É daquelas perguntas que não se responde com um simples mas talvez irresponsável “sim” nem se responde com um cruel e taxa:vo “não”.
• Uma certeza absoluta – Direito a nascer todos 4vemos… (nenhum de nós pediu para nascer! Felizmente os nossos pais desejaram-nos!) – A vida é dom gratuito. Não a considero como minha propriedade. Vejo-a como dom que administro. – A Cons4tuição Portuguesa afirma categoricamente que «a vida humana é inviolável» (ar4go 24º, nº 1). Admito que não gostava que alterassem esta norma – esta é, para mim uma certeza absoluta!
• Uma certeza rela4va - Direito a decidir como nascer – felizmente todos nascemos em boas condições de assistência médica. Tivemos (os nossos pais 4veram) um rela4vo direito a decidir como nós haveriamos de nascer. • Uma certeza que me interpela e desafia – Terei direito a decidir como morrer? – Não sei! Penso pessoalmente que talvez seja melhor não desejar esse direito! Nesse direito encontro mais mo4vos inquietação que mo4vos de esperança!
• Quem perde algum bem perde muita coisa, quem perde um familiar perde quase tudo...mas quem perde a esperança esse perdeu mesmo tudo!
– Quando não somos peritos nas matérias recorremos a quem nos possa ajudar a pensar. – Recorri ao úl4mo documento da Conferência Episcopal a respeito deste tema – de 14 de março deste ano.
• “Eutanásia – o que está em causa. Contributos para um diálogo sereno e humanizador”.
• 1- A igreja deseja a respeito deste tema um diálogo Sereno e humanizador; – Este tema não pode ser “arma de arremeço ou simples jogo poli4co”. É um tema demasiado importante para ser discu4do sobre o joelho por entre birrinhas de “meninos e meninas mimados” interessados em distrair a sociedade com temas fraturantes para ocultar outras más prá4cas poli4cas!
2- Por eutanásia, deve entender-se «uma ação ou omissão que, por sua natureza e nas intenções, provoca a morte com o obje4vo de eliminar o sofrimento». A ela se pode equiparar o suicídio assis:do, isto é, o ato pelo qual não se causa diretamente a morte de outrem, mas se presta auxílio para que essa pessoa ponha termo à sua própria vida.
A igreja quer dis4nguir claramente: - matar de aceitar a morte. Quer a eutanásia, quer a obs$nação terapêu$ca, cons4tuem uma ingerência humana an:natural nesse momento-limite que é a morte: a primeira antecipa esse momento, a segunda prolonga-o de forma ar:ficialmente inú:l e penosa.
3- Subjacente à legalização da eutanásia e do suicídio assis4do está a pretensão de redefinir tomadas de consciência é4cas e jurídicas ancestrais rela4vas ao respeito e à sacralidade da vida humana.
Para a Igreja a vida humana é sempre merecedora de proteção, porque é um bem em si mesma e está sempre dotada de dignidade em qualquer circunstância. A dignidade e o valor da vida humana não varia nem pode perder-se nunca!
• 4. Para os crentes, a vida não é um objeto de que se possa dispor arbitrariamente, é um dom de Deus e uma missão a cumprir.
5. A vida humana ĂŠ o pressuposto de todos os direitos e de todos os bens terrenos.
• 6. Nunca pode haver a garan4a absoluta de que o pedido de eutanásia é verdadeiramente livre, inequívoco e irreversível. • A dúvida há de subsis4r sempre, sendo que a decisão de suprimir uma vida é a mais absolutamente irreversível de qualquer das decisões.
• 7. Em nome da autonomia, os que defendem a legalização da eutanásia e do suicídio assis4do não chegam, por ora, ao ponto de pretender a legalização do homicídio a pedido e do auxílio ao suicídio em quaisquer circunstâncias.
• 8. Quando um doente pede para morrer porque acha que a sua vida não tem sen4do ou perdeu dignidade, ou porque lhe parece que é um peso para os outros, a resposta que os serviços de saúde, a sociedade e o Estado devem dar a esse pedido não é: «Sim, a tua vida não tem sen2do, a tua vida perdeu dignidade, és um peso para os outros». • Mas a resposta deve ser outra: «Não, a tua vida não perdeu sen2do, não perdeu dignidade, tem valor até ao fim, tu não és peso para os outros, con2nuas a ter valor incomensurável para todos nós». Esta é a resposta de quem coloca todas as suas energias ao serviço dos doentes mais vulneráveis e sofredores e, por isso, mais carecidos de amor e cuidado.
• 9. Não se elimina o sofrimento com a morte: com a morte elimina-se a vida da pessoa que sofre. • O sofrimento pode ser eliminado ou debelado com os cuidados palia4vos, não com a morte. E hoje, as técnicas analgésicas conseguem preservar de um sofrimento psico intolerável. • Desta forma, pode afirmar-se que a eutanásia é uma forma fácil e ilusória de encarar o sofrimento, o qual só se enfrenta verdadeiramente através da medicina palia4va e do amor concreto para com quem sofre.
• 10. PERIGO: para quê gastar tantos recursos com doentes terminais quando as suas vidas podem ser encurtadas? • 11. Não podemos ignorar que, entre nós, uma grande parte dos doentes, especialmente os mais pobres e isolados, não tem acesso aos cuidados palia4vos, que são a verdadeira resposta ao seu sofrimento. • A legalização da eutanásia e do suicídio assis4do contribuirá para atenuar a consciência social da importância e urgência de alterar esta situação, porque poderá ser vista como uma alterna:va mais fácil e económica.
• 12. No Ano Jubilar da Misericórdia, recordamos que esta nos leva a ajudar a viver até ao fim. Não a matar ou a ajudar a morrer. • FOCO: Lutamos contra o sofrimento não lutamos contra a vida. – Para tudo o resto FORÇA e FÉ.
• Muito se fala de consenso, sobretudo porque ele parece estar cada vez mais ausente. Já que estamos em Primavera, insisto em plantar alguma esperança no espírito dos outros. Ainda que o «terreno» não parece muito «arável». • Infelizmente nestes temas fraturantes a linguagem demasiadas vezes se exaltada, e infelizmente as a4tudes não são nada exaltantes. – Desis4r seria sempre mais fácil! Mas não é para nós – esta é a posição da Igreja que subscrevo.
• O que queremos dar a quem está em sofrimento? Apenas e só a morte, em desespero (fisico e moral)… ou esperança? • Eu quero acreditar que é sempre possível dar esperança – dar a todos o melhor e mais completo cuidado humano, fisico, espíritual que passa pelos boas prá4cas palia4vas. • “you may say im a dreamer” ... Mas para mim não fazer tudo pelo outro que sofre até ao fim - mesmo tudo – é fazer nada ou fazer mal!
• Temos ou não direito a decidir que nos ajudem a evitar todo o sofrimento?