ÍNDICE
PRINCIPAIS FATOS
A catástrofe ocorrida no Rio Grande do Sul, por conta das enchentes, tomou a atenção por completo de todo o País. Cidades inteiras foram destruídas e a forte inundação atingiu a capital gaúcha, Porto Alegre, levando a morte cerca de 200 e milhares que continuam desabrigadas. É um quadro dramático, pois haverá a necessidade de uma reconstrução relevante, que certamente jamais havia sido cogitado anteriormente. As águas também invadiram o aeroporto internacional da capital, o 10º mais movimentado do País, levando a uma interrupção indefinida das operações.
Além dos aspectos humanitários, que são prioridades nesse momento, de ajuda de mantimentos e alimentação, haverá num outro grau o impacto na economia brasileira em decorrência da relevância econômica do Estado, o quinto maior PIB do Brasil, participando com 6% do total. É um grande produtor de arroz, soja, trigo, uvas, entre outros cultivos e que fica a dúvida sobre potencial da área plantada e a produtividade da próxima safra, uma vez que não se sabe a qualidade do solo inundado. Sem contar que indústrias importantes como a do aço, também relevantes na região, sofrem e geram um efeito negativo por conta de uma paralização na produção, dos trabalhadores abalados com a situação e na limitação logística, com estradas interditadas em vários pontos. Esse cenário, a princípio, pode contribuir com uma influência de -0,2% no PIB nacional, que está sendo previsto para este ano em torno de 2%. Vale apontar outro fator que deve limitar um avanço mais forte da economia: os juros elevados. O Conselho de Política Monetária do Banco Central decidiu frear o ritmo de quedas da taxa básica de juros de 0,50 p.p. para 0,25 p.p, levando a SELIC para o patamar de 10,50% ao ano.
A cautela em reduzir mais os juros está no fato do governo brasileiro não conseguir efetivar o seu plano de zerar o déficit fiscal para este ano, postergando essa intenção para 2025, ou seja, 2024 sendo mais um ano com as contas no vermelho. Essa mudança traz incertezas no mercado e afeta também a moeda brasileira que segue oscilando entre o patamar de R$ 5,10 por cada dólar. Esse, sem dúvida, é o calcanhar de Aquiles do país, porque atravanca os investimentos e deixa a economia brasileira com um grande peso nas costas, sem condições de uma tração mais robusta. E isso é possível observar nos principias setores da economia, que nos dados mais recentes, de março, aponta para queda de 2,9% na indústria, para uma retração de 2,3% nos serviços e o comércio é o único que segue no positivo com aumento de 5,7%, porém com resultado positivo concentrado nos segmentos essenciais como supermercados e farmácias.
A restrição de consumo das famílias, de não conseguir ampliar nas atividades com produtos que demanda crédito e comprometimento de longo prazo como eletrodomésticos e veículos, é derivado de uma pressão nos preços. O IPCA, do IBGE, que é o índice oficial de inflação, registra alta de 1,80% no acumulado até abril. Porém, o principal grupo de consumo das famílias, alimentação e bebidas, aponta o dobro dessa variação, de 3,59%, ainda com influência do período do El Niño que prejudicou a produção agrícola, reduzindo a oferta disponível.
O turismo vem perdendo o seu folego ao longo deste ano. Em março, segundo dados da FecomercioSP, o faturamento cresceu somente 0,4%, resultado segurado pelo aumento de 17% no setor de alojamento e de 8,3% em alimentação, pois a maioria dos segmentos analisados estão com recuo no contraponto anual, com
destaque para a primeira queda após um ciclo positivo de 35 meses. A explicação não está na queda da demanda, pelo contrário, segue subindo. A questão é que as passagens aéreas estão reduzindo de preço e contribuiu para um faturamento menor no setor. No âmbito doméstico, portanto, muitos desafios pela frente e complexos para serem resolvidos, desde as consequências no Rio Grande do Sul, da vulnerabilidade das contas brasileiras, da inflação persistente, da baixa produtividade e alta carga tributária, todos esses fatores limitando o crescimento mais fortes dos setores da economia e do consumo.
Num olhar externo, ainda há um ambiente de cautela com os Estados Unidos mantendo a taxa
DADOS IMPORTANTES:
1
O emprego no 1º trimestre deste ano chegou aos 7,9%, abaixo dos 8,8% do mesmo período do ano passado, de acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, a PNAD. Esse é o menor percentual para o período desde 2014.
RESUMO ABRIL/2024
de juros nas alturas por um tempo mais longo que o esperado e a China que segue com sua população envelhecendo e sem a mesma capacidade de ativação da economia que possuía há alguns anos. O que deve ser favorável ao Brasil é a rápida melhora dos indicadores da Argentina, um dos principais parceiros comerciais do país, com uma inflação sendo controlada e com as contas públicas sendo colocadas em ordem.
O Brasil ao não fazer o seu dever de casa perde uma grande oportunidade de colocar o país num grau mais elevado de crescimento, com confiança dos investidores estrangeiros e com uma geração ainda mais forte de emprego e renda. Mas a história mostra que o Brasil sempre perde as grandes chances, infelizmente.
2
O IBC-br, a prévia do PIB medido pelo Banco Central, apontou queda em março de 2,18%, no entanto, sobe 1,04% no trimestre.
3
A taxa de juros média praticada para os consumidores no Brasil chegou a 53,4% ao ano no mês de março, bem abaixo dos 58,6% do mesmo período de 2023, acompanhando a tendência de queda da SELIC.
*LTM - Últimos doze meses
Legenda: Verde, Vermelho e PretoOs dados ficam melhores, piores e iguais do que no mês anterior.
ÍNDICES DE CONFIANÇA:
O Índice de Confiança do Consumir (ICC) registrou a segunda queda consecutiva e atinge os 129,6 pontos em abril, queda de 2,2% em relação a março, porém, se mantém 3,6% acima do patamar de abril de 2023. Esse é o menor nível desde outubro do ano passado e a inflação é a grande vilã, principalmente em relação aos alimentos que sobem o dobro da média geral. A queda da confiança tem tido consequência na retração nas vendas de segmentos de bens duráveis, como os eletrodomésticos e eletrônicos, pois o orçamento no momento está sendo direcionado aos gastos básicos do domicílio.
O Índice de Confiança do Empresário do Comércio (ICEC) recua 1,9% em abril e volta ao patamar de janeiro. Os 108,9 pontos do mês são praticamente iguais ao visto um ano antes. Os empresários do setor, além de enxergarem um cenário menos favorável para a economia brasileira no futuro próximo, estão com dificuldades de aumentar suas margens dado o aumento de custos, seja operacional ou financeiro. Esse quadro de incertezas e desafios limita o avanço da confiança.
Consumer Confident Index (ICC) and Comerce Businessman (ICEC)
Índice de Confiança do Consumidor (ICC) e Empresário Comercial (ICEC)
Note: O ICC e ICEC variam de 0 a 200. De 100 a 200 pontos é considerado um patamar otimista, e abaixo dos 100 pontos pessimista. Apesar dos indicadores serem da cidade de São Paulo, eles seguem na tendência do que está acontecendo no resto do País já que a cidade, maior do Brasil, representa 11% do PIB nacional.
VIAGENS E TURISMO
O ano se aproxima da metade e a performance dos diversos setores da economia do Turismo segue em velocidades e momentos distintos. O Lazer continua forte, mas já em um ritmo mais lento que no boom da retomada, e as viagens corporativas, que devem se recuperar entre o final deste ano e 2025, vivem momento tenso no País, com acusações anônimas e investigação dos processos de uma grande TMC, o que deve gerar mudanças no mercado em geral. A malha aérea continua sendo um grande desafio, ainda mais com a Gol em Chapter 11 e o Aeroporto de Porto Alegre fechado por tempo indeterminado por conta das enchentes ocorridas em maio. A previsão é de um aumento modesto na oferta doméstica e uma expansão limitada no internacional.
LATAM AUMENTA VOOS INTERNACIONAIS
A Latam Airlines anunciou, de uma vez, aumento de voos para oito destinos no Exterior, a partir de 27 de outubro: de São Paulo/Guarulhos para Orlando (aumento de 4 para 7 voos por semana) de São Paulo/Guarulhos para Los Angeles (aumento de 3 para 4 voos por semana) de São Paulo/Guarulhos para Joanesburgo (aumento de 3 para 5 voos por semana) de São Paulo/Guarulhos para Milão (aumento de 5 para 6 voos por semana) de São Paulo/Guarulhos para Roma (aumento de 5 para 6 voos por semana) de São Paulo/Guarulhos para Madri (aumento de 7 para 10 voos por semana).
Já a rota de São Paulo/Guarulhos para Lisboa receberá incrementos mensais, passando de 7 para 8 voos semanais a partir de 28 de outubro até chegar a 11 voos semanais a partir de 9 de dezembro. Antes, em 1º de junho, a Latam vai inaugurar a rota Brasília-Santiago com três voos semanais a bordo do Airbus A320 (174 passageiros) e do Airbus A321 (220 passageiros).
VENDAS NAS OPERADORAS
As operadoras Braztoa venderam R$ 19,24 bilhões em 2023, um crescimento médio de 39% na comparação com o ano anterior e alta de 68,58% na representatividade da associação, no comparado com 2022. Essas empresas embarcaram 11,8 milhões de passageiros no período, alta de 22,7% em relação a 2022.
OS DADOS CONSTAM DO ANUÁRIO
BRAZTOA 2023, DIVULGADO AGORA EM MAIO.
Doméstico: As viagens pelo Brasil representaram 60% do faturamento, atingindo R$ 11,55 bilhões em 2023, alta de 122% na comparação com o ano anterior e recorde histórico nos registros da entidade.
Internacional: As viagens internacionais também contabilizaram crescimento, só que mais moderado, 22% a mais que no ano anterior, alcançando um faturamento de R$ 7,69 bilhões, o que corresponde a 40% das vendas totais. Embora com uma performance mais tímida, ainda assim, este resultado
representa um novo recorde do faturamento internacional, pelo segundo ano consecutivo, conforme registrado pela Braztoa. Esse índice destaca a resiliência e o potencial do mercado de viagens internacionais, mesmo em meio a desafios e mudanças no cenário global.
Passageiros: Em 2023 foram feitos 11,8 milhões de embarques pelas operadoras associadas à Braztoa, alta de 40,5% da representatividade da associação em relação a 2022;
O nacional representou 74% dos embarques totais, alcançando a marca de 8,71 milhões de embarques, incremento de 60% em relação a 2022; Já o internacional teve crescimento de 4,5%, mesmo assim ultrapassando valores históricos da associação e alcançando 3,09 milhões de embarques, o que corresponde a 26% do total.
MAIS DETALHES DO ANUÁRIO BRAZTOA:
70% das vendas são feitas via agências de viagens;
5% por meio de agentes de viagens freelancer; 20% diretamente para o consumidor final; e 5% outros
65,52% das vendas foram feitas por meio de cartão de crédito – à vista ou parcelado; 18,46% por meio de transferência bancária; 8,31% por meio de boleto bancário; 7,71% outros
28,44% venderam a experiência completa (aéreo + hotel + serviços e passeios); 24,03% só hospedagem; 17,22% experiência terrestre (hotel +serviços e passeios);
13,78% cruzeiros; 16,55% outros.
CIDADES MAIS VENDIDAS NO NACIONAL
O Anuário Braztoa 2024 também mostra que as cidades mais vendidas no nacional em 2023 foram:
1. São Paulo
2. Maceió e Porto Seguro
3. Porto de Galinhas e Recife
ATRAÇÕES MAIS VENDIDAS
NO BRASIL EM 2023:
1. O parque temático Beto Carrero World (SC)
2. O parque aquático Beach Park (CE)
3. O parque natural das Cataratas do Iguaçu (PR)
DURAÇÃO DAS VIAGENS
E PERFIL GERACIONAL
A duração principal das viagens nacionais foi de 5 a 9 dias, com tíquete médio nacional de R$ 2.190. O perfil geracional das viagens nacionais ficou dividido da seguinte forma:
29,86% das viagens foram feitas pela Geração Y (34 a 43 anos);
28,82% feitas pela Geração X (44 a 64 anos); 20,73% pelos Baby Boomers (64 a 80+ anos); 14,73% pela Geração Z (14 a 33 anos); 5,86% por crianças/adolescentes de até 14 anos.
No que se refere à antecedência de compra, a predominância é de 31 a 60 dias antes do embarque ( 23,13% ), seguida por:
Acima de 91 dias antes do embarque (22,3%); Entre 61 e 90 dias antes do embarque (19,33%); Até dez dias antes do embarque (17,87%); Entre 11 e 30 dias antes do embarque (17,37%).
DESTINOS INTERNACIONAIS
MAIS VENDIDOS EM 2023
No internacional, a região mais vendida pelas operadoras associadas à Braztoa em 2023 foi a Europa. A duração principal
das viagens internacionais foi de mais de dez dias e o tíquete médio internacional foi de US$ 2.564. Os países internacionais mais vendidos foram:
1. Estados Unidos
2. Itália
3. Argentina
As cidades internacionais mais vendidas foram:
1. Orlando;
2. Buenos Aires;
3. Lisboa, Roma e Punta Cana
Atrações internacionais mais vendidas: Walt Disney World e Universal Orlando
OUTRAS NOTÍCIAS DO MÊS
• Gol e Azul anunciam voos em codeshare dentro do Brasil.
• Trend Operadora realiza Summit em Orlando, com parcerias da Universal Orlando, SeaWorld e Disney Destinations.
• CVC Corp diz que B2B voltará a crescer, depois de resgatada a rentabilidade das empresas do segmento. Aposta na Visual, que tem 60% das vendas no internacional, o inverso da CVC.
• 50 mil brasileiros são esperados em Bariloche para a temporada de inverno.
• MSC Cruzeiros realiza convenção no Caribe e anuncia temporada no Brasil com menos oferta de leitos (um navio a menos) e mais minicruzeiros. Confira aqui a Revista PANROTAS com a cobertura do IPW 2024, em Los Angeles, ILTM Latin America, em São Paulo, e Summit Sindepat, em Foz do Iguaçu.
Relatório produzido pela PANROTAS e pela FecomercioSP com o objetivo de servir como norteador de decisões para destinos e empresas nacionais estrangeiras. Para mais informações ou esclarecimentos, entre em contato com ri@fecomercio.com.br ou redacao@panrotas.com.br