JOSÉ MANUEL PEREIRA
Em 2009 a revista October colocava em discussão as repercussões que a crise económica de 2008 tivera no mundo da arte e convocava o apuramento de estratégias alternativas num alinhamento de questões formuladas, por três ilustres académicos, em artigos publicados sob o tema “Recessional Aesthetics?”. Esta reflexão correspondia a uma generalizada e secreta expectativa sobre a possibilidade de um renovado foco na arte, por parte dos artistas, em período recessivo. Se bem que à margem desta discussão especializada e muito distante do seu epifenómeno podem, no trabalho agora apresentado por José Pereira, identificar-se afinidades causais circunstanciais. Aparentando uma inflexão no seu percurso profissional e criativo como designer, o encerramento da oficina de produção de protótipos em 2012, determinou um novo olhar sobre a matéria-prima remanescente – madeira e derivados - e sobre o potencial expressivo dos meios de intervenção mecânica que a apetrechavam. Desaparecem as superfícies lacadas que estruturavam as peças de mobiliário projectadas e as portas ou tampos revestidos com bordado tradicional cedem lugar a painéis autónomos de configuração irregular, rudemente texturados, segundo estruturas ortogonais, racionais, maioritariamente pintadas, libertas de preceitos de apuro técnico e acabamento esmerado, fundadas na (in)formação anteriormente sedimentada.
Outras animam-se de modo repetitivo alternado, sulcadas por traço inciso, denunciando o fascínio pela arte aborígene, desenvolvido na infância e pré-adolescência passadas em Canberra, na Austrália, interesse expandido à expressão totémica congénere de outras latitudes. Ainda um terceiro grupo destacável, vertendo um conhecimento detido por legado familiar, ligado ao trabalho da terra e ao ofício da carpintaria tradicional, uma prática obsoleta, telúrica, de estrutura radial, solar, esmaecida, cansada, em agonia. Por último, uma peça singular, onde uma estreita tira de plano finalmente se empena em superfície, torce sobre si própria em forma de laço que encerra um compromisso, obtida por justaposição de módulos de pavimento de interior, doméstico, íntimo, secreto. Um conjunto de experimentação heterogénea, diversificada nas fontes, fragmentada, obsessiva no preenchimento da superfície e na descoberta da escrita mediada por maquinaria, num processo de arqueologia auto-identitária. Covilhã, Janeiro de 2016 Luís Mouro
Capa #1 S/ título 49cm x 190cm x 2,5cm 2016
SECOND CHANCE
#2 S/ título 70cm x 150cm x 7cm 2015
#4 S/ título 53cm x 53cm x 5 cm 2015
#3 S/ título 35cm x 72cm x 4cm 2015
#5 S/ título 72cm x 90cm x 4cm 2015
#6 S/ título 150cm x 150cm x 4cm 2015
#7 S/ título 146cm x 146cm x 8cm 2016
#8 S/ título 95cm x 38cm x 4cm 2015
#9 S/ título 114cm x 36cm x 4cm 2015
#10 S/ título 78cm x 35cm x 8cm 2016
#11 S/ título 45cm x 45cm x 5cm 2015
#14 S/ título 79cm x 15cm x 15cm 2016 #12 S/ título 120cm x 15cm x 15cm 2015 (Frente)
#12 (Verso)
#13 S/ título 42cm x 97cm x 13cm 2014
#15 S/ título 160cm x 5cm x 15cm 2016
#16 S/ título 86cm x 17cm x 12cm 2015
#17 S/ título 120cm x 35cm x 15cm 2015
#18 S/ título 72cm x 35cm x 4cm 2015
#19 S/ título 103cm x 202cm x 18cm 2015
#20 S/ título 74cm x 140cm x 14cm 2014
#21 S/ título 82cm x 10cm x 10cm 2015
#22 S/ título 192cm x 15cm x 15cm 2015
#23 S/ título 72cm x 30cm x 4cm 2015
#24 S/ título 108cm x 46cm x 5cm 2015
#25 S/ título 150cm x 150cm x 4cm 2015
GALERIA TINTURARIA COVILHÃ 2016
Curso Geral de Artes na Escola Secundária Campos Melo (1984) Bacharelato em Design de Interiores e Equipamento Geral pelo IADE (1987) Licenciatura em Design de Produção Visual pelo IADE (2008) Mestrado em Design e Cultura Visual pelo IADE (2010)
Professor de Educação Visual entre 1988 a 1990 (Escola 2/3 do Tortosendo) Professor de Artes do ensino secundário desde 1991 (Escola Secundária Campos Melo) Gerente e Designer da empresa, Pendular, Design de Interiores desde 1996 até 2011 Autodidata em projetos de escultura desde 2005
Exposição Coletiva, Galeria de Turismo da Serra da Estrela, Covilhã, 1994 Exposição individual “Eco-Design, Fragmentos da indústria têxtil” Galaria Seda Purpura, Covilhã, 1998 Exposição coletiva, “Ex-alunos, actuais artistas” Antigo BNU, Covilhã, 2004 Exposição “140 anos 140 artistas” Galeria Tinturaria, Covilhã, 2008 Exposição na “Bienal de Design OPORTO Show 2010” Edifício da Alfandega, Porto, 2010 Feira 100% Design London com a Portugal Brands “We Love Portugal”, Londres, 2010 Feira Papergift 2011 na FIL “Espaço Novos Designers”, Lisboa, 2011 Exposição “Duelo das Rosas – Sensualidades” Espaço Montalto, Covilhã 2015
JOSÉ MANUEL PEREIRA SECOND CHANCE ESCULTURA