Guia Prático para Negócios de Impacto

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Conselho Editorial Profa. Dra. Andrea Domingues Prof. Dr. Antônio Carlos Giuliani Prof. Dr. Antonio Cesar Galhardi Profa. Dra. Benedita Cássia Sant’anna Prof. Dr. Carlos Bauer Profa. Dra. Cristianne Famer Rocha Prof. Dr. Eraldo Leme Batista Prof. Dr. Fábio Régio Bento Prof. Dr. José Ricardo Caetano Costa

Prof. Dr. Luiz Fernando Gomes Profa. Dra. Magali Rosa de Sant’Anna Prof. Dr. Marco Morel Profa. Dra. Milena Fernandes Oliveira Prof. Dr. Ricardo André Ferreira Martins Prof. Dr. Romualdo Dias Prof. Dr. Sérgio Nunes de Jesus Profa. Dra. Thelma Lessa Prof. Dr. Victor Hugo Veppo Burgardt

©2016 Thiago José de Chaves; Laís Mezzari Direitos desta edição adquiridos pela Paco Editorial. Nenhuma parte desta obra pode ser apropriada e estocada em sistema de banco de dados ou processo similar, em qualquer forma ou meio, seja eletrônico, de fotocópia, gravação, etc., sem a permissão da editora e/ou autor.

C5123 Chaves, Thiago José de; Mezzari, Laís Guia Prático para Negócios de Impacto/Thiago José de Chaves; Laís Mezzari. Jundiaí, Paco Editorial: 2016. 172 p. Inclui bibliografia. ISBN: 978-85-462-0599-8 1. Empreendedorismo 2. Desenvolvimento social 3. Responsabilidade social estratégica 4. Modelo de negócios I. Chaves, Thiago José de II. Mezzari, Laís. CDD: 338.7 Índices para catálogo sistemático: Empresas de negócios

338.7

Serviço social

360 IMPRESSO NO BRASIL PRINTED IN BRAZIL Foi Feito Depósito Legal

Av. Carlos Salles Block, 658 Ed. Altos do Anhangabaú, 2º Andar, Sala 21 Anhangabaú - Jundiaí-SP - 13208-100 11 4521-6315 | 2449-0740 contato@editorialpaco.com.br


Ao amor incondicional dos meus pais, Sueli e Iran e a todos os meus professores que me inspiram a aprender. Thiago

A todas as pessoas de espĂ­rito empreendedor que compartilham do profundo desejo de transformar o mundo em um lugar melhor. LaĂ­s



Nós temos muita ficção científica. Nós deveríamos criar ficção social. Imaginar o mundo que queremos e construí-lo. Muhammad Yunus



Sumário Prefácio, 9 Introdução, 11 Capítulo 1 Empreendedorismo, 13 Capítulo 2 O que são Negócios de Impacto Social?, 25 Capítulo 3 O que eu tenho a ver com a pobreza?, 39 Capítulo 4 O papel da liderança, 51 Capítulo 5 O que é mercado da base da pirâmide?, 59 Capítulo 6 Ferramentas do marketing contra a pobreza, 69 Capítulo 7 Reunindo parceiros, 81


Capítulo 8 Onde estão os recursos?, 97 Capítulo 9 Avaliação e mensuração de impacto social, 117 Capítulo 10 Modelo de negócios: colocando no papel, 127 Capítulo 11 Como escalar o empreendimento e seus impactos sociais?, 139 Capítulo 12 Aprendendo com outras iniciativas, 147 Capítulo 13 E agora? O futuro dos Negócios de Impacto Social, 165 Posfácio, 169


PrEFáCio Eis-me aqui, fazendo o prefácio do livro dos colegas Laís Mezzari e Thiago José de Chaves. Recebi o convite e o aceitei com alegria e ansiedade. Contudo, ainda não compreendi os motivos que levaram os autores a me escolherem para prefaciar seu livro. Admito a possibilidade de termos origem em Santa Catarina, mas acredito que há outros catarinenses ou barrigas-verdes com muito mais destaque na área e respeito dos autores. Talvez pelos anos de amizade e parceria nos estudos e discussões sobre política e sociedade. Ou seria ainda pela paixão ao mesmo tema apresentado aqui – empreendedorismo social –, assunto que nos levou a estudar longe de casa, a fim de descobrir novas possibilidades de resolução dos problemas sociais de nosso país. Ou, finalmente, a escolha de meu nome teria sido motivada pelas palavras de estímulo para levar a cabo a presente empreitada? De qualquer forma, é uma satisfação pessoal apresentar este livro, fundamentalmente por tratar-se de uma espécie de cartilha essencial aos que estão iniciando na prática dos Negócios de Impacto Social e aos que repassam o conhecimento sobre o tema. Apresenta de forma descomplicada e com uma linguagem simples um assunto que deve ser tratado da mesma forma, ou seja, da maneira mais acessível a todos aqueles que querem conhecer o tema, também conhecido como empreendedorismo social, setor 2 ½, empresas inclusivas ou outras denominações atualmente apresentadas aos empreendimentos que buscam obter um elevado impacto social, contribuem para o desenvolvimento local e são financeiramente autossustentáveis. Trata-se de uma interessante inspiração para a criação de empreendimentos com significado e propósito, e também auxiliar na criação de projetos de extensão universitária, com sugestões de ações e parcerias para a prática deste modelo de negócio. Aos autores, deixo os meus parabéns pela contribuição que, com este livro, deram, sem dúvida, ao engrandecimento do tema. Tema novo para muitos, mas que possui antigos desafios capazes 9


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de transformar ou de modificar determinada realidade a partir de um caminho viável e promotor de desenvolvimento econômico, social e ambiental. Desejo a todos uma tranquila e inspiradora leitura! Gabriela Pelegrini Tiscoski

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iNTroDuÇÃo Dificuldade de acesso à saúde, falta de saneamento básico, educação precária, falta de capacitação financeira, degradação ambiental e variadas formas de pobreza são alguns entre tantos outros problemas que o mundo ainda enfrenta atualmente. A solução deve partir dos governos? Das grandes empresas? Das ONGs? Da sociedade? Das Associações? Dos indivíduos? Compartilhamos um mesmo planeta, uma mesma “casa”, uma sociedade cada vez mais globalizada. Por isso, acreditamos que esses problemas são responsabilidade de todas as instituições, de todas as esferas políticas e também de todas as pessoas. Mas, como podemos mudar? Como podemos colaborar para um mundo melhor? Que tal começar enxergando essas questões não mais como “problemas”, mas como “oportunidades”? É isso que propomos neste livro! Uma forma de aliar propósito de vida com impacto social, de forma sustentável e promotora de qualidade de vida. Uma maneira de criar soluções na construção de um capitalismo mais inclusivo e sustentado de forma harmônica sobre os alicerces da cultura, da economia, do impacto social e da preservação ambiental. Soluções que promovam transformações sociais com potencial de escala, a partir de um modelo de negócio financeiramente superavitário. É isso o que denominamos Negócios de Impacto Social. Este livro se propõe a apresentar o passo a passo para a criação deste tipo de empreendimento, com dicas de materiais adicionais, exemplos práticos de pessoas e modelos de negócios que já seguem esse caminho e, ainda, atividades para sair da teoria e começar a “colocar a mão na massa”. Aos amantes do empreendedorismo, uma oportunidade de enxergar novos negócios. Aos preocupados com a direção à qual caminha a sociedade, uma forma de fortalecer suas competências e fazer 11


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a diferença. A todas as pessoas, uma possibilidade de ver, na prática, a construção de um mundo melhor. Desejamos uma boa leitura! E uma boa dose de determinação e coragem para enfrentar este prazeroso desafio!

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Capítulo 1

EmPrEENDEDoriSmo Empreendedorismo é um termo que ganha destaque tanto na academia quanto na linguagem empresarial. Está relacionado à resolução de problemas, agregação de valor, proatividade e inovação. A principal compreensão do empreendedorismo, porém, refere-se a identificar oportunidades e transforma-las em um negócio lucrativo. A ideia de empreendedorismo traz consigo a figura do empreendedor que, geralmente, é visto como alguém versátil, com muita energia e determinação, criativo e inovador, e que está disposto a assumir riscos. Afinal, por mais calculado e planejado que seja um empreendimento, o perfil do empreendedor é, sim, daquele que sabe assumir riscos. Pessoas inspiradas pelo sonho de “ter o seu negócio próprio” e de “ser o seu próprio chefe”, em 10 anos, fizeram com que a taxa de empreendedorismo no Brasil saltasse de 23% para 34,5% em 2014, segundo a pesquisa Global Entrepreneurship Monitor (GEM)1, realizada no Brasil pelo Sebrae e pelo Instituto Brasileiro de Qualidade e Produtividade (IBQP). Ou seja, cerca de três em cada dez brasileiros, com idade entre 18 e 64 anos, têm um negócio próprio ou estão envolvidos na criação de sua empresa. mas, se a intenção é empreender, que tal empreender socialmente? No campo do empreendedorismo, o seu “formato social” também tem conquistado um espaço relevante, afinal, em um planeta que 13


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atingiu seus sete bilhões de habitantes, torna-se necessário criar novas alternativas para definir o futuro de um novo capitalismo – mais atento aos temas sociais e ambientais. O termo “empreendedor social” foi utilizado pela primeira vez por Bill Drayton, fundador e presidente da Ashoka. Acredita-se que esse estilo de empreendedor colabora na aceleração de processos de mudança e inspira diferentes atores a se engajarem em torno de uma causa comum. Em todos os setores da economia é observada a existência do empreendedor social7. Os empreendedores sociais costumam ser pessoas que investigam o seu ambiente, suas necessidades e oportunidades locais. Ou seja, tendem a estar profundamente familiarizados com os problemas e sabem como resolvê-los. Antes de o termo “empreendedorismo social” se voltar para as práticas com fins lucrativos, o empreendedor social já era reconhecido nas atividades realizadas no terceiro setor, devido ao trabalho que faz para diminuir a pobreza e encontrar soluções únicas para problemas do subdesenvolvimento enfrentados pela sociedade global. Hoje, porém, o perfil não é encontrado somente em organizações sem fins lucrativos e no serviço público, mas também em empresas do setor privado. Logo, pode-se dizer que o gestor moderno, em qualquer uma dessas configurações, está sendo chamado não só para maximizar os lucros, no caso do setor privado, mas também para satisfazer o tripé empresarial da inclusão social, consciência ambiental e sustentabilidade financeira. Características do empreendedor social Para compreender as principais características do empreendedor social, vamos nos inspirar no modelo que segue, que é baseado nos estudos de Mort, Weerawardena e Carnegie8, e que demonstra as dimensões que formam as principais características do empreendedor social.

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Guia Prático para Negócios de impacto Social

imagem 1: multidimensional social entrepreneurship constructo

Capacidade de tolerar riscos Proatividade / Inovação

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2 Reconhecimento de oportunidade social

4 Empreendedorismo Social

Capacidade de Julgamento

Virtude Empreendedora

3 Fonte: Adaptado de Mort, Weerawardena e Carnegie (2002).

A partir do modelo, observa-se que o empreendedor social deve ser proativo, buscar inovações e saber tomar decisões-chave com risco calculado (1); também deve ter um olhar apurado e seletivo para reconhecer oportunidades de melhorias sociais (2); precisa utilizar o empreendedorismo como uma virtude, ou seja, como uma forma de praticar o bem, o que é justo e correto moralmente (3); por fim, deve ter capacidade de julgamento para reconhecer situações que sejam coerentes com o seu propósito e para tomar as melhores decisões (4). Em resumo, os empreendedores denominados sociais são movidos, ao mesmo tempo, pela compaixão e pela paixão. Ou seja, têm como objetivo fazer a diferença, ao promover mecanismos sustentáveis que correspondam a taxas consideráveis de lucro, como também o suprimento das necessidades da comunidade e sua inclusão. 15


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