Santuário de Loreto
O
ser humano, desde os primórdios, busca e necessita de elementos que reflitam suas crenças, afetos e tantas outras expressões e emoções que trazem consigo, atribuindo significados importantes a determinados elementos. Estes elementos significativos podem ser percebidos e materializados nas diversas culturas, principalmente em seus espaços de lazer, moradia, refeição, trabalho e culto, por exemplo, sendo nítido e já interiorizado por nós através da separação de lugares para as diversas atividades humanas. Nossa reflexão vai focar os lugares reservados para o culto e celebrações do Santuário Nacional de Nossa Senhora de Loreto, considerando este um exemplo expressivo de significado para a relação do ser humano com o sagrado. Tais espaços físicos vão além de um espaço cartesiano destinado a essas atividades, constituindo um lugar simbólico. A construção arquitetônica de ordem religiosa é uma importante representação simbólica. Sabemos que esses ambientes são formados também por aquilo que não vemos preenchendo todo o espaço, a princípio, visualmente ‘vazio’ que observamos, no entanto, repleto de simbolismos que ajudam o ser humano a se conectar com o Divino. Dentro desse assunto, arquitetura religiosa, podemos destacar pontos muito significativos que nos ajudam nessa caminhada e que às vezes passam despercebidos aos nossos olhos. Você já observou e sentiu esse espaço religioso? Vamos conhecer um pouco esses simbolismos? Ao entrarmos na Igreja, estamos em um espaço sagrado, o lugar do sacrifício de Amor de Deus por nós. É o local da reclusão e de intimidade com o sagrado, é comum que dentro desse ambiente os fiéis façam silêncio e respeitem o silêncio do irmão, que muitas vezes se encontra em oração. Em oposição a esse espaço de interiorização, no exterior, do lado de fora, encontramos a agitação do mundo, cheio de alvoroços, tumultos e distrações. Nossa Igreja é em estilo barroco, ou seja, os elementos que compõem a construção da Igreja são bem expressivos e exuberantes como podemos observar na representação dos anjos na base das colunas do altar mor, além das flores e arabescos. A proporção espacial da Igreja está baseada na escala humana, isto é, suas medidas são baseadas na proporção humana repetida várias vezes resultando assim um templo grandioso e monumental, significando nossa pequenez diante da grandeza de Deus. Cientes de
nossa condição, entramos no imenso mistério do Sagrado, Deus, que nos acolhe no Amor. Outra característica significativa dessa construção está relacionada à apropriação da luz natural, criando um ambiente introspectivo, fazendo alusão aos seres humanos que muitas vezes caminham na escuridão, uma luz natural que destaca as imagens e objetos sagrados referenciando a glória celeste. Ao olhar para o teto, observamos o forro interno da nossa igreja em forma de arco, esse elemento faz referência ao Deus que nos acolhe na sua grandeza com um abraço. Você já observou como a nave principal da igreja é longa? Esse percurso leva o fiel a caminhar se quiser se aproximar do altar, um simbolismo que representa nossa peregrinação terrestre até o céu. O altar, local do sacrifício, fica em um nível acima dos fiéis, trazendo o significado de que o sacerdote, em Persona Christi, sobe para o local do sacrifício, estando assim mais perto do céu e depois, no momento da comunhão, desce ao pequeno e imenso povo que participa da missa para entregar a Divina Eucaristia. Os degraus dentro e fora da construção nos ensinam que devemos estar subindo sempre rumo às coisas do alto. Essa ‘escalada’ foi feita também pelos santos, que viveram suas vidas praticando o Evangelho, por isso suas imagens estão dispostas em alturas diferentes da nossa. Por fim, todo o espaço do nosso Santuário nos aponta para o centro, para frente e para o alto, para que nunca nos esqueçamos que devemos continuar caminhando, seguindo em frente, até subirmos ao Céu e nos encontrarmos definitivamente com o Amor, o Cristo. Julho 2020
O Mensageiro
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