Aula 1

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Carisma fundacional do movimento “Cursos de Cristandade” Ideias gerais sobre Doutrina Social da Igreja Diocese da Guarda

Centro apostólico - Guarda 21h 26 de fevereiro 12 de março 25 de março 09 de abril 23 de abril 14 de maio 28 de maio 11 de junho 21 de junho- domingo de tarde– Ultreia diocesana ?

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Escola dos Cursos de Cristandade Diocese da Guarda

Iª Parte Temas de reflexão – Carisma fundador:

Tópicos gerais de Doutrina Social da Igreja – Evangelizar no nosso ambiente 1- Enquandramento/definião de DSI

1- MCC – Construtor de

Cristandade

3- Temas da Teologia profética

2- Evangelização do ambiente

4- Amós e a justiça social

3- Tripé e intendência

5- Oseia e as justiça social

4- A dimensão kerigmática do MCC

6- Jesus Cristo – O cuidado de Deus

5- O MCC e a nova Evangelização

7- Habitar o Mundo – as primitivas comunidades cristãs

6- Pré-Cursilho 7- A reunião de grupo 8- Pós-Cursilho 9- Como deve crescer o cursilhista

8- Do tempo dos padres da Igreja ao final da Idade média 9- Perpectiva histórica geral – uma busca, um caminho...

10- A ultreia

a. 1891 – Leão XIII – Rerum Novarum

11- ANEXO: Estudio del carisma

b. 1931 – Quadragesimo Anno

cursillos de Cristandad – E. Bonin IIª Parte

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2- Introdução ao profetismo

c. 1941 - Pio XII- 50 anos da Rerum Novarum


d. 1961 – João XXIII – Mater et Magistra

h. 1981- J.Paulo II – Laborem Exercens

e. 1963 – João XXIII – Pacem in Terris

i.

1987- J.Paulo II – Sollicitudo Rei Socialis

f.

j.

1991- J.Paulo II- Centesimus Annus

1965 – Vaticano II – Gaudium et Spes

g. 1967- Paulo VII – Octagesima Adveniens

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k. 2009- Bento XVI- Caritas in Veritate


1- M.C.C. – CONSTRUTOR DE CRISTANDADES Cada um de nós que aqui se encontra teve certamente o seu motivo para aceitar frequentar um Cursilho de Cristandade. Mas, por diferentes que sejam esses motivos resumem-se todos a um só: A Procura de Deus. Mesmo assim, com o nosso egoísmo, talvez tenhamos pensado mais em nós mesmos e no desejo de viver melhor essa união com Deus. Certo é que, no decorrer do cursilho, escutando os responsáveis, chegámos à conclusão de que não podemos ter uma relação pessoal com Jesus sem aprofundarmos a nossa presença responsável na Comunidade Cristã. Viver de uma forma verdadeiramente cristã fazemos em conjunto e, por isso, nos sentimos responsáveis para que todos possam ter essa relação pessoal com Deus por intermédio de Jesus e da Comunidade Cristã em que as pessoas se encontram inseridas. A comunidade cristã é o espaço adequado para os crentes fazerem a experiência da Palavra e do Espírito de Cristo Ressuscitado a actuar nos seus corações. Na verdade, a fé cristã, enquanto fé professada, celebrada e testemunhada, deve ser vivida em comunidade, pois, um cristão isolado não consegue ser um verdadeiro cristão, sozinho não se chega a lado nenhum ou nos salvamos todos em cacho ou ficamos todos sem conseguir o nosso principal objectivo que é sem dúvida a Salvação. A Palavra de Deus confere aos membros da comunidade o alimento da vida na Fé, Esperança e Caridade, e isto é o amor de Cristo. É na comunidade que a Palavra de Deus e o Espírito Santo preparam a pessoa para depois viver o seu dia a dia como cristã. Dizer que a comunidade é o corpo de Cristo significa que o mundo apenas pode conhecer e encontrar-se através da comunidade. Podemos dizer que Cristo é a cabeça deste corpo e o Espírito Santo é o seu coração. Cada Cursilho que se realiza tem por finalidade fundar, fazer renascer, renovar, aprofundar e construir cristandades. A razão de ser do nosso movimento é contribuir para que as comunidades cristãs se renovem por intermédio dos cristãos, homens e mulheres que vivem a partir do Senhor Jesus o ideal da sua vida que é Deus. Ao mesmo tempo através das ultreias e da Escola, o movimento quer enriquecer a igreja com novas comunidades mais pequenas e inseridas nas paróquias, que proporcionam aos que passaram por um cursilho, crescer conscientemente no fundamental do cristianismo e manter viva a inquietação evangélica para que Jesus seja descoberto, aceite e seguido por todos.


A partir do cursilho tentamos criar em nós uma espiritualidade que orienta toda a nossa vida para Deus, e vivemos a necessidade de uma vida em oração e de vivência evangélica. Tudo isto vivemos em união com os irmãos e irmãs que comungam o mesmo dinamismo da vida cristã com que Deus enriqueceu a nossa vida no cursilho. Também o espírito que anima cada grupo, cada ultreia, e cada Escola não se orienta para uma vivência cristã individual, embora comungue com os irmãos no grupo, esse espírito visa sempre a formação de comunidades mais fortes. Comunhão é como que a palavra “mágica”para compreender o que é a Igreja. Comunhão com uma participação activa que não se resume à liturgia, mas que já se estendeu a toda a actividade pastoral. Muitos e bons frutos cresceram e amadureceram nas comunidades cristãs. Como poderia existir a nossa Igreja sem o empenho de milhares de catequistas, leitores, acólitos, ministros extraordinários da comunhão, membros dos grupos corais, grupos missionários, novos movimentos e comunidades de evangelização e sem o incalculável ‘exército’ da Caridade e do voluntariado ao serviço dos pobres, dos doentes e do apoio à vida humana e tantos outros? A comunidade cristã, como expressão concreta e específica da Igreja, é a nossa casa espiritual. Todos temos necessidade de uma casa para habitar, para ter abrigo e apoio, encontrar acolhimento e amor, partilhar a vida e os dons, alimentar as nossas forças e a nossa esperança. O mesmo se passa em relação à nossa vivência da fé. Temos de sentir esta casa (igreja) como nossa. Todos somos chamados a um maior empenho na edificação de comunidades cristãs vivas, no Movimento, na Escola, nas Ultreias, nas famílias e Paróquias e porque não também na Diocese e na Igreja Universal. Devemos alegrar-nos por esta enorme vitalidade. É sinal da presença activa do Espírito de Deus na nossa Igreja. Quantas graças temos de dar a Deus por tudo isso? Muitos baptizados não se sentem membros vivos e participativos da comunidade cristã. Vivem à margem dela. Só se dirigem às paróquias em determinadas circunstâncias para receberem serviços religiosos. Também são poucos os fiéis leigos que se manifestam disponíveis para trabalhar nos diversos campos apostólicos. Diversos factores de ordem cultural e social contribuem para isso, sobretudo o crescente individualismo da cultura contemporânea que enfraquece os laços interpessoais e o sentido de pertença. A fragmentação, a dispersão, a mobilidade da vida moderna marcam também a psicologia das pessoas. Hoje há uma multiplicidade de pertenças: pertence-se, ao mesmo tempo, a grupos e a ambientes diversos, distantes e até contraditórios. Com isso sofrem as relações pessoais, familiares e sociais e, por conseguinte, também a vitalidade das paróquias.


Deparamo-nos ainda com uma série de imagens desfocadas ou mesmo deturpadas da Igreja. Isto depende de vários factores, a saber: da imagem que as comunidades dão de si mesmas; de certa configuração que a Igreja assumiu na história; da maneira como os grandes meios de comunicação social apresentam certos aspectos da vida da Igreja. A primeira forma da Igreja que se encontra na vida e se experimenta é, normalmente, a paróquia. Ela é a figura da Igreja mais próxima de cada um. Todavia, na mente de muitas pessoas, o modelo mais comum é o da paróquia/agência de serviços, uma espécie de supermercado religioso. Tal como se vai comprar o que faz falta, assim se vai à Igreja ‘encomendar’ o baptismo, o crisma, o casamento, o funeral, etc. O padre é visto como funcionário do culto e os cristãos como clientes ou consumidores do religioso. Há também, o modelo de paróquia/arquipélago, constituído por uma série de lugares, associações, grupos, movimentos, em que cada uma destas realidades constitui uma ilha fechada sobre si mesma. Todos caminham por linhas paralelas, sem um espírito de comunhão e sem um projecto pastoral comum que os una, anime e galvanize o caminhar juntos na mesma direcção. Quantas rivalidades, quantos conflitos e ciúmes podem surgir dentro das comunidades e entre elas por causa desta atitude?! Na Igreja visível habita um mistério que só a fé pode captar. Acontece como com os vitrais duma catedral. Só se contemplam bem a partir de dentro e iluminados pelo sol: só assim se vêem com nitidez as figuras, as cores, a beleza e os defeitos. Também a realidade profunda da Igreja só pode ser captada por um olhar iluminado pela fé. Por isso se diz: “O essencial é invisível aos olhos; só se vê bem com o coração”. São Cipriano apresenta a Igreja como sendo o povo reunido (gerado e convocado) pela comunhão do Pai, do Filho e do Espírito Santo: uma comunhão de pessoas que, pela acção do Espírito Santo, formam o Povo de Deus, que é ao mesmo tempo o Corpo de Cristo. Unidos a Cristo e em Cristo formamos um só corpo, tornamo-nos todos realmente o Povo de Deus: desde o Papa até à última criança baptizada. O mistério da comunhão realiza-se também nas comunidades locais mais pequenas como é o caso das paróquias. Elas são uma comunidade de fiéis onde se gera a fé no dia-a-dia da vida das pessoas, onde se vive a alegria da comunhão e da participação na vitalidade da comunidade cristã. É a Igreja enraizada num lugar, presente no meio das casas dos homens, mais próxima à vida das pessoas: “a família de Deus, como uma fraternidade animada pelo espírito de unidade”. Porém, não é uma ilha isolada e auto-suficiente. É antes uma célula viva da Igreja diocesana; por isso mesmo, só encontra a sua plena realização na comunhão com ela. Teremos de pedir a Deus que nos ensine a ver na Igreja a sua presença, a sua beleza, a ver a sua presença no mundo e nos ajude a ser transparentes à sua luz”. Além disso, numa sociedade, como a nossa, de relações frágeis e efémeras, muitas vezes competitivas e conflituais, o Senhor chama-nos a mostrar que o Evangelho


vivido, constrói (portanto, cria) uma rede de relações autênticas, gratuitas, baseadas no espírito das bem-aventuranças. O fruto disto chama-se Igreja, como comunidade alternativa de relações fraternas de comunhão e partilha, belas, verdadeiras, próximas, suscitadoras de confiança, de ternura, de serviço e de alegria. Por este caminho, podemos e devemos experimentar a beleza e a alegria de sermos e nos sentirmos Igreja de Jesus. A comunhão implica a participação activa na vida da comunidade, onde todos recebemos e damos de tal modo que “o bem de todos torna-se o bem de cada um e o bem de cada um torna-se o bem de todos”. Para isso há que promover, em qualquer comunidade o anúncio da fé, na preparação e celebração dos sacramentos, no serviço da caridade e da partilha de bens e na sua administração. Que nos sirva de estímulo uma nota pessoal do grande Papa Paulo VI, no seu Diário: “Amar, servir, suportar, edificar a Igreja com todo o talento, com toda a dedicação, com inesgotável paciência e humildade, eis o que resta fazer sempre, começando, recomeçando, até que tudo seja consumado e alcançado quando Ele (Cristo) voltar. Com toda a confiança, como sempre”. Construir, reconstruir cristandades, é isto o objectivo da nossa vida! É por isso que vivemos em grupo, ultreia ou Escola, pois isoladamente não chegamos a lado nenhum. Por nosso intermédio, o Senhor Jesus quer viver em comunhão com todos os homens. Ele chamou-nos para o concretizar a partir do Espírito do nosso movimento: O Reino de Deus neste mundo! SOMOS CONSTRUTORES DE CRISTANDADES!...


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