ALEXANDRE PALMA
Eu sou Cacique!
G A L E R I A M O D E R N I S TA S
ALEXANDRE PALMA
Eu sou Cacique! Curadoria: Augusto Herkenhoff G A L E R I A M O D E R N I S TA S Rua Paschoal Carlos Magno, nº 39
S a n t a Te r e s a - R J
de 19 de fevereiro a 2 abril de 2022
Eu sou Cacique! A interação entre a vida e a arte é a marca de grandes trabalhos que vinculam fantasia e realidade. No caso específico do mundo carnavalesco, essa conexão se faz presente em diferentes formas de expressão artística, a começar, evidentemente, pela música, mas se estendendo pelas artes plásticas e visuais. As pinturas de Alexandre Palma inspiradas no bloco Cacique de Ramos, agremiação icônica do Carnaval carioca, são um excelente exemplo das possibilidades de um artista talentoso mostrar ao mundo uma das grandes expressões de nossa cultura popular. Fundado em janeiro de 1961, o Cacique, como se tornou conhecido, é o berço de intérpretes conhecidos do mundo do samba, como Beth Carvalho, Zeca Pagodinho e o Grupo Fundo de Quintal. Nessas seis décadas de existência, foi reconhecido como Patrimônio Cultural e Imaterial do Rio de Janeiro e homenageado com a Medalha Tiradentes. E agora ganha uma honraria inesquecível: ser o tema das pinturas de um artista dotado de particular inspiração. Viva o Cacique! E salve Alexandre Palma!
The interaction between life and art is the mark of big works wich also link fantasy and reality. In the especific world of Carnaval, this connection is present under different ways of artistic expression, from music, of course, and reaching plastic and virtual arts. The paintings of Alexandre Palma inspired by the Cacique de Ramos, a iconic samba group of Rio de Janeiro’s Carnaval, are a good sample of the possibilities of a talented artist to show to the world Rio’s more important expressions of our popular culture. Created in january 1961, the Cacique – how it is known – is the craddle of famous samba interprets, as Beth Carvalho, Zeca Pagodinho, and of the Back-Yard Group, recognized as a Cultural and Immaterial Patrimony of Rio de Janeiro, and has received the homage of the Medal Tiradentes. Now it has the unforgetable honour of being choosed as the theme of one artist endowed with an special inspiration. And hail Alexandre Palma!
Carlos Alberto Medeiros
Bacharel em Comunicação e Editoração e Doutor em História Comparada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Militante do Movimento Negro desde a década de 1970 e um dos maiores especialistas no Brasil em Políticas de Ação Afirmativa. É autor de “Na Lei e na Raça” (RJ: DP &A, 2004) e tradutor de mais de vinte obras de Zygmunt Bauman.
I am Cacique!
A prioridade na arte depende de vários fatores: não há nada absoluto. Em muitos momentos, o prazer de desenhar uma charge ou a atuação na Escola de Belas Artes da UFRJ me trouxeram novas possibilidades. Depois o storyboard se tornou a ligação entre as artes visuais e o que realizei no cinema-documentário, mas hoje retorno à pintura. E não é uma novidade porque quando comecei em 1999 a cor já aparecia como grande desafio.
The priority in arts depends on several factors: there’s nothing absolute. At different times, the pleasure of drawing a cartoon or work at Escola de Belas Artes (UFRJ) has given me new possibilities. After that, the storyboard creation became a bond between visual art and my work as a movie documentarist; nowdays I return to painting. And this is not something new, because when I started to paint, in 1999, the colour was already a great challenge.
Agora a atitude e os procedimentos são diferentes: aqui busco uma maneira mais espontânea de explorar o uso do vermelho, do branco e do preto, a paleta do Cacique de Ramos. O mais importante é o tributo aos sessenta anos do bloco sem desconsiderar essa atmosfera de calor como multiplicadora, em outro plano, de inquestionáveis tensões no presente. O desafio da cor está em todas as composições: enquanto artista relembro trajetórias de minha família na zona norte, revisito passagens como folião-observador na Avenida Rio Branco e seleciono imagens recentes de quando saí como componente na Ala Carajás ou na Ala Guerreiros do Cacique. Nesta série, procuro transpor a agremiação intercultural e barroca para o espaço pictórico, sublinhando a gestualidade no uso da tinta óleo e da aquarela. A tentativa de diálogo com a figuração inclui fragmentos sobre a cultura afro-brasileira e a questão indígena, dois dilemas modernistas que se reconfiguram em novas tendências na arte contemporânea.
Currently, attitudes and proceedings are different: here, I seek a more spontaneous way to explore the colours of Cacique de Ramos – red, white and black. The most important is the tribute to the sixty years of Cacique celebrations, without underestimate the warm atmosphere that, in another perspective, multiplies unavoidable tensions at present. The colour’s defy appears in every composition: as an artist, I remember my family at the North Zone of Rio, I mentally go back as a FOLIÃO observer to the Carnaval at Rio Branco Avenue, and select recent images from the day I participated in the parade of Cacique de Ramos, at the Ala Carajás or the Warriors Ala.
Desejo que o meu trabalho possa inspirar diferentes brincantes de Santa Teresa e visitantes do Rio de Janeiro neste Carnaval de expectativa pós-pandêmica. São pinturas nas quais a forma se articula no espaço urbano: vemos o espetáculo de fogos na saída do Cacique, os anônimos, os protagonistas e, finalmente, o padroeiro da cidade na quadra da Rua Uranos. Saúdo o nosso protetor na folia e em todos os dias do ano, entoado pelo Mestre Messias (1942 – 2011): “São Sebastião... todos são... Sebastião... virou referência de janeiro... na beira do Rio Carioca...é santo de vida no terreiro... na dança dos bantos brasileiros”.
Alexandre Palma, fevereiro de 2022.
In painting, I pretend to transfer the baroque and intercultural aggremiation to a pictoric space, exploring gestures in aquarelle and oil. The effort to dialogue with figuration includes fragments of afro-brazilian culture and the indigenous themes, two modernists dilemmas at contemporary art. I hope this work can inspire different players at Santa Teresa neighbourhood and visitors to the city of Rio de Janeiro, in expectation of a Carnaval after pandemic. These are paintings in which form is articulated with urban space: we can see the fireworks glittering at the parade of Cacique de Ramos, the anonymous people, the protagonists and, at last, the patron saint of the city at the club of Uranos Street. I greet our protector in the celebration and in every day of the year, as Mestre Messias (1942-2011) sings: “São Sebastião... todos são... São Sebastião... virou referência no terreiro... na dança dos bantos brasileiros”.
Alexandre Palma, february 2022.
@_alexandrepalma Artista plástico tendo estudos iniciais com a pintora Nadyr Marques até os ateliês do Parque Lage e da Escola de Belas Artes, onde hoje leciona Metodologia no Curso de Artes Plásticas da UFRJ. É pós-graduado em Cinema-Documentário na Fundação Getúlio Vargas e dirigiu curtas-metragens sobre Patapio Silva e Casquinha da Portela. Realizou cenografia para o show de Décio Rocha no Teatro Odisseia e foi ilustrador do Jornal Bafafá. Atuou como bolsista da Fundação Biblioteca Nacional no I Edital de Realizadores Negros com o projeto de pesquisa sobre o pintor Antonio Rafael Pinto Bandeira (1863 - 1896) e foi diretor da Associação dos Artistas Visuais de Santa Teresa/RJ. Exposições individuais / One-person Exhibitions 2017 – 27.ª Arte de Portas Abertas – Hostel Orient / RJ 2011 – Um Traço de Pincel – Sala Djanira / RJ (Curadoria de Suzi Coralli) 2003 – Aquarelas – UNIVERSO, Niterói/RJ (Curadoria de Gizella Bourlier) 2002 – Lapa: ontem, hoje e sempre – Casa Hombu / RJ 1999 – Vai Passar – SESC Nova Friburgo / RJ (Curadoria de Emílio Gonçalves) Principais exposições coletivas / Main Group Exhibitions 2021 – Prêmio Internacional de Desenho – Museu Bordalo Pinheiro, Portugal (menção honrosa) 2020 – “Abstração e Figuração” (fevereiro) e “Desvio para o Vermelho (abril) - Zagut 2019 – À sombra das palmeiras – FACHA (Curadoria de Lígia Teixeira) 2014 – Salve São Jorge – Sergio Gonçalves Galeria / RJ Curadorias / Curators 2019 – Santa Teresa: memórias, sonhos e reflexões – Roberto Cuíca (fotografia) – Espaço ARP, Nova Friburgo / RJ 2018 – Os Quatro Cavaleiros do Apocalipse (pintura) – Galeria Modernistas / RJ
AÇÕES CULTURAIS Abertura (vernissage): 19 de fevereiro de 2022, sábado, às 17 horas Performance Vermelho 22 Com Alexandre Palma Lançamento do catálogo Visita mediada: 12 de março de 2022, sábado, de 15 h às 17 h Com Alexandre Palma Encerramento (finissage): sábado, 2 de abril de 2022, às 17h Roda de conversa: Pós-Carnaval, Pós-Modernismo Convidad@s: Augusto Herkenhoff (Galeria Zagut), Salloma Salomão (músico, pesquisador e autor de “As Aventuras do Pequeno Samba”) e Thelma Innecco (artista visual). Mediação: Alexandre Palma Apresentação musical Visitação: Quinta a sábado – 11 às 17 h Domingo – 10 às 14 h Agendamento e informações: 21-981393892 thelma.v.innecco@gmail.com
Programação sujeita a alterações: todas as ações atendem protocolos de saúde vigentes na cidade do Rio de Janeiro. Siga @galeriamodernistas
REALIZAÇÃO Galeria Modernistas COORDENAÇÃO Thelma Innecco CURADORIA Augusto Herkenhoff TEXTO DE APRESENTAÇÃO Carlos Alberto Medeiros Assessoria de Imprensa Cezanne Comunicação Design e Projeto Gráfico Bruno Goulart Correia Versão em inglês do catálogo Maria Inês Duque Estrada Fotografia Carlos Junior Documentação audiovisual Diego Felipe Souza
Agradecimentos:
Pedro Índio, Angela Santana, Diógenes Paixão e Márcia Cristina Varrichio. E a todos os meus familiares. APOIO CULTURAL Bar do Mineiro Rua Paschoal Carlos Magno, 99, Santa Teresa - RJ. Tel. 21 - 22219227