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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE SÃO CARLOS DEPARTAMENTO DE ARQUITETURA E URBANISMO RELATÓRIO 2 PERÍODO: 10/08/2101 - 10/12/2010
Título
O Conjunto Residencial Prefeito Mendes de Moraes – Pedregulho de Affonso Eduardo Reidy
Bolsista
Paula Garcia Jareta Santos Orientador
Prof. Dr. Joubert José Lancha
Relatório de Iniciação Científica Essa pesquisa se insere no âmbito das pesquisas desenvolvidas pelo Grupo Quadro cuja pesquisa principal é financiada pela Fapesp sob o n: 06/57683-9
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S達o Carlos, dezembro de 2010
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ÍNDICE.
1.
RESUMO. .............................................................................................................. 7
2. RESUMO DAS ATIVIDADES JÁ DESCRITAS NO PRIMEIRO RELATÓRIO PARCIAL (PERÍODO: 10 de março de 2010 a 10 de agosto de 2010). ..................... 7
2.1.Pesquisa Bibliográfica. .............................................................................. 7 2.2.Pesquisa iconográfica ............................................................................... 8 2.3. Leitura do projeto do Conjunto do Pedregulho ...................................... 8 3. RESUMO DAS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS NA SEGUNDA ETAPA DA PESQUISA (PERÍODO: 10 de agosto de 2010 a 10 de dezembro de 2010). ............ 8
3.1. Leitura do projeto do Conjunto do Pedregulho. ..................................... 8 3.2. Levantamento fotográfico e de detalhes. ................................................ 9 3.3. Sistematização e finalização dos desenhos de análise. ...................... 10 3.4.Traduções. ................................................................................................ 10 4. CRONOGRAMA (PERÍODO: março de 2010 a março de 2011) .......................... 11 5. JUSTIFICATIVA DO PEDIDO DE RENOVAÇÃO DA BOLSA. .............................. 11 6. PLANO DE TRABALHO DE JANEIRO DE 2011 A MARÇO DE 2012 E CRONOGRAMA DE EXECUÇÃO. ............................................................................. 12 Etapa 5: Relatório parcial. ........................................................................................ 13 Etapa 7: Finalização da análise e do modelo. ......................................................... 13 Etapa 8: Relatório final. ............................................................................................ 13
6.1. Cronograma (período: janeiro de 2010 a março de 2011) .................... 13 7. TRADUÇÕES ......................................................................................................... 14 7.1. Cartas de Reidy a Le Corbusier. ....................................................................... 14 7.1.1. Carta de Reidy a Le Corbusier no ano de 1948...................................... 14 7.1.2. Carta de Reidy a Le Corbusier no ano de 1949...................................... 16 7.2. Entrevista de Reidy a Ferreira Gullar e Alfredo Britto. .................................... 19
7.3. Tese “Pedregulho – Enseñar a vivir em la nueva ciudad”................... 25
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8. O PEDREGULHO E A UNITÉ D’HABITATION DE MARSELHA ........................... 26 9. IMPLANTAÇÃO E REGRA COMPOSITIVA DO CONJUNTO DO PEDREGULHO. 27 10. A CARTA DE ATENAS E O PEDREGULHO ....................................................... 30 11. A QUESTÃO DO CONFORTO NO CONJUNTO DO PEDREGULHO. ................. 32 12. ANÁLISE DOS EDIFÍCIOS DO CONJUNTO DO PEDREGULHO........................ 33
12.1. Bloco A: .................................................................................................. 33 12.1.1. Apartamentos ......................................................................................... 40 12.1.2. Estrutura ................................................................................................. 46 12.1.3.Cobertura................................................................................................. 50 12.1.4.Conforto................................................................................................... 50 12.1.5. Fachadas ................................................................................................ 51
12.2. Bloco B:.................................................................................................. 51 12.2.1. Apartamentos ......................................................................................... 53 12.2.2. Conforto.................................................................................................. 58 12.2.3. Estrutura ................................................................................................. 59 12.2.4. Fachadas ................................................................................................ 59
12.3. Centro de Saúde. ................................................................................... 61 12.4. Escola. .................................................................................................... 64 12.5. Lavanderia mecânica e cooperativa. ................................................... 69 12.6. Bloco C ................................................................................................... 70 12.7. Clube. ..................................................................................................... 70 13. BIBLIOGRAFIA .................................................................................................... 71
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ÍNDICE ICONOGRÁFICO.
Figura 1: Unidade de Habitação de Marselha. .................................................................... 27 Figura 2: praças e espaços de lazer. .................................................................................... 29 Figura 3: Regra compositiva do Conjunto do Pedregulho. ................................................ 30 Figura 4: A aplicação da Carta de Atenas no Conjunto do Pedregulho. ......................... 32 Figura 5: Blocos de habitação A, B1 e B2. ........................................................................... 33 Figura 6: Bloco de habitação A. ............................................................................................. 34 Figura 7: Desenho a partir de um croqui do plano de Le Corbusier para a construção do viaduto habitável no Rio de Janeiro, seguindo o desenho sinuoso da orla............... 35 Figura 8: Maison Locative – Edifícios para Alugar, presente no Plano Obus de Le Corbusier para Argel. ............................................................................................................... 37 Figura 9: Planta esquemática do bloco de habitação A. ............................................................. 38 Figura 10: Ala social, blocos A2, A5 e A6. ........................................................................... 39 Figura 11: Planta dos apartamentos de um quarto do bloco de habitação A. ................ 40 Figura 12: Perspectiva isométrica do apartamento de um quarto do bloco de habitação A. ................................................................................................................................................. 41 Figura 13: Planta dos apartamentos duplex do bloco de habitação A............................. 42 Figura 14: Perspectiva isométrica do andar inferior do duplex do bloco de habitação A. ..................................................................................................................................................... 43 Figura 15: Perspectiva isométrica do andar superior do duplex do bloco de habitação A. ................................................................................................................................................. 43 Figura 16: Apartamentos do Edifício Narkonfim. ................................................................. 45 Figura 17: Vista do corredor do bloco de habitação A – desenho a partir de foto. ........ 46 Figura 18: Estudo da estrutura do edifício do bloco de habitação A................................ 48 Figura 19: Estudo da estrutura do edifício do bloco de habitação A................................ 49 Figura 20: Fachadas do bloco de habitação A. ............................................................................ 51 Figura 21: Bloco de habitação B. ................................................................................................. 52
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Figura 23: Estudo dos apartamentos do bloco de habitação B. ....................................... 54 Figura 24: Planta do andar inferior dos duplex do bloco de habitação B. ....................... 55 Figura 25: Perspectiva isométrica do andar inferior de um apartamento duplex do bloco de habitação B. ......................................................................................................................... 55 Figura 26: Planta do andar superior dos apartamentos duplex do bloco de habitação B. ..................................................................................................................................................... 56 Figura 27: Perspectiva isométrica do andar superior de um apartamento duplex do bloco de habitação B. .............................................................................................................. 56 Figura 28: Perspectiva isométrica da composição resultante da adição de um quarto ao andar superior de um apartamento duplex do bloco de habitação B. ........................ 57 Figura 29: Perspectiva isométrica da composição resultante da perda de um quarto no andar superior de um apartamento duplex do bloco de habitação B. ............................. 57 Figura 30: Perspectiva explodida do bloco de habitação B. .............................................. 58 Figura 32: Estudo de uma composição geométrica do bloco de habitação B. ............... 60 Figura 31: Composição das fachadas do bloco de habitação B. ...................................... 60 Figura 33: Centro de saúde. ................................................................................................... 62 Figura 34: Estudo da composição do centro de saúde. ..................................................... 63 Figura 35: Vista superior do bloco da escola. ...................................................................... 64 Figura 36: Estudos do bloco da escola. ................................................................................ 66 Figura 37: Fachada sul da escola.......................................................................................... 68 Figura 38: Vista da fachada sul da escola. .......................................................................... 68
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O Conjunto Residencial Prefeito Mendes de Moraes – Pedregulho, de Affonso Eduardo Reidy.
1. RESUMO.
Essa pesquisa se propõe como uma investigação do Conjunto Residencial Prefeito Mendes de Moraes – Pedregulho, projetado pelo arquiteto Affonso Eduardo Reidy, situado na cidade do Rio de Janeiro, cuja obra (projeto e construção) esteve em curso entre os anos de 1946 a 1958. A idéia é trabalhar a compreensão da linguagem utilizada perante a realidade de sua produção, no contexto de uma leitura onde o edifício, como objeto central, possa ser criticamente analisado em seus diversos aspectos. O texto e o desenho são as grandes escrituras intelectuais da arquitetura - mas são os desenhos que modificam a obra, que podem ser aqueles que a precedem, aqueles do projeto, mas também podem ser aqueles que o seguem e que o comentam. Nessa pesquisa nos debruçaremos sobre textos e desenhos na tentativa de construir um panorama sobre o qual surge o edifício de Reidy, a fim de compreender os pressupostos e a lógica adotada no desenvolvimento desse Conjunto e também identificar, através da pesquisa bibliográfica e iconográfica, as origens e recorrências dos elementos utilizados por Affonso Eduardo Reidy na composição dos edifícios do Conjunto do Pedregulho.
2. RESUMO DAS ATIVIDADES JÁ DESCRITAS NO PRIMEIRO RELATÓRIO PARCIAL (PERÍODO: 10 de março de 2010 a 10 de agosto de 2010).
2.1.Pesquisa Bibliográfica. A primeira fase da pesquisa consistiu na leitura de textos e elaboração de resumos a fim de compor uma revisão da bibliografia básica, para uma primeira compreensão e contextualização do arquiteto e da obra estudada. Dessa maneira, a bibliografia estudada até o presente momento comparece comentada no texto que compõe o primeiro relatório parcial, consistindo nos
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títulos discriminados no item 9 – Bibliografia daquele relatório. No entanto, essa é uma etapa que não se finda, e continuou em curso durante todo o tempo da pesquisa, sendo que novos itens são inclusos no item 13 – Bibliografia do presente relatório.
2.2.Pesquisa iconográfica Iniciou-se,
também,
uma
pesquisa
iconográfica,
a
partir
de
levantamentos de documentos e imagens tais como plantas, cortes, elevações e fotos não apenas do Conjunto do Pedregulho, mas também de obras que lhe serviram de referência ou com as quais identificamos determinadas afinidades. Essas imagens, contabilizadas até o momento do primeiro relatório parcial em 150 itens, foram digitalizadas a fim de formarem um banco de imagens para servir à presente pesquisa e também a futuras investigações. Esse banco de imagens permitiu um trabalho ágil de relacionar e manipular tais imagens para uma melhor compreensão da obra analisada.
2.3. Leitura do projeto do Conjunto do Pedregulho A partir da leitura de textos e do levantamento de imagens discriminados no primeiro relatório parcial, pôde-se iniciar as análises em torno do desenvolvimento do projeto do Conjunto do Pedregulho.
3. RESUMO DAS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS NA SEGUNDA ETAPA DA PESQUISA (PERÍODO: 10 de agosto de 2010 a 10 de dezembro de 2010).
3.1. Leitura do projeto do Conjunto do Pedregulho. A continuação da etapa 3 – leitura do projeto do Conjunto do Pedregulho, já iniciada e comentada no primeiro relatório parcial, constituiu a
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grande maioria dessa segunda etapa da pesquisa. Com isso, caminharam junto as etapas 3 – leitura do projeto do Conjunto do Pedregulho, 5 – visita e levantamento fotográfico e de detalhes e 6 – sistematização do material levantado e continuação da análise e finalização dos desenhos e modelos, determinadas no Plano de Pesquisa. Essa grande etapa que caracteriza esse segundo período de pesquisa resultou em diversos desenhos de análise do Conjunto, de autoria da própria bolsista, partindo de desenhos do próprio Reidy, de Le Corbusier e também de fotos dos edifícios. Esses desenhos de análise seguem complementando o texto que compõe esse relatório.
3.2. Levantamento fotográfico e de detalhes. A etapa 5 consiste principalmente na visita ao Conjunto para levantamento fotográfico e de detalhes. A partir de contatos feitos com o arquiteto Alfredo Britto e com o Serviço de Arquitetura e Urbanismo do CEHABRJ (Companhia Estadual de Habitação do Rio de Janeiro), o qual está desenvolvendo um processo de restauro do Conjunto, tivemos acesso a uma parte dos desenhos de levantamento do Conjunto (sistematizados em desenhos técnicos em AutoCAD de plantas e fachadas) e realizados para a obra de restauração, referentes aos blocos de habitação A, B1 e B2 e a escola, bem como material fotográfico de alguns detalhes. Também, foi feito contato com o fotógrafo Pedro Vannucchi, que nos disponibilizou algumas de suas fotos de um ensaio sobre o Pedregulho, realizado em 2007.
Porém, as
análises apresentadas nesse relatório são basicamente a partir dos documentos que haviam sido previamente levantados em livros, teses e na internet, uma vez que pudemos ter acesso a esse material mais completo apenas no início mês de novembro. A visita ao Conjunto foi dificultada pelo período de aulas, portanto pretendemos realizá-la em janeiro ou fevereiro, durante a vigência das férias. Para tal, estão sendo feitos novos contatos para tentarmos ter acesso ao Conjunto, já que esse se localiza numa área não segura da cidade do Rio de Janeiro. Também, acreditamos que a visita seria mais proveitosa após uma primeira análise e melhor compreensão dos
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edifícios. Também, a visita à cidade continua sendo importante para que possamos ter acesso ao material referente ao restauro dos demais edifícios da obra; para que se realize uma visita ao NDP-UFRJ – Núcleo de Pesquisa e Documentação da Universidade Federal do Rio de Janeiro, aos escritórios de arquitetura envolvidos do processo de restauração, tais como o do arquiteto Alfredo Britto e o Pontual Arquitetura e para uma tentativa de visita ao morro de São Cristóvão, onde se localiza o Conjunto.
3.3. Sistematização e finalização dos desenhos de análise. Da etapa 6 – sistematização e finalização dos desenhos de análise foi concluída a sistematização do material iconográfico considerado mais importante para um melhor entendimento do projeto do Pedregulho e também, foram finalizados os desenhos de análise do Conjunto, que seguem compondo o presente relatório.
3.4.
Traduções. Foram traduzidas, a partir do francês, duas cartas de Reidy a Le
Corbusier, reitradas do livro BONDUKI, Nabil. Affonso Eduardo Reidy. Lisboa: Blau, 2000. Da revista DPA: Documents de Projects d’Architectura. Barcelona, Edicions UPC, 2003 – abril, mensal, foram traduzidas, a partir do espanhol, uma entrevista realizada com Reidy por Ferreira Gullar e Alfredo Britto, originalmente publicada no suplemento dominical do Jornal do Brasil, em 11 de março de 1961 e a tese Pedregulho: Enseñar a vivir em la nueva ciudad, de Eline Caixeta.
Com isso, concluímos esse segundo relatório referente à investigação projetual do Conjunto Residencial Prefeito Mendes de Moraes - Pedregulho, antecipadamente, dentro do prazo estipulado para o pedido de renovação da bolsa de auxílio a essa pesquisa por mais um ano.
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4. CRONOGRAMA (PERÍODO: março de 2010 a março de 2011) Etapa 1 – Revisão bibliográfica. Etapa 2 – Revisão iconográfica. Etapa 3 – Leitura do projeto/ análise gráfica. Etapa 4 – Elaboração do relatório parcial. Etapa 5 – Levantamento fotográfico e de detalhes. Etapa 6 – Sistematização e finalização dos desenhos de análise. Etapa 7 – Elaboração do relatório parcial antecipado para pedido de renovação da bolsa de auxílio à presente pesquisa.
Meses
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2
3
4
5
6
7
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9
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Etapa 1 Etapa 2 Etapa 3 Etapa 4 Etapa 5 Etapa 6 Etapa 7
5. JUSTIFICATIVA DO PEDIDO DE RENOVAÇÃO DA BOLSA. Pedimos a renovação da bolsa auxílio de iniciação científica dessa pesquisa por mais um ano para que possamos, a partir dos novos e importantes materiais aos quais tivemos acesso no mês de novembro de 2010 (relacionados no item 3.2 - Levantamento fotográfico e de detalhes, do
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presente relatório), realizar uma análise ainda mais aprofundada das questões projetuais, a partir de um levantamento métrico do Conjunto do Pedregulho. Gostaríamos, também, de realizar a viagem à cidade do Rio de Janeiro, já que essa foi anteriormente dificultada pelo período de aulas (tal como supracitado no item 3.2 desse relatório). Essa viagem serviria tanto para o recolhimento de novos materiais para análise quanto para a tentativa de visita ao morro de São Cristóvão e para visitarmos os escritórios de arquitetura envolvidos com o processo de restauro do Conjunto. Viagens à cidade de São Paulo para pesquisa em acervos como a biblioteca da FAU-USP (Faculdade de Arquitetura e Urbanismo – Universidade de São Paulo) também seriam realizadas, sendo feito contato com o professore Nabil Bonduki A partir dessa análise mais aprofundada e da melhor compreensão dos edifícios e da implantação como um todo, iniciaríamos o desenvolvimento de uma maquete (eletrônica ou física) do Conjunto, a qual seria o produto final dessa pesquisa.
6. PLANO DE TRABALHO DE JANEIRO DE 2011 A MARÇO DE 2012 E CRONOGRAMA DE EXECUÇÃO.
Etapa 1: Continuação da etapa 5 - Visita, levantamento fotográfico e de detalhes a partir de visitas ao CEHAB-RJ, ao escritório do arquiteto Alfredo Britto, ao NDP-UFRJ – Núcleo de Pesquisa e Documentação da Universidade Federal do Rio de Janeiro e a outras bibliotecas, como a da FAU-USP – Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo, bem como a outros acervos e escritórios que forem convenientes. Etapa
2:
Revisão
bibliográfica
dos
novos
materiais
levantados
e
eventualmente daqueles já discutidos na etapa anterior. Etapa 3: Revisão iconográfica dos novos materiais levantados, mas principalmente dos já adquiridos no CEHAB-RJ.
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Etapa 4: Análise mais aprofundada do projeto como um todo (como foram produzidas suas plantas, cortes, elevações do ponto de vista conceitual, estrutural e sua da materialidade) do Conjunto do Pedregulho, principalmente dos seus blocos de habitação e da escola. Etapa 5: Relatório parcial. Etapa 6: Elaboração de um modelo do Conjunto, eletrônico ou físico (a ser considerado o mais conveniente). Etapa 7: Finalização da análise e do modelo. Etapa 8: Relatório final.
6.1. Cronograma (período: janeiro de 2010 a março de 2011) Meses Etapa 1 Etapa 2 Etapa 3 Etapa 4 Etapa 5 Etapa 6 Etapa 7
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7. TRADUÇÕES
7.1. Cartas de Reidy a Le Corbusier. Reidy e Le Corbusier tinham o costume de se corresponderem através de cartas, nas quais compartilhavam principalmente informações sobre seus projetos em curso. Quando Reidy começou a desenvolver seu Conjunto do Pedregulho, passou a discutir o assunto com o amigo, contando-lhe como decorria o projeto, os problemas do terreno e as soluções planejadas, entre outros
assuntos.
Le
Corbusier,
naquele
momento,
trabalhava
no
desenvolvimento da Unité d’Habitation de Marselle, e, portanto, respondia a Reidy também lhe contando sobre como estava sendo realizado o projeto dessa obra. Podemos notar essa troca de informações a partir da tradução de duas cartas de Reidy a Le Corbusier, datadas de 1948 e 1949:
7.1.1. Carta de Reidy a Le Corbusier no ano de 1948.
Rio de Janeiro, 1e 7 Juin 1948. Cher Le Corbusier,
Je vous enveís le dernier numero de la “Revista Municipal de Engenharia” qui publie le prejet pour une unité d’habitation que j’ai fait pour la Municipalité de Rio, et qui est en train d’être bâtie. C’est dans um terrain três difficile, comme vous le verrez, où j’ai legè 600 familles avec les services communs. Les logis auront una magnifique vue sur la mer et les montaignes. Je suis, à present, à la direction du Plan de la Ville, et je fais le projet de l’amenagement du Santo Antonio. Rappeleg-vous la petite colline, au coeur de la ville, où il y a um ancien convent? Cette colline va être demolie et
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j’etudie l’amenagement du site. Quand le projet sera finit je vous enverrais des copies. Il comprend: a) Une grande voie sur pilotis, qui traverse le centre de la ville dans la direction Nord-Sud; b) Le centre civique municipal: um bâtiment avec 30 á tages pour la “Prefeitura”, de la Ville, le MUSÉE, et la Bibliotheque avec lieux pour les conferences et les expositions; c) Les affaires, em 4 bâtiments de 100 mètres d’hauter; d) Une unité d’habitacion peur 10.000 habitants, em redents de 12 étages, avec sus prolongements. Si la Municipalité accept ce projet, je ferrai tout mon possible pour que vous puissiez faire bâtir ici votre beau Musée. Creyez a mes sentiments les plus distingués.
Reidy.
Rio de Janeiro, 1 de julho de 1948 Caro Le Corbusier,
Eu lhe enviei o número passado da “Revista Municipal de Engenharia”, na qual publiquei o projeto de uma unidade de habitação que estou projetando para a cidade do Rio, e que está sendo construída. Localiza-se num terreno muito difícil, como você verá, onde irão morar 600 famílias com serviços comuns. As casas terão uma vista magnífica para o mar e as montanhas. Eu estou agora na direção do Plano Diretor da Cidade, e eu estou fazendo o projeto de desenvolvimento de Santo Antônio. Lembra-se da
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pequena colina no coração da cidade, onde havia um antigo convento? Este monte será demolido e eu vou estudar o desenvolvimento do terreno. Quando o projeto estiver concluído vou lhe enviar cópias. Inclui: a) Uma grande faixa sobre pilotis, que atravessa o centro da unidade no sentido norte-sul; b) O Centro Cívico da cidade: edifício com 30 andares a para "Prefeitura", a Cidade, o Museu e Biblioteca com salas de conferências e exposições; c) Para negócios, 4 edifícios de 100 metros de altura; d) A unidade de habitação para 10.000 habitantes, cúspides de 12 andares, com prolongamentos.
Se a Cidade aceitar o projeto, farei o possível para que você possa construir seu belo museu aqui.
Com meus melhores sentimentos, Reidy.
7.1.2. Carta de Reidy a Le Corbusier no ano de 1949.
Rio de Janeiro, 6/4/49 Cher Le Corbusier J’ai rocu la Grille CIAM contenant l’invitation au 7 ème Congrès de 1949, la repartition des taches et les instrutions. Malheureusement, ele est seulement arrivés à mês mains le 28 passé, ce qui a rendu matériellement impossible, préparer et y faire parvenir em temps utile, les travaux qui nous ont été assignes.
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Concernant le Santo Antonio, je vous onvois, ci-joint, des fotos des plans déjà officiellement approuvés. Comme vous le verrez j’ai dû faire quelques modifications au primitif plan, pour atteindre à des questions financières relatives à l’éxécution des travaux. Je regrette beaucoup, n’avoir pas pu maintonir le “Centre Civique Municipal” dans le nouveau plan, mais j’espère y revenir encore plus tard, à l’occasion de l’éxécution. La Municipalité a déjà mis em concurrence les travaux de démolition du “morro”. Les trois fotos, que je vous envoism du plan pour le centre de la ville, comprennent: 1 – Les nouvelles voies, au bourd de la mer: Praia de Botafogo, Flamengo et Gloria, jusqu’à l’aéroport Santos Dumont. 2 – L’aménagement du Santo Antonio. 3- Continuation de la grande voie Nord-Sud, sur pilotis à travers le vieux centre de la ville. On voit l’avenue Presidente Vargas – déjà ouverte, avec 80 mÈtres de largeur – qui passe par dessous et le tunnel por faire liaison avec la plus importante route d’accès la ville, l’avenue Frasil. Je vous envois, aussi, quelquer fotos du chantier Pedregulho (unité vicinale), dont les travaux suivent leur cours. Croyez à mês sentiments dévoués et amicaux. Reidy P.S. Mes emitiés à Wogensky.
Rio de Janeiro, 6/4/49 Caro Le Corbusier,
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Eu recebi a grade do CIAM, contendo o convite para o 7 º Congresso de 1949, a distribuição de tarefas e as instruções. Infelizmente, o modelo só chegou em minhas mãos no dia 28 passado, o que tornou materialmente impossível preparar e enviar em tempo útil o trabalho que tenho realizado. De Santo Antonio, eu enviei fotos anexadas dos planos que já haviam sido aprovados oficialmente. Como você pode ver, eu tive que fazer algumas modificações no plano original para suprir as questões financeiras relacionadas à execução da obra. Lamento muito, não ter sido capaz de lançar mão do "Centro Cívico Municipal", no novo plano, mas espero incluí-lo mais tarde, durante a execução. A Prefeitura já colocou a demolição do morro em concorrência". As três fotos que eu enviei no plano para o centro da cidade incluem:
1 - Novos caminhos às margens do mar: Praia de Botafogo, Flamengo e Glória até o aeroporto Santos Dumont. 2 - O desenvolvimento de Santo Antônio. 3 - Continuação da grande estrada norte-sul sobre pilotis pelo centro da cidade velha. Nós vemos a Avenida Presidente Vargas - já está aberta, com 80 metros de largura - que atravessa por baixo pelo túnel de ligação com a maior estrada de acesso da cidade, a Avenida Frazil.
Estou enviando-lhe, também, algumas fotos da construção do Pedregulho (unidade de vizinhança), cujas obras estão em andamento. Os meus sentimentos, dedicação e simpatia.
Reidy.
Obs: minhas lembranças ao Wongesky.
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7.2. Entrevista de Reidy a Ferreira Gullar e Alfredo Britto.
Tradução da entrevista realizada com Afonso Eduardo Reidy por Ferreira Gullar e Alfredo Brito, publicada originalmente no suplemento dominical do Jornal do Brasil, em 11 de março de 1961 e retirada da revista DPA: Documents de Projects d’Architectura. Barcelona, Edicions UPC, 2003 – abril, mensal.
Para além da sua expressão formal, você crê que a arquitetura contemporânea
brasileira
teve
um
desenrolar
equivalente
quanto
à
investigação de outros componentes arquitetônicos: soluções funcionais, estruturais e construtivas? Affonso Eduardo Reidy: É inegável que a arquitetura brasileira apresenta características que a distinguem e, inclusive, que conferem às suas mais diversas realizações um certo “ar de família”. Esse denominador comum deriva de um conjunto de fatores entre os quais podemos mencionar os seguintes: uma sensibilidade particular dos arquitetos quanto às condições regionais, com uma constante preocupação por encontrar soluções adequadas ao clima, elaborando diversos sistemas de proteção contra o calor os quais, muitas vezes, constituem elementos de grande riqueza plástica; a vontade de incorporar a estrutura como elemento decisivo da composição, dando-lhe especial importância a seu aspecto formal; a busca de soluções claras e simples: inclusive quando os problemas são complexos, pretende-se solucionálos com generosidade e amplitude de visão. A riqueza da flora, o dramatismo da paisagem e a força do sol são talvez responsáveis pela tendência, bastante forte, de uma exuberância formal. Sem embargos, esta não anula as profundas diferenças que existem entre as realizações de alguns de seus arquitetos mais representativos. Diferenças de ordem conceitual e de sensibilidade pessoal.
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Qual é o papel do arquiteto brasileiro no atual momento sócio-econômico do país? Reidy: O arquiteto tem um papel importantíssimo a desempenhar. Deverá intervir em um planejamento, influenciando decisivamente na solução dos problemas vinculados ao bem-estar social. O elemento humano deverá ser o centro de todas as preocupações e o módulo a que deverá se referir todas as medidas. Compete ao arquiteto criar ambientes físicos que facilitem o pleno desenrolar das atividades relacionadas à vida comunitária, proporcionando condições adequadas para habitar, trabalhar, cultivar o corpo e o espírito e recrear-se.
Ao projetar, um arquiteto deve partir de uma forma intuitiva ou da valorização de elementos técnicos e de dados objetivos? Reidy: A ideia básica de um projeto tem muito de intuitivo, mas, poderíamos dizer, de uma intuição direcionada. O mecanismo da intuição é estimulado e acionado pelo estudo de dados objetivos como o programa de necessidades que devem ser atendidas, o ambiente físico natural, os meios técnicos e econômicos disponíveis, etc.
Qual a sua opinião sobre as correntes organicista e racionalista como tendências da arquitetura contemporânea? Quais relações elas têm com a arquitetura brasileira? Reidy: Existem duas correntes doutrinárias em disputa na atualidade da arquitetura, tratando de influenciar seu destino. Le Corbusier e Frank Lloyd Wright podem ser considerados como expoentes máximos, respectivamente, das correntes funcionalista e orgânica. Ambas partem da planta livre, nas quais as paredes, liberadas de sua antiga função estrutural de apoio, se transformam em simples elementos de delimitação, livremente dispostas. Placas de pouca espessura, planas, curvas e onduladas, de materiais diversos, definem o
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espaço interior dando-lhe um sentido dinâmico de continuidade, em vez de confinar-lhe dentro de compartimentos estanques. O emprego de grandes superfícies cristalinas funde interior e exterior, e a natureza é incorporada ao espaço interior. Na chamada arquitetura funcional a planta é livre, mas possui uma estrutura modulada e ritmicamente ordenada. O espaço está contido em um volume arquitetônico que, embora o reja, não necessariamente constitui uma forma geométrica elementar. Ao contrário, para os adeptos ao movimento orgânico, o espaço interior transcende o volume arquitetônico. Partindo de um núcleo central se projeta em todas as direções, sem qualquer contenção, em um gesto ostentoso de liberação que eles chamam de “rigor disciplinar do racionalismo”. O movimento orgânico não tem raízes entre nós, apesar do entusiasmo de alguns jovens arquitetos, provocado pela recente visita do brilhante crítico italiano Bruno Zevi, principal impulsor do movimento que, nos últimos dez anos, tem se difundido na Europa e que possui talvez seu maior contingente de adeptos na Itália. A maior parte das obras dos arquitetos brasileiros, digo melhor, sua quase totalidade, tem muitos mais pontos de contato com a corrente chamada funcional. Mas, entretanto, essa designação para se referir à arquitetura que não participa do movimento orgânico, a meu modo de ver, é inapropriada e está superada. Teve sua razão de ser em um período heróico, quando era necessário opor ao academicismo reinante uma doutrina que corresponde às exigências imediatas, originadas com a Revolução Industrial. Para derrubar os dogmas da academia e romper o estancamento que ela matinha, foi preciso apelar ao racionalismo, usando a racionalidade como slogan de combate da batalha. Dessa época, é célebre a frase de Le Corbusier “a casa é uma máquina de morar” (“la maison est une machine à habiter”). É evidente que o simples fato de uma construção resolver os problemas funcionais não basta para que esta mereça o nome de obra de arquitetura. Sem dúvida, não se pode desassociar a arquitetura de seu aspecto utilitário, que é o que constitui sua razão de ser. A arquitetura tampouco pode ser considerada como uma grande escultura habitada. Sua adequação à finalidade à qual se destina não desmerece, de forma alguma, sua condição de
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ser fundamentalmente obra de arte. Mas o que, na realidade, melhor a define e a caracteriza é sua concepção espacial.
Deve haver uma censura estética oficial, como no caso de Brasília? Reidy: A censura é uma arma de duas pontas. Seu objetivo é evitar a proliferação de aberrações que possam quebrar a harmonia que deve existir em um conjunto urbano, ofendendo o bom gosto dos citadinos. Por outro lado, pode chegar a ser um instrumento que restringe a liberdade criadora do arquiteto, e quase sempre ocorre assim. Se uma única pessoa exerce a censura estética oficial é lógico e natural que essa pessoa oriente sua ação de acordo com seu próprio gosto e preferências estéticas. Se uma comissão a exerce, sua orientação será o resultado da média de opiniões de seus diferentes membros e o resultado, inevitavelmente, será consagrado à mediocridade. Ambas as soluções tendem a limitar a atividade criadora assustando o impulso de renovação que sempre deveria estar presente. Todas as cidades devem ter seu plano diretor. Esse plano deve regular o uso do solo e estabelecer as condições de higiene, conforto e segurança para as construções. Deve também estabelecer medidas a fim de proteger seu patrimônio natural e artístico; ordenando o conjunto das construções e dos espaços urbanos. Deve-se assegurar aos arquitetos a possibilidade de influenciar livremente a evolução de nossa arquitetura, sem o dirigismo que se tentou implantar em outras épocas e em outros países com resultados tão melancólicos. Ao meu juízo, prejudicam menos as conseqüências derivadas da ausência de censura estética do que as que provêm da imposição de uma estética oficial, seja lá qual for.
Qual seria o caminho para solucionar o problema da habitação no Brasil (favela, casa popular, habitação coletiva, individual, etc.)?
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Reidy: O Brasil é um dos países que tem o maior descuido quanto ao problema da habitação. Poderíamos dizer que é um problema ignorado. Foram pouquíssimas as realizações nesse setor, enquanto que o déficit de habitações aumenta incontrolavelmente e, como conseqüência, as favelas crescem como cogumelos. Até hoje não houve entre nós uma só intenção séria para driblar o problema, afrontando-lhe com a decisão necessária, em uma escala compatível com sua magnitude. Refiro-me, por exemplo, à habitação para as classes menos favorecidas, onde mais se encontra a falta de ação do poder público. O grande problema da habitação popular está na desproporção que existe entre o custo de uma habitação modesta, porém decente, e o salário de um trabalhador. Esta situação não se dá apenas para nós, uma vez que ocorre em todos os países. Por mais que se procure reduzir o preço de uma habitação, seu valor será sempre muito superior às possibilidades aquisitivas da maior parte dos trabalhadores. A habitação mínima, ou seja, a que tem um mínimo de conforto aceitável para a condição humana, não está ao alcance do poder aquisitivo de um trabalhador com um salário mínimo. Portanto, antes de um problema técnico, de arquitetura ou urbanismo, a habitação popular é um problema econômico. Como confrontá-lo? Como obter os recursos necessários? Já que a habitação popular não é um negócio lucrativo, não pode interessar como inversão de capital à iniciativa privada. Forçosamente, deverá ser o poder público responsável por trazer uma solução. Terá que ser considerada, pois, como um serviço público tal como ocorre com o abastecimento de água ou o saneamento ou o transporte coletivo. A intervenção do poder público poderá implementar-se diretamente através de seus órgãos executivos, ou indiretamente em forma de subsídios. Sendo a habitação um problema fundamental do urbanismo, o plano diretor da cidade deverá indicar os locais onde devem ser construídos os grupos residenciais, considerando sua localização geográfica, suas condições econômicas, suas possibilidades em relação aos serviços públicos. É preciso que tais casas, sejam as individuais ou as coletivas, tenham ao seu alcance
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todos aqueles serviços e instalações necessárias para a vida cotidiana: a escola para diferentes níveis escolares, acesso mediante um caminho percorrido a pé, seguro e sem perigo de atropelamentos, centro de saúde para a prestação de assistência médica básica, pequeno mercado local para o abastecimento de alimentos, campos de jogos, ginásio coberto, clube social, onde os membros da comunidade possam se reunir e disporem de uma biblioteca e uma sala de projeções. Nesse grupo de equipamentos que constituem a prolongação da habitação, poderão ser realizadas as atividades cotidianas externas à casa. Esse conjunto que possui as habitações e suas prolongações é a unidade básica de planejamento dentro da cidade. O problema da habitação está estritamente ligado ao do transporte. Em uma cidade como a nossa, que se desenvolveu em extensas áreas, as mudanças na população são particularmente difíceis. Essa circunstância, unida ao deficiente sistema de transportes coletivo, faz com que o tempo gasto nos percursos diários de ida e volta da casa para o trabalho absorva totalmente as horas que deveriam ser gastas nas atividades indispensáveis para uma vida sã. O ideal seria viver perto dos locais de trabalho para evitar a perda de tempo e o gasto que implica o transporte. Casas individuais ou habitações coletivas são, ambas, soluções válidas dependendo das condições específicas de cada caso. A casa popular individual só pode ser realizada em terrenos de baixo custo, ou seja, em bairros mais distantes. Já que a habitação individual requer uma baixa densidade demográfica, significa uma alta taxa de solo per capita. Nos bairros mais centrais e valorizados nos quais também é necessária a construção de habitações populares, deve-se pensar na habitação coletiva, que permite maior densidade em boas condições de higiene e conforto diminuindo sensivelmente a taxa de terreno e tornando a operação mais acessível economicamente.
O que você acha da integração das outras artes com a arquitetura?
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Reidy: A síntese das artes na arquitetura é um ideal raramente alcançado. São feitas muitas tentativas nessa direção, mas o que se tem conseguido, na maioria dos casos, é apenas uma boa relação entre a pintura, a escultura e a arquitetura, sem que se tenha atingido sua perfeita interação. Essa síntese, no passado, se realizou em Michelangelo, e em nosso tempo em Le Corbusier, para citar exemplos.
No momento histórico da industrialização do país, como o arquiteto deve atuar para que se obtenha um aumento da qualidade e uma produção racional dos elemento pré-fabricados para a construção? Reidy: Em nosso país, apenas agora se pode empenhar-se a pensar na produção industrial em grande escala de elementos pré-fabricados para a construção. Até hoje foram feitos alguns ensaios com pouco êxito econômico, devido ao fato de não poderem competir em preço com os sistemas tradicionais. É provável que com o desenvolvimento que a indústria está tendo entre nós nos últimos anos, possamos chegar a interessar-nos pela produção em série de elementos pré-fabricados. Será um novo campo de ação aberto aos arquitetos, que desenharem esses elementos e mostrarem como podem ser reunidos artisticamente, formando belos edifícios. A ação dos arquitetos, ainda, deverá ir mais além, abarcando todo o domínio do equipamento material da vida moderna, incluindo desde o utensílio moderno ao urbanismo.
7.3. Tese “Pedregulho – Enseñar a vivir em la nueva ciudad”. Esse texto, de Eline Caixeta, também encontrado na revista DPA: Documents de Projects d’Architectura. Barcelona, Edicions UPC, 2003 – abril, mensal. , foi traduzido do espanhol para o português e serviu como um material importante para o desenvolvimento desse relatório. No entanto não será inserido aqui em sua íntegra.
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NOTA: Para a realização das análises sobre o Conjunto do Pedregulho, valemonos de uma leitura gráfica de autoria da própria bolsista já comentada no item 3.1 – Leitura do projeto do Conjunto do Pedregulho, acima, que segue ilustrando o texto a partir do item 8 – O Pedregulho e a Unité d’Habitation de Marselha, até o final do presente relatório.
8. O PEDREGULHO E A UNITÉ D’HABITATION DE MARSELHA À época do pós guerra, o Ministério de Reconstrução francês confiou a Le Corbusier a construção de uma unidade de habitação, conferindo-lhe liberdade máxima para expressar suas concepções de habitat moderno, abordando os graves problemas que repercutiam por toda a Europa no pósguerra. Posto isso, ele começou a trabalhar na sua chamada Unité d’Habitation de Marselle. Uma vez que Le Corbusier começou a desenvolver esse projeto na mesma época em que Reidy projetava o Pedregulho, e durante a execução de ambos os projetos eles trocaram muitas informações e fotos por cartas, o Pedregulho e a Unité d’Habitation de Marselha apresentam programas muito similares, mesmo que no geral tenham apresentado soluções bastante distintas. A Unité d’Habitation de Marselha começou a ser planejada logo após a Segunda Guerra Mundial, entre 1945 e 1946,
sendo que o início de sua
construção data de 1951. Foi pensada para abrigar cerca de 1600 habitantes, num único edifício, de aproximadamente 140 metros de fachada, 24 metros de largura e 56 metros de altura. Nesse mesmo edifício estariam presentes não apenas as células habitacionais, mas também todos os serviços comuns, contabilizados em mais de 26 serviços independentes. Essa visão marcava o ganho de uma autonomia de funcionalidade do interior da edificação com relação ao exterior. A construção, pensada a partir do chamado sistema
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dominó1 elaborado por Le Corbusier previamente, possui um grande corredor interno de acesso, permitindo não apenas a passagem, mas também uma comunicação em profundidade, e surge sobre grandes pilotis, que permitem uma grande permeabilidade a nível do solo. Mas é na cobertura que está situado o grande centro de funções, o espaço de maior vivência, o qual inclui: enfermaria, creche, espaço social, clube, ginásio coberto e até uma pista de atletismo com 300 metros de comprimento. Tudo isso disposto da melhor maneira para que se pudesse usufruir das vistas proporcionadas pela altura do edifício - o que enriqueceria a experiência de vida dos moradores. Portanto, pode-se perceber algumas semelhanças entre o Conjunto Residencial do Pedregulho e a Unidade de Habitação de Marselha, principalmente na questão do programa, dos serviços disponibilizados e da autonomia do Conjunto com relação ao exterior. No entanto, o que mais lhes difere é o fato de que Marselha reúne todos os seus serviços em um único prédio, enquanto no Pedregulho eles estão espalhados em edifícios distintos pelo terreno.
Figura 1: Unidade de Habitação de Marselha.
9.
IMPLANTAÇÃO
E
REGRA
COMPOSITIVA
DO
CONJUNTO
DO
PEDREGULHO.
1
O sistema dominó, elaborado por Le Corbusier, encontra-se explicado no primeiro relatório parcial dessa pesquisa.
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O Conjunto do Pedregulho situa-se no Morro de São Cristóvão, na zona norte do Rio de Janeiro, tendo como limites as ruas Marechal Jardim, Lopes Trovão, Capitão Felix e Pereira de Araújo, num terreno de 52.142m2 de área, com uma topografia muito acidentada, sofrendo um desnível de 50 metros. A implantação do Conjunto teve sua disposição realizada através de uma regra compositiva bastante simples, o que promove uma melhor compreensão dos edifícios de acordo com sua funcionalidade. O Bloco de Habitação A situa-se na parte mais alta, na encosta do morro, seguindo o desenho da curva de nível mediana do talude. A partir dele inicia-se a regra: 1 - Demais blocos residenciais dispostos paralelamente entre si; 2 - Edifícios de demais funções, tais como escola, ginásio, lavanderia e corporativa, encontram-se na perpendicular; 3 - O posto de saúde é uma exceção, pois devido à sua planta quadrada, dispõe-se em paralelo com os blocos residenciais B e em perpendicular em relação aos outros. A escola está localizada no centro geométrico do terreno, o que afirma seu valor simbólico, uma vez que era vista como um verdadeiro centro de formação social e um ganho muito importante para os moradores do Conjunto. A implantação também se mostra em conformação com a topografia do terreno e a natureza
que, sendo trabalhadas, como parte do Conjunto,
constituem a chamada estrutura antropogeográfica, de Le Corbusier, onde a geografia e a paisagem são trabalhadas a fim de tornar o edifício, um elemento não-natural, pertencente à paisagem. Ainda a partir da regra compositiva, foi possível a conformação de espaços através das relações criadas entre os elementos distintos, sendo que a praça principal do Conjunto dispõe-se entre a escola, o centro de saúde e o Bloco B.
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Figura 2: praças e espaços de lazer.
A princípio, o sinuoso Bloco A aparece como o protagonista do Conjunto, pois, além de ser o mais extenso e de ocupar a cota mais alta do terreno, apresenta
uma
originalidade
formal
que
lhe
confere
uma
certa
monumentalidade . No entanto, [...] ao analisarmos o conjunto a partir de sua volumetria, centrando nossa atenção nos edifícios que complementam o programa, a barra ondulada adquire uma importância compositiva secundária, transformando-se em um
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grande pano de fundo e transmitindo seu protagonismo para os objetos estudados. Reidy busca com esta ação um típico efeito dos espaços barrocos dos santuários religiosos encontrados no Brasil colonial onde objetos menores e de cota inferior vão mudando de proporção com relação aos objetos mais distantes e mais altos, na medida em que nos aproximamos na subida, proporcionando um inteligente jogo de hierarquias tipológicas que muda constantemente de acordo com o ponto de vista do espectador. (SILVA, 2005, p.80)
Pode-se dizer que é a escolha da disposição dos elementos que promove o êxito do Conjunto, sendo uma das maiores virtudes do projeto, pois, já dizia Le Corbusier que o essencial de uma obra arquitetônica está na sua implantação.
Figura 3: Regra compositiva do Conjunto do Pedregulho.
10. A CARTA DE ATENAS E O PEDREGULHO
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A Carta de Atenas foi um dos produtos do IV CIAM (Congresso Nacional de Arquitetura Moderna), de novembro de 1933, o qual tratava da questão da habitação popular. No primeiro relatório parcial dessa pesquisa fizemos a revisão bibliográfica desse documento, sendo que aqui estamos fazendo seu cotejamento com o Conjunto de Pedregulho. A partir daquilo que estava sendo debatido e colocado pela Carta, vemos, no Conjunto do Pedregulho, uma preocupação em circular bem, habitar bem e recrear-se num local próximo ao trabalho, o que diminuiria o tempo necessário para o deslocamento entre local de moradia e de trabalho, o que permitiria que as pessoas passassem mais tempo em casa, em família, além de poderem ter suficientes horas de descanso e lazer. Para atender à condição de habitar bem era necessário prover os habitantes do Conjunto de moradias decentes, providas de espaço, ventilação e insolação suficientes e adequadas. A solução de elevar os edifícios sobre pilotis, além de desobstruir a vista, permitia uma melhor circulação do ar por toda a área, provendo o Conjunto de brisas de ar puro. No caso da circulação, tem-se uma preocupação em separar totalmente o caminho de pedestres do tráfego de veículos, proporcionando uma circulação segura em ambos os casos. Foi cogitada a construção de uma passagem subterrânea de acesso de pedestres ao bloco de habitação C que, no entanto, não foi construído. Há, também, a presença de diversos locais de lazer, para o culto do corpo, tais como a piscina, as quadras de esportes e os parques, bem como a criação de estares cercados de vegetação para o culto do espírito.
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Figura 4: A aplicação da Carta de Atenas no Conjunto do Pedregulho.
11. A QUESTÃO DO CONFORTO NO CONJUNTO DO PEDREGULHO. Um dos grandes temas da arquitetura moderna no Brasil foi o de como lidar com o clima quente da região. No caso do Pedregulho, instalado num dos locais mais quentes do Rio de Janeiro, muito foi trabalhado nesse sentido, principalmente pelo fato de que o terreno difícil impossibilitava a melhor implantação dos edifícios no sentido da insolação – portanto, acabaram sendo implantados de maneira que recebessem muita insolação vespertina. Com isso, Reidy experimentou diversas soluções tanto para o controle da insolação
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excessiva quanto para assegurar a ventilação cruzada nos ambientes. A permeabilidade das superfícies foi explorada com o uso de blocos vazados de diversos tipos e formatos, o que permite o controle da insolação excessiva e assegura a ventilação cruzada, além de que, contrapostos à luz, permitem uma experiência de luz e sombra nos ambientes por eles protegidos. Também, nesse sentido, houve amplo emprego de painéis de brise-soleil em diversos ambientes e de diversas maneiras, e de venezianas de diversos tipos nas janelas dos quartos. As estratégias para promoverem um maior conforto dentro das edificações do Conjunto do Pedregulho encontram-se mais comentadas e bem definidas nos textos que se seguem.
12. ANÁLISE DOS EDIFÍCIOS DO CONJUNTO DO PEDREGULHO.
12.1. Bloco A:
Figura 5: Blocos de habitação A, B1 e B2.
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Figura 6: Bloco de habitação A.
O bloco de habitação A é o maior e mais marcante edifício do conjunto. Situa-se na parte mais alta do terreno e é a partir dele que se inicia a regra compositiva de todo o conjunto acima explicada. Sua forma sinuosa se dá a partir do desenho da encosta do morro, estando situado numa curva de nível mediana do talude. Entre as referências que podem ter levado Reidy a essa decisão formal estão os diversos desenhos de planos para o Rio de Janeiro de Le Corbusier, nos quais ele propõe um edifício-viaduto seguindo o desenho sinuoso do sítio do Rio de Janeiro. Esse tipo de edifício também pode ser encontrado nos desenhos de Le Corbusier em planos para São Paulo e Argel, no chamado “Plano Obus”. Essa implantação tinha o sentido de reconhecer e enfatizar a característica natural existente, numa relação de complementação entre edificação e natureza. Assim, a natureza ganharia status de elemento de composição de projeto. Sem dúvida, a imagem mais forte e representativa relacionada com o projeto é a desse edifício. O seu valor arquitetônico está presente
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tanto de maneira isolada, quanto perante o conjunto edificado, criando, assim, uma espécie de dualidade nas relações compositivas com as demais edificações. Analisando-se as plantas de implantação do conjunto, fica evidente o protagonismo exercido pelo grande edifício curvo em relação aos demais objetos. O caráter monumental aliado à originalidade do seu desenho conferem ao bloco A um destaque formal que não vislumbramos nas demais edificações (SILVA, 2005, pág.80)
Figura 7: Desenho a partir de um croqui do plano de Le Corbusier para a construção do viaduto habitável no Rio de Janeiro, seguindo o desenho sinuoso da orla.
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Atingindo a extensão de aproximadamente 260 metros, o grande bloco A é composto por seis blocos, sendo A1, A2, A3, A4, A5 e A6. Os blocos A2 e A5 contam com 12 apartamentos, sendo que A1, A3, A4 e A6 possuem 11 apartamentos devido à presença das escadas de acesso aos diversos pavimentos. Utilizando-se do declive acentuado do terreno, Reidy pôde lançar mão de uma solução que Le Corbusier havia usado em seu Plano Obus, para Argel, nos edifícios para alugar, ou maison locative. A solução consiste em proporcionar a entrada principal do edifício por um andar intermediário evitando, assim, a necessidade de elevadores. No caso do Pedregulho, esse acesso se dá pelo terceiro pavimento, partindo da Rua Marechal Jardim, através de passarelas que chegam aos blocos A3 e A6 no andar intermediário do edifício. Nesse andar livre está presente a “ala social”, ocupada por equipamentos sociais como a creche e o serviço social, situados nos blocos A2, A5 e A6, contendo basicamente salas de jogos, salas de professores, cozinhas e sanitários, tanto infantis quanto para professores e um auditório. A possibilidade dessa solução de acesso era um dos motivos que fazia com que tanto Le Corbusier quanto Reidy apreciassem terrenos com declives acentuados. Ainda, alegavam a possibilidade de vistas diferentes muito mais interessantes em terrenos inclinados do que naqueles planos. O terreno onde se situa o Pedregulho, mesmo sendo muito íngreme e irregular, conta com uma vista magnífica da Baía de Guanabara, no sentido da Avenida Brasil, principal rodovia da cidade, que o liga ao centro.
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Figura 8: Maison Locative – EdifĂcios para Alugar, presente no Plano Obus de Le Corbusier para Argel.
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Figura 9: Planta esquemática do bloco de habitação A.
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Figura 10: Ala social, blocos A2, A5 e A6.
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12.1.1. Apartamentos A partir do andar intermediário, tem-se nos dois pavimentos inferiores apartamentos de apenas um quarto. Já nos superiores, encontram-se os apartamentos do tipo duplex de um a quatro dormitórios.
Figura 11: Planta dos apartamentos de um quarto do bloco de habitação A.
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Figura 12: Perspectiva isométrica do apartamento de um quarto do bloco de habitação A.
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Figura 13: Planta dos apartamentos duplex do bloco de habitação A.
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Figura 14: Perspectiva isométrica do andar inferior do duplex do bloco de habitação A.
Figura 15: Perspectiva isométrica do andar superior do duplex do bloco de habitação A.
A escolha por apartamentos do tipo duplex, já adotados previamente por Le Corbusier em suas unités d’habitation, tem origem nas unidades de
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habitação soviéticas, principalmente no Edifício Narkomfin, em Moscou (com o qual se assimila muito, tanto na solução interna dos apartamentos quanto nas suas medidas). O duplex – criado na União Soviética ao final da década dos anos 20 – será incoporado por Le Corbusier na Unité d’Habitation, a partir do projeto da maison locative, e também por Reidy nos edifícios do Pedregulho. Surge como solução racional para a diminuição dos espaços de circulação, para a melhoria das condições de ventilação e iluminação e para centralização as instalações. A partir dessa unidade mínima, busca-se uma modulação adequada para os edifícios e um sistema eficiente de distribuição – “ar, luz, espaço e vegetação”. Referência evidente, tanto na planta como na dimensão
dos
apartamentos
duplex
do
Conjunto
do
Pedregulho, são as células do “Tipo F”de um e três dormitórios do edifício construído por Ginzburg em Moscou em 1928. (CAIXETA, 2003, p.30)
No Edifício Narkonfim, os apartamentos do tipo F, duplex, apresentam planta retangular alongada com dimensões aproximadas de 4m x 10m e maior flexibilidade de sua disposição interna, quando comparados com os apartamentos do tipo K desse mesmo edifício, ao preço de menores dimensões.
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Figura 16: Apartamentos do Edifício Narkonfim.
Muita da influência européia nas decisões do Pedregulho vêm de Carmen Portinho, que havia retornado da Europa e vivenciado, lá, os planos de reconstrução das cidades no pós-guerra. Entre as vantagens da escolha por apartamentos duplex está o fato de apresentarem um melhor rendimento e, portanto, viabilizarem um maior número de unidade por bloco, preservando o conforto das habitações. Há dois tipos de apartamentos no bloco A - os simples, de apenas um dormitório e os duplex com dois dormitórios: - Apartamento simples: com dimensões aproximadas de 11m x 5m, contando com uma cozinha e um banheiro, apresentando aberturas para a galeria de circulação; uma sala e um quarto, com abertura diretamente para o exterior.
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- Apartamento duplex: no piso inferior, com dimensões aproximadas de 11m x 5m, encontra-se a cozinha, voltada para a galeria de acesso e a sala com abertura direta para o exterior; no piso superior, com dimensões aproximadas de 14m x 5m, encontram-se os dois quartos e um banheiro, todos com abertura direta para o exterior.
Figura 17: Vista do corredor do bloco de habitação A – desenho a partir de foto.
12.1.2. Estrutura O bloco A, estreito e longo, tem sua estrutura, em planta, disposta de maneira totalmente racional numa malha estrutural, fazendo jus aos pensamentos modernistas de ordem e racionalização: os pilares são dispostos, no sentido do comprimento, com um intercolúnio aproximado de 10 metros; nosentido da largura essa distância é de 7 metros, distando aproximadamente 3 metros de cada extremidade, criando balanços em ambos os lados. Os pilares são de concreto armado, muito robustos e de seção retangular deaproximadamente 1,5 metro por largura variável de acordo com a carga recebida pelo pavimento. Sob o edifício, o terreno cai cerca de 3 metros. Cada pavimento teve sua estrutura em corte pensada individualmente (o que gera
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certo estranhamento por ser uma solução que não se enquadra na padronização pregada pela arquitetura moderna). Dessa maneira encontramos: - Primeiro pavimento: sob ele, laje nervurada uniforme. Sobre esse andar, na área molhada do pavimento superior encontra-se um rebaixo para a passagem das tubulações, sendo que o restante do apartamento recebe uma laje normal. Na área do corredor, uma viga de seção variável, seguindo o diagrama de momentos dos esforços relativos a uma carga uniformemente distribuída, sofridos pela ação do segundo pavimento naquele ponto. - Segundo pavimento: sob o andar livre e, portanto, sobre o segundo pavimento, encontra-se a laje nervurada mais robusta de todas, não sofrendo variações. - Terceiro pavimento e térreo: devido à ausência de paredes, os pilares nesses andares recebem um acabamento arredondado, seguindo uma linha muito corbusiana e amplamente utilizada pelos arquitetos modernos. Essa solução é vantajosa no sentido de que se pode descer toda a tubulação e as instalações referentes aos apartamentos faceando os pilares, pois essas serão escondidas pelo acabamento. Sobre o terceiro pavimento, a laje é nervurada, de seção constante, similar à laje inferior do primeiro pavimento (no entanto, um pouco mais esbelta). - Quarto pavimento: esse andar recebe, sobre si, um pavimento inteiramente ocupado por apartamentos (o quinto andar não apresenta corredores de acesso aos apartamentos), recebendo uma laje similar à encontrada sobre o primeiro pavimento, seguindo o diagrama de momento das forças aplicadas nas áreas molhadas do apartamento (onde se encontra a maior carga e onde há a necessidade da passagem da tubulação); no restante do apartamento, laje comum. - Quinto pavimento: recebe sobre si uma laje comum, apresentando um pequeno rebaixo sob a cozinha do apartamento superior, para a passagem das tubulações. - Sexto pavimento: sobre si, recebe uma laje igual à recebida pelo quarto pavimento.
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- Sétimo pavimento: recebe a última laje do edifício, simples e mais esbelta.
Figura 18: Estudo da estrutura do edifício do bloco de habitação A.
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Figura 19: Estudo da estrutura do edifício do bloco de habitação A.
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Em planta, é possível perceber que entre os apartamentos e conforme sua localização há uma estrutura que permitem a ondulação do edifício.
12.1.3.Cobertura A cobertura do prédio é composta por uma laje plana devidamente impermeabilizada e, sobre ela, são dispostas as caixas d’água.
12.1.4.Conforto Devido à sua orientação desfavorável, predominantemente a oeste, numa área muito quente da cidade do Rio de Janeiro, houve muita preocupação com a questão do conforto térmico. Tentou-se, quase sempre, propiciar uma ventilação cruzada nos apartamentos, bem como a ventilação constante nos corredores de acesso através do uso de cobogós cerâmicos. A troca de ar permanente, permitida pela aplicação de blocos de terracota retangulares vazados nos corredores de acesso, permitiu que se instalassem as janelas das cozinhas e eventualmente dos banheiros voltadas para esse ambiente; garantindo, assim, sua ventilação, iluminação e higiene devido à renovação do ar no interior desses locais. Ainda, a própria solução duplex propicia uma melhor ventilação direta do apartamento como um todo. Ainda, no interior desse bloco, a questão da ventilação e, também, da insolação, foi resolvida através da aplicação de “venezianas de madeira, tipo guilhotina equilibrada” (REIDY e PORTINHO s/d) em janelas que se abrem diretamente para o exterior. Já, no andar livre, os equipamentos sociais receberam painéis de brises soleil verticais, móveis e controlados por alavancas, para o controle da incidência solar.
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12.1.5. Fachadas O tratamento das fachadas do bloco A se constitui com a presença, na fachada posterior (fachada da rua Marechal Jardim), de peças de terracota retangulares vazadas e das faces dos andares superiores dos apartamentos duplex. Já a fachada principal recebe basicamente as faces de todos os apartamentos. Devido à sua longa extensão, a fachada principal não conseguiu fugir de uma certa monotonia.
Figura 20: Fachadas do bloco de habitação A.
12.2. Bloco B:
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O bloco de habitação B é dividido em dois edifícios, B1 e B2, dispostos paralelamente um ao outro. Localizados em uma porção menos acidentada do terreno, emergem sobre platôs, que configuram um térreo livre sobre pilotis.
Figura 21: Bloco de habitação B.
Os edifícios, primeiros a serem terminados na construção do Conjunto, contam com quatro andares de apartamentos, cada um com 28 apartamentos, contabilizando, por prédio, 112 apartamentos e, ao todo, 224 apartamentos. Os apartamentos, todos duplex, apresentam flexibilidade de planta entre si, podendo conter dois, três ou quatro quartos, conforme a necessidade. O acesso é possível apenas através de um bloco de escadas lateral e os edifícios se configuram como pequenas lâminas, atingindo cerca de 80 metros de comprimento por aproximadamente 20 metros de altura.
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12.2.1. Apartamentos
Os apartamentos, de plantas mais quadradas em comparação com os do bloco A, contam com o andar inferior com dimensões de cerca 5m x 5m e o andar superior com cerca de 5m x 7m. Estão dispostos como no bloco A, com um corredor de acesso de aproximadamente 2 metros nos andares inferiores dos duplex e com o apartamento tomando toda a extensão do bloco no andar superior do duplex. Dessa maneira, nos andares inferiores estão localizados a cozinha, com abertura ao corredor de acesso, sala e varanda; banheiro e quartos situados nos andares superiores. As mudanças possíveis de serem feitas para uma reconfiguração do número de quartos por apartamentos consistem em criar um pequeno corredor de acesso ao lado da escada no andar superior, tomando uma parte do quarto que a faceia, e instalando uma porta para o quarto ao lado que, devido ao fato das plantas serem espelhadas, tem a mesma configuração do quarto que recebeu o corredor, como podemos ver nos desenhos abaixo.
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Figura 22: Estudo dos apartamentos do bloco de habitação B.
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Figura 23: Planta do andar inferior dos duplex do bloco de habitação B.
Figura 24: Perspectiva isométrica do andar inferior de um apartamento duplex do bloco de habitação B.
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Figura 25: Planta do andar superior dos apartamentos duplex do bloco de habitação B.
Figura 26: Perspectiva isométrica do andar superior de um apartamento duplex do bloco de habitação B.
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Figura 27: Perspectiva isométrica da composição resultante da adição de um quarto ao andar superior de um apartamento duplex do bloco de habitação B.
Figura 28: Perspectiva isométrica da composição resultante da perda de um quarto no andar superior de um apartamento duplex do bloco de habitação B.
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Figura 29: Perspectiva explodida do bloco de habitação B.
12.2.2. Conforto As orientações principais dos edifícios são a noroeste e a nordeste; portanto, a questão do conforto foi muito estudada. Quanto à ventilação, foi priorizada a ventilação cruzada em todos os ambientes, sendo que, como no bloco A, a ventilação e a renovação do ar na cozinha é assegurada pela ventilação constante através do corredor de acesso, devido à alternância entre a instalação de painéis de peças de terracota quadradas vazadas e a presença de grandes aberturas, protegidas apenas por guarda-corpos. Nos andares inferiores há varandas, tratadas também por cobogós de terracota quadrada
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vazada, permitindo uma boa ventilação da sala e uma melhor circulação de ar por todo o apartamento, além de controlar a incidência solar. Nos andares superiores, todas as aberturas estão diretamente para o exterior e são providas de venezianas de madeira basculantes, que permitem o controle de ventilação e insolação. No bloco das escadas, a ventilação e iluminação é constante, devido ao uso de elementos vazados de terracota quadrados que, ainda, protegem da insolação.
12.2.3. Estrutura Os edifícios do bloco B, por apresentarem uma forma mais racionalizada, possuem um sistema estrutural bastante simples, com os pilares dispostos
numa
malha
estrutural
quadrada
de
5
por
5
metros,
aproximadamente, mantendo o corredor de acesso aos apartamentos em um balanço de 2 metros. Com isso, as lajes, também nervuradas, são mais simples e constantes. Os pilares, retangulares, recebem no térreo um tratamento arredondado, o que permite que a tubulação e as instalações desçam faceando-os e sejam escondidas pelo acabamento.
12.2.4. Fachadas As fachadas dos blocos são idênticas, apresentando uma alternância de cheios e vazios de ambos os lados, devido à presença dos elementos vazados e de vazios, marcados nas laterais das varandas pela estrutura, mantendo um ritmo e diminuindo a monotonia. Existe uma organização geométrica do pano da fachada, que obedece a seguinte regra, como demonstram os desenhos abaixo.
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Figura 30: Composição das fachadas do bloco de habitação B.
Figura 31: Estudo de uma composição geométrica do bloco de habitação B.
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12.3. Centro de Saúde. O centro de saúde é o único edifício de planta quadrada do Conjunto. Com a entrada principal (para a recepção) estando situada pela lateral da fachada principal, a entrada de serviços configura o corredor central que dá acesso, de ambos os lados, às diversas salas. Partindo do terraço de acesso, tem-se, além da recepção, consultórios e farmácia. De acesso mais reservado, tem-se os lavatórios, a sala de curativos, os quartos e banheiros, o refeitório e a cozinha, a lavanderia e a administração. Na parte posterior, encontram-se os jardins. O acesso se dá por escadas e há bancos do lado externo, devidamente sombreados para a espera. A fachada principal, voltada a sudoeste, foi tratada com brises-soleil verticais de concreto pré-moldado. As aberturas para ventilação e iluminação são todas voltadas à área externa. O bloco que recebe os quartos, a sala de curativos, os banheiros, a cozinha e a lavanderia, possui uma cobertura um pouco mais elevada, para a instalação de aberturas que proporcionam, ainda, a ventilação através da parte mais alta. Os quartos têm acesso direto aos jardins. Os azulejos que revestem a fachada principal e a extensão onde se situa os bancos de espera são de Anísio Medeiros.
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Figura 32: Centro de saĂşde.
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Figura 33: Estudo da composição do centro de saúde.
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12.4. Escola.
Figura 34: Vista superior do bloco da escola.
Os edifícios do conjunto da escola - bloco de salas de aula e administração, ginásio e vestiários - carregam em si um peso bastante simbólico dentro da implantação do Conjunto do Pedregulho, pois a presença da escola era vista como [...] um centro de influência atuando na formação do caráter e das personalidades das gerações futuras. Na Escola primária a criança aprende a viver e a se comportar em sociedade. A influência da escola ultrapassa a criança e vai penetrar nos lares
de
seus
pais,
levando
aos
mesmos
noções
e
conhecimentos que muito contribuem para elevar seu nível de educação. Uma grande parte da educação de adultos tem sido obtida
pela
aproximação
entre
pais
e
professores,
proporcionada pela criação de associações incorporadas ao
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plano da escola primária, aumentando assim seu objetivo radical. (REIDY e PORTINHO, s/d).
Dessa maneira, está implantada no centro gravitacional do Conjunto e apresenta um tratamento plástico diferente de todos os outros edifícios que a circundam. Nela, percebe-se uma forte influência dos trabalhos de Niemeyer, e da sua maneira de trabalhar a plasticidade do concreto. Há uma grande aproximação entre os arcos do ginásio e vestiários da escola do Pedregulho e a igreja da Pampulha, de Niemeyer.
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Figura 35: Estudos do bloco da escola.
O bloco dos vestiários, separado em feminino e masculino, dá suporte tanto ao ginásio quanto à piscina, sendo que o acesso ao ginásio pode ser feito não apenas pelas laterais, mas também por um caminho coberto. A piscina apresenta profundidade variável, podendo ser utilizada por diversas idades. O ginásio, que abriga uma quadra poliesportiva, conta ainda com um mezanino. Sua ventilação plena é garantida através de portas laterais
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pivotantes que se abrem completamente, permitindo uma total integração com o exterior, proporcionando também uma área coberta e, portanto, devidamente protegida da insolação excessiva. Se as portas estiverem fechadas, a iluminação e ventilação são feitas através de janelas altas por toda a extensão do edifício. Ligado ao ginásio por uma rampa – uma forma utilizada apenas na escola e que realiza a articulação entre os volumes gerando espaços de transição - está o bloco das salas de aula e administração. A solução de estar implantado sobre pilotis foi tomada não apenas para permitir uma melhor ventilação entre o conjunto edificado, mas também a fim de configurar um pátio coberto e protegido para as crianças como uma extensão do playground. Sob o bloco de aulas, ainda, estão situados banheiros para o recreio e uma cantina onde era servida uma refeição para as crianças. No andar superior: hall de entrada e administração, secretaria, biblioteca, cinco salas de aula com terraços e banheiros. Naquele momento, os métodos de ensino passavam por mudanças, o que acarretou transformações na maneira de conceber a escola. As chamadas salas de classe serão elementos importantes nesse sentido: A sala de classe é o elemento básico de uma escola moderna. Sai do tipo tradicional para constituir uma unidade individual que permite uma relação mais íntima entre mestres e alunos, maior flexibilidade na disposição do mobiliário e maior contato com o exterior, utilizando espaços ao ar livre imediatamente ligados às mesmas. (REIDY e PORTINHO, s/d)
A escolha pela construção de cinco salas de classe se deu a partir de um censo realizado entre os futuros moradores do Conjunto, no qual se verificou que a escola primária deveria ter capacidade para abrigar cerca de 200 crianças, de sete a 11 anos. Dessa maneira, cada sala de classe deveria abrigar de maneira satisfatória cerca de 40 crianças por período. Com isso,
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optou-se pela forma quadrada para essas salas, partindo do propósito de orientá-las a sul, o lado da sombra no terreno, e desse mesmo lado provê-las de varandas abertas ao exterior, cobertas e lateralmente separadas por painéis que funcionam como um conjunto entre brises soleil horizontal e vertical, recuando a face da sala, mas permitindo a entrada de iluminação natural constante, sem o contato direto com a insolação excessiva, bem como uma ventilação plena. Ainda, essas varandas poderiam ser usadas para atividades ao ar livre como uma extensão da sala de aula. A face norte do bloco recebeu o corredor de circulação, protegido da insolação por elementos vazados hexagonais de terracota, que permitem a ventilação constante e, ainda, promovem a ventilação cruzada nas salas de classe através de aberturas em suas partes mais altas, aproveitando “a agradável brisa que sopra do lado norte” (REIDY e PORTINHO, s/d).
Figura 36: Fachada sul da escola.
Figura 37: Vista da fachada sul da escola.
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A escola foi planejada para funcionar em dois turnos podendo ser utilizada não apenas pelas crianças do Conjunto do Pedregulho, mas também pelas excedentes das escolas de bairros vizinhos. É no conjunto que constitui o bloco da escola onde se encontra com mais força a chamada síntese das artes, a vontade de integração entre a pintura, a arte, os jardins e a arquitetura, que, segundo o próprio Reidy era “um ideal a ser alcançado”. Não apenas pelo paisagismo de Burle Marx que a circunda, mas também pela parceria deste com a força plástica desse conjunto e a utilização de painéis e azulejos de autoria de Burle Marx, Anísio Medeiros e Cândido Portinari. Dessa maneira, o pátio da escola recebeu um painel de mosaico de Burle Marx, bem como a diretoria recebeu um painel do mesmo autor. Cândido Portinari está presente nos azulejos que revestem o ginásio, elaborados especialmente para o Conjunto do Pedregulho, entitulados crianças pulando carniça.
12.5. Lavanderia mecânica e cooperativa. A influência de Carmen Portinho no decorrer do projeto do Conjunto do Pedregulho é inegável. Militante feminista,é possível que tenha tido papel decisivo na implantação de uma lavanderia totalmente mecanizada ao invés da implantação de áreas de serviço nos apartamentos. Naquela época, essa decisão significava um tipo de libertação para as mulheres, que portanto poderiam ter mais tempo para outras atividades ao invés de ficarem presas aos afazeres domésticos. No entanto, essa inovação não foi muito bem aceita num primeiro momento. Havia muita vergonha por parte das famílias mais pobres em expor publicamente a sua pobreza através das roupas, pois o processo da lavanderia consistia também em etiquetá-las, a fim de que não se misturassem durante a lavagem e passagem. Mais tarde, isso se reverteu em algo benéfico, uma vez que as mães passaram a cuidar melhor da roupa dos filhos e a não permitirem que eles andassem sujos e mal arrumados.
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O edifício da cooperativa e da lavanderia apresenta-se apenas em um térreo, utilizando as duas caídas de água voltadas para o centro, configurando, no corte transversal, uma cobertura do tipo borboleta. Externamente, painéis de brise-soleil horizontais ajudam a amenizar a insolação. O prédio é provido de um terraço de entrada, a partir do qual se tem acesso à parte da lavanderia, com a seção de marcação de roupas, a lavanderia, um vestiário, depósito e expedição e a administração. Ao outro lado, situa-se a cooperativa com o depósito de gêneros.
12.6. Bloco C O Bloco Residencial C não foi construído, embora tivesse sido projetado. No extremo inferior esquerdo do terreno, estando separado do restante pela Rua Ferreira de Araújo, recebeu também o projeto de uma passagem subterrânea para que os pedestres o pudessem alcançar em segurança. Por ser o bloco mais alto, chegando a alcançar 12 pavimentos, contaria com a instalação de um elevador, cuja caixa ficaria deslada do corpo do prédio, sendo acessada através de rampas. Sobre pilotis, seu térreo livre receberia uma escola maternal e uma creche. Seria provido de apartamentos do tipo duplex com dois, três ou quatro dormitórios, distribuídos à maneira do Bloco A, com os pavimentos ímpares contendo um corredor de acesso externo e os pavimentos pares sendo totalmente ocupados pela área dos apartamentos.
12.7. Clube. Naquela época, os clubes eram locais muito freqüentados e apreciados, e um clube à disposição, nas proximidades da moradia, era visto como um grande privilégio. No entanto, embora tenha recebido um projeto, o clube do Pedregulho não foi construído.
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Sua forma era bastante interessante, com a cobertura curva numa situação de tensão com o restante da estrutura e do prédio. Em projeto, lhe foram destinadas áreas para: entrada, chapelaria, secretaria, hall, bar, sala de estar, biblioteca, salão para festas ou auditório, cozinha, entrada de serviço, banheiro de serviço, banheiros masculino e feminino, pátio e terraço.
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