Oração cristã Jane do Térsio
Não nos deixeis cair em tentação
S
ão Tiago nos diz em sua carta: “Deus não pode ser tentado pelo mal e a ninguém tenta” (Tg 1,13) A expressão grega significa “não permitas entrar em” “não nos deixeis sucumbir à tentação”. A cada dia e a cada momento corremos o risco de negarmos Deus e de pecarmos, por isso pedimos a Deus que não nos deixe indefesos na violência da tentação. O Apóstolo São Pedro nos diz em 1 Pd 5,8: “ Sede sóbrios e vigiai! O vosso inimigo, o diabo, anda à vossa volta, como leão que ruge, procurando a quem devorar. Resisti-lhe, firmes na fé”. De acordo com sua vontade, pedimos a Deus que não nos deixe ao sabor da tentação. Pedimos ao Espírito Santo que saibamos discernir, de uma parte, entre a prova que faz crescer no bem e a tentação que leva ao pecado e à morte, e, de outra, entre ser tentado e consentir na tentação. O Espírito Santo nos ajudará com os dons do discernimento e fortaleza, nos dando a graça da vigilância e a perseverança final. A tentação é necessária ao nosso crescimento uma vez que nos ensina a conhecer-nos, inclusive as nossas fraquezas, pois uma vez conhecidas torna-se mais fácil a luta contra elas e cada vez que não caímos na tentação, nossa vontade se fortalece. O combate e a consequente vitória sobre a tentação não são possíveis senão pela oração. Jesus venceu a tentação com a sua oração, desde o começo (Cf. 4,111) e no último combate de sua agonia (Cf. Mt 26,3644). É a seu combate à sua agonia que Cristo nos une neste pedido a nosso Pai. Jesus sabe que somos pessoas fracas, que não conseguimos resistir ao mal pelas nossas próprias forças. Ele apresenta-nos, então, o pedido do Pai nosso que nos ensina a confiar no auxílio
de Deus na hora da provação. O “não cair em tentação” envolve também uma decisão do coração: “onde está o teu tesouro, aí estará também teu coração... ninguém pode servir a dois senhores” (Mt 6,21.24). Deus sendo fiel não permitirá que sejamos tentamos acima de nossas forças. Mas, com a tentação, Ele nos dará os meios para sairmos dela e a força para a suportar ( Cf. 1 Cor 10,13). O pedido de “orai e vigiai” também entra neste contexto. O Espírito Santo nos mantem alerta para essa vigilância tanto no momento presente quanto na tentação final de nosso combate na terra. É importante diferenciar o “ser tentado” e o “consentir”: ser tentado todos nós somos: é-nos apresentada uma sugestão de alguma coisa aparentemente boa, pois na realidade ela não é, é sim uma mentira revestida de bondade. Nossa consciência vai julgar a respeito e então vamos consentir ou não no que foi proposto. Daí a necessidade de termos uma consciência bem formada, isto é, a que nos diz que o que é certo é certo, e o que é errado é errado. É o dom do discernimento quem vai desmascarar essa mentira.
Julho 2020
O Mensageiro
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