional não apenas para as vagas tradicionais hoje oferecidas no mercado de trabalho – e que poderão não existir no futuro. “A economia está mudando rapidamente. A nossa missão é formar alunos que tenham capacidade de empreendedorismo, capacidade de solucionar problemas, tenham capacidade de enxergar oportunidades dentro

de tudo que está acontecendo”, explica.

Há cinco anos, a instituição fez um planejamento que tinha como objetivo tornar-se um centro de excelência acadêmica nas áreas em que atua até 2018.

Parte da meta foi alcançada, segundo Capellari. Como exemplo, ele cita a expansão na oferta de cursos e a implementação de mestrados, que fizeram a Imed ter reconhecimento no meio acadêmico. Além disso, a questão do faturamento aponta também para uma expansão. Há cinco anos, a Imed faturava cerca de R$ 20 milhões ao ano. Em 2017, esse indicador deve chegar a R$ 87 milhões.

A perspectiva é que o crescimento conti-

Futuro O futuro do ensino superior no Brasil passa por maiores investimentos na educação, aponta Capellari.

Nos próximos anos, ele acredita que devem ocorrer diversas mudanças, porque ocorrerá uma crise grande e um processo de consolidação no setor. “Muitas das instituições que existem hoje não existirão nos próximos cinco anos. Se o governo não financiar o setor, isso será mais rápido”, prevê.

nue nos próximos anos.

A expansão da instituição não significa que ela não tenha enfrentado problemas na crise.

Pelo contrário: ainda sofre com o atraso de repasse de verbas federais, assim como sofreu a partir de 2015. Apesar disso, Capellari aponta que a região tem uma característica que ameniza o problema: o fato de ser uma região mais volta para serviços, com menos indústrias, que foram as que mais sofreram com a crise. Aliado a esse fato, ele destaca a importância da condução da Imed durante o período de recessão. “Nosso modelo de gestão trabalha para ter uma instituição pé no chão, com responsabilidade, para não correr o risco de deixar o projeto insustentável.”

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DIÁRIO DA MANHÃ -

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UPF: mais de 70 mil formados Foto divulgação

Os resultados dessas décadas de investimento no ensino trouxeram o desenvolvimento para região, afirmam os especialistas. Um deles é o vice-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação da UPF, Leonardo José Gil Barcellos, que destaca um número para corroborar a afirmação: desde a a sua criação, a UPF já formou cerca de 73 mil profissionais.

Esse dado mostra não apenas a importância na formação de mão de obra qualificada para o mercado de trabalho, mas também em termos de desenvolvimento para a região. “A presença de uma universidade é transformadora. Nós viveríamos um atraso enorme se a UPF não estivesse aqui”, aponta o professor.

Outro aspecto apontado pelo vice-reitor é quando à formação pela UPF dos cerca de 30 mil professores. “Quando alguém reclama do aluno na universidade, sempre digo para não esquecer que foi a gente que formou o professor dele. Então, a população da região que não se formou na UPF foi provavelmente educada e ensinada por professores formados nela.” Além da educação, ele aponta a saúde e a área de alimentos [que compreende cursos como agronomia e medicina vete rinária] como destaques da

Em 2018 UPF completa 50 anos universidade.

A recessão enfrentada pelo país causou uma queda nos investimentos do governo federal na educação, nos últimos anos. Antes, a verba federal para o Fies chegou a representar a maior parte do dinheiro recebido pelas instituições de ensino do Brasil. Com a crise, o repasse começou a minguar e as vagas pelo programa ficaram cada vez mais escassas. Em Passo Fundo, o cenário não foi

diferente. As instituições sofrem com cortes que já geraram reflexos e imediatos e outros que devem ser observados no futuro. “Foram cortes absurdos em cima de um orçamento pífio. Vamos ter respingos bem graves na pesquisa. A falta de recursos vai ter resultados negativos por um longo tempo”, aponta o professor Leonardo.

A UPF teve cortes após anos de prosperidade, com investimentos na construção de

UFFS: há quatro anos em Passo Fundo

Nova sede

Foto : Daniel Rohrig/DM

Passo Fundo ganhou o seu segundo curso de medicina em 2013. No dia 23 de julho daquele ano foi autorizado o funcionamento do curso da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), como parte da Política Nacional de Expansão das Escolas Médicas das Instituições Federais de Educação Superior. Desde então, o campus funciona no Seminário Nossa Senhora Aparecida, na ERS 153, no bairro Jardim América. A escolha do município não foi por acaso. “Imaginei que deveríamos começar por Passo Fundo jusNovo campus da UFFS está em fase final de construção tamente pela estrutura que a cidade tem na área da saúde”, lembra o reitor da UFFS, Jaime por semestre depois que a Universidade inaugure o novo Giolo, que participou de todo o processo. O cur- campus, no centro da cidade. Isso deve ocorrer em 2018. so teve início com 40 vagas anuais. Hoje são 31 Atualmente, a instituição tem cerca de 500 alunos entre a por semestre. A expectativa é aumentar para 40 graduação e residência.

prédios, em estrutura e na pesquisa. Isso é um legado que, segundo o professor, fará com que a universidade tenha meios para continuar o trabalho sem custos maiores nos próximos anos. Esse aspecto, no entanto, não significa que a crise não trará prejuízos no meio acadêmico. “O que mais me preocupa são os novos talentos que não têm financiamento e não têm condições de se manter. Eles vão embora. É um problema também a redução do ritmo de formação.

Então, a longo prazo, pode ser que algumas áreas sintam dificuldade para reposição dos quadros por causa desse período que estamos passando”, afirma.

Atualmente, Passo Fundo tem mais de uma dezena de instituições de ensino superior, quase totalidade delas criadas nas últimas duas décadas. Existe, por isso, uma concorrência natural por alunos. Isso pode ser visto de várias maneiras. “À medida que uma instituição se movimenta, a outra se movimenta também. Acho um ambiente saudável porque elas começam a trabalhar em parceria, a desenvolver coisas. Mesmo que em algum momento seja prejudicial, a concorrência é uma coisa muito positiva para a região”, comenta o professor Leonardo.

A nova sede da UFFS, que está em obras, está localizada na Rua Teixeira Soares, no centro da cidade, no antigo quartel do exército. O espaço foi uma doação da União e tem um prédio de quatro andares, com 5.344 metros quadrados. Além das salas de aula, ele contará com laboratórios, elevador panorâmico, biblioteca e auditório. A obra teve início no ano passado e foi orçada em R$ 10 milhões. A nova sede deve estar em funcionamento em 2018.

No local já foi inaugurado, em março deste ano, o Ambulatório de Ensino do Campus, uma parceria entre a UFFS e o Hospital São Vicente de Paulo (HSVP).

O ambulatório tem 10 vagas e conta com profissionais nas áreas de Ortopedia, Dermatologia, Ginecologia, Clínica Médica e Pediatria. O atendimento é 100% pelo Sistema Único de Saúde (SUS). O Hospital da Cidade também deve inaugurar um espaço semelhante no local, também em parceria com a Universidade, em 2018. Os alunos da graduação e das residências médicas utilizarão o ambulatório como campo de estágios. Esse atendimento, segundo Jaime Giolo, é fundamental para os futuros médicos. “Sob o ponto de vista da formação, temos o acesso direto: o aluno sai da sala de aula e pode acompanhar os procedimentos no ambulatório”, diz.

Para Giolo, a presença de cursos de medicina na região qualifica a discussão da área saúde, que, por sua vez, melhora a qualidade do setor a partir da academia. “Uma coisa puxa a outra. As universidades atraem especialistas, debates e qualificam o ensino e atraem os olhares sobre a saúde da região. A presença dos nossos alunos, professores nos municípios em torno e nas unidades nos hospitais é muito importante”, aponta Giolo.

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O CRESCIMENTO DA JOÃO PAULO II Foto divulgação

“Estamos em expansão”, assim definiu o diretor geral da Faculdade João Paulo II, Ralfe Oliveira Romero, quando perguntado sobre o momento da instituição fundada em Passo Fundo há seis anos. Atualmente, a JP tem sete cursos: direito, administração, comércio exterior, engenharia de petróleo, engenharia de produção, arquitetura e urbanismo e engenheira civil.

A João Paulo tem cerca de mil alunos em três campi, Passo Fundo, Porto Alegre e Pelotas. Estes dois últimos foram inaugurados recentemente. A instituição deve ganhar outro campus, na cidade de Rio Grande, em 2018.

Além disso, polos poderão ser abertos em Santa Catarina e no Paraná. O diretor da instituição aponta ainda dois resultados como importantes na trajetória da instituição. O primeiro é um ranking que coloca a JP como a 2ª melhor faculdade do Estado, o que a deixa entre as 30 melhores do Brasil, segundo o Ministério da Educação (MEC). Outro ponto destacado por ele é o curso de direito, único que recebeu conceito 5 do MEC na região.

Segundo Ralfe Romero, a localização da faculdade, na Rua Fagundes dos Reis, no centro, facilita a chegada dos alunos que vêm de 72 municípios da região. Além disso, ele destaca que a João Paulo II pratica mensalidade acessíveis e tem programas de financiamento como o Fies e outro que é próprio da instituição, além de bol-

João Paulo tem cerca de mil alunos em três campi sas do Programa Universidade para Todos (Prouni). E o ponto mais destacado pelo diretor é sobre a questão do corpo docente: na João Paulo 100% dos professores são mestres, doutores, pós-doutores. “Temos uma preocupação muito grande não só com a questão acadêmica, mas com o mercado. O professor, para vir para a sala de aula, além de conhecimento acadêmico, tem que ter experiência de mercado.” No total, a faculdade tem 90 profissionais, entre professores e funcionários.

Crise A crise na economia brasileira afetou também a João Paulo II. Antes do início dos cortes dos repasses federais, a faculdade tinha mais de 50% os alunos com bolsas do Fies. O percentual está hoje em cerca de 30%. Segundo o diretor geral, até 2014, não havia problemas com os repasses, o que começou a ocorrer em 2015. “Neste segundo semestre [de 2017], o repasse demorou cinco meses.

Isso prejudica, mas a faculdade criou estratégias para não depender tanto do Fies. Nossa proposta é reduzir o percentual”, explica. Segundo ele, o pior da recessão já passou e a instituição não se endividou, como ocorreu com diversas em todo o país. “Saímos fortalecidos da crise, com dois novos campi e passamos de três cursos autorizados para 11.” Em 2018, a instituição terá os primeiros cursos de pós-graduação.

Panorama Ao olhar para a situação do ensino superior no Brasil, Ralfe Romero acredita que o país tem “muito a crescer”. Isso porque, cita ele, o percentual de jovens na faculdade é muito baixo, com cerca de 17%. Além disso, o país tem sete milhões de formados, o que dá 3,5% em um universo de 200 milhões de habitantes. Isso é um número baixo quando comparado a países desenvolvidos, como Coreia do Sul, Rússia, Chile, aponta o diretor da faculdade. “A educação é a base para o desenvolvimento da cidade, do estado e do país. Os países mais ricos são os que tem uma melhor educação. Hoje, um diploma tem infinitas possibilidades para o mercado de trabalho, vida acadêmica.

Ele melhora sua vida pessoal, profissional e financeira e a vida acadêmica.”

A Faculdade Especializada na Área da Saúde do Rio grande do Sul (Fasurgs) começou a funcionar em Passo Fundo em 2010, com o início das aulas da primeira turma, a de odontologia. Atualmente, a instituição tem outros três cursos: educação física, biomedicina e estética e cosmética. Este último terá sua primeira turma em 2018.

A escolha dos quatro cursos mostra que a instituição mantém o mesmo objetivo desde sua criação, afirma o diretor geral da faculdade, Celso Luiz Rigo. “A Fasurgs tem um papel muito importante para Passo Fundo porque nossa proposta é formar na área da saúde. Foi o nosso foco e continuamos mantendo ele”, afirma. Segundo ele, a formação de profissionais ajuda e atender a demanda por profissionais capacitados para trabalhar na área da saúde, conhecida como vocação de Passo Fundo.

Por isso, a ideia da Fasurgs é ofertar outros cursos nos próximos anos. Além disso, a faculdade vai entrar no mercado de cursos de educação a distância. “Já en-

tramos com a solicitação junto ao MEC porque estamos sentido que há uma demanda grande em EaD e não podemos ficar de fora”, diz Rigo. Atualmente, a faculdade tem cerca de 850 alunos entre a graduação e pós-graduação. Outro ponto destacado pelo diretor geral é o campus. “Temos quatro prédios onde funcionam os quatro cursos. É uma estrutura excelente, com todos os equipamentos mais modernos. Damos condição pra uma prática clínica boa na parte laboratorial para formação do nosso aluno” diz.

A partir de 2018, a instituição vai oferecer à comunidade alguns atendimentos do curso de biomedicina, o que já é feito pela instituição através da odontologia.

Por fim, Rigo ressalta que a Fasurgs tem um programa de financiamento próprio aos estudantes. Nele, o aluno consegue financiar até 70% da mensalidade, e paga o restante após formado. Além disso, não há a cobrança de juros ou acréscimos; o aluno só pagará a atualização no valor do crédito.

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Fasurgs: foco na saúde

Instituição forma profissionais capacitados para trabalhar na área da saúde

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A educação superior a distância cresce no país em ritmo mais acelerado que a educação presencial. Os dados do último Censo da Educação Superior de 2015 mostram que enquanto o ensino presencial teve um crescimento de 2,3% nas matrículas em 2015 em relação a 2014, o ensino a distância (EaD) teve expansão de 3,9%.

A rede privada concentra a maior parte das matrículas na modalidade – 1.265.359 – o representa 90,8% do total de 1.393.752 registradas em 2015. Apesar do aumento do número de concluintes, que cresceu 23,1%, índice maior que nos presenciais, que foi de 9,4%, muitos estudantes ainda deixam o curso sem concluí-lo.

Nas instituições privadas, a taxa de evasão nos cursos a distância é 35,2%, superior à evasão nos cursos presenciais, que é 27,9%.

A Faculdade Anhanguera é uma das instituições que oferece essa opção em Passo Fundo. Desde 2008 na cidade, são ofertados cursos de graduação na modalidade presencial, de pós-graduação lato sensu (especialização) e de extensão, além de ensino a distância (EAD). Segundo o diretor da unidade de Passo Fundo, Robson Formigheri, a modalidade EAD passou nos últimos a representar quase metade dos alunos da instituição.

Há cinco anos, o EaD representava 30% dos alunos.

Hoje chega a 45%. “Está crescendo pela flexibilidade de horários, mobilidade que o aluno tem, pela autonomia de tempo, pela otimização da agenda então”, comenta.

Segundo ele, esse tipo de estudo é consagrado em todo

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Em expansão, ensino a distância é alternativa o mundo e abre diversas oportunidades para quem quer melhorar a formação. “Você pode fazer um curso a distância em Harvard aqui de Passo Fundo.”

Ele acredita que o EaD tem uma tendência de crescimento a médio e longo prazo.

Além disso, Formigheri vê a Anhanguera é uma alternativa inovadora ao modelo mais conservador das universidades comunitárias, privadas e federais. “Temos um modelo acadêmico meio que vanguardista, com sala de aula invertida, utilizamos muitos processos de tecnologia da informação no processo de ensino e aprendizagem”. Além disso, o diretor aponta que a instituição trabalha para que o preço e qualidade de ensino atendam a expectativa do aluno. “Temos uma grande perspectiva de crescimento em Passo Fundo. Isso depende, claro, de uma expansão de infraestrutura, do portfólio de novos cursos. Isso é um sinal que estamos acreditando no potencial da cidade, que é um polo educacional da região.

O diretor da Anhanguera não revela o número atual de alunos, mas afirma que a faculdade não teve um acréscimo de discentes nos últimos anos porque não foram criados novos cursos presenciais entre 2012 e 2014. A retomada da oferta teve início em 2015 e deve continuar nos próximos anos. A Anhanguera é atualmente controlada pela Kroton e tem cerca de 1,5 milhão de alunos em todo o mundo.

Anhanguera oferta cursos de graduação na modalidade presencial, de pós-graduação lato sensu

Ensino ajuda a diversificar matriz econômica Foto divulgação

Para o secretário de educação de Passo Fundo, Edemilson Brandão, o ensino superior transformou região e fez com que ela se desenvolvesse. Ele explica que a formação é que fez com que o município se tornasse hoje uma referência em diversas áreas. “O ensino foi o desencadeador de uma matriz produtiva da cidade diversificada e inovar adora, com alto potencial. Foi o ensino superior que determinou essas características de Passo Fundo como uma cidade com forte potencial nas áreas da educação e saúde”, afirma.

Conforme o secretário, o que desencadeia o desenvolvimento regional é a formação de recursos humanos em alto nível, porque elas vão formar outras pessoas e outras instituições. “Não seríamos a capital da literatura se não tivéssemos um curso de letras, com programa de pós-graduação, desenvolvimento de professores, não teríamos uma imprensa tão forte.”

Outro ponto destacado é a oferta de cursos em diversas áreas do

Secretário de educação de Passo Fundo, Edemilson Brandão

conhecimento. Isso fez com que instituições como a UPF, em um primeiro momento, e outras que foram criadas depois, contribuíssem para que a região não ficasse dependente de uma ou outra área. “A universidade faz com que não se dependa de um modelo produtivo ou de um setor para viver porque ela tem recursos para de soluções criativas”, avalia.

Essa integração entre academia e os hospitais é algo que ajuda na área de medicina na região, aponta o vice-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação da UPF, Leonardo José Gil Barcellos. Segundo ele, a instituição faz uma gestão compartilhada de todos os cursos da saúde, que trabalham junto enquanto área e com os hospitais. “É uma relação de interdependência. Nós dependemos da rede pública, do hospital; o hospital depende da gente. Também porque tem uma série de vantagem e incentivos para os hospitais. É vital a presença dos alunos e para os alunos é vital esse espaço de prática”, explica.

30 - DIÁRIO DA MANHÃ Terça-feira, 19.12.2017, Passo Fundo

Agronegócio: o alicerce da região Campo colabora para o desenvolvimento regional. Produção de soja e leite são destaques em grandes e pequenas propriedades Foto divulgação

Contar a história de família de Alvaro Formighieri, 24 anos, é como narrar parte da trajetória do agronegócio que faz da região de Passo Fundo referência no país. O avô dele foi quem deu início ao negócio há cerca de 50 anos, com o cultivo de trigo e com a pecuária de corte. As propriedades estão localizadas em diversos pontos do Estado, e, na região, em Passo Fundo, Coxilha e Pontão. O negócio gira em torno da integração lavoura e pecuária, com produção de soja e gado de corte.

Em 2011, Alvaro decidiu entrar no curso de agronomia da UPF. “Praticamente todos meus familiares estão ligados à agricultura. Então, desde quando era menor sempre foi a área com que tive mais contato. Houve a influência familiar, mas optei pela agronomia por acreditar que seria o curso onde me sentiria em casa”, lembra. Ele chegou a pensar em cursar medicina veterinária, principalmente porque a pecuária representa uma fatia considerável do negócio, mas acabou na agronomia por acreditar que ela abrange mais conceitos envolvidos no dia a dia de trabalho.

“A maior parte da pecuária que praticamos envolve pastagens cultivadas, fugindo um pouco do padrão do Estado, que é a produção predominantemente extrativista através de campos nativos.

Então, a agronomia se encaixa bem também na questão de pastagens cultivadas”, explica.

Formado neste ano, Alvaro mora em Passo Fundo, mas trabalha em uma das propriedades durante a semana na região de Alegrete. O jovem afirma que hoje a agricultura é extremamente técnica e que ter um negócio que envolve a produção de grãos se tornou algo complexo. “Hoje, o produtor que decide produzir soja, por exemplo, precisa ter noções extremamente claras de maquinário agrícola, fitotecnia, fitopatologia, solos. O produtor que não busca constantemente informação, principalmente no setor da produção de grãos, vai naturalmente acabar saindo do ramo”, afirma.

Jovem afirma que hoje a agricultura é extremamente técnica

A história do desenvolvimento

O professor e engenheiro agrônomo Elmar Luiz Floss faz um histórico e mostra que a história da família de Alvaro Formighieri não é única. Segundo Floss, o desenvolvimento no campo começou a partir da década de 1950, quando do segundo governo do presidente Getúlio Vargas. Ele criou programas de incentivo à produção nacional de alimentos, já que o Brasil era, naquele momento, um importador. O presidente queria, por isso, inverter essa lógica.

Na época, os colonos alemães e italianos já faziam agricultura em pequenas propriedades e as grandes áreas eram ocupadas pela criação de bovinos. Nesse período, a região começou a produzir grãos: máquinas agrícolas, tratores, arado, eram utilizados principalmente na produção de trigo.

Na década seguinte começa a ser cultivado um grão que mudaria a região. “A soja entrou e se aproveitou de toda a infraestrutura que estavam instaladas nas propriedades. A maquinaria agrícola era praticamente a mesma, então acabou sendo utilizada pela soja”, explica Floss. Desde então, ela passou a ser a mais importante cultura para região, o que impulsionou a economia dos municípios. “Se formos olhar a origem dos recursos que financiam todo o desenvolvimento da região norte do RS, eles têm basicamente como origem a cultura da soja. São bilhões de dólares que anualmente irrigam a economia dos municípios graça à exportação de grãos e derivados da soja.”

Terça-feira, 19.12.2017, Passo Fundo

Cláudio Dóro, agrônomo da Emater/RS-Ascar, também destaca o papel da soja como a cultura mais importante e a trata como um alicerce para a economia nos últimos anos. “A grande revolução que tivemos aqui foi a cultura da soja. Hoje é a mais rentável e que tem proporcionado maior liquidez e consequentemente serve como base para o progresso para a indústria, comércio e ser-

viços”, diz. O setor teve um papel destacado para amenizar os efeitos da crise, explica o agrônomo.

“O agronegócio tem uma cotação internacional em dólar. Então, sentimos pouco o reflexo da crise interna que atingiu o comércio e indústria.

Não tivemos problemas como em outros setores porque temos um mercado receptivo enorme na China e Europa.”

Números atualizados Com um crescimento de 69%, a soja impulsionou as exportações do agronegócio gaúcho em outubro de 2017 na comparação com o mesmo período de 2016. O setor respondeu por 65% do total comercializado pelo estado, atingindo a soma de US$ 1,047 bilhão, um aumento de 25,9%, equivalente a US$ 215 milhões. O volume foi de 1,596 milhão de toneladas. Os dados estão no Relatório do Comércio Exterior do Agronegócio do RS, divulgado pela Assessoria Econômica do

Sistema Farsul, no último dia 9. No acumulado do ano o agronegócio exportou US$ 9,614 bilhões, aumento de 0,42% na comparação com o mesmo período de 2016, o equivalente a US$ 40 milhões. Entre os principais parceiros comerciais do Rio Grande do Sul, a China se mantém como principal destino, respondendo por 44% do total comercializado. Na sequência aparece os Estados Unidos, com 4%, e em terceiro a Rússia, com 3,4%.

Acontecimentos importantes Floss separa a trajetória do agronegócio em diversos acontecimentos: a chamada Operação Tatu, desenvolvida na década de 1950 e que incentivava o agricultor aplicar calcário nos solos da região, que eram ácidos e tinham teores elevados de alumínio e teores baixos de fósforo e cálcio. Isso transformou os antes solos ácidos e pobres em solos altamente férteis; desenvolvimento de

cultivares diferenciados, especialmente com soja e milho; implantação de Sistema de Plantio Direito na Palha, na década de 1970; aumento da eficiência no combate a pragas, plantas daninhas e doenças das culturas.

O último, que ocorre atualmente, é o da agricultura de precisão, que diz respeito ao uso de um aparato de alta tecnologia como parte do processo de produção no campo. Esses

equipamentos, aliados ao conhecimento disponível no espaço acadêmico, mudaram e melhoraram a vida no campo.

“O filho do produtor vai estudar e volta para a propriedade com a facilidade do manejo desses equipamentos modernos, como computadores. Esse jovem que está voltando para o campo faz diferença porque conhece as novas tecnologias geradas todo ano”, aponta o professor Floss.

BSBios Foto divulgação

Elmar Floss cita que diversas instituições ajudaram alavancar o desenvolvimento do campo na região, entre elas a BSBios. A empresa foi fundada em 15 de abril de 2005 com finalidade de produzir biodiesel. Para isso, foi instalada uma moderna planta localizada estrategicamente em Passo Fundo, perto da produção de soja e canola, suas principais fontes de matéria-prima. Inicialmente, a capacidade instalada era de 160 milhões de litros de biodiesel por ano. Atualmente alcança a 216 milhões de litros de biodiesel por Produção alcança 216 milhões de litros de biodiesel por ano ano. Esses resultados mostram a importância para o setor, aponta o diretor presidente 2014 foram gerados 14,9 mil empregos diretos e indida empresa, Erasmo Carlos Battistella. “A companhia retos pela BSBios em Passo Fundo. Desde que foi fungera empregos diretos e indiretos, além de muitos tridada, a empresa nunca parou de fazer investimentos butos. Outro ponto a se destacar é que produzimos e de aumentar a sua capacidade produtiva. Em 2017, energia renovável processando matéria-prima produforam ampliadas as capacidades de produção de biozida na nossa região, agregando valor ao que o agridiesel das unidades de Passo Fundo, em 33%, e de cultor produz, e com tudo isso contribuímos para o Marialva, em 38%. “Nós findamos o ano de 2016 como desenvolvimento da região”, afirma. o maior produtor de biodiesel do Brasil e a nossa meta A BSBios gera 350 empregos diretos e milhares ine visão de futuro é de sempre se manter entre as três diretos. Segundo pesquisa realizada pela FIPE/USP e maiores empresas produtoras de biodiesel do país”, divulgada no nosso Relatório de Sustentabilidade, em projeta Battistella.

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32 - DIÁRIO DA MANHÃ Terça-feira, 19.12.2017, Passo Fundo

O Brasil do agronegócio “O Brasil que está dando certo.” Assim define o economista e professor da UPF Marco Antonio Montoya sobre o agronegócio no país. “Você pode dividir o país em dois grandes Brasis: o Brasil do agronegócio e o Brasil do resto da economia.” Ele afirma que o país tem os níveis de produtividade mais elevados, que representa em torno de 22% do Produto Interno Bruto (PIB), e gera 30 milhões de empregos diretos e indiretos.

Em 2016, o agronegócio foi responsável por 66% das receitas de exportação e 13% dos empregos com carteira assinada no Estado. No último ano, as exportações totalizaram aproximadamente US$ 11,0 bilhões, com destaque para os setores de soja, carnes, fumo, produtos florestais e couro. Em se tratando do mercado de trabalho, após registrar uma perda substancial de empregos em 2015 (-4.082 postos), o agronegócio gaúcho voltou a criar vagas em 2016 (mais 1.689 postos).

Os setores com maior número de trabalhadores formalmente empregados no agronegócio gaúcho foram os de abate e fabricação de produtos da carne, de comércio atacadista, de produção de lavouras temporárias e de fabricação de máquinas e equipamentos agropecuários.

Mão de obra

O futuro da produção Se atualmente o Brasil é um importante produtor de alimentos, no futuro isso deve ser ainda mais representativo. Prova disso é que, até 2030, o país será o grande fornecedor de alimento no mundo, afirma Montoya. “O Brasil é considerado hoje um celeiro de alimentação. Há uma preocupação porque a renda per capta vai duplicar no mundo e isso vai aumentar o consumo de alimentos. O Brasil, nesse sentido, é um alicerce para o desenvolvimento humano como um todo.”

A criação da Universidade de Passo Fundo é um marco na história da região, de acordo o professor. Ele trata a instituição como o alicerce do desenvolvimento

econômico, que é impulsionado pela oferta de cursos de graduação, mestrados e doutorados.

Segundo ele, a academia ajudou a desenvolver o capital humano da região. “Me atrevo a afirmar que o desenvolvimento econômico na região pode ser divido em antes da UPF e depois da UPF. O capital humano foi muito importante para a região. Você vê que os grandes empresários do agronegócio, da indústria, passaram pela UPF.” O professor aponta outros aspectos que ajudam a impulsionar a produção do setor, como a presença de feiras, instituições de pesquisa, cooperativas e revendas de insumos e maquinários agrícolas.

Produção de leite: região é modelo O agrônomo da Emater/ RS-Ascar Cláudio Dóro destaca o papel da agricultura familiar, que representa hoje 80% da produção de alimentos, principalmente ligadas ao leite. Segundo Dóro, diversas indústrias se instalaram na região, o que fomentou o desenvolvimento da produção. Um exemplo disso é a

Italac, que está desde 2009 em Passo Fundo. Com mais de 17,5 mil produtores rurais, a empresa possui uma das maiores bacias brasileiras de captação de leite e capacidade de produção superior a 7 milhões de litros/dia.

Neste ano, a empresa Goiasminas, detentora da marca, anunciou um investimento de R$ 117 milhões nas duas fábricas e

nos dois postos de captação que operam no Rio Grande do Sul. Desse total, R$ 75 milhões serão destinados à ampliação da unidade de Passo Fundo, para a produção de leite condensado. O anúncio foi feito em maio deste ano. A unidade do município está localizada na Avenida Antonio Marinho Albuquerque, no bairro Valinhos.

Renda mensal Segundo Dóro, outro ponto que contribui para o investimento na produção é que o leite significa uma renda mensal aos produtores, diferentes dos grãos, que geram renda uma ou duas vezes ao ano.

“A produção do leite se tornou atrativa porque ocupa melhor a mão de obra familiar. Ela acaba sendo ocupada pela esposa, pelos filhos. Se o produtor tem uma maior produção de leite, ele pode transformá-la em uma agroindústria e produzir queijo e seus derivados”, explica.

O economista e professor da UPF Marco Antonio Montoya revela que a produção leiteira na região se destaca pela alta produtividade. “Encontramos os

produtores mais eficiente do país. Esse setor gera muito emprego e o mais importante é que utiliza quase 90% de mão de obra familiar.” Além disso, a produção de municípios como Marau e Camargo chega a superar grandes produtores a nível mundial. “A taxa de crescimento deles é maior que a da Nova Zelândia, Holanda. Se pudéssemos generalizar isso para todo o país seria maravilhoso”, afirma Montoya. “O interior do Rio Grande do Sul tem dois eventos economicamente importantes que aquecem a economia todos os meses: quando sai o cheque dos aposentados e quando sai o cheque do leite.”

Pesquisa, desenvolvimento de novas tecnologias, investimentos no campo.

Após mais de meio século, a qualidade da mão de obra na região deu um salto. De colonos que tinha pouco conhecimento, hoje a região conta com profissionais qualificados no campo, afirma Montoya. “As novas gerações são de indivíduos que terminaram a universidade, que têm pós-graduação e estão lidando com empresas. É uma mão de obra qualificada comparável aos Estados Unidos”, afirma Montoya. Já o agrônomo Cláudio Dóro vê dois desafios para o futuro do campo: um é o produtor conseguir renda para se manter. O outro é quanto à mão de obra para continuar o negócio. “Muitos jovens estão indo para a cidade pela saúde, educação e lazer, para ter certa independência. Então, a evasão é muito grande. No meio rural estão ficando as pessoas mais de idade como mão de obra.”

O que é o agronegócio

Segundo a Fundação de Economia e Estatística (FEE), no RS, há uma série de atividades industriais e de serviços especializados diretamente vinculados à agropecuária. Convencionou-se chamar esse complexo de atividades de agronegócio, o qual engloba, além da produção agropecuária (segmento “dentro da porteira”), a produção de insumos, máquinas e implementos (segmento “antes da porteira”) e a indústria de transformação de matéria-prima agropecuária e as atividades especializadas na comercialização, armazenagem e distribuição dos produtos do agronegócio (segmento “depois da porteira”).