Caderno de Resumos do II Seminário Internacional Patrimônio Sacro

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REALIZAÇÃO

Caderno de Resumos

APOIO

Mosteiro de São Bento 1 A 4 de JULHO de 2015


Caderno de Resumos do II Seminário Internacional Patrimônio Sacro



APRESENTAÇÃO

O II Seminário Internacional Patrimônio Sacro ocorrerá entre os dias 1 e 4 de julho de 2015, no Auditório da Faculdade de São Bento, em São Paulo. O evento é organizado pelo Mosteiro e Faculdade de São Bento de São Paulo, Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU-USP) e Instituto de Artes da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (IA-UNESP) com a proposta de discutir as diversas questões ligadas ao patrimônio sacro nacional e latino americano, a partir da apresentação de pesquisas acadêmicas, estudos de casos de preservação e divulgação do patrimônio sacro, tombamento de bens, entre outros. · · ·

O seminário desenvolverá três temas referentes a Igreja no século XIX: herança colonial na arte sacra até o início do neoclássico; a Igreja e suas reestruturações depois de 1850 tendências do final do século XIX - do neogótico ao ecletismo

Dentre estes temas serão apresentadas palestras sobre a arte sacra persistente no rococó até a Missão Artística Francesa e o Academicismo. As novas diretrizes da Igreja apontaram os estilos historicistas para as construções dos novos templos e suas adaptações às novas práticas devocionais. A arquitetura das igrejas voltou-se ao gótico, período de ouro das construções religiosas medievais, e aclimataram-se na América nas capitais das nações nascentes. O historicismo eclético na arquitetura completa este ciclo com igrejas, conventos e colégios de religiosos transformando a paisagem urbana de colonial/imperial portuguesa para modelos europeus. Pesquisas sobre o patrimônio sacro do século XIX, a exemplo da arquitetura produzida por arquitetos italianos, alemães, pinturas italianas e a troca da imaginária barroca pela eclética, de feitura industrial, serão debatidas no seminário. Este evento conta com a colaboração dos membros do grupo de pesquisa Barroco Memória Viva (BMV), coordenado pelo Prof. Dr. Percival Tirapeli: os doutorandos do IA-UNESP Maria José Spiteri Tavolaro Passos, Danielle Manoel dos Santos Pereira, e especialmente Gabriel Frade, doutorando da FAU-USP e Myriam Salomão, do Centro de Artes da Universidade Federal do Espírito Santo (CAR-UFES). Conta ainda com a Profª Me. Rosangela Aparecida da Conceição (UNIP) e Prof. Dr. Mozart Alberto Bonazzi da Costa (PUC-SP). O Grupo de Pesquisa BMV, criado pelo Prof. Dr. Percival Tirapeli, com certificação do Instituto de Artes da UNESP e do CNPq, vem atuando desde 2010, originando-se do grupo de extensão do mesmo nome criado em 1987, com atividades ininterruptas até o momento, ao longo de 28 anos, no campo da pesquisa, ensino e extensão universitária, com foco no Barroco Brasileiro até a atualidade.


A Comissão Científica, desta edição, é constituída pelo professor doutor titular Percival Tirapeli, Dom Abade Matthias Tolentino Braga do Mosteiro de São Bento, Prof. Dr. Mozart Alberto Bonazzi da Costa, Profª. Me. Maria José Spiteri Tavolaro Passos, Profª. Me. Myriam Salomão, Profª. Me. Rosângela Aparecida da Conceição. Na Comissão Organizadora, temos a participação de Dom João Baptista, OSB, dos doutorandos Prof. Me. Gabriel Frade (FAUUSP) e Danielle Manoel dos Santos Pereira (IAUNESP), da jornalista Laura Carneiro e a administradora e pesquisadora independente Beatriz Vicente de Azevedo deram seu tempo, talento e experiência à realização do Seminário.


PROGRAMAÇÃO

1 de julho de 2015, quarta-feira Auditório do Mosteiro de São Bento

8h30 – Recepção e Credenciamento 9h – Cerimônia de Abertura Dom Abade Matthias Tolentino Braga, Mosteiro de São Bento Prof. Dr. Percival Tirapeli, IA-UNESP Autoridades religiosas e culturais de São Paulo 9h30 – Feira de Livros Participação da Annablume, Editora Paulus, Editora da UNESP, Livraria e Editora Loyola. 10h – 11h – Conferência Magna: El Barroco Americano nunca muere. Pervivencias y resignificaciones del Barroco entre los siglos XIX y XX Prof. Dr. Rodrigo Gutiérrez Viñuales, Universidad de Granada, Espanha 11h às 12h – Conferência: A arquitetura religiosa paulista no século XIX Prof. Dr. Percival Tirapeli, IA-UNESP 12h às 14h – Pausa para almoço 14h às 16h – Patrimônio Sacro Arquitetônico Entre o Rococó e o Neoclássico: a arte religiosa paulista nos tempos do Império Mateus Rosada, IAU-USP São Carlos Ramos de Azevedo e a aplicação de modelos europeus na arquitetura do Interior paulista: o caso da Catedral de Nossa Senhora do Desterro de Jundiaí Prof. Dr. Mozart Alberto Bonazzi da Costa, PUC-SP A arquitetura e ornamentação da Basílica de Nossa Senhora da Penha em Recife: obras de Murillo La Greca e Veltino Besarel Arq. Carlos Alberto Barreto Campelo de Melo, Recife -PE 16h – Intervalo 16h30 – 17h – Conferência: Panorama da Igreja no final do século XIX Prof. Me. Gabriel dos Santos Frade 17h às 18h – Lançamento do livro: Patrimônio Sacro na América Latina: Arquitetura, Arte e Cultura - Org. Percival Tirapeli


2 de julho de 2015, quinta-feira Auditório do Mosteiro de São Bento

9h às 10h – Conferência: Catedrais Neoclássicas e Neogóticas na América Latina Prof. Dr. Percival Tirapeli, IA-UNESP 10h – Intervalo 10h30 - 12h - Aspectos do Neogótico no Brasil O Neogótico e o Brasil Romântico: a Igreja do Caraça, MG e de Petrópolis, RJ Bianka Tomie Ortega O jardim como fonte de inspiração: o floreado nos motivos neogóticos de A. W. N. Pugin Profª Me. Rosângela Aparecida da Conceição, UNIP-SP Panorama do Neogótico no Brasil: o Vale do Paraíba Paulista Prof. Dr. Percival Tirapeli, IA-UNESP 12h30 às 14h – Pausa para almoço 13h30 – 14h30 – Conferência: O restauro do patrimônio Neogótico paulista Prof. Dr. Marcos Tognon, IFCH-UNICAMP 14h30 – 16h30 – Desafios do Patrimônio restaurado: estudos de caso Arte sacra no Espírito Santo: uma estimativa a partir de um patrimônio em restauração Prof. Me. Attílio Colnago Filho, CAR-UFES São Cristóvão: a saga da primeira igreja eclética de São Paulo Júlio Moraes, restaurador Os procedimentos técnicos e artísticos do restauro da igreja de Santa Ifigênia Fabiula Domingues, FormArte Cultural 16h30 – Intervalo 17h – Conferência: A espiritualidade mariana e santoral a partir de meados do século XIX Dom Lourenço (João Luiz) Palata Viola, OSB


3 de julho, sexta-feira

Auditório do Mosteiro de São Bento 9h às 10h – Conferência: Igreja católica, patrimônio sacro e novas tendências da pintura sacra na Itália do século Prof. Dr. Maurizio Russo, Instituto Cultural Ítalo-Brasileiro, Itália 10h – Intervalo 10h30 – 12h30 – Pesquisas na arte sacra pictórica nos séculos XIX e XX Dossiê: a pintura no forro do vestíbulo da Ordem Terceira do Carmo de Mogi das Cruzes-SP Danielle Manoel dos Santos Pereira, IA-UNESP O Recolhimento de Santa Teresa e as pinturas da escola de Jorge José Pinto Vedras: produção de arte sacra na São Paulo Imperial Eduardo Tsutomu Murayama, IA-UNESP Mestres do século XVIII, artistas no século XIX: entre Ciência, Matemática, Geometria e Arte, uma Escola Baiana de Pintura na decoração pictórica da igreja oitocentista Prof. Me. Mônica Farias Menezes Vicente, IFBA/UNICAMP Benedito Calixto de Jesus e o sentido de sua pintura na igreja de Santa Cecília nos primeiros anos da República: uma questão histórica e religiosa Karin Philippov, IFCH-UNICAMP 12h30 às 14h – Pausa para almoço 13h30 – 15h30 – Imaginária, escultura e talha decorativa e devocional: estudos de caso Talha decorativa no século XIX: o caso da igreja de São Pedro dos Clérigos de Recife Prof. Dr. André Luiz Tavares Pereira, EFLCH-UNIFESP Entre o passado colonial e a modernidade: o século XIX e a imaginária devocional em templos paulistas Prof. Me. Maria José Spiteri Tavolaro Passos, IA-UNESP A presença italiana na arte sacra paulista na virada do século XX: a oficina de escultura e entalhe de Marino del Favero Cristiana Antunes Cavaterra, IA-UNESP A influência dos artesãos italianos em São Paulo nos séculos XIX e XX na arte tumular Prof. Me. Viviane Comunale, IA-UNESP 15h30 – Intervalo


16h às 17h – Conferência de encerramento: Vanguardias Latinoamericanas. Apropiaciones de la Modernidad (1910-1940) Prof. Dr. Rodrigo Gutierrez Viñuales, Universidade de Granada, Espanha 18h - Concerto de órgão na Igreja Abacial do Mosteiro de São Bento Repertório especial século XIX Irmão Vinicius, OSB

4 de julho, sábado

Centro Histórico de São Paulo 9h - 14h - Visitação às Igrejas. Coordenação: Prof. Dr. Mozart A. Bonazzi da Costa e Prof. Me. Eduardo Tsutomu. Murayama. Organização: Profª. Me. Viviane Comunale Roteiro: Igreja Abacial do Mosteiro de São Bento: desenvolvimento das obras de restauro acompanhados por João Rossi, restaurador responsável; Igreja de Santa Ifigênia; Igreja da Venerável Ordem Terceira de São Francisco; Catedral da Sé e Cripta. OBS.: roteiro definido a partir dos horários e disponibilidade das igrejas e seus administradores.


RESUMOS

e

BIOGRAFIAS


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TALHA DECORATIVA NO SÉCULO XIX: O CASO DE SÃO PEDRO DOS CLÉRIGOS DE RECIFE André Luiz Tavares Pereira EFLCH/UNIFESP RESUMO Esta apresentação dedica-se à análise do processo de troca da talha setecentista por ocorrida na segunda metade do século XIX na Igreja de São Pedro dos Clérigos da cidade do Recife. Procuraremos demonstrar a persistências de práticas de encomenda e execução similares às do século XVIII através do século XIX bem como da ligação com grupos artísticos oriundos de Portugal em datas avançadas como 1860 ou 1870. Mencionaremos alguns exemplos de talha decorativa similares às executadas para a Igreja de São Pedro bem como possíveis modelos artísticos levados em conta pelos irmãos no momento da elaboração do risco. Esta apresentação é parte de nossa pesquisa de doutoramento, dedicada às igrejas de clérigos na América Portuguesa e em Portugal. Biografia Professor do curso de História da Arte da EFLCH/UNIFESP, doutor em História pelo IFCH/ UNICAMP (2006), Doutor em Artes pelo IA/UNICAMP (2009), mestre em História da Arte pelo IFCH/UNICAMP (2000). Fellow researcher do Getty Research Institute (2011). Dedica-se ao estudo da circulação de objetos de arte e modelos artísticos entre o mundo Ibérico e outros contextos artísticos europeus, particularmente a Itália e a Inglaterra.

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ARTE SACRA NO ESPIRITO SANTO: UMA ESTIMATIVA A PARTIR DE UM PATRIMÔNIO EM RESTAURAÇÃO Attilio Colnago Filho Núcleo de Conservação e Restauração/Centro de Artes/UFES RESUMO A nossa discussão aqui, vai se ater a um recorte formado pelas imagens que passaram por ações restaurativas, sob nossa coordenação, no Núcleo de Conservação e Restauração do Centro de Artes da UFES. Nele podemos incluir um grande e variado acervo, que vai desde uma imagem quinhentista até imagens do século XIX e XX. Entre elas, por certo, a mais importante é a de Nossa Senhora da Penha, orago do Convento da Penha em Vila Velha, encomendada por frei Pedro Palácios em 1558. Outro importante grupo se organiza com as imagens do século XVIII normalmente de grande porte, com alta qualidade na talha e policromia, pertencentes às igrejas e capelas jesuíticas espalhadas pelo litoral, como também às igrejas que faziam parte da sede da capitania do Espírito Santo. A partir daí o Espírito Santo passa por um processo de estagnação, principalmente após a descoberta do ouro em Minas Gerais. Uma nova leva de imagens vai chegar somente a partir da imigração de europeus, que começaram a ocupar as terras distantes do litoral, em meados do século XIX, constituída principalmente dos italianos e austríacos. Dessa forma desejamos contribuir com a divulgação desse acervo do Estado do Espírito Santo, sempre ignorado pelas pesquisas que tratam de Arte Sacra no Brasil. Palavras-chave: Arte sacra no Espírito Santo, Imaginária século XVIII ao XIX, Conservação e restauração – arte sacra. Biografia Possui graduação em Artes Plásticas pela Universidade Federal do Espírito Santo (1977) e especialização em Conservação e Restauração em Bens Culturais Móveis pelo CECOR/EBA/ UFMG (1990). Mestre em Artes pela UFES, na área de concentração Patrimônio e Cultura. Coordenador do Núcleo de Conservação e Restauração/Centro de Artes/UFES. Atualmente é professor da Universidade Federal do Espírito Santo, atuando principalmente nos seguintes temas: restauração, pintura, desenho, técnicas e escultura.

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O NEÓGOTICO E O BRASIL ROMÂNTICO: A CAPELA DO CARAÇA, MG E DE PETRÓPOLIS, RJ Bianka Tomie Ortega RESUMO No Brasil, em meados do século XIX e início do século XX, há, em meio ao Romantismo, a necessidade de se criar ambientes significativos, repletos de sugestões culturais e emotivas, manifestadas através da construção de edifícios civis e monumentos religiosos em Estilo Eclético. Ocorreu, de fato, a passagem do estilo puramente Barroco para o Ecletismo e, no interior do Ecletismo, evidencia-se a vertente Neogótica, destacando-se a influência da cultura francesa no Brasil, como um elemento determinante nesse processo. Assim, negando afirmações que dizem respeito à escolha do Neogótico empregado às construções religiosas, como “(...) nenhuma dessas obras merece um estudo mais detalhado (...)”, (Bruand, 1981, p.42), baseadas na questão de gosto (feio/bonito), a pesquisa Compassos e desajustes: o neo-gótico e o Brasil romântico buscou compreender a existência e ajustes do Neogótico no Brasil, procurando estabelecer um diálogo entre o Romantismo Francês (do início do século XIX) e o Romantismo Brasileiro (final do século XIX e início do XX), em contraposição ao Barroco Colonial Brasileiro. O estudo realizado sobre a Catedral da Sé de São Paulo ( projeto de 1913 mas estilisticamente representante do final do XIX), feito na pesquisa de iniciação científica O estilo eclético na Catedral da Sé de São Paulo e suas manifestações Neogóticas, possibilitou a extensão para os dois outros exemplos brasileiros referenciais, oda Igreja do Colégio do Caraça e a de São Pedro de Alcântara, ambos da segunda metade do XIX Bianka Tomie Ortega possui graduação e Licenciatura Plena em Educação Artística (1999) e mestrado em Artes (2003), ambos pelo Instituto de Artes da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, a UNESP.Nas pesquisas de iniciação científica estudou a catedral da Sé de São Paulo, com bolsa da iniciação da Fapesp. Ocupa o cargo atualmente de gerente editorial da Metalivros, editora especializada em livros de arte e meio-ambiente. Tem experiência na área de Educação, com ênfase em Ensino-Aprendizagem.

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ARQUITETURA E ORNAMENTAÇÃO DA BASÍLICA DE NOSSA SENHORA DA PENHA EM RECIFE: OBRAS DE MURILLO LA GRECA E VELTINO BESAREL Carlos Alberto Barreto Campelo de Melo RESUMO A Basílica Na. Senhora da Penha, no Recife, constitui exemplar incomum estilístico que contrasta com as nossas igrejas barrocas. Foi projetada no final do século XIX, período em que emergiram estilos já registrados na trajetória da história, como o neoclássico o neorromânico e o neogótico, ou de elementos do repertório de estilos diversos numa combinação em uma única obra - o ecletismo. Suas raízes estilísticas, arquitetura e obras de arte, provêm do norte da Itália, da região de Veneto: o arquiteto da ordem dos Frades Menores Capuchinhos, frei Francesco de Vicenza e o escultor e entalhador, Valentino Panciera Besarel. Quanto à arquitetura, a imponente Basílica, permeia uma leitura dotada de fortes traços entre as igrejas de Veneza, II Redentore e San Giorgio Maggiore. Observa-se uma aproximação ao palladianismo, a variante maneirista em que se promoveu uma releitura do final do século XVI, do renascimento tardio “purificado” de Andrea Palladio. Conhecido pelas famosas vilas de Vicenza, esse arquiteto promoveu em suas obras uma “limpeza” decorativa do renascimento romano, numa busca pelas serenas, harmônicas e equilibradas linhas do racionalismo quinhentista. Quanto às obras de arte, destacam-se, os entalhes de Valentino Besarel, que revelamos como sendo de sua autoria, para serem incorporadas ao seu vasto acervo da Europa. São obras de um revivel barroco, que teve seu desenvolvimento, fins do século XIX, no norte da Itália, região em que já havia sedimentado a tradição do barroco, nos fins do século XVI, com os Carraci e seus seguidores. Incluem-se entalhes que ele produziu para as aristocracias austro-húngara e italiana, o que lhe valeu o título de “escultor dos monarcas”. São dele, na Basílica, os entalhes das três portas do frontispício, dos púlpitos, do coro, do retábulo do altar mor e da capela do Santíssimo. Além desses entalhes, são dele, as esculturas da Madona do Zimbório, as duas esculturas de São Francisco e Santo Antônio que ladeiam o altar mor, e as da fachada, além do baixo relevo da pala do altar mor Uma outra singular produção de vigor é a do artista ítalo-brasileiro Murillo Lagreca - “Os Quatro Evangelistas”, com 24 m² cada um, confeccionados na difícil técnica do vero afresco, situados nos quatro triângulos pendentes da cúpula central da Basílica. Biografia Carlos Alberto Barreto Campello de Melo é arquiteto de formação (UFPE), tendo se especializado na Erasmus University Rotterdam, no Bouwcentrum International Education. É professor de História da Arquitetura e de História das Artes em várias Instituições de ensino, entre as quais Universidade de Pernambuco e Esuda. É Mestre em Desenvolvimento Urbano (UFPE) e Mestre em Políticas Públicas Culturais (FUNDAJ), área em que tem realizado palestras, cursos e participado de Congressos Internacionais na área de Arte e Museologia e Política Cultural, com livro e trabalhos publicados. Arquiteto atuante, artista plástico, com trajetória dedicada às artes. Atua como guia cultural na Europa, onde colheu os ensinamentos de Murillo Lagreca Foi Diretor do Museu Murillo Lagreca. É membro do Instituto Arqueológico Histórico e Geográfico Pernambucano - IAHGPE. da Academia de Artes e Letras de Pernambuco e da União Brasileira de Escritores.

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A PRESENÇA ITALIANA NA ARTE SACRA PAULISTA NA VIRADA DO SÉC. XX: A OFICINA DE ESCULTURA E ENTALHE DE MARINO DEL FAVERO Cristiana Antunes Cavaterra Mestranda em Artes, Instituto de Artes da UNESP Bolsista CAPES RESUMO Paralelas às mudanças políticas, sociais, religiosas e imigratoriais que surgem no país no final do oitocentos, significativas mudanças na arquitetura e decoro das Igrejas Católicas paulistas se tornam presentes com a introdução do ecletismo que pouco a pouco substituirá a “arte sacra colonial”, marcada pelo barroco e rococó e posterior neoclassicismo do período imperial de gosto antiquado. Surgem em São Paulo as marmorarias especializadas na importação, montagem e posterior confecção de retábulos e esculturas cemiteriais e sacras produzidas com mármore italiano, ao mesmo tempo em que surgem as oficinas de escultura dos dois grandes Liceus de Artes e Ofícios paulistas. Contrapondo a arte eclética marmorista de caráter sacro, surge em 1893 na capital paulista a oficina especializada em madeira esculpida, marmorizada e dourada, de propriedade do imigrante italiano Marino Del Favero (San Vito di Cadore, 03/03/1864 – São Paulo, 23/06/1943). Descendente de uma família italiana de renomados escultores e formado na academia veneziana, é criador de retábulos, imaginária sacra e mobiliário religioso e vencedor de medalhas e premiações em exposições nacionais e internacionais. Não raro sua obra retabulística em madeira marmorizada é confundida com arte barroca ou mármore importado e suas esculturas tomadas por obras importadas ou modernas produzidas em gesso. Sediado durante meio século na capital paulista, em poucos anos transforma sua oficina em uma pequena indústria pioneira na industrialização da arte sacra e encomenda por catálogos. O presente trabalho é parte da dissertação que será apresentada ao Instituto de Artes da UNESP, sob a orientação do Prof. Dr. Percival Tirapeli, para a obtenção do título de Mestre em Artes, que traz à luz, a obra e história deste importante escultor-entalhador e industrial, originário da Itália, na São Paulo da Belle Époque. Palavras-chave: Marino Del Favero, ecletismo, escultura. Biografia Bacharel em Artes Plásticas; Técnica em Conservação e Restauração de Obras de Arte; Especialista em Restauração de Arquitetura; profissional com cursos de atualização e especialização pelo Istituto per lArte e il Restauro Palazzo Spinelli, Florença, Itália; proprietária do Cavaterra Studio d’Arte e Restauro com sede em Guaratinguetá, SP; membro do IEV – Instituto de Estudos Valeparaibanos, APCR – Associação Paulista de Conservadores e Restauradores e do Grupo de Pesquisa Barroco Memória Viva: da arte colonial à arte contemporânea – IA-UNESP/CNPQ; Mestranda em Artes pelo Instituto de Artes da UNESP / Bolsista CAPES.

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DOSSIÊ: A PINTURA NO FORRO DO VESTÍBULO DA ORDEM TERCEIRA DO CARMO DE MOGI DAS CRUZES (SP) Danielle Manoel dos Santos Pereira Doutoranda em Artes, Instituto de Artes da UNESP Bolsista IA-UNESP FAPESP RESUMO O presente estudo de caso apresenta recentes dados obtidos acerca da pintura do forro do vestíbulo da sacristia da Ordem Terceira de Nossa Senhora do Carmo, na cidade de Mogi das Cruzes em São Paulo. Fora levado a cabo um estudo amplo e pormenorizado para a análise minuciosa dessa obra. Além da busca em fontes primárias no Arquivo Central da Província Carmelitana de Santo Elias, foram realizados diversos levantamentos com o auxílio de equipamentos específicos e profissionais especializados, para a obtenção de exames de raio X de toda a extensão da pintura, fotografias em ultravioleta, infravermelho, etc. O uso colaborativo das diversas técnicas empregadas, acerca dessa pintura, propiciou aprofundar o parco conhecimento que havia sobre a obra existente, tal como a identificação de autoria, a técnica empregada pelo pintor, entre outros aspectos significativos para a compreensão da obra pictórica. Palavras-chave: Pintura. Forro do vestíbulo. Fontes primárias. Biografia Danielle Manoel dos Santos Pereira é doutoranda em Artes pelo Instituto de Artes da Universidade Estadual Paulista (IA/UNESP), na linha de pesquisa: Abordagens históricas, teóricas e culturais da arte, com bolsa FAPESP (2013-2016). Mestre em Artes IA/UNESP (2012), com Bolsa FAPESP (2010-2012). Especialista em História da Arte pela UNICSUL (2010). Graduada em História pelo Centro Universitário Assunção - UNIFAI (2007). Membro do grupo de pesquisa Barroco Memória Viva: da arte colonial à arte contemporânea, IA-Unesp/CNPq. Desenvolve pesquisas sobre das Igrejas coloniais Barrocas no Brasil, sobretudo da região de Diamantina (MG), Mogi das Cruzes (SP), Itu (SP) e São Paulo (SP) com ênfase nas pinturas ilusionistas no forro das Igrejas. Curadoria de Arte Sacra para o Museu das Igrejas do Carmo de Mogi das Cruzes (SP) - (2011-2013).

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O RECOLHIMENTO DE SANTA THEREZA E AS PINTURAS DA ESCOLA DE JORGE JOSÉ PINTO VEDRAS: PRODUÇÃO DE ARTE SACRA NA SÃO PAULO IMPERIAL Eduardo Tsutomu Murayama Doutorando em Artes, Instituto de Artes da UNESP RESUMO O Recolhimento de Santa Thereza foi a primeira clausura feminina de São Paulo, fundada em 1685 por Lourenço Castanho Taques, o Moço (c.1641-1708) e Pedro Taques de Almeida (c.16421724), em terrenos doados por Manuel Vieira de Barros (1656-1705) na Rua de Santa Teresa, atual Rua Roberto Simonsen, com autorização diocesana de Dom José de Barros Alarcão (16341700), primeiro bispo do Rio de Janeiro. A capela para os ofícios das recolhidas havia sido redecorada no final do século XVIII com pinturas do padre artista Jesuíno do Monte Carmelo (1764-1819). Com a demolição do mosteiro, em 1918, para a construção do Palácio da Cúria, os quadros que adornavam as paredes e o teto do templo das monjas carmelitas descalças foram retirados, a pedido do arcebispo Dom Duarte Leopoldo e Silva (1867-1938), e passaram a fazer parte do acervo do então recém-criado Museu da Cúria Metropolitana. Tais composições – a maior parte foi doada, em outubro de 1924, para a Capela da Ordem Terceira do Carmo de São Paulo; e o restante, atualmente, faz parte do acervo do Museu de Arte Sacra de São Paulo – tinham suas autorias atribuídas ao padre Jesuíno. Todavia, as pinturas do Museu de Arte Sacra – retratos dos Evangelistas e dos Santos Doutores da Igreja – podem ser originárias do ateliê de pintura de Jorge José Pinto Vedras (?-1865), professor da primeira escola de desenho e pintura da cidade de São Paulo, que funcionou entre 1846 e 1865. Documentação da época demonstra que Vedras e seus discípulos dedicaram-se quase que exclusivamente à temática religiosa, e que sua produção de arte sacra ornamentou inúmeros templos da capital a partir da segunda metade do século XIX, aspecto da história da arte paulista do período imperial que merece maiores aprofundamentos. Palavras-chave: Recolhimento de Santa Thereza, Jorge José Pinto Vedras, Padre Jesuíno do Monte Carmelo. Biografia Doutorando em Artes Visuais pelo Instituto de Artes da UNESP, e Mestre em Artes pela mesma instituição (2010), possui licenciatura em Artes Visuais pelo Centro Universitário Belas Artes de São Paulo (2003) e especialização em História da Arte pela Universidade São Judas Tadeu (2005). Desenvolve pesquisa sobre arte brasileira, com ênfase na arte sacra, especialmente a pintura paulista do período colonial e a obra pictórica do padre Jesuíno do Monte Carmelo (17641819).

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SÃO CRISTÓVÃO – A SAGA DA PRIMEIRA IGREJA ECLÉTICA DE SÃO PAULO Júlio Moraes Julio Moraes Conservação e Restauro Ltda. RESUMO A Capela do antigo Seminário Episcopal de São Paulo, erguido em 1853 na atual Avenida Tiradentes, originou uma igreja tão interessante quão pouco estudada e lembrada. Na vila isolada no planalto de Piratininga, que enfim começava a transformação que a tornaria metrópole, o projeto de um ilustrado religioso belga, sintonizado com as tendências da cultura européia, associou à velha taipa de pilão o primeiro altar néo-gótico da cidade, quiçá do Brasil, a primeira cúpula semiesférica numa igreja paulistana, um observatório astronômico e um posto meteorológico, claros sinais de novos tempos. Após décadas presente na formação da elite paulista, o Seminário transfere-se para outro local, o seu terreno é dividido e urbanizado, uma ala é fatiada por uma rua e pela ferrovia, a capela abriga o rito oriental e enfim transforma-se numa nova paróquia, São Cristóvão. Diante de si, vê o caminho de tropas virar avenida que secciona o bairro, lhe dá vocação comercial e aos poucos afasta os fiéis. Decai, é abandonada, cupins devoram o madeirame, água dissolve a taipa, paredes se arruínam e o antigo seminário, virado em cortiço de lojas e confecções, incendeia-se repetidamente. Nos últimos anos do século XX recebe uma ampla restauração, uma universidade tenta instalar ali um curso de restauro, mas só os cupins voltam a ocupá-la. Em 2008 o maior incêndio interrompe um restauro que apenas se iniciava no seminário e quase atinge a igreja, que há anos vaga à própria sorte. À cidade de São Paulo, a decisão do seu destino final, que de uma forma ou outra se aproxima. Palavras-chave: Seminário Episcopal de São Paulo, Igreja de São Cristóvão, altar néo-gótico, incêndio, abandono, patrimônio eclético religioso, ecletismo. Biografia Julio Moraes – São Paulo, 1952. Graduação em Artes Plásticas na ECA-USP, especializações em restauro no Centro Churubusco-México, ICCROM-Roma, conservador-restaurador de bens culturais móveis e integrados no DPH-PMSP e MAC-USP, com firma própria desde 1986, exvice-presidente da ABRACOR, participou na formação do Curso de Graduação em Conservação e Restauro da PUC-SP, presente em diversos congressos e seminários sobre patrimônio cultural em geral e conservação e restauro em particular. www.juliomoraes.com.br e www. juliomoraesconsultoria.com.br

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BENEDITO CALIXTO DE JESUS E O SENTIDO DE SUA PINTURA NA IGREJA DE SANTA CECÍLIA NOS PRIMEIROS ANOS DA REPÚBLICA: UMA QUESTÃO HISTÓRICA E RELIGIOSA Karin Philippov IFCH-UNICAMP RESUMO Benedito Calixto de Jesus executa a decoração da Igreja de Santa Cecília entre os anos de 1907 e 1917, anos da instalação e desenvolvimento da Primeira República em São Paulo. Tomando este dado como ponto de partida, poder-se-á pensar a produção do artista itanhaense dentro de um “sistema visual” que é igualmente religioso e histórico, no qual a temática desenvolvida por Calixto corrobora as necessidades práticas do culto católico Romanizador, aliando arte, história e arqueologia ao bandeirantismo que toma conta de São Paulo nesse momento. Assim, pode-se pensar na dimensão que sua produção atinge ao se verificar na Igreja de Santa Cecília a existência de paradigmas imagéticos arcaizantes, exemplificados pela presença de santos mártires como Santa Cecília, Santa Symphorosa e Santa Thecla dispostos no mesmo espaço de representação do ex-escravizador de índios tornado santo, Pedro Correa, coroados ainda pela representação dos doze primeiros bispos de São Paulo e dos doze primeiros papas martirizados. Dessa maneira, propõe-se discutir os sentidos da decoração de Calixto em meio a esse período fecundo da História de São Paulo, bem como da Igreja Romanizadora. Portanto, o artista devoto Benedito Calixto faz de sua produção ícone da modernidade que se impõe lentamente na cidade de São Paulo. Palavras-chave: Benedito Calixto de Jesus, arte religiosa, Igreja Romanizadora. Biografia Karin Philippov é Bacharel em Artes Plásticas pelo Instituto de Artes da Universidade Estadual Paulista – IA-Unesp (1997). Possui dois Lato-Sensu, um em Fundamentos da Arte e da Cultura (2002) pelo IA-Unesp e outro em História da Arte (2006) pela Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP). É Mestre em História da Arte (2008) pelo Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Unicamp e Doutoranda em História da Arte pelo IFCH-UNICAMP, desde 2012.

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A ESPIRITUALIDADE MARIANA E SANTORAL A PARTIR DE MEADOS DO SÉCULO XIX Dom Lourenço (João Luiz) Palata Viola, OSB Faculdade de Filosofia e Teologia de São Bento de São Paulo – Mosteiro de São Bento de São Paulo RESUMO Pequena apresentação do contexto espiritual devocional - mariano e santoral - a partir do século XIX com destaques particulares para algumas invocações da Virgem Maria e de alguns santos, bem como seus promotores e o surgimento de novas irmandades e ou movimentos em torno destas devoções. Palavras- chave: Espiritualidade, Devoções, século XIX. Biografia Dom Lourenço é monge sacerdote da Ordem de São Bento da Abadia de Nossa Sra. da Assunção de São Paulo. Cursou Filosofia (Seminarístico)2010 e Teologia (Graduação)2014 pela Faculdade de São Bento de São Paulo (FSB – São Paulo/SP). Atualmente realiza pesquisas na área de Espiritualidade, Mística e Vivência Cristã e ministra cursos formativos bem como pregação de retiros e assistência espiritual.

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O RESTAURO DO PATRIMÔNIO NEOGÓTICO PAULISTA Prof. Dr. Marcos Tognon IFCH-UNICAMP RESUMO A coordenação do restauro arquitetônico de 4 igrejas neogóticas na Mogiana paulista, entre 2010 e 2015, nos possibilitou um estudo de revisão da historiografia artística sobre um “estilo decorativo” que até hoje é considerado por muitos um fenômeno “historicista”, “eclético”, e muitas vezes sem grande interesse para as políticas de preservação no Estado de São Paulo. De fato, são poucas os monumentos religiosos de matriz neogótica que são preservados pelo Governo estadual, e, muitas vezes a justificativa principal pela preservação é outorgada pela escala monumental no contexto urbanístico, ou pela importância e fatos sociais atribuídos ao monumento, como assim se encontra por exemplo a Catedral da Sé na capital. Mas raramente o “fenômeno neogótico” no Brasil, e particularmente em São Paulo, fenômeno de tanto sucesso entre os séculos XIX e XX em todo o ocidente, foi interpretado como uma das grandes oportunidades históricas para a afirmação das novas tecnologias emergentes nos Oitocentos, como o cimento armado e as alvenarias de tijolos estruturais, a aplicação dos pré-moldados em ornatos e pisos hidráulicos, das estruturas metálicas e dos grandes caixilhos e seus vitrais modernos, da erudição compositiva em uma linguagem arquitetônica absolutamente inédita no cenário nacional. O neogótico em São Paulo explica inclusive a forte atuação dos imigrantes e suas aptidões nas artes e ofícios, e nos estimulou para uma profunda revisão nos procedimentos de restauro, conservação e valorização das manufaturas integradas nesse patrimônio sacro tão paulista! Biografia Graduado em Arquitetura e Urbanismo pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo de Ribeirão Preto (1988), mestrado em História da Arte pela Universidade Estadual de Campinas (1993) e doutorado em Storia Della Critica D’arte pela Scuola Normale Superiore (Pisa, Itália 2002). Atualmente é professor doutor da Universidade Estadual de Campinas, na área de História da Arte. Tem experiência na área de Arquitetura e Urbanismo, com ênfase em História da Arquitetura e Urbanismo e Restauro dos Bens Culturais Edificados, atuando principalmente nos seguintes temas: História da Arquitetura no Brasil, História da Conservação do Patrimônio Histórico-Artístico, Crítica de Arquitetura, História das Técnicas construtivas históricas e Inovação Tecnológica do Restauro Arquitetônico. É coordenador do I.P.R. (Inovação e Pesquisa para o Restauro) da Agência de Inovação da UNICAMP e foi conselheiro do CONDEPHAAT (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico Artístico Arqueológico e Turístico do Estado de São Paulo), mandatos 2002-2004 e 2006-2008, além de presidente do CONDEPACC de Campinas em 2001. Atua na assessoria técnica para projetos e obras pelo Programa Inova nos Municípios. Foi coordenador do Centro Cultural de Inclusão e Integração Social da UNICAMP, na Estação Guanabara, Campinas, entre 2006-2008 e 2010-2012.

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ENTRE O PASSADO COLONIAL E A MODERNIDADE: O SÉCULO XIX E A IMAGINÁRIA DEVOCIONAL EM TEMPLOS PAULISTAS Maria José Spiteri Tavolaro Passos Doutoranda em Artes, Instituto de Artes da UNESP RESUMO A presença da imaginária religiosa na cultura católica brasileira é uma tradição herdada do período colonial, que se estendeu pelos períodos imperial e republicano, chegando aos tempos atuais. Se nos primeiros tempos da colônia as peças modeladas em barro dominaram o universo da imaginária religiosa, gradativamente outros materiais passaram a ser empregados, especialmente a madeira esculpida, policromada e dourada, sobretudo no século XVIII, seguindo as linhas dos estilos barroco e rococó. Em atendimento aos padrões estilísticos que chegaram ao Brasil no século XIX, que valorizavam as linhas classicizantes, novas imagens de vulto passaram a integrar os acervos das igrejas. Essas obras, em grande parte executadas em gesso em escala industrial eram importadas da Europa, passaram a coabitar, chegando até mesmo a substituir as peças remanescentes dos séculos passados. O presente trabalho apresenta duas ocorrências em templos paulistas, em que se observa o contato entre o antigo e o “novo”. O primeiro deles é o da Igreja de Nossa Senhora do Desterro, Catedral de Jundiaí, templo originalmente de linhas coloniais que, no século XIX foi totalmente reformado, inclusive o seu acervo de imaginária, para atender ao estilo neogótico. O segundo, o da igreja da Ordem Terceira Franciscana, na capital, onde mesmo no século XIX, ocorreu na talha uma permanência de um “gosto” de características setecentistas, que no entanto passou a abrigar um conjunto de imagens onde convivem o passado colonial e as tendências oitocentistas. Palavras-chave: Imaginária devocional, esculturas em gesso, arte sacra. Biografia Maria José Spiteri Tavolaro Passos. Doutoranda em Artes Visuais no Instituto de Artes da UNESP, Mestre em Artes e Licenciada em Educação Artística e Bacharel em Artes Plásticas pela mesma instituição. Docente do Curso de Artes Visuais da Universidade Cruzeiro do Sul (SP). Pesquisadora das Artes Visuais nas áreas de História da Arte, História da Arte Brasileira, Arte-educação, é membro do grupo de pesquisa Barroco Memória Viva: da arte colonial à arte contemporânea – IA-UNESP/CNPQ. Autora de textos a respeito de arte brasileira e processos de criação, tem entre suas principais publicações: Antonio Lizárraga (EDUSP, 2004), Barroco Memória Viva: a extensão da universidade (In: Arte Sacra Colonial. Edunesp, 2001/2006) e Imaginária Religiosa Brasileira: em busca de uma arqueologia da beleza (In: Teologia e Arte. Paulus, 2011).

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ENTRE O ROCOCÓ E O NEOCLÁSSICO: A ARTE RELIGIOSA PAULISTA NOS TEMPOS DO IMPÉRIO Mateus Rosada Instituto de Arquitetura e Urbanismo – IAU-USP RESUMO Uma das grandes dificuldades para arquitetos e historiadores da arte é classificar e nomear obras realizadas em fases de transição entre dois períodos estilísticos. Este trabalho aborda um desses estilos transicionais, que acabou por decorar pouco mais de uma dúzia de igrejas paulistas em meados do século XIX. O padrão ornamental, ao qual chamamos de Imperial Brasileiro, é uma transição entre o rococó e o neoclássico, que, por vezes, ainda recupera elementos mais antigos, do barroco. Para uma melhor compreensão e caracterização do padrão, o artigo discorre sobre as características do rococó religioso, estilo dominante até a década de 1830, e do neoclássico, que sucedeu o Imperial e passou a predominar nas decorações a partir de 1870. A partir disso, traça semelhanças e individualidades que marcam o estilo transicional e observa que houve uma releitura dos retábulos, com a adoção de uma estrutura predominantemente neoclássica, mas ainda com elementos simplificados do estilo rocaille. Assim, busca compreender o caminho pelo qual as artes, especialmente a do entalhe, percorreram durante o século XIX. Palavras-chave: Rococó, Neoclássico, Arquitetura. Biografia Mateus Rosada é Arquiteto, Urbanista e Professor. Mestre em Arquitetura e Urbanismo, cursa atualmente o doutorado em Teoria e História da Arquitetura e Urbanismo no Instituto de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (IAU-USP), desenvolvendo a pesquisa “Arquitetura Religiosa no Estado de São Paulo (1500-1889). Realiza pesquisas sobre a arquitetura dos quatro primeiros séculos no Brasil. Tem também trabalhos que versam sobre os seguintes temas: arquitetura religiosa, arquitetura rural, história do urbanismo, desenho arquitetônico, maquete eletrônica, administração pública, urbanismo, mobilidade urbana, áreas verdes e patrimônio histórico e cultural. É pesquisador-bolsista financiado pela FAPESP e professor licenciado da Faculdade de Administração e Artes de Limeira - FAAL.

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IGREJA CATÓLICA, PATRIMÔNIO SACRO E NOVAS TENDÊNCIAS NA PINTURA SACRA NA ITÁLIA DO SÉCULO XIX Maurizio Russo Instituto Cultural Ítalo-Brasileiro RESUMO Nossa proposta é uma reflexão sobre as mudanças fundamentais que ocorrem na Igreja Católica no século XIX (especialmente na segunda metade do século: a perda do poder temporal, questão estado-igreja, reação a secularização, reação à tendência laicista, etc.). Todas essas mudanças precisam ser relacionadas com o conceito de patrimônio sacro e com as limitações que surgem na gestão desse patrimônio após o nascimento do novo Estado italiano (em particular a tomada de Roma 1870). É, obviamente, necessário ter em conta a mudança na política vaticana de Pio IX (syllabus, Non expedit) e as decisões do Primeiro Concílio Vaticano (8 de dezembro de 1869-18 de dezembro de 1870). Este é o contexto no qual se podem ler as novas perspectivas sobre a arte sacra italiana na segunda metade do século XIX. Palavras-chave: Pintura italiana – século XIX, Patrimônio sacro na Itália, Primeiro Concílio Vaticano. Biografia Maurizio Russo é Pós-Doutor em História Social pela UFRJ, Doutor e Mestre em História Religiosa e Cultural (Université Nancy 2, França), formado pela Università Federico II (Italia), especialista em História das Higrejas Orientais, História da Arte, História do Cinema, pesquisador no programa de pesquisa em História da Igreja da Johannes Gutenberg-Universität Mainz, Alemanha, professor do Instituto Italiano de Cultura, professor do Museu de Arte Sacra de São Paulo.

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MESTRES DO SÉCULO XVIII, ARTISTAS NO SÉCULO XIX: ENTRE CIÊNCIA, MATEMÁTICA, GEOMETRIA Profª Me. Mônica Farias Menezes Vicente Doutoranda pela UNICAMP Professora titular do IFBA RESUMO A fundação da Escola de Belas Artes da Bahia, na maioria dos estudos que a enfoca, é tratada cronologicamente por fatos e acontecimentos dentro do século XIX. Não foi encontrada uma pesquisa mais densa que resgatasse a dinâmica artístico-científica em que estava envolvida a cidade de Salvador em séculos anteriores que influenciasse a sua implantação. Em pesquisa defendida no Mestrado (2011) cujo foco foi a pintura de falsa arquitetura na Bahia, com especial atenção à Salvador, percebeu-se que o processo de implantação da Aula de Desenho e da fundação da Escola de Belas Artes no século XIX, tinha uma base que estava presente na primeira metade dos setecentos. A constituição de um aprendizado significativo, ancorado em linguagem catequética, técnica, tratadística, científica e de influência portuguesa, inicialmente em formato medievo e, posteriormente sistematizado pela Aula de Fortificação e Artilharia (Aula Militar), representou a formação de uma linhagem de artistas fulcrais para a formação do corpo docente da Escola oitocentista. Tendo vivenciado, ainda no século XVIII, processos de aprendizado específicos que percorreram caminhos nos Tratados, nos apontamentos, nas Iconografias, nas Aulas Públicas e nas lições Mestras, alguns pintores, que avançaram para o XIX, construíram e reconstruíram didáticas particulares que, de certa forma, se adequaram às mudanças de um século que vivenciava a estética Neoclássica. Alguns deles, ligados à Aula de Desenho implantada na cidade no início dos oitocentos, foram responsáveis em continuar nas gerações seguintes, formação significativa que vinha dos Mestres primevos. No processo natural de mudança de Gestor, e na necessidade de a cidade já precisar de uma escola artística com estrutura institucional, nasce, em 1877, a Academia de Belas Artes da Bahia, hoje Escola de Belas Artes. Mestres e alunos desta Academia são homens que assinam a decoração dos ambientes notáveis da cidade, entre eles as igrejas que vão se adequando à reforma Neoclássica. Palavras-chave: Academia(Escola) de Belas Artes da Bahia; Aula de Desenho; Escola Baiana de Pintura; Decoração em igrejas; Pintura. Biografia Doutoranda em História da Arte pela UNICAMP. Mestra em Artes Visuais pela EBA/UFBA, foi bolsista pela FAPESB, com a pesquisa intitulada “A pintura de falsa arquitetura em Salvador: José Joaquim da Rocha (1750-1850)”. Em continuidade, no doutorado, desenvolve pesquisas sobre Arte Sacra na Bahia e suas relações com Portugal e Itália, com enfoque na iconografia e composição da pintura tratadística. Especialista em Educação Estética, Semiótica e Cultura pela Faculdade de Educação da UFBA (FACED); em Psicopedagogia pelo Instituto Brasileiro de Pós-Graduação e Extensão da Faculdade Internacional de Curitiba (IBPEX/FACINTER); e em Educação e Informática pela Faculdade Olga Mettig (FACOMET). Graduada em Licenciatura em Educação Artística com Habilitação em Desenho pela Universidade Católica do Salvador (1995). É professora titular DE do IFBA da área de Artes.

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A ARQUITETURA RELIGIOSA PAULISTA NO SÉCULO XIX Prof. Dr. Percival Tirapeli Instituto de Artes da UNESP RESUMO Com a vinda de novas congregações religiosas voltadas ao ensino e com a romanização da Igreja, no século XIX foram criadas inúmeras novas paróquias e estabelecimentos de ensino em São Paulo As antigas igrejas coloniais foram demolidas e substituídas por templos cujas características em muito se distanciavam das de. tradição lusobrasileira. Cada congregação, e mesmo o arcebispo de São Paulo D. Duarte Leopoldo e Silva preferiram os estilos historicistas de tradição religiosa romana, que vão desde o basilical paleocristão, a exemplo das igrejas paulistanas do Liceu do Sagrado Coração de Jesus e de São José do Ipiranga, com três naves distribuídas entre colunatas, até o neogótico, da Catedral da Sé, Igreja do Divino Espírito Santo na Rua Frei Caneca e N. Sra. da Glória, dos maristas (1883), no Cambuci. Há ainda as neorromânicas, e as de arquitetos italianos – como N. Sra. da Achiropita no bairro paulistano do Bexiga e N. Sra. da Pompéia, em estilo eclético com linhas acentuadas renascentistas e barrocas. Difícil seria normalizar essas construções que vão do final do século XIX até os anos 30 do século XX, quando há uma volta para a valorização da arquitetura nacional com o neocolonial. Destacase a Basílica do Carmo, na Rua Martiniano de Carvalho, projeto de Georg Przyrembel em 1932. .Mas as principais diferenças das igrejas coloniais podem ser visíveis desde a estrutura, agora feita em tijolos e recoberta com frisos e arcos feitos em argamassa. A cúpula será o elemento inovador seguido pelo uso dos vitrais, antes inexistentes. A volumetria arquitetônica quadrangular passa a revelar externamente as plantas baixas arredondadas ou poligonais, arrematadas pelas cúpulas; os telhados, antes de duas águas, dinamizam-se em várias alturas das capelas internas. A capela-mor, antes retangular, agora é em forma curva de abside. Internamente a diferença é total, a começar pelo emprego dos novos materiais. O mármore, ao gosto italiano, substitui toda a madeira; os altares barrocos são retirados e substituídos pelos de mármore com incrustações - cria-se assim uma indústria de altares de mármore, tanto para a capital como para o interior.. As imagens de barro ou madeira são retiradas e postas novas de mármore italiano e mais comumente de gesso, vindas da França, Bélgica e Alemanha. A pintura interna ganha profusão e toma todas as paredes com barrados decorativos, símbolos cristãos e cenas isoladas, como se fossem quadros com pintura a cavalete. Muitas vezes, as telas são coladas às paredes. A pintura mural, afresco e mosaicos de tradição italiana são as mais difundidas. Os vitrais importados da França são logo substituídos pelos da Casa Conrado, cujos proprietários eram descendentes de alemães. Finalmente grandes órgãos, antes importados quase sempre da França, são feitos por italianos e alemães.

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CATEDRAIS NEOCLÁSSICAS E NEOGÓTICAS NA AMÉRICA LATINA Prof. Dr. Percival Tirapeli Instituto de Artes da UNESP RESUMO O final do século XVIII já assinalava a presença de arquitetos formados pelas academias como a do México, Real Academia de San Carlos (1783), na qual ensinou o valenciano Manuel Tolsá que finalizou a catedral metropolitana da Cidade do México, e a Academia de San Luis em Santiago do Chile ( 1782) , com o arquiteto Toesca a terminar a catedral local. Na América Central, na Escuela de Bellas Artes da Guatemala (1794) dirigida por García Aguirre que trabalhou na nova catedral de projeto de Marcos Ibáñez, indicado por Sabatini obra completada por Bernasconi e Sebastián Gamundi . Outros projetos foram solicitados pelos bispos aos arquitetos espanhóis da Real Academia de Bellas Artes de San Fernando de Madrid, que sob o reino de Carlos III ampliara a influência italiana na Espanha e no Novo Mundo. Anteriormente, os italianos marcaram presença nas catedrais de Buenos Aires (1822) com Antonio Masella, com fachada neoclássica dos franceses Póspero Catelin e Pierre Benoit Vicenzo Baroccio em Morélia, México, Alejandro Ravizza em Assunção (1842) capital marcada por outro italiano, Pascual Urdapilleta. A catedral de Montevidéu (1858) é obra de Bernardo Poncini, com linhas classicistas e a de Bogotá (1807) é projeto do frei Valenciano Domingo Petrés. As Plazas Mayores, nas quais se encontram tais catedrais, foram aos poucos sendo remodeladas segundo o espírito eclético que refletia os ideais de independência a partir de construções da capital norte-americana, sendo o Capitólio em Washington o novo protótipo a ser seguido em todo o solo americano. A Igreja, por sua vez, distancia-se dos modelos laicos mais ligados ao neoclassicismo do ideal da Revolução Francesa, e aproxima-se do gosto eclético com a mistura dos estilos góticos e românicos que trouxeram o novo gosto para todas as Américas, com duas grande catedrais na Argentina, a de La Plata (1884) e a de Luján (1890) Também os Estados Unidos da América aderem a esse modismo em catedrais católicas, sendo a mais importante a de Saint Patrick (1878) em Nova Iorque, e outras de culto anglicano

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PANORAMA DAS CONSTRUÇÕES NEOGÓTICAS NO BRASIL Prof. Dr. Percival Tirapeli Instituto de Artes da UNESP RESUMO O estilo neoclássico no Brasil conviveu com os últimos laivos das construções portuguesas para as igrejas, com raras exemplares do gosto imposto pela Academia Francesa. No Rio de Janeiro, a igreja N.Sra. da Glória, no Largo do Machado (1872), de uma só torre e grandes colunas a sustentarem a torre única, logo difundiu este novo estilo de torre central. Na segunda metade do século XIX as primeiras igrejas neogóticas antecederam as do neorromânico que se estenderia até o gosto eclético -- que favoreceria a volta do colonial, adentrando o século XX sob a forma de neocolonial. A tradição mostra que a capela do colégio do Caraça, em Minas Gerais sofrera uma reconstrução na segunda metade do século XIX, seguindo o novo gosto neogótico. No Vale do Paraíba, em Lorena, a basílica de São Benedito (inaugurada em 1884), foi construída no novo estilo aprovado pela corte que inicia no mesmo ano a construção da catedral de São Pedro de Alcântara em Petrópolis. O emprego de novos materiais, como vitrais, pedras lavradas por imigrantes, e o transporte pelas estradas de ferro que cortavam o país possibilitaram a difusão do novo gosto. Com a proclamação da República ,que deu à Igreja a autonomia terminando com a lei do Padroado, e mais a vinda de novas ordens religiosas europeias, para os santuários e colégios religiosos, o neogótico atrelou-se ao neorromânico, passando a constituir-se o gosto oficial da Igreja. As novas catedrais foram assim construídas nas capitais como Belo Horizonte (1913), Curitiba (1893) culminando com a destruição da Sé colonial (1913) de São Paulo e as resultantes construções neogóticas da capital e de Santos. No interior de São Paulo, os padres, em especial italianos, marcaram as matrizes das cidades cuja riqueza do café pode erigir belos templos como Casa Branca, Ribeirão Preto e Batatais -- além de todas as reformas das igrejas coloniais do Vale do Paraíba, triunfando assim o gosto eclético até a vinda da modernidade. Biografia pesquisador e professor titular em Arte Brasileira no Instituto de Artes da Universidade Estadual Paulista, em São Paulo, e mestre e doutor pela Escola de Comunicações e Artes da USP (1979-88). Pesquisador de arte brasileira, publicou cerca de 20 livros pelas Editora UNESP, Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, Editora Nacional como Igrejas Paulistas: barroco e rococó, prêmio de melhor pesquisa em artes pela ABCA (2003), Arte Sacra Colonial - Barroco Memória Viva, São Paulo Artes e Etnias (disponível também em inglês). Em 2014 publicou pelas editoras UNESP e SESC, Arquitetura e Urbanismo no Vale do Paraíba, obra indicada para o prêmio melhor pesquisa em artes pela ABCA. Pela Editora Metalivros é autor de Igrejas Barrocas do Brasil e Patrimônio da Humanidade no Brasil, Festas de Fé , todos bilíngues port/ingl. Para estudantes, publicou Arte Brasileira em cinco volumes (IBEP Nacional). No prelo, Barroco Latinoamericano, pesquisa que vem realizando exaustivamente desde 2010. É membro de comissões de arte de museus de São Paulo, do conselho consultivo do Acervo Artístico do Palácio do Governo de São Paulo, da associação brasileira e internacional de críticos de artes, e do Conselho Editorial da Revista Pós da FAU/ USP. Artista plástico, participa de salões de artes desde 1975 e expôs individualmente em Brasília, Goiânia, São Luís, São Paulo, Paraty e Roma. www.tirapeli.pro.br

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EL BARROCO AMERICANO NUNCA MUERE. PERVIVENCIAS Y RESIGNIFICACIONES ENTRE LOS SIGLOS XIX Y XX Prof. Dr. Rodrigo Gutierrez Viñuales Universidad de Granada RESUMEN El objetivo de esta ponencia es el de poner en evidencia un conjunto de realidades válidas para reflexionar sobre el barroco americano y su presencia en la contemporaneidad. Analizamos diversos contextos del barroco y del arte popular durante el siglo XIX, época de intencionada invisibilización del barroco, extendiéndola hasta la primera mitad del XX, haciendo especial hincapié en la presencia de ambos en la modernidad plástica y arquitectónica latinoamericana, momento de su primera revalorización en firme, y en el que tendrá lugar la construcción de identidades nacionales y americanas en las que el barroco tendrá un peso específico, como es el caso del modernismo brasileño. Durante la tarea de pesquisa, acometimos la tarea de acopiar y procesar información y análisis referentes a lo sucedido con el barroco americano desde finales del XVIII, época de su presunto declive, hasta la actualidad, con el auge del llamado neobarroco, al que dedicaremos espacio en las reflexiones finales de la ponencia, valorando el nuevo envión producido a mediados del XX, cuando Lezama Lima o Carpentier, desde el campo de la literatura, comienzan a difundir la idea de una “América barroca” como rasgo de inmanencia en el continente, y llegando hasta el rol que hoy juegan el barroco “histórico” y las artes populares en el concierto del arte neobarroco. Biografía Doctor en Historia del Arte y Profesor Titular en la Universidad de Granada (España). Miembro de la Academia Nacional de la Historia (Argentina). Su línea de investigación principal es el Arte Contemporáneo en Latinoamérica. Ha comisariado varias exposiciones y publicado alrededor de 200 estudios sobre estos temas entre libros, capítulos y artículos, destacando los libros “Monumento conmemorativo y espacio público en Iberoamérica” (Madrid, 2004), “América y España, imágenes para una historia. Independencias e identidad 1805-1925” (Madrid, 2006), “Cuzco-Buenos Aires. Ruta de intelectualidad americana (1900-1950)” (Lima, 2009), “Memorias de la Independencia. España Argentina y México 1908-1912 (Madrid, 2012), “Alma Mía. Simbolismos y modernidad en Ecuador (1900-1930)” (Quito, 2013) y “Libros argentinos. Ilustración y modernidad, 19101936” (Buenos Aires, 2014). Ha impartido cursos en numerosas instituciones públicas y privadas de Europa y Latinoamérica. (http://www.ugr.es/~rgutierr/).

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OTROS ÁMBITOS RELIGIOSOS. ESPACIOS DE LA MUERTE EN AMÉRICA. SIGLOS XIX-XX Prof. Dr. Rodrigo Gutierrez Viñuales Universidad de Granada RESUMEN La presente charla centra su atención en otros ámbitos de la religiosidad latinoamericana, como son los espacios funerarios. Aunque principalmente se hablará de cementerios, se tendrán en cuenta también prácticas alternativas vinculadas a la muerte, en especial la presencia de memoriales ubicados en ciudades y caminos. Nuestro abordaje del tema, tomando como referentes a los siglos XIX y XX, y centrando la mirada en los cementerios, no solamente tendrá en cuenta a los de carácter “monumental”, a las tumbas prestigiadas socialmente, por lo general diseñadas y construidas por reconocidos arquitectos, constructores y escultores, sino algo que es muy propio de Latinoamérica como son los enterramientos de carácter popular, hoy en día la zona más “viva” de los cementerios, donde se desarrolla en forma permanente una capacidad creativa notable y genuina que nos distingue de otros continentes.

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O JARDIM COMO FONTE DE INSPIRAÇÃO: O FLOREADO NOS MOTIVOS NEOGÓTICOS DE A. W. N. PUGIN Rosângela Aparecida da Conceição Universidade Paulista RESUMO Durante a realização de pesquisa sobre filiação estética para catalogação dos têxteis e paramentos litúrgicos pertencentes ao Acervo Histórico-Artístico da Venerável Ordem Terceira da Penitência da Cidade de São Paulo (VOTSFPCSP), identificamos algumas peças em estilo Neogótico. Dada a proximidade com outras igrejas, buscamos verificar a existência em outros acervos, como o da Catedral Metropolitana de São Paulo e da Venerável Ordem Terceira do Carmo (São Paulo). Destacamos, nesta apresentação, duas peças da VOTSFPCSP, – dois véus de cálices –, um deles com motivos similares aos encontrados no livro “Floriated ornaments: a series of thirty-one designs”, de A. W. N. Pugin, publicado em 1849. Na introdução de seu livro, Pugin argumenta sobre a inspiração para criação dos motivos, formula os “princípios” a serem “disseminados” como forma de combate à mera “imitação” das formas da natureza. Além do livro citado, nossa base teórica é constituída pela obra de Focillon (1983) que nos fala das questões do estilo; Gilson (2000) em relação à arte e cristandade; Roon (2010) cujo estudo de paramentos neogóticos nos subsidiará na comparação entre estas peças; E. H. Gombrich (2012) que versa sobre as questões da arte decorativa; Noble & Bestley (2013) a respeito da pesquisa visual em design gráfico. Palavras-chave: Estilo Neogótico, Motivos e Ornamentos, Têxteis e paramentos litúrgicos. Biografia Mestre em Artes (2013), Bacharel (2009) e licenciada em Artes Visuais (2010) pelo Instituto de Artes da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”. Professora Adjunta III, na área de Comunicação Digital, nos Cursos Superiores de Tecnologia em Fotografia, Design Gráfico e Produção Audiovisual. Professora de Educação Básica II – Arte (2011-) e colaboradora (2012-) no Grupo de Referência em Arte da D.E. Região Leste 3, da Secretaria de Educação do Estado de São Paulo. Membro da ANPAP, no Comitê de Poéticas Artísticas (2011-); membro-fundadora da The Association Artech-International (2012); membro da rede AHDig: Associação das Humanidades Digitais (2014-); pesquisadora (2014-) nos grupos de pesquisa: “Barroco Memória Viva: da arte colonial à arte contemporânea”, IA-UNESP/CNPq e “Pesquisa em Educação Estética”, IARUNICAMP/CNPq.

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A INFLUÊNCIA DOS ARTESÃOS ITALIANOS EM SÃO PAULO NOS SÉCULOS XIX E XX NA ARTE TUMULAR Viviane Comunale Instituto de Artes da UNESP RESUMO Durante vários séculos na Europa, os enterramentos aconteciam dentro das igrejas de forma diferenciada onde aqueles que não possuíam tantos recursos eram enterrados nos adros da igreja, os mais bem-aventurados acreditavam que uma boa doação garantiria o seu enterramento próximo ao altar mor e com isso a salvação de sua alma estava garantida. Os cemitérios como nós conhecemos surgem na Europa durante o século XVIII devida duas mudanças: um retorno aos temas da antiguidade clássica e o surgimento das medidas higienistas. No Brasil esse comportamento entra em prática em meados do século XIX, no mesmo período temos a chegada de um grande número de artesãos italianos. A proposta desta comunicação é realizar uma análise do trabalho desses artífices dentro dos cemitérios paulistas durante os séculos XIX e XX. Palavras-chave: arte tumular, cemitérios, artesão italiano Biografia Graduada em História pela Universidade Bandeirante de São Paulo, especialista em Fundamento da Cultura e das Artes pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP), mestre Artes Visuais na linha de pesquisa: Abordagens históricas, teóricas e culturais da arte pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP), pesquisadora do grupo Barroco Memória Viva: da arte colonial à arte contemporânea, filiada a Associação Brasileira de Estudos Cemiteriais (ABEC) e a Associação Nacional de História (ANPUH)

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Feira de Livros A Feira de Livros estará aberta a partir de 1 de julho de 2015, às 9h30, até o encerramento do evento, que será no dia 4 de outubro. Nesta edição, contamos com a presença da Annablume, Editora Paulus, Editora da UNESP e Livraria e Editora Loyola, que trarão publicações referentes aos temas abordados durante o II Seminário Internacional de Patrimônio Sacro. Foi pensada como momento importante para aquisição de livros, anais, revistas, entre outras publicações relevantes, incluindo autores presentes nas conferências e mesas-redondas. Feira de Livros - II Seminário Internacional Patrimônio Sacro De 1 a 4 de julho de 2015. Abertura: 1 de julho, às 10h. Encerramento: 4 de julho, às 17h30. Editoras participantes

Annablume | Livraria e Editora Loyola Editora Paulus | Editora da UNESP

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Lançamentos Patrimônio Sacro na América Latina reúne textos a respeito de Arquitetura, Escultura, Pintura, Ornamentação e Mobiliário, entre as mais significativas linguagens artísticas presentes no contexto colonial Latino-Americano, sob o grifo do Conselho Editorial da Editora da Universidade Estadual Paulista – UNESP e de um grupo de especialistas da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo – FAUUSP. Os trabalhos apresentados na primeira edição do Seminário Internacional Patrimônio Sacro, realizado em 2013 junto à Faculdade de Teologia e Mosteiro de São Bento, em São Paulo, expõe os resultados entre as mais recentes pesquisas de especialistas em Arte Sacra, realizadas no Brasil e em outros países Latino-Americanos, como o México, Equador e Argentina. A esse conjunto somam-se as contribuições de integrantes do Grupo de Pesquisa Barroco Memória Viva, do Instituto de Artes da UNESP e os relatos de empresas e ateliês de restauro envolvidos em recentes intervenções em originais do patrimônio cultural paulista, resultando em esforço conjunto, visando a preservação do importante acervo de arte sacra remanescente do período colonial brasileiro. Autores: Alma Lourdes Montero Alarcón | Antonio Carlos dos Santos | Aracy Amaral | Beatriz Vicente de Azevedo | Benedito Lima de Toledo | Carlos Alberto Cerqueira Lemos | Danielle Manoel dos Santos Pereira | Delphim Rezende Porto | Edgar R. Guerra Zumarraga | D. Carlos Eduardo Uchôa Fagundes Jr., OSB | Eduardo Tsutomu Murayama | Gabriel dos Santos Frade | Graciela María Viñuales | Julio Eduardo Corrêa Dias de Moraes | Maria Helena Ochi Flexor | Maria José Spiteri Tavolaro Passos | Maria Lucia Bigueti Fioravanti | Mário Henrique Simão D’Agostino | Mozart Alberto Bonazzi da Costa | Myriam Andrade Ribeiro de Oliveira | Myriam Salomão | Nancy Moran Proaño | Percival Tirapeli | Rafael Azevedo Fontenelle Gomes | Rafael Schunk | Frei Róger Brunorio, OFM | Rosângela Aparecida da Conceição | Suzanna do Amaral Cruz Sampaio | Victor Hugo Mori Percival Tirapeli (Org). Patrimônio Sacro na América Latina: Arquitetura, Arte e Cultura. Editora da UNESP, Arte Integrada, FAUUSP. 1ª edição, 2015. 460 páginas. ISBN: 978-85-64719-03-3. 35


Lançamentos Preceptivas arquitetônicas é tema que remete a um intento normativo que se enceta em tempos helênicos e que esteve em alta voga até meados do século XIX. Os preceitos estabelecidos e admitidos pela tradição e pelo tirocínio constituem o acervo de normas, critérios e procedimentos por meio dos quais se efetua a distinção entre simples «coisas» e as «obras» às quais se atribui o alto estatuto de Arte. O texto consensualmente considerado inaugural para as doutrinas arquitetônicas, desde o De Re AEdificatoria, de Leon Battista Alberti, é o tratado De Arquitetura, de Vitrúvio, datável de 27 a.C., no qual o autor remete a escritos anteriores, que ele teria consultado, mas que hoje não são conhecidos. Os exegetas e comentadores do romano reconhecem também a ascendência das diretrizes emanadas dos grandes retores, de Aristóteles a Cícero e Quintiliano, para a formulação de suas normativas. No campo disciplinar da Arquitetura, talvez o último grande compêndio produzido sobre o assunto tenha sido a vasta Encyclopédie Methodique - Architecture, de Antoine-Chrysostome Quatremère de Quincy, cuja edição se inicia em 1788 e somente se completa em 1825. Escritos posteriores, como o Dictionnaire raisonné de l’architecture française du XIe au XVIe siècle (1856) de Eugène Viollet-le-Duc, já não mais pretendem se enquadrar nos lindes da assim dita “tradição clássica”. Este é o âmbito em que se inscreve o acervo de ensaios que neste livro se apresenta. Andrea Loewen, Mário D’Agostino, Ricardo Marques (Orgs). Preceptivas arquitetônicas. Annablume. Apoio: FAPESP. 1ª edição, 2015. 360 páginas. ISBN: 978-85-391-0712-4.

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Concerto Como parte do encerramento do II Seminário Internacional Patrimônio Sacro, os participantes são convidados para assistir ao concerto de órgão na Igreja Abacial do Mosteiro de São Bento, com repertório especial do século XIX, escolhido pelo Irmão Vinicius, OSB

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Ficha técnica II Seminário Internacional Patrimônio Sacro 1 a 4 de julho de 2015, Mosteiro de São Bento de São Paulo Comissão Científica Prof. Dr. Percival Tirapeli, IA-UNESP | Dom Abade Matthias Tolentino Braga, OSB Prof. Dr. Mozart Bonazzi, PUC-SP | Profa. Me. Maria José S. T. Passos, IA-UNESP Profa. Me. Myriam Salomão, CAR-UFES | Profa. Me. Rosângela Ap. da Conceição, UNIP Comissão Organizadora Prof. Me. Gabriel Frade, FAU-USP/FSB | Dom João Batista Barbosa Neto, OSB Laura Carneiro, Arte Integrada | Danielle Manoel dos Santos Pereira, IA-UNESP Beatriz Vicente de Azevedo, pesquisadora independente Comissão de Apoio Antenor de Oliveira Junior | Cristiane Pinto | Dayana Santos Silva | Fábio de Freitas Leal Jessica Alves | Karina Oliveira | Lauro Galvão de Oliveira | Letícia Mayumi Ozono Maryana Lemos Nogueira Rela | Viviane Comunalee Cobertura fotográfica Luciara Bruno | Hamilton de Lima Fernandes | Jean Carlos Santiago Design gráfico - logomarca Guen Yokoyama Gerenciamento de conteúdo web & Divulgação Rosângela Aparecida da Conceição Produção Gráfica Rosângela Aparecida da Conceição | STI - Serviço Técnico de Informática - IA-UNESP Redação Laura Carneiro, MTb 19.050 Realização Mosteiro e Faculdade de São Bento – São Paulo Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo Instituto de Artes da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” Apoio Arte Integrada | Programa de Pós-Graduação em Artes do Instituto de Artes da UNESP | STI | DAAS | SAEPE | Annablume | Editora Paulus | Editora da UNESP | Livraria e Editora Loyola | ANPAP | H-Net Network | Mapa das Artes

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Caderno de Resumos II Seminário Internacional Patrimônio Sacro (versão impressa) Organização Rosângela Aparecida da Conceição | Myriam Salomão| Supervisão & Revisão Laura Carneiro | Percival Tirapeli Diagramação Rosângela Aparecida da Conceição Impressão Serviço Técnico de Informática do IA-UNESP Ficha catalográfica Serviço de Biblioteca e Documentação do Instituto de Artes da UNESP

Ficha catalográfica preparada pelo Serviço de Biblioteca e Documentação do Instituto de Artes da UNESP S471c

Seminário Internacional Patrimônio Sacro (2.: 2015: São Paulo) Caderno de Resumos [do] I Seminário Internacional Patrimônio Sacro: programação geral / Supervisão e revisão: Percival Tirapeli, Laura Carneiro; Organização Rosângela Aparecida da Conceição, Myriam Salomão. - São Paulo: Unesp, Instituto de Artes; USP, Faculdade de São Bento de São Paulo, 2015. Páginas 40p. ISBN: 978-85-64719-04-0 Realizado de 01 a 04 de julho de 2015. Endereço eletrônico: http://issuu.com/patrimoniosacro 1. Arte sacra. 2. Arquitetura – Sacra. 3. Patrimônio cultural – Sacro. I. Tirapeli, Percival. II. Salomão, Myriam. III. Carneiro, Laura. IV. Conceição, Rosangela Aparecida. V. Título CDD 726.5

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