FASCÍCULOS DE JORNALISMO - COMPREENDER A PROFISSÃO
Jornalismo & Celebridades Fama, entretenimento, televisão, eventos, sucesso, fama, fofoca, privacidade, informação, personalidades... Você se interessa pelo mundo das celebridades? Então, entre neste fascículo. Venha conhecer os detalhes da imprensa que cobre esta área: a opinião de importantes profissionais, a história de grandes veículos e as tendências do mercado de trabalho para futuros jornalistas
Apresentação | Caro leitor
Expediente
Movidos pela curiosidade
O
fascículo Celebridades apresenta aos estudantes de jornalismo a carreira de profissionais que se dedicam ao mundo do entretenimento. O ser humano, ao longo da história, sempre carregou a curiosidade dentro de si, e esse é um sentimento natural que sempre nos instigou. Por esse motivo, os famosos sempre causaram algum tipo de comoção por onde quer que estejam, ora amados ora odiados, mas sempre em evidência nos veículos de comunicação. Os responsáveis por nos manter informados sobre essas personalidades, assim como matar a nossa curiosidade, são jornalistas que dedicam suas vidas a uma das áreas jornalísticas mais movimentadas da atualidade. Nas próximas páginas, você encontrará entrevistas com profissionais que trabalham em grandes veículos, além de descobrir como é a rotina em uma redação, ler sobre a história de uma das maiores revistas voltada para o jornalismo de celebridades, saber como está o mercado para quem quer atuar neste ramo e, por fim, descobrir quais são as mídias que tratam do universo dos famosos.
Seção | Depoimento “Fama e reconhecimento são uma ambição pessoal” “Meu nome é Cesar Fonseca, tenho 20 anos. Estudo e trabalho com moda. O meio das celebridades sempre me atraiu. Sou um consumidor assíduo das revistas que cobrem tal área, pois elas me colocam em conexão com esse mundo. Gosto porque eu me projeto no objeto de estudo delas, já que a fama e o reconhecimento são uma ambição pessoal e algo que todo ser humano, em algum nível, busca. Sou um leitor frequente de publicações como a Caras, Contigo e Quem (não perdendo praticamente nenhuma edição). A avaliação que faço a respeito do jornalismo de entretenimento é de que existe uma necessidade comercial muito grande de ter informações constantes que atraiam ao leitor e que, muitas vezes, a procura é maior do que a demanda. Graças a isso, a mídia transforma muito do seu conteúdo, já que quase sempre a realidade crua dos fatos é tão interessante. Principalmente em revista, a visão fabricada sobre a vida das celebridades é, em parte, fictícia e caricata. Não julgo isso um problema, pois a existência constante de notícias novas sobre a vida de pessoas famosas entretêm os leitores, quase que cumprindo o papel de um livro, contando histórias que podem ser divertidas e maliciosas. Por mais que prejudiquem alguns famosos, a exposição é benéfica na maioria dos casos. A maioria das celebridades precisa ser comentada na mídia para poder sobreviver, seja falando bem ou mal. Obviamente, deve existir um cuidado que muitas vezes não há. Isso é um problema, mas não vejo o jornalismo de celebridades como fútil, e sim como algo útil que põe em prática um serviço que beneficia suas várias partes.” Depoimento apurado pelo repórter André Brandi
Chanceler Alzira Altenfelder Silva Mesquita Reitor José Reinaldo Altenfelder Silva Mesquita Pró-reitor de Graduação Luis Antônio Baffile Leoni Pró-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação Alberto Mesquita Filho Pró-reitoria de Extensão Lílian Brando G. Mesquita Diretor da Faculdade de LACCE Rosário Antonio D’Agostino Coordenação do Curso de Jornalismo Anderson Fazoli
Dois Pontos é um projeto experimental dos alunos de jornalismo (3ACSNJO e 3MCSNJO), desenvolvido na disciplina Jornalismo Impresso, em 2013. Orientação e Coordenação editorial Profa. Jaqueline Lemos (MTB 657/GO) Revisão Prof. Daniel Paulo de Souza Diagramação Alexandre Ofélio (MTB 62748/SP) Redação Editora assistente Jéssica Scaraficci (RA: 201004923) Repórteres Alexandre Novaes (RA: 201108188) Amanda Monteiro Turano (RA: 201114320) André Brandi RA: 201106378 Pamella Sorrentino Pestana (RA: 201114322) Capa Alexandre Novaes
2 | DOIS PONTOS
Pingue-Pongue | Giulianna Campos
“Temos que saber tudo sobre o artista” Apaixonada pelo glamour dos famosos, jornalista conta como começou a trabalhar com as estrelas e fala sobre sua vida como repórter de uma revista de celebridades
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Por Pamella Pestana ovem e alegre, Giulianna Campos é repórter da revista Quem. Fã de atores e atrizes desde pequena, ela não pensou duas vezes quando recebeu o convite para trabalhar na redação da revista. Deixou a família e a cidade de Campinas, onde vivia e estudava, para vir morar em São Paulo. Fez a cobertura da internação de Hebe Camargo no hospital e, na época, foi a primeira a publicar a alta da apresentadora no portal G1. Acompanhou o casamento do Príncipe William com Kate Middleton para a Quem e já entrevistou muitos cantores e cantoras famosos. Também cobriu eventos e desfiles vários. Ela conta para o fascículo Dois Pontos como é o trabalho no mundo das celebridades..
Dois Pontos: Há quanto tempo você trabalha com celebridades? Giulianna Campos: Eu trabalho na Quem há três anos e meio. Entrei na redação da revista quando eu saí da faculdade. Desde pequena, eu sempre amei os famosos. Sabia tudo sobre eles e sempre acompanhava tudo. Minha mãe assinava a revista Caras! Dois Pontos: Como foi o início do seu trabalho na revista? Giulianna Campos: Nós fizemos uma revista para a faculdade e a professora convidou a editora da Quem para participar da banca. Ela adorou a nossa revista e me convidou, junto com mais duas amigas, para conhecer a redação da Quem. Naquela mesma época eu já comecei a fazer trabalho de freela para eles. DoisPontos: Como é a sua rotina na redação? Giulianna Campos: Eu escrevo matérias e faço entrevistas com famosos, além de escrever algumas seções fixas da revista. Também dou sugestões de pautas, e quando faço isso, é importante se lembrar de ser diferente. Agora, por exemplo, não dá para sugerir entrevistar a Paola Oliveira. Ela é protagonista da novela [Amor à Vida, TV Globo] e todo mundo quer fazer isso. Eu preciso fazer uma matéria com uma pessoa que não seja uma escolha óbvia, mas que tenha ganchos, como uma novela por estrear. Não posso tirar nenhum famoso da cartola. Dois Pontos: Como você faz sua pesquisa para entrevistar um famoso? Giulianna Campos: Se for um artista novo, eu tenho que pesquisar toda a vida dele. Mas se for uma pessoa que trabalha no meio artístico há muito tempo, não tem necessidade de fazer perguntas sobre o início de carreira. Dois Pontos: Além das seções fixas e entrevistas, o que mais você faz na revista?
Arquivo Pessoal
Giulianna Campos: Eu costumava cobrir eventos, mas agora não faço tanto quanto antes. São estreias de filmes, peças de teatro, eventos de lançamento de uma coleção, por exemplo. Dois Pontos: Como é a cobertura desses eventos e como vocês chegam até os famosos que estão presentes? Giulianna Campos: É importante lembrar que esses eventos são diferentes de entrevistas. Às vezes, nós nem sabemos quem vai estar lá. Existe uma lista e são confirmadas três pessoas. No fim, aparecem dez. Temos que saber tudo sobre o artista para fazermos uma boa pergunta. Além disso, as notícias devem ser atualizadas instantaneamente. Então, quando entrevisto algum famoso durante uma exposição de arte, por exemplo, eu ligo direto para a redação e eles atualizam o site. Se eu demorar, os concorrentes já terão passado a informação para o público. Dois Pontos: Hoje em dia, os famosos têm muitos perfis espalhados pelas redes sociais. Como vocês lidam com a internet? Giulianna Campos: A internet nos ajuda bastante. Com ela, a notícia é gerada pelo próprio famoso. Quando ele escreve um comentário no Twitter ou coloca uma foto no Instagram nós ganhamos muito material, então, ao invés de ignorarmos isso, nós nos unimos a internet.
Giulianna Campos é repórter da Quem. Deixou a cidade de Campinas, onde morava, para trabalhar com o mundo das celebridades.
“A internet nos ajuda bastante. Com ela, a notícia é gerada pelo próprio famoso” DOIS PONTOS | 3
Reportagem | História
Reportagem | Rotina
Conte-me mais!
Quem faz acontecer
Por Jéssica Scaraficci
Por Amanda Monteiro
Uma das maiores publicações no ramo de celebridades comemora 50 anos. Seu sucesso se deve às adaptações que promoveu para estar de acordo com o seu público e com as novas mídias
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m clássico no jornalismo de entretenimento, a revista Contigo! está no mercado editorial desde 1963 e é uma das mais antigas da Editora Abril. Inicialmente com tiragem mensal, o foco da revista mudou bastante durante os anos, uma vez que, em suas primeiras edições, o estilo paparazzi predominava. Diante do momento da Jovem Guarda e do Tropicalismo no cenário musical, a revista voltou-se para essa vertente, buscando sempre inserir grandes nomes da música em suas páginas, como Roberto Carlos e Chico Buarque. Nos anos 1970, começou a cobrir celebridades da televisão, acompanhando o fanatismo que as pessoas criaram pelos personagens de novela que estavam sempre estampando a capa. Nos anos 1980, o uso de manchetes chamativas, e um tanto quanto apelativas, fizeram parte do momento sensacionalista da revista. Desde 2004, com o avanço das mídias, a revista ampliou seus horizontes e fez algumas mudanças gráficas e editoriais, focando bastante no entretenimento em geral e
As capas da revista são muito chamativas, sempre retratando uma celebridade em evidência Reprodução
O ator Tony Ramos no destaque da capa de uma edição da Contigo publicada em 1979 4 | DOIS PONTOS
Reprodução
O casal Bruna Marquesine e Neymar na capa de uma edição da Contigo! publicada em 2013
usando as redes sociais como apoio. O maior investimento se dá com os grandes ensaios fotográficos, em “entrevistões” e pautas ligadas também a outras áreas que não sejam necessariamente voltadas à TV, como o cinema, teatro, literatura, culinária e até mesmo o esporte. “Se antes a apuração era feita por telefone ou pessoalmente, hoje é possível saber o que fez e como pensa uma celebridade com a ajuda de suas postagens nas mídias sociais. Isso dá veracidade às matérias, elimina as chances de boataria, mas também tira o caráter exclusivo da matéria - já que todo mundo tem acesso ao mesmo tipo de informação”, conta Luciana Bugni, ex-repórter da revista Contigo!. As capas são muito chamativas, sempre retratando uma celebridade em evidência. Entretanto, há uma mudança de conceito. Nos anos 1980, as fotos eram escandalosas e sempre cheias de espontaneidade. Hoje, quase sempre, o artista está de acordo com os flashes que muitas vezes são disparados em estúdios fotográficos. Os concorrentes diretos da Contigo! são as revistas Caras, Quem Acontece e IstoÉ Gente, e sua frequência passou a ser semanal, atingindo uma tiragem média de 200 mil exemplares no período. O público predominante é o feminino, que compõe 80% dos leitores e está dentro da faixa etária de 20 a 34 anos, das classes sociais B e C. Com todo o trabalho de apuração e acompanhamento da vida das celebridades, o dia a dia dos repórteres é bem puxado. “O ritmo de trabalho é semelhante ao de um jornal diário. Por tratar de assuntos quase que instantâneos, estamos sempre mudando o espelho, trocando matérias, redirecionando pautas”, comenta Jorge Luiz Brasil, redatorchefe da Contigo!. “Na segunda-feira, fechamos a capa e as matérias mais quentes. Na terça-feira fazemos a reunião de pauta, o espelho da próxima edição e as matérias já começam a ser tocadas. Na sexta-feira, fechamos metade da revista, mas há a possibilidade de trabalharmos sábado e domingo, se necessário”, acrescenta Jorge. Algumas coberturas se tornaram marcos para a história da Contigo!, que consegue ganhar mais visibilidade ainda com edições especiais em casos de morte de celebridades ou em grandes eventos, como no caso do casamento real em 2011, que ganhou uma matéria especial.
O cotidiano de repórteres na redação de uma das mais badaladas revistas de celebridades é agitado e com pitadas desafios
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ícaras de diversas cores compõem um cenário bem familiar para os jornalistas. O relógio no centro da redação, conhecido como um obstáculo antigo, lembra esses profissionais a hora certa para dar um furo ou para fechar a apuração. O deadline sempre fala mais alto. No mundo das celebridades, a notícia não tem um momento certo ou local específico para acontecer, afinal, os que são agraciados com a popularidade entre o público leitor deste segmento são, querendo ou não, pessoas como nós, de carne e osso, e por mais que as agendas se cumpram, sempre há os agentes interventores do destino com uma surpresa inesperada. Pôsteres gigantes que revelam personalidades do horário nobre da TV ou da ilustríssima nobreza, são uma parte da decoração encontrada na redação da Quem. A revista, da editora Globo, que tem o mesmo conteúdo distribuído por todo o território nacional, possui uma produção de material para a publicação semanal, a qual acontece entre uma ponte feita pelas cidades do Rio de Janeiro e São Paulo, sendo a última a grande detentora das decisões tomadas durante o fechamento das edições. O final de semana tão aguardado para o descanso da maioria dos trabalhadores também é esperado com grande euforia para os profissionais do meio, mas não pelos mesmos motivos. É entre a sexta-feira e o domingo que as principais notícias acontecem. As badalações, aniversários, comemorações, lançamentos de filmes, livros e cds podem ter datas diferenciadas, mas quase tudo fica concentrado nos em três dias. Para isso, os profissionais são divididos em turnos, que acompanham os eventos durante o dia e a noite, com um intervalo de descanso considerável para a elaboração de conteúdo. Na frenética rotina dos jornalistas, o trabalho coletivo é uma peça chave para a realização das tarefas. “Equipes são divididas entre os que produzem notas e conteúdo para o site e os que cuidam das matérias que saem na revista. Entre jornalistas e fotógrafos, as reuniões de pauta acontecem com toda a equipe, sempre às terças-feiras”, conta Giulianna Campos, repórter da Quem. “Sem nenhum espaço para eventuais barrigas que são veiculadas em outras revistas, a Quem apresenta um trabalho em que jornalistas entram em contato com as celebridades ou a assessoria de imprensa para checar os
fatos e conseguir ainda mais exclusividade no momento da publicação”, diz Giulliana. As pesquisas são outro ponto totalmente crucial para as possíveis pautas quentes. Quem está em evidência, que eventos apontam como possíveis capas, rompimentos e novos casais fazem parte de um estudo da movimentação da semana. No caso das pautas frias, as notícias são fechadas antes. É o caso das seções especificas da revista, como as fotografias e colunas que possuem uma disposição fixa entre as páginas. O trabalho é concluído pelo editor chefe sempre às sextas-feiras. “Tiramos as fotos
em campo e depois analisamos junto com os editores quais delas merecem o destaque da edição”, diz Mariana Quintão, estagiária de fotografia da revista. O zelo pela boa qualidade e um trabalho transparente dá o resultado que se vê no sucesso da Quem. Ao contrário do que se pensa, o trabalho diário na redação se apresenta difícil e multifacetado, desafiando o tempo, a ética e o caráter dos profissionais que a compõem, revelando a importância não só de Quem Acontece, mas também de quem faz a informação acontecer.
Na frenética rotina dos jornalistas, o trabalho coletivo é uma peça-chave para a realização das tarefas
Reprodução
Capas da revista Quem, edições de 2013 DOIS PONTOS | 5
Reportagem | Olhar Crítico
Reportagem | Mercado de Trabalho
O “eu” famoso
Na trilha da fama
Em seu livro O show do eu: A intimidade como espetáculo, Paula Sibilia estuda o desejo que temos de ser observados e sua relação com as novas tecnologias da sociedade pós-moderna
Por André Brandi
Por Alexandre Novaes
A
sociedade do espetáculo não é um objeto de estudo recente. Abordado principalmente na segunda metade do século XX, não é novidade que o ser humano moderno procura pela fama. A exposição própria é algo que se torna cada vez mais inerente à nossa sociedade e, como Paula Sibilia comenta, a palavra “famoso” deixou de ser um adjetivo para se tornar um substantivo autossuficiente. Queremos ser famosos. O porquê, porém, nunca havia sido explicado de maneira tão atual quanto em O show do eu: A intimidade como espetáculo.
O livro torna possível uma maior compreensão sobre a popularidade das redes sociais e de ferramentas como o YouTube
Na publicação de 2008, da editora Nova Fronteira, a estudiosa de comunicação dialoga com o trabalho de Franz Kafka, Nietzsche, Walter Benjamin, Virginia Woolf e de boa parte dos pensadores que colocaram o assunto em pauta. O livro tem origem na tese de doutorado defendida em 2007 pela pesquisadora na Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro. A obra torna possível uma maior compreensão sobre a popularidade de redes sociais e de ferramentas novas como o Youtube, que servem para exibir o dia a dia pessoal de seus usuários. O assunto não é fácil e a autora não esconde isso, usando nove capítulos e quase trezentas páginas, com uma narrativa que sempre opta pelo caminho mais complexo. Entretanto, a resolução encontrada é das mais simples. Procuramos o estrelato para fugir da solidão, já que a melhor forma de afirmar nossa existência é exibindo-a para os outros. Segundo ela, “slogans de sites como Twitter, Youtube e Facebook já anunciam um eu visível, que busca reconhecimento nos olhos alheios e, sobretudo, o cobiçado troféu de ser visto. Cada vez mais, é preciso aparecer para ser”. O caminho que Sibilia traça para chegar a tal conclusão parte entre os séculos XVIII e XXI, quando o individualismo desabrochou e o êxodo rural e a revolução industrial promoveram a “morte” da experiência própria. A vontade de se tornar uma pessoa singu-
lar, aliada à velocidade com que se recebiam informações novas, não dava margem para uma reflexão pessoal de mundo. Não mais se interessava no que cada um fazia e sim no que cada um era. Surgiu então o conceito de transformar a vida pessoal em vitrine para partilhar a intimidade. Do capítulo quatro em diante, é mostrada a evolução de tal processo, que era usado sutilmente na forma de literatura. Sibilia disse que “a principal obra que os autores produziam era um personagem chamado Eu”. Tal tentativa de vender a própria personalidade foi ficando gradualmente mais fácil e mais intensa até culminar na superexposição da internet, em que o eu atual busca desesperadamente aprovação alheia. No capítulo final, Eu espetacular, vemos todos os pontos do livro chegando juntos em uma reunião bem articulada de seus argumentos que promovem reflexão, mesmo ao ressaltar pontos há muito já cobertos. A história é tão antiga quanto é recente, e Sibilia faz bem o papel de contextualizá-la e justificá-la. O show do eu: A intimidade como espetáculo termina sendo obrigatório para quem tem a ambição de entender de onde vem o desejo inato que temos de ser reconhecidos. Mais que isso, é uma análise da alma do individualismo moderno que, “trata a vida comum como um verdadeiro mercado de personalidades, no qual a imagem pessoal é o principal valor de troca”. SUGESTÃO DE LEITURA
Alexandre Novaes
Alexandre Novaes
O show do eu: A intimidade como espetáculo, de Paula Sibilia, é uma publicação de 2008, da editora Nova Fronteira.. 6 | DOIS PONTOS
O interesse pelo mundo dos famosos está sempre em alta, e trabalhar em veículos que tratam desse assunto é o desejo de muitos jovens jornalistas
A
s celebridades parecem pertencer a uma área distinta do jornalismo. Os profissionais que já trabalham há algum tempo com esse segmento, vivenciam o que, para muitos estudantes, pode ser uma experiência realizadora. Para fazer parte desse universo particular, não existem regras específicas a serem seguidas, nem mesmo um manual de como ser o repórter dos famosos, mas alguns caminhos podem ajudar o estudante interessado em construir uma carreira de sucesso. “Embora muitas empresas de comunicação tenham reduzido o seu número de jornalistas efetivos nos últimos tempos, é necessário se arriscar”, sugere o jornalista Gabriel Perline, repórter do Caderno 2 e do Divirta-se (suplementos de Cultura e Lazer) do jornal O Estado de S. Paulo. Assim como em outros segmentos do jornalismo, ética, compromisso com a informação, curiosidade, interesse, bom texto e criatividade são as qualidades indispensáveis para o quem quer atuar neste ramo. “Ter conhecimento sobre o tema é fundamental, pois sem ele, raramente surgirá na primeira oportunidade. Também considero importante acompanhar os noticiários. Embora algumas mídias, principalmente sites de fofocas de tom apelativo, terem provocado certo ranço em muitos famosos que simplesmente se recusam a dar entrevistas. Ainda assim, há veículos que conseguem manter um bom nível de informação de entretenimento”, conta Gabriel. O jornalista alerta também sobre o descuido que alguns profissionais podem ter diante de situações comuns dessa rotina. “Recomendo uma boa dose de pé no chão, afinal, uma das funções do repórter é aproximar as celebridades de seus fãs através de notícias relevantes. É neste momento que entra o bom senso. Fazer a linha de melhor amigo de algum famoso no meio de uma entrevista pode te fazer perder uma boa matéria”, explica. O jornalista ainda fala sobre outras maneiras de explorar o tema celebridades e de criar conteúdos interessantes. “Não se limite a se informar apenas sobre a rotina de sua editoria e procure estar atento a tudo que acontece no mundo. Muitos famosos não aguentam mais falar de suas vidas, mas adoram conversar sobre política, meio ambiente, literatura e turismo. Sua bagagem cultural pode lhe render boas entrevistas”, conclui.
Alguns caminhos podem ajudar o estudante interessado em construir uma carreira de sucesso Gabriel nem imaginava escrever sobre celebridades quando fazia faculdade. “Deixei-me levar pelas oportunidades que surgiram dentro de uma área de interesse que descobri ao cobrir o mundo dos famosos”, comenta Gabriel, que foi aos poucos descobrindo o gosto por esse universo. Seu primeiro contato com o que viria a ser o seu ofício foi pouco antes de sua graduação, quando surgiu a oportunidade de coordenar a redação de uma agência de assessoria de imprensa que prestava serviços ao site da revista Caras. “Mesmo sem muita intimidade com o tema, aceitei na hora”, lembra Gabriel. A jornalista Emily Guimarães é um exemplo de como agências de assessoria podem colocar os jovens profissionais em contato com veículos especializados em celebridades. “Comecei na assessoria como estagiaria e hoje faço o atendimento júnior. Não trabalho o dia todo com celebridades, mas já tive boas oportunidades nesse âmbito. Também crio textos sobre moda de celebridades e tendências que elas usam ou lançam na TV”, conta a jovem que já trabalha há dois anos e meio na área.
Jota Martins
DOIS PONTOS | 7
Seção | Sugestões & Dicas
Para ler Quem Acontece
Caras
Contigo!
Revista semanal publicada pela Editora Globo. Mostra as novidades das celebridades nacionais e internacionais.
Revista semanal publicada no Brasil pela Editora Abril. Também circula em países como Portugal e Angola.
Revista semanal, criada em outubro de 1963 pela Editora Abril. É a terceira maior redação da Editora Abril, atrás da Veja e Exame.
Papel Pop papelpop.com Veículo de entretenimento voltado para o mundo musical e entretenimento em geral. Sempre com notícias cheias de humor e ironia.
Portal Vírgula virgula.uol.com.br
TVFama – RedeTV!
Hoje em dia – Record
Vídeo Show – Rede Globo
É apresentado por Nelson Rubens e Flávia Noronha, com quadros sobre lançamentos no cinema, notas sobre famosos, flagra dos artistas, entre outros.
Baseado em programas americanos, o programa tem quadros mais abrangentes, além de celebridades.
Voltado para celebridades da televisão (em especial os atores Globais). Aborda principalmente o mundo das novelas.
Fora do Ar – Nitro Music radionitromusic.com.br
Conversa com a Jatobá – Rádio Globo SP AM
Ab ord a n ot í c i a s s o bre o mu n d o d o s c a n t ore s f a m o s o s .
Apresentado por Rosana Jatobá, o programa apresenta sempre uma conversa com um artista diferente.
Para navegar
Ego ego.globo.com Portal da Globo sobre famosos, moda, beleza, horóscopo, paparazzo e fotos. Predominância de notícias de flagrantes.
Site da Jovem Pan FM com parceria do UOL, voltado para todos os tipos de celebridades.
Para assistir
Para ouvir Pânico – Jovem Pan FM Entrevistas sem frescuras com celebridades. Muita ironia, humor e irreverência.
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