Manual de Ginástica Artística Masculina

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Manual de Ginástica Artística Masculina Exercícios de Solo

Leandro da Silva Mota Leandro Alves da Cunha


Conselho Editorial Profa. Dra. Andrea Domingues Prof. Dr. Antônio Carlos Giuliani Prof. Dr. Antonio Cesar Galhardi Profa. Dra. Benedita Cássia Sant’anna Prof. Dr. Carlos Bauer Profa. Dra. Cristianne Famer Rocha Prof. Dr. Eraldo Leme Batista Prof. Dr. Fábio Régio Bento Prof. Dr. José Ricardo Caetano Costa

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M3191 Manual de Ginástica Artística Masculina: Exercícios de Solo/Leandro da Silva Mota; Leandro Alves da Cunha. Jundiaí, Paco Editorial: 2016. 76 p. Inclui bibliografia. ISBN: 978-85-8148-495-2 1.Ginástica Olímpica 2. Educação física. I. Mota, Leandro da Silva. II Cunha, Leandro Alves da. CDD: 796 Índices para catálogo sistemático: Esporte

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Ginástica

796.44 IMPRESSO NO BRASIL PRINTED IN BRAZIL Foi feito Depósito Legal

Av. Carlos Salles Block, 658 Ed. Altos do Anhangabaú, 2º Andar, Sala 21 Anhangabaú - Jundiaí-SP - 13208-100 11 4521-6315 | 2449-0740 contato@editorialpaco.com.br


Dedico este livro, num primeiro instante, aos meus pais, que me deram força, incentivo e determinação para vencer esta batalha e a todas as pessoas que me ajudaram nesta caminhada, direta ou indiretamente.



Agradecimentos Agradeço a Deus em primeira instância, pois hoje estou aqui conquistando mais um objetivo em minha vida. Agradeço aos meus pais, irmãos e amigos por terem me proporcionado uma infância cheia de boas lembranças, que formaram os fundamentos do meu caráter, me ensinando com simplicidade o sentido da vida de forma mais correta e honesta. A todos os professores e atletas que contribuíram de alguma forma para esta conquista. A todos o muito obrigado nunca será suficiente para demonstrar a tamanha grandeza que recebi, peço a Deus que recompense cada um à sua altura.



Toda atividade realizada com significado para quem executa, permite uma vivência mais prazerosa. E é a partir do prazer que se tem pelo que se faz que o indivíduo torna-se mais interessado, mais envolvido com a busca do sucesso de sua realização. (Piccolo, 2005, p. 35)



Sumário Introdução 11 Capítulo 1

Histórico da Ginástica

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1. Ginástica Artística

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Capítulo 2

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1. Posição do ginasta em relação ao aparelho 2. Ações motoras realizadas durante o exercício 3. Posições do corpo definidas durante os exercícios

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Capítulo 3

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Capítulo 4

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Ações motoras fundamentais, chamadas (repulsão de pernas ou sobrepasso) e exercícios preparatórios

Saltos básicos de solo Exercícios fundamentais de solo 1. Elementos de força, equilíbrio e flexibilidade 34 2. Principais tipos de rolamentos 47 4. Estrela, rodante e reversão 58 5. Flic e mortal, principais tipos 62

Considerações finais

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Referências 73



Introdução O primeiro contato com a Ginástica Artística ocorreu em 2004 ao entrar na equipe paranaense da modalidade na cidade de Londrina/PR. O treinador da equipe era o técnico e árbitro internacional, Marcos Brito. Em 2012, próximo ao final do curso de graduação em Educação Física pela Universidade do Oeste Paulista, meu professor orientador, Leandro Alves da Cunha, sugeriu elaborar um manual de alguns exercícios básicos da Ginástica Artística Masculina. Inicialmente, a vontade de explorar o tema surgiu de forma natural por ser apaixonado por esta modalidade que proporciona encanto aos olhos de quem vê, mas exige muito esforço, dedicação e disciplina dos praticantes. Por trás da simetria, técnica apurada e controle corporal evidente, existem muitas dificuldades e superações. A Ginástica Artística é um dos esportes mais fascinantes presente nas Olimpíadas. Por outro lado, existe um longo trabalho árduo dos atletas e treinadores, sendo necessários aproximadamente doze anos para formar um atleta olímpico. A “Ginástica Olímpica” foi definida como “Ginástica Artística” em 2004, quando a Federação Internacional de Ginástica (FIG) decidiu que esse seria o nome oficial. O objetivo era padronizar o termo para distinguir de outras modalidades de ginástica presente nos Jogos Olímpicos. No Brasil, o termo “Ginástica Artística” foi adotado desde que o esporte chegou ao país, por volta de 1824. Está claro que o exercício físico é uma necessidade para as pessoas que proporciona a manutenção e o aprimoramento das capacidades físicas próprias do ser humano. Assim, a Ginástica Artística pode ser uma alternativa nobre para o desenvolvimento motor das pessoas, proporciona exercícios que podem contribuir para a manutenção e melhora de todas as capacidades físicas. Por exemplo, os treinamentos funcionais de alta intensidade 11


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que estão se tornando tendência no mercado fitness usam exercícios da Ginástica Artística como base para o desenvolvimento das capacidades motoras. Para iniciar a prática da Ginástica Artística, é fundamental que o professor tenha conhecimento específico sobre a modalidade, além do conhecimento obtido nas disciplinas dos cursos de graduação em Educação Física. Geralmente, os treinadores são ex-atletas da modalidade, pois ainda são poucos os cursos de Educação Física no Brasil que oferecem uma boa formação para trabalhar com a Ginástica Artística. Os materiais são limitados, não há um número considerável de livros e manuais de treinamento da modalidade que dispõe aos profissionais de Educação Física quais são os exercícios básicos a serem ensinados em cada um dos aparelhos. A Ginástica Artística Masculina (GAM) é caracterizada por seis aparelhos, dois a mais em relação à Ginástica Artística Feminina (GAF). Os aparelhos masculinos são: solo, salto sobre a mesa, cavalo com alças, barra fixa, paralelas simétricas e argolas. O solo e o salto sobre a mesa também são utilizados na GAF, em conjunto com as paralelas assimétricas e a trave. A prova de solo masculina é caracterizada por exercícios de força, flexibilidade, equilíbrio e acrobáticos. A prova de solo feminina difere da prova masculina por apresentar elementos de dança e música durante a apresentação da série de exercícios. A aprendizagem dos fundamentos da modalidade é extremamente importante para o desenvolvimento como atleta, e a prática dos exercícios de solo é fundamental para o desenvolvimento do ginasta em outros aparelhos. Neste sentido, serão apresentados os exercícios básicos da GAM. Só, na verdade, quem pensa certo, mesmo que, às vezes, pense errado, é quem pode ensinar a pensar certo. E uma das condições necessárias a pensar certo é não estarmos demasiado certos de nossas certezas. (Freire, 1996, p. 30)

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Capítulo 1 Histórico da Ginástica A ginástica é explorada pelo homem desde os seus movimentos mais elementares até os dias atuais, com movimentos finos e sistematizados, tendo sido durante décadas considerada sinônimo de Educação Física (Ramos, 1982). O termo “ginástica” é utilizado há muito tempo na humanidade, derivado do latim gymnos (corpo nu) e gymnastiqué (arte desnuda). Ao longo dos anos, ocorreram mudanças nas sociedades e nas diferentes culturas, e a prática da ginástica foi direcionada para diversos objetivos, dentre eles, os militares, os educativos, os terapêuticos e os higienistas. A ginástica educativa e sua sistematização surgiram apenas no século XVIII. Alguns autores estabeleceram suas bases pedagógicas, como Jean Jacques Rousseau, o maior e mais audacioso inovador no domínio da Educação Física, e o pedagogo suíço Jean Henri Pestalozzi, fundador de um ginásio na Alemanha, em 1723 (Publio, 1998). Considerado o pai da ginástica, Friedrich Ludwig Christoph Jahn era filho de um pastor protestante, alemão. No ano de 1811, sistematizou a ginástica e a transformou em esporte. Nasceu em Lanz, nas cercanias de Lanzem, uma aldeia de Brandemburgo, próxima de Elba, em Prignitz, no dia 11 de agosto de 1778. A Ginástica Artística foi desenvolvida e difundida por Friedrich Jahn no transcorrer do século XIX, na Alemanha, e visava formar homens capazes de defender a pátria. Friedrich Jahn denominou “turnen” uma atividade que consistia em marchas, corridas, saltos, lançamentos, equitação, lutas, esgrima, exercícios de escalar e natação. Ele já distinguia os saltos sobre o cavalo e o trabalho de volteios (Santos; Albuquerque Filho, 1986). 13


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Na Grécia, a ginástica era muito importante no desenvolvimento cultural e se tornou uma modalidade de destaque na sociedade. Entre os gregos, a ginástica era motivo de competição, mas após o domínio dos romanos, espetáculos mortais entre homens e feras tornaram-se mais atrativos. Em um período de batalhas travadas durante a sangrenta Idade Média, houve um grande desapreço pela ginástica como competição. Apenas no início do século XVIII, na Europa, ressurgiu de forma expressiva o interesse pela ginástica como modalidade esportiva. Então, nesse período, foram criadas as escolas alemã (caracterizada por movimentos lentos e rítmicos) e a sueca (à base de aparelhos). Assim, as escolas alemã e sueca influenciaram o desenvolvimento da modalidade como esporte. A ginástica permanece o elemento, senão preponderante, pelo menos característico da formação do jovem grego, o gosto pelos desportos atléticos e pela sua prática constituí, como na época arcaica, um dos traços dominantes da vida grega. (Marrou, 1969, p. 185)

Friedrich Jahn, em 1796, destacou a importância da resistência corporal por meio de treinamentos, a ginástica praticada era para obter homens mais fortes e mais resistentes para combater os inimigos. Nessa época, era praticada em campos e ao ar livre. Caminhar, correr, saltar, lançar, sustentar-se, são exercícios que nada custam, que podem ser praticados em toda parte, gratuito como o ar livre. Isso o Estado pode oferecer a todos: para pobres, para a classe média e para os ricos, tendo cada um sua necessidade. (Jahn, 1816 apud Nunomura, 2005, p. 16)

No Brasil, a Ginástica Artística teve seu início com os alemães após a colonização do Rio Grande do Sul, em 1824. Em 1862, foram fundadas diversas sociedades de ginástica em estados brasileiros. Nesse período, a prática da ginástica no país 14


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estava aumentando de forma expressiva ao longo dos anos (Publio, 1998). A evolução dos exercícios pode ser observada nas diversas edições das Olimpíadas. Segundo Hadjiev (1991), o crescimento do esporte é evidente e está acompanhado da evolução da teoria e dos novos métodos de treinamento.

1. Ginástica Artística A Ginástica Artística pode ser definida como a união de beleza, elegância, coragem e risco (Hadjiev, 1991). “É a busca da perfeição dos movimentos por meio do domínio do corpo” (Nunomura, 2008, p. 33). Nesta incrível modalidade, o corpo encontra-se geralmente em posições incomuns, possibilitando que o praticante descubra, a partir das diversas posições, como realizar os movimentos de forma mais leve e fluente (Hostal, 1982). A Ginástica Artística não é um esporte fácil. Para formar um atleta de nível olímpico, são necessários aproximadamente doze anos de prática (Arkaev; Suchilin, 2004). É uma modalidade que exige mais habilidade, força e paciência do que qualquer outra, mas a sensação e a emoção de dominar um novo exercício é uma recompensa emocional que nenhum outro esporte pode oferecer (Prestidge, 1969). De acordo com Haines (1989), a força é uma das capacidades físicas mais trabalhadas na modalidade, e melhora rapidamente em iniciantes quando são realizados trabalhos específicos. Outra forte razão para realizar trabalhos que visam aumentar a força é o seu papel relevante na prevenção de lesões (Tricoli; Serrão, 2005). Aliado à força, o treinamento específico para melhorar a flexibilidade é essencial para prevenir lesões e obter sucesso nos treinamentos. Em conjunto com o desenvolvimento da flexibilidade e força muscular, a aprendizagem dos fundamentos é extremamente importante para o desenvolvimento como atleta em todas as modalidades esportivas. Leguet (1987) destacou doze habilidades motoras fundamentais para iniciar a prática da Ginástica Artística, são elas: 15


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