Acolhida, do jeito de Maria

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Acolhida,

do jeito de Maria

Rede Marista


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Apresentação O Caderno Pastoral 4 - Acolhida: do jeito de Maria – chega num tempo especial para nós, Maristas. Na caminhada preparatória à celebração do bicentenário da nossa atuação no mundo, no próximo dia 2 de janeiro de 2017, somos convidados a sermos construtores de um novo começo. Nesse contexto, no dia 23 de julho de 1816, dia seguinte ao da ordenação de Champagnat, um grupo de jovens sacerdotes, cheios de sonhos, dirigiram-se ao Santuário de Fourvière, em Lyon, na França. Aos pés de Nossa Senhora, na pequena capela, fizeram a promessa de fundar a Sociedade de Maria. Revivendo e atualizando a mística do Ano Fourvière, que ora celebramos, o Caderno Pastoral 4 propõe uma reflexão mariana na perspectiva da acolhida. Acolhida ao projeto de Deus que transforma a vida de Maria e contagia a todos no cultivo de atitudes de bondade, serviço e simplicidade. A acolhida, ao modo de Maria, potencializa a originalidade de cada pessoa. Nela encontramos a inspiração. Acolher a vontade de Deus e deixar-se envolver por Ele nos põe no horizonte do encontro com o outro e no caminho do diálogo e da comunhão. A proposta desta edição, que contém texto de referência, proposta para encontro de formação, celebração e dicas é subsidiar nossos espaços de atuação, para contribuir na experiência de serem espaçotempo de acolhida. Que a Boa Mãe e São Marcelino Champagnat nos inspire na criatividade para a missão! 3



Sumário Texto referência

Maria de Nazaré e a acolhida necessária para a encarnação da fé

Encontro de formação

Aprender a viver e conviver com os outros!

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Celebração

Maria, mulher solidária

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Dicas

Livros

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Documentos/subsídios:

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Músicas

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Orações

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Poema

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Vídeos

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Texto referência

Maria de Nazaré e a acolhida necessária para a encarnação da fé Contextualização Em 2016, nós Maristas, celebraremos os 200 anos da chamada Promessa de Fourvière. Para marcar este momento e a caminhada rumo ao bicentenário, o Instituto Marista propôs o Ano Fourvière (23 julho 2015 – 23 julho 2016) com o objetivo de ser memória da promessa feita pelo padre Champagnat na manhã do dia 23 de julho de 1816, juntamente com um grupo de jovens padres.


Texto referência

Fourvière é um Santuário mariano localizado em Lyon, França. É importante frisar que esse grupo de padres se uniu por sonhos em comum. Ardia em seus corações a utopia de transformar vidas, diante da França devastada, pós-revolução. Ao serem ordenados Padres, e enviados a diferentes destinos, o grupo logo se separaria. Para que a utopia que os uniu não fosse esquecida, resolveram assumir um compromisso. Antes de se separar, queriam selar sua promessa, diante de quem acalentava e abençoava seus mais desafiadores sonhos, e quem dava nome à obra que juntos haviam criado: Maria, mãe de Jesus. Com seu compromisso redigido, e assinado pelos doze jovens, aos pés de Nossa Senhora de Fourvière, se comprometiam a continuar sua obra com todas as suas forças. Esta obra que hoje nos une, nos move, nos impulsiona (maristas.org.br/bicentenario). O texto seguinte propõe uma reflexão olhando para Maria sob o prisma da acolhida. É um indicativo para possíveis mudanças em nossas práticas, a partir do cultivo de gestos simples a fim de aprofundar a comunhão com a mística do Ano Fourvière.

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Versos de Jalal ad-din Rumi “Venha, venha, quem quer que seja, venha! Infiel, religioso ou pagão, pouco importa Nossa caravana não é de desilusão! Nossa caravana é de esperança! Venha, ainda que tenha rompido mil vezes suas promessas! Venha, apesar de tudo, venha!”. Essas palavras em versos de Jalal ad-din Rumi, místico muçulmano do século XIII, são citadas pelo Ir. Emili Turú, Superior-Geral do Instituto Marista, na carta circular Deu-nos o nome de Maria, de 2 de janeiro de 2012. Ao ler e meditar sobre a profundidade do que elas comunicam pode-se imaginar, por alguns instantes, uma mãe chamando seu filho que brinca com irmãos e amigos de infância. Chama-os para repor as energias degustando algum alimento que preparou, para comer uma fruta ou para anunciar que está na hora de recolher-se porque o dia anuncia seu final com um pôr do sol avermelhado.

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Essas mesmas palavras de Jalal podem ser colocadas, imaginariamente, na voz de uma educadora ou educador marista quando brinca junto com seus estudantes num pátio amplo, limpo, arborizado, com gramado e flores variadas. Talvez não seja possível, mas seria interessante mensurar o tamanho da alma de tal pessoa que pronuncia uma exortação como essa de Jalal. Ela não seria capaz e nem faria efeito aos ouvidos das crianças se não viesse de dentro. Também podemos imaginar um gestor de Unidade Marista (Irmão ou Leigo/a), no primeiro dia de atividades do ano, pronunciando esses versos. E enquanto ouvem tal líder, crianças, jovens, adultos, pais, mães e educadores em seu íntimo concordam com o que escutam porque de fato é isso que veem em nossa prática cotidiana. Imaginemos outras situações. Desafie-se, quem sabe, a imaginar as palavras de Jalal na sua voz: a quem você as proclamaria?

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E o que isso tem a ver com Maria de Nazaré? As palavras de Jalal revelam abertura, relativização de preconceitos que, muitas vezes, nos travam diante daquilo que deveria ser natural em nós, ou seja, a acolhida. Nossa ação é para ser como a ação de Maria: discreta, delicada e respeitosa para com as pessoas (cf. C7). Sabemos “que entre nós é bem visível o sentido de acolhida e de trato afável, que reconhecemos como espírito de família” (TURÚ, 2012. p. 58). E é aí que faz todo sentido ariscar-se a aproximar-se de Maria de Nazaré pelo enfoque da acolhida. Por isso, como uma mãe faria com seus filhos, contribuindo para crescerem e serem independentes, nós também, ampliando a compreensão sobre a acolhida, busquemos possíveis inspirações para mudar coisas simples diante da grandiosidade dos desafios rumo a um novo começo1.

1 Juntos, um novo começo, é o tema do Capítulo Provincial 2015 e do Triênio 2016-2018, que diante da ampliação do território de missão expressa o compromisso que queremos assumir nos próximos anos: a união entre os novos territórios de missão e o desejo de que caminhemos juntos.

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Acolher é mais que uma saudação Acolhida é mais que formas ou maneiras de tratamento entre as pessoas. A forma conta, mas não é tudo. Há tratamento muito cortês, mas pouco acolhedor. Em tempos de diversidades e situações de intolerância, acolher é muito necessário. É próprio da acolhida o ato de acolher e não escolher: Venha, venha, quem quer que seja, venha! Na narração da Anunciação, em Lc 1, 28, o anjo dirige uma saudação a Maria e isso marca o início de um diálogo. Quando Maria visita Isabel, conforme relato em Lucas 1, 39ss, também acontece uma saudação. Tudo seria diferente na história do cristianismo, quiçá do mundo, se Maria no diálogo com o anjo, não tivesse ido além da saudação.

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Acolhida não se resume a uma saudação de bom-dia, boa-tarde ou boa-noite, ou, sejam bem-vindos. A acolhida entre Maria e o anjo, assim como de Maria e Isabel, se deu ao longo do tempo em que permaneceram em diálogo ou trabalhando. Na visita de Maria a Isabel, a acolhida se configura quando a presença de Maria é significativa no cotidiano de Isabel e de Isabel nos planos de Maria. A saudação de Maria a Isabel foi como os versos de Jalal, ou seja, um abrir portas, uma fenda para a relação de partilha que se seguiu traduzida em solidariedade. Acolhida, portanto, não é a pura utilização de cortesia. A pessoa acolhida só com cortesia sai dizendo: “Muitas reverências, muitas palavras bonitas, mas não me deu ‘bola’, não tirou os olhos do celular, não me escutou”. Segue-se a isso a acolhida que se pensa estar fazendo em um primeiro encontro com uma chuva de perguntas bisbilhoteiras e afobadas. É faltar com a virtude da paciência, querer abranger, em um só momento, a vida inteira de alguém. Em um primeiro encontro, aprendemos de Maria, a ver com olhos de solidariedade, traduzida em afeto, carinho e serviço. Sim, ver para além daquilo que os olhos alcançam. Chega-se a isso através do olhar sensível e pensante que nasce da atitude capaz de ir ao “x” da questão e libertar a pessoa a partir daquilo que ela necessita.

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2 O santuário de Aparecida é o maior Santuário de peregrinação mariana do mundo, com a visitação anual de mais de 12 milhões de peregrinos. Para ter mais informações: http:// www.guiadorio. net.br/2014/09/ celebracao-300anos-aparecida-donorte.html 3 Quando Jesus se ajoelha para lavar os pés de seus discípulos, sua perspectiva é de baixo: trata-se de servir, não, porém, como protagonista ou como quem tem todas as respostas, mas de joelhos, quer dizer, com a humildade de quem serve porque ama, sem buscar nada em troca. (Circular Deu-nos o nome de Maria, p. 52-53).

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Nossa contribuição ao corpo eclesial E que contribuição tem nosso jeito marista para a Igreja? É uma boa pergunta para que nos situemos como corpo eclesial, pois há um só corpo e um só espírito (Ef 4, 4ss). Um passo importante é sentir o que sentem as multidões que frequentam santuários, como o de Aparecida em São Paulo, por exemplo, que celebra em 2017 os 300 anos desde o encontro da imagem de Nossa Senhora no Rio Paraíba do Sul, em 17172. A contribuição como Igreja que somos, pode se dar quando encarnamos a acolhida permanente, o amor feito serviço3, a maternidade cuidadora, pedagógica, profética, ouvinte das mensagens dos anjos de Deus em nossos dias, enfim, quando temos um coração materno. Viver essa maternidade cuidadora, leva a pensar em algumas dificuldades da mulher Maria em seu tempo, pois: “Pode-se afirmar com certo grau de confiabilidade histórica que Maria era uma mulher pobre, que passou grande parte de sua vida na pequena cidade de Nazaré, na região Norte da Palestina denominada Galileia. Como mulher, sofria a discriminação que se impunha às mulheres de seu tempo, tais como: pouco acesso aos espaços públicos para aprender a ler e a escrever, leis e prescrições referentes à pureza ritual devido ao fluxo de sangue da menstruação, restrição ao espaço privado da casa, risco de pobreza e abandono em caso de viuvez. (...) era membro de um povo cuja história está marcada


pela luta por liberdade, terra e fidelidade a Deus. Um povo que, diante de crises e destruição, refazia teimosamente seu caminho” (MURAD, 2011, p. 27). Certamente nossas dificuldades e crises atuais encontram ponto de conexão com algumas das dificuldades vividas por Maria em seu contexto. E sabemos que diante delas, por vezes, as saídas se reduzem. Para Maria também não deve ter sido nada fácil. Deve ter sido muito desafiador dizer Sim ao que Deus estava lhe pedindo e depois acompanhar e aceitar os ensinamentos instigadores e desestabilizadores de seu filho Jesus, marcando posição crítica em relação ao poder político e religioso da época. É nesse sentido que nossa missão como maristas, filhos e filhas de Maria, se reveste de profetismo. 15


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4 “Recordemos que, para muitas pessoas com as quais nos relacionamos de maneira habitual, a única possibilidade de contato com a Igreja é através de nós: que maravilhosa oportunidade de oferecer uma Igreja de rosto mariano!” (Circular Deu-nos o nome de Maria, p. 39).

Somos chamados a revelar e a construir o rosto mariano da Igreja, ser fonte de inspiração e esperança, tendo em vista que o Sim de Maria ao projeto de Deus inspirou-a à solidariedade e semeou no coração da humanidade a esperança. Nesse sentido, é fundamental considerar que não temos uma missão na Igreja, mas temos uma missão como Igreja. Nós somos Igreja4 e seremos autenticamente Igreja quando nos dermos conta de que “nossa missão é a missão de Deus: andar pelo mundo sendo salvação, cura, presença estimulante de Deus” (TURÚ, 2015, p. 10). Maria não terceirizou a responsabilidade que chegou com o convite do anjo. Assumiu com todos os riscos que isso implicava naquela época. De igual forma esse desafio permanece, pois dia a dia precisamos de coragem para assumirmo-nos como “uma comunidade eclesial com características próprias, onde experimentamos a alegria do dom recebido do Espírito Santo e sentimos a responsabilidade de oferecer nossa peculiar contribuição atuando como profetas no meio do Povo de Deus” (cf. TURÚ, 2012, p. 39).

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Inspiração ao ecumenismo A acolhida ao modo de Maria, implica não fundir-se, confundir-se ou perder-se diante do diferente: Venha, venha, quem quer que seja, venha! Infiel, religioso ou pagão, pouco importa. A acolhida, ao modo de Maria, potencializa a originalidade de cada sujeito. Se não fizer isso, não é acolhida, e sim submissão. A acolhida não anula o diferente e este ponto é inspirador frente ao ecumenismo. Tendo em vista nossa identidade mariana, nossas relações são tecidas a partir “da figura bíblica de Mirian bem Dawid shel Nazaret – Maria, filha de Davi, de Nazaré. A partir das Escrituras se discerne o ministério dela como mãe e discípula de Jesus” (MAÇANEIRO, 2011, p. 154). Maria não é motivo para fechamento ao ecumenismo, mas sim, sinal para abri-lo quando a olhamos em suas atitudes exemplares de fé, esperança e caridade. Ou seja, a pergunta para abrir o diálogo ecumênico poderia ser: Como o exemplo de Maria ajuda a viver a radicalidade do seguimento de Jesus de Nazaré? Maria, ao ser contemplada como inspiração ao ecumenismo, é a mulher evangélica, bíblica, serva e discípula, como retrata o texto dos Atos dos Apóstolos, que diz: “Todos eles tinham os mesmos sentimentos e eram assíduos na oração, junto com algumas mulheres, entre as quais Maria, mãe de Jesus, e com os irmãos de Jesus” (At 1, 14). No encontro com o diferente, a acolhida ao modo de Maria, não é coerente emitir imediatamente juízos de valor sobre o que se vê e o que se escuta. O sim dado por 17


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5 Encontrado em http://pensador. uol.com.br/frase/ NDUxMjE4/, acesso em 29/10/2015.

Maria dizendo “faça-se em mim segundo a tua palavra” (Lc 1,38), foi antecedido por um questionamento pedagógico: “Como vai acontecer isso, se não vivo com nenhum homem?” (Lc 1, 35). Porém, depois de pronunciar o sim, foi até as últimas consequências: “A mãe de Jesus, a irmã da mãe dele, Maria de Cléofas, e Maria Madalena estavam junto à cruz” (Jo 19, 25). Deve ter exigido dela uma abertura interior enorme. Ela não poderia perder-se em desculpas ou esperar que outra pessoa dessa a resposta. O diálogo era entre ela e o anjo. A resposta precisava vir dela, de dentro dela. Dar, desde fora, os porquês das coisas que nos chegam e nos interpelam, é ficar na superfície. Isso é ser pedagogo apressado. É resposta pouco confiável. Aquilo que é de nossa responsabilidade resolver não poderá ser solucionado por outras pessoas. Assumir essa responsabilidade que conta com uma resposta pessoal, está longe de ser egoísmo, como diz o poeta Mario Quintana, “(...) quando procuramos estar com alguém, temos que nos conscientizar de que estamos juntos porque gostamos, porque queremos e nos sentimos bem, nunca por precisar de alguém. As pessoas não se precisam, elas se completam, não por serem metades, mas por serem inteiras, dispostas a dividir objetivos comuns, alegrias e vida”5. Pensando assim, as razões para nos aproximarmos uns dos outros e umas das outras são muito maiores do que as regras dessa ou daquela religião.

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Maria e alguns pontos de ref lexão para o agir educativo Na compreensão de Champagnat, educar uma criança é tarefa mais importante que governar o mundo. Nas Constituições Maristas, nº 81, a missão de ajudar crianças, adolescentes, jovens e adultos a se tornarem bons cristãos e bons cidadãos exige o exemplo e a presença prolongada. E segue afirmando que Champagnat resume a pedagogia marista na seguinte frase: Para educar bem as crianças é preciso demonstrar-lhes amor. Assim, se nosso agir educativo tivesse que ser resumido em duas palavras, no mais profundo de seu significado, seria: prática do amor. Temos nas mãos um tesouro para cuidar, embora não seja nosso (Mt 25, 14-30). Para fazê-lo render em nosso agir educativo, “vamos a Maria como uma criança vai a

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sua mãe” (C. 74). Não há um aspecto em Maria que seja mais importante que outro, no entanto é fundamental aprendermos a acolhida ao modo de Maria. Uma dica prática para tal é fugir de aconselhamentos do tipo: “eu, no teu lugar...”, “o que tens que fazer é isso e aquilo...”. Posturas assim, quase sem conhecer o outro, já marcam os caminhos que a pessoa “tem que” percorrer, e pouco (ou nada) desafiam ao protagonismo. Neste caso, as Unidades Maristas, são entendidas como espaçotempo de acolhida. Ou seja, a acolhida é uma característica que permeia e se dá em um tempo e lugar localizados, precisos, específicos, com uma história e geografia cotidianas (UMBRASIL, 2010, p. 53). Para acontecer, ela precisa de foco, de ciência sobre o microespaçotempo, mas também visão sobre o macroespaçotempo, pois não vivemos isolados. Por isso, a complexidade em 20


torno da educação exige um olhar que envolve cada indivíduo como sujeito na luta por justiça, na construção de sentidos, na construção de uma cultura da solidariedade, enfim, de espaçotempos vitais. Nosso olhar para Maria é para inspirar nosso seguimento a Jesus de Nazaré e aprender Dele a escuta, a empatia e a necessidade da profecia, denunciando injustiças e anunciando a Civilização do Amor. Na vida de Jesus, o filho de Maria, a maneira didática de proceder diante de um primeiro encontro é exemplar. Em Marcos 10, 51 encontramos o seguinte: “Então Jesus parou e disse: Chamem o cego. Eles chamaram o cego e disseram: Coragem, levante-se, porque Jesus está chamando você. O cego largou o manto, deu um pulo e foi até Jesus. Então Jesus lhe perguntou: O que você quer que eu faça por você?”. Jesus não se apressou em saber se o cego cumpria as mais de seiscentas leis da época, se estava em dia com os impostos e nem se tinha interesse em participar dos rituais do templo. Fez uma pergunta que abre para o diálogo, simplesmente porque se interessava pelas pessoas. Em seus encontros Jesus usou palavras diretas, mas sempre carregadas de força e ternura: “Tua fé te salvou” (Mc 5, 34; Lc 17, 19), igual a dizer: Deus colocou em teu interior uma força capaz de te ajudar a viver a existência com uma nova dignidade. Nem em Jesus, nem em Maria percebe-se pressa para chegar a um resultado. Não tenhamos pressa inconsequente. A acolhida ao modo de Maria é uma maneira de ser, uma atitude interior que a pessoa constrói pouco a pouco. Acolhida é parte estruturante do processo de nosso agir educativo inspirados em Maria. Acolhida vai muito além da boa educação ao recepcionar uma pes21


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soa saudando-a com um oi ou um abraço. Recepção é um dos elementos da acolhida. Acolhida é mais que um abraço ocasional ou um instante fragmentado, de uma dinâmica ou técnica de integração no início de um encontro. Não seria adequado chamar àquilo que se faz, como abertura de um encontro, aula ou evento de acolhida. Seria melhor chamar de abertura ou recepção, simples assim! A acolhida em nossos encontros aparecerá no modo como o encontro, a aula ou evento se desenvolvem, aparecerá na sua metodologia, na sua totalidade, no seu espírito, nas relações, na pedagogia da presença significativa. A acolhida é visível em corações incompletos. Em corações completos, cheios, abarrotados, não há espaço para a acolhida. Nada mais entra. Nada mais cabe. No coração de Maria havia espaço para a vontade de Deus, caso contrário não teria pronunciado o faça-se em mim segundo a tua palavra. A pessoa acolhedora é aquela que tem, no seu coração, um lugar para outras ininterruptamente. E essas pessoas são sinais da vontade de Deus em nossas vidas. Quando essa consciência nos chega, acontecem milagres, experimenta-se libertação e, não menos, o reencontro, talvez, com uma possível dignidade perdida. Sob o prisma da acolhida, Maria de Nazaré e todas as mulheres, são um convite para viver o carisma marista integrando “elementos marianos, como a tenacidade, a resistência, o carinho maternal, a ternura, a atenção aos detalhes e a intuição em nossa experiência cotidiana” (Em Torno da Mesma Mesa, nº 25). O jeito marista, em grande parte, depende do cultivo desses elementos.

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Maria, como um(a) de nós Para que a fé, aquela que Maria e Jesus tiveram em Deus, continue a existir precisa-se de um esforço para acessar o que significa ser mãe. Biologicamente ser mãe não é possível para todas as pessoas, mas ter um coração materno sim. Nessa perspectiva o chamado para ser como Maria é algo possível para cada um(a) de nós. Os anjos de Deus continuam por aí sedentos para encontrar corações maternos - acolhedores - capazes de encarnar Jesus no cotidiano de suas vidas, vivendo e anunciando-O a outras pessoas. O documento Água da Rocha, nº 114, nos diz que o coração materno de Maria é um coração onde “ninguém é abandonado. A Mãe acredita na bondade intrínseca das pessoas e perdoa sem hesitação. Demonstramos respeito pela caminhada pessoal de cada um. Por isso acolhemos quem apresenta dúvidas e incertezas espirituais. Há lugar para todos. Oferecemos escuta e diálogo”. O exercício da maternagem6 (ter coração materno), portanto, é um exercício de presença e cuidado.

6 Maternidade é a qualidade ou condição de ser mãe, laço de parentesco que une mãe e filho. Maternagem são os cuidados próprios de mãe, materno, afetuoso, dedicado, carinhoso e maternal. Vive a maternagem a pessoa que abraça as grandes causas, preocupa-se com todos os seres, por mais simples e pequenos que possam ser, não vive do discurso lógico característico dos homens e do animus, mas, da relação, do cuidado feminino, da preocupação e do cuidado que mães amorosas possuem. Para saber mais acesse: http://www. ijep.com.br/index.ph p?sec=artigos&id=3 3&ref=maternidadee-maternagem.

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Viver a experiência de ser mãe de Jesus, nesse sentido, significa entrar no campo do imprevisto, pois não há um manual para ser mãe. Para revelar o rosto materno na Igreja, faz-se necessário um deslocamento e “isso significa, para todo o cristão, que ser crente é mais importante que o ministério que se desempenha na Igreja” (TURÚ, 2012, p.34). Maria, quando passa a ter certeza do querer de Deus para a vida dela, ensina a importância do discernimento. A aceitação e a crença no convite do anjo fazem de Maria a primeira crente e Mãe de Deus, sem que se possam separar a crente e a Mãe de Deus. Sua experiência de dar a vida a Jesus é espiritual e corporal ao mesmo tempo (TURÚ, 2012, p 34). Viver a experiência de Maria é viver com a consciência constante de que em nossa carne acontece a fusão humano-divina. É através da nossa carne que se continua a “dar à luz o Cristo” (Água da Rocha, nº 11). Esse “dar à luz” não se reduz a palavras, para nós maristas, mas a uma mensagem viva, solidária e eficaz, porque “o nome que levamos diz qual é o nosso espírito” (TURÚ, 2012, p.37). E esse espírito ressalta o amor como critério para viver os ideais que proclamamos (TURU, 2012, p. 35), “não somente pelo que fazemos, mas pela maneira como fazemos e pelo que somos” (TURÚ, 2012. p. 38). Precisamos evidenciar em nossas vidas a atitude de Maria que peregrinou neste mundo como um(a) de nós. Ela educou uma criança – Jesus – e sujou os pés com a poeira dos caminhos da cidade de Nazaré. Uma visão

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coerente sobre Maria não pode se orientar por “certa literatura devocional, que volta à baila, respaldando-se em pretensas visões místicas, e tende a endeusar Maria a ponto de obscurecer sua face humana. Parece que ela flutuou neste mundo. Não pisou no chão! Tudo já parecia claro para ela, que teria seguido um plano predefinido nos mínimos detalhes pelas mãos divinas. Aquela que se autodefiniu como serva do Senhor (Lc 1, 38) é apressadamente elevada à condição de rainha, título desconhecido na Bíblia para Maria. Adornada de tantos privilégios, distante de um perfil humano alcançável, dificilmente será uma referência ética e próxima para homens e mulheres de hoje” (MURAD, 2011, p. 21).

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Maria, uma referência próxima para nossos dias Mais do que nunca os referenciais alcançáveis, próximos e viáveis são necessários diante de um contexto tão flutuante e com tendências fortíssimas a retrocessos quanto às teias de relações humanas. O exemplo de liderança a ser seguido é o de Maria que se apresenta como serva, ouve, reflete e age (Constituições, 120). Como afirma o Superior-Geral Ir. Emili, a liderança mariana que todos compartilhamos é uma liderança de baixo, não com respostas pré-fabricadas, mas com escuta atenta, com a atitude humilde, que sabe deixar-se interpelar por Deus e pelos demais (TURÚ, 2012, p. 53). Diante de tantos jovens que necessitam de modelos visíveis que confirmem que é possível levar a cabo o sonho

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de Jesus de construir uma sociedade alternativa, o Reino, aqui e agora (TURÚ, 2012, p. 56), nós não caminhamos a esmo. Nós temos uma proposta e ela não é vazia. Sim, é exigente, mas pode fazer sentido para muita gente. As situações difíceis que enfrentamos diante da realidade planetária devem nos sensibilizar e nos responsabilizar7, pois “é como se o Espírito nos dissesse: Não queríeis uma inspiração e um ponto de referência firme para vosso caminho? Pois aí o tendes: Maria! Poderia ser de outro modo entre nós, que levamos o seu nome?” (TURÚ, 2012, p. 26). Então, nas sendas do discipulado de Jesus, assim como Maria o foi, vejamos o que evidencia o papa Paulo VI no documento Marialis Cultus:

7 “Participamos da maternidade espiritual de Maria ao assumirmos nossa responsabilidade em levar os valores cristãos às pessoas com quem partilhamos nossa vida. Contribuímos para o crescimento da comunidade eclesial, cuja comunhão fortalecemos pela oração fervorosa e pelo generoso serviço ao próximo.” (Água da Rocha, nº 26).

“A Virgem Maria foi sempre proposta pela Igreja não exatamente pelo tipo de vida que ela levou ou, menos ainda, por causa do ambiente sociocultural em que se desenrolou a sua existência, hoje superado quase por toda a parte, mas sim, porque, nas condições concretas da sua vida, ela aderiu total e responsavelmente à vontade de Deus (Lc 1,38); porque soube acolher a sua palavra e pô-la em prática; porque a sua ação foi animada pela caridade e pelo espírito de serviço; e porque, em suma, ela foi a primeira e a mais perfeita discípula de Cristo, o que, naturalmente, tem um valor exemplar universal e permanente” (Paulo VI, 1974, nº 35).

Assim, entendendo Maria de Nazaré pelo viés da acolhida, que compromisso é possível ser assumido ou renovado para que continuemos a revelar Jesus para crianças, adolescentes, jovens e adultos? 27


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Bibliografia BÍBLIA SAGRADA – Edição Pastoral (1990). São Paulo: Paulus. COMISSÃO INTERNACIONAL DE LEIGOS MARISTAS. Em torno da mesma mesa: a vocação do leigo marista de Chamapagnat. Roma, 2009. INSTITUTO DOS IRMÃOS MARISTAS (2007). Água da Rocha: espiritualidade marista, fluindo da tradição de Marcelino Champagnat. São Paulo: FTD. INSTITUTO DOS IRMÃOS MARISTAS (1997). Constituições e Estatutos. São Paulo: Simar. PAULO VI. Marialis Cultus. Disponível em: http:// w2.vatican.va/content/paul-vi/pt/apostexhortations/ documents/hfp-exh19740202marialis-cultus.html, acesso em 06/04/2015. TURÚ, Emili. Montagne: a dança da missão. Carta do Superior Geral de 25 de março de 2015, p. 10.

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TURÚ, Emili. Deu-nos o nome de Maria. Carta do Superior Geral de 02 janeiro de 2012. UMBRASIL. Maria no coração da Igreja – múltiplos olhares sobre a Mariologia, São Paulo: Paulinas: União Marista do Brasil – UMBRASIL, 2011, texto de Marçal Maçaneiro: Maria no diálogo ecumênico, p. 154 e texto do Ir. Afonso Murad: Perfil de Maria numa sociedade plural, p. 27. UMBRASIL. Projeto Educativo do Brasil Marista: nosso jeito de conceber a Educação Básica. Brasília: Umbrasil, 2010.

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Encontro de formação

Aprender a viver e conviver com os outros! “Ah, como é bom e como é lindo habitar como irmãos e irmãs, assim todos juntos!” (Sl 133,1).

Apresentação A proposta que segue nos provoca a refletir sobre o aprender a viver juntos, a conviver com os outros, em sociedade e comunidade, em resposta ao isolamento, à solidão, à insensibilidade, indiferença, apatia e alienação, atitudes que têm se tornado frequentes na sociedade contemporânea. Que o encontro de formação possibilite a realização da experiência de partilha, compaixão, contato, proximidade e do ser presença envolvente e produtora de mais vida diante de tudo e de todos.


Encontro de formação

Preparação Ambiente: espaço que possibilite sentar-se em círculo, que acomode o grupo/turma e permita o uso de recursos necessários para o encontro. Colocar ao centro um espelho virado para baixo, bíblia e vela. Materiais: cópias do texto A arte de ser presença; tarjetas com as frases; bíblia; espelho; áudio da música Por quê?; imprimir e fixar o texto de Eclesiastes 4,7-12 atrás do espelho. Ensaio: escolher duas pessoas para declamar a poesia Eu não sou você... em forma de diálogo.

Desenvolvimento Abertura Estando todos acomodados, sem dizer nada anteriormente, a dupla que preparou inicia declamando o poema de Madalena Freire. Poema: (tempo previsto: 5 minutos) Leitor 1. Eu não sou você! Você não é eu! Leitor 2. Eu não sou você! Você não é eu! L1: Mas sei muito de mim vivendo com você. E você sabe muito de você vivendo comigo? L2: Eu não sou você, você não é eu, mas me encontrei comigo e me vi enquanto olhava pra você. 32


L1: Na sua, minha, insegurança L2: Na sua, minha, desconfiança L1: Na sua, minha competição L2: Na sua, minha, birra infantil L1: Na sua, minha, omissão L2: Na sua, minha, firmeza L1: Na sua, minha, impaciência L2: Na sua, minha, prepotência L1: Na sua, minha, fragilidade doce L2: Na sua, minha, mudez aterrorizada L1: E você se encontrou e se viu, enquanto olhava para mim? L2: Eu não sou você, você não é eu, mas foi vivendo a solidão que conversei com você e você conversou comigo na sua solidão ou fugiu dela, de mim e de você? L1: Eu não sou você, você não é eu, mas sou mais eu, quando consigo lhe ver, porque você me reflete no que ainda sou, no que já sou e no que quero vir a ser... L2: Eu não sou você, você não é eu. L1 e L2: Mas somos um grupo, enquanto somos capazes de, diferenciadamente, eu ser eu, vivendo com você e você ser você, vivendo comigo. Música: (tempo previsto: 5 minutos) Porquê? (Caetano Veloso, disponível em http://letras. mus.br/caetano-veloso/792901/, enquanto toca toda a música, alguém circula na frente dos participantes com um espelho. Ao terminar a música, colocar o espelho ao centro. 33


Encontro de formação

Motivação (tempo previsto: 10 minutos) Convidar os participantes a expressarem como se sentiram ao ouvir a declamação, a música, o espelho... o que descobriram, que pensamentos surgiram (ouvir 5 ou 6 pessoas, apenas como motivação para o trabalho em grupo). Reflexão do texto (Tempo previsto: 30 minutos). Dividir os participantes em grupos e entregar o texto para reflexão, indicando para responder às perguntas ao final. Também pode ser reflexão em duplas ou individualmente. A arte de ser presença! O caminho da autêntica formação para viver juntos passa por uma dupla descoberta: a do valor próprio e a do valor dos outros. Sem o exercício do autoconhecimento e do reconhecimento do outro não há um viver realmente juntos. Senhores e escravos não convivem. Uns dominam, outros submetem-se. A consciência de uma igualdade radical na diferença dos talentos é a base do viver juntos. Viver é compartilhar a vida com outros. Ninguém vive sozinho. Estamos sempre em contato com outras pessoas, com outros seres, com a natureza. Dependemos do rela34


cionamento com todos esses para viver mais e melhor. Vive efetivamente quem é feliz, não se fechando aos outros. Vive feliz quem está em paz com os outros, presta-lhe serviços, está atento e disponível às necessidades deles. Ser feliz é poder contar com a amizade dos outros. Vive feliz quem partilha um ambiente de amizade e de fraternidade, ou seja, de amor ao próximo. Para sermos presença diante dos outros precisamos do nosso corpo. O corpo é o que permite a comunicação com todos. Sem o corpo não posso estar presente na vida de ninguém, pois a alma não anda sozinha por aí, ela está no corpo. Mas, o que é esse corpo? O corpo sou eu. Em parte, eu sou feito pelo meu corpo que não posso mudar. Em parte, eu uso o corpo para fazer, para realizar. O corpo, com as suas condições e limitações, é o meio pelo qual podemos estar presentes entre os outros e no mundo. Sabemos que existem diversos modelos de presença. Está presente o amigo com quem estamos conversando. E é igualmente presente a lembrança de uma pessoa querida, quando nos sentimos arrastados pelas dificuldades, pois nossa vida pode ser descrita a partir daquilo que se vê e se constata. Temos um nome, uma família, uma história. Moramos num lugar. Trabalhamos, fazemos amizades, amamos e sofremos. Tudo isso é muito concreto e preciso.

Para ref letir 1. Como vejo e como uso o meu corpo? 2. Como posso ser presença diante dos outros? 3. O nosso grupo é presença na comunidade? 35


Encontro de formação

Partilha

(tempo previsto: 30 minutos)

Pensar em uma forma de partilhar as reflexões feitas e quem sabe assumir algum compromisso enquanto grupo.

Concluindo Motivação: • Acender a vela cantando o mantra Tua palavra é lâmpada para os meus pés ou outro que considere adequado. • Ao acender a vela, a mesma pessoa que circulou com o espelho durante a música “Porquê?” o faz novamente e lê o texto de Eclesiastes 4,7-12 fixado no verso do espelho. Ao concluir a leitura, coloca o espelho novamente ao centro e este será o sinal para o próximo passo. “Vi ainda outra coisa vazia debaixo do sol: um homem sozinho, que não tem ninguém, nem filho, nem irmão. Apesar disso, não deixa de se afadigar, nem de se fartar com riquezas. Para quem ele se afadiga e se priva da felicidade? Isso também é fugaz e trabalho inútil. Mais vale estar a dois do que estar sozinho, porque dois tirarão maior proveito do seu trabalho. De fato, se um cai, poderá ser levantado pelo companheiro. Azar, porém, de quem está sozinho; se cair, não terá ninguém para o levantar. Se dois se deitam juntos, um poderá aquecer o outro; mas como poderá alguém sozinho se aquecer? Se um deles for agredido, dois poderão resistir, e uma corda tripla não se arrebenta facilmente. ” (Ecl 4,7-12) 36


Motivação Sem comentar o que foi lido, a mesma dupla que declamou o poema de abertura, colocando-se um frente ao outro, convida todos a ficarem em duplas e repetirão o que eles orientarem: Um encontro de dois (J.L. Moreno) L1 e L2: Um encontro de dois: L1: olhos nos olhos, L2: face a face. L1: E quando estiveres perto, L2: arrancar-te-ei os olhos, L2: e colocá-los-ei no lugar dos meus; L1: e arrancarei meus olhos L1: para colocá-los no lugar dos teus; L2: então ver-te-ei como os teus olhos L1: e tu ver-me-ás com os meus. L1 e L2: caminharemos juntos e te abraço. Música: Fico assim sem você, Adriana Calcanhotto, disponível em http://www.vagalume.com.br/adriana-calcanhoto/fico-assim-sem-voce.html

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Celebração Eucarística

Maria, mulher solidária Importante ressaltar Esta é uma sugestão de Celebração Eucarística que pode ser ajustada para a Celebração da Palavra. É necessário que seja adaptada conforme a realidade de cada Unidade e/ou interlocutor. É importante que a celebração seja preparada, se possível, de forma participativa, para que sejam colhidas sugestões.


Celebração eucarística

É indispensável: • Ver se todos os cantos são conhecidos. • Procissão de entrada (um grupo de crianças poderá entrar levando flores para colocar aos pés da imagem de Maria. Esse gesto não precisará ser explicado ou narrado, porque fala por si mesmo). • Preparar a encenação do evangelho (O Evangelho poderá ser encenado, porém deverá ser ensaiado para garantir a fidelidade ao texto e à mensagem. A partir do versículo 46 poderá ser cantado, ou feita coreografia com o canto: Magnificat Lc 1,46 55 CD Salmos para celebrar Shalom ou mostrar o vídeo: https://www.youtube.com/ watch?v=qN3Tlk9uPAI). • Definir se as preces serão espontâneas ou preparadas previamente.

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• Pensar o ofertório (Sugestão: nesse momento algumas pessoas poderão levar escrito em tarjeta seus compromissos em vista de uma sociedade justa e fraterna, mostrar à assembleia o que está escrito e colocá-la aos pés da imagem de Nossa Senhora. Os compromissos poderão ser escritos previamente pelos participantes.) • Conversar com antecedência com o Padre, caso seja celebração eucarística, para que haja alinhamento de ideias.

Materiais Livro Cantando (Para as sugestões dos cantos); Bíblia, vela, flores, tarjetas, ... Simbologia: preparar o ambiente, tornando-o agradável, acolhedor e convidativo, com vela, imagem de Champagnat, flores, Bíblia8, e a imagem da Boa Mãe em destaque.

8. A Bíblia não ficará junto com os símbolos caso seja levada no momento da Liturgia da Palavra. Sugestão: a entrada da Bíblia poderá ser feita com coreografia a partir da música de acolhida da Palavra de Deus.

Ritos iniciais Animador: Marcelino Champagnat e um grupo de jovens sacerdotes alimentavam um grande sonho que, há muito tempo, ardia em seus corações. Era o nobre sonho de transformar vidas, diante da França devastada, pós-revolução. Sabendo que seriam enviados a diferentes lugares, possivelmente distantes, resolveram assumir um compromisso para que esse sonho não fosse esquecido. Decidiram, antes de se separarem, selarem o compromis-

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Celebração eucarística

so diante de Maria, mãe de Jesus, de fundar uma organização religiosa em sua homenagem, chamada Sociedade de Maria. Então no dia 23 de julho de 1816, subiram 800 degraus em direção ao Santuário de Fourvière, em Lyon, para depositarem aos pés de Nossa Senhora de Fourvière o compromisso que redigiram e assinaram na certeza de continuar sua obra com todas as suas forças. Até hoje essa obra nos une, nos move e nos impulsiona. Com o coração aberto, com confiança e fortaleza, humildade e alegria serena e como filhos e filhas coloquemo-nos a caminho com a nossa Boa Mãe, Maria, a mãe de Jesus. Com alegria cantemos. Canto: Maria de Nazaré, nº 141. Sinal da Cruz Saudação do animador/padre Pedidos de perdão Leitor: Pedimos perdão pelas vezes que não fomos solidários, não vimos o outro como irmão e não nos colocamos a caminho para ajudá-lo como fez Maria ao encontro de sua prima Isabel. Leitor: Quando não fomos sensíveis às necessidades das pessoas, principalmente aos mais pobres e excluídos. Leitor: Quando deixamos de praticar a solidariedade esquecendo o nosso compromisso em defesa da vida, sendo egoístas e individualistas. Canto: Tende piedade, nº 21

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Oração conclusiva Padre/animador: Deus, pai de bondade e mãe de ternura, olhai para nós que somos frágeis e precisamos de vossa misericórdia. Concedei-nos o vosso perdão e nos conduz sempre pelos caminhos do bem, por Cristo, Senhor nosso. Amém!

Glória Animador: O que mudou o rumo da vida de Gabriel? Gabriel tem 14 anos. Por meio da poesia, ele começou a vencer a timidez e o preconceito que sofria por trabalhar como reciclador para ajudar sua família. No Centro Social Marista da Juventude há mais de dois anos, Gabriel sempre foi incentivado a participar de encontros, congressos e outros eventos destinados a crianças e adolescentes. Sua irmã mais nova, Tassiana, de 10 anos, não enfrentou as mesmas dificuldades que ele, por isso Gabriel faz questão de protegê-la e ajudá-la sempre. Eles estudam na mesma escola estadual e frequentam a unidade no mesmo período. No Centro Social Marista da Juventude, novas histórias são escritas todos os dias. Afinal, nós acreditamos, assim como o Gabriel, que mudar o rumo de uma história é possível. Demos glória por Maria ser nossa mãe e exemplo de vida solidária e pelas pessoas que dedicam suas vidas ao próximo na gratuidade e amor como nos ensinou Jesus de Nazaré. Canto: Glória a Deus Trindade, nº 25.

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Celebração eucarística

Liturgia da Palavra 1ª leitura: Esta leitura é retirada das Constituições e Estatutos dos Irmãos Maristas, número 4. “Dando-nos o nome de Maria, quis que vivêssemos do seu espírito. Convencido de que ela fez tudo entre nós, chamava-a de Recurso Habitual e Primeira Superiora. Contemplamos a vida de nossa Mãe e Modelo para impregnar-nos do seu espírito. Suas atitudes de perfeita discípula de Cristo inspiram e pautam nossa maneira de ser e de agir. Havendo Deus dado seu filho ao mundo por Maria, queremos torná-la conhecida e amada como caminho que leva a Jesus. Atualizamos assim nosso lema: “Tudo a Jesus por Maria, tudo a Maria para Jesus. ” Palavra do Patrimônio Espiritual Marista Todos: Graças a Deus. Salmo 67 • Que Deus nos dê a sua graça e sua bênção. • Que Deus nos dê a sua graça e sua bênção. 1. Que Deus nos dê a sua graça e sua bênção e sua face resplandeça sobre nós!

Que na Terra se conheça o seu caminho e a sua salvação por entre os povos. 2. Exulte de alegria a Terra inteira, pois julgais o universo com justiça;

Os povos governais com retidão, e guiais, em toda a Terra, as nações. 44


3. Que as nações vos glorifiquem, ó Senhor, que todas as nações vos glorifiquem!

Que o Senhor e nosso Deus nos abençoe, e o respeitem os confins de toda a Terra! Animador: A Boa Mãe, assim chamada carinhosamente por Champagnat e também por nós, é o nosso modelo de vida, fé e solidariedade. Ao colocar-se a caminho para o encontro com Isabel, indo às pressas pela região montanhosa, demonstra gesto solidário e acolhida generosa para com sua prima que necessitava de ajuda, companhia, atenção e cuidados. Aclamemos o Evangelho cantando: Canto: Vai falar no Evangelho. Canto nº 56. Evangelho: Lc 1, 39 – 56

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Celebração eucarística

Homilia/partilha Preces espontâneas Leitor: Marcelino Champagnat confiava plenamente na intercessão de Maria. Encorajou os primeiros Irmãos a imitá-lo em sua devoção à Mãe de Jesus. Herdamos de Champagnat esse amor filial a Maria e é nessa confiança que como filhos e filhas da Boa Mãe fazemos as nossas preces. Preces

Liturgia Eucarística Ofertório Animador: Junto ao pão e ao vinho, queremos ofertar ao Senhor os nossos sonhos e os nossos compromissos depositando-os aos pés da imagem de Nossa Senhora. Canto: Vivo ofertório de Maria, nº 69. Sugestão: Oração Eucarística para crianças – II Rito da Comunhão Animador: Maria com simplicidade e humildade viveu o amor, a ternura e a compaixão. Somos convidados ao serviço do jeito de Maria e a termos atenção especial às pessoas mais necessitadas. Somos convidados a um novo começo, a vivermos a cultura da solidariedade e a fazermos parte do banquete do Senhor. Canto: Vejam, eu andei pelas vilas, canto nº 97. 46


Ritos finais Sugestão de envio Animador: Nesta celebração recordamos o compromisso que Marcelino Champagnat e seus amigos depositaram aos pés de Nossa Senhora. Recordamos também o gesto solidário de Maria, Mãe de Jesus, à sua prima Isabel. Qual é o compromisso que vamos assumir em vista de uma sociedade de paz, de amor e de solidariedade? Pensemos por uns instantes (momentos de silêncio). Somos convidados a nos desacomodarmos, a sairmos de onde estamos e irmos ao encontro de outras pessoas. Com esse gesto formaremos pequenos grupos e, de mãos, dadas rezaremos juntos a Ave-Maria, pedindo a Nossa Senhora que faça a caminhada conosco e nos ajude a cumprirmos o compromisso que hoje fizemos. Juntos rezemos: Ave, Maria... Animador: Que a presença de Jesus, a ternura da nossa Boa Mãe e a audácia de Marcelino Champagnat acompanhem a nossa vida e a nossa missão. Canto: Boa Mãe, nº 126

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Dicas

Livros Músicas Orações Vídeos Poemas Na Área do Pastoralista (maristas.org.br/pastoral) você encontra os materiais colocados como sugestão. Lá, pode fazer downloads das letras e áudios das músicas, orações, documentos e ter acesso aos links dos vídeos colocados como sugestão para aprofundamento.


Dicas

Livros Maria e os Jovens | Coleção Cadernos da PJM 5 Autor: Ir. Afonso Murad Editora: FTD Ano: 2011 Caderno que, através de pequenos textos e dicas, articula temáticas a partir da discípula Maria.

Maria | Toda de Deus e tão humana Compêndio de Mariologia Autor: Afonso Murad Editora: Santuário Ano: 2012 Apresenta uma mariologia em estreita ligação com outras disciplinas teológicas, como a teologia bíblica, a cristologia, a trindade, a antropologia teológica, a liturgia e a escatologia. Também, de forma clara, simples e sintética partilha os principais elementos da marialogia contemporânea, nos seus três grandes blocos: Maria na bíblia, nos dogmas e no culto cristão.

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Mariologia social Autor: Clodovis Boff Editora: Paulus Editora Ano: 2006 O livro apresenta o resultado de uma longa e paciente pesquisa sobre o significado especificamente social ou público de Maria nos vários planos: histórico, bíblico, magisterial, dogmático e da devoção popular. Trata-se de uma obra importante para o avanço da teologia mariana numa área vital e urgente da missão da Igreja, qual é a frente social, especialmente na América Latina, onde vivem povos que são, ao mesmo tempo, majoritariamente excluídos e profundamente marianos.

Mariologia | Interpelações para a vida e para a fé Autora: Lina Boff Editora: Vozes Ano: 2007 De linguagem fácil, o enfoque pastoral é o diferencial desta obra. Assume o olhar feminista, de forma equilibrada e sábia. É uma porta de entrada para a mariologia, que suscita no leitor o desejo de ler e aprofundar mais.

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Dicas

Documentos/ subsídios Circular do Superior-Geral, Ir. Emili Turú: Deu-nos o nome de Maria Circular do Superior-Geral, Ir. Emili Turú: Em seus braços e em seu coração Texto do Ir. Bigotto: O Rosto Mariano da Igreja

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Músicas Mãe de Deus Autora: Nando Spessato Mãe, abençoai todos vossos filhos, iluminai, Fazei do coração o vosso altar de luz E que cada jovem seja um pouco de Jesus. Mãe, perdoai se às vezes julgo sem pensar. Mesmo assim serei um ser transformador, Guiarei minhas atitudes na força do amor. Maria, Boa Mãe, mostraime o caminho Porque eu também senti pulsar meu coração. Maria Boa Mãe da fé e da humildade, Sei que a felicidade é ajudar o meu irmão.

Mãe, eu quero ser como Champagnat. Vou trabalhar pra ver o Brasil se colorir de amor E levar missão de paz onde houver dor. Mãe, intercedei pela Pastoral Juvenil Pra que nunca deixe de acreditar Que onde estiver, ali Deus estará!

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Dicas

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É Maria! É Maria!

Maria de Maio

Autor: Zé Vicente

Autor: Zé Vicente

Quem é essa mulher radiante, orgulho do povo, de Deus sintonia?! É Maria, é Maria, nossa Mãe, modelo e guia / É Maria, é Maria, companheira noite e dia! Quem é essa que na América Latina / do México à Argentina / nos dá tanta alegria? Quem é essa que na noite do povo é força e presença em busca do dia? Quem é essa que no meio da morte nos canta a vitória e transforma a agonia? Quem é essa que aponta a derrota dos grandes opressores da vil tirania? Senhora de Guadalupe, / ó Virgem da Conceição, / Negrinha do meu Brasil, / mãe santa da libertação!

Deus te salve, Maria de Maio! Das flores nos campos, de estrelas no céu. Deus te salve, Maria de Maio! Das mães, das novenas, dos cantos de amor. Ó filha de Deus! Ó Mãe de Jesus. Nas fontes, cachoeiras nos olhos sois luz! Deus te salve, Maria de Maio! Dos frutos nas roças, do céu todo azul. Deus te salve, Maria de Maio! Das brisas, neblinas, da gente a sorrir. Deus te salve, Maria de Maio! Dos pássaros livres, do sol a brilhar. Deus te salve, Maria de Maio! Orvalho de graças, sobre o nosso chão.


Olhares que se Encontram

Maria, Maria Autora: Milton Nascimento

Autor: Jorge Trevisol No teu jeito de menina, No teu modo de sonhar, Há uma luz que não se apaga, há um segredo em teu olhar e me encanta tua vida, O teu jeito de viver Que me ponha assim, Maria, a pensar no que seria Não poder te conhecer. Se eu te sigo, Eu te encontro nas fileiras. Mas se eu paro, Logo fico a imaginar O olhar de Deus amigo Comtemplando o teu olhar. Ele quis sonhar contigo, Tu soubeste acreditar. O teu jeito assim materno, Teu olhar e proteção, Teu carinho pela vida, Faz tão bem ao coração. E nas horas mais sombrias, no teu jeito de sofrer, Eu encontro em ti, Maria, No mistério da agonia, Um sentido pra viver.

Maria, Maria, É um dom, uma certa magia, Uma força que nos alerta, Uma mulher que merece viver e amar Como outra qualquer do planeta. Maria, Maria, É o som, é a cor, é o suor, É a dose mais forte e lenta De uma gente que ri quando deve chorar E não vive, apenas aguenta. Lêre, lare, lêre, lare, lêre, larê Mas é preciso ter força, É preciso ter raça, É preciso ter gana sempre Quem traz no corpo uma marca. Maria, Maria, Mistura a dor e a alegria Mas é preciso ter manha, É preciso ter graça, É preciso ter sonho sempre. Quem traz na pele essa marca Possui a estranha mania De ter fé na vida.

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Dicas

Certo dia em Nazaré Autora: Maria

Ladainha de Santo Amaro

Sardenberg

Autor: Mabel Vellosso

Nossa Senhora, mãe de Jesus, Mãe de todos nós, Roga por tudo que tudo é teu, Por cada coisa, por cada ser, Ave, Maria! Ave, Maria! Pelos que cantam, pelos (bis) que choram, Pelos os que te esquecem, A mensagem foi ouvida pelos os que Te imploram. com surpresa e atenção. Santa Maria, nossa Senhora, Ela foi a escolhida pra Maria dos tamarineiros, dos trazer a salvação. riachos, manguezais, Dos dendezeiros bonitos, A menina encontrou Maria dos canavias, em Deus muita graça e Maria das fontes limpas, muito amor Maria das Cachoeiras, E por isso respondeu: “Sim, aqui estou, Senhor”. Maria das águas claras, Que brincam por sobre os seixos, Maria do Subaé, De águas tristes, pesadas, Maria dos barcos, canoas, De velas cheias de vento, Maria dos pescadores, Maria das canas doces, Dos alambiques, do mel, Certo dia em Nazaré, numa casa pequenina, Veio o anjo Gabriel, quis falar com a menina.

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Maria das flores, e folhas, Das sementes, dos espinhos, Maria de cada casa E de todos os caminhos, Maria de nossa infância, Maria de toda a gente, Maria de todo o amor, Maria de cada Igreja De azulejos, alfaias, Redomas, lindos altares, Maria das procissões, Das festas, das romarias, Dos cânticos, da alegria, Maria de cada noite, Maria de todo dia, das praças, coretos, cinemas, Maria dos meus amores, Dos meus sobrados tristonhos, Dos meus mais doces sonhos,

Maria dos seresteiros Dos cantadores, poetas, Maria dos sinos plangentes, Maria das torres acesas, Das palmeiras solitárias, Das pontes, muringas e rios, Maria de todo o sonho, De música e harmonia, dos pratos e dos pandeiros, Das festas de fevereiro, Maria das chegadas E também das despedidas, Maria de todas as vidas, Maria de todas as horas, Maria nossa Senhora, Mãe do menino Jesus, Rainha de toda a luz, Cuida de tudo que tudo é teu.

No livro Cantando, há uma editoria apenas de cantos Mariais, a partir da página 38.

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Dicas

Orações Oração para o Ano Fourvière

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Maria, primeira discípula do Senhor, nós vos damos graças pelo grupo de sacerdotes, Champagnat e Colin entre eles, que se consagraram em Fourvière, há 200 anos, e se comprometeram a renovar a Igreja, inspirados por vós e sob vossa proteção.

em situações de maior vulnerabilidade. Somos gratos, de maneira especial, pelo carisma recebido por intermédio de Marcelino Champagnat, que tantas vezes dirigiuse a Fourvière para confiar-vos os seus projetos e abandoná-los em vossas mãos.

Somos gratos pela família marista, atualmente espalhada por toda a Terra, herdeira daquele sonho dos primeiros maristas e que deseja, hoje como ontem, colocar-se a serviço de nossos irmãos e irmãs, especialmente daqueles que vivem

Conscientes de que Fazeis sempre tudo entre nós, nós vos damos graças por tantas gerações de Irmãos Maristas que, nos cinco continentes, dedicaram suas vidas para a evangelização de crianças e jovens. Somos gratos pelo crescimento do


laicato marista, mulheres e homens chamados pelo Espírito Santo para viver sua vocação cristã como maristas, em comunhão com os Irmãos e partilhando uma mesma missão. Todos nós, maristas de Champagnat, nos entregamos a vós, boa Mãe de Fourvière, peregrina da fé, para que, com audácia e generosidade, sejamos sinais de vossa ternura e misericórdia entre os Montagnes de hoje e fiéis à nossa missão de fazer Jesus Cristo conhecido e amado. Amém. 59


Dicas

Prece a Maria Autor: Ir. Emili Turú Maria, aurora dos novos tempos, dou-te graças porque sempre fizeste tudo entre nós, e assim continua sendo até o dia de hoje. Ponho-me confiadamente em tuas mãos e me abandono à tua ternura. Confio-te também cada uma das pessoas que, como eu, se sentem privilegiadas em levar teu nome. Renovo neste dia minha consagração a ti e também a firme vontade de contribuir na construção de uma Igreja, reflexo de teu rosto.

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Tu, fonte de nossa renovação, acompanhas minha fidelidade, como acompanhaste a dos que nos precederam. Neste caminho para o bicentenário marista, sinto tua presença junto a mim e por isso te agradeço. Amém!


Dizer teu nome, Maria Autor: Dom Pedro Casaldáliga Dizer teu nome, Maria, É dizer que a pobreza compra os olhares de Deus. Dizer teu nome, Maria, É dizer que a promessa vem com leite de mulher. Dizer teu nome, Maria, É dizer que nossa carne veste o silêncio do Verbo. Dizer teu nome, Maria, É dizer que o Reino chega caminhando com a história. Dizer teu nome, Maria, É dizer ao pé da Cruz e nas chamas do Espírito. Dizer teu nome, Maria, É dizer que todo Nome pode estar cheio de Graça. Dizer teu nome, Maria, É dizer que toda Morte pode ser também a Páscoa.

Dizer teu nome, Maria, É chamar-te Toda Sua, causa da nossa alegria. Dizer teu nome, Maria, É dizer que todo Nome pode estar cheio de Graça.

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Dicas

Prece à Mãe de Deus Autor: Gabriel Chalita Minha mãe, Maria. Mãe minha e mãe de todos os homens do mundo. Mãe dos que creem e dos que duvidam. Mãe de todos. Sê nossa intercessora junto ao Mediador. Minha mãe, Maria. Tua vida foi sinal de amor. Se não fosse o teu silêncio, talvez não tivesse sido possível ouvir o anjo que anunciava. Se não fosse tua atenção, aquelas palavras não teriam surtido efeito. Se não fosse tua coragem, a resposta teria sido não. Se não fosse tua disposição, teu sim em nada resultaria. Minha mãe, Maria. Tua maternidade te fez ainda mais bela. Tua pureza ensinou que vale a pena contemplar os amanheceres. Tua presença mostrou o que

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é ser presente. Soubeste não sufocar. Soubeste não abandonar. Minha mãe, Maria. Teu olhar diante do sofrimento de teu filho comove ainda hoje a humanidade. Ele era inocente, e tu sabias disso. Ele era belo, e mesmo assim o maltrataram. Ele era fascinante, e mesmo assim o abandonaram. E Ele, que nada fez, pagou por tudo o que fizeram. E tu compreendeste. Compreendeste e choraste ao pé da cruz. Minha mãe, Maria. Aprendi a rezar desde criança. Aprendi a dizer Ave! Cheia de graça! Aprendi a te chamar de mãe. E nunca esqueci. Mãe é para sempre. Mãe cuida da gente. Embala na dor e no amor. Faz-se presente.


Minha mãe, Maria. Nesta minha oração, quero apenas te pedir uma coisa. Ensina a este mundo as lições que marcaram tua vida. Teu silêncio, tua atenção, tua coragem e disposição de realizar o desejo do Pai. Tua humildade. A humildade da menina de Nazaré que virou Rainha. Rainha da bondade e do amor. Estrela da paz. Minha mãe, Maria. Minha eterna mãe, Maria. Fica comigo. Amém!

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Dicas

Poema Maria-Jesus Autor: Zé Vicente Franzina, pequena, mulher do meu povo Rosto de camponesa do interior Pele queimada, rugas ligeiras no rosto sofrido Passos firmes, pés decididos a caminhar Por estradas distantes na direção da estrela da manhã dos pobres Além das fronteiras de Estados e Impérios Além das cercas e muros da morte! Mãos a serviço sempre Armas em punho no mutirão da terra livre Liberta para sempre. Presença fiel na casa onde o gemido se faz e onde a labuta é tanta que precisa das mãos de alguém disposto a servir. 64

Mulher segredo e mistério É povo na carne, divina no sonho! Projeto maior que seu ventre, mais vasto que a noite e o dia. É nela que a gente projeta os títulos e as tintas do amor filial. Diante dela dobram-se os homens-poderes E, como crianças, suspiram, suplicam e clamam! Mulher que na voz traz os sons e suspiros da raça Que se move e se arrasta no vale do pranto. Ouvidos abertos de mãe que escuta a palavra do filho ensaiada ainda Bem dentro da boca, lá no coração!


Maria que educa e se educa com o filho Menino-divino nos rumos do Reino Projeto e Promessa, real já no hoje De amor e justiça aos pobres Pisados nos pés dos tiranos. Maria-mulher, unida ao filho, No corpo e na graça! Os Gêmeos de Deus, Maria-Jesus.

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Dicas

Vídeos Bem-vindo à Mariologia: www.youtube.com/watch?v=p44DTQoXvc0 Vídeo onde o Ir. Afonso Murad apresenta, através da metáfora do trem, aspectos da mariologia. Maria, mãe de Jesus: www.youtube.com/watch?v=_-TcJ4RGiPA . Vídeo que apresenta a história de Maria, a partir da narrativa das crianças. Lembre-se! Confira na Área do Pastoralista, que se encontra no site www.maristas.org.br/pastoral, os materiais de apoio para os desdobramentos das atividades em sua Unidade!

Expediente Cadernos Pastorais | Acolhida: do jeito de Maria | nº 4 Organização: Coordenação de Pastoral – Ir. Valdícer Fachi, Karen Theline Cardoso dos Santos da Silva, Jaquelini Alves Debastiani, José Jair Ribeiro, Laura Skavinski Aparicio, Marcos José Broc, Vera Lúcia Ribeiro. Produção: Assessoria de Comunicação Corporativa Editoração: Design de Maria Fotos: Arquivo da Rede Marista Revisão: Ir. Salvador Durante Rede Marista Rua Ir. José Otão, 11 – Bom Fim 90035-060 – Porto Alegre - RS maristas.org.br 66




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