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Piscinões, o uso da Infraestrutura Verde como ferramenta para mudança na paisagem hidrológica.

Caso: Piscinão Pirajuçara (Cedrolândia)

Estudio de Infraestrutura Verde Fculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo - FAUUSP Prof. Dr. Paulo Pellegrino Autor do estudo: Adriana T. S. Alves


Resumo_

Neste estudo serão abordados os problemas de convívio com os recursos hídricos na cidade e, a busca por novas alternativas de projeto que possam ir além de uma solução somente técnica, mas também de transformação da paisagem urbana. Para isso serão trabalhadas ferramentas da Infraestrutura Verde e Hídrica, como forma de integração, proteção e revitalização da hidrologia urbana, dos ecossistemas e da paisagem ambiental.

Ilustração da Embya Studio, Rio de Janeiro


Introdução_

Fonte: TV Globo

A cidade de São Paulo vive um momento contraditório com relação à sua hidrografia, vivemos a falta e o excesso de água ao mesmo tempo. Enfrentamos um dos piores momentos de escassez de abastecimento de água nos reservatórios, e em contrapartida presenciamos graves alagamentos em várias regiões, um acúmulo de água de chuva que poderia ter uma outra utilização, mas que por fim acaba sendo desperdiçada e escoa para se misturar com as águas contaminadas de muitos córregos e rios da cidade. O exercício que propomos aqui tem o propósito de criar e modificar a paisagem urbana de modo a mimetizar as funções hidrológicas e ecológicas dos ambientes naturais, formando uma rede de espaços interconectados e que possam atender de uma só maneira todos os contrapontos urbanos. E com o intuito de analisar e propor de alternativas de melhoria, utilizamos a Bacia do Pirajuçara como estudo de caso, mais especificamente a região onde localiza-se um dos seus principais “piscinões” ou mais precisamente Bacia de Detenção, o Piscinão Cedrolândia, também conhecido como Pirajuçara.


Localização_bacia Para entender melhor o que acontece em casos pontuais como o Piscinão, é preciso compreender também a bacia hidrológica como um todo. A Bacia do Pirajuçara está localizada na grande Bacia do Alto Tietê e tem como rio principal o Rio Pirajuçara. Abrange os municípios de São Paulo, Taboão da Serra e Embu. Tem um grande histórico de enchentes e alagamentos, sendo um dos mais graves em ocorridos em 1996 e 1999.

Bacia Alto Tietê e Sub-bacias

1. Juqueri - Cantareira 2. Cotia - Guarapiranga 3. Penha - Pinheiros 4. Cabeceiras 5. Billings - Tamanduateí 6. Jusante - Pinheiros Pirapora Fonte: www.baciasirmas.org.br

Bacia do Rio Pirajuçara

Legenda Extremidade de jusante de subbacias Bacia de detenção Contorno ou “divisor” das subbacias Contorno ou “divisor” da bacia do rio Pirajuçara Fonte: Sistema Integrado de Gerenciamento de Recursos Hídricos do Estado de São Paulo


1930

Histórico_bacia

2003

1995

1983

1972

1962

1952

Observando a evolução da mancha urbana na região da Bacia do Pirajuçara, notamos que ela se expandiu de maneira desordenada, sem muito planejamento prévio, avançando sobre áreas permeáveis, abrindo avenidas nas margens dos rios, ocupando várzeas e impermeabilizando grandes áreas. Essas ações tiveram um impacto muito grande na hidrografia urbana e na paisagem da cidade.

Fonte: Flávio Villaça - “A estrutura territorial da metrópole sul

brasileira”


1958

Piscin찾o Cedrol창ndia em destaque

2013

Fonte: Geoportal

Fonte: Google Earth


Mapa_usos

Hidrografia

Área urbanizada

Favelas

Vegetação

Fonte: Emplasa


Em uma escala mais aproximada notamos nitidamente que a urbanização foi avançando sem nenhum critério de planejamento. As moradias mais precárias e as favelas foram tendo um aumento considerável e acabaram ocupando as áreas restantes periféricas, não-ocupadas, geralmente com topografia mais acentuada ou nas margens dos córregos. Toda essa ocupação, em sua grande parte, se dá em áreas onde a infraestrutura de coleta de esgoto e abastecimento de água ainda hoje é inadequada, acarretando o despejo nos corpos d’água de esgoto doméstico, lixo e carga urbana difusa de poluição, levando ao comprometimento da qualidade da água na maioria dos casos. Há também uma considerável diminuição de áreas verdes de mata nativa, principalmente de mata ciliar, que contribui para a preservação e proteção dos corpos d’água.


Fonte: Aluízio P. Canholi, “Drenagem Urbana e Controle de Enchentes”

Como umas das consequências de toda essa ocupação desordenada, além do impacto na paisagem urbana e na péssima qualidade da água, temos as enchentes e alagamentos. Em épocas de chuvas mais intensas, e somando toda essa intensa impermeabilização do solo, a canalização de córregos (fazendo com que as águas escoem em uma maior velocidade), que por sua vez recebem poluição difusa e esgoto, é impossível não prever que esse sistema centralizado de drenagem não suporta toda essa vazão. Os alagamentos são uma realidade em sistemas hidrológicos saturados como esse. Em muitos casos, como solução técnica e imediatista para os alagamentos, são adotados os chamados Piscinões, ou Bacias de Detenção, que são grandes “buracos” de concreto que tem a função de receber o excedente das águas dos rios em épocas de precipitações mais intensas, e que depois retornam toda essa água aos poucos de volta para o mesmo rio. A questão é, seria o Piscinão a solução mais adequada? Ou somente uma alternativa técnica que em nenhum momento resolve as questões do impacto na paisagem urbana e na qualidade das águas?


Piscinão_Cedrolândia

Passamos agora para as análises na escala do Piscinão Cedrolândia, que está localizado na divisa dos municípios de São Paulo e Taboão da Serra. Teve sua construção cocluída em 2005, e foi concebido para receber e conter o excedente das águas do córrego Pirajuçara em épocas de chuvas intensas.

Fonte: Emplasa

Figura xx_Localização na Bacia.

Base para ilustração: Google Earth


Hist坦rico_piscin達o 1958

Fonte: Geoportal

2003

Fonte: material fornecido pela Subprefeitura do Butant達

2005

Fonte: material fornecido pela Subprefeitura do Butant達


A área que hoje encontra-se o piscinão, até meados da década 50 e 60, era uma área de várzea onde o córrego Poá desaguava no Pirajuçara, e que em épocas de fortes chuvas, alguns lagos se formavam de maneira intermitente. Havia um percentual muito maior de área permeável, a urbanização ainda não tinha avançado para essa região, e os córregos adjacentes não eram canalizados.

Um pouco antes das obras do Piscinão serem iniciadas, temos esse levantamento que nos mostra o forte adensamento na área adjacente, e que se tornou uma área de comércio, serviço e residências. A área que antes era uma várzea com formação de pequenos lagos intermitentes, neste momento era tomada por pequenas edificações, e o problema com alagamentos é constante. Os córregos ao redor ainda não estão canalizados.

Aqui vemos já uma implantação do projeto executivo do Piscinão, uma obra executada pelo DAEE (Departamento de Água e Energia Elétrica) e posteriormente repassada para a Subprefeitura do Butantã. Nesta implantação notamos a retificação e canalização do Córrego Pirajuçara, e parte do córrego Poá; as edificações que ali existiam foram realocadas, e um grande “buraco de concreto” com 10m de profundidade se formaria para solucionar os problemas de alagamentos.


Fonte: Geraldo Nunes

Fonte: elaborada pela autora

Fonte: elaborada pela autora


Dados Técnicos_

MUNI

ÍPIO

MUNIC

CÍPIO

O Piscinão tem capacidade de armazenar 3 113 mil m de água, é revestido de concreto e possui aproximadamente 30 m de largura e 10 m de profundidade. Obtém um sistema de colunas e degraus de concreto que ajudam a impedir a entrada de rejeitos sólidos maiores, e também ajudam a reduzir a velocidade da água na entrada do piscinão. Possui duas bombas que retornam a água novamente para o córrego Pirajuçara. É inegável o seu grande impacto na paisagem urbana, mas que mesmo assim acaba por desempenhar a sua função juntamente com o Piscinão Sharp (mais a montante do córrego), que é a de conter os alagamentos na região. O desafio está em requalificar a paisagem, preservando a condição de retenção das águas. 735

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situação hidrológica_sem precipitação

situação hidrológica_com precipitação forte


Diagnóstico_problemas

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Área condomínio fechado Área com topografia bastante acentuada Área de proteção da Linha de Alta Tensão

Comércio, Serviços Residencial Industrial Hospital Córrego aberto Córrego fechado


Linha de Alta Tensão - Oferecem um grande impacto visual na paisagem, além de representar uma complexa barreira que atravessa as grandes cidades. Por conta da sua área de proteção obrigatória, que neste caso é de aproximadamente 40m de largura ao redor da linha, existem várias restrições quanto á construções, plantio de vegetação, usos alternativos e até mesmo quanto à a permanência à longo prazo de pessoas debaixo dessas linhas, devido ao grande potencial magnético.

Circulação Pedestres - Por haver uma concentração de comércio e serviços nesta área, há também uma intensa circulação de pedestres, e as principais rotas de circulação esbarram em alguns pontos críticos de travessia e cruzamentos. A circulação não se mostra eficaz e acaba ficando em segundo plano, assim como em muitos casos em São Paulo onde o carro é o protagonista. Além disso as calçadas são precárias e mal dimensionadas.

Hidrografia - As águas das grandes cidades como São Paulo representam até então uma problemática a ser escondida da paisagem urbana, por serem águas extremamente poluídas, com mal cheiro, muitas pessoas veem o córrego como um canal de esgoto. Por isso querem o mais distante possível. As águas de uma cidade devem ser vivenciadas, integradas ao convívio das pessoas, devem fazer parte da identidade da paisagem urbana, e não negligenciadas.

Escassez de área de lazer - Apesar da grande circulação diária de pessoas por essa área, nota-se uma carência de espaços públicos de lazer com qualidade, onde ao mesmo tempo possa servir de área para convício social, contemplação da paisagem, circulação e integração de usos diversificados. Impermeabilização do solo- Com o avanço da urbanização sobre as áreas periféricas veio também a impermeabilização do solo, bairros se formam sem um planejamento de conservação de áreas permeáveis tanto em uma macro escala como em uma escala menor, como por exemplo a falta de área permeável dentro de um lote. Espaços urbanos com perda da capacidade de absorção de água pelo solo, e que durante as chuvas direcionam suas águas diretamente para os canais centralizados de drenagem, e que por consequência sobrecarregam os córregos, intensificando alagamentos.


Objetivos_ Paisagem_

Requalificação/transformação Urbana;

da

Paisagem

- Estímulo de paisagens produtivas através da criação de Hortas Urbanas e outros usos integrados;

- Aterramento da Linha de Alta Tensão. De acordo com a AES Eletropaulo há um estudo para aterramento de linhas de alta tensão em alguns lugares mais centrais de São Paulo. Para este exercício, adotamos essa medida de aterramento no trecho mais próximo do Piscinão, tendo em vista um melhor aproveitamento da área de proteção envoltória da Linha;

Mobilidade_ - Melhoria na circulação de pedestres, adequando calçadas, criando passarelas práticas de travessia de grandes cruzamentos, e adoção de caminhos com trajetos mais diretos, levando em consideração as necessidades de locomoção na região;

- Criação de ciclovias como alternativa e estímulo de transporte não motorizado e menos poluente. Serão trajetos que se conectam com o Plano de ciclovias existente na cidade de São Paulo e Taboão da Serra;


Água_

- Melhoria na infiltração e drenagem urbana com a adoção de lagoas pluviais para retenção da água de chuva, fazendo com o que o espaço utilizado pelo Piscinão possa dar lugar a um novo uso;

- Fitorremediação como ferramenta de despoluição e tratamento das águas;

MUNI

ÍPIO MUNIC

CÍPIO

- Adoção de Jardins de chuva em alguns pontos próximos a topografias mais acentuadas, evitando sobrecarga nos córregos;

735

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V

vegetação_

- Enriquecimento arbóreo visando à recuperação da biodiversidade, a reintrodução de espécies arbóreas nativas da Mata Atlântica e a recuperação da mata ciliar adjacente aos córregos;

- Uso da vegetação para promover a saúde pública através da melhoria da qualidade do ar, atenuando os efeitos da “ilha de calor”, favorecendo a formação de barreira acústica e de ventos, além disso é comprovada a relação entre áreas verdes e o bem estar/relaxamento das pessoas;


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O Estudo_

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Nesta área existem algumas lojas e uma indústria, e como uma das formas de viabilizar este estudo, propõe-se a transformação e requalificação dessa área, realocando seus usos comerciais no mesmo lugar, criando novos espaços para investimentos e novos comércios/serviços. Adoção de um novo uso para o Piscinão Trajeto observado da circulação de pedestre Área de proteção da Linha de Alta Tensão, que após aterramento deverá ter outros usos como: plantio de vegetação, lazer, circulação, feira livre e para a criação de lagoas pluviais para reter a água excedente do córrego Pirajuçara.


O Projeto_

O projeto foi pensado com base em todos os objetivos traçados, partindo do ponto de vista ecossistêmico, levando em consideração os processos ecológicos, hidrológicos e os que resultam de atividades humanas. A intenção é de fazer com que a natureza “funcione” dentro da cidade, criando cenários onde a própria natureza possa trabalhar sozinha. Tanto na implantação, quanto na seção abaixo, é possível identificar os processos dispostos: as lagoas pluviais, os dois córregos (Poá e Pirajuçara), os caminhos e passarelas propostas e a a área do Piscinão que passou a ter uma função de paisagem mais produtiva, com a implementação de hortas urbanas. A seguir serão detalhadas todas as funções desta proposta.


Para melhor compreendermos o projetos, foram feitas divisões por camadas: -Camada da água, camada em uma cota mais baixa; -Camada da vegetação; -Camada dos caminhos de circulação, praças e usos; -Camada das Passarelas suspensas e das rampas, em um nível mais alto


Água_

Com o aterramento da Linha de Alta tensão, um novo espaço foi disponibilizado, e um dos novos usos que poderiam ser aplicados, seria a transformação da paisagem e da funcionalidade hidrológica, partindo das seguintes premissas; - Resgate da paisagem hidrológica existente anos atrás, os lagos que ali se formavam, buscando uma funcionalidade mais natural do ciclo da água; - Descentralização do sistema de drenagem existente; - Valorização das águas em meio à paisagem urbana; - Utilização de estratégias de Infraestrutura Verde;


Lagoas Pluviais

Infiltração

Escape p/ o córrego

As lagoas pluviais funcionaram como bacias de retenção, no caso deste estudo, receberão o excedente das águas do córrego Pirajuçara. Esse excedente de água será desviado para essa rede de bacias, uma conectada à outra, soque receberão água á medida a vazão vai aumentando. Caso a água atinja a capacidade máxima dessas lagoas, ela será direcionada, através de um escape, para uma outra rede de drenagem ou no próprio córrego de maneira mais lentaA água pluvial captada poderá permaneeer retida durante os eventos de precipitação de chuva, e também poderá infiltrar lentamente pelo solo.


Córregos renaturalizados A intenção principal é a de promover a recuperação e revitalização dos córregos Poá e Pirajuçara, através da descanalização e restituição da vegetação da calha, bem como o plantio de vegetação ciliar nas margens. Utilização de estrutura de gabião para melhor estruturar a vegetação em desnível, evitando a erosão nas margens. As margens poderão ter visuais e usos diferentes ao longo do percurso.

Jardin de chuva

Infiltração Escape

O jardim de chuva ou bacia de bioretenção, é uma pequena depressão topográfica, que tem a função de coletar e tratar o excedente das águas de chuva, infiltrá-las no solo ou encaminhá-las lentamente para drenagem. Os jardins de chuva estão localizados em meio a vegetação, em áreas que recebem grande quantidade de água que é escoada de topografias mais acentuadas.


Vegetação

Serão plantadas diversas espécies da Mata Atlântica capazes de tolerar competição e os níveis de estresse ambiental. O objetivo é recuperar a vegetação nativa existente e promover o enriquecimento da biodiversidade e a capacidade resiliência dos ecossistemas naturais, através do enriquecimento arbóreo, uso de plantas para fitorremediação e cultivo de Hortas.


O espaço onde antes era designado para o piscinão, na nova proposta deverá ser transformado em uma paisagem produtiva de Hortas Urbanas. Este novo espaço será estruturado a partir do uso da terra que será retirada para criação das Lagoas Pluviais. Ou seja, uma grande parte da área do piscinão será aterrada, e a partir daí serão criados patamares com no máximo 50 cm de altura de degrau de um patamar para outro. Sobre esses patamares as hortas serão cultivadas com o envolvimento da população, serão cultivos abertos e comunitários. Haverá ainda um pequeno desvio de água do córrego Pirajuçara, que passará pelo meio desses patamares e do cultivo, como que permeado o espaço de maneira mais lenta. Essas águas terão tratamento através de fitorremediação e ao final, assim como vemos na ilustração ao lado, essas águas poderão ser divididas: uma parte irá voltar para o córrego Pirajuçara e a outra poderá eventualmente escoar através de um sistema de degraus em concreto até se acumular em uma espécie de reservatório secundário. Neste ponto poderá haver integração das pessoas com a água. Quando o nível deste reservatório secundário atingir sua capacidade máxima, poderá ser “devolvido” ao córrego através da bomba do antigo Piscinão que ali permanecerá até mesmo como um museu à céu aberto da estrutura anterior.

Esquema ilustrativos de tratamento de água através de Fitorremediação com plantas aquáticas flutuantes. Utilização de espécies macrófitas em canais rasos.


Vegetação_espécies

Ipê Amarelo Androanthus Albus Foto: Nestor Mariani

Jequitibá Cariniana Legalis Foto: Ricardo Cardim

Pau-ferro Cesalpinia Leiostachya foto: Ricardo Cardim

Bromélia Alcantarea Imperialis Foto: Ken Woods

Orquídea Orchidaceae Foto: Kathia Mello


Quaresmeira Tibouchina Granulosa foto: Dora Santoro

Palmito Juçara Euterpe Edulis Foto: Ricardo Cardim

EmbaĂşba Cecropia Angustifolia Foto: Ricardo cardim

Sibipiruna Caesalpina Pluviosa foto: Ricardo Cardim

Paineira Ceiba Specisa Foto: Ricardo Cardim

Cambuci Campomanesia Phaea Foto: Ricardo cardim


Caminhos_

Como forma de atender a demanda de circulação e a necessidade de trajetos das pessoas, foram traçados os caminhos que possuem linhas orgânicas e que são multidirecionais, de forma que o pedestre possa se conectar ao seu destino de maneira mais prática, e ao mesmo tempo contemplar e interagir com a natureza e todos os seus processos. O material desses caminhos é formado a partir de pisos drenantes, com blocos intertravados, que possibilitam uma maior permeabilidade no solo. Os caminhos passam por todas as funções, margeando o córrego ou as lagoas pluviais, os jardins de chuva e vegetação mais e menos adensada, É importante ressaltar que os trechos principais possuem espaçamento para ciclistas e pedestres.


Usos_

Também presentes nessa “camada”, alguns elementos construtivos cobertos, espécie de quiosques que estão localizados em áreas estratégias visuais e de circulação. Deverão abrigar estruturas de usos diversos como: sanitários, locais para refeição, espaços de estar coletivo e edificações de apoio de atividades. Essas estruturas possuirão coberturas com painéis triangulares capazes de captar luz solar e transformá-la em energia a ser utilizada no próprio local.

Este espaço em cinza mais escuro da ilustração ao lado, deverá ser um espaço com a função de abrigar Feiras Livres que hoje acontencem na rua ao lado.


Passarela_ Para as passarelas também foi levada em consideração as necessidades e trajetos que as pessoas fazem no local, tanto para acessar serviços, comércio e residencias, como também para acessar os pontos de onibus espalhados nesta área. E como forma de atenuar as dificuldades de travessia das grandes avenidas ali localizadas, as passarelas acabaram por ser a melhor opção de acesso. Serão rampas com declividades suaves, e que terão no máximo 300 m de percurso na sua maior distância. Como estímulo para utlização das passarelas, o pedestre terá a vatagem de poder desfrutar de vistas interessantes e contemplação de diferentes ângulos dessa nova paisagem: próximo á copa das árvores, por cima das lagoas pluviais e córregos, visões mais abrangentes da cidade, das hortas e do entorno.


Abaixo, observamos quais foram as referências que inspiraram a concepção dessas passarelas


Conclusão

Este exercício de projeto desenvolvido aqui, promove a ideia de que é possível a transformação de paisagens hidrológicas através de elementos da infraestrutura verde. E mais iportante, muitos dos elementos exercitados zpodem muito bem servirem de modelo a ser propagado e aplicado em outras áreas, outras situações hidrológicas e ecológicas, outras paisagens. Sempre mantendo as funções de proteção e revitalização dos sistemas ambientais. A ideia de que a infraestrutura verde deve funcionar com uma rede descentralizada e integradora de espaços deve ser reforçada em cada projeto ou intervenção, seja ela em qualquer escala.


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