Carazinho

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Terça-feira, 21.08.2018, Carazinho

CARAZINHO, Terça - Feira 21.08.2018

Diário da Manhã -

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www.diariodamanha.com 37 ANOS - Nº 441 - R$ 2,00

Dois meses de um crime brutal

foto: Arquivo/DM

Era o primeiro dia do inverno quando a adolescente Clara Rodrigues de Souza, de 16 anos, foi brutalmente assassinada dentro da própria casa, no bairro Vila Rica. Dois meses depois, familiares e amigos ainda convivem com algo a mais que a saudade: a falta de respostas sobre um crime que chocou Carazinho. Páginas 8 e 9

Um olhar para o serviço

de urgência

A greve que atingiu a central de regulação do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) aos poucos vai se amenizando. Porém, ainda ficam pendentes algumas questões a serem discutidas sobre de que forma o serviço pode ser ainda mais efetivo em sua função de salvar vidas. Página 6

O trabalho como meio de Votos brancos e nulos não inclusão invalidam eleição Segundo o IBGE, 6,2% da população do país têm algum tipo de deficiência, mas apenas 418,5 mil possuem um emprego, o que corresponde a 0,8% do total de vagas formais. Com essa realidade, a semana Nacional da Pessoa com Deficiência Intelectual e Múltipla, que começa hoje, instiga a sociedade a refletir sobre o direito à igualdade. Conexão

Dados do último levantamento para o Governo do RS apontou que 28% dos eleitores gaúchos pretendem optar por essa estratégia no dia do pleito, número três vezes maior do que o registrado em 2014. Página 3

ELEIÇÕES


RADAR

2 - Diário da Manhã

Terça-feira, 21.08.2018, Carazinho

Biblioteca recebe doações

Quadrante da Vida Ocorreu no sábado (18) junto à Feira do Produtor a campanha Quadrante da Vida, organizada pelo LEO Clube Carazinho Centro em conjunto com o Lions Carazinho Centro e a Ulbra Carazinho e com o apoio da administração municipal. Durante toda a manhã, as turmas de Biomedicina, Estética e Cosmética e Enfermagem da Ulbra Carazinho realizaram atendimentos ao público dando dicas sobre cuidados e qualidade de vida e prestando atendimentos como aferição de

Foto: Divulgação

na Rua Tiradentes, no bairro Santo Antônio. A obra era uma solicitação antiga da comunidade.

Bolsas remanescentes Estão abertas desde esta segunda-feira (20) as inscrições para as 106.252 bolsas remanescentes do Programa Universidade para Todos (ProUni) do segundo semestre de 2018. São 18.070 vagas de bolsas integrais e 88.182 de bolsas parciais de 50%. Os alunos que estão matriculados nas instituições de educação superior precisam realizar o registro até 28 de setembro. Já para os estudantes não matriculados o prazo de inscrição vai até 24 de agosto. As bolsas integrais

são direcionadas aos estudantes com renda per capita de até 1,5 salário mínimo. Por outro lado, as parciais contemplam os candidatos que têm renda familiar per capita de até três salários mínimos. Podem concorrer às bolsas do ProUni brasileiros sem diploma de curso superior e que tenham participado do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) a partir de 2010, com nota superior a 450 pontos e sem ter zerado a prova de redação.

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pesos e medidas, de índice glicêmico, pressão arterial, fator sanguíneo e cuidados com a pele. As dentistas Alessandra Rech e Simone Bau Oliveira estiveram orientando o público para cuidados gerais com a saúde bucal, escovação e entregando escovas de dentes para crianças. O LEO Clube também seguiu com a campanha sobre a importância da doação de sangue e pegando nomes de possíveis doadores que serão comunicados quando da vinda do ônibus do Hemopasso para a cidade.

Obras Neste final de semana, a Secretaria Municipal de Obras iniciou o trabalho de reperfilamento mais capa asfáltica

ANIVERSÁRIO

Foto: Douglas Petry

O coordenador da biblioteca, Lúcio Martins Pinto, agradeceu à diretora pela doação, ressaltando que agora os livros farão parte do acervo, podendo ser retirados para leitura. Também estiveram presentes o secretário municipal de Educação e Cultura, Lucas Gabriel Lopes, a diretora municipal de Cultura, Silvana Freitas, o secretário -executivo do Coaju, Josimar Moschaider, e servidores da biblioteca.

Foto: Divulgação

Por intermédio da diretora interina Munira Awad, a Universidade de Passo Fundo (UPF) Campus Carazinho, a Biblioteca Pública Dr. Guilherme Schultz Filho recebeu 171 livros de diversos estilos da editora UPF. Durante a entrega, a diretora explicou que a UPF está muito perto da comunidade, portanto, colaborar com o desenvolvimento desta é um dos objetivos da instituição de ensino.

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Alberi Bordignon Alberi Burgel Alessandro Silveira Ângela Smaniotto Ana Lúcia Pereira Beró Diorgenes de Almeida Elisangela Schultz Guilherme da Cunha Irineu Alfredo Birkhann Ivandro Lima Martins Ivanor Lima Martins Lucas Leandro Schneider Luiz Cavol Márcio Mokfa Maria Elenir Vivian Maria Irines Schuh Neusa Meira Oldair Borba Olivia Carolina Ulrich Paulo Nabor Simão Neis Paulo Lopes Godoi Ricardo Salomão Sandra M. B. da Silva Seloi de Almeida Sueli Guamerin Tatiani Barbosa dos Santos Tayron Endres Valdomiro Neis

Encceja

Abono Salarial

O gabarito oficial do Exame Nacional para Certificação de Competências de Jovens e Adultos (Encceja) 2018 já está disponível no portal do INEP. A Avaliação foi aplicada em todo o país no dia 5 de agosto. Foram liberados, para o Ensino Fundamental, os gabaritos das provas de Ciências Naturais; História e Geografia; Língua Portuguesa, Língua Estrangeira Moderna, Artes, Educação Física e Redação; e Matemática. Já para o Ensino Médio, os gabaritos são de Ciências da Natureza e suas Tecnologias (Química, Física e Biologia); Ciências Humanas e suas Tecnologias (História, Geografia, Filosofia e Sociologia); Linguagens e Códigos e suas Tecnologias e Redação (Língua Portuguesa, Língua Estrangeira Moderna, Artes e Educação Física); e Matemática e suas Tecnologias.

O abono salarial referente a 2017 já está liberado para trabalhadores da iniciativa privada que nasceram no mês de agosto e para os servidores públicos com inscrição no Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público (Pasep) final 1. O prazo final para recebimento é 28 de junho de 2019. O crédito do abono do PIS/Pasep ano-base 2017 foi iniciado em 26 de julho e a liberação do dinheiro para os trabalhadores é realizada de acordo com o mês de nascimento ou o número final da inscrição dos beneficiários. Os empregados da iniciativa privada, vinculados ao PIS, sacam o dinheiro nas agências da Caixa Econômica Federal. Já os funcionários públicos vinculados ao Pasep recebem pelo Banco do Brasil.

Fundador Jornalista Túlio Fontoura (1935 1979) Presidente-Emérito Dyógenes Auildo Martins Pinto (1972 1998) Vinícius Martins Pinto (1997 2003)

Presidente Janesca Maria Martins Pinto Vice-Presidente Ilânia Pretto Martins Pinto Editora Geral Nadja Hartmann

Editor: Rodolfo Sgorla da Silva

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POLÍTICA

Terça-feira, 21.08.2018, Carazinho

Diário da Manhã -

Alto número de votos brancos e nulos não invalida eleição

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ELEIÇÕES

Dados do último levantamento do Ibope para o Governo do RS apontou índice para votos brancos e nulos de 28%, número três vezes maior do que o registrado em 2014. Professor de Direito alerta que, ao contrário do que parte da população acredita, estratégia não tem poder de anular eleição Daniel Rohrig politica@diariodamanha.com

Foto: Arquivo Pessoal

A última pesquisa com as intenções de voto para o Governo do Rio Grande do Sul, realizada pelo IBOPE Inteligência, divulgada na última sexta-feira (17), não apenas apresenta o primeiro cenário após o início da campanha eleitoral como expõe um contexto, que de acordo com especialistas, escancara a insatisfação popular com as instituições políticas brasileiras. De acordo com o estudo, que ouviu mais de mil pessoas entre os dias 14 e 16 de agosto, 28% dos eleitores gaúchos votarão em branco ou anularão o voto nestas eleições. O resultado repete os índices nacionais observados ainda em abril, em que o Datafolha já apontava que pelo menos 20% dos eleitores brasileiros adotariam esta estratégia. Em relação ao desempenho registrado nas urnas na eleição de 2014,

Professor de Direito da UPF, Norberto Hallwass

o número de brancos e nulos deve triplicar. Se a abstenção de 18,1% (2014) se repetir no RS – ou até mesmo aumentar – tudo indica que quase metade da população apta a votar abrirá mão de escolher seus representantes em outubro. - O que me preocupa não é o grito dos maus, mas o silêncio dos bons - cita o professor de Direito da Universidade de Passo Fundo (UPF), Norberto Hallwass, ao parafrasear o líder norte-americano Martin Luther King. Na avaliação do jurista, a desinformação a respeito do processo eleitoral incide diretamente no comportamento do eleitor, que muitas vezes, se baseia em informações falsas e desencontradas. “Nós temos um sistema eleitoral em que se contabilizam apenas os votos válidos. Ou seja, são desconsiderados os votos nulos e brancos. Houve em tempos atrás, uma mensagem que era compartilhada pelos grupos de Whatsapp, e que rotineiramente aparece, baseada em um suposto texto do juiz Sérgio Moro encorajando a população a votar branco e nulo para, assim, anular a eleição. A mensagem dizia que, dessa forma, haveria de ter novas eleições, com novos candidatos, diferente dos apresentados no pleito anterior. Isso é mentira”, esclarece. Em 2014, o número de pessoas que deixaram de votar correspondeu a mais de 18% dos eleitores gaúchos, ao passo que brancos e nulos somaram 8%, equivalente a mais de meio milhão de votos não contabilizados pela Justiça Eleitoral em detrimento de não obedece-

rem a regra de votos válidos. “A legislação prevê que na soma dos votos válidos, quem obtiver na majoritária 50% mais um, se elege presidente, governador e senador. E também prevê que para os deputados é na proporcionalidade. Então é observado quantas cadeiras há no parlamento, divide-se pelo número de votos e criase o coeficiente eleitoral. Por exemplo, se foram registrados cinco milhões de votos válidos e existem 50 cadeiras, a cada cem mil votos teremos um deputado. A ideia de não votar abre espaço para que aqueles que votam decidam por você, pois independente do número de brancos ou nulos, teremos candidatos eleitos de qualquer forma”, frisa Hallwass. Outro cenário que também chama a atenção diz respeito a pesquisa estimulada e a espontânea. Na primeira metodologia, em que os nomes dos candidatos são apresentados aos eleitores, além dos 28% de nulos e brancos, outros 22% não sabiam ou não opinaram em relação ao voto. Na pesquisa espontânea, em que a nominata não é mostrada aos entrevistados, o número de brancos e nulos levemente diminui para 20%, ao passo da porcentagem de eleitores que não souberam ou não opinaram sobe drasticamente para 63%.

Sentimento de ineficácia e desejo de renovação Hallwass atribui o sentimento de utilizar a estratégia de votar nulo e branco na utopia de anular o processo eleitoral à uma espécie de crise de repre-

sentatividade encarada pelos eleitores. “É uma desesperança total, completa e absoluta em relação a classe política. O que tem se visto são as piores práticas em termos de política daqueles que têm a caneta na mão. Então, no senso comum, a ideia é de que se perdeu o

ânimo de votar na expectativa de mudar ou ver um quadro diferente. O sistema institucionalizado tende a renovar pouco, em função daqueles que já possuem mandato estarem em larga vantagem diante dos candidatos de primeira viagem”, exemplifica.

Corrida ao Piratini A pesquisa aponta o atual governador José Ivo Sartori (MDB) na liderança da disputa pelo governo do estado, com 19% das intenções de voto. Em outro patamar, Eduardo Leite (PSDB) e Miguel Rossetto (PT) aparecem numericamente empatados com 8% das menções, cada um. Ambos são seguidos de perto por Jairo Jorge, do PDT, citado por 6% dos eleitores gaúchos, Julio Flores (PSTU) por 4%, enquanto Roberto Robaina, do PSOL, e Mateus Bandeira, no Novo, têm 2% de respostas cada. Aqueles que têm intenção de votar em branco ou nulo correspondem a 28% dos eleitores do estado, e aqueles que não sabem responder ou não opinam totalizam 22%. Sartori recebe mais menções entre os homens e de eleitores com curso superior. Eduardo Leite destaca-se entre os elei-

tores de 25 a 34 anos. Por sua vez, Rossetto tem mais intenções de votos entre os eleitores com 55 anos ou mais de idade. As intenções de voto em Jairo Jorge são mais frequentes em municípios da periferia. Os demais candidatos apresentam intenções de voto distribuídas de maneira homogênea nos segmentos analisados, segundo o IBOPE Inteligência. A pesquisa foi encomendada pelo Grupo RBS e está registrada no Tribunal Regional Eleitoral do estado do Rio Grande do Sul sob o protocolo Nº RS01969. O nível de confiança utilizado é de 95%. Isso quer dizer que há uma probabilidade de 95% de os resultados retratarem o atual momento eleitoral. A margem de erro estimada é de 3 pontos percentuais para mais ou para menos sobre os resultados encontrados no total da amostra.


CIDADE

4 - Diário da Manhã

Terça-feira, 21.08.2018, Carazinho

Acic elege nova diretoria executiva Durante evento realizado nesta segunda-feira, associados da entidade elegeram por aclamação o empresário Cassiano Scheibe Vailatti constituídos – destacou Vailatti, que é formado em administração de empresas pela Universidade de Passo Fundo (UPF) e atua como diretor comercial da Carazinho Veículos Ltda.

Além dele, foram eleitos ainda Jocélio Nissel Cunha (atual presidente) para a vice-presidência da área comercial; Luiz Roberto Barp para a vice-presidência da área industrial; César Sou-

za, que vai ocupar a posição de vice-presidente da área de prestação de serviços; Antônio Augusto Guerra Bocorny, para o cargo de vice-presidente da área de agronegócios; e Adilson

Leonhardt Franck que irá dirigir a área financeira da Acic. Vailatti e o restante da diretoria assumem oficialmente a direção da entidade a partir do dia 1° de setembro. Foto: DM/Anderson Favero

Nesta segunda-feira (20), por aclamação, foi eleita a nova diretoria executiva da Associação Comercial e Industrial de Carazinho (Acic). O evento aconteceu no palácio do comércio e foi prestigiado por lideranças políticas e empresariais do município. Com apenas uma nominata inscrita para concorrer, foi eleito como presidente o empresário Cassiano Scheibe Vailatti, que permanecerá à frente da entidade no biênio 2018-2020. - Agradeço a confiança depositada em nossa chapa e reforço minha dedicação e responsabilidade para com esta entidade, que é tão forte e pujante em nosso município. Nos próximos dois anos, vamos dar continuidade nos trabalhos, ações e serviços prestados bem como a manutenção no bom relacionamento com as demais entidades de classe de Carazinho e os poderes

Eleição aconteceu nesta segunda-feira (20) e Cassiano Scheibe Vailatti (ao centro) irá presidir a Acic no biênio 2018-2020


saúde

Terça-feira, 21.08.2018, Carazinho

Diário da Manhã -

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Vacinação contra pólio e sarampo atinge apenas 53% da meta A apenas 10 dias do final da campanha de vacinação, a cobertura vacinal está longe dos 95% pretendidos pelo Município anderson@diariodamanha.com

A dez dias do término da Campanha Nacional de Vacinação contra a Poliomielite e o Sarampo, que encerra no dia 31 de agosto, pouco mais da metade

Márcia Smaniotto, responsável técnica da Vigilância Epidemiológica, faz o alerta: “É importante que a população se conscientize sobre a gravidade dessas duas doenças, principalmente a polio, que deixa inúmeras sequelas”

do público-alvo compareceu aos postos de saúde do município para se imunizar. De acordo com informações repassadas pela responsável técnica da Vigilância Epidemiológica de Carazinho, Márcia Smaniotto, a cobertura vacinal que é voltada para crianças menores de cinco anos está em torno de 53%. O índice é considerado baixo, sobretudo porque no último sábado (18) ocorreu o Dia D de mobilização, ocasião em que as 13 salas de vacinação do município, a exemplo de outras unidades de saúde do país, estiveram abertas durante todo o dia. Tendo isso em vista, a recomendação é para que os pais que ainda não levaram seus filhos para vacinar que o façam antes do dia 31. “Reforçamos mais uma vez o pedido para que os pais ou familiares levem seus filhos aos postos de saúde com a maior brevidade possível. É importante que a população se conscienti-

ze sobre a gravidade dessas duas doenças, principalmente a polio, que deixa inúmeras sequelas, ainda mais se pensarmos que há registros dessas patologias em outros locais do país”, alerta Márcia.

Fotos: Arquivo/DM

Anderson Favero

Longe da meta

Nesse contexto, no início do mês, quando a Campanha foi lançada, a secretária municipal de Saúde, Anelise Almeida, em entrevista ao Grupo Diário da Manhã, comunicou que a meta vacinal para Carazinho é de 95%. Até o sábado, já haviam sido imunizadas contra a poliomielite 1.343 crianças e mais 1.334 contra o sarampo. Agora, com pouco mais da metade da meta cumprida, a Secretaria de Saúde reforça o horário de funcionamento dos postos de saúde, que vai das 8h às 11h30min e das 13h30min às 17h de segunda a sexta-feira. No total, foram disponibilizadas 3 mil doses de cada vacina para o município.

Campanha de vacinação vai até o dia 31 de agosto. Até lá, as 13 unidades de saúde do município ofertam as vacinas das 8h às 11h30min e das 13h30min às 17h

Caso suspeito Em meados desse mês, um bebê de um ano e oito meses havia dado entrada no Hospital de Caridade de Carazinho (HCC) com a suspeita de estar com sarampo. De imediato, a direção do HCC comunicou o caso ao Departamento de Epidemiologia da Secretaria de Saúde a fim de agili-

zar a realização de exames no exame no Laboratório Central de Saúde Pública do Rio Grande do Sul (LACEN/RS). Na semana passada, entretanto, 10 dias após o envio dos materiais, o município recebeu a negativa da suspeita. Na ocasião, o bebê já havia obtido alta hospitalar e passa bem.


SAÚDE

6 - Diário da Manhã

Terça-feira, 21.08.2018, Carazinho

Um olhar para o serviço de urgência Mesmo que esteja funcionando normalmente em Carazinho, de uma forma geral o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) ainda tem questões a serem debatidas e resolvidas para que possa cumprir plenamente sua função isabella@diariodamanha.com

Fotos: Arquivo /DM

Ontem (20) completou uma semana da greve de alguns servidores da central de regulação do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) e, de acordo com o coordenador da unidade em Carazinho, Cleverson Metzdorf, mesmo que ainda não esteja 100%, aos poucos o serviço vem sendo retomado. “Agora está sendo feita uma licitação para escolher outra empresa para gerenciar a central, porque a que está agora tem pendências judiciais, então, vai ser escolhida outra”, relatou Metzdorf. Mesmo antes da greve acontecer, a situação não era das melhores na central. Segundo Metzdorf, o problema vem se arrastando há algum tempo pois a última vez que alguns servidores receberam o salário foi no mês de junho, situação que gera conflito entre os funcionários. “A gente sempre fala dessa questão, a crise do Estado afetou diretamente o serviço, não deixando que ele fique 100% funcional”, avaliou o coordenador, salientando que a greve só agravou o que já estava ruim. “É preciso uma reformulação da central porque do jeito que está, não dá. A gente perde vidas por causa disso, por uma questão burocrática, e essa é uma preocupação nossa, a gente depende deles”, explicou Metzdorf.

Equipe completa e parcerias

A equipe do SAMU de Carazinho conta com uma equipe completa, segundo o coordenador, com 25 profissionais, entre enfermeiros, técnicos, condutores e médicos, ressaltando que nunca faltaram servidores para executar funções. “A gente tem suporte avançado aqui, três ambulâncias, moto, equipe treinada. Então, a questão burocrática é frustrante”, relatou Metzdorf. Em uma tentativa de buscar alternativas, para que o serviço de emergência não falte para a comunidade, o SAMU estabeleceu parcerias com a Brigada Militar e o Corpo de Bombeiros. - A gente busca nossos parceiros para não faltar o atendimento para as pessoas. Porque, justamente pela falta da efetividade da central, às vezes acontece alguma coisa e a gente não fica sabendo. Por isso, a gente bate na tecla, em caso de emergência, é para procurar a Brigada ou os Bombeiros, que eles podem entrar em contato conosco com mais facilidade - explicou o coordenador, que também complementa que dessa forma é mais garantido que a informação chegue à equipe do SAMU e que eles irão se deslocar para atendimento independente se a central liberar ou não.

Descentralização

Em relação ao funcionamento da central de regulação, responsável por distribuir os atendimentos na maior parte

Foto: DM/Alessandro Tavares

Isabella Westphalen

Ontem (20) completou uma semana da greve de servidores da central de regulação do SAMU em Porto Alegre do Estado, Metzdorf salienta que o ideal seria descentralizar esse serviço, que hoje atende em torno de 160 bases. “Teria que ter regulações no norte do Estado, outra no sul, para que abrangesse isso melhor, esse é o ideal que a gente busca, porém, emperramos na questão burocrática”, explicou o coordenador. O problema, segundo Metzdorf, é que atualmente não é viável colocar outras centrais, pois uma central hoje custa de R$ 150 mil a R$ 200 mil para

A gente fica de mãos atadas. Temos que torcer para que as pessoas olhem mais para o lado da urgência e emergência, pois por questões burocráticas a gente perde vidas Cleverson Metzdorf

manter e esse custo é dividido, 50% é pago pelo Governo Federal, 25% pelo Governo Estadual e 25% pelo Governo Municipal. “A questão é que o último pagamento feito pelo Estado foi em junho, então, o município teria que assumir, fica caro e isso emperra”, destacou o coordenador.

Contrato

Desde que o contrato para manutenção do SAMU em Carazinho foi rescindido, e já renovado, no início deste mês, apesar de estar com os salários em dia, ainda falta o pagamento dos honorários das rescisões do contrato. “O salário está pago tudo em dia, não tem nada afetado. Só falta essa parte da rescisão”, explicou Metzdorf. No dia 31 de julho deste ano, foi aprovada uma nova lei na Câmara de Vereadores, prevendo a nova contratação

emergencial dos profissionais que atuam no SAMU, por mais seis meses. De acordo com a secretária municipal de Saúde, Anelise Almeida, há atraso por parte do pagamento do Governo do Estado, porém, o Município vem arcando com seus próprios recursos. “Se não houver o pagamento do Estado em 30 dias, o Município vai pagar. Isso se faz todas as vezes que o Estado não deposita”, relatou Anelise, que salienta que o custo em média é de R$ 200 mil para manter o serviço funcionando. A secretária ressalta que a ideia é tentar terceirizar o SAMU, como já é feito com a UPA e o SAMU Avançado. “Nós pedimos prazo novamente para que tenhamos uma determinação junto à Justiça do Trabalho para terceirizar também o SAMU básico, que hoje está sob a administração do Município”, comentou Anelise.

Segundo a secretária de Saúde Anelise Almeida, o Município vem arcando com recursos próprios o pagamento do SAMU, tendo em vista os atrasos de pagamento do Estado


Diário da Manhã -

Qualidade e segurança encanta clientes da Elita Incorporadora e Construtora

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INFORME ESPECIAL

Empresa entregou no final de semana as chaves dos apartamentos comercializados no Edifício Dona Lori, no Centro de Carazinho A Elita Incorporadora e Construtora entregou, na tarde de sábado (18), as chaves dos apartamentos comercializados no Edifício Dona Lori, localizado na esquina das Ruas 20 de Setembro e Silva Jardim, no Centro de Carazinho. “É gratificante quando o resultado do nosso trabalho enche de satisfação e alegria o nosso cliente”, salienta o empresário e proprietário da Elita Incorporadora e Construtora, Claudemir Hoffmann. Integrante da família proprietária da empresa, o jovem Felipe Hoffmann trabalha na área de supervisão de qualidade das obras. “Tomamos todas as precauções na utilização de materiais classe A. Entre os objetivos está a entrega de apartamentos com padrão de qualidade”, salienta. Conforme Felipe, além do acompanhamento, a contratação

da mão de obra segue um rigoroso padrão, através da contratação de profissionais qualificados em todos os segmentos da área da construção civil.

“É gratificante quando o resultado do nosso trabalho enche de satisfação e alegria o nosso cliente”, salienta o empresário e proprietário da Elita Incorporadora e Construtora, Claudemir Hoffmann “Entre os objetivos está a entrega de apartamentos com padrão de qualidade”, salienta Felipe Hoffmann, que trabalha na área de supervisão de qualidade das obras

Satisfação pela compra O agropecuarista de Cruz Alta Silvio Américo Ohse é um dos tantos exemplos de satisfação no negócio firmado com a Elita Incorporadora e Construtora. “A qualidade da obra, o preço e o respeito com o prazo de entrega são os pontos principais da empresa, da qual comprei dois apartamentos no Edifício Dona Lori”, salienta Ohse ao receber as chaves do empreendimento. Ohse adiantou que está encerrando a atividade de

agropecuarista para ingressar no ramo de imóveis para locação. “Pretendo alugar as duas unidades de alta qualidade que comprei em Carazinho pois estou direcionando os negócios para a minha aposentadoria financeira”, disse. Depois de receber as chaves dos apartamentos, o investidor deu início a uma conversa com o proprietário da Elita Incorporadora e Construtora para dar sequência aos negócios. “Estou sabendo que a Elita fará um moderno prédio residencial na cidade de Não-Me-Toque, com os mesmos padrões de qualidade da obra feita em Carazinho. Já estou negociando a compra de mais quatro apartamentos”, completou Ohse.

“A qualidade da obra, o preço e o respeito com o prazo de entrega são os pontos principais da empresa”, salientou Silvio Américo Ohse, que adquiriu dois apartamentos no prédio

Empreendimento está localizado na esquina das Ruas Silva Jardim e 20 de Setembro A bancária Bruna Cervo também estava entre os clientes que receberam as chaves dos seus apartamentos no sábado. “Estou feliz e muito satisfeita com a qualidade dos serviços. O acabamento é perfeito. Tenho certeza que fiz um excelente negócio, pois a além da qualidade, a localização é outro ponto positivo do edifício”, enfatizou a bancária. Bruna fez a aquisição do seu apartamento com a finalidade de morar. “Assim que estiver mobiliado, vou morar aqui. Está tudo muito lindo. Estou apaixonada pelo apartamento desde o dia em que comprei, ainda na planta. Parabéns à empresa que entregou a obra dentro do prazo, com excelente qualidade e acabamento perfeito”, completou Bruna. Quem esteve com a família pegando a chave do apartamento foi o empresário Zani da Costa, que investiu em uma unidade com dois quartos. “Confiabilidade, qualidade do produto e segurança no negócio foram os itens que avaliei na hora de comprar o apartamento”, disse Zani. Segundo ele, a localização também foi um fator avaliado na hora da compra, pois apresenta uma excelente localização solar. Já o empresário do setor imobiliário Juliano Gheno veio de Não-Me-Toque para conhecer o empreendimento. “Estou admirado com a qualidade da obra. Está dentro de um alto padrão de obras que já visitamos em toda a região, as coberturas são maravilhosas”, complementou Juliano.

“Parabéns à empresa, que entregou a obra dentro do prazo, com excelente qualidade e acabamento perfeito”, elogiou Bruna Cervo, que comprou seu apartamento ainda na planta

O empreendimento O Edifício Dona Lori, localizado na esquina das Ruas Silva Jardim e 20 de Setembro, conta com 29 apartamentos, distribuídos em 1, 2 e 3 dormitórios e mais dois andares de garagens. Além de toda a segurança, o edifício disponibiliza um amplo salão de festas.

Fotos: DM/Sereno Azevedo

CIDADE

Terça-feira, 21.08.2018, Carazinho


SEGURANÇA

8 - Diário da Manhã

Terça-feira, 21.08.2018, Carazinho

61 dias sem Clara Isadora Stentzler isadora@diariodamanha.com

O experiente médico Alessandro Poletto dos Santos, de 44 anos, levantou às 6h do dia 21 de junho. Tomou um banho e o café da manhã e aprontou-se para às 7h chegar ao seu plantão no Serviço de Atendimento Médico de Urgência (Samu) de Carazinho. Cada dia de plantão era a mesma coisa. Há 20 anos como médico e com uma longa carreira desde a formatura, tinha um currículo com passagens em postos de saúde, emergência do Hospital de Caridade de Carazinho (HCC), perícia do Instituto Nacional de Seguro Social (INSS) – em um concurso que passou em 1º lugar –, Centro de Tratamento Intensivo (CTI) e desde 2011, quando o Samu foi instalado em Carazinho, atuava junto à equipe, assumindo o segundo plantão da guarnição. Por gosto à profissão e às doses de adrenalina, Alessandro sempre preferiu trabalhar com emergência. Uma área em que sabe-se a hora de entrar, mas não sabe-se o que acontecerá. Certo é que Carazinho não apresentava muitos desafios. Geralmente os dias eram calmos na guarnição até que o silêncio fosse interrompido por um chamado. A equipe até se organizou e comprou uma mesa de sinuca para manter dentro do prédio da unidade, a fim de passar o tempo enquanto os chamados não vinham. Naquela quinta-feira, dia 21, as coisas seguiam normais na unidade, com exceção dos telefones. As ligações para o 192 que caiam na central, em Porto Alegre, não conseguiam ser encaminhadas para Carazinho, fato que fez a Brigada Militar ir com uma viatura acionar o socorro.

UMA ADOLESCENTE AGREDIDA Era meia tarde, por volta das 15h, quando a viatura chegou. Alessandro, que era o médico plantonista, foi informado de que se tratava de uma agressão a menor de idade, com suspeita de tentativa de estupro. Como manda a regra, ele, uma enfermeira e o motorista embarcaram na ambulância e se dirigiram à Rua Humberto Lampert, no bairro Vila Rica. O socorro era em uma casa no final da rua, com um enorme pátio de terra e uma casa com uma escada lateral que levava ao andar onde a família Rodrigues morava. O médico não imaginava a gravidade dos fatos, mas por experiência, procurava focar apenas no atendimento de urgência para manter a vítima viva. Também não procurava pensar sobre as motivações da violência ou reparar detalhes que não dissessem respeito à vítima. Consciente disso, para efetuar um trabalho emergencial, é que desceu da ambulância, vendo uma aglomeração em frente à casa. A Brigada já estava lá e por isso não foi difícil conseguir passagem entre as pessoas. Ao subir as escadas, Alessandro encontrou uma menina negra no chão. Descobriu que seu nome era Clara e que tinha 16 anos – um ano a mais que sua filha. Seus sinais vitais estavam estáveis, mas era visível que ela não. Havia sangue por todos os lados da casa e machucados pelo corpo. Ela debatia-se bastante e estava assustada. Vestia apenas uma camiseta e sua cabeça estava inchada, o que fez Alessandro identificar de pronto um traumatismo craniano. Mal sabia também se Clara conseguia ver algo, tamanho era o inchaço no seu rosto. A equipe precisou ser ágil ali. Acalmando a guria e dizendo que estavam para ajudá-la, ela foi envolvida

Fotos: Arquivo Pessoal

Após dois meses de um crime que chocou Carazinho, nenhuma pessoa foi presa e a família continua convivendo com a angústia de não entender o porquê a adolescente de 16 anos foi assassinada

Clara tinha 16 anos e foi encontrada por vizinhos na sala de sua casa em um cobertor encontrado no local, colocada em uma maca e encaminhada até o HCC. Depois de deixada lá é que Alessandro pode pensar sobre isso. Nunca vira nos 20 anos de carreira um crime com tamanha crueldade. A impressão era de que tivessem mirado na cabeça da adolescente e chutado diversas vezes, devido ao inchaço. Mas ele não era perito para saber se fora isso que realmente causou a morte da adolescente. Embora já tivesse atendido vítimas de acidente de carro bastante machucadas e muitas vezes já sem vida, aquele caso era diferente. Diferente porque viera de uma agressão, não de um acaso. Alguém provocou aquilo. Ele chegou a pensar rapidamente se isso chegasse a acontecer com a filha dele, de 15 anos. Mas tão logo pensou, quis esquecer.

Não queria carregar com ele aquelas memórias, que mais tarde poderiam atrapalhar o atendimento de outra ocorrência.

“NERVOSISMO” Mais ou menos no mesmo horário em que Alessandro se preparava para trabalhar, do outro lado da cidade, a adolescente Clara Rodrigues de Souza acordava para ir a aula no Instituto Estadual de Educação Cruzeiro do Sul Oniva de Moura Brizola. Teria duas aulas de Geografia, uma de Português e duas de Matemática. Não era a melhor aluna da turma, e suas notas, de acordo com áreas, iam de 12 a 19 – nota que possuía na área de Ensino Religioso. Era seu primeiro ano na nova escola. Havia deixado o Ensino Fundamental e começado no Ensino Médio, mas mesmo em pouco tempo já fizera muitos amigos.

Inclusive uma namorada, que tinha a mesma idade que ela, mas estudava em uma turma do magistério. As aulas começavam às 7h40min. A vice-diretora, Gizele Fernandes, de 37 anos, estava desde 2009 na instituição, mas também já sabia quem era a Clara. Enquanto estudante, ela só tinha um registro. Era pelo uso do celular. Mas parece que ela havia entendido que não deveria usá-lo em sala, não tendo nenhuma outra ocorrência junto à direção da escola após essa advertência. A quinta-feira antecedia o jogo do Brasil na segunda rodada do grupo E da Copa do Mundo. O Brasil enfrentaria a Costa Rica e a equipe que perdesse estaria praticamente eliminada da competição. Na escola, os alunos foram avisados que o jogo seria transmitido na instituição e que boa parte


SEGURANÇA

Terça-feira, 21.08.2018, Carazinho

Diário da Manhã -

INVESTIGAÇÃO

niano, gerado pelos impactos na cabeça, feitos com o espeto. O corpo da adolescente, de acordo com a delegada, apresentava pequenas perfurações de até 5 milímetros cada. O estupro foi descartado pelo laudo do IML, identificada apenas a tentativa pela calcinha rasgada e a reação da adolescente em defesa quando foi encontrada. Fotos: Arquivo/DM

O caso foi registrado na Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA) de Carazinho e ficou sob responsabilidade da delegada Heladia Cazarotto, que mantém a investigação em sigilo. Foram ouvidas até o momento 41 pessoas. Na causa da morte foi apontado traumatismo cra-

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Casa em que Clara residia e foi encontrada na tarde de 21 de junho das aulas não aconteceriam devido à partida. As aulas transcorreram até às 11h40min daquela manhã e os alunos foram liberados para casa. Não havia nada de anormal. Só mais tarde é que Gizele foi descobrir que duas amigas viram Clara um tanto nervosa, mas que não sabia dizer os motivos.

“TIA, A CLARA 'TÁ' MORTA” Era o primeiro dia de inverno e a cidade já havia passado por dias com um frio acentuado, mostrando que a estação este ano seria mais rigorosa que no ano anterior. A vizinha de Clara, Maria (nome fictício para preservar a fonte), aproveitou o dia para ir ao matagal do final da rua, para lá da ponte, onde normalmente ajunta lenha para se manter aquecida na estação fria. Primeiro foi ao mercado. Voltou, deixou as compras e pegou o carrinho onde meteria a madeira. Chamou sua irmã, cunhada e filho para irem com ela. Eram quase 14h da tarde e recém cruzara a ponte, quando o sobrinho, um adolescente, correu ao seu encontro: – Tia! A Clara tá toda machucada! A Clara tá morta! – Para de falar besteira! – retrucou Maria, soltando o carrinho. – Ela tá mal, tia! Vai lá ver! Maria deixou todas as coisas no lugar onde estava e percorreu a ponte de volta. Passou pelo portão da

casa de Clara, junto de sua cunhada, subiu as escadas, e quase não pode acreditar no que viu. No meio da sala estava Clara, coberta por sangue e seminua. – O que aconteceu, Clara? – Socorro! Socorro! – Já “tô” ligando pra polícia! Foi o rápido diálogo. Maria desceu as escadas, ligando para a Brigada e aguardando no portão. Não demorou para o alarde chamar a atenção da vizinhança que foi em peso diante da casa da adolescente. O sobrinho de Maria ainda disse que viu dois homens saindo da casa da menina. Uma informação que mais tarde daria à delegada. Clara ainda estava com vida, caída logo atrás da porta. Seus olhos estavam roxos e ali próximo estavam as possíveis armas usadas no crime: um espeto de alumínio sem cabo e medindo aproximadamente 75 cm, um pedaço de cabo de espeto com marcas de sangue, além de uma faca tipo de pão com cabo branco e medindo aproximadamente 20 centímetros de lâmina. Mas tudo o que era da casa estava lá, com exceção de uma coisa: o celular da adolescente. No meio de tudo isso, a calcinha da adolescente também aparecia jogada, sinais de uma possível tentativa de estupro, que não foi consumado, segundo apontaria mais tarde o laudo do Instituto

Médico Legal (IML). A mãe de Clara não tardou a chegar, mas mal pode ver a filha, que assim que socorrida por Alessandro daria seu último suspiro no Hospital de Caridade de Carazinho.

DOIS MESES DEPOIS Passado mais de 60 dias, nenhum dos parentes ou vizinhos de Clara conseguem falar muito bem sobre este caso. A vizinha Maria disse ter emagrecido 13 quilos desde aquele dia e só agora consegue fazer coisas simples como ir até aos fundos da casa onde vive. Seu sobrinho, conta ela, mudou-se com a família para outro bairro. A escola precisou cancelar a ideia de assistir o jogo do Brasil na Copa e fez da manhã do dia 22 uma despedida de Clara no seu velório. Os alunos, conta a vice-diretora, se negaram a sentar no local que era dela na sala de aula, tamanho respeito tinham pela colega. Cartazes pedindo paz e balões brancos também foram colocados na instituição e outros usados em uma passeata no domingo, dia 1º de julho, quando uma missa pela adolescente foi realizada na capela São Sebastião, do bairro onde ela morava, seguido por uma caminhada. Mas a dor maior segue com a mãe, dona Leila Barbosa Rodrigues, que precisa caminhar todos os dias no cenário onde sua filha foi feliz e também onde deixou de ser para sempre.

A delegada Heladia Cazarotto é a responsável pelas investigações do assassinato de Clara. 41 pessoas foram ouvidas até o momento

E mais...

Trator é furtado de propriedade em Carazinho Um trator foi furtado, entre a noite de sábado (18) e madrugada deste domingo (19), em uma propriedade rural na localidade de Molha Pelego, interior de Carazinho. O dono da propriedade disse à polícia que estava em um evento da comunidade quando o fato ocorreu. A vítima disse que do local foram levados vários itens, entre eles, o trator que utilizava na lavoura, avaliado em R$ 60 mil. De acordo com o boletim de ocorrência registrado na Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento (DPPA), o trator de cor azul não tem cabine, mas tem uma tolda da mesma cor e a plataforma

vermelha. Além do trator TT4030, do local foram levados uma roçadeira, um fogareiro, um botijão de gás, uma máquina de lavar roupas, um aparelho de choque de cerca, um galão de óleo, a plataforma do trator hidráulica e uma caixa de ferramentas. Não há câmeras de videomonitoramento na propriedade. A vítima conversou com vizinhos, mas ninguém testemunhou o fato. O proprietário acredita que o fato tenha ocorrido enquanto estava no jantar, do qual retornou por volta das 2h30min. Não há suspeitas do crime e a Polícia Civil está investigando o caso.

Mulher é ameaçada com faca e tem celular roubado Uma mulher de 53 anos foi vítima de roubo a pedestre na Avenida São Bento. Ela relata que foi abordada por um indivíduo que usava boné, moletom de cor marrom e bermuda escura e que com o uso de uma faca, que foi lhe apontada para o abdômen,

exigiu que ela entregasse o aparelho celular. Após a ação, o suspeito ainda tentou roubar outra pessoa que passava pela rua, porém, recebeu um chute e caiu, fugindo em seguida. O prejuízo estimado pela vítima é de R$ 1,5 mil.


10 - Diรกrio da Manhรฃ

CIDADE

Terรงa-feira, 21.08.2018, Carazinho


CIDADANIA

OFÍCIO DO REGISTRO CIVIL DAS PESSOAS NATURAIS Rua Venâncio Aires, 279 - Carazinho/RS - Fone: (54) 3329-5588 Sílvia Regina de Assumpção Carbonari, Oficial de Registro, faz saber que pretendem casar-se: RODRIGO BATTISTELLA e RENATA SIQUEIRA PENZ.

Quem souber de algum impedimento, acuse- na forma da lei. Carazinho, 14 de agosto de 2018.

Rayra Mendes Oficial Escrevente Autorizada

Diário da Manhã -

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OAB celebra seus 50 anos em Carazinho Comemoração foi marcada por jantar que reuniu advogados e seus familiares Fotos: DM/Sereno Azevedo

Terça-feira, 21.08.2018, Carazinho

Momento festivo ocorreu na noite da sexta-feira (17) Sereno Azevedo redacao.carazinho@diariodamanha.com

Uma noite de confraternização marcou as comemorações dos 50 anos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) subseção Carazinho e o dia do advogado, que também é celebrado em agosto. Profissionais da área do Direito, familiares e convidados especiais se reuniram no Macalé Eventos na noite da sexta-feira (17). Para comemorar o meio século de atuação no município, foi servido jantar e após houve sorteio de brindes. O presidente do Conselho Federal da OAB, Cláudio Lamachia, se manifestou por meio de um vídeo que foi apresentado aos participantes do evento. O dirigente destacou a data comemorada e o papel importante desempenhado pelos profissionais do Direito na sociedade. “Continuamos tendo grandes desafios, pelos enfrentamentos em defesa do estado de direito e das garantias constitucionais como guardiões da Constituição Federal”, comentou Lamachia em seu vídeo. O líder falou ainda do trabalho coletivo neste meio século de OAB no município, citando as ações de todas as diretorias que já passaram pela subseção e da atual, que tem no comando o advogado Tailor José Agostini. O presidente da seccional da OAB no Rio Grande do Sul, Ricardo Breier, também se pronunciou por meio de vídeo. Ele destacou a importância do voto consciente, tema que vem sendo trabalhado em campanha nacional lançada pela Ordem. "O voto precisa ser planejado. É um direito fundamental, que dá voz à cidadania”, disse o presidente. Ele parabenizou a Ordem local pelos 50 anos de atividades e os advogados pelo seu dia, come-

morado em 11 de agosto. O presidente da OAB de Carazinho reforçou a campanha em defesa do voto consciente nas eleições de outubro deste ano. “Quero agradecer aos advogados, familiares e convidados que nos prestigiam nesta noite, em que comemoramos os 50 anos da nossa subseção da OAB e o dia do advogado. A subseção de Carazinho é uma obra coletiva, que passou por todas as diretorias que nos antecederam”, enfatizou Agostini. A OAB local abrange os municípios de Carazinho, Coqueiros do Sul, Almirante Tamandaré do Sul e Santo Antônio do Planalto. A OAB foi fundada no município no dia 24 de abril de 1968 e conta hoje com 560 profissionais participantes.

“A subseção de Carazinho é uma obra coletiva, que passou por todas as diretorias que nos antecederam”, enfatizou Tailor Agostini, atual presidente da OAB na cidade


12 - Diário da Manhã DIÁRIO PASSO FUNDO redacao@diariodamanha.com - (54) 3316.4800 DIÁRIO CARAZINHO redacao.carazinho@diariodamanha.com - 54.3329.9666 DIÁRIO FM 98.7 MHz diariofm@diariodamanha.com - 54.3311.1309 DIÁRIO AM - 570 KHz diarioam570@diariodamanha.com - 54.3311.7756 DIÁRIO AM CARAZINHO - 780KHz diarioam780@diariodamanha.com 54.3331.2422

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DM Terça-feira, 21.08.2018

CARAZINHO

PREVISÃO PARA HOJE Terça-feira, 21.08.2018, Carazinho PASSO FUNDO

03ºC 13ºC

03ºC 13ºC Mínima

PORTO ALEGRE

05ºC Mínima

Mínima

Máxima

16ºC Máxima

Máxima

LUAS Minguante 04-08

Nova 11-08

Crescente 18-08

Cheia 26-08

OMF depende apena de suas forças para garantir vaga na próxima fase Jogo contra o eliminado Palmeiras acontece no dia 1º e vitória é necessária Foto: Daniel dos Santos

Marcelo Fripp redacao.carazinho@diariodamanha.com

Uma vitória diante do eliminado e lanterna Palmeiras, na última rodada, marcada para o dia 1º de setembro, garante o OMF na segunda fase do Campeonato Estadual de Futsal da Série Bronze. No sábado passado, o time venceu fora de casa o Jaboticaba Futsal e ficou muito próximo da classificação. O jogo da rodada passada foi para dar ânimo à equipe, já que enfrentou um desmobilizado Jaboticaba, que estava sem treinar, com elenco reduzido e mínimas chances de classificação. Sem nada a ver com isso, o OMF entrou em quadra com força total e não deu chances ao adversário. Com gols de Lukinhas (2x), Ceko (2x), Vini e Jarré, o time carazinhense goleou por 6 a 1. Naido fez o gol de honra dos anfitriões. O triunfo garantiu o time na zona de classificação à próxima fase da Série Bronze, ocupando hoje a condição de melhor 6º colocado das três chaves. Restam ainda duas rodadas para o fim da primeira fase, no entanto, o OMF folga no próximo fim de semana e tem apenas mais um compromisso. O OMF fecha a participação na primeira fase, dia 1º de setembro, diante do Palmeira de São Gabriel, em Carazinho. O Palmeiras tem apenas 3 pontos na tabela, sem nenhuma vitória e, nas duas últimas rodadas, não tem conseguido relacionar 10 atletas para seus compromissos. Os cálculos para chegar à classificação apontam para uma vitória, o que daria 47,91% de aproveitamento e assim, na pior das hipóteses, garante a

Jogando com força total, o OMF aplicou 6 a 1 no Jaboticaba Futsal fora de casa

melhor campanha entre os três times que ficariam nas sextas posições em seus respectivos grupos. O OMF pode ainda chegar em 5º na Chave 1, desde vença e que o Cometa de Rodeio Bonito não marque pontos nas duas últimas rodadas, quando enfrenta os dois primeiros

colocados, respectivamente Guarani e Afucs. Com os resultados até o momento, numa prévia da 2ª fase, o OMF estaria compondo a Chave 4, juntamente com o Fontoura Xavier Futsal, União Independente de Santa Maria e La Máquina de São Sepé.


Terça-feira, 21.08.2018 www.diariodamanha.com

O Festival da inclusão e da diversidade

PASSO FUNDO - CARAZINHO

Pela primeira vez no Brasil, a Companhia Artística Estímulo de Cali, da Colômbia, mostra ao mundo que é possível esquecer as diferenças e encantar o público com o dom de ser artista Fotos: Matheus Moraes / DM

Matheus Moraes matheus@diariodamanha.com

O brilho no olhar e o sorriso no rosto aparecem de maneira natural no semblante dos colombianos que fazem parte da XIV edição do Festival Internacional de Folclore. Um pouco de nervosismo nos bastidores, antes de entrar no palco do Casarão da Cultura, que logo se perde assim que as luzes acendem e a música ecoa na lona da Gare. A felicidade é de quem foi aceito, mesmo que seja diferente, mas não incapaz. É com esse lema que o grupo Companhia Artística Estímulo de Cali subiu ao palco na tarde dessa segunda-feira (20), com seus 26 integrantes, sendo 15 com deficiência cognitiva e seis com síndrome de down. Foi com simplicidade que eles já conquistaram quem os acompanhou nos desfiles de Rua na Morom e também nas apresentações no Casarão da Cultura. Num Festival marcado por intensificação da inclusão e da aceitação das diferentes culturas apresentadas por 13 países participantes, o grupo colombiano ganhou destaque pela organização. De acordo com o presidente do Folclore, Paulo Dutra, a participação dos colombianos foi fundamental para consolidar a igualdade.

Grupo formado por 26 integrantes possui pessoas com e sem deficiência “Eles estão muito felizes com o convite. Como nós estamos fazendo muita inclusão, eles foram convidados, para mostrar para a nossa comunidade que não existe problemas de integração, de inclusão de pessoas com alguma necessidade especial. Basta termos a tolerância e a vontade de ter igualdade entre as pessoas. Respeitar a diversidade e tolerar”, afirma. Como diz Dutra, a comunidade esquece das necessidades especiais dos bailarinos e músicos nos primeiros minutos de apresentação. “No momento que começam a dançar, já não percebemos que eles têm essa diferença. Eles [colombianos] realizam um trabalho fantástico de inclusão, eles têm outra desenvoltura. Estão felizes de estarem aqui e serem aceitos

se aquele olhar com canto de olho. Eles se integraram totalmente ao ambiente do Festival”, declara o presidente. A naturalidade da dança colombiana e do ritmo apresentado pelo grupo se explica: na Colômbia, especialmente em Cáli, desde os primeiros anos se trabalha com formação integrada de dança, música e coreografia. O grupo, fundado em 1990, trabalha com atenção aos portadores de necessidades especiais. Mas para ingressar, é necessário mais do que talento. É preciso ter disciplina, como relata o diretor José Fernando Sarria Ospina. “Desde cedo estudam dança, artes plásticas, música. E nós pegamos os jovens que têm mais talento para entrar na Companhia. Mas eles preci-

sam ter disciplina, não só talento. A disciplina, para nós, é tão importante quanto o talento”, detalha. Entre profissionais da música com deficiência e outros sem, o objetivo da Companhia é mostrar ao mundo que a diferença, no fim das contas, é o que menos importa. “Não estamos mostrando um grupo com pessoas com incapacidades. É um grupo de artistas. Colombianos. Orgulhosos. O mais importante é mostrar eles como artistas no Festival. Nós, como seres humanos, necessitamos de uma oportunidade para auxiliar as pessoas, ajudar uns aos outros”, afirma Ospina. Nos 38 anos de história, o grupo já participou de festivais populares na Europa, na América do Sul, Central

e do Norte. Mas foi em Bogotá, a distantes 462 quilômetros de Cáli, que o grupo fez uma das apresentações mais importantes em quase quatro décadas de trajetória: para o papa Francisco, em setembro do ano passado. E é com essa história que o bailarino Nicolás Delgado, de 37 anos, portador de síndrome de down, conta com orgulho. “Aqui é um Festival muito bonito. Estou feliz de participar. A gente já foi para a França, para o México e também dançamos para o Papa, em Bogotá”, diz. Empolgado com a participação, Delgado diz que já pensa em voltar em outras oportunidades. “É a nossa primeira vez aqui, mas já estamos adorando. Quero voltar para os outros anos”, finaliza o bailarino.

Reportagem em vídeo

Nicolás Delgado carrega consigo a empolgação de já ter se apresentado ao Papa

Você pode conferir uma reportagem em vídeo da abertura do XIV Festival Internacional de Folclore, na noite da última sextafeira (17), na página do DM no Facebook. Para conferir a produção audiovisual, basta acessar facebook.com/ redediariodamanha


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Terça-feira, 21.08.2018

Passo Fundo Carazinho

O desafio da inclusão no trabalho Sancionada há 27 anos, Lei de Cotas que prevê a inserção do profissional com deficiência ainda precisa de incentivo e conhecimento por parte dos empregadores Fotos Caetano Barreto / DM

Caetano Barreto

Sérgio Ferrari

caetano@diariodamanha.com

Nesta terça-feira (21), inicia a Semana Nacional da Pessoa com Deficiência Intelectual e Múltipla, que ocorre anualmente com o objetivo de abrir debates e colocar a sociedade em reflexão no dever da igualdade para inclusão. O evento foi criado em 2017, quando foi sancionada a Lei 13.585, e neste ano a temática é “Família e pessoa com deficiência, protagonistas na implementação das políticas públicas”. E um dos maiores desafios para a pessoa com deficiência (PcD) é conseguir sua autonomia, garantir o seu sustento e, principalmente, sentir-se incluído. A Lei de Cotas (8.213/1991) delega que toda empresa com 100 ou mais funcionários deve destinar de 2% a 5% (dependendo do total de empregados) dos postos de trabalho aos PcDs. Atualmente, segundo pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em parceria com o Ministério da Saúde, 6,2% da popuAriene, além de trabalhar, também estuda Pedagogia lação do país têm algum tipo de deficiência, mas apenas 418,5 mil possuem um emprego, o que corresponde a 0,8% do total de empregos formais. A pesquisa “Expectativas e Percepções sobre o Mercado de Trabalho para Pessoas com Deficiência 2017”, realizada pela i.Social em parceria com a Catho, a ABRH Brasil e a ABRH-SP, apurou que 30% dos empresários nunca ouviram falar ou sabem pouco sobre a legislação. Apesar disso, a contratação de PcD é majoritariamente feita apenas pelo cumprimento da lei, como assinalado por 88% dos entrevistados. O coordenador do Sine/FGTAS de Passo Fundo, Sérgio Ferrari, informa que sempre há vagas para PcD, em várias empresas. “Esse é um mercado que tem muita vaga, até porque 83% das empresas não cumpre a lei de cotas, e o Ministério do Trabalho tem intensificado a fiscalização e tem aplicado multas altíssimas, de quase R$ 10 mil por trabalhador não contratado”.

Michele trabalha há dois anos e não tem dificuldades de se comunicar com colegas

www.diariodamanha.com Presidente

Vice-Presidente

Janesca Maria Martins Pinto

Ilânia Pretto Martins Pinto

@diariodamanhaRS www.facebook.com/redediariodamanha

Clélia Fontoura Martins Pinto - ME Matriz: Rua Independência, 917, sala 3 - Passo Fundo Contato: (54) 3316-4800

“É necessário saber qual a deficiência, quais as exigências do serviço, para encaminhar a pessoa certa para a vaga certa”

Triagem e capacitação “Existem dois tipos de postulantes a uma vaga: uma é a pessoa que foi reabilitada pelo INSS, pois estava com alguma enfermidade que causou um impedimento temporário, e como ela deixa de receber o benefício, ela tem de voltar a trabalhar. Já a pessoa portadora de deficiência tem cotas próprias, e o contratante vai demandar conforme o seu impedimento”, explica Ferrari, complementando que existe uma triagem antes de qualquer indicação: “Não adianta mandar um cadeirante trabalhar onde não há condições de trabalho para ele. Então é necessário saber qual a deficiência, quais as exigências do serviço, para encaminhar a pessoa certa para a vaga certa”. Uma das maiores resistências é a questão do treinamento, algo que a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) tenta reverter com o programa Jovem Capaz, criado nos moldes do Jovem Aprendiz. “Nem todos os atendidos têm condições de desenvolver um trabalho. Então, os selecionados pela assistente social participam de atividades instrutivas, algumas aqui na APAE, e aí sim são encaminhados. Ano passado foi o Senac que colaborou com as aulas profissionalizantes, e a empresa parceira foi a Kuhn do Brasil”, informou a assessoria da APAE Passo Fundo. Este ano, porém, a associação revelou que não conseguiu parceiros, mas que as negociações estão em andamento.


ESPECIAL

Terça-feira, 21.08.2018

Passo Fundo Carazinho

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Uma chance para viver sem exclusão Aqueles que conseguem seus trabalho, sentem-se recompensados e incluídos. Na Escola de Educação Infantil São Vicente, que atende os filhos dos funcionários do Hospital São Vicente de Paulo (HSVP), o PcDs atuam em diferentes áreas, e estão

bem integrados com o quadro de funcionários. Michele Godinho Gnich tem deficiência auditiva, e trabalha há dois anos como auxiliar de limpeza. Hoje ela tem uma filha, de um ano e meio, que recebe atendimento na própria escola. A inca-

pacidade de ouvir não é impedimento, já que dialoga em libras com boa parte dos seus colegas, e quem não é fluente na língua de sinais consegue conversar com Michele por gestos ou pela escrita. Já Ariene Machado Tavares trabalha há seis anos na cozinha da escola, e tem

surdez parcial, e além do emprego, agora tem um futuro, já que ela também estuda pedagogia. Tem uma filha, que logo vai estudar junto com a mãe: “Ela vai fazer 17 anos mês que vem”, afirma Tavares, sorrindo.

CMPD não contabiliza encaminhamentos ao mercado de trabalho No decorrer de agosto, a entidade que desenvolve ações voltadas às pessoas com deficiência promove diversos eventos em torno da temática da inclusão

Foto Anderson Favero / DM

Anderson Favero redacao.carazinho@diariodamanha.com

Em Carazinho, o Conselho Municipal da Pessoa com Deficiência (CMPD) é a principal entidade que atua em prol dessa parcela da população. Entretanto, no ano de 2018, não há registros de contratações efetivadas, conforme explica Tiago Roni Ferreira, que preside a Associação Carazinhense de e para Deficientes Visuais (Acadev), uma das quatro entidades que compõem o CMPD. “Pelos nossos cálculos, encaminhamos 25 currículos ao mercado de trabalho até agora. Porém, não temos números de contratações efetivadas”, explica. Segundo ele, a dificuldade nessa inserção esbarra no fato de que as empresas, geralmente, procuram por pessoas com deficiências consideradas leves. “Os contratantes querem aqueles profissionais que conseguem desenvolver o trabalho praticamente com igualdade às pessoas que não possuem deficiência, e nem sempre isso é possível, pois as pessoas com deficiência, às vezes, precisam de adaptações para poder exercer plenamente suas funções”, diz. Nesse contexto, no CMPD, também há relatos de profissionais com deficiência que já exerceram atividades no mercado de trabalho. Estes, por sua vez, encontram dificuldades como acessibilidade arquitetônica, acessibilidade de comunicação e, ainda, dizem não ter a adequação necessária das empresas para sua deficiência.

Representantes do Conselho Municipal da Pessoa com Deficiência em frente ao novo Centro de Convivência

Questão para discutir Nesta sexta-feira (24), com o intuito de promover o debate em torno dessa temática, o CMPD, em parceria com a Fundação Gaúcha do Trabalho e Ação Social (FGTAS-Sine), promove no auditório do Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac) de Carazinho uma palestra sobre a inclusão de pessoas com deficiência no mercado de trabalho. O evento faz parte do Agosto Verde, mês em que ocorrem diversas ações voltadas à pessoa com deficiência. Nesse sentido, desde o início do mês, o município contou com uma vasta programação em torno da temática. Uma delas acontece neste dia 22, data em que representantes do CMPD estarão na Praça

Centro de Convivência Albino Hillebrand para conscientizar a população sobre a importância de respeitar as vagas de estacionamento voltadas às pessoas com problemas de mobilidade e idosos. O cronograma de atividades do CMPD encerra no dia 27 de agosto com o lançamento de um banco de dados com informações detalhadas sobre pessoas com deficiência no município. Pelo sistema, será possível identificar com maior precisão aspectos relacionados à renda, escolaridade e faixa etária desse público. As informações serão utilizadas para o fortalecimento de políticas públicas no município voltadas a essa parcela população.

No dia 27 também acontece a inauguração do Centro de Convivência das Entidades, espaço localizado na Rua Itararé, número 254, que abrigará todas as atividades desenvolvidas pelas quatro entidades que compõem o CMPD. “Estávamos há muitos anos reivindicando um espaço maior que pudesse comportar todos os trabalhos desenvolvidos pelo CMPD, pois, até então, essas atividades eram realizadas em diferentes locais do município. Então, optamos por esse local, que fica próximo ao terminal urbano e facilita o deslocamento de todas as pessoas que são atendidas pelas entidades”, explica José Vilmar de Souza, que preside a Associação de Pessoas com Deficiência (APD). O anúncio foi feito durante uma reunião realizada na última quinta-feira (16). Na ocasião, além da presença de José Vilmar e de Tiago Roni Ferreira, também estiveram presentes Iara Tereza Schwertiz, presidente da Associação dos Deficientes Físicos de Carazinho (Adefic), representantes da Associação do Grupo dos Surdos (AGS) e o vereador Fábio Zanetti, ativista da causa dos deficientes visuais. No total, cerca de 350 pessoas serão beneficiadas com o novo espaço, que é alugado e será mantido pelas próprias entidades através de recursos repassados pela Secretaria de Assistência Social.


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ESPORTE

Terça-feira, 21.08.2018

Passo Fundo Carazinho

EC Passo Fundo quita salários

Inter lança camisa Foto Divulgação

Envolvido em dívida milionária, Tricolor cumpre o primeiro objetivo: pagar os vencimentos de funcionários e jogadores. Medida foi possível após aporte de apoiadores Foto Kleiton Vasconcellos/ DM

Kleiton Vasconcellos kleiton@diariodamanha.com

Em crise financeira e administrativa desde que a antiga gestão deixou o Estádio Vermelhão da Serra, o Esporte Clube Passo Fundo mergulhou em problemas. Levantamentos preliminares feitos por conselheiros e interessados em assumir o clube apontaram para uma dívida superior a R$ 1 milhão, contando inclusive salários de jogadores e funcionários. Ontem (20), parte do valor devido foi quitado. A crise apareceu no EC Passo Fundo em dois momentos: ao final da disputa na Divisão de Acesso, quando o time foi desclassificado ainda na primeira fase, seguida do encerramento da antiga gestão. Tanto é que desde o dia 14 de junho o clube não tem uma diretoria, sendo comandado interinamente pelo presidente do Conselho Deliberativo, Luiz Valério. A movimentação na sala da diretoria iniciou logo após o almoço, quando os funcionários foram recebidos por apoiadores do clube para receber o que era devido. Ao mesmo tempo, quem não

Segunda-feira foi de reuniões entre os apoiadores para sanar os problemas do EC Passo Fundo estava mais em Passo Fundo recebia valores através de depósito bancário. Desta forma, 23 pessoas tiveram a dívida saldada, em uma soma de R$ 120 mil. Tal quantia foi obtida através de somas entre apoiadores, conselheiros e o patrono Elói Taschetto. “Como havíamos nos comprometido, iniciamos o pagamento. Todos receberam, não ficamos com dívida alguma relativa a salários” disse um dos conselheiros do EC Passo Fundo, Moi-

Planos

sés Alves. Com os salários quitados, abre-se a possibilidade de uma nova diretoria assumir logo o Tricolor. “Nós temos uma chapa que é de conhecimento público. Temos pessoas que vão nos ajudar. O que a gente aguardava era o acerto com os funcionários, pois não podíamos assumir o clube com uma dívida assustadora. Com tudo encaminhado, a expectativa é que semana que vem a gente possa assumir” completou o conselheiro.

Mesmo que ainda não tenha assumido o Passo Fundo, a futura direção já trabalha visando o futuro do Tricolor. “Estamos em busca de parceiros, pensando o elenco e a comissão técnica para jogar a Divisão de Acesso em 2019” finalizou Moisés Alves. O trabalho efetivo neste sentido será a partir de novembro, quando deve começar o ciclo de apresentações e treinos no Vermelhão. Além disso, a nova direção pretende realizar a reforma do gramado e das dependências, como a concentração.

Rompendo a tradição de contar apenas com uniformes titular e reserva, o Internacional passa a ter, em 2018, uma terceira camisa. O modelo foi apresentado ontem e tem uma característica: é todo na cor cinza com detalhes brancos. A nova camisa já está à venda e deve fazer a sua estreia no próximo domingo (26), quando o Inter recebe o Palmeiras no Estádio Beira-Rio. Vale ressaltar que cores alternativas na camisa colorada só apareceram antes nos anos de 2009 (dourada, alusiva ao Centenário) e 2014 (amarela, alusiva à Copa).

Camisa do Inter apresenta diferentes tons de cinza e detalhes em branco

Grêmio estuda adiar jogos Foto Divulgação

Com dois jogadores convocados para as seleções do Brasil e Argentina, o Grêmio estuda a possibilidade de pedir o adiamento de jogos válidos pelo Campeonato Brasileiro. O Tricolor não terá o zagueiro Kannemann nem o atacante Everton para as partidas contra Romildo quer avaliação sobre Santos (na Vila Belas datas dos jogos do Grêmio miro) e Internacional (no Beira-Rio). “Temos que fazer uma grande avaliação sobre as datas. Quem está na ponta do campeonato sempre tem sobreposição. Tudo corre ao mesmo tempo, quer dizer, não se valoriza o conteúdo esportivo” disse o presidente do Grêmio, Romildo Bolzan Júnior.


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