Revista nova aurora 2

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Sumário ISSN 2237-2237 Nº 02 – Ano II – novembro 2011 Periodicidade anual Diretor Raul Sérgio Aragão Ventura Conselho Editorial Cristina Maria de Sousa Miranda, Eliane de Seixas Nascimento, George Lima, Mariano Sampaio e Silva, Marko Galleno da Costa Araújo Alves, Nildene Mineiro Soares, Ornálio Bezerra Monteiro, Paulo Fernandes Moura, Silvio Ricardo Vieira Feitosa Jornalista Responsável Nildene Mineiro Soares (DRT-PI: 1196) Revisão Francisca Neuza de Almeida Farias Capa/Projeto Gráfico Paulo Moura

Editorial | 3 O Piauí foi a porta de abertura para Divaldo no Exterior | 4 Washington Fernandes (SP)

Heli da Rocha Nunes: “um homem feito de afeto” | 7 Marcelo Santos (PI)

A culpa e a impotência humana | 11 Spencer Junior (PE)

O primado do Espírito | 14 Vianna de Carvalho

Fotos Fontes bibliográficas diversas

Carta a uma mãezinha | 16

Redação Rua Olavo Bilac, 1394 – Centro Teresina-PI – CEP 64.001-280 Fone/Fax: (86) 3221-2500 www.fepiaui.org.br aurorafepi@gmail.com

Suely Caldas Schubert e Raul Teixeira falam ao Movimento Espírita | 18

Impressão Gráfica do Povo

150 anos depois, O Livro dos Médiuns mantém desafio à Humanidade | 24

Lineu Lima (PI)

Paulo Moura (PI)

Nildene Mineiro (PI)

Movimento Espírita e os temas de interesse social | 30 Diretoria Executiva 2010/2012

Marko Galleno (PI)

Presidente: Rosa Maria da Silva Araújo 1° Vice-Presidente: José Lucimar de Oliveira 2° Vice-Presidente: Ornálio Bezerra Monteiro 3° Vice-Presidente: Marcos David da Silva Nery 1° Secretário: Raul Sérgio Aragão Ventura 2° Secretário: Ruth Meireles Barros 1° Tesoureiro: Aristeu Tupinambá Rodrigues Filho 2° Tesoureiro: Benvindo Ramos Barbosa

Dirigentes e voluntários na Casa Espírita | 32 Jáder Sampaio (MG)

Dicas aos dirigentes de Palestras Espíritas (Doutrinárias) | 35 Mariano Sampaio (PI)

Notícias sobre o Movimento Espírita do Piauí em 2011 | 36 George Lima (PI) uma edição do

Capa: Paulo Moura (fotomontagem)

Os artigos assinados são de inteira responsabilidade de seus respectivos autores.


“Ela sentiu em seu corpo que estava curada daquela enfermidade. O mesmo acontecera com muitas outras pessoas, ao Lhe tocarem a orla do manto� (Matheus 14:35)

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Editorial Há 150 anos, Allan Kardec reunia na obra intitulada O Livro dos Médiuns ou Guia dos Médiuns e dos Evocadores, todos os dados de sua longa experiência e conscienciosos estudos a respeito da mediunidade. O insigne codificador já havia publicado, alguns anos antes, o livro Instrução Prática sobre as Manifestações Espíritas, com a finalidade de orientar os médiuns. Deixara, porém, de reimprimi-lo por considerar que o interessado no “Espiritismo prático” precisava se ater a estudos mais detalhados, a fim de evitar certas dificuldades peculiares a esta tão antiga e ao mesmo tempo, nova prática. É com esse propósito que vem a lume O Livro dos Médiuns, com certeza, o mais completo e seguro livro do gênero, tornando-se, desde a sua publicação, leitura imprescindível a todos aqueles que se interessam ou atuam no campo da mediunidade. Nesta segunda edição da Revista NOVA AURORA, não poderíamos deixar, portanto, de registrar este marco significativo, destacando a sua importância nos trabalhos realizados na casa espírita. Para isso, ouvimos pessoalmente aqueles que trabalham na área, no caso, os dirigentes de reuniões mediúnicas. Dentre os artigos doutrinários, recebemos interessantes colaborações, de amigos piauienses e de outros Estados, percorrendo assuntos que vão desde a psicologia até os temas de interesse social. Esta edição contém também mensagens, como a de consolo para os pais que “sofreram” um aborto espontâneo, assim como uma assinada pelo Espírito Vianna de Carvalho e que nos foi enviada por Divaldo Franco. Divaldo, um dos nossos homenageados, particularmente pelo seu apoio ao movimento espírita piauiense, registrado no artigo de um dos maiores estudiosos de sua obra. Nosso outro homenageado é o saudoso e incansável trabalhador espírita Heli Nunes, que há um ano retornava à pátria espiritual. Tivemos, ainda, a oportunidade de entrevistar Suely Schubert e Raul Teixeira no Congresso Espírita realizado no vizinho Estado do Maranhão e, como contribuição para o aperfeiçoamento dos trabalhos realizados no centro espírita, apresentamos dicas para o dirigente de palestras elaboradas por um dos instrutores da FEPI, além de um artigo sobre o dirigente de casa espírita e os voluntários, desenvolvido por um pesquisador do tema, especialmente para a Revista. Por último, registramos alguns eventos que marcaram o ano de 2011, mormente os de caráter federativo, posto que nessas páginas não seria possível trazer as vastas atividades desenvolvidas pelas mais de setenta casas espíritas de nosso Estado. Esta é a segunda edição da Revista NOVA AURORA. Preparamo-la com muito carinho para os amigos e esperamos que ela possa proporcionar aos nossos leitores, momentos agradáveis e instrutivos.


HOMENAGEM

O Piauí foi a porta de abertura para Divaldo no Exterior Em julho de 1958, Divaldo Pereira Franco participava de um evento das Juventudes Espíritas, em terras piauienses. Era o início de uma trajetória internacional profícua para o médium e orador baiano.

Washington Fernandes – SP washingtonfernandes@terra.com.br 6

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A folha de serviços do médium Divaldo Franco para a divulgação espírita é tão admirável que demandará várias décadas para ser conhecida e reconhecida em sua amplitude e variedade, em função da sua diversidade de talentos e realizações. Na oratória, embora iniciando sua missão como exímio e inspirado orador em 1947 (Aracaju/ Sergipe), no exterior ele só começaria sua atuação em 1962 (em países da América Latina), e logo depois países da América Central, Estados Unidos, Europa, em 1970 na África, e em fins da década de 1990 e início de 2000 na Ásia e Oceania. Até 2011 já se contam 64 países onde Divaldo esteve, sendo uma atuação fenomenal em prol da difusão doutrinária, como nunca aconteceu antes na História da caminhada do Consolador (nunca dantes um trabalhador espírita havia se dedicado a esse mister). Detalhe histórico é que foi justamente no Piauí, em julho de 1958, por ocasião da IV Confraternização de Juventudes Espíritas do Norte e Nordeste do Brasil que começaram a se abrir as portas para Divaldo viajar ao exterior. Neste citado evento ele conheceu Juan Antonio Durant, da CEA (Confederacion Spirita Argentina), o qual se tornou depois um dos tradutores das obras mediúnicas de Divaldo para o espanhol (ele já tinha ouvido falar


HOMENAGEM

muito bem do médium baiano); nesta oportunidade, Juan Durant convidou Divaldo para fazer palestra em Buenos Aires. Assim, foram criadas condições para Divaldo viajar ao exterior pela primeira vez (em novembro de 1962) e depois disso não parou mais (até 2011 ele realizou três mil quatrocentas e setenta palestras só no exterior (22 países das Américas, 26 da Europa, 5 da África, 9 da Ásia e 2 da Oceania). No Brasil, igualmente desde 1947 ele não parou as palestras, tendo percorrido de Norte a Sul o país. No total, são mais de doze mil conferências proferidas e, por isso, há sessenta anos ele tem sido chamado o Paulo de Tarso do Espiritismo. Se fosse só esse seu trabalho, já seria louvável, mas além disso, ele acumula muitíssimas outras realizações (como médium educador - mais de 600 filhos adotivos, psicógrafo - mais de duzentos livros, dez milhões de exemplares vendidos, traduções para 16 idiomas, entrevistas para rádio, TV, web - cerca de duas mil; homenagens civis e culturais - cerca de mil, além de outras iniciativas -

Movimento Você e a Paz - em mais de 30 cidades, e em mais de dez países). Divaldo no Piauí De 1957 a 2011, Divaldo proferiu no Piauí 29 palestras, 27 delas em Teresina (05/11/1957, 24 a 26/02/73; 03 e 04/03/82; 06 e 07/83; 09 e 10/02/84; 05 e 06/12/86; 03 e 04/04/89; 22 e 23/02/92 (seminário); 05 e 06/03/00; 12/02/01; 13/02/01 (seminário); 25 e 26/01/07; 11 e 12/07/09; mas além da Capital ele esteve também nas cidades de Parnaíba (21/02/92) e Luzilândia (02/04/89). Em emissoras de rádio e TV ele concedeu entrevistas para a TV Rádio Clube, TV Antena Dez, TV Cidade Verde e TV Educativa, totalizando cerca de quatro horas no ar, alcançando milhares de ouvintes, neste Estado que tem em 2011 mais de três milhões de habitantes; em Parnaíba, ele concedeu igualmente uma entrevista para a Rádio Educadora. Nova Aurora |

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HOMENAGEM

Divaldo Franco é cidadão piauiense desde 1989.

Honroso para o médium Divaldo, como também para os piauienses, que ele tenha recebido em 03/04/1989 o título de cidadão honorário do Estado; evidente que Teresina, como outras cidades, deveriam ter a mesma iniciativa (conceder-lhe este citado título honorário), e por que não pensar até em título Honoris Causa (pelas Universidades e Faculdades do Estado), já que até mesmo no Canadá, Quebec, ele já recebeu essa condecoração (19/05/1991), e foi nomeado Embaixador da Paz na Suíça (2005). Claro que sabemos muito bem que essas condecorações humanas nada significam, mas estimulamos tais iniciativas porque elas permitem a ocorrência de um fato histórico e social nas cidades, favorecendo ampla repercussão. Muitos, felizmente para eles mesmos, terão oportunidade de ouvi-lo (o que talvez não ocorresse em circunstâncias normais). Além do mais, os brasileiros precisam valorizar suas riquezas, como os espíritas precisam reconhecer seu patrimônio... 8

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Foi justamente no Piauí, em julho de 1958, que começaram a se abrir as portas para Divaldo viajar ao exterior. Washington L. Nogueira Fernandes, nascido em 1964, advogado, Procurador do Estado de São Paulo (aposentado). Tornou-se espírita em janeiro de 1987, ao ler O Livro dos Espíritos. Logo depois, conheceu o médium Divaldo Franco (1927- ) e desde 1987, se dedica com entusiamo para a divulgação espírita. Participou da fundação de várias instituições doutrinárias; teve iniciativa para a realização de muitos eventos espiritistas; pesquisa a história do Espiritismo e a vida e obra de Divaldo; escreveu e organizou 22 livros e 532 artigos, dos quais, metade sobre Divaldo.


HOMENAGEM

Heli da Rocha Nunes: “um homem feito de afeto”

Dedicou-se, incansavelmente, à causa Espírita até o dia do seu desencarne. Foi um dos fundadores do grupo de Mocidades Espíritas, atuando ativamente na criação de outros núcleos afins, em várias cidades do Piauí.

Dr. Heli da Rocha Nunes nos jardins da FEPI.

Marcelo Santos (PI) ms768pi@gmail.com

Muito mais do que, simplesmente, “pai de Torquato Neto” – como exaustivamente denominaram os diversos veículos de comunicação, locais e nacionais, na manhã daquele 27 de setembro de 2010, por ocasião do anúncio de seu desencarne –, Heli da Rocha Nunes (nasceu em 22.09.1918, na Fazenda “Puçá”, à época: Município de Jerumenha, hoje de Elizeu Martins/PI) possuía identidade própria, notadamente por haver prestado, ao longo de boa parte de seus bem aproveitados 92 anos de “estágio” nestas paragens terrestres, um laborioso, desprendido e admirável serviço em prol do bem-estar de seus semelhantes, especialmente dos mais carentes e, mais ainda, de “suas crianças”, como ele próprio as definia. Tudo isso sob as instruções de nossa consoladora e abençoada Doutrina dos Espíritos, cuja divulgação e aplicação prática foi, sem dúvida, uma de suas maiores bandeiras. Num século marcado pelo predomínio da cultura da violência e do “ter”, em detrimento dos valores morais e espirituais, Dr. Heli (como carinhosamente o chamávamos) desde cedo compreendeu a importância de compartilhar seus talentos e posses com os irmãos menos favorecidos. No âmbito profissional, sempre exerceu atividades e funções atreladas aos chamados “hipossuficientes”. Na juventude, Heli foi “Inspetor Educacional Estadual” e de meados de sua vida até o final: “advogado de ofício” (uma “mistura” de Promotor e Defensor Público, pois não havia à época disciplinamento legal quanto às atribuições), fixandose, por fim, como Defensor Público, cargo no qual Nova Aurora |

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Dr. Heli Nunes, o filho Torquato Neto e a esposa dona Salomé.

aposentou-se. Tudo isso, de maneira discreta e contínua, traduzindo em ações práticas, recheadas de boa vontade, o verdadeiro sentido da bandeira maior do Espiritismo, a que apregoa: “Fora da Caridade não há salvação”. Com esse princípio ético, respondeu à filosófica e espiritualista indagação acerca do sentido da vida, formulada em 1977 por Caetano Veloso: “existirmos, a que será que se destina?”, na letra da belíssima canção “Cajuína”, composta em sua homenagem. Assim nos esclarece o jornalista, poeta e escritor piauiense Paulo José Cunha, sobrinho de Heli Nunes: a canção “Cajuína”, de Caetano Veloso, belíssimo baião metafísico que levanta a indagação essencial do homem neste mundo (“Existirmos. A que será que se destina?”) foi composta por causa de Tio Heli. Caetano havia chegado a Teresina para um show, estava muito triste. Retornava pela primeira vez à cidade onde havia nascido meu primo, que havia se suicidado em 1972. Caetano procurou Tio Heli, pai de Torquato. Já se conheciam do tempo em que Tio Heli ia a Salvador ver Torquato, que estudava na mesma escola de Caetano. Levou Caetano pra casa, serviu-lhe uma cajuína, e procurou consolá-lo, pois Caetano chorava muito, convulsivamente. Em determinado instante, Tio Heli saiu da sala e foi ao jardim, onde colheu uma rosa-menina, que deu a Caetano (“pois quando tu me deste a rosa pequenina/vi que és um homem lindo ...”). Ali mesmo os versos de “Cajuína” começaram a surgir, entre antigas fotos do menino Torquato, penduradas pelas paredes. Era dessas pessoas inesquecíveis. Alto, magro, empertiga-

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do, adorava caminhar pelas ruas da cidade. Era um caminhador dedicado. Só ultimamente, em razão da idade avançada e do crescimento da cidade, passou a andar de carro. Era avistá-lo ao longe, vindo com suas largas passadas, e logo ele abria os longos braços, preparando o abraço aconchegante, o pedido de bênção. Xingava amorosamente o abraçado. Fazia um agrado e seguia caminho.

Segundo, ainda, Paulo José Cunha: “este foi o homem que nos deixou. Uma espécie de Quixote sertanejo, de gestos largos, de largos delírios, de intensas efusões de carinho. Um homem feito de afeto”. De fato, Dr. Heli era uma figura paternal e servir aos outros era sua maior paixão na vida! Sentia-se feliz assim! E os benefícios que praticou ao longo de sua estada na Terra resgataram a autoestima e a dignidade de muitos homens, mulheres e crianças de vida simples, fazendo-os sentir-se “gente” e trazendo-lhes esperanças, o que sem dúvida alguma ficará gravado, para sempre, na mente e no coração daqueles “filhos de Deus” impelindo-

Segundo Paulo José Cunha: “Uma espécie de Quixote sertanejo, de gestos largos, de largos delírios, de intensas efusões de carinho”.


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Com princípio ético, respondeu à filosófica e espiritualista indagação acerca do sentido da vida, formulada em 1977 por Caetano Veloso: “existirmos, a que será que se destina?”, na letra da belíssima canção “Cajuína”, composta em sua homenagem. os, naturalmente, a fazerem o mesmo pelo semelhante, alimentando a corrente do Bem, em nosso meio. Dedicou-se, incansavelmente, à causa Espírita até o dia do seu desencarne. No antigo Centro Espírita Piauiense (onde hoje funciona a sede da Federação Espírita Piauiense), foi um dos fundadores e secretário do grupo de Mocidades Espíritas, atuando ativamente na criação de outros núcleos afins, em várias cidades do Estado. Foi idealizador e realizador de diversos projetos em prol da caridade cristã. Liderou, em Teresina, o trabalho de fundação dos Centros Espíritas Irmão Adriano, Bezerra de Menezes e Wantuil de Freitas, dentre outros. Foi um dos fundadores da FEPI, participando de sua primeira diretoria, como segundo secretário, onde também exerceu o cargo de presidente, no período de 1970 a 1972. Fundou creches em Teresina e Picos, para atender crianças carentes, a exemplo do Lar da Criança “Maria João de Deus”, que era a “menina dos seus olhos”. Aliás, um detalhe que chama a atenção, em toda a obra social de Heli Nunes, é justamente a prioridade e o enfoque dado à infância. Um episódio inusitado, merecedor de destaque, ilustra bem a credibilidade e a admiração que ele despertava em todos, até mesmo nos não partidários da Doutrina Espírita. Conta-nos o estimado Virgolino da Silva Coelho Neto, sobrinho e “filho do coração” de Dr. Heli, com quem morou quando estudante e a quem hospedou, em Teresina, até o dia de seu desencarne que, há alguns anos, ao indagar ao Padre Tony Batista sobre

a possibilidade de batizar duas crianças gêmeas: Sidney e Ismael, filhos adotivos e registrados de Dr. Heli (cujo nome, a princípio, não declinou ao padre, com receio de uma negativa), teria ouvido do líder católico, após a revelação do nome do pai adotivo, a seguinte afirmativa: “batizo, sem problema algum; Dr. Heli Nunes é mais santo do que nós todos!”. Outro fato é narrado pela jovem e simpática Marina Meneses de Carvalho Coelho, filha de Virgolino e, portanto, “neta do coração” de nosso homenageado, que dentre tantas recordações do “Vovô Heli”, falou das inúmeras vezes em que, de boa-fé: “puxava-lhe as orelhas, por andar no meio da rua com os bolsos das calças abarrotados de dinheiro, amarrado com ligas elásticas amarelas, distribuindo-as por onde andasse e a qualquer um que lhe pedisse”. São tantos os relatos em torno dessa caridosa figura que ocorreu-me, no curso da redação deste artigo, a pretensa ideia de convertê-los, a longo prazo, num livro, a partir da generosa, paciente e decisiva colaboração do Dr. Virgolino Neto, a quem, do fundo do coração, agradeço a colaboração. Caríssimo “Dr. Heli”: “O aplauso morre, prêmios envelhecem!”. E as pessoas que fazem a diferença, em nossas vidas, não são as que têm mais credenciais, dinheiro ou prêmios, mas as que se importam conosco! Muitíssimo grato a você, que pode ter sido “anônimo” para o mundo, mas foi (e continuará sendo) “especial” para muitos, que jamais esquecerão do teu nome! Até qualquer dia! Nova Aurora |

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Marc Chagall (1887-1985)

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A culpa e a impotência humana

A culpa traz inúmeros problemas para a vida cotidiana e, segundo alguns estudiosos, é fruto de uma humanidade que se depara com as suas limitações, impotências e ressentimentos existenciais. O que o Espiritismo tem a dizer sobre esse mal? A culpa é o cimento do contrato social e caracteriza-se como o maior problema de todas as civilizações. Essa é a abordagem de Sigmund Freud. De fato, a culpa, podemos dizer, confunde-se com a própria consciência. A partir do momento que o indivíduo ilumina a sua existência com a razão, a culpa se lhe apresenta como sombra inevitável. Não me refiro à culpa em si, à culpa que faculta o registro do erro, pois esta tem uma moldura terapêutica. Destaco a culpa sistemática e que desorienta a consciência com agravamentos sérios para a saúde emocional. Na hipótese espírita, a culpa pode, em muitos casos, estar condicionada ao passado equivocado do ente encarnado que sofre os revérberos perispirituais que invadem o ego atual. Lembranças originárias das memórias reencarnatórias e das intermitências existenciais (mundo físico e espiritual). No presente artigo queremos, no entanto, propor outras possibilidades, além das conhecidas, por nossa orientação doutrinária para o exame da culpa. Iniciaremos a discussão partindo de duas concepções clássicas. A primeira, a da Psicanálise, que entende a culpa como registro da castração que o Complexo de Édipo impõe. A segunda proposta vem com Nietszche, que entende a culpa como ressentimento por uma vida não realizada. Em ambos, a interdição que provoca a culpa vem Spencer Junior (PE) jose_spencer@yahoo.com.br

da civilização, ou seja, surge da relação do sujeito com a cultura e com o mundo. Freud, para fundamentar sua compreensão sobre a origem da culpa na humanidade, desenvolve uma espécie de antropologia imaginária. Ele cria o que chamou de O Pai da Horda primitiva. O seu entendimento é o de que o homem vive buscando algo que supostamente o completaria. O psicanalista postulava a ideia de que o bebê vive a sensação de integração plena com a sua mãe. Uma relação fusional que é interrompida com a interdição paterna. Ou seja, o pai castra a criança de sua imaginária completude quando a faz perceber a sua existência e chama a atenção da mãe e de seus cuidados com um terceiro elemento, no caso o pai. A castração gera o recalque e funda o inconsciente que viverá projetando sombras de que um dia algo foi perdido; o que se materializa numa infinita cadeia de desejos que levarão o homem a nunca se realizar. Voltando ao Pai da Horda Primitiva, Freud, procurou, então, fundamentar o Complexo de Édipo, que vem com a castração e a perda da completude imaginária, com a referida estória. Contase que o Pai da Horda Primitiva seria uma espécie de super-homem, dotado de inúmeros poderes e que tinha toda a tribo sob o seu domínio. Todas as mulheres o amavam e todos os seus filhos o admiravam como um rei. Um dia, seus filhos desejosos de ter o poder do pai, tramaram matar o grande genitor, no afã de absorver suas forças através do ato canibal. Assim fizeram. Cada filho devorou uma parte do corpo Nova Aurora |

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O filósofo alemão Friedrich Nietzsche entendeu a culpa como ressentimento existencial.

do pai. No entanto, a frustração foi imediata, pois não sentiram o poder almejado. Da frustração, explica Freud, nasce a culpa, porque haviam matado a sua maior referência e não obtiveram o sucesso logrado. Os filhos, como homens menores, dispersaram-se pelo mundo, dando início a uma humanidade culpada. Para Freud, então, a culpa está num passado. A perda de uma completude imaginária e que dá nascimento à neurose. O corte psíquico que é operado pela castração, demarca a impotência do homem. A culpa é, portanto, sintoma da impotência humana frente à vida. Para Nietzsche, a culpa advém de um ressentimento existencial. Ao homem é dada a incumbência de um projeto. O filósofo alemão acreditava que o homem é uma corda esticada entre o animal e o super-homem e compete a ele superar sua animalidade e atingir a sua excelência. O homem é um projeto, é um ser do “entre”, um devir. Ele se encontra entre extremos e deve decidir seu destino. Portanto, diferentemente de Freud, o pensador imagina o super-homem como uma construção durante a vida e a culpa surgiria como ressentimento de uma não realização. A relação com a cultura e a moral seria determinante para tal feito, pois, a maioria dos homens são produtos cegos e modelados pelas descrições de verdade que herdam de seu passado. É preciso muita coragem para se redescrever e re-criar-se como sujeito, condições capitais para o super-homem nietzscheano. Bom, o fato, seja em Freud ou Nietzcshe, a culpa é selo psíquico no processo evolutivo da hu14

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Sigmund Freud: culpa é impotência humana frente à vida.

manidade. O primeiro se concentra no passado e o segundo se concentra no futuro. O Espiritismo, por sua vez, nos ensina a culpa originária do passado como também aquela que poderá emergir de nossas atuais e futuras ações. Isso é lógico! Mas, a nossa produção literária e nossos debates sobre o comportamento humano parecem se deter muito no passado como explicação de nossas mazelas. Quero contribuir, com base em experiências clínicas, inclusive, que muitos dos nossos sofrimentos se encontram no pleno


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A culpa também pode ser o impulso para o erro e não apenas o registro de um erro cometido. A culpa não tratada adoece e enfraquece a vontade para viver, mas, sobretudo, compele o homem para desatinos existenciais.

Hieronymus Bosch, detalhe.(1450-1516)

presente, mesmo. Ademais, a culpa também pode ser o impulso para o erro e não apenas o registro de um erro cometido. A culpa não tratada adoece e enfraquece a vontade para viver, mas, sobretudo, compele o homem para desatinos existenciais. Portanto, a culpa, também em grande parte, em nosso entendimento, está na franja das contingências, é produto do aqui e agora. É produto da história vivida e interpretada pelo sujeito. Sua formação cultural e psicológica influencia suas matrizes de culpa, através de sua visão de mundo,

suas crenças, seus medos. A culpa é a fuga da realidade e a percepção da impotência do indivíduo, o que o incapacita para a luta. Um homem frente ao oceano, sentado passivamente, que se recolhe à cabana de seus medos por entender o imprevisível e tempestuoso como ameaça. Prefiro a alegria dos surfistas que enfrentam as grandes ondas e se colocam acima do mar. É esta uma postura mais resolutiva frente à vida. Desenvolvem um artefato próprio para surfar sobre as ondas, que é a prancha. O super-homem espírita é aquele que deve enfrentar o oceano da existência e que não precisa colocar sua razão de viver por trás das estrelas, mas na terra. A Terra é nosso oceano e qual a sua atitude perante ela? Você é um surfista que ama as grandes ondas e não se intimida com elas ou você vive recluso no tabernáculo de uma fé inoperante, que lhe faz apenas sentir-se culpado e impotente existencialmente? Jose Antonio Spencer Hartmann Junior. Psicólogo Clínico, Professor da UPE - Universidade de Pernambuco, Escritor de livros e artigos científicos em Periódicos nacionais e internacionais, Palestrante nacional e internacional. Especialista em Psicologia Clínica, Mestre em Psicologia Clínica e Doutorando em Neuropsiquiatria. Formação em Relações Públicas. Foi um dos congressistas na 6ª edição do Congresso Espírita do Piauí. Livros publicados: Tristeza, a face oculta da felicidade (2008); Depressão: resistência ou desistência existencial (2006), dentre outros.

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O primado do Espírito

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s futurólogos previram com segurança o desenvolvimento científico e tecnológico da humanidade, e hoje pode ser constatado o acerto de muitas dessas conjecturas otimistas, que facultam comodidades ao ser humano como dantes jamais foram imaginadas... Inventos engenhosos e artefatos fantásticos de expressiva complexidade geraram conforto material e contribuíram eficazmente para o bemestar das criaturas terrestres. Avanços significativos alteraram profundamente a geografia planetária, erguendo cidades fabulosas e construindo veículos especiais capazes de desenvolver velocidades supersônicas, assim diminuindo as distâncias físicas, enquanto a comunicação virtual facilitou o intercâmbio sob muitos aspectos entre os indivíduos. Enfermidades dilaceradoras que dizimavam periodicamente a sociedade, foram debeladas, enquanto a técnica de diagnóstico vem identificando inúmeras patologias que permaneciam ignoradas, tornando-se passíveis de terapias curativas. Pântanos ameaçadores, charcos pestilentos e desertos áridos transformaram-se em jardins e pomares, enquanto os rebanhos de animais domésticos multiplicaram-se, saudáveis, a benefício das comunidades humanas. As sombras que campeavam soberanas, cederam lugar a variada iluminação, o frio terrível pode Vianna de Carvalho

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ser aquecido e o calor asfixiante amenizado graças à contribuição de aparelhos especiais, que favorecem o equilíbrio térmico em benefício da saúde e da produção ampliada nas indústrias e em toda parte. Sem qualquer dúvida, valiosíssima contribuição da cultura e dos engenhos, da arte e do pensamento, tornaram este século como sendo o da beleza, do conhecimento, da comodidade e do lazer. Multiplicam-se os esportes e as recreações, alcançando os graves patamares de radicais, e, para milhões de indivíduos, o mundo é uma festa intérmina, um imenso palco para exibição de tudo, incluindo as mais diversas, nem sempre felizes, expressões do gozo. Lamentavelmente, porém, a ilusão do poder e do desfrutar não solucionou os estarrecedores fenômenos psicológicos, socioeconômicos e morais que assolam, arrebanhando incontável número de vítimas que estorcegam nos grilhões do sofrimento. A drogadição e os transtornos de conduta, o sexo desvairado e as ambições desmedidas, o alcoolismo, o tabagismo e os crimes hediondos apresentam estatísticas elevadas que surpreendem os estudiosos do comportamento na atualidade febricitante na alucinação que toma conta do mundo. A agropecuária, baseada nas conquistas científicas e os produtos manufaturados na área da alimentação, não têm conseguido atender a fome das centenas de milhões de miseráveis que contemplam, esquálidos, o desperdício dos poderosos


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indiferentes, dominados pelo câncer do egoísmo que também os devora. Os acordos internacionais não diminuíram as lutas étnicas entre os povos de sua própria nação, enquanto a ameaça de alguma guerra de extermínio geral paira sobre a humanidade, qual espada de Dâmocles prestes a desferir o golpe, sustentada apenas por delicado fio... A economia programada de maneira a tornar mais poderosos aqueles que já são arbitrariamente ricos, sofre contínuos golpes na oscilação constante das bolsas, em decorrência dos fenômenos que têm lugar nos diferentes países poderosos, cujas balanças estão quase sempre em desequilíbrio. Esse comportamento econômico deixa os povos em aflição, gerando desconforto e morte... A negligência e as ambições desmedidas de autoridades e de nações têm contribuído para o aquecimento gradual do planeta, que sofre ameaças terríveis de destruição da sua fauna e flora, por fim, do próprio ser humano, seu devastador. Tudo isso e muito mais, porque as conquistas morais não alcançaram os níveis equivalentes daqueles de ordem material. A decadência das religiões opressoras do passado e a volúpia dos novos grupos do Evangelho produziram mais pessoas indiferentes e niilistas, do que realmente fiéis, aturdidas na sua maioria pela conquista do reino da Terra em detrimento das paisagens dos Céus...

A miséria e a ignorância geraram a violência doméstica, escolar e urbana com elevados índices de criminalidade. O vazio existencial defluente da perda dos objetivos psicológicos, das tradições e dos valores da família, abriu espaço para os complexos distúrbios emocionais enquanto o medo assenhoreia-se dos diversos segmentos da sociedade. Na grandeza exterior encontra-se, também, a lamentável desarticulação dos tesouros éticomorais com prejuízos incalculáveis para a hodierna civilização. Concomitantemente, porém, anunciam-se novos tempos de amor e de paz, de fraternidade e de renovação humana. Do quase caos de natureza moral, surgem as florações da esperança em outros valores que não

apenas esses que produzem sensações e devaneios, gozos exaustivos e frustrações doentias. O Espiritismo, dando cumprimento à promessa de Jesus, a respeito do Consolador, chega, neste momento de graves tribulações, oferecendo o tesouro da fé lógica e racional, restabelecendo as diretrizes enobrecedoras do conhecimento em torno da imortalidade do Espírito, propiciando alegrias não imaginadas anteriormente... Exausto da ilusão transformada no pesadelo dos sofrimentos, o ser humano desperta aos clarins da verdade para o saudável comportamento baseado nos compromissos de respeito à vida em todas as suas expressões. Sem desconsideração pelas gloriosas conquistas logradas, antes, delas utilizando-se, o Espiritismo favorece as mentes e as emoções com a realidade da vida, apresentando nova ética, que é a mesma ensinada e vivida por Jesus e pelos Seus apóstolos, exarada no amor e na construção do bem de todas as maneiras possíveis, capaz de alterar para melhor a situação de extrema angústia que paira na humanidade. Ao som harmonioso do sermão das bem aventuranças, implanta-se na Terra, suavemente, a proposta da abnegação e do dever de amar, entre todos os indivíduos que, iluminados pela revelação dos Espíritos, transformam-se em vexilários do bem, abrindo espaços para a felicidade de todos, sem distinção de raça ou etnia, de cor ou de religião, de partido político, todos, porém, irmanados pelo sentimento do bem. Assim sendo, saudamos no atual XIV Congresso Espírita promovido pela Federação Espírita do Estado da Bahia, mais uma contribuição valiosa para que se instale na Terra, desde já e em definitivo, a era do primado do Espírito, elaborando, a partir de agora, o mundo de regeneração e de bênçãos que todos anelamos.

(Página psicografada pelo médium Divaldo Pereira Franco, na reunião mediúnica da noite de 20 de julho de 2011, no Centro Espírita Caminho da Redenção, em Salvador, Bahia.)

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MENSAGEM

Carta a uma mãezinha Ano passado, enquanto o país estava em festa, comemorando uma vitória da seleção brasileira de futebol na Copa do Mundo, um familiar meu “perdia” seu bebê no oitavo mês de gravidez. Foi quando, inspirado na Doutrina Espírita e na emoção do momento, resolvi escrever essa mensagem à mãe que se encontrava com o coração despedaçado. ***

Lineu Lima (PI) professorlineu@gmail.com 18

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Era uma terça-feira quando voltei ao lar. Havia me ausentado dele por alguns meses para visitar pessoas queridas e muito amadas. Durante minha curta permanência neste outro lugar, aprendi lições inesquecíveis, senti emoções indescritíveis e descobri coisas antes impensáveis. Descobri que o amor de uma mãe é o sentimento mais sublime, puro e perfeito que existe nos planos carnais. É através da maternidade que uma pessoa resolve acolher um ser dentro de si, para a eternidade. Inicialmente, a acolhida é aparentemente física, pois passamos meses dentro da barriguinha da mamãe. Em seguida, transfigura-se em acolhida espiritual, pois o amor que nasce – ou ressurge - dessa “relação biológica” é tão forte que passamos o resto da eternidade guardados no coração materno. Quando planejei essa viagem, sabia muito bem quanto tempo duraria, sabia muito bem das dificuldades que encontraria no destino e da saudade que deixaria ao retornar. Foi por isso que pedi aos meus amigos que a trouxessem aqui, junto com o papai. A Senhora não lembra, mas sonhou comigo diversas vezes. Para minha felicidade, desde os primeiros encontros fora do corpo físico tive sua sincera permissão para continuar com nosso “pro-


MENSAGEM

Não queria que tivesse acontecido assim, peço perdão por não ter sido mais forte. Isso me fez perceber que ainda tenho muito o que melhorar em mim, que ainda preciso reencarnar algum dia na Terra para enfrentar as provas desse mundo material. jeto”. Embalados por essa felicidade e por muitos outros sentimentos nobres, planejamos juntos todos os aspectos da minha curta passagem pelo plano carnal. Não lembro exatamente o dia em que cheguei ao meu destino e me alojei no meu confortável “hotel uterino”. Após descansar do caminho que divide nossos dois mundos, acordei feliz dentro da sua barriguinha. Papai tinha muitas preocupações mas, mesmo assim, arrebentava de felicidade. E eram tantos outros amigos que vinham me ver avós, tios, primos, meu irmãozinho, trazendo suas emoções, pensamentos positivos, sonhos e expectativas. Na condição de espírito que iniciava um novo processo de encarnação, ainda conseguia transitar entre o meu pequenino corpo físico e a psicosfera espiritual ao meu redor. Podia ver todo mundo, podia sentir os pensamentos e sentimentos emanados por todos os que se aproximaram de nós nesse período. Mas ninguém podia me ver e somente a Senhora me sentia, de verdade. Conversávamos através da linguagem do pensamento e nos entendíamos muito bem. Talvez por coabitarmos um espaço físico tão próximo - eu dentro da sua barriguinha – conseguia sentir o que a senhora sentia, além de captar muitos dos seus pensamentos antes de se tornarem ações. O mesmo processo acontecia com a Senhora, mesmo sem saber. Na medida em que sua barriguinha crescia, meu corpinho se formava, minhas lembranças se apagavam e se tornava cada vez mais difícil permanecer acordado para sentir todo esse mundo ao nosso redor. O tempo foi passando, coisas boas e ruins aconteceram nesse intervalo de nossas vidas.

Quero que saiba, agora, que todas as dificuldades e problemas que a Senhora experienciou nesses poucos meses não me prejudicaram. Pelo contrário, estava tão feliz e agradecido pela experiência de amor que me proporcionou, que nada poderia abalar a minha paz interior. Por favor, não se sinta culpada por nada e tente lembrar que, quando estávamos “juntos”, eu lhe dava muitos conselhos, orientações, enxugava suas lágrimas, lhe dava coragem para prosseguir. Em verdade, aquela vozinha que a Senhora ouvia dentro de si era eu. À medida que a despedida se aproximava, embora eu estivesse sonolento meu coraçãozinho começou a sentir algo intraduzível na nossa linguagem humana, uma espécie de dor física provocada pela saudade. Lembro que eu “dizia”: mamãe, estou muito feliz, pena que já tenho que ir! Sei que esse sentimento, às vezes negativo, fugia do meu controle e invadia a sua doce alma. Não queria que tivesse acontecido assim, peço perdão por não ter sido mais forte. Isso me fez perceber que ainda tenho muito o que melhorar em mim, que ainda preciso reencarnar algum dia na Terra para enfrentar as provas desse mundo material. Vou rogar ao Pai que me permita uma nova oportunidade de evolução ao seu lado, no futuro. Voltei! Ainda estou me recuperando da viagem, descansando. Obrigado pela “hospedagem”, obrigado por tanto amor incondicional. Quero retornar ao estudo e trabalho no bem, logo, por aqui, para aprender a ser melhor e adquirir, quem sabe, o direito de tê-la junto a mim novamente. Enquanto isso não acontece, preciso da sua permissão para encontrá-la nos seus sonhos. Quero também que o meu pensamento e meus sentimentos tenham força suficiente para chegar ao seu coração. Por isso, purifique seus pensamentos, facilite a minha aproximação e sinta o meu eterno amor. Mãe, estou aqui, não deixei de existir. Graças à Senhora, agora sou um Espírito melhor. Cuida do papai e do meu irmãozinho, pois eles merecem todo o teu amor. Que Deus proteja todos nós! Lineu Antonio de Lima Santos é trabalhador do Centro Espírita Paulo de Tarso, local onde desempenha as seguintes atividades: expositor, monitor do ESDE, atendente fraterno e coordenador da livraria.

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ENTREVISTA

Suely Caldas Schubert e Raul Teixeira falam ao Movimento Espírita O ônibus que levaria uma delegação de espíritas a São Luís, para participar do 2° Congresso Espírita do Maranhão, atrasou três horas. Foto: Paulo Moura

Todos já se encontravam na sede da Federação Espírita Piauiense, de onde sairia a delegação, desde as 22:00h de quinta-feira, 22 de setembro. Fazia calor, mas os ânimos mantiveram-se serenos, após a prece feita em grupo. As mulheres, em grande maioria, mal disfarçavam a alegria pela viagem, e as conversas animadas se ouviam por todos os lados. Enfim, o ônibus chegou e embarcamos ansiosos, mas refeitos. A viagem foi tranquila. Chegamos pela manhã e dirigimo-nos ao hotel. Minha missão era entrevistar os palestrantes do Congresso para a segunda edição da revista Nova Aurora, prevista para novembro. Na programação da sexta-feira, teríamos a palestra de Divaldo Franco durante todo o dia. Na parte da tarde, durante o intervalo da palestra, fomos entrevistar Divaldo, mas a enorme fila que se formou para os autógrafos, tornou a tarefa impossível. A palestrante Suely Caldas Schubert, com solicitude, concedeu-nos uma breve entrevista. Abordamos o tema do suicídio entre os jovens por ser um fato recorrente em Teresina, com dados estatísticos alarmantes. Por que há tanto suicídio, principalmente entre os jovens, hoje em dia?

Suely Schubert

Paulo Moura (PI) paulo33moura@gmail.com 20

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Nota-se o seguinte: que os jovens, as crianças, não estão recebendo noções de religião para também reforçar a fé em Deus, conhecer e saber da existência Divina e do quanto é importante a nossa vida aqui no plano terreno. As pessoas falam que as religiões estão muito omissas nesses aspec-


Foto: Paulo Moura

ENTREVISTA

“As Casas Espíritas, atualmente, têm os grupos de estudo e quase todas estão empenhadas nisso. Mas qual Casa Espírita que tem grupo de estudo do Evangelho?! É muito raro. Então, está faltando Jesus também no nosso meio”.

tos importantes da imortalidade da alma, então, é isso que está faltando. Vemos que, mesmo nos meios espíritas, estão estudando pouco o Evangelho do Cristo. Noto que os grupos de estudo aumentaram muito; estuda-se mais, hoje em dia, no Movimento Espírita. As Casas Espíritas, atualmente, têm os grupos de estudo e quase todas estão empenhadas nisso. Mas qual Casa Espírita que tem grupo de estudo do Evangelho?! É muito raro. Então, está faltando Jesus também no nosso meio. É importantíssimo nós termos essa noção porque diante dos aspectos da sociedade em geral, é muito materialismo, muito consumismo, muito imediatismo... esses “ismos” todos; e aí as pessoas não dão valor à vida. O que as Casas Espíritas podem fazer diante das estatísticas alarmantes do aumento de suicídios? Nós sabemos que a Federação Espírita Brasileira tem feito campanhas pela valorização da vida. O suicídio é uma delas. As Casas Espíritas nem sempre estão aderindo. Quando o fazem, apenas distribuem panfletos ou cartazes, o que não é suficiente. Precisa-se falar mais e também estudar entre os jovens, o suicídio e suas consequências e a importância da vida, porque são muitos temas correlatos que vão ser solucionados para poderem trazer um resultado bom. Tratando da criança, por exemplo, nota-se – eu noto, estou dando a minha opinião pessoal – que as aulas são muito mal direcionadas em relação à real prática em que as crianças vivem, porque as crianças, hoje, são de uma inteligência muito grande. Estive conversando com

algumas pessoas influentes, dentro do Movimento Espírita, que também têm a mesma opinião sobre essa necessidade: de uma contextualização dos temas ao momento atual e, quem sabe, também, utilizar esses temas adequados para determinadas faixas de idade, para que possam entender sobre aborto, suicídio... esses temas que, hoje, são tão necessários à valorização da vida. *** No sábado, 23, foi a vez de entrevistar Raul Teixeira, renomado orador espírita, que nos recebeu no imenso salão onde instalaram a livraria do evento. Em meio à milhares de obras espíritas e uma multidão de leitores ávidos por adquiri-las, Raul Teixeira aguardava em uma mesa, reservada para sessão de autógrafos. Nossa intenção era abordar a temática das crianças e dos jovens na Casa Espírita, motivado pela palestra de Raul Teixeira, que enfatizou a importância do trabalho de evangelização infanto-juvenil, principalmente para servir de profilaxia contra diversos males. Raul Teixeira, o que fazer para tornar mais atrativo, aos jovens, o estudo da Doutrina Espírita? A atração é a própria Doutrina Espírita. Na medida em que nós mostremos para o jovem que a Doutrina Espírita é um caminho de grande luz para ele, capaz de ajudá-lo nos conflitos da idade; capaz de norteá-lo numa vida digna, sem conflitos, sem dramas, auxiliando-o no processo do entendimento de si mesmo, da família, da vida social Nova Aurora |

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ENTREVISTA

Foto: Paulo Moura

tante que os espíritas não misturem isto. Nós não precisamos de ter os jovens; nós precisamos de ter os jovens que queiram o Espiritismo pelo que o Espiritismo é; pelo que o Espiritismo apresenta. Dessa maneira, a grande atração que, particularmente eu vejo, na Doutrina é a sua coerência, a sua lógica e o seu poder de nos esclarecer. Sabemos da importância da evangelização de crianças e jovens na Casa Espírita. O que você tem a dizer sobre a didática e as técnicas de ensino utilizadas pelos evangelizadores?

José Raul Teixeira

onde ele está inserido. Naturalmente, esse jovem será envolvido por grande alegria, inundado por grande felicidade, como aconteceu com Divaldo Franco, que começou jovem; como aconteceu com Chico Xavier, que começou jovem, aos 17 anos; como ocorreu com Yvonne Pereira, que começou aos 13 anos; como ocorreu com Raul Teixeira, aos 17 anos, e outros tantos médiuns trabalhadores de variados campos da Doutrina Espírita que começaram na seara, muito jovens. O nosso atrativo foi a própria mensagem da Doutrina. É muito ruim quando nós ficamos procurando atrações para levar o jovem para o Centro Espírita, como se o Centro Espírita fosse um clube, que hoje só tem uma bola de futebol, amanhã, uma camisa do time, depois, uma cesta não sei de quê. É muito impor22

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Naturalmente, que a gente não pode falar sobre isto numa entrevista, meu amigo. Essa questão de didática, de técnica, os Centros Espíritas vão procurar junto às Federações Espíritas; junto aos órgãos de orientação do Movimento, que há muitos... muitos diretores, muitos cargos, muito tudo... então, os Centros Espíritas e seus dirigentes têm que ter essa decência de procurar nos órgãos devidos a orientação, quando não tenham em sua própria Casa. O fato é que não podemos nos permitir criar evangelização de jovens ou de crianças no Centro Espírita sem o mínimo de embasamento da psicologia infantil, da psicologia juvenil, do que é compatível com a faixa etária dessas criaturas. Nós sabemos que a criança precisa de determinado tipo de envolvimento. Não podemos sentar uma criança no banco de uma sala de aula e falar, e fazer discurso para ela. Nós temos que trabalhar, numa fase mais lúdica, com as coisas mais sérias da vida, mas com uma ludicidade, com uma descontração compatível com a faixa etária da criança.

“Não podemos nos permitir criar evangelização de jovens ou de crianças no Centro Espírita sem o mínimo de embasamento da psicologia infantil, da psicologia juvenil”.


Foto: Paulo Moura

ENTREVISTA

“Não se trata de a gente colocar sobre o Espiritismo essa pecha fanática, tola e insensata de que os espíritas tenham que resolver os problemas como se fossem uma panaceia universal. O importantíssimo é que nós comecemos a chamar a atenção de todas as pessoas, religiosas ou não, para o bom senso”.

Não podemos pegar um jovem da Era da Informática, que trabalha com iPod, com iPad, com os computadores, com internet, e ficar sentado numa sala falando pra ele, falando... falando... falando sem parar; fazendo discurso. Temos de colocar esses jovens para usar esses recursos; para procurar; para investigar; para participar e para expor também; para ter a sua hora de ludicidade, a sua hora de música, de cântico. Tudo isso, tem espaço no trabalho que se faça com os jovens.

Quanto mais se multiplicam igrejas protestantes, evangélicas e as pessoas suicidando. Igreja católica crescendo a cada dia e as pessoas suicidando. Centros Espíritas se multiplicando e as pessoas suicidando. Possivelmente, ou essas instituições não estão cumprindo o seu papel de esclarecer – estão fazendo uma teologia da prosperidade para o pessoal ganhar dinheiro, ficar rico e progredir materialmente – ou as pessoas não estão assimilando, no seu campo de crença, aquilo que deveriam.

Então, essas questões estão ligadas a uma didática e uma pedagogia que se apoiem nesse consenso que o Espiritismo traduz. Dessa forma, todas as instituições do Espiritismo que tenham boa vontade de trabalhar com crianças, com jovens e com adultos, não poderão perder de vista que a gente não pega o livro e sai fazendo. É preciso que a gente saiba transmitir o conteúdo dos livros; saiba transmitir o conteúdo da Doutrina para que, de fato, esses conteúdos se tornem palatáveis, agradáveis, e se tornem úteis às criaturas.

Naturalmente, que muitos desses jovens reencarnam em graves processos de perturbação espiritual trazidos do passado com comprometimento da consciência, que as entidades e os inimigos do além instigam. Muitos jovens que adentram pelo vício do alcoolismo; para o vício da droga; para o vício do tabagismo; para o vício da prostituição; da personalidade destravada, certamente que eles abrem canais para que essas falanges sombrias, que agem sobre a Terra, tenham acesso ao seu psiquismo.

Em Teresina, o número de jovens que cometem suicídio é preocupante. Principalmente, porque situam-se na faixa etária entre 15 e 25 anos. O que os dirigentes das Casas Espíritas poderiam fazer para tentar minimizar esse mal?

Então, não se trata de a gente colocar sobre o Espiritismo essa pecha fanática, tola e insensata de que os espíritas tenham que resolver os problemas como se fossem uma panaceia universal. O importantíssimo é que nós comecemos a chamar a atenção de todas as pessoas, religiosas ou não, para o bom senso. Buscar nas suas crenças aquilo que as crenças podem dar; buscar na sua filosofia de vida, aquilo de bom que a sua filosofia de vida pode lhes dar, porque a filosofia do materialismo do mundo não nos leva a nada. A filosofia do imediatismo,

É muito complicado quando a gente fala em tentar minimizar este mal, como se os espíritas fossem responsáveis por todas as famílias e instituições das cidades ou dos Estados. A minimização vem das criaturas. Onde estão as igrejas?!

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ENTREVISTA

“Aos meus queridos irmãos piauienses, gostaria de propor-lhes a continuação da vida, da busca, do trabalho no Bem, na certeza de que somente o Bem nos libertará, como expressão da Verdade”. não nos leva a nada senão à tragédia e à destruição. E os espíritas, fazendo a sua parte, cumprindo o seu dever, como manda o figurino. Em “Obras póstumas”, encontramos a profecia de que a mediunidade se vulgarizaria sobre a face da Terra. Já chegamos a esses tempos preditos? Desde há muito tempo o profeta Joel já dizia isto: “que o Senhor derramaria do Seu espírito sobre toda a carne; vossos filhos e vossas filhas profetizarão; vossos jovens terão visões e vossos velhos terão sonhos”. Isto não é uma novidade. A grande questão é que o Espiritismo apresenta um norte para estas questões da mediunidade generalizada, e Allan Kardec, em “O livro dos médiuns”, disse que “todo aquele que sente, num grau qualquer, a influência dos espíritos, por isto mesmo é médium”. Então, para nós, espíritas, isto não é nenhuma novidade e, obviamente, o Espiritismo é que traz este vade mecum, esse roteiro, para que nós saibamos lidar com a mediunidade – esteja ela na fase infantil, na fase juvenil ou qualquer outra faixa da vida – com acerto, com equilíbrio e com bastante proveito. Você gostaria de dar alguma mensagem ao Movimento Espírita no Piauí? Aos meus queridos irmãos piauienses, gostaria de propor-lhes a continuação da vida, da busca, do trabalho no Bem, na certeza de que somente o Bem nos libertará, como expressão da Verdade, das nossas lutas e das nossas dificuldades expe24

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rimentadas na presente encarnação. Gostaria de dizer, aos meus irmãos queridos do Piauí, que o Espiritismo representa a presença de Cristo junto às nossas necessidades, quaisquer que elas sejam, e que vale a pena, apesar de todas as lutas e de todos os embates, trabalharmos em prol desse Tempo Novo pelo qual nós estamos ansiando há tanto tempo. A continuidade do trabalho da fraternidade; da exposição e vivência da Doutrina, sem dúvida será, para todos nós, um grande caminho para nos aproximarmos de Jesus de Nazaré. Por isso, lhes desejo muita paz, muita felicidade! E até breve, se Deus quiser. Suely Caldas Schubert nasceu em Carangola, MG. Desde jovem, dedica-se às atividades espíritas, especialmente no âmbito da mediunidade e da divulgação do Espiritismo. Autora de nove livros, é também conhecida expositora, tendo realizado dezenas de palestras no Brasil e no exterior. Pela Editora da Federação Espírita Brasileira lançou seus dois primeiros livros – Obsessão/Desobsessão: Profilaxia e Terapêutica (1981) e Testemunhos de Chico Xavier (1986). Outros livros de sua autoria são: O Semeador de Estrelas (1989), Ante os Tempos Novos (1996), ambos pela Editora LEAL; Mediunidade: Caminho para ser Feliz (1999), pela Editora Didier; e Transtornos Mentais (2001), pela Minas Editora. Em 1986, Suely fundou com um grupo de companheiros a Sociedade Espírita Joanna de Ângelis, em Juiz de Fora, da qual foi a primeira presidente e hoje exerce a vice-presidência. José Raul Teixeira Natural da cidade de Niterói (RJ), é licenciado em Física, Mestre e Doutor em Educação. Professor aposentado da Universidade Federal Fluminense. É um dos fundadores da Sociedade Espírita Fraternidade, localizada em Niterói (RJ). A instituição mantém uma obra de Assistência Social Espírita denominada “Remanso Fraterno”, que atende a crianças e famílias socialmente carentes, apoiando-as no seu soerguimento material e espiritual. Paulo Fernandes Moura, nasceu em Campo Maior-PI. Jornalista, Ilustrador, Designer gráfico, milita na Doutrina Espírita desde 1989. Na Federação Espírita Piauiense trabalhou como Monitor do ESDE, da Mocidade Espírita e ministra aulas no Principiante Espírita há 20 anos. Ocupou também as funções de Diretor do Departamento de Comunicação Social da FEPI e Coordenador do ESDE do C.E Bezerra de Menezes. Aualmente é trabalhador do C.E Paulo de Tarso.



ESPECIAL

150 anos depois, O Livro dos Médiuns mantém desafio à Humanidade Aquela seria uma manhã de domingo perfeitamente rotineira, não fosse a reunião extra marcada pela diretoria da Casa Espírita para discutir assuntos administrativos, quando inesperadamente um caminhão para à porta e alguém, entre o desespero e a esperança, indaga sobre os responsáveis pelo trabalho socorrista.

Folha de rosto da primeira edição, 1861.

Nildene Mineiro (PI) nildenemineiro@hotmail.com 26

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Tratava-se de uma senhora que a custo transportava da zona rural da capital cinco irmãos amarrados e presos de aparente loucura. Esse foi o primeiro caso de obsessão coletiva visto por Yerecê Gallas, uma das trabalhadoras do Centro Espírita Nosso Lar, localizado no centro de Teresina. Por obsessão coletiva, entenda-se aqui subjugação mental de várias pessoas encarnadas por espíritos diversos. Ela conta que, mesmo não havendo naquele dia um serviço de atendimento fraterno, providencialmente havia vários médiuns trabalhadores da Casa presentes, o que se revelou vital no atendimento do caso. “Essa senhora, que era paralítica, trouxe cinco irmãos amarrados dentro do caminhão. Toda a família estava sofrendo uma obsessão coletiva. Como eles eram do interior, era um sofrimento muito grande para a irmã, mas toda semana ela os trazia e, graças a Deus, um mês depois essas criaturas se libertaram. Nós fazíamos reuniões duas vezes por semana para esse grupo de pessoas, uma delas com eles presentes. Era um processo de vingança com ligação espiritual de outras eras”, revela, citando um entre tantos casos de tratamento espiritual resultante de práticas mediúnicas. Com 30 anos de experiência em trabalhos mediúnicos, Yerecê Gallas comenta que a cada dia as reuniões em torno da mediunidade têm muito a ensinar, tanto no desenvolvimento das habilidades quanto no intercâmbio com os espíritos em si. Nesse contexto, ela diz que o estudo se mostra uma ferramenta importante para entender e direcionar as ações diante dos fenômenos. Yerecê não


ESPECIAL

O fenômeno das mesas girantes eram o passatempo predileto nos salões de festas da burguesia europeia do século XIX.

Edição atual da FEB.

é a única a opinar que, embora lançado há 150 anos, nenhum livro se compara, em teorização do fenômeno, a O Livro dos Médiuns. Mas essa é uma opinião comum, particularmente entre os espíritas. Para os profissionais de saúde, casos como o descrito por Yerecê Gallas incluiriam um longo tratamento, eventualmente medicamentoso ou até de internação, o que é comum ocorrer concomitante ao atendimento no Centro Espírita. Em outros tempos, tratavase com a fogueira, pois não foram poucos os que, apresentando fenômenos semelhantes, foram tipo por bruxos ou possessos pelo demônio pelos tribunais da Santa Inquisição na Idade Média. Os fenômenos, denominados psi pelos estudos científicos realizados pela Parapsicologia (ramo especializado no estudo dessas aparentes anomalias e marginalizado pela comunidade científica) nunca chegaram a ser aceitos como uma realidade no círculo acadêmico. Mesmo os estudos realizados no século XIX, em plena ebulição dos fenômenos das “mesas girantes” nos Estados Unidos e Europa, jamais chegaram a ser considerados conclusivos pelo meio científico. Por outro lado, a história do desenvolvimento tecnológico e das descobertas da ciência está cheia de relatos de injustiçados ou ridicularizados. Galileu pagou nos tribunais o preço de apontar o heliocentrismo como uma constatação científica; Einstein nunca ganhou um Nobel pela Teoria da Relatividade, comprovada dezenas de anos após sua enunciação; a descoberta dos microorganisNova Aurora |

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ESPECIAL

mos se deu no século XVII, mas somente no século XIX sua existência foi associada a doenças. O Nobel de Química em 2011 foi concedido ao israelense Daniel Shechtman, 70 anos, que chegou a ser expulso do seu grupo de trabalho, mas continuou defendendo por 30 anos que a comunidade científica precisava rever os conceitos acerca da organização da matéria. A descoberta de Shechtman, sobre a estrutura periódica dos cristais, trouxe uma mudança de paradigma, mas foi inicialmente ridicularizada por cientistas do quilate de Linus Pauling, ganhador de dois prêmios Nobel, e um dos seus críticos mais inflamados. Enquanto a comprovação da existência do espírito e de suas implicações na rotina da Humanidade aguardam o lento curso das descobertas e da aceitação no meio científico, os indícios intelectuais dessa realidade foram suficientes para que um grupo que estudava seriamente o fenômeno fosse além. Na França do Século XIX, enquanto em muitas das residências mais respeitáveis damas e cavalheiros se entregavam à diversão com o fenômeno de mesas que pareciam ganhar vida

Zêus Wantuil: a obra relata os primórdios do Espiritismo.

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As experiências com o magnetismo animal foram feitas pelo...

sob a imposição das mãos e obedeciam aos mais caprichosos comandos, um grupo de estudiosos, ao travar diálogos com inteligências que se descortinavam através de sinais preestabelecidos acabou por sistematizar o conjunto de ensinamentos que estão na base da Doutrina Espírita. Foi nesse período que veio a lume O Livro dos Médiuns. Uma luz maior sobre o contexto histórico e cultural que envolveu sua publicação foi oferecida à posteridade pelas pesquisas do historiador Zêus Wantuil, na obra As Mesas Girantes e o Espiritismo, lançada pela Federação Espírita Brasileira (FEB). Na obra, ele explica como em geral se dava o fenômeno envolvendo as mesas, verdadeira febre a tomar corpo como uma popular diversão de salão em países da Europa e da América. Consistia em pessoas postadas ao redor de uma mesa comum, geralmente redonda, em cima das quais se punham as mãos, ordenarem os movimentos das mesas por meio de comandos, e em alguns casos travarem diálogos através de um método que envolvia batidas. “Levantando um dos pés, a mesa daria, enquanto se recitava o alfabeto, uma pancada toda vez que fosse proferida a letra que servisse ao espírito para formar as palavras”, explica o escritor ao relatar um, entre os métodos usados. Entre os grupos a realizarem experiências com as mesas, conta Zêus Wantuil, a maioria se entregava a jogos fúteis voltados à diversão, felizmente nem todos. Alguns, em meio às pilhérias generalizadas e às acusações de fraude que os fenômenos geraram nas rodas de conversas e em


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... médico alemão Franz Anton Mesmer.

artigos de jornais, buscavam explicações razoáveis por acreditarem autênticas as manifestações. Em meio aos que davam crédito, não foram poucos os que atribuíram o movimento das mesas a uma descoberta do século anterior: o magnetismo animal, descrito pelo médico germânico Franz Anton Mesmer, no ano de 1775. Foi Mesmer que, pela primeira vez, definiu o magnetismo animal como sendo a capacidade de um indivíduo

Professor Hippolyte Léon Denizard Rivail: Allan Kardec

em causar efeitos similares ao magnetismo mineral em outra pessoa. Vale lembrar, que o magnetismo mineral é conhecido desde sua descrição por Tales de Mileto (500 a.C. pelo menos), filósofo grego que se ocupou de estudar o curioso fato de a extremidade de ferro do seu bordão exercer forte atração sobre algumas pequenas pedras. Embora essa descoberta somente no século XIII tenha encontrado mais ampla aplicação com sua utilização nas grandes navegações, através das bússolas, foi no século XIX que esse conhecimento chegou, de fato, a ser desenvolvido. São da segunda metade do século, portanto anos depois do despontar do fenômeno das mesas, as mais amplas pesquisas que vieram a unificar o magnetismo mineral e a eletricidade, gerando o que entendemos hoje por eletromagnetismo, o que por sua vez permitiu o desenvolvimento da teoria da relatividade especial por Albert Einstein em 1905. Então, nada mais compreensível do que a suposição, naquela época, de estarem as mesas magnetizadas, entre aqueles que acreditavam serem autênticos os fenômenos. Zêus Wantuil conta que até 1855 esse era o entendimento do professor Denizard Rivail, que supunha, diante dos fatos que lhe chegavam aos ouvidos, serem influências magnéticas ou uma certa modalidade de eletricidade, a origem do fenômeno. Para formar um conceito mais qualificado, o professor Rivail começou a frequentar um grupo dotado de acurado senso de seriedade, que observava os fenômenos, indo além das suposições em torno do mesmerismo. Conta Wantuil, baseado em relato de Pierre-Gaëtan Leymarie - que veio a se tornar sucessor de Allan Kardec como redatorchefe e diretor da “Revue Spirite”- que no salão de madame Japhet, servindo de médiuns tiptólogos (batidas) e psicógrafos (escrita), ilustres pesquisadores obtiveram milhares de comunicações de almas que se diziam de pessoas mortas. “Dessas relações, aquele grupo de homens chegou à conclusão de que há a imortalidade da alma assim como o poder de de comunicar com os vivos da terra. Haviam eles reunidos cinquenta cadernos de comunicações diversas. Não logrando sistematizá-las nem ordená-las, incumbiram desse árduo trabalho o emérito Prof. Denizard Rivail, Nova Aurora |

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O Livro dos Médiuns é a base do socorro que se oferece nos Centros Espíritas, uma ajuda humanitária que se dá tanto através da mediunidade, como a que se realiza no esclarecimento de médiuns assustados. cujos vastos conhecimentos e raras aptidões de síntese eram largamente conhecidas”, cita o autor de As Mesas Girantes e o Espiritismo. Quando da publicação de O Livro dos Médiuns, em 1861, após anos de experimentação, o próprio Allan Kardec explica porque o fenômeno ia além da magnetização. É que, embora a teoria explicasse parte do fenômeno, não explicava tudo. Não explicava, por exemplo, a inteligência das respostas dadas, as comunicações envolvendo fatos que os envolvidos não tinham conhecimento. Eis o indício intelectual suficiente de que fala Kardec em O Livro dos Médiuns, conforme ele próprio explica: “Averiguada a realidade dos fenômenos, a primeira ideia que naturalmente acudiu ao espírito dos que os verificaram foi a de atribuir os movimentos ao magnetismo, à eletricidade, ou à ação de um fluido qualquer; numa palavra, a uma causa inteiramente física e material. Nada apresentava de irracional esta opinião e teria prevalecido, se o fenômeno houvera ficado adstrito a efeitos puramente mecânicos. Uma circunstância parecia mesmo corroborá-la: a do aumento que, em certos casos, experimentava a força atuante, na razão direta do número das pessoas presentes. Assim, cada uma destas podia ser considerada como um dos elementos de uma pilha elétrica humana. Já dissemos que o que caracteriza uma teoria verdadeira é poder dar a razão de tudo. Se, porém, um só fato que seja a contradiz, é que ela é falsa, incompleta, ou por demais absoluta. Ora, foi o que não tardou a reconhecer-se, quanto a esta.” 30

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Ainda em O Livro dos Médiuns, os espíritos admitem a influência do magnetismo no fenômeno mediúnico, porém “não como geralmente o entendem”. Então, como? Com a palavra a Ciência, em seu próprio ritmo de respostas. Por hora, essa obra à frente do seu tempo cumpre seu papel há 150 anos como um verdadeiro Guia dos Médiuns e dos Evocadores para os grupos que se empenham na continuidade desse intercâmbio do qual resultou a codificação da Doutrina Espírita na França. E, mais que isso, a obra é um “apanhado teórico sobre os gêneros de manifestações, os meios de comunicação com o


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mundo invisível, o desenvolvimento da mediunidade e as dificuldades e os tropeços que se podem encontrar na prática do Espiritismo”, conforme reza a sinopse deixada por Kardec sobre O Livro dos Médiuns. Longe de buscar convencer os incrédulos, O Livro dos Médiuns é a base do socorro que se oferece nos Centros Espíritas, uma ajuda humanitária que se dá tanto através da mediunidade, com o atendimento a encarnados e desencarnados, como a que se realiza no esclarecimento de médiuns assustados com fenômenos que não conseguem compreender e, no entanto, ocorrem. É

esse compêndio, estudado por médiuns e todos os interessados pelo fenômeno, que guia os Centros Espíritas em episódios como o narrado por Yerecê Gallas. Como o atendimento da filha do engenheiro Lourismar da Silva Valente, que há 26 anos coordena o grupo de estudos mediúnicos no Centro Espírita Paulo de Tarso, zona norte de Teresina. Ele conta que há 28 anos adentrou um Centro Espírita pela primeira vez levado pelo desespero. “Vim à casa espírita em busca de ajuda para minha filha, que tinha uma doença que a medicina não curava. Fui atendido e nunca mais saí”. Hoje, ele conta que O Livro dos Médiuns é o seu principal instrumento de trabalho, tanto no intercâmbio com os espíritos durante a reunião mediúnica, como no estudo da mediunidade, realizados semanalmente no Centro. Os novos estudantes chegam a passar de dois a quatro anos no estudo antes de passar à prática do intercâmbio, mas Valente não considera um exagero. Ele próprio diz sempre reler a obra, além de conduzir o estudo em grupo com base nas apostilas sobre mediunidade editadas pela Federação Espírita Brasileira. A recomendação da Federação é a mesma de Kardec, ao mesmo tempo um chamamento e um desafio. É do professor Rivail a seguinte explicação para esse cuidado: “O Espiritismo é toda uma ciência, toda uma filosofia. Quem, pois, seriamente queira conhecê-lo deve, como primeira condição, dispor-se a um estudo sério e persuadir-se de que ele não pode, como nenhuma outra ciência, ser aprendido a brincar”. A comunicação e a relação do Ser encarnado com o mundo invisível é um dos aspectos estudados pelo O Livro dos Médiuns

Nildene Mineiro Soares. Jornalista, membro fundadora do Grupo de Estudos Espíritas Professor Caamaño, mais conhecido como Centrinho, com sede na região do Grande Dirceu, zona sudeste de Teresina, onde atua como dialogadora em reuniões mediúnicas e coordena o serviço de palestras públicas doutrinárias.

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Movimento Espírita e os temas de interesse social O pensamento espírita não surgiu para ficar restrito a templos de adoração ou a práticas místicas de preparação para a vida espiritual futura.

Marko Galleno (PI) markogalleno@yahoo.com.br 32

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Em verdade o Espiritismo tem grande potencial para contribuir com a melhoria da realidade social e material dos encarnados que dela participam, como resultado da transformação moral dos seres. Nesse sentido, diversas entidades espíritas atuam de maneira bastante incisiva em defesa da vida, da saúde e do meio ambiente, não somente em campanhas de esclarecimento da população, como também junto às instituições estatais e aos representantes políticos. Segundo Antonio Cesar Perri de Carvalho, diretor da Federação Espírita Brasileira (FEB) e do Conselho Espírita Internacional, a participação em campanhas que tratam de temas de interesse social, como as contrárias ao aborto ou que objetivam combater o uso de drogas, entre outros assuntos, é uma conduta que se enquadra na diretriz “Participação na Sociedade”, contida no “Plano de Trabalho Para o Movimento Espírita Brasileiro”, aprovado pelo Conselho Federativo da FEB em 2007. De acordo com esta diretriz, os representantes do Movimento Espírita podem oferecer à sociedade o ponto de vista espírita na análise e no encaminhamento de assuntos de interesse coletivo. Para Perri, a grande contribuição do Movimento Espírita em campanhas de interesse social é o conhecimento da realidade espiritual, que chega, inclusive, a chamar a atenção das lideranças de outras correntes de pensamento religioso e doutrinário, com as quais se realizam parcerias proveitosas para alcançar os melhores resultados em prol do bem comum. “Nossa atuação é sempre


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A grande contribuição do Movimento Espírita em campanhas de interesse social é o conhecimento da realidade espiritual no sentido de evitar qualquer postura proselitista e sectária. O objetivo é juntar esforços pelos pontos de convergência”, declara o diretor da FEB. Estas ações de interesse social, das quais as entidades espíritas participam, não alcançariam resultados expressivos se não buscassem sensibilizar as instituições estatais e os agentes públicos, eleitos ou não. “Evitamos a conotação político partidária”, declara Perri ao lembrar da atuação dos membros do “Movimento Brasil Sem Aborto” junto às comissões e reuniões na Câmara Federal, que conseguiram, graças a articulações políticas e presença nos gabinetes, evitar a liberação do aborto. A Dra. Irvênia Prada, conferencista internacional da Associal Médico-Espírita (AME) ressalta que o discurso junto às instituições estatais não pode ter, apenas, uma conotação religiosa, visto que, de acordo com a pesquisadora “seria inadequado, pois este público traz anti-corpos contra isso. Precisamos tratar do tema em termos de bioética e ciência”. Foi com esta postura que a AME Nacional participou de uma audiência no Supremo Tribunal Federal, apresentando o posicionamento contrario da entidade, no caso do aborto de anencéfalos. A participação do Movimento Espírita em campanhas de interesse social merece um cuida-

do especial quando direcionada para o público mais jovem, mais vulnerável aos apelos das drogas e à prática do aborto, não só com uma linguagem apropriada, como lembra Perri, mas com informação de qualidade, capaz de apontar as consequências de nossos atos, como destaca a Dra. Irvênia. Tanto a AME como a FEB, bem como várias outras entidades do Movimento Espírita, continuam trabalhando intensamente, à luz da Doutrina Espírita, por temas de interesse coletivo. De acordo com Perri: “a FEB disponibiliza material sem ônus para as Instituições que apresentam projetos na área da Campanha Em Defesa da Vida”. Seguindo a diretriz de Participação na Sociedade, acima referida, a Federação Espírita Piauiense, em parceria com o Poder Público e entidades da sociedade civil organizada local, propôs o projeto Raio de Luz, de prevenção ao uso de drogas e de apoio aos usuários no processo de superação da dependência. Aos espíritas, comprometidos com suas ideias e sua fé, fica cada vez mais clara a possibilidade de contribuir para o bem comum, nas ações de interesse social do Movimento Espírita, as quais, acima de tudo, são expressões de caridade e solidariedade.

Marko Galleno da Costa Araújo Alves é geógrafo, advogado e expositor espírita. Participa do C.E. Lar de Jesus, em Teresina. Escreve no blog Espiritismo e Sociedade do Portal Sintonia On Line.

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Dirigentes e voluntários na Casa Espírita O espiritismo brasileiro tem como estrutura de suas organizações a via associativa, que toma por “motor” o trabalho voluntário.

Jáder Sampaio (MG) jadersampaio@uai.com.br 34

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O espírita costuma pensar que trabalho voluntário se confunde com trabalho assistencial, mas não é verdade. O trabalho voluntário foi regulamentado em 1998, pela lei federal 9608, e entendido como “atividade não remunerada prestada por pessoa física a entidade pública de qualquer natureza ou a instituição privada de fins não lucrativos com objetivos cívicos, culturais, educacionais, científicos, recre-


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ativos ou de assistência social, inclusive mutualidade”. Entre outras mudanças, a lei exige que se assine um termo de adesão, importante, porque, tomados os devidos cuidados em sua elaboração, é um instrumento que impede que um voluntário ajuíze uma ação trabalhista contra as sociedades espíritas, em nosso caso específico. Como vimos, o expositor espírita é voluntário, o dirigente de reuniões, o passista, o médium, o evangelizador infantil, em suma, podemos chamar o movimento espírita de associativo e voluntário por natureza. Mas como lidar com o voluntário? Esta questão ampla tem sido objeto de muitos estudos e considerações pelos estudiosos de organizações que não visam lucro e é especialmente importante ao movimento. Voluntários não nascem em árvores nem são comprados no mercado O primeiro esforço de um dirigente de trabalhos é assegurar a continuidade das atividades atraindo novos colaboradores. Todas as equipes têm certa rotatividade entre seus colaboradores e, se não houver um esforço continuado de divulgação do trabalho e convite a novos voluntários, dificilmente estes aparecerão. Na pesquisa que fiz, os convites individuais mostraram-se muito mais eficientes que os cartazes, os recados em reuniões e outras estratégias de divulgação, o que não significa que não se deva fazer os últimos. Prepare o voluntário antes de colocá-lo no trabalho e depois também As atividades têm regras, lógica de funcionamento, rede de colaboradores (voluntários ou não), hierarquia de decisões, entre outras características, que um voluntário novato geralmente não conhece. A própria atividade, por mais simples que seja, costuma ter suas “dicas”, que facilitam a realização do trabalho e preservam o bom clima da equipe. Da mesma forma que costumamos preparar membros de reuniões mediúnicas durante meses a fio, antes que eles venham a participar efetivamente, também precisamos preparar os voluntários para as demais atividades, mesmo que seja de forma mais objetiva e simples.

Mas como lidar com o voluntário? Esta questão ampla tem sido objeto de muitos estudos e considerações pelos estudiosos de organizações que não visam lucro e é especialmente importante ao movimento. Depois que os voluntários estão realizando suas atividades, é necessário promover eventos que possibilitem que eles as conheçam mais e melhor e que eles possam refletir sobre sua prática, as metas propostas, os problemas e as dificuldades que surgem, entre outros. É importante que o foco destes eventos seja o aprimoramento das equipes de trabalho, e não uma justaposição de expositores falando o que geralmente tratam em reuniões para o público em geral. O voluntário, mesmo associado, é trabalhador e não patrão Por ocupar o duplo lugar de associado e voluntário, muitas vezes o colaborador fica exposto ao conflito de papeis. No lugar de voluntário, ele esquece a hierarquia e quer dizer aos empregados o que devem fazer. As hierarquias são importantes para evitar que sejam dadas duas orientações controversas a um empregado e, muitas vezes, é o que acaba acontecendo, gerando conflitos e malestares entre empregados e voluntários. Os dirigentes precisam ensinar os voluntários a fazerem suas sugestões às chefias e aos superiores, evitando conflitos com os empregados contratados. Trabalhe em equipe e crie espaços para comentar o trabalho do voluntário Uma boa forma de perder voluntários é colocá-los para fazer atividades isoladas. Muitos dos voluntários que estudei consideram importante os laços de companheirismo e amizade que podem Nova Aurora |

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Uma obra que trata da experiência do autor com o tema do voluntariado e traz orientações importantes para os dirigentes das Casas Espíritas.

tes exigem que o voluntário seja espírita, outras, apenas que seja homem de bem e respeite a opção espírita da organização. É de se imaginar que um expositor do espiritismo tenha que ser espírita, mas um instrutor de uma ação de qualificação profissional para pessoas em situação de vulnerabilidade social o não necessita ser. Muitos dirigentes queixam-se da falta de trabalhadores, mas às vezes falta-lhes apenas perceber a quem convidar e para que trabalho. Se o voluntário é o principal beneficiado, não se esqueça dele

usufruir na atividade que fazem. Assim sendo, penso que o trabalho em equipe é, em geral, a melhor forma de organização do trabalho voluntário, porque além do trabalho em si, há a relação com os companheiros de equipe, a perpetuação da atividade (embora o afastamento de um voluntário não acabe com o trabalho), o esforço de melhoria contínua do trabalho e outras realizações potenciais. O cuidado que se deve ter é no sentido de que as equipes e seus membros não fiquem isolados da sociedade espírita, o que inviabiliza a gestão de associações maiores. Não saiba a mão esquerda...? Quando Jesus fez esta reflexão, ele tinha em mente certo tipo de fariseus, pessoas que faziam tudo para aparentar santidade, mas na intimidade cometiam atos condenáveis. Ele combatia a vaidade e a hipocrisia. Na atividade voluntária, saber o que se pretende realizar e comunicar os resultados da realização, principalmente para as pessoas que se esforçaram por colaborar, é imensamente motivador. Deixar claros os cuidados éticos e resultados de campanhas, além de avaliar os resultados de ações realizadas é uma das atribuições do dirigente de trabalhos. O sucesso das empreitadas motiva, o fracasso permite o aprendizado e a mudança para melhor. Quem pode ser voluntário? Existem diversas frentes de trabalho voluntário em uma Casa Espírita. Muitas destas fren36

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Muitos dirigentes ficam tão envolvidos com a atividade-fim de sua equipe que se esquecem de cuidar da própria equipe. Conheça e faça conhecer as pessoas que integram a equipe. Saiba quais são suas principais gratificações, para entender que tipo de atividades elas gostam de fazer. Já sabemos que há pessoas para as quais as atividades são pouco importantes, mas o relacionamento interpessoal é fundamental. Há outras pessoas que valorizam o resultado do que fazem. Há pessoas que querem fazer algo que faça a diferença no mundo. Há quem queira desenvolver-se, aprender com o trabalho. Consciente disso, o dirigente tem como atender e orientar melhor seu corpo voluntário e, até mesmo, encaminhar a pessoa para uma outra equipe ou sociedade, que possa atender suas necessidades, de forma efetiva.

Jáder dos Reis Sampaio. Psicólogo, Doutor em Administração. Professor colaborador do programa de pós-graduação em psicologia da UFMG. Professor aposentado do Departamento de Psicologia da UFMG. Coordenador da Câmara de Assessoramento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais.Últimas publicações: Tradução do livro “Diálogo com os Céticos”, de Alfred Russel Wallace; organização do livro “O Espiritismo visto pelas áreas de conhecimento atuais”, em parceria com Jeferson Betarello. Membro da Associação Espírita Célia Xavier (AECX), em Belo HorizonteMG e da Liga de Pesquisadores do Espiritismo (LIHPE) Autor do livro “Voluntários”, da coleção Espiritismo na Universidade, publicado pelo CCDPE, UNIFRAN e editora EME.


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Dicas aos dirigentes de Palestras Espíritas (Doutrinárias) Visando facilitar os trabalhos dos Dirigentes de Palestras nos Centros Espíritas, elaboramos o roteiro abaixo. 1 Apresente-se e cumprimente a plateia com saudações de chegada: “Boa noite!”, “boa tarde!” etc.

Ao término da palestra: 6 Agradeça. Seja breve nos agradecimentos. Não faça outra palestra, tão pouco complemente o que já foi exposto, a não ser que a apresentação contenha algo que vá de encontro aos postulados espíritas.

2 Dê os avisos da Casa, mas não exagere no número de avisos. O objetivo da reunião é a exposição da Doutrina Espírita. Os demais avisos devem estar afixados no mural.

7 Oriente os serviços de passes (se houver).

3 Leia uma mensagem (curta) para reflexão. Se comentá-la, seja breve.

9 Encerre com saudações de despedida.

4 Faça a prece inicial, espontânea e breve. 5 Apresente o(a) Expositor(a): Nome (evite títulos), informe a Casa Espírita na qual ele(a) trabalha e o tema da palestra. Passe a palavra ao(à) expositor(a). Durante a palestra fique atento e seja discreto. Evite bocejos, ficar de olhos fechados, mesmo com a suposta argumentação de meditar ou orar. Se orar ou meditar, faça-o de olhos abertos. Não interrompa a exposição para dar alguma sugestão ou acréscimo. Acompanhe com o olhar o(a) expositor(a) e a plateia. Mariano Sampaio (PI) marianosampaio@hotmail.com

8 Faça a prece de encerramento nos moldes da de abertura. Prece breve e espontânea. Observações. É importante anotar o roteiro acima numa ficha para que não haja enganos ou eventuais esquecimentos. Avisos, se houver, devem ser dados antes do início da palestra. Quando dados depois, prejudicam o clima de harmonia estabelecido pelo assunto exposto e afasta os participantes de suas reflexões em torno do mesmo. Caso haja algum tumulto na plateia, atue junto ao problema com discrição e espírito de caridade. Mariano Sampaio e Silva integra o Departamento de Comunicação Social Espírita da FEPI. É palestrante, monitor de ESDE e ministrante de cursos para expositores e para dirigente de palestras públicas.

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Notícias sobre o Movimento Espírita do Piauí em 2011 Confira algumas das principais atividades desenvolvidas pelo Movimento Espírita do Piauí em 2011:

16º EMEPI reúne jovens no Piauí, durante o carnaval Jovens de diversas cidades do Piauí participaram, nos dias 5 a 8 de março, do 16º Encontro de Mocidades Espíritas do Piauí na sede da Federação Espírita Piauiense. Nesta edição, o evento teve como tema: “Ecologia e Espiritismo: preservação e equilíbrio” quando os participantes discutiram o tema sob a ótica espírita, contribuindo para o equilíbrio e a educação dos jovens. Além de dinâmicas de grupos, os jovens participaram de oficinas de teatro, artes, com a criação de origamis e pinturas. Segundo a coordenadora geral do EMEPI, a psicopedagoga Cristina Maria Miranda, o evento tem o objetivo de promover uma maior integração entre os jovens espíritas do Estado do Piauí. “Realizamos diversas atividades como palestras, estudos, oficinas, com base em um tema com enfoque na Doutrina Espírita”, disse. George Lima (PI) georgejlima@hotmail.com 38

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Projeto Resgate Histórico do ESDE A Diretoria do ESDE da Federação Espírita Piauiense está produzindo um material que conta a história do inicio do Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita no Piauí através de pesquisas bibliográficas, entrevistas, resgate de fotos e tabulação de todos estes dados. Em 2012 será lançada a publicação.

Semana Espírita Chico Xavier em Parnaíba

Projeto Raio de Luz A Federação Espírita Piauiense, no propósito de unir forças com o poder público e a sociedade civil organizada, na campanha antidrogas, desenvolve o projeto Raio de Luz juntamente com os Centros Espíritas e em parceria com a Câmara de Enfrentamento ao Crack e outras drogas, do Governo do Estado, e os Conselhos Comunitários de Segurança Pública. A meta é envolver todas as casas espíritas do Estado no desenvolvimento de ações integradas na prevenção ao uso de drogas.

A Semana Espírita Chico Xavier aconteceu em Parnaíba entre os dias 02 a 08 de abril. O evento faz parte do calendário oficial de atividades do Movimento Espírita daquela cidade e, neste ano, teve como convidada, a Dra. Kátia Marabuco, presidente da AME-PI, que ministrou as palestras “Emoções e a Medicina Psicossomática” e “O Porquê da Vida: a angústia do homem moderno frente aos desafios”. A Semana contou, ainda, com palestras diárias, sempre em uma Casa Espírita diferente, retratados diversos subtemas, todos relacionados com o central “O Livro dos Médiuns e seu Sesquicentenário”. Participaram os Centros Espíritas “Semente Cristã”, “Caridade e Fé”, “Chico Xavier”, “Humberto de Campos” e “Vida e Progresso”.

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Seminário da Família

Seminário com equipe do projeto Manoel Philomeno de Miranda Nos dias 27, 28 e 29 de maio aconteceu no Auditório Chico Xavier, da Federação Espírita Piauiense – FEPI o Seminário “Compromisso Mediúnico e Atendimento Fraterno”, com os integrantes da equipe do Projeto Manoel Philomeno de Miranda, da Bahia, João Neves, Nilo Calazans e José Pedreira.

II Encontro de Centros Espíritas da Zona Norte de Teresina Trabalhadores, estudantes e frequentadores dos Centros Espíritas da zona norte de Teresina participaram do II Encontro dos Centros Espíritas da Zona Norte de Teresina no dia 23 de junho, no C. E. Paulo de Tarso. Durante o evento, foram realizadas diversas oficinas como: A Importância do Atendimento Fraterno para o trabalhador espírita; Passe; Gestão na Casa Espírita e Juventude Espírita. 40

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Nos dias 10 a 12 de junho de 2011, a Federação Espírita Piauiense realizou o 19º Seminário da Família, com vasta programação abordando temas como suicídio, aborto, drogas e os conflitos familiares na atualidade. Na palestra de abertura, realizada na FEPI, César Rocha (RN) falou sobre os principais conflitos familiares e como as pessoas podem agir para driblá-los. No sábado (11) pela manhã, pais e jovens do bairro Mocambinho participaram de um batepapo sobre família e as drogas, como parte das atividades do projeto “Raio de Luz”, com Cesar Rocha (RN), Dalva Sousa (ES) e o primeiro vicepresidente da FEPI, José Lucimar Oliveira. No período da tarde, César Rocha e Dalva Sousa ministraram palestras com o tema A Família e a Sociedade – superando desafios, no 9º Salão do Livro do Piauí – SALIPI, no Clube dos Diários. No domingo (12), aconteceu um pinga-fogo com os jovens cujas temáticas foram: “Valorização da Vida” e “Aborto, Não! Drogas, Não!” com a participação de César Rocha, Dalva Sousa, da presidente da FEPI, Rosa Maria Araujo e dos vice-presidentes José Lucimar Oliveira e Marcos David.


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6º Congresso Espírita do Piauí O 6º Congresso Espírita do Piauí foi realizado em parceria com a Federação Espírita Piauiense e o Centro Espírita Mansão da Paz e aconteceu entre os dias 1 e 3 de julho de 2011, no Atlantic City Club, contando com a participação de palestrantes de renome regional, nacional e internacional, Estiveram presentes na abertura, a presidente da Federação Espírita Piauiense, Rosa Araujo, os vice-presidentes da FEPI, José Lucimar Oliveira, Ornálio Monteiro, Marcos David Nery, Diretores dos Departamentos da FEPI, o Secretário Municipal de Administração, José Fortes, representando o Prefeito Municipal de Teresina, Elmano Ferrer, o presidente do Sistema SEST/SENAT, Antônio Leitão e espíritas de todo o Estado e de estados vizinhos como o Maranhão. A conferência de abertura foi realizada pelo Diretor da Federação Espírita Brasileira, João Pinto Rabelo com o tema “O que é o Homem no Mundo?”, na qual destacou a caminhada do homem e sua evolução ao longo dos tempos e a influência dos ensinamentos de Jesus neste processo. As atitudes que o homem de bem deve ter diante dos desafios do mundo moderno foi o tema

da segunda palestra da noite, ministrada pelo médico cearense Francisco Cajazeiras. No segundo dia de congresso, o psicólogo José Spencer Junior fez uma reflexão sobre a espiritualidade como agente transformador do caos. “A Transformação do Homem pela Fé” foi o tema da palestra da médica Kátia Marabuco a qual mostrou que a fé é inata no homem e cada um tem o desejo de se melhorar, sempre. O segundo dia de Congresso teve, ainda, as palestras de Francisco Cajazeiras e João Pinto Rabelo, respectivamente, com os títulos “Processos Obsessivos e Terapêutica Espírita” e “Valores Humanos num Mundo em Transformação”. O piauiense Joselito Verissimo abordou em sua palestra “Mediunidade: Instrumento para Evolução Espiritual” a importância, os principais aspectos que envolvem a mediunidade e o seu uso para evolução espiritual. No domingo, o VI CEPI contou com as palestras “O Ser e a Sociedade Contemporânea”, ministrada por José Spencer Junior (PE) e “Valorização da Vida: Suicídio e Espiritismo”, realizada por André Trigueiro Mendes (RJ). O congresso foi encerrado com uma prece proferida pela companheira Ângela Castro, presidente do Centro Espírita Mansão da Paz. Nova Aurora |

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23ª Feira do Livro Espírita em Picos Foi realizada entre os dias 27 e 30 de Julho, na Praça Félix Pacheco, a já tradicional 23ª Feira do Livro Espírita, organizada pelo Movimento Espírita de Picos. A Feira, que tem como principal objetivo a divulgação da Doutrina Espírita, contou mais uma vez, com um grande acervo de livros espíritas.

V Encontro Estadual do DIJE O Departamento de Infância e Juventude, da Federação Espírita Piauiense, realizou o V Encontro Estadual de Evangelizadores do DIJE, nos dias 22 e 23 de julho de 2011 no Auditório Chico Xavier, na FEPI. Foram desenvolvidas palestras, oficinas e bate-papos com os seguintes temas: A EDUCAÇÃO DO ESPIRITO; EU- EVANGELIZADOR; AS PROBLEMÁTICAS DA EVANGELIZAÇÃO ESPÍRITA; SENSIBILIZANDO O EVANGELIZADOR; OFICINA, A HISTÓRIA INFANTIL NA COMUNICAÇÃO ESPÍRITA.

Mostra Abrarte Artistas de todo Nordeste reuniram-se em Teresina nos dias 28 e 30 de outubro de 2011 durante a 3ª Mostra Abrarte Nordeste. O evento teve como objetivos integrar artistas e evangelizadores 42

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espíritas da Região Nordeste do Brasil, promovendo a troca de experiências e a divulgação dos seus trabalhos artísticos e estimular o desenvolvimento de novos grupos e novas ideias à luz da Doutrina Espírita. As atividades aconteceram na sede da Federação Espírita Piauiense e no Cine Teatro da Assembleia Legislativa do Piauí.

Jornada Espírita Manoel Alfredo - JEMAL Durante o ano de 2011, as equipes de trabalhadores da FEPI estiveram em diversos Centros Espíritas do interior, levando atividades de capacitação e orientações sobre o funcionamento das atividades doutrinárias, com base no livro: Orientação ao Centro Espírita. Os trabalhos fazem parte da Jornada Espírita Manoel Alfredo, realizada anualmente, e visam, principalmente, aperfeiçoar os trabalhos realizados nas Casas Espíritas.

Jornada Espírita de Campo Maior O Movimento Espírita Campo-maiorense realizou entre os dias 25 e 27 de agosto de 2011, mais um belo evento de estudo e divulgação doutrinária: a 7ª Jornada Espírita de Campo Maior/PI. O tema abordado foi MEDIUNIDADE COM JESUS e as palestras aconteceram no Teatro Sigefredo Pacheco. Os expositores desta edição foram Luís Pires, Simão Pedro e Pedro Bispo.


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XXII Semana Espírita Humberto de Campos em Parnaíba

Jornada da Associação Médico Espírita do Piauí

O Movimento Espírita de Parnaíba realizou de 24 a 30 de outubro a XXII Semana Espírita Humberto de Campos, com o tema “O Espiritismo e os desafios da vida moderna”. Um tema reflexivo em torno do progresso tecnológico, relacionamentos sociais e valores morais, com enfoque na questão das drogas e sua influência na vivência do espírito em experiência no planeta Terra. A contribuição da Doutrina Espírita no tratamento espiritual e na educação do ser esclarecendo: Quem somos? De onde viemos? Para onde vamos? E o que viemos fazer no Planeta Terra?

A A ssociação Médico Espírita do Piauí (AMEPI) promoveu, no período de 19 a 21 de agosto, a quinta edição da Jornada Médico Espírita. O evento, que esse ano teve como tema central As Leis Morais e a Saúde, contou com excelentes nomes: Kátia Marabuco (AME-PI), Adenáuer Novaes (BA), Irvênia Prada (AME-BR), André Peixinho (AME-BA), Kledja Marabuco (PE) e Marcos Cesar (RN). A V Jornada da AME-PI aconteceu no auditório do Rio Poty Hotel e foi aberta a qualquer interessado e não apenas aos profissionais da área médica. Nova Aurora |

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Composição dos Conselhos / Diretorias / Núcleo CONSELHO DELIBERATIVO

DIRETORIA DEPARTAMENTAL

Osmarina Oliveira da Silva Pires Presidente

Pedro Bispo de Miranda Filho Maria de Jesus Silva Evany Gomes de Oliveira Cristina Maria de Sousa Miranda Edite Maria de Morais Malaquias Raul Sérgio Aragão Ventura Maria da Graça Oliveira Luiz Gonzaga Pires CONSELHO FISCAL

Diretora: Zêila Sabry Azar Maria da Graça Oliveira

Maria de Jesus Silva

Cristina Maria de Sousa Miranda

1º Vice-Presidente

José Lucimar de Oliveira

Pedro Bispo de Miranda Filho

3º Vice-Presidente

1º Secretário

Raul Sérgio Aragão Ventura Maria de Jesus de Alencar Lisboa

Ruth Meireles Barros 1º Tesoureiro

Aristeu Tupinambá Rodrigues Filho 2º Tesoureiro

Antonio Benvindo Ramos Barbosa

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ASSESSORIA JURÍDICA Antonio Edson Saldanha Alencar Antonio Eudes de Araújo Lima

Marcos David da Silva Nery

2º Secretária

Assistência e Promoção Social Espírita Maria das Mercedes de C. Gomes Divulgação Doutrinária Deuselina de Sousa Freitas

2º Vice-Presidente

Ornálio Bezerra Monteiro

Estudo e Educação da Mediunidade Luiz Gonzaga Pires Evangelização da Infância e da Juventude Leiliane Gomes Ribeiro

DIRETORIA EXECUTIVA Presidente

Coordenações de Áreas: Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita Mairla Menezes Lopes Teles Atendimento Espiritual Gracélcia Maria da Silva Sá

Chrystianne Matos de Paiva Deuselina de Sousa Freitas Bernardino Pereira Andrade

Rosa Maria da Silva Araújo

NÚCLEO DE ATIVIDADES INTERNAS – NAI

José Rodrigues Alves Filho






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