Migrar, Chegar, Permanecer

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Conselho Editorial Profa. Dra. Andrea Domingues Prof. Dr. Antônio Carlos Giuliani Prof. Dr. Antonio Cesar Galhardi Profa. Dra. Benedita Cássia Sant’anna Prof. Dr. Carlos Bauer Profa. Dra. Cristianne Famer Rocha Prof. Dr. Eraldo Leme Batista Prof. Dr. Fábio Régio Bento Prof. Dr. José Ricardo Caetano Costa

Prof. Dr. Luiz Fernando Gomes Profa. Dra. Magali Rosa de Sant’Anna Prof. Dr. Marco Morel Profa. Dra. Milena Fernandes Oliveira Prof. Dr. Ricardo André Ferreira Martins Prof. Dr. Romualdo Dias Prof. Dr. Sérgio Nunes de Jesus Profa. Dra. Thelma Lessa Prof. Dr. Victor Hugo Veppo Burgardt

©2017 Temízia Cristina Lopes Lessa; Fernando Luiz Araújo Sobrinho Direitos desta edição adquiridos pela Paco Editorial. Nenhuma parte desta obra pode ser apropriada e estocada em sistema de banco de dados ou processo similar, em qualquer forma ou meio, seja eletrônico, de fotocópia, gravação, etc., sem a permissão da editora e/ou autor.

L5661 Lessa, Temízia Cristina Lopes; Sobrinho, Fernando Luiz Araújo. Migrar, Chegar, Permanecer: A Construção do Lugar de Afeto/Temízia Cristina Lopes Lessa; Fernando Luiz Araújo Sobrinho. Jundiaí, Paco Editorial: 2017. 172 p. Inclui bibliografia. ISBN: 978-85-462-0760-2 1. Brasília 2. Movimentos migratórios 3. Urbanização 4. Território I. Lessa, Temízia Cristina Lopes ll. Sobrinho, Fernando Luiz Araújo. CDD: 304.89 812 Índices para catálogo sistemático: Migração interna

304.89 812

Hist. do Distrito Federal / Brasília

981.74

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A JoĂŁo Pedro e Clarissa.



As descobertas são máscaras do mais obscuro real, essa ferida alastrada na pele de nossas almas. Quando vim da minha terra, não vim, perdi-me no espaço, na ilusão de ter saído. Ai de mim, nunca saí. [...]. (Carlos Drummond Andrade A ilusão do migrante)



Agradecemos a Deus por esse momento tão especial e pelas pessoas que Ele colocou em nossos caminhos. Aos nossos pais, Fausto Lessa e Rosária Lopes/Divaldo de Araújo e Cleonice de Araújo, que nos incentivaram a darmos sempre o melhor de nós hoje. Às professoras Marília Luiza Peluso (UnB) e Andréa Maria Narciso Rocha de Paula (Unimontes), pelas ricas contribuições nas bancas de qualificação e defesa do mestrado, a quem declaramos admiração e carinho. À Uilma Carlos e Mocinha, pela dedicação e cuidado com João Pedro e Clarissa. A Edmar Lessa, pela parceria e dedicação, sempre inventando situações para que João Pedro e Clarissa não sentissem a ausência da mãe.



Lista de siglas e abreviaturas APA – Área de Proteção Ambiental Aproviles – Associação Pró-Criação da Vila Operária do Baixo Estrutural BRB – Banco Regional de Brasília CF – Constituição Federal CLDF – Câmara Legislativa do Distrito Federal Codeplan – Companhia de Planejamento do Distrito Federal Cras – Centro de Referência de Assistência Social Creas – Centro de Referência Especializado de Assistência Social Denit – Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes DF – Distrito Federal EPCT – Estrada Parque Ceilândia/Estrutural GDF – Governo do Distrito Federal IPTU – Imposto Predial e Territorial Urbano Novacap – Companhia Urbanizadora da Nova Capital PDAD – Pesquisa Distrital por Amostra de Domicílios Pisef – Pesquisa de Informações Socioeconômicas das Famílias PM – Polícia Militar RA – Região Administrativa Ride – Região Integrada de Desenvolvimento do Distrito Federal e Entorno SCIA – Setor Complementar de Indústria e abastecimento


Seduma – Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente Seplan – Secretaria de Estado de Planejamento e Orçamento SLU – Serviço de Limpeza Urbana Sudene Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste


Sumário Apresentação.............................................................13 Prefácio...................................................................17 Introdução................................................................21 CAPÍTULO 1 As categorias de análise geográfica e suas contribuições para a compreensão do processo de territorialização da Cidade Estrutural no Distrito Federal.........................................25 1. Espaço, território e lugar: categorias de análise para compreensão do processo de territorialização.................29 2. A questão urbana e os processos espaciais...................39 3. A abordagem fenomenológica como método de análise...............................................................43 CAPÍTULO 2 O cenário político-econômico do Distrito Federal na década de 1960..........................................................49 1. A história de um projeto de capital: uma breve revisão...................................................54 2. Movimentos migratórios e dinâmica urbana a partir da construção de Brasília..........................................60 3. Cenários de vidas e trabalho: a formação de periferias no Distrito Federal.................................................70 CAPÍTULO 3 As migrações internas e o processo de urbanização no Distrito Federal..........................................................79 1. Reestruturação espacial do Distrito Federal................86 2. Crescimento urbano no Distrito Federal: deslocamentos e formas de sociabilidade........................90 3. Estrutural: olhares e trajetórias...............................96


CAPÍTULO 4 Brasília e Cidade Estrutural: proximidade territorial e distância social..........................................................101 1. A integração do migrante no Distrito Federal: características e transformações na Estrutural...............119 2. Estrutural: velhos desafios, novas necessidades...........133 3. Estrutural e as formas de sociabilidade: o lixo como pano de fundo.......................................140 À guisa de conclusão...................................................149 Referências...........................................................153


Apresentação A proposição deste livro é profundamente instigadora e provocadora. As migrações estão na ordem do dia, produzindo debates acirrados, suscitando discussões que envolvem aspectos populacionais, étnicos, éticos, econômicos e trabalhistas, fronteiriços, humanitários que perpassam transformações significativas no Brasil e em outras partes do mundo. O deslocamento das pessoas tem provocado intensas e perversas ações humanas que nos fazem perguntar se ainda somos humanos! Ou o que ainda temos de humanos em nós. Temos tentado buscar explicações teóricas para as novas configurações e processos que se materializam em dimensões internas e externas do fenômeno migratório, aspectos de um fenômeno complexo, multifacetado que envolve uma combinação de abordagens teóricas para a análise. O estudo realizado pelos autores Temízia Lessa e Fernando Sobrinho é importante e relevante, em função de provocar a ruptura do conhecimento não apenas no ambiente e não apenas do homem que faz o ambiente, mas pensar o homem e o ambiente enquanto provocador e provocado das e pelas modificações que fazem as identidades e constroem o território. Este livro é resultado do excelente trabalho dissertativo de Temízia Lessa sob a orientação de Fernando Sobrinho, da pesquisa realizada sobre a construção do território através do estudo de caso das migrações na Cidade Estrutural, o espaço construído no contexto do lixo, na cidade de Brasília, Capital Federal, que desvela novas/velhas formas de desigualdades socioespaciais. Mostra também um duplo desafio da autora: primeiro o denso trabalho de campo, o estar lá e depois o estar aqui1, a coleta de relatos e imagens, a descrição do cotidiano das famílias, a feira como lugar de socia1 Expressões utilizadas por Geertz. Conferir em Geertz, Clifford. Obras e vidas: o

antropólogo como autor.Tradução de Vera Ribeiro. Rio de Janeiro: Ed. UFRJ, 2002. 13


Temízia Cristina Lopes Lessa; Fernando Luiz Araújo Sobrinho

bilidade e depois a compreensão/interpretação das observações, dos dados/entrevistas, relatos e fotografias referentes ao processo da formação e desenvolvimento da migração, conhecimentos que demonstram ainda velhos e novos dilemas estruturais que segundo a autora “[...] de um período que tem como principal característica a mudança contínua, movimento permanente de rápidas substituições e interações entre o velho e o novo, da ‘imprevisibilidade das transformações’ entre os anúncios das mudanças e os processos efetivamente vivenciados”. As migrações, o estar aqui, demonstra que as vivências dessas famílias, fazem parte das possibilidades de seguirem construindo uma cartografia simbólica da geografia da vida, dos traços da cultura, da história, da identidade, dos valores no cotidiano. Quem migra adquire, incorpora habitus e fragmentos do lugar de destino. Nessa mistura de culturas entre lugar de origem e destino são reconstruídas identidades que estão como eles em movimento. As transformações em e no grupo e em cada um e uma, permitem a compreensão da representação dos espaços vividos, das temporalidades reconhecidas e diferenciadas; identificadas na diversidade do viver entre os ambientes e os espaços sociais da vida. Ressalto que Temízia foi uma querida e competente aluna/acadêmica no curso de Geografia na Universidade Estadual de Montes Claros, na cidade norte mineira de Pirapora/MG. Como seus sujeitos de pesquisa, ela também é uma migrante, diferentemente de seus sujeitos de pesquisa ela teve a oportunidade de trilhar seus deslocamentos através do caminho da educação. A percepção da pesquisadora sobre o fenômeno migratório, das travessias já realizadas, dos desafios do partir-chegar e viver, da necessidade da construção do lugar, mesmo em espaços jamais imaginados são aspectos valorizados na narrativa do livro, provocando no leitor uma prazerosa leitura! As migrações continuam des-velando de novo, o de sempre... Viver é muito perigoso! 14


Migrar, Chegar, Permanecer: A Construção do Lugar de Afeto

Eu atravesso as coisas – e no meio da travessia não vejo! – só estava era entretido na idéia dos lugares de saída e de chegada. Assaz o senhor sabe: a gente quer passar um rio a nado, e passa; mas vai dar na outra banda é num ponto muito mais embaixo, bem diverso do que primeiro se pensou.Viver nem não é muito perigoso? (Rosa, 1986, p. 26)2

Montes Claros-MG, Inverno/2016 Professora Dra. Andréa Maria Narciso Rocha de Paula Programa de Pós-graduação em Desenvolvimento Social – PPGDS/Unimontes, Programa de Pós-graduação em Sociedade Ambiente e Território – UFMG/Unimontes

2 Rosa, João Guimarães. Grande sertão: veredas. 33. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986.

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