Pastoral Juvenil Marista
ORIENTAÇÕES PARA A
REVITALIZAÇÃO 1
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Pastoral Juvenil Marista
ORIENTAÇÕES PARA A
REVITALIZAÇÃO 3
Este livro, ou parte dele, pode ser reproduzido por qualquer meio sem autorização escrita do Editor, desde que mantida a referência e respeitados os direitos de autoria e edição de acordo com as Leis Brasileiras.
U58p
União Marista do Brasil
Pastoral Juvenil Marista: orientações para a revitalização / União Marista
do Brasil; [organização de] Área de Missão da UMBRASIL. – – Brasília: UMBRASIL, 2015. 55 p.: il. ; color. ISBN: 978-85-63200-31-0
1. Guias - Manuais 2. Grupos em teologia pastoral 3. Pastoral Juvenil Marista 4. Atividades pastorais I. União Marista do Brasil II. Título.
CDU 27-48 CDD 253
UMBRASIL Presidente Diretor-Presidente Secretário Executivo
Ir. Wellington Mousinho de Medeiros Ir. ClaudianoTiecher Ir. Valter Pedro Zancanaro, fms
Coordenação da publicação Comissão de Evangelização – Grupo de Trabalho Pastoral Juvenil Marista Organização da publicação Área de Missão da UMBRASIL
União Marista do Brasil (UMBRASIL) SCS Quadra 4 – Bloco A – 2º andar Edifício Vera Cruz – Asa Sul – Brasília – DF – 70.304-913 Telefax: (61) 3346-5058 www.umbrasil.org.br – umbrasil@umbrasil.org.br Brasília, 2015
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INTRODUÇÃO
“O que a memória amou ficou eterno” (Adélia Prado).
A Pastoral Juvenil Marista (PJM) nasceu no ano de 2005, com o lançamento das diretrizes nacionais, fruto de uma longa caminhada interprovincial dos Maristas do Brasil no desejo de construir uma identidade comum para o processo de educação na fé dos adolescentes e jovens estudantes das Unidades do Brasil Marista. Esse desejo de uma identidade comum emergiu das diversas análises conjunturais e das muitas partilhas realizadas com base nos processos de evangelização propostos nas Províncias Maristas do Brasil. Haviam muitas experiências sendo vivenciadas, diversas ações sendo realizadas, muitas pessoas envolvidas e um sonho de unidade.
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A partir do ano de 2005, com os pés fincados na realidade presente e os olhos no futuro, com suor e lágrimas, mas principalmente com muita esperança e ousadia, cada Província, respeitando a metodologia dos Movimentos Juvenis já existentes (Gamar, Eda-Remar e Jumar), e inspirado em outras Pastorais, deu vida à PJM, cada qual ao seu tempo e no seu ritmo. Passaram-se alguns anos do lançamento das Diretrizes Nacionais da Pastoral Juvenil Marista (DNPJM). Tempo suficiente para dar ao coração a oportunidade de revisitar o caminho já trilhado e identificar os desafios e possibilidades para a revitalização da PJM no Brasil. A Comissão de Evangelização se coloca como responsável pelo acompanhamento da PJM, compreende sua importância na vida dos adolescentes e jovens das Unidades Maristas e percebe a urgência de uma retomada da caminhada no intuito de fortalecer o presente e garantir o futuro. Diante disso, solicitou a criação de um Grupo de Trabalho que revisitasse e discutisse a PJM em todos os seus contextos, a fim de apresentar os diversos processos vivenciados nas Províncias no que se refere aos eixos da Ação, da Formação e da Espiritualidade, de modo a pensar perspectivas e propor novos cenários na ação evangelizadora com adolescentes e jovens. Com o objetivo de fortalecer a unidade nos processos de evangelização de adolescentes e jovens das Províncias, considerando o alinhamento conceitual, a identidade e as opções pedagógicas, o Grupo de Trabalho, com base em diferentes realidades provinciais, elencou como pontos fortes da PJM: o aumento do número de participantes e de grupos de jovens acompanhado de uma preocupação com a qualidade do processo; atenção em organizar espaços formativos para jovens e adultos, por meio de videoconferências, encontros presenciais e construção de subsídios; valorização da participação juvenil em âmbitos eclesiais, sociais e na PJM; e a viabilização de estruturas que garantam o bom funcionamento das atividades com os jovens.
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Como desafios foram apontados: a necessidade de um alinhamento de conceitos que permita a unidade nos processos, respeitando as especificidades das Províncias; o estabelecimento de um processo de formação continuada que vá além dos encontros pontuais; a preocupação com acompanhamento grupal e personalizado; a constituição de orientações que contribuam para o diálogo ecumênico e inter-religioso; o desenvolvimento de um processo que fortaleça o trabalho de evangelização com as juventudes no âmbito do Ensino Médio e Universitário; o fortalecimento de processos que integrem ação e espiritualidade; e a criação de espaços que potencializem a inserção dos adolescentes e dos jovens na tomada de decisões nos meios eclesiais, sociais e no âmbito das estruturas Provinciais. É possível perceber as lacunas e conquistas, e, desse modo, os horizontes que precisamos alcançar. Fica evidente que a PJM está consolidada em todas as Províncias, sendo reconhecida como um meio eficaz de evangelização juvenil. Porém, é urgente a necessidade de realizar o alinhamento conceitual, o aprofundamento da identidade e das opções pedagógicas expressas nos aspectos da formação, organização e acompanhamento, à luz dos documentos e das práticas cotidianas da PJM. Tendo em vista os inúmeros desafios contemporâneos no trabalho de evangelização das adolescências e juventudes, somos provocados a voltar nosso olhar para as atividades da PJM. Essa atitude nos impele a vislumbrar novas possibilidades de ação que garantam unidade e vitalidade da PJM no Brasil Marista.
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Caminheiros do Caminho “E Jesus respondeu: ‘Eu sou o caminho a verdade e a vida.”
(Jo 14, 6)
Daqui onde estamos não vemos o início do caminho, mas temos como companheiras as pegadas daqueles que fizeram a caminhada e nos conduziram até aqui. Muitos vieram, nós aqui estamos, e tantos outros virão depois. “O que vimos e ouvimos”, testemunhamos. Com cantos de alegria e festa, celebramos. Unidos em comunidade, marchamos: porque a frente se estende o futuro, que nos convoca e espera. Lá, bem ao longe, não está a chegada, Estamos a chegar a todo o momento.
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Com olhar agradecido ao passado, com os pés fincados na realidade presente e construindo o futuro, que já nos presenteia com suas novidades - porque nós também somos a novidade vamos espalhando muita vida, oferecendo nossa jovem esperança e transformando cada realidade que encontramos. Estamos construindo o futuro passo a passo; um futuro que vem e já chegou. A emergência do novo nos convida a caminhar. Não a desprezar o passado, porém a ir de mãos dadas com ele. Temos Maria e Marcelino que nos cuidam, carinhosamente, nos caminhos do Caminho, nos caminhos da Vida que estamos a construir. E nos apontam, tais como setas, o chão onde pisar, as pessoas que devemos encontrar e os lugares onde queremos ir. Porque nossa novidade não se esgota e o Caminho está conosco. Porque somos e seremos sempre jovens caminhantes. Se vamos juntos podemos chegar mais longe. Se vamos juntos o Caminho não nos deixa desanimar. Pois, se vamos juntos não deixaremos nunca de com Ele nos encontrar. Irmão Gustavo Ribeiro, FMS Belo Horizonte/MG
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Cultivadores Simplicidade, Humildade e Modéstia São as sementes que queremos cultivar Cheias de esperança e alegria Cheias de nosso sonhar. Nossa fé É cultivada junto as nossas ações Com a memória viva de Jesus, Champagnat, Maria e Montagne Junto a tantos corações E a civilização do amor? É feita com todos e todas Com cada gota de amor Onde juntos somos sempre mais Sonho cultivado pela Pastoral Juvenil Marista De um em um e mais um Juntos somos construtores Cultivadores de um sonho comum Sonho de ser e viver nessa civilização do amor Sonho sonhado entre e com os jovens Onde nosso maior compromisso é ser evangelizador Evangelizadores entre os jovens Alexandre Oliveira C. Júnior Animador da PJM do Colégio Marista São Pedro Porto Alegre/RS
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Trilhas da PJM PJM: uma história a rememorar! O bom de pôr-se a caminhar É imaginar os possíveis encontros Que ocasionalmente podem gerar. O Marista, na doce travessia, acolheu e confiou Aquele inevitável encontro entre jovens Vindos do GAMAR, JUMAR E também do EDA-REMAR PJM: uma novidade que se pôs no ar! Em 2005, iniciou-se essa ousada jornada, Ocasionando alegria, mas também rebuliço. Uma proposta que incluía a massa juvenil Naquela Pastoral oferecida Com Carisma e jeito Marista. PJM: três letras e um infinito a contemplar! No “P” estão os tempos, Passado, Presente E possibilidades de um potencial futuro melhor. Do “M” vem nossas inspirações Maria, Marcelino, Missão, Mundo. E, em meio a tudo, encontra-se o “J” Nitidamente enganchado entre a Pastoral e o Marista Para reforçar a importância daqueles que são
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De fato os protagonistas. As juventudes estão no centro De nossa missão, E até mesmo da logo em questão! PJM: diversos valores a vivenciar! Na amizade, crianças e jovens partilham o amor Com alegria, sensibilidade e determinação São protagonistas despojados em ação e Que mobilizam, se for preciso, toda uma nação Sensibilidade, humildade e modéstia São valores que Champagnat nos legou E, com eles, cremos na esperança eterna De uma juventude missionária Que contribua com uma sociedade Mais justa e fraterna PJM: um futuro que iremos, juntos, caminhar! Assim nossa jornada continua. Para trás belos encontros E, para frente, novos horizontes Queremos transformar o mundo, refazer nossos atalhos. Se faz necessário revisitar os sonhos, Já que estamos em nosso décimo aniversário.
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PJM: é hora de reavivar e revitalizar! O caminho se faz ao caminhar. Vamos juntos cativar novos jovens E contagiá-los com a mística que nos uniu. Se somos todos PJM do Brasil Vamos cada vez mais nos aproximar? Ao próximo... Amar! Em um maravilhoso encontro De jovens sonhadores Conectados por uma privilegiada Pastoral Juvenil Marista do Brasil
Flávia Meirelles Israel e Diogo Luiz Galline Ribeirão Preto/SP e Curitiba/PR
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CAPÍTULO 1
ALINHAMENTO CONCEITUAL
“Coerência é o esforço diário que fazemos para aproximar aquilo que dizemos daquilo que fazemos.” (Paulo Freire).
1.1 Adolescências e Juven tudes Falar de adolescência e juventude é sempre um desafio, pois os conceitos precisam ser diferenciados. Tratando de adolescência, o conceito que a Unicef usa no Relatório da Situação da Adolescência Brasileira, em 2002, diz: “fase específica do desenvolvimento humano caracterizada por mudanças e transformações múltiplas e fundamentais para que o ser humano possa atingir a maturidade e se inserir na sociedade no papel de adulto”; mais adiante acrescenta que é “muito mais que uma etapa de transição, contemplando uma população que apresenta especificidades, das quais decorrem uma riqueza e potencial únicos”.
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Já quando nos pronunciamos sobre juventude, buscamos em Groppo (2002), Novaes (2008) e Freitas (2007), a utilização do termo juventudes, a fim de ressaltar as diferenças e as diferentes situações em que se encontram os jovens. Para esses autores, a importância de utilizar o termo no plural tem como objetivo alertar para a existência de várias realidades juvenis que se expressam de diferentes formas e são marcadas por diferenças culturais e desigualdades sociais. Segundo Abramo e Branco (2005, p. 37), juventude é desses termos que parecem óbvios, dessas palavras que se explicam por elas mesmas e assunto a respeito do qual todo mundo tem algo a dizer, normalmente reclamações indignadas ou esperanças entusiasmadas. Afinal, todos nós somos ou fomos jovens, convivemos com jovens em relações mais ou menos próximas, e nas últimas décadas eles têm sido tema de alta exposição nos diferentes tipos de mídia que atravessam nosso cotidiano. Para Freitas (2007, p. 19-50), “a juventude é singular e plural. É singular no que se distingue a infância da maturidade, com conteúdos próprios. É plural nos diversos jeitos de viver a juventude, que se diferenciam em razão da classe social, das relações de gênero, da raça/etnia, do local de moradia, da escolaridade e das experiências pessoais”. De acordo com o Documento Evangelizadores entre os Jovens é difícil, para nós, conceituar a juventude, pois é impossível abranger as diversas situações que os jovens vivem, dependendo de suas raízes e origens étnicas, das influências culturais de seus meios, ou das diferentes condições políticas, sociais e econômicas. Os jovens não constituem uma categoria homogênea. Eles se encontram imersos em uma rede de relações e de interações múltiplas e complexas que constituem um universo social descontínuo e sujeito a mudanças (IRMÃOS MARISTAS, 2011, p. 19). Diante da diversidade juvenil e considerando os múltiplos significados atribuídos pela sociedade ao período da vida denominado adolescência e juventude, é imprescindível considerar que esses sujeitos precisam ser acolhidos, respeitados, ouvidos e reconhecidos em sua condição.
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Nesse contexto, somos chamados a continuar sendo presença significativa junto às adolescências e juventudes, somar nossa voz às suas e às vozes de outras pessoas que também lutam por direitos. Diante disso, é preciso: •
Assegurar a compreensão da pluralidade das adolescências e juventudes, utilizando esses conceitos em nossos discursos, documentos, nossas práxis (reflexões e práticas cotidianas) e com os diversos interlocutores, de acordo com o que o Instituto Marista e os Marcos Regulatórios das políticas nacionais para adolescências e juventudes estão propondo.
•
Acompanhar, dialogar, incluir e respeitar as realidades juvenis nas dimensões de: território, classe social, gênero, religiosidade, raça/etnia, sexualidade, cultura, geração, biotipo etc., para gerar verdadeiras ações inclusivas e uma imagem positiva das adolescências e juventudes.
•
Estudar as adolescências e juventudes como uma forma de conhecê-las e melhor acompanhá-las.
•
Fortalecer e ampliar o diálogo sobre a PJM entre Gestores, Educadores, Irmãos, Pastoralistas, Leigos/as Maristas e Famílias.
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1.2 A PJM como espaço privilegiado de evangelização das adolescências e juventudes Compreendemos que o processo de amadurecimento na fé que os adolescentes e jovens vivenciam, necessariamente não começa e nem termina na PJM, uma vez que a proposta da PJM atinge uma determinada faixa etária. O documento Evangelizadores entre os Jovens (2011, p. 62), ao apresentar a Pastoral Juvenil Marista, a entende como um lugar privilegiado de evangelização, como forma de responder à “missão de Marcelino Champagnat de ‘tornar Jesus Cristo conhecido e amado’, vendo na educação o meio de levar até os jovens a experiência de fé, e de fazer deles ‘bons cristãos e virtuosos cidadãos’. Nós, seus seguidores, assumimos essa mesma missão, através de estruturas e projetos, um dos quais é a Pastoral Juvenil Marista. [...] A PJM representa o lugar privilegiado de encontro com os jovens para acompanhá-los na sua experiência pessoal e comunitária de fé”, ajudando-os a construírem o rosto de uma Igreja viva, jovem e próxima. Esse rico espaço de evangelização se constitui também como lugar propício para a valorização da vocação. De acordo com o documento Evangelizadores entre os Jovens, A dimensão vocacional é parte essencial da pedagogia da PJM. [...] Essa integração ajuda os jovens a serem protagonistas de sua existência e oferece a oportunidade de construir seu projeto de vida [...]. A experiência nos diz que a evangelização dos jovens através da PJM é um dos melhores caminhos para fazer nascer e alimentar o interesse pela vocação marista, seja como pessoa laica ou como religioso com votos (IRMÃOS MARISTAS, 2011, n. 135, p. 59). Reconhecemos a Pastoral Juvenil Marista como um espaço privilegiado de evangelização, contudo entendemos que os outros espaçotempos, cada qual com a sua identidade, contribuem para a formação integral de adolescentes e jovens. Diante disso, é preciso: •
Fortalecer a experiência grupal na PJM, reconhecendo-a como uma vivência processual e um caminho no seguimento de Jesus de Nazaré e seu projeto, por meio do carisma Marista.
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•
Fortalecer a cultura vocacional na PJM e intensificar a interface entre Setores/ Coordenações Provinciais (Vida Consagrada, Laicato, Solidariedade, Animação Vocacional etc.) e os diferentes atores do contexto educativo, tomando por base as realidades e culturas juvenis.
•
Reforçar que os adolescentes e jovens requerem acompanhamento integral com interfaces entre os diversos espaços (educacional, eclesial, comunitário, social, cultural, esportivo...).
•
Reconhecer que as outras manifestações juvenis dentro das Unidades Maristas (grêmios estudantis, adolescência missionária, escolinhas, voluntariado, fé e política, entre outros) e em seu entorno contribuem para o amadurecimento na fé, mas não são experiências grupais da PJM.
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1.3 As funções na PJM Segundo as Diretrizes Nacionais da PJM (2005, p. 130) “há quatro modos de exercer o ministério de serviço aos grupos de jovens: Participante de Grupo, Coordenador de Grupo, como Animador e como Assessor”. Embora essa premissa conste em nossos documentos, cada Província, atenta a própria realidade, adotou nomenclaturas diferenciadas: participantes/ pejoteiros; coordenadores/monitores; assessores jovens/animadores e assessores adultos/responsável adulto. Essa diversidade das nomenclaturas diz respeito à história do trabalho das Províncias com as adolescências e juventudes. Queremos continuar respeitando essa diversidade, mas, ao mesmo tempo, buscamos refletir sobre a unidade em relação às funções/nomenclaturas para o Brasil Marista. Diante disso, é preciso: Divulgar e implementar as seguintes funções: •
Participante – São os adolescentes e jovens que, chamados a participar dos grupos de PJM, assumem o compromisso de construir sua identidade pessoal, grupal e a caminhada de amadurecimento na fé. Segundo as Diretrizes Nacionais da PJM, são aqueles que participam “[...] entrosando-se na dinamicidade planejada do grupo, assumindo participação ativa na vivência cotidiana do grupo” (DNPJM, n. 359, p. 130).
•
Coordenador(a) – São adolescentes e jovens que se colocam a serviço do grupo, assumindo a liderança na organização dos processos grupais no planejamento, no acompanhamento do projeto de vida do grupo e dos participantes. Nas Diretrizes ele é visto como “[...] alguém que, de modo democrático, ‘organiza’ e ‘arranja’ o grupo. O coordenador, neste caso, é alguém que decide, assume o papel de ‘representação’ do grupo. Essa ‘coordenação’ vale em nível de grupo, de paróquia (colégio), de diocese etc. Representa e organiza, em diferentes níveis. Imagina-se que esse ‘coordenador’ tenha de 15 a 29 anos” (DNPJM, n. 359, p. 130).
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•
Animador(a) – São os jovens que, tendo uma trajetória grupal maior, se disponibilizam a acompanhar os grupos de PJM da Unidade. Sua contribuição se dá, de modo mais intenso, junto aos coordenadores de grupo no sentido das trocas de experiência, dos processos de formação e no acompanhamento do projeto de vida dos grupos. Nas Diretrizes ele é entendido como “[...] alguém que está deixando de ser jovem, de ser coordenador, mas está disposto a prosseguir, colaborando na vida dos grupos. Deixa de lado seu papel de ‘coordenador’, para tornar-se, num segundo plano, alguém que continua aí simplesmente no papel de ‘ajudar’. Não é ele que ‘coordena’; não é ele que ‘representa’; não é ele que ‘decide’. Ajuda, como João Batista, para que outros cresçam e ele diminua” (DNPJM, n. 359, p. 130).
•
Assessor(a) – Colaborador e/ou voluntário Marista da Unidade, adulto ou jovem mais experiente que já possua experiência e testemunho autêntico de vida cristã e que se disponibilize ao serviço de assessoria por meio do acompanhamento dos grupos. Nas Diretrizes esclarece-se que “[...] O que o diferencia do ‘animador’ e do ‘coordenador’ é que ele, com o tempo e com a prática, está mais adulto, adquiriu mais experiência, construiu sua personalidade, teve mais tempo para cultivar-se na missão de servir. Não se trata de ‘ser mais perfeito’, de ‘ter mais poder’; trata-se de processo de amadurecimento no serviço. É uma realidade interna que se vai descobrindo” (DNPJM, n. 359, p. 130).
•
Articulador(a)1 – Colaborador Marista da Unidade responsável em garantir os processos da PJM tendo por responsabilidade dinamizar a formação dos atores da PJM; fazer a interlocução com a equipe pedagógica, gestora e provincial de Pastoral; acompanhar a dinâmica dos grupos e a própria formação em vista do Ministério da Assessoria.
•
1 Ainda que essa terminologia não esteja descrita nas Diretrizes Nacionais da PJM, sentiu-se a necessidade de inserir essa função/nomenclatura em virtude dos processos vivenciados nas Províncias Brasil Centro-Norte e Brasil Centro-Sul.
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CAPÍTULO 2
IDENTIDADE
“Ser o que se é, falar o que se crê, crer no que se prega, viver o que se proclama até as últimas consequências.” (Dom Pedro Casaldáliga).
2.1 Identidade da PJM Pautados no Processo de Educação na Fé, buscamos fortalecer a identidade da PJM, tanto por meio dos valores cristãos e Maristas, quanto pelas opções pedagógicas vivenciadas na prática cotidiana. Dessa forma, o estudo dos documentos Maristas ajudam a compreender e vivenciar a identidade da PJM. O documento da Mística aborda a identidade da PJM, da seguinte forma: As Diretrizes Nacionais da Pastoral Juvenil Marista recordam que o processo de educação na fé, mais do que um simples método ou técnica, tem originalidade e autenticidade que surgem do desejo do encontro e da descoberta de um Deus que se revela em Jesus Cristo, nas pessoas e na natureza. Esse processo deve ensejar que o jovem vivencie o projeto de Jesus Cristo, sendo apóstolo no meio de outros jovens, por meio da 29
formação integral, com o jeito marista de ser, na construção de uma sociedade mais justa, ética e solidária, sinal da civilização do amor (UMBRASIL, 2008, n. 02, p. 20). Dessa forma, o estudo dos documentos Maristas (Diretrizes Nacionais da PJM, Processo de Amadurecimento na Fé: Mística da PJM e Evangelizadores entre os Jovens) ajudam a compreender e vivenciar a identidade da PJM. Diante disso, é preciso: •
Revisitar, estudar e aprofundar os documentos da PJM.
•
Produzir instrumentos adequados à linguagem juvenil para mediar o estudo e o aprofundamento dos documentos.
•
Realizar a reescrita das DNPJM com base na revitalização da PJM nas Províncias (2017) em sintonia com a revitalização da PJM nas Américas (Subcomissão Interamericana de Evangelização), a publicação Evangelizadores entre os Jovens e demais documentos eclesiais que são inspiradores das DNPJM (Civilização do Amor, Documento 85 da CNBB, entre outros).
•
Prospectar a realização do Congresso Nacional da PJM (2017, como parte da agenda de comemoração do Bicentenário do Instituto).
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2.2 Princípios da PJM Os princípios nascem de uma experiência que produz conhecimentos fundamentais originando um modo de ser, atitudes, comportamentos... Nesse sentido, os princípios da PJM nascem da experiência de São Marcelino Champagnat e hoje continuam sendo significativos para os seus seguidores quando: “somos Igreja, povo de Deus, uma Igreja missionária que descobre, contempla, ama e agradece a presença e a obra de Deus em cada ser humano [...]; uma Igreja dinâmica que se sente em missão para que todos os homens e mulheres possam descobrir a ação e o calor do Espírito [...]; [...] uma Igreja acolhedora, participativa, evangélica, profética e fraterna” (Evangelizadores entre os Jovens, p. 53); somos uma Igreja profética, do diálogo ecumênico e inter-religioso, sal da terra e luz do mundo e acolhedora das adolescências e das juventudes. Um dos princípios fundamentais do ser humano é a espiritualidade. A espiritualidade é o jeito próprio de viver essa intimidade com Deus. É, sobretudo, uma capacidade efetiva de viver voltados para Deus, de conectar-se com ele, de surpreender sua presença dentro da gente – no mais fundo do nosso interior –, no rosto do próximo, na dor e na luta dos pobres, nas faces da natureza, nas belezas das artes, sempre (CASALDÁLIGA apud Marco Referencial da Pastoral Juvenil Marista, p. 23). O livro da Mística da PJM (p. 25, n. 10), afirma que “uma pessoa espiritual é aquela que tem a vida dentro dela e a exterioriza. É pessoa repleta de esperança, de solidariedade, de sentido, de amor, de paz e justiça”. Nas Constituições dos Irmãos Maristas encontramos, no número 7: “a espiritualidade legada por Marcelino Champagnat é mariana e apostólica. Brota do amor de Deus, cresce pelo dom de nós mesmos aos outros e nos conduz ao Pai. Assim, harmonizam-se nossa vida apostólica, nossa vida de oração e nossa vida comunitária. Como para Maria, Jesus é tudo em nossa vida. Nossa ação, como a de Maria, permanece discreta, delicada, respeitosa para com as pessoas”. Tomando-se por base a Igreja Povo de Deus e o carisma Marista vivemos o Processo de Educação na Fé, de adolescentes e jovens, que promove a solidariedade, a esperança,
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o protagonismo, a autonomia, a defesa de direitos, projetos de vida pautados nos valores evangélicos, a cidadania, a inserção na realidade e a transformação da sociedade. Diante disso, é preciso: •
Favorecer e incentivar o conhecimento e a vivência do modelo de Igreja Povo de Deus.
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Fortalecer a pertença, a participação e a vivência dos adolescentes e jovens na comunidade eclesial.
•
Vivenciar a espiritualidade cristã do jeito Marista.
•
Cultivar na PJM o encantamento por uma leitura bíblica rezada, aprofundada e vivenciada no cotidiano.
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Potencializar a participação da PJM na articulação em espaços de defesa e promoção dos direitos das adolescências e das juventudes.
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CAPÍTULO 3
OPÇÕES PEDAGÓGICAS
“Cada vez que você faz uma opção está transformando sua essência em alguma coisa um pouco diferente do que era antes.” (C. S. Lewis).
3.1 Organização De acordo com as partilhas das Províncias sobre a organização da PJM, foi possível constatar os diversos modos de organizar os processos provincialmente, seja em relação às instâncias consultivas, nos modelos de vivenciar as etapas do processo grupal e nas formas de articular; seja na utilização da metodologia dos Momentos, uma vez que cada Província vivencia e compreende os Momentos em perspectivas diferentes; ou, ainda, na quantidade de iniciativas existentes para o fortalecimento e consolidação do projeto expresso nos encontros formativos e articulações externas. Assim, é necessário buscar
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os elementos positivos e os desafios expressos na vivência das opções pedagógicas da PJM com vista à unidade levando em consideração a diversidade. Diante disso, é preciso: •
Adotar a metodologia pastoral no processo de amadurecimento na fé de Participantes, Coordenadores, Animadores, Assessores, Articuladores.
•
Organizar os grupos da PJM por aproximação etária (12 a 14 anos, 15 a 17 anos, 18 a 29 anos) e não por série/ano escolar, garantindo a vivência da mística.
•
Ressignificar a entrega dos Símbolos com base em um processo de acompanhamento pessoal do Projeto de Vida.
•
Conhecer as necessidades dos jovens universitários e ex-alunos/educandos em relação ao amadurecimento na fé e sistematizar as experiências realizadas com esses grupos.
•
Proporcionar e potencializar a participação dos adolescentes e jovens nas instâncias consultivas na estrutura de evangelização das Províncias.
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3.2 Formação Percebemos a Formação como um ponto comum e forte das experiências vividas nas Províncias e, ao mesmo tempo, a necessidade de orientações comuns e da possibilidade para uma formação em conjunto. Entendemos como formação integral uma formação que considera os desenvolvimentos biológicos, sociológicos, antropológicos, culturais, psicológicos e teológicos do jovem. Para tanto, é imprescindível considerar as dimensões da formação integral propostas pela Civilização do Amor: a relação do jovem consigo mesmo; com o grupo; com a sociedade; com Deus, Pai e Libertador; com a Igreja; com a natureza e a ecologia; e com o meio educacional (cf. DNPJM p. 119). Diante disso, é preciso: •
Promover formação específica para Participantes, Coordenadores, Animadores, Assessores e Articuladores da PJM em nível provincial.
•
Desenvolver aplicativos e subsídios para a formação específica dos Participantes, Coordenadores, Animadores, Assessores e Articuladores da PJM.
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Propor a realização de formação para Assessores e Articuladores da PJM, em nível nacional.
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3.3 Acompanhamento Constatamos a necessidade de garantir o acompanhamento nas diversas instâncias da PJM. Outra opção pedagógica em que insistimos é o acompanhamento, incluído no ministério da assessoria. O desenvolvimento de qualquer pessoa na fé requer a presença e a ação de agentes capacitados, para que possam realizar um acompanhamento nos processos de amadurecimento na fé dos jovens. Esse acompanhamento, de forma individual ou grupal, poderá ser feito pelos próprios jovens animadores e coordenadores nos grupos de base, mas principalmente pelo assessor, leigo ou religioso (DNPJM p. 121). Diante disso, é preciso: •
Aprofundar a dimensão do acompanhamento pessoal e grupal nas diferentes instâncias: Participantes, Coordenadores, Animadores, Assessores e Articuladores.
•
Garantir acompanhamento grupal e personalizado na PJM.
•
Respeitar o processo grupal, o protagonismo e a identidade no acompanhamento.
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É HORA DE OUSAR NOVOS SONHOS As informações contidas neste documento são fruto de um trabalho de consulta às Unidades das Províncias e de construção coletiva do Grupo de Trabalho Pastoral Juvenil Marista e da Comissão de Evangelização. Nas Províncias do Brasil percebemos a riqueza de tantas experiências e de tantos adolescentes, jovens, assessores, coordenadores, pastoralistas, gestores, Leigos e Irmãos que contribuem para a consolidação e o crescimento da PJM desde o início. Este foi um momento importante de valorizar o que já temos, garantir a sinergia ao que fazemos, e perceber o caminho percorrido na ação evangelizadora junto às adolescências e juventudes e fortalecer a Pastoral Juvenil Marista no Brasil Marista. Somos convidados a propiciar novas oportunidades para que os adolescentes e jovens sejam transformados pela experiência de conhecer e amar Jesus Cristo (Água da Rocha, n. 155, p. 84). Sonhamos uma Pastoral Juvenil Marista mais atuante, com adolescentes e jovens protagonistas, como sujeitos de direitos, em ambientes ainda inexplorados e empoderados em seus espaços de atuação.
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O Papa Francisco ressalta na sua Exortação Apostólica que devemos ser uma “Igreja em saída, uma comunidade de discípulos missionários que ‘primeireiam’, que se envolvem, que acompanham, que frutificam e festejam. Primeireiar significa tomar a iniciativa”! (Evangelii Gaudium, 24). Desse modo a PJM deve sempre primeireiar os horizontes da evangelização de adolescentes e jovens e responder ao convite que Francisco faz e que também reflete a revitalização que queremos para a PJM: “Convido todos a serem ousados e criativos nesta tarefa de repensar os objetivos, as estruturas, o estilo e os métodos evangelizadores”. (Evangelii Gaudium, 33). Diante disso, conclamamos as Províncias a assumirem o compromisso de implementar as deliberações descritas neste documento, de acordo com sua realidade e sua metodologia de acompanhamento. Que este documento seja inspirador e colabore com as Províncias para revitalizar a PJM. Comissão de Evangelização da UMBRASIL
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Referências ABRAMO, Helena Wendel. Condição juvenil no Brasil contemporâneo. In: ABRAMO, H. W.; BRANCO, P. P. M. (orgs.) Retratos da juventude brasileira: análises de uma pesquisa nacional. 1 reimpr. São Paulo: Editora Fundação Perseu Abramo, 2008. p. 37. CASALDÁLIGA, Pedro. Juventude com Espírito apud PROVÍNCIA MARISTA BRASIL CENTRO-NORTE. Pastoral Juvenil Marista: marco referencial. Taguatinga: UBEE/ UNBEC, 2008. p. 23. FRANCISCO. Evangelii Gaudium. 2013. Disponível em: <http://www.vatican.va>. Acesso em: 4 fev. 2015. FREITAS, Maria Virgínia de. Juventude mapeado a situação. In José Oscar Beozzo (org.), Juventude: caminhos para outro mundo possível. São Paulo: Curso de Verão – Ano XXI. Paulus, 2007. p. 19-50. GROPPO, Luis Antônio. Juventude: ensaios sobre sociologia e história das juventudes modernas. Rio de Janeiro: Difel, 2002. INSTITUTO DOS IRMÃOS MARISTAS. Água da Rocha. Espiritualidade Marista fluindo da tradição de Marcelino Champagnat. São Paulo: Editora FTD, 2007. ______. Constituições e estatutos. Roma: Casa Generalícia dos Irmãos Maristas, 1986. ______. Evangelizadores entre os jovens: documento de referência para o Instituto Marista, volume I. São Paulo: Editora FTD, 2011. UMBRASIL. Caminho da educação e amadurecimento na fé: a mística da Pastoral juvenil Marista. São Paulo: Editora FTD, 2008. SECRETARIADO INTERPROVINCIAL MARISTA. Diretrizes Nacionais da Pastoral Juvenil Marista. São Paulo: Editora FTD, 2006.
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COMENTANDO UMA REVISITAÇÃO...
Ajudando a rever a vida da Pastoral Juvenil Marista Hilário Dick, SJ
Quando se fala de coisas “vividas”, não precisamos ser sérios. É que a vida já é séria por si. Tão séria que é uma festa. Falo isso porque, de 2003 a 2004, fui convidado pela Congregação dos Irmãos Maristas para assessorar um Grupo de Trabalho que desejava pensar a evangelização da juventude e, para mim, isso era vida e era festa. O resultado foi que, em 2005, num encontro nacional, num morro bonito de Florianópolis, eram aprovadas as Diretrizes Nacionais da Pastoral Juvenil Marista. Além de tudo, um encontro encantador. Algumas coisas deste evento estão no relato final de outro Grupo de Trabalho intitulado Diálogo sobre a Caminhada da Pastoral Juvenil Marista, de abril de 2014. É que a Comissão de Evangelização dos Irmãos Maristas do Brasil foi desafiada,
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novamente, a fazer uma avaliação da caminhada desta Pastoral Juvenil Marista (PJM). Dizia-se que os anos vividos já eram um tempo suficiente para darmos ao nosso coração a oportunidade de revisitar o caminho já trilhado e identificar os desafios e as possibilidades para o fortalecimento da PJM. Para realizar isso um Grupo de Trabalho enviou uma ferramenta a fim de obter informações acerca da vivência desta Pastoral nas três Províncias brasileiras que procuram, muito, caminhar juntas. No relato final do Grupo de Trabalho aparecem quatro “pontos fortes”: (a) o aumento do número de participantes e de grupos, acompanhado de uma preocupação com a qualidade do processo; (b) a atenção em organizar espaços formativos para jovens e adultos, por meio de videoconferências, encontros presenciais e construção de subsídios; (c) a valorização da participação juvenil em âmbitos eclesiais, sociais e na PJM; e (d) a viabilização de estruturas que garantam o bom funcionamento das atividades com os jovens. Como desafios, o relato aponta especialmente sete: (a) a necessidade de um alinhamento de conceitos que permitam a unidade nos processos, respeitando as especificidades das Províncias; (b) o estabelecimento de um processo de formação continuada que vá além dos encontros pontuais; (c) a preocupação com acompanhamento grupal e personalizado; (d) a constituição de orientações que contribuam para o diálogo ecumênico e inter-religioso; (e) o desenvolvimento de um processo que fortaleça o trabalho de evangelização com as juventudes no âmbito do ensino médio e universitário; (f) o fortalecimento de processos que integrem ação e espiritualidade; (g) a criação de espaços que potencialize a inserção dos jovens na tomada de decisões nos meios eclesiais, sociais e no âmbito das estruturas Provinciais.
EMERGÊNCIA E PERCEPÇÃO Uma das finalidades de qualquer pesquisa ou levantamento é a tentativa de perceber o que está emergindo. Em nosso caso, são os Maristas do Brasil, a família Marista, querendo perceber o que está emergindo, para a evangelização das adolescências e juventudes, no mundo da PJM. Quer-se tomar nas mãos o anúncio da Boa-Nova, ver como ela está
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e o que precisa melhorar. Está claro que é um investimento que vai muito além do econômico porque se quer atender melhor o gratuito da busca de sentido. Quer-se cuidar de uma flor no meio do jardim, não só para embelezar a paisagem. Quer-se ficar novo; não “envelhecer”. Quer-se ajudar a construir o encanto pelos adolescentes e jovens. Uma das preocupações que aparece aqui e acolá não é só o respeito aos diversos tipos de jovens, não esquecendo a importância de assegurar o protagonismo juvenil e a construção da autonomia, mas é a necessidade que se sente, de diferentes maneiras, de estudar mais o mundo juvenil. Por isso que o relato final fala de acompanhar, dialogar e incluir as manifestações juvenis (território, classe social, gênero, religiosidade, raça/etnia, sexualidade, cultural, geracional, biotipo etc.) para gerar verdadeiras ações inclusivas e uma imagem positiva das adolescências e juventudes. É uma forma de ter mais clareza. Não se pode deixar de perceber que uma das discussões mais acaloradas se referia às funções dentro da PJM, isto é, não só a questão do poder, mas a preocupação com a autonomia e o protagonismo juvenil.
DISCURSO A preocupação do Grupo de Trabalho sobre a PJM esconde um discurso institucional. É a instituição que tem consciência que se trata de uma causa que está em jogo. Por isso que são importantes os desafios. Importante a instituição dar-se conta desse discurso que foi e é capaz de fazer. Avaliar a caminhada é querer trabalhar melhor; é ter mais respeito às juventudes. É a busca da coerência, procurando afastar o demônio institucional da esquizofrenia. Faz-se isso não na forma de um discurso “ligeiro”; trabalhou-se, neste discurso, desde 2012, superando diferenças de Províncias evidentes em vários aspectos, mas não recusando a caminhar juntos, uns de forma mais “racional”, outros de forma mais “cordial”. Verifica-se isso, por exemplo, na forma como está a situação da dimensão vocacional, com ou sem acompanhamento do Projeto de Vida.
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DIMENSÕES Podemos dizer que a visitação aos 10 anos da PJM se concretiza em três dimensões ou espaços: à acolhida às adolescências e juventudes, vendo de perto o lugar que elas têm no caminhar da instituição; à identidade e aos princípios que regem a identidade e a três opções pedagógicas (organização, formação e acompanhamento). A percepção da identidade se deu, no instrumento, de modo quase exclusivo, em cima dos documentos da PJM (os agentes os conhecem? eles contribuem? eles respondem? eles são utilizados?). Embora as respostas digam que os documentos “respondem”, também se diz que (ao menos numa das Províncias) que os documentos, em geral, não são material de referência. No capítulo dos Princípios da PJM, as reflexões sobre a espiritualidade (por exemplo) são muito boas. Caso mais delicado é a vivência eclesial. A participação eclesial tem suas dificuldades, mas afirma-se que se trata de um “processo” que está sendo encarado. Vale a pena recordar duas afirmações de uma das Províncias: uma se refere à vivência eclesial, onde se diz que procuramos não nos envolver muito com a comunidade eclesial, pois temos nosso próprio jeito de evangelizar e outra que se refere à espiritualidade: diante da diversidade religiosa, a espiritualidade precisa ser mais branda possível, com neutralidade e expressão de amor e união. Se são afirmações “perigosas”, o mais importante seria poder verificar se elas expressam somente uma realidade particular. Por outro lado, chamam a atenção, igualmente, dois encaminhamentos: fortalecer a pertença e a participação dos adolescentes e jovens na comunidade eclesial e cultivar na PJM o encantamento por uma leitura bíblica rezada, aprofundada e vivenciada no cotidiano. ORGANIZAÇÃO Além das Diretrizes Nacionais da PJM, outro documento reconhecido em sua riqueza e novidade é “Caminho da Educação e Amadurecimento na Fé”. Quando se viu a necessidade de aprofundar a caminhada feita, entre as seis opções pedagógicas assumidas pela PJM, destacaram-se três: a organização, a formação e o acompanhamento. Encarando a questão da organização, o que a ferramenta destaca, no entanto, é a “metodologia dos momentos da PJM”, isto é, os cinco momentos que “Caminho da Educação e Ama-
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durecimento na Fé” apresenta, descrevendo o processo da educação ou, como diz o documento, a mística da Pastoral Juvenil Marista. A pergunta era: “Há necessidade de reorganizar a metodologia dos Momentos”? Importante ver o encaminhamento que o Grupo de Trabalho faz, neste sentido. Além dos Momentos, havia diferenças, igualmente, na forma de entregar os símbolos que são sugeridos nesses diversos Momentos. Talvez tenha sido um dos assuntos de maior conflito na avaliação. O problema não era, tanto, a organização, mas a terminologia e a execução de uma visão pedagógica. São significativos e decisivos, por isso, os encaminhamentos dizendo que a PJM – em vista de certa leitura estática e serialista dos Momentos – adota a metodologia pastoral focada no processo de amadurecimento na fé, na vivência grupal e no acompanhamento desvinculando os Momentos da PJM da organização por série/ano escolar, organizando os grupos por aproximação etária: adolescentes (12 a 14 anos – 15 a 17 anos) e jovens (18 a 29 anos) e ressignificando a entrega dos distintivos (símbolos) tomando-se por base um processo de acompanhamento pessoal de Projeto de Vida. Chegar a esta conclusão pareceu-nos um grande amadurecimento da caminhada em comum.
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FORMAÇÃO Quanto à formação, perguntava-se mais sobre a periodicidade dos momentos de formação – que é muito semelhante nas três Províncias. Embora se afirme positivamente que a preparação responde às necessidades (73%), essa resposta pode ser melhorada (26%). No capítulo da formação já se havia dito que se propunha a realização de formação, em nível nacional, para Assessores da PJM, não esquecendo o atendimento à diversidade local, bem como a prospecção de um Congresso Nacional da PJM. ACOMPANHAMENTO Embora os relatórios das Províncias digam com muita evidência que, na questão do acompanhamento, se respeita o protagonismo juvenil, o processo grupal e a identidade da PJM, o acompanhamento como tal e o acompanhamento do Projeto de Vida aparecem como um ponto sério a ser considerado. Fala-se tanto que não há trabalho sistematizado como também que o acompanhamento é diversificado. Uma das Províncias destaca o Núcleo de Animação Vocacional, outra aponta oito desafios para o acompanhamento personalizado. Vale a pena recordá-los: ter proposta e intenção claras; conhecer os adolescentes e os jovens; falta de tempo e horários disponíveis do assessor e dos jovens; grande número de jovens e as inúmeras demandas dos assessores locais; falta de tempo dos universitários e dos animadores; falta de formação; usar melhor as ferramentas que estão disponíveis e registrar o acompanhamento realizado por meio de ferramentas. Uma das Províncias fala, neste ponto, da resistência dos jovens/ adolescentes a esse acompanhamento. Enfim, como encaminhamento, o Grupo de Trabalho aponta para três apelos: o aprofundamento da dimensão do acompanhamento pessoal e grupal nas diferentes instâncias: Participantes, Coordenadores, Animadores, Assessores e Articuladores; a garantização do acompanhamento grupal e personalizado na PJM e o respeito ao processo grupal, ao protagonismo e à identidade no acompanhamento.
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CONCLUSÃO Terminando esta leitura convido, aos que lerem o que está escrito, falando de adolescências e juventudes, a ouvirem “Volver a los diecisiete”, de Violeta Parra, dizendo que “Volver a los diecisiete después de vivir um siglo, es como descifrar signos sin ser sábio competente. Volver a ser de repente, tan frágil como un segundo. Volver a sentir profundo como un niño frente a Dios. Eso es lo que siento yo en este instante fecundo”. O universo que a PJM atinge, em suas diversas atividades, são especialmente os adolescentes ou, como diz o relato, as adolescências. É preciso, por isso, decifrar sinais, sentir-se diante de um universo que é uma realidade teológica que precisa ser cuidada. Qualquer leitura sempre é uma leitura. O que foi feito foi simplesmente falar da beleza que é uma preocupação movida pelo gratuito. O relato de dois anos de buscas é prova, igualmente, do encantamento que se faz necessário quando se deseja falar de boasnovas para as adolescências e juventudes. Assim como é prova de encantamento, é uma fotografia realista com suas sombras e luzes. O relato lança decisões e desafios em diversos níveis: (a) de estruturas que precisam investir, mesmo que não esteja no horizonte nenhum lucro material; (b) de adolescências e juventudes que anseiam ser mais respeitadas e estudadas; e (c) de assessores ou de outros nomes de adultos que precisam aprender a abraçar uma causa, realizando mais do que funções.
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EXPEDIENTE DIRETORIA Diretor-Presidente
Ir. Claudiano Tiecher
Diretor-Secretário
Ir. Vanderlei Siqueira dos Santos
Diretor-Tesoureiro
Ir. Humberto Lima Gondim
SECRETARIADO EXECUTIVO Secretário Executivo
Ir. Valter Pedro Zancanaro
ÁREA DE MISSÃO Coordenador
Ricardo Spíndola Mariz
Assessores
Divaneide Lira Lima Paixão
Ir. Ivonir Imperatori
João Carlos de Paula
Mércia Maria Silva Procópio
Michelle Jordão Machado
Analista
Michelly Esperança de Souza
COMISSÃO DE EVANGELIZAÇÃO César Leandro Ribeiro – Grupo Marista Cleunice de Fátima Mota – UBEE/UNBEC Ir. Valdícer Civa Fachi – SOME/USBEE/UBEA Jorge Luís Vargas dos Santos – UBEE/UNBEC José André de Azevedo – Grupo Marista José Jair Ribeiro – SOME/USBEE/UBEA Marilúcia Antônia de Resende – Grupo Marista
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GRUPO DE TRABALHO PASTORAL JUVENIL MARISTA Gilson Prudêncio Júnior – UBEE/UNBEC Hildete Emanuele Nogueira de Souza – UBEE/UNBEC Ir. João Batista Pereira – Grupo Marista João Carlos de Paula – UMBRASIL José Jair Ribeiro – SOME/USBEE/UBEA Marcos José Broc – SOME/USBEE/UBEA Marilúcia Antônia de Resende – Grupo Marista Organização Ricardo Spíndola Mariz João Carlos de Paula Assessoria Hilário Dick, SJ Revisão Edna Gonçalves Luna João Carlos de Paula Leitura crítica Ir. Iranilson Correia de Lima Nayraline Barbosa de Oliveira Fotografia Banco de Imagens da Coordenação de Evangelização da Província Marista Brasil Centro-Norte - páginas: 24, 25,28,36,37 e 43. Banco de Imagens da UMBRASIL - páginas 16 e 17. Bruno Manoel Socher - página 32. Jaqueline Alves Debastiani - páginas 30, 33, 34, 46, 51 e 53. João Borges - Capa e páginas 5, 21, 23, 26, 27 e 38. Lucas Medeiros Saporiti - páginas 39 e 42. Sophia Kath - página 18. Projeto Gráfico e Diagramação Jackson Willians
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