Revista Saber - Edição 2, Ano I

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Saber

Revista

Revista laboratório dos alunos de Jornalismo da FPM / Ano I - Nº 2

TCC

Três letrinhas que causam furor (ou pavor) em muitos universitários. Saiba como lidar com o Projeto de Conclusão de Curso sem estresse e se sair bem. Afinal, todo o universitário passa por isso!


editorial

Revista Saber 2ª edição Esta é a segunda edição da Revista Saber, elaborada pelos alunos do 4º ano de Jornalismo da Faculdade Prudente de Moraes. A matéria de capa trata de um tema muito importante para os universitários, o TCC – Trabalho de Conclusão de Curso. Com o TCC o estudante pode demonstrar tudo o que aprendeu no decorrer dos anos na faculdade. Ter um bom preparo, dedicação e muito ‘fôlego’ são necessários para um trabalho bem sucedido. Esta edição traz também a reportagem sobre a visita dos alunos de jornalismo da FPM para a redação da revista Carta Capital. Lá eles puderam conhecer os bastidores de uma revista tão conceituada no país. Um assunto bastante atual é sobre o Novo Código de Ética Médica, que trata dos diversos temas de interesse à população, como letra ilegível dos médicos, o aborto, manipulação genética, entre outros. Você vai encontrar nesta edição uma matéria sobre o ensino à distância, que é útil para quem quer ter formação e não tem disponibilidade de tempo. Há também uma reportagem, sobre os jovens estudantes driblam o tempo e que conseguem conciliar a faculdade com a paixão pela arte. O ator Jorge Julião, que fez a travesti Lilica do polêmico filme Pixote, da década de 80 fala sobre a repercussão do filme na época e sobre o destino trágico do jovem que interpretou Pixote. O que leva pessoas, até mesmo muito jovens, a abandonar planos de carreira, faculdade, trabalho, casamento, para dedicar a vida pelo próximo, em especial aos pobres de rua? A matéria sobre a Fraternidade Toca de Assis mostra jovens que deixaram tudo para seguir a vocação. Todas as reportagens desta edição foram desenvolvidas com muito empenho, para que você, leitor, possa estar interado nos mais diversos assuntos relacionados à Educação universitária. Tenha uma ótima leitura! Cristiane Oliveira


Expediente Revista Saber Revista laboratório dos alunos do 4º ano do curso de Jornalismo da FPM Editor: Paulo Stucchi Editor assistente: Cristiane Oliveira Jornalistas Cristiane Oliveira Érica Passi Felipe Boni Geiza Graciano José Fernando Oliveira Rafael Bortoleto Tatiana Saggion Tatiane Dias Articulistas Felipe Boni, Geiza Graciano, Tatiana Saggion e Tatiane Dias Revista Saber Ano I - Edição 2 Matérias TCC: E agora? A distância que aproxima Pixote: 30 anos Novo código de ética médica Por dentro da notícia: visita à Carta Capital Uma missão pelos pobres De gole em gole


SESSテグ Rafael Bortoleto

TCC


E AGORA? Passaram-se os quatro anos de curso e, cedo ou tarde, todos os universitários de deparam com três letrinhas que, muitas vezes, causam pavor: o TCC, ou Trabalho de Conclusão de Curso.

O

Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), pré-requisito à obtenção da titulação de Licenciatura ou Bacharelado, é um trabalho acadêmico de sistematização do conhecimento sobre um objeto de estudo relacionado a temas afins ao curso de graduação escolhido. Este que pode ser realizado durante ou ao final do processo de formação acadêmica. Fernanda Romanezi, professora de Técnica de Projeto Experimental da Faculdade Prudente de Moraes (FPM), explica que, por meio do TCC, pode-se avaliar a bagagem conceitual adquirida pelo aluno durante os longos anos de aprendizado no curso universitário, uma vez que o ensino superior visa formar profissionais que, além do conhecimento específico, possam apresentar autonomia, senso investigativo, capacidade de identificação e resolução de problemas, dentre outras qualidades. Mas, se o TCC é algo corriqueiro na vida do estudante universitário (mais uma avaliação entre outras a que este é submetido durante os anos de faculdade), por que causa tanto pavor? É comum se ouvir histórias de estudantes que perdem horas e horas de sono atrás de sua escrivaninha lendo, fichando e escrevendo seu trabalho; outros, em casos mais extremos, são submetidos ao pânico e, muitas vezes, acabam abandonando seu projeto - e dando as costas à possibilidade de se diplomar. Ana Carolina Estevam da Silva, 20 anos, estudante do 3º Semestre de jornalismo, comenta, por exemplo, que tem medo de não passar na banca final do TCC porque já ouviu histórias de pessoas que foram reprovadas. Ela pensa em algo

relacionado à TV ou rádio para seu projeto. Ao ser perguntada sobre tema, ela diz que participa do Grupo Escoteiro Utu-Guaçu desde os seis anos de idade e, como tem essa identificação, pensa em algo fazer algo relacionado ao Grupo em seu TCC. “Não sei ainda o que, mas quero fazer algo voltado para o Grupo”, disse. Mônica Seixas, 23 anos, trabalha como jornalista no jornal Periscópio de Itu. Ela escolheu fazer seu TCC com um tema social. Mas sua história é semelhante àquelas que a Ana escutou, ou seja, de pessoas que não conseguiram fazer o TCC. No caso, ela não conseguiu entregar seu TCC e conta que o problema foi a escolha do meio utilizado, ou proposto - no caso, um livro reportagem. Mônica explica como se sentiu ao não conseguir concluir seu trabalho. “Eu estava num momento emocional muito ruim devido um problema pessoal e, pior ainda, foi minha escolha querer fazer tudo sozinha. Acredito que esse foi o meu principal erro”, disse. Ela fala da sensação de fracasso que teve quando foi à faculdade para trancar sua matrícula. “O pior é chegar na faculdade e pedir para trancar a matrícula e depois disso contar para os meus pais.” Hoje, Mônica é aluna bolsista, conta com o PROUNI (Programa Universidade para Todos). Ela veio de família pobre e o sonho de se formar não era somente dela, e sim de toda a sua família. A jovem não desistiu e vai tentar fazer seu TCC neste ano. Mas, agora, com um grupo de cinco colegas e o veículo escolhido foi a TV. “Agora o produto final vai ficar show, eu acredito”, declara


tcc: e agora?

com muito entusiasmo. Trabalho exigente

Portas abertas

Assim como o TCC é uma grande chance de aumentar seu network (Rede de Re O TCC exige do estudante a compelacionamentos), é também uma chance de altência de empregar os saberes assimilados ao cançar um emprego melhor. longo de seu curso apontando uma contribuição O TCC precisa deixar de ser visto como efetiva no avanço científico referente ao curso uma atividade acadêmica, mas, sim como um ou carreira que escolheu. projeto de vida, uma coisa prática, para a vida A elaboração do TCC não se trata apeprofissional. nas do cumprimento de uma norma burocráti A seleção do tema é o núcleo do sucesso ca, mas deve ser encarada escrita de um TCC e da com muita dedicação, deve ser tratada de acorautonomia e responsado com sua importânA elaboração do TCC bilidade. Bons TCCs cia. É, provavelmente, o podem impulsionar uma principal elemento do não se trata apenas do carreira acadêmica, dantrabalho, já que funciocumprimento de uma do origem a futuros mesna como base fundadora norma burocrática, mas trados e doutorados. para todo o restante. Sem Marilha Monum tema, não é possível deve ser encarada com teiro, 20 anos, estudanselecionar bibliografias, muita dedicação, te de Jornalismo, já está nem qualquer outra fase autonomia e pensando no seu TCC, da escrita. apesar de não se formar Você deve considerar responsabilidade. este ano. Ela quer fazer o tema para uma moalgo sobre Fotojornalisnografia que fornecerá a mo; gostaria, inclusive, oportunidade de sintetide fazer um curso de Fotografia. zar suas experiências e características pessoais A princípio, deseja fazer o TCC sozinha. de modo coerente. Mas há aluno que não gosta de sofrer por antecipação. Esse é o caso da estudante de Acertei na escolha do TCC? Jornalismo Jaqueline Sevilha, 19 anos. “O TCC não causa nada em mim. Afinal, tenho mais dois Algumas perguntas podem ser feitas anos e meio para decidir isso”, fala. para verificar se você fez uma boa escolha do Marisa Telo, professora na Área de Cotema como, por exemplo, se existe bibliografia municação e Produção de Texto, explica. “O suficiente para a realização do trabalho. TCC começa quando você assiste à primeira Outro questionamento é se você está aula. Você já tem que começar a pensar no tema, certo de que pode responder à pergunta e prosempre direcionado ao que mais se identifica.” blema central de seu TCC e se conseguirá pren Ela conta o caso do seu marido, que fez der o interesse dos leitores em seu trabalho. um curso para se formar um tecnólogo com du Além disso, a afinidade e identificação ração de dois anos. No caso, foi necessário decom o tema e a escolha de um bom orientador é senvolver um PCC (Projeto de Conclusão de fundamental para o sucesso do projeto final. Curso) e o resultado foi uma possibilidade no Já imaginou trabalhar fazendo o que mercado de trabalho. Ele montou sua empresa não gosta e ainda ter um chefe com o qual você embasado no seu Projeto de Conclusão de Curnão tem a menor empatia? O resultado não será so (PCC) e trabalha nisso até hoje. positivo.


Elias Libiano: projeto com objetivo de aplicação prática Como fazer um TCC? Elias Aparecido Libanio, 30 anos, e Ivan Fernando de Moura Scaravelli, 20 anos, estudantes de Administração de Empresas do 7º semestre da FPM contam como está sendo a experiência de desenvolver o TCC. Os dois fazem parte de um grupo que hoje conta com quatro colegas: Elias Libanio, Ivan Scaravelli, João Benedeti e Paulo Campos. No início, o grupo contava com mais dois colegas - Rodrigo Henrique de Oliveira que, por motivos pessoais, precisou trancar a matrícula, e Eliane Rabelo, que escolheu ir para outro grupo. Elias conta que, para ele, o TCC é “uma realização, ou melhor, a conclusão de um processo de aprendizado”. Ivan fala que o trabalho de conclusão deles é sobre como desenvolver um projeto que auxilia uma empresa não-governamental. No caso, a empresa escolhida foi a Rede de Supermercados Alvorada porque eles estudaram com um dos donos, Thiaguinho, como eles o chamam, e isso facilitou o contato. “Assim, a ideia é fazer algo voltado para a questão ambiental. Por exemplo, na cidade de Indaiatuba, interior de São Paulo, existe um mercado da rede Pão de Açúcar que é 100% ambientalmente responsável”, continua Ivan. “No começo, tudo é complicado, mas com esforço e dedicação, as coisas ficam mais fáceis.” Sinergia, conhecimento, talento individual; tudo isso tem que ser levado em conta na

hora da escolha do grupo. “No grupo cada um sabe o que faz”, diz Ivan. Dentro de um cronograma ideal, os alunos devem desenvolver, no primeiro semestre, o planejamento; já no segundo, dedicar-se à execução. O produto, no caso do grupo de Ivan, é a proposta. Elias comenta: “Tudo começa com você tendo sua equipe. Veja pelo nosso grupo; os caras seguram a barra, é a equipe.” Em uma sala que contava com aproximadamente 80 pessoas, o grupo foi formado já no primeiro ano. Elias define o primeiro ano de faculdade como “o ano da confirmação, no qual duvidas surgem a todo momento e muitos deixam o curso, vão para outras áreas; outros vão para outras faculdades”. E continua: “No começo a palavra TCC dá um medo sim, mas a preocupação não faz sentido, porque a faculdade vai lhe proporcionar conhecimentos para você desenvolver o conteúdo do trabalho. Hoje, no quarto ano, vejo que o projeto se desenvolve tranquilamente, sem medo de errar. Claro, com a orientação dos professores.” O TCC pode dar certo? Paula Bordini Micai, professora de Mar-keting e Mídia da FPM, enxerga o TCC como uma oportunidade de desenvolver de forma acadêmica um trabalho que pode se tornar sua profissão. Esse é o seu caso de quem, já na faculdade, almeja montar sua própria agência de publicidade, realidade que ela mesma, cinco anos após ter se formado na FPM, concretizou montando a Comunic. Seu TCC foi uma campanha publicitária para a empresa Padovani, cliente da sua agência hoje. Outro exemplo, agora na área do Jornalismo, é Emerson Neves, 28 anos, analista de Comunicação Corporativa do Grupo Petrópolis. Ele é graduado em Comunicação Social, com habilitação em Jornalismo pela FPM, e pósgraduado em Gestão da Comunicação Empresarial pelo Instituto Prudente de Moraes, e expõe sua opinião sobre o TCC. “Já passei duas vezes pela experiência de desenvolver um trabalho de conclusão de curso. A primeira foi na graduação


tcc: e agora?

de Jornalismo e a segunda na pós-graduação de Comunicação Empresarial”. Emerson conta que, em ambos TCCs, procurou escolher um tema que fosse útil para a situação profissional que estava vivendo na época pois, além de aprofundar melhor na área, é uma oportunidade de aplicar conhecimentos do estudo no dia a dia. Emerson conta ainda como sempre foi apaixonado por comunicação interna, apesar de na época ter trabalhado somente em jornais impressos - no caso, em 2003 (graduação). Ele escolheu junto com outras duas colegas de classe desenvolver uma nova ferramenta para a Cervejaria Petrópolis. Na ocasião, produziram um jornal interno, cujo nome era O Cervejeiro. Durante a realização desse trabalho teve a certeza de que a Comunicação Empresarial era uma área em que deveria se aprofundar e buscar oportunidades no mercado de trabalho. Passados alguns anos, trabalhou com alguns “freelas” em assessoria e conseguiu uma vaga na comunicação interna da cervejaria. Lá, ele constatou que o jornal ainda existia e pôde desenvolver novas ferramentas para a área. Emerson conta ainda que a sua outra experiência com o TCC também foi muito válida. Apesar de conviver com a realidade da empresa, ele nunca havia mensurado a importância dos jornais murais que desenvolvia. Assim, Emerson aproveitou essa questão para realizar o trabalho de conclusão da sua pós. “O resultado foi muito positivo, pois consegui atingir os objetivos esperados pelos professores que me avaliaram e ainda pude otimizar os murais, que hoje atingem os funcionários com muito mais eficácia do que antes”, explica. Mas Emerson confessa que, num primeiro momento, o TCC sempre deixa os alunos de cabelos em pé, pois exige muita leitura, pesquisa e tempo, que é o maior problema para os jovens que trabalham o dia todo a fim de custear a faculdade. “Porém, ao escolher o tema e definir uma estrutura, o trabalho começa a ganhar forma e a fluir naturalmente”, disse. O jornalista deixa um conselho: “O que não se pode fazer é transformar o TCC em seu inimigo e deixá-lo esquecido na gaveta, uma vez que não será finalizado sozinho”. E conclui: “Só

Ivan: grupo montado no primeiro ano de ADM e confiança no TCC

“No começo a palavra TCC dá um medo sim, mas a preocupação não faz sentido, porque a faculdade vai lhe proporcionar conhecimentos para você desenvolver o conteúdo do trabalho. Hoje, no quarto ano, vejo que o projeto se desenvolve tranquilamente, sem medo de errar. Claro, com a orientação dos professores”. depende de você.” Outro aspecto levantado por Emerson, para a realização de um bom TCC é frequentar assiduamente as reuniões com o orientador e aproveitar esse momento para “sugar” todo o conhecimento do mesmo e a sua experiência na área estudada. Ele lembra que o trabalho não é do orientador, e, portanto, não está certo esperar ser cobrado e sim ir atrás do professor e aproveitar esse tempo oferecido para a construção de um bom trabalho. Emerson finaliza: “o TCC não deve ser visto como um problema e sim como um desafio, tanto para nossa vida acadêmica como para a profissional.” Agora, boa sorte! Bom TCC!


artigo

O rinoceronte na sala de aula Por Felipe Boni*

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memória, a socialização, a disciplina interior, m 20 de agosto a humanização, o respeito, a sensibilidade, do ano passado entre outras habilidades, conforme comprofoi aprovado pelo vam as pesquisas de especialistas de diversas presidente Lula o proáreas sobre os benefícios que a música posjeto de Lei nº 11.769, sui. que altera o artigo 26 da E se, no Brasil, o ensino musical será Lei de Diretrizes e Basobrigatório é porque esta arte tem grande es da Educação (LDB) potencial educativo para contribuir na fornº 9.394/96 e torna mação integral de crianças e adolescentes obrigatório, mas não exclusivo, o ensino de neste país. música na educação básica, que engloba o Sendo a música uma ensino infantil, fundadisciplina complexa, mental e médio. Educação Musical não é Na LDB anterior, cantar uma música com os que abrange teoria e prática de execução, constava apenas o ensino alunos nas datas comemoradeve ser ensinada geral de artes, sem detertivas ou cantar diariamente unicamente por pesminar o conteúdo, que podia ser dança, música, o Hino Nacional. Tampouco soas qualificadas para isso, caso contrário, teatro ou artes visuais. é acrescentar doses hoo conteúdo tende a Agora, a música é o únimeopáticas à disciplina de ficar superficial. co conteúdo obrigatório, E, é uma mas sem excluir as de- Educação Artística somente ilusão considerar que mais artes. O prazo para para cumprir a LDB. o professor de artes os sistemas educacionais em geral seja igualse adaptarem à regra vai mente eficiente em todas as disciplinas. até 2011, mas não especifica como esse con Para tanto, o educador musical tem teúdo será aplicado. E, é aí que mora o perique ter ouvidos abertos, sensibilidade aguçago. Afinal, como a música deve ser ensinada da e criatividade para fazer e vivenciar músie quem deve ensinar música? ca com seus alunos. Somente assim a imple Educação Musical não é cantar uma mentação da educação musical alcançará música com os alunos nas datas comemora100% de eficácia nos resultados formativos e tivas ou cantar diariamente o Hino Nacional. trará sua melhor contribuição para a educaTampouco é acrescentar doses homeopáticas ção no Brasil. à disciplina de Educação Artística somente para cumprir a LDB. Ensinar música vai muito além. Se * Felipe Boni é formado em Música pelo Conensinada de forma lúdica e com entusiservatório Dramático e Musical “Dr. Carlos de asmo, a música estimula áreas do cérebro, Campos” de Tatuí/SP e estudante de Comunicaaguça a percepção, desenvolve o raciocínio, ção Social - Jornalismo da FPM. a coordenação motora, a concentração, a


A distância que aproxima

Tatiane Dias

A distância que aproxima

O ensino à distância é uma das alternativas para quem quer prosseguir nos estudos e não tem muito tempo disponível.

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uem nasceu em meados de 80 provavelmente se lembra do famoso jingle “O Instituto Universal vai até você” exibido na televisão e também das fotonovelas que vinham na revista de divulgação dos cursos do Instituto que é um dos pioneiros em ensino à distância no país. Desde 1960, atuam com cursos supletivos, técnicos e profissionalizantes como corte e costura, mestre de obras, eletrônica de rádio e TV, entre outros, por meio de material impresso distribuído via correio. O aluno estuda pelas apostilas e quando se sente preparado solicita a realização das provas nos centros de ensino do Instituto e se obtiver um bom desempenho, recebe o certificado em casa. Mesmo com a expansão da Internet, o método de ensino continua sendo exclusivamente por impressos, sendo a Web reservada ao contato, divulgação e discussão através do site, do fórum, do twitter e do blog. Um outro ensino muito conhecido e amplamente difundido no Brasil é o Telecurso que, como o nome já remete, utiliza os recursos televisivos na instrução de 1º e 2º graus - hoje chamado de Ensino Fundamental e Médio. Criado em janeiro de 1978 pela Fundação Roberto Marinho em parceria com a Fundação Padre Anchieta, mantenedora da TV Cultura de São

Paulo. Consecutivamente vieram parcerias com a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo, Fiesp, Sesi e Senai. Além da grade curricular básica do Ensino Fundamental e Médio, esse ensino, voltado a jovens e adultos, trabalha também com temas como sexualidade e saúde, segurança alimentar, empreendedorismo, entre outros. Definição de Ensino à Distância Segundo a Associação Brasileira de Ensino à Distância, Abed, muitas são as definições possíveis e apresentadas, mas há um consenso mínimo em torno da ideia de que EAD [Ensino à Distância] é a modalidade de educação em que as atividades de ensino-aprendizagem são desenvolvidas majoritariamente (e em bom número de casos, exclusivamente) sem que alunos e professores estejam presentes no mesmo lugar, na mesma hora. De acordo com o decreto nº 5.622, de 19 de dezembro de 2005, no capítulo 1 Art. 1o, “... caracteriza-se a educação a distância como modalidade educacional na qual a mediação didático-pedagógica nos processos de ensino e aprendizagem ocorre com a utilização de meios e tecnologias de informação e comunicação, com estudantes e professores desenvolvendo atividades educativas em lugares ou tempos diversos”.


Um exemplo de ensino superior à distância na região é a parceria da Faculdade Prudente de Moraes com a Universidade do Norte do Paraná, Unopar Virtual. A secretária do pólo de Itu, Ana Carolina, diz que desde dezembro de 2005 a FPM realiza essa parceria com a Unopar com a finalidade de ofertar cursos de graduação e pós-graduação. Os cursos oferecidos são Tecnologia em Processos Gerenciais, em Gestão de Recursos Humanos, em Gestão Ambiental, em Gestão Hospitalar, em Gestão da Produção Industrial, Tecnologia em Marketing, em Eventos, Letras, Pedagogia, Bacharelado em Ciências Contábeis, em Serviço Social e História e tem duração mínima de dois anos e meio à quatro anos. “Atualmente, o pólo de Itu da Unopar possui aproximadamente 400 alunos cujo perfil é composto por pessoas que não possuem tempo disponível para frequentar as aulas durante todos os dias da semana e buscam uma formação de qualidade por um preço acessível com intuito de melhorar profissionalmente. A faixa etária dos alunos do pólo é de 25 a 35 anos. Os cursos mais procurados são Pedagogia e Tecnologia em Processos Gerenciais”, conta a secretária. Ana Carolina explica também que as aulas presenciais ocorrem no pólo uma vez por semana. Os alunos assistem às teleaulas em tempo real e contam com a participação de um tutor de sala, pós-graduado e com experiência na área, para realizar atividades em sala e tirar suas dúvidas. Além das aulas presenciais os alunos realizam leituras, trabalhos e atividades através da internet e podem contar com o apoio do tutor eletrônico para tirar suas dúvidas. Liliana Pereira de Oliveira, 24 anos, auxiliar de compra e planejamento cursa o 5º semestre de Processos Gerenciais pela Unopar. Ela frequenta a FPM duas vezes por semana, nas segundas e nas quartas-feiras, e dedica quatro horas por dia aos estudos pela Internet. A estudante utiliza Internet, videoaula, livros e também a biblioteca digital - a biblioteca do pólo FPM. Liliana disse que ficou sabendo do curso à distância exatamente pelo mesmo meio que utiliza nos métodos de ensino: a Internet. “Escolhi fazer o curso à distância pelo horário das aulas. Não tenho que ir todos os dias

e é mais barato o curso. O curso em si tem a mesma matéria de um curso presencial. A diferença é que eu tenho que ler mais. Quando tenho dúvidas, tenho que acessar a Internet, perguntar para o tutor e esperar as respostas dele. Nem sempre a resposta chega na hora que eu quero, daí tenho que pesquisar para sanar minhas dúvidas. Tenho provas semestrais como em um curso normal. As provas são presenciais e online, assim como as aulas. Temos também trabalhos feitos semanalmente e que precisam ser mandado no prazo estabelecido. Caso contrário, não se consegue mandá-los mais”, conta Liliana. Pontos positivos Liliana considera que os pontos positivos do ensino à distância são a desobrigação de ir à faculdade todos os dias, ter horas livres para fazer outros cursos e reconhecimento pelo MEC. “No final do curso você pode tirar o CRA de administrador”, diz. Para ela, porém, nem tudo é vantagem nos cursos à distância. “Não ter o professor à sua disposição para sanar as dúvidas é um problema às vezes. Há muito mais trabalhos do que uma faculdade normal; você tem que ler, pesquisar e desenvolver o texto e a pesquisa tem ser mais profunda”, finaliza. Já Elizabete Marques de Souza, 40 anos, gerente de tesouraria, formou-se em processos gerenciais em 2009 e ficou sabendo do curso através de um comentário de um colega de trabalho. Optou pelo curso à distância devido a sua condição de vida. “Na fase atual de vida, casada com dois filhos pequenos, trabalhando fora o dia todo, preciso de que tudo em minha vida seja o mais flexível possível”, conta Elizabete. A gerente atribui sua promoção profissional ao estudo que pôde realizar. “O curso me ajudou a ter embasamento teórico para diversos trabalhos que, na prática, já realizava, a melhorar procedimentos, criar meios para gerenciar melhor o departamento em que trabalho, inclusive as pessoas. Assim que me formei, recebi o cargo de gerente, e acredito que, sem essa formação superior, isso não teria sido possível”, afirma.


Pixote: 30 anos José Fernando Oliveira

Pixote: 30 anos Filme ‘Pixote’ faz 30 anos de polêmica e sucesso

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o ano de 1980, a sétima arte brasileira produzia um dos filmes mais polêmicos e premiados do país. Pixote – a Lei do Mais Fraco, lançado em 1981, o filme recebeu indicações como melhor filme estrangeiro para o Globo de Ouro (1982) e ganhou três prêmios internacionais: melhor direção (Festival de Locarno, na Suíça), e melhor filme estrangeiro (Prêmio New York Film Critics Circle Awards, nos Estados Unidos) e no Festival de San Sebastian na Espanha, todos em 1981. A obra mostra a realidade da classe paupérrima e marginalizada da sociedade brasileira. Ambientado nas ruas de São Paulo, o drama exibe a rotina de jovens que vivem no meio do crime, violência e prostituição. Fernando Ramos da Silva, que interpretaria o protagonista Pixote, de 12 anos, era uma criança que vivia na miséria. Após fazer o filme, recebeu o status de estrela de primeira grandeza, não conseguiu se manter na mídia, voltou à pobreza, envolveu-se com o crime e foi morto aos 20 anos por policiais. Trinta anos depois O elenco do filme era formado por artistas renomados, como Marília Pêra, Toni Tornado, Elke Maravilha e Beatriz Segall. Porém nenhum teve tanto destaque quanto Pixote e sua

trupe. Em 2010, o filme completa 30 anos de produção e, para falar sobre essa película, a reportagem da Revista Saber foi atrás do ator Jorge Julião (51), que deu vida à jovem travesti, Lilica, de 17 anos. No filme, ela fugiria do reformatório com Pixote e outros. Julião conquistou sua personagem ao realizar vários testes e só depois de três meses que conseguiu inserir Lilica em seu currículo profissional. “Tinha 19 anos e adorei o desafio. Foi uma experiência fantástica conviver diariamente com a personagem. Todos os atores tiravam a roupa e iam para casa, mas eu continuava todo depilado, cabelos vermelhos e unhas pintadas. Isso não era fácil em 1980, pois ainda não tinham grupos punks e nem emos andando pelas ruas”, relembra. Os jovens intérpretes tiveram preparações artísticas e psicológicas antes do início das filmagens com a preparadora de elenco Fátima Toledo, que também trabalhou na recente produção “Tropa de Elite”. A cooperação dos atores veteranos também ajudou nas filmagens. “Todos tinham experiência, menos Fernando, o Pixote, é claro. Sabiam que seria importante estabelecer uma ponte com os garotos. Fazíamos exercícios juntos, brincadeiras e muita diversão. Assim, o clima ficava mais relaxado e com mais confiança”. Julião diz ainda ter contato com os meninos que participaram do filme e que


Marília Pêra (ao fundo) e Fernando Ramos, atuando como Pixote: final trágico

sempre fazem reuniões para falar da vida artística e de planos profissionais. Pixote – A Lei do Mais Fraco possui uma galeria de cenas fortes e chocantes, como a de crianças que em vez de brincarem de superheróis, encenam assaltos a bancos. Mas para o entrevistado, a cena da morte de um garoto, que, na verdade, seria o namorado de Lilica, foi a mais árdua de ser registrada. Quanto à receptividade do filme, o ator afirma que foi uma surpresa. “Ninguém esperava o sucesso. Sabíamos que estávamos fazendo algo importante, alguma denúncia social, mas o sucesso nos pegou de surpresa”. Vida imita a arte Jorge Julião estava trabalhando ao saber da morte de Fernando Ramos da Silva, em 1987. Conta que ficou emocionado e viu as dificuldades de fazer arte em um país como o Brasil. “Fernando não foi preparado para o depois. Sinto que a sua condição familiar era muito ruim e não contribuíram para o menino continuar desenvolvendo seu talento. A sua situação em ser famoso gerava muita inveja local em torno do menino”, opina. Em 1996 foi lançado o filme “Quem Matou Pixote?” que narra a história de Fernando Ramos da Silva que, após a fama volátil, não consegue mais trabalhar como ator e começa a

Julião em dois momentos: hoje (acima, à esquerda) e interpretando a travesti Lilica no filme: “Sabíamos que estávamos fazendo algo importante, alguma denúncia social, mas o sucesso nos pegou de surpresa”

cometer crimes. A reportagem repassa a pergunta-título para Julião, que declara não saber a resposta. “Não sei responder quem matou Pixote. A situação estava ruim, ele desempregado, uma família para criar e com os sonhos no chão”. Há quatro anos, o documentário “Pixote In Memorian” participou de festivais de cinema no Brasil e exibiu relatos de atores, familiares e produtores do filme de 1980. Entre eles, está novamente Jorge Julião, que hoje, é psicólogo, dá aulas para grupos da “melhor idade” e de teatro. Também é escritor de várias peças montadas e encenadas em São Paulo e Rio de Janeiro.


SESSÃO Felipe Boni

ÉTICA Novo Código de Ética Médica entra em vigor no Brasil. O documento dá nova ênfase aos direitos e deveres do médico e à relação médico-paciente


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m seus 14 capítulos e 118 artigos, o novo Código de Ética Médica objetiva melhorar a relação médico-paciente, apresentando uma adequação às questões atuais e aos avanços da medicina. Editado depois de dois anos de consulta pública e de discussão entre os conselheiros federais e regionais de medicina e representantes de entidades médicas, o novo Código de Ética insere artigos sobre reprodução humana, experiência genética e cuidados paliativos que visa a dar assistência a doentes em estado terminal. O antigo código de 1988 não citava nenhum destes assuntos. Colocado em vigor desde o último dia 13 de abril, o novo código estabelece mudanças também no que se refere à autonomia do paciente e às regras para reprodução assistida e manipulação genética. O código ainda determina o fim dos garranchos, pois proíbe os médicos de fazer receitas ilegíveis. O decreto passa a valer não apenas para médicos com contato direto com o paciente, mas também para aqueles em posição de gestão, pesquisa e ensino na área da saúde. Segundo o Conselho Federal de Medicina, o médico que infringir qualquer ponto do código poderá sofrer processo administrativo. A pena vai desde advertência em privado e advertência pública até o descredenciamento, sem que isso elimine eventual processo criminal pela falta cometida. Contribuição prática É questionável perguntar em que o novo Código de Ética Médica vai contribuir significativamente na prática. Para a farmacêutica, Heliádine Quagliato Santinon, a questão da grafia médica é um fator positivo, se realmente, for colocado em vigor pelos médicos. “A questão da ilegibilidade das prescrições e a dificuldade de encontrar o profissional médico para decifrar a letra é o que mais afeta na prática, pois gera muita insegurança ao paciente, ao profissional farmacêutico e a não adesão ao tratamento prescrito”, comenta. “O novo Código de Ética Médica dá nova ênfase a alguns tópicos já abordados no código anterior, quanto aos direitos e deveres do médico e quanto à

relação médico-paciente, e traz novas diretrizes sobre assuntos mais modernos, que são polêmicos, e pouco regulamentados em sua prática atualmente, como por exemplo, sobre pesquisas, genética, fertilização artificial e pacientes terminais”, afirma a médica Dra. Silvia Zanchetta (cursando atualmente o 2º ano de residência em Pediatria). Segundo Silvia, o novo código poderá trazer contribuições positivas, na medida em que os médicos tomem conhecimento e busquem aplicá-lo em sua prática profissional, e que sejam denunciadas aos conselhos médicos as situações de descumprimento de tais normas éticas, para que sejam tomadas as providencias necessárias. O novo código ainda reforça a previsão de cuidados paliativos no tratamento do paciente. Estes cuidados visam dar, na medida do possível, maior qualidade de vida aos pacientes, na fase terminal de suas vidas, buscando minimizar a dor física e fortalecer o apoio psicológico, priorizando que o paciente fique próximo de seus entes queridos e menos internado em hospitais. “O conceito de cuidado paliativo é bastante válido, quando bem empregado, isto é, quando se tiver definida a condição de doença terminal de um paciente. Nos faz resgatar a consciência da condição de naturalidade da vida, de temporalidade, e de fornecer o maior conforto, bem-estar e apoio possíveis nesta etapa final da vida, englobando não só o físico, mas o psíquico e o espiritual do paciente, caso ele tiver tal crença”, afirma a médica. Temas polêmicos Existem ainda muitos temas polêmicos, dentro da medicina, que estão sem resguardo do código de ética, como o aborto, por exemplo. E com o avanço da medicina e dos novos conhecimentos tecnológicos e científicos, sempre surgirão novas polêmicas e a necessidade de novas e constantes discussões para o estabelecimento da ética, declara Silvia. Saúde Pública Em entrevista sobre o novo código de ética com o médico e Secretário de Saúde de Itu,


código de ética na Medicina

Dr. Marcos Aurélio Bastos, ele disse que o ponto mais comentado entre os médicos da Secretaria de Saúde é a respeito da grafia médica e da responsabilidade pelo plantão médico. Apontou ainda que, em Itu, a Secretaria Municipal de Saúde não recebeu nenhum material ou orientação oficial a respeito do novo código até o momento, no entanto, foi criado um Conselho de Ética Médica para análise dos casos pertinentes e discussão do novo código, declara o secretário. “Não recebi também, como médico, o novo código pelo Conselho Regional de Medicina”, conclui. Fazer valer Cabe a cada cidadãopaciente fiscalizar e fazer valer o novo Código de Ética Médica. “As maiores reclamações dos pacientes referentes aos médicos são decorrentes do mau atendimento, principalmente na rede pública”, comenta a farmacêutica Heliádine Santinon. Para tanto, tomar conhecimento de seus direitos como paciente e conhecer os direitos e deveres do médico, é a melhor forma de fazer valer o novo código. Do contrário, é possível que nada ou quase nada irá mudar. Saiba mais O Novo Código de Ética Médica pode ser lido e impresso na íntegra pelo site do Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo. Acesse o site e confira: www.cremesp.org.br/library/ modulos/legislacao/versao_impressao.php?id=8822 .

Principais mudanças no Código de Ética Médica Tratamento O Médico não pode abandonar o tratamento nem quando o paciente estiver em estado terminal. No código antigo, não havia nenhuma referência sobre a continuidade do atendimento e tratamento em casos terminais. Escolhas do Paciente Os Médicos devem aceitar as escolhas do paciente. O paciente tem o direito de escolher como quer seguir o tratamento, desde que os procedimentos diagnósticos e terapêuticos sejam cientificamente reconhecidos. No código antigo, este direito não estava definido claramente no código. Relações com farmácias O médico não pode ter relação com comércios e farmácias. No código antigo, não havia nenhuma citação a respeito. Sexagem É proibido ao médico decidir ou permitir aos pais que decidam qual será o sexo do bebê fruto de reprodução assistida. No código antigo, não havia citação a respeito. Letra legível É proibido ao médico receitar, atestar ou emitir laudos de forma secreta ou ilegível, sem a devida identificação de seu número de registro no Conselho Regional de Medicina da sua jurisdição ou assinar em branco folhas de receituários, atestados, laudos ou quaisquer outros documentos médicos. Manipulação Genética Fica proibida a manipulação genética para criar seres humanos geneticamente modificados e a criação de embriões para investigação genética. No código antigo, não havia citação a respeito. Pacientes terminais Em paciente com doenças irreversíveis e terminais, o médico evitará a realização de diagnósticos e terapias que não resultem em cura, melhora do quadro clínico, alívio de dor ou aumento do conforto do paciente e proporcionará a ele todos os cuidados paliativos apropriados. No código antigo, não havia citação a respeito. Segunda opinião O paciente tem direito a uma segunda opinião e a ser encaminhado a outro médico. No código antigo, este direito não estava definido claramente. Uso de placebo É proibido ao médico manter vínculo de qualquer com pesquisas envolvendo seres humanos que usem placebo (remédio sem efeito) em seus experimentos, quando houver tratamento eficaz e efetivo para a doença pesquisada.


artigo

Medo do futuro: quem não tem? Por Tatiane Dias*

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experiência e minha observação me obrigam ma coisa é ina dizer que a fecham para muitas outras. A contestável. maioria das empresas pede experiências proTodo mundo fissionais anteriores, porém, o estágio, que tem medo de alguma seria o momento de se adquirir essas expecoisa, algum bicho ou até riências, muitas vezes é tão mal remunerado mesmo de alguém. Até que não é capaz de pagar nem a mensalidade mesmo os super-heróis da faculdade. dos quadrinhos temiam O desemprego é um fantasma que algo. Superman temia a amedronta não apenas os estudantes, mas criptonita; o Capitão Planeta, o lixo tóxico. uma grande parcela da sociedade. Que diremos nós, seres humanos mortais? O sentimento de Mas me diga qual é o medo de um O que, onde, como, por que, medo de fracassar, ter feito um investimento universitário que está quando e quem procurar malogrado ou até mesconcluindo o curso e para arrumar um emprego? mo ter errado na escoainda não conseguiu entrar no mercado de O famoso lead (que respon- lha da profissão (o que trabalho? de teoricamente às quatro acredito que ser muito difícil, pois afinal de Provavelmenperguntas básicas formulacontas são quatro anos te medo de seu futuro das na frase anterior) estupara se certificar de que profissional. O que, é isso mesmo que se onde, como, por que, dado por quatro anos pelos quando e quem pro- estudantes de jornalismo se quer) assola o pensamento do estudante. curar para arrumar um torna comum a tantos Mas para quem sabe emprego? outros estudantes de que escolheu a pro O famoso lead fissão certa, entrar no (que responde teoricadiversos cursos. mercado de trabalho mente às quatro pertorna-se uma aventura guntas básicas formulevada muito a sério. E ladas na frase anterior) que só vai acabar com a conquista do primeiestudado por quatro anos pelos estudantes ro emprego. de Jornalismo se torna comum a tantos outros estudantes de diversos cursos. O que na verdade se sente é um misTatiane Dias é aluna do último ano do Curso de to de esperança e medo de que os quatro ou Jornalismo da FPM. cinco anos de faculdade não sejam engavetados como o diploma. Ao mesmo tempo em que o curso lhe abre as portas de uma nova profissão, a minha


por dentro da notícia: visita à Carta Capital

Tatiana Saggion

Por dentro da notícia Alunos de jornalismo da FPM visitam a Carta Capital. Os estudantes foram recebidos na revista com o propósito de ampliar seus conhecimentos práticos, e conhecer mais de perto uma redação de renome.

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o dia 19 de abril, após conhecer a redação da Carta Capital, os futuros jornalistas estudantes da FPM puderam ouvir um pouco mais sobre o que é “fazer Jornalismo” numa grande revista num bate papo com Sergio Lirio, redator chefe da Carta Capital. Lirio destacou trabalhar “nadando contra a maré” aos alunos do terceiro, quinto e sétimo semestres. Assumindo uma direção contrária a dos demais veículos com os quais concorre, a Carta Capital segue uma linha editorial que expõe sua visão de mundo há mais de 15 anos. Um olhar diferente “As pessoas não devem confundir a Carta Capital. Nós não somos, nem queremos ser uma

revista alternativa. Queremos ser uma revista de informação, disputando espaço e público com todas as demais, só que com uma visão diferente”, foi como Lirio apresentou a Carta Capital, definindo-a claramente como de centro-esquerda. Segundo Lirio, o veículo de comunicação deve expressar sua opinião, tornar clara ao leitor sua posição não importa a linha que siga. “Tem que ter honestidade. Não omitir, não manipular e não distorcer os fatos. Hoje, tem opinião vendida como informação e distorção sendo vendida como verdade”, explica. Fundada em 1994 pelo jornalista Mino Carta, a Carta Capital é publicada pela Editora Confiança e tem uma periodicidade semanal que traz análise com informação. Lirio ressalta que a revista procura tratar um número menor de as-


ser seguida. “O que concordo com Lirio é que isso não precisaria ser feito durante quatro anos”, comenta. O estudante João Marcos Sarti, no terceiro ano de curso, concorda com o diploma, mas também acredita na importância de uma especialização. Lirio compara um ecoO diploma de Jornalismo nomista e um jornalista, ambos escrevendo sobre Lirio afirma ser Economia em um veículo. contra a obrigatoriedade do Segundo Lirio, para o diploma na profissão de Joreconomista fica mais fácil nalista. “O diploma prendeu aprender a técnica de reos comunicadores numa esdação e então escrever sotrutura que não é a ideal. A bre Economia do que para técnica é possível se estudar Carta Capital: orgulho assumido de ser o único o jornalista que domina a em, no máximo, um ano de título jornalístico do Brasil a ter uma postura técnica jornalística, mas faculdade. O importante é política clara não tem conhecimento ser capaz de compreender específico da área. Para o determinado assunto e não segundo caso, a experiência ser manipulado”, defende. e a vivência profissional é que vão agregar conhePara Lirio, a formação do jornalista no Brasil cimento em determinadas áreas, por isso, deve se deveria ser mais específica, ou seja, ocorrer uma especializar. reformulação na grade curricular. “Estudar mais “Faz sentido o que Lirio disse, dá para História para entender o que acontece a sua entender. Mas sou contra a queda do diploma. volta, por exemplo. Como você vai falar sobre Acho que para exercer a profissão deve ser obrio Oriente Médio se não conheceu sua história gatório, sim”, afirma Thalita Marchiori, do quinantes? Um curso de inglês durante a faculdade to semestre. E, assim, cada um defende a sua opitambém é essencial”, explica. E ainda exemplifica nião. que, na Alemanha, o currículo é aberto. “A pessoa Mas um fato curioso a ser observado monta suas aulas do jeito que quer, que lhe for é que, num total de dez jornalistas da revismais conveniente. Faria todo sentido você monta, apenas um não é formado. Ou seja, mesmo tar uma grade onde tivesse um básico e depois sendo debatida a questão, o diploma ainda faz uma especialização mais focada”, disse. a diferença. Nesse ponto a opinião do jornalista ge É claro que não somente o “canudo” rou discussões sobre o assunto. Para a maioria é que importa na hora da seleção, mas sim o dos estudantes, futuros profissionais da área, o todo da formação do profissional. diploma é importante, sim. A técnica de escrita Lirio enfatiza: “Se tem um ponto A e e a forma de como se expressar são fatores funalém dele você enxerga o B, e esse B tem imdamentais no processo de comunicação, por isso, portância, isso faz a diferença. Porque você devem ser estudada. tem uma visão diferente do mundo, diferente Marília Monteiro, aluna do terceiro sedos demais”. mestre, é a favor do diploma e de ter uma grade a suntos, mas oferece opinião sobre os temas com maior qualidade. Economia, Política, um pouco de Cultura e Ciência são abordados pelo veículo. Com a tiragem de 70 mil exemplares, atinge a um público limitado, porém qualificado, segundo o redator-chefe.


uma missão pelos pobres Cristiane Oliveira

Uma missão pelos pobres

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que tem vem à mente quando pensa em freira, padre ou religioso? Se a sua visão ainda está identificada com o que a TV mostra, principalmente nas novelas que os representam como pessoas velhas, fanáticas, frustradas e mal humoradas, então precisa conhecer uma casa da Fraternidade Toca de Assis, do Instituto dos Filhos e Filhas da Pobreza do Santíssimo Sacramento. A Toca de Assis é uma Fraternidade Católica, formada por religiosos - homens e mulheres - que vivem os conselhos evangélicos de pobreza, obediência e castidade. Eles têm como carisma a adoração ao Santíssimo Sacramento e cuidado com os pobres sofredores da rua.

Irmão Moisés e Irmão Fiat com seus hábitos religiosos, no estilo de São Francisco de Assis”


Na casa feminina, o que chama a atenção são os rostinhos joviais e alegres de moças vestidas com hábitos bege e marrom, velhos e simples, alguns até mesmo com rasgos, e com chinelos nos pés. Algumas usam véu, outras não, dependendo da etapa de formação em que estão. Têm os cabelos curtos, rosto lavado, sem nenhuma vaidade, apenas o sorriso estampado no rosto. Na casa masculina, os religiosos também são jovens. Usam vestimenta marrom e aqueles que já possuem votos apresentam a tonsura - corte circular na parte mais alta da cabeça, como nas fotos de São Francisco de Assis. Mas não pense que são religiosos frustrados e carrancudos: a maioria é jovem e eles gostam de alegria, música, brincadeiras, mas tudo com responsabilidade. Dedicação A boa acolhida é algo muito presente na casa, onde todos lhe dirigem cumprimento e demonstram estar felizes por você estar ali. O primeiro lugar da casa que o visitante conhece é a capela, onde fica o Santíssimo Sacramento e é feita grande parte das orações. Para entrar, você tem que deixar os calçados do lado de fora como sinal de respeito a um lugar sagrado. Na capela sempre há alguém em adoração e os religiosos se revezam de hora em hora. Cada casa da Fraternidade Toca de Assis tem uma missão específica. A casa Nossa Senhora das Dores, em Campinas, acolhe irmãos de rua enfermos que estão em fase terminal. Os moradores estão acamados, alguns têm sonda, usam fralda. A maioria não anda e nem fala, necessitando dos cuidados das irmãs para se alimentar, tomar banho, trocar fralda, fazer curativos, entre outras atenções especiais. São pessoas sofridas e totalmente dependentes. Mas nota-se que irmãs cuidam de todos com paciência e dedicação. Deixar tudo pelos pobres Carol, uma jovem postulante de 24 anos, fazia faculdade de Jornalismo em Santa Catarina antes de entrar na Toca de Assis. “Eu namorava e estudava. Mas isso não me preenchia, não era

Irmã Daniela, Carol e Irmã Suriele deixaram tudo por amor aos pobres feliz. Só quando vim para a Toca que preenchi esse vazio”, diz. O olhar de Carol transmite a serenidade de quem está feliz com sua escolha. No dia da reportagem, ela estava responsável pelo banho dos irmãos e fazia tudo com alegria. “Não me arrependo de ter deixado a faculdade. Acho que se tivesse me formado não seria tão feliz como sou hoje.” Irmã Daniela Maria também tem 24 anos e está há sete anos na Toca. Ela já é consagrada e mudou de nome quando fez os votos. Antes de entrar para a fraternidade prestou vestibular para Matemática, mas, ao conhecer a Toca de Assis, sentiu que algo a impulsionava para essa vida. “Sempre tive o propósito de adorar o Santíssimo Sacramento e cuidar dos pobres. Conheci a Toca de Assis e me identifiquei com o carisma”, afirma. Ela diz que o que a fez deixar tudo foi um profundo amor a Deus. “A gente deixa tudo por um chamado de Deus. Aí vemos que o ‘resto é palha’, como disse São Thomás.” Irmã Daniela diz que aprende muito com os pobres. “A humildade e a simplicidade dos irmãos têm muito a nos ensinar.” Quando perguntada sobre o que seria se não fosse da Toca, ela pediu ajuda para três irmãs consagradas. Com humor, uma brincou que ela seria piloto de fórmula 1, outra disse que ela seria motorista e outra brincou que ela poderia ser caminhoneira. Irmã Daniela gosta de dirigir e deu risada com as respostas. “Acho que faria algo relacionado com música”, disse.


uma missão pelos pobres

Irmão de rua com talento Outra casa da Toca de Assis é a Aliança de São José, em que os religiosos cuidam de irmãos de rua que estão em condições melhores de saúde. Nessa casa não há nenhum acamado. Um dos acolhidos, o senhor Hélcio, de 77 anos, faz trabalho artesanal com revistas. Ele faz uma espécie de canudo com as folhas e monta cestas, vasos, cofres, bandejas, porta-jóias. O formato das peças mostra a criatividade e o talento do senhor Hélcio. Para ele, as revistas não têm apenas a finalidade de leitura e informação. “A revista Veja eu levo cerca de 40 minutos para enrolar em canudinhos. Com a revista Caras levo uma hora para fazer tudo. Dá muito trabalho!”, diz, entre risos. Em outras casas da Toca de Assis também é desenvolvido os dons dos acolhidos para que possam se reintegrar à sociedade. Tenho vocação? Na casa Virgem de Israel mora a Irmã Maria da Consolação, que é da Pastoral Vocacional. Ela é formada em Psicologia e trabalhou por oito anos na área antes de se tornar religiosa. É ela quem faz um acompanhamento com as jovens que desejam ingressar no instituto durante dois anos para que conheçam o carisma da Toca de Assis e consigam descobrir sobre a sua vocação. “Os jovens hoje em dia estão muito feridos, muito machucados e querem sanar essas dores, essas

Irmã Maria da Consolação é psicóloga e orienta as jovens na sua vocação

inquietações. Muitas vezes se deslumbram com o carisma e acham que têm vocação. O acompanhamento ajuda a entender quando uma vocação é autêntica ou não, qual a motivação verdadeira dessa pessoa”, disse. Quando entra na Fraternidade a jovem passa por várias etapas até fazer a consagração com os votos perpétuos de Pobreza, Obediência e Castidade. Ao entrar, ela passa pelo Aspirantado, pelo Postulantado, Noviciado e depois à Profissão. “O mundo oferece muitas motivações. O jovem fica dividido entre responder ao chamado à vocação que o próprio Deus lhe faz e, ao mesmo tempo, abdicar das coisas prazerosas, que podem até ser boas. Mas é preciso discernir, ajudar os jovens, usando sua linguagem, a encontrar um caminho”, diz a Irmã. Irmã Suriele também mora na casa Virgem de Israel e é responsável pela parte administrativa da Toca de Assis. Ela veio do Mato Grosso do Sul e, antes de entrar na comunidade, prestou vestibular para Análise de Sistemas, Educação Física e Serviço Social. Como entrou na Toca logo depois de terminar o Ensino Médio, nem chegou a entrar na faculdade. Ela explica que a Toca de Assis vive da providência, de doações e colaboração de benfeitores e amigos. Na casa Nossa Senhora das Dores, por exemplo, chegam a gastar em torno de R$ 2000,00 para cada acolhido. “Aqui há muito gasto por causa dos remédios, da alimentação diferenciada que eles precisam. Muitas vezes, passamos apertado, tudo para cuidar bem deles.” A Fraternidade precisa de ajuda material e de trabalho voluntário, principalmente de profissionais da área da saúde. As pessoas também podem ajudar doando cobertores, roupas, alimentos, materiais de limpeza e higiene pessoal. As doações podem ser feitas nas casas da Toca de Assis ou através de depósito bancário pelo Bradesco (Agência 311-5, Conta 92225-0). Quem se interessar em conhecer mais a Fraternidade pode entrar no site www.tocadeassis.org.br para saber mais da história, do carisma e ver os endereços das casas para visita. Para fazer um acompanhamento vocacional, é só entrar em contato pelos telefones (19) 3325-4733 (para vocação masculina) e (19) 3326-6686 (vocação feminina).


Toca de Assis: o início

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Toca de Assis é uma Fraternidade Católica que foi fundada em Campinas, cidade do interior de São Paulo no ano de 1994 pelo padre Roberto Lettieri, então seminarista, que vivia uma experiência de amor no encontro com Jesus no Santíssimo Sacramento e nos pobres “irmãos de rua”, como chamava os moradores de rua. Alguns jovens, movidos pelo seu testemunho de vida, o acompanhavam, e aquele grupo foi crescendo cada vez mais. Reuniam-se aos domingos para adorarem juntos o Santíssimo Sacramento, participarem da Santa missa e cuidar dos pobres que ficavam na região central de Campinas. Mais tarde, viram a necessidade de ter uma casa para prepararem os alimentos e socorrer alguns irmãos de rua mais necessitados. Logo, alguns daqueles jovens sentiram que deveriam iniciar uma experiência de consagração e vida comunitária. Vale lembrar os primeiros, sendo eles: Irmão Alegria, Irmão Rafael e Irmão Fratelo, e entre as irmãs, Irmã Andréas e Irmã Mariana. A Toca de Assis é formada pelos religiosos, “os Filhos e Filhas da Pobreza do Santíssimo Sacramento”, Instituto de Vida Consagrada não

Padre Roberto de Assis: amor por Jesus Sacramentado o levou a se doar pelos pobres

clerical, pelos leigos, que não aspiram à vida religiosa, mas vivem o carisma, e pelos pobres acolhidos nas casas. Os leigos assumem o compromisso de servir a Fraternidade, auxiliando as Casas Fraternas em suas necessidades vivendo juntamente com os Filhos da Pobreza do Santíssimo Sacramento o carisma de adoração e cuidado aos pobres irmãos de rua.

Capelas das Casas Feminia (acima) e Masculina. Na Toca de Assis, homens e mulheres possuem suas “casas”, vivem separados, mas são unidos pela fraternidade


estudo, trabalho... e arte

Geiza Graciano

Estudo, trabalho... E ARTE! Com o tempo cada vez mais corrido e tarefas a serem cumpridas os jovens ainda arranjam um “tempinho” para se distrair. Para muitos, a arte é levada muito sério.

O

s anos passam e as responsabilidades aumentam. Trabalho e estudo tomam praticamente todo o tempo dos jovens que buscam o seu lugar ao sol. Mas, sempre sobra um tempinho para o lazer. E não é só de baladas que vive a juventude. A arte assume um papel importante na vida de muitos universitários. “Não consigo imaginar minha vida sem o Karatê e a música. Eles me trazem esperança, alegria em viver e fizeram de mim uma pessoa bem melhor, com certeza. Eles simplesmente representam a minha identidade”. É assim que Carolina Martim define a paixão pelas duas artes. A jovem trabalha como auxiliar administrativo em uma corretora de seguros, faz estágio no cartório, à noite se dedica à faculdade de Direito e, nos finais de semana, pratica os seus dois hobbies, - os quais, aliás, são levados muito a sério. A descoberta da música veio primeiro. No aniversário de um ano de idade, Carolina ganhou dois pianinhos de brinquedo que, segundo sua mãe, ela não largava. Aos quatro anos, seu pai comprou o seu primeiro teclado da marca Casio, no qual Carolina ficava treinando sem nem ao menos saber ler partitura. “Quando eu tinha oito anos minha mãe chegou para mim e perguntou: O que você gostaria de fazer? Aulas de Natação, Pintura, Violão ou Teclado? E eu sem dúvida optei por teclado; finalmente eu iria realizar meu

sonho. Lembro-me até hoje da minha primeira aula: dia 04 de março de 1996”, contou. Desde então, não parou mais. Até hoje, toca às nove horas da manhã na Missa na Matriz de Capivari, interior de São Paulo, cidade onde mora. Além disso, toca em casamentos, formaturas, festas e já chegou a fazer parte de várias bandas da cidade. A música faz parte de sua vida e Carolina ainda tem o sonho de viver com sua arte. Quando terminou o Colegial, quis se estabilizar financeiramente e ingressou no curso de Direito. Entretanto, o objetivo de sua vida é entrar para o Conservatório de Tatuí. A outra paixão Como se não bastasse dividir o seu dia a dia entre trabalho, estudo e música, Carolina ainda encontra tempo para mais uma paixão: o karatê. O hobby é levado a sério, o que possibilitou a conquista de várias medalhas. Segundo ela, as modalidades praticadas nas competições são: Kata (apresentação individual, com execução de golpes e defesas, ou seja, uma luta imaginária) e Shiai (luta corporal entre dois participantes em que cada golpe apresenta uma pontuação). Das 30 competições de que participou, em todas retornou com alguma premiação, sendo as principais: campeã paulista do interior (shiai), vice-


acima de tudo). 5- KEKI NO YU O IMASHIMURU KOTO (Conter o espírito de agressão). Do cotidiano ao papel

Carolina ao teclado: divisão entre a paixão pelo karatê e música campeã paulista (shiai), campeã e vice-campeã do Torneio da ACAK e Ccampeã da Copa Shorin Ryu de Karatê. Carolina explicou que as lutas são cansativas, principalmente quando o karateca vai vencendo, pois geralmente não tem pausas entre uma luta e outra. O momento que destaca como mais difícil foi na Final Paulista, em São Paulo, no Canindé. “Aquele torneio contava com os campeões paulistas do interior, Capital e litoral, senti dificuldade, pois conforme ganhava, mais eu lutava. Quando cheguei à final estava muito cansada, com o nariz sangrando e com dois dedos “ensacados”, e como a luta terminou empatada tivemos que reiniciá-la. No final perdi por um ponto e fiquei vice, mas valeu muito a pena, pois foi uma luta emocionante e de muito sacrifício”, relatou. Para os que desejam aprender a arte, Carolina dá a lição em japonês, chamada de DOJO KUN (Lema do Dojo), que consiste em: 1- JINKAKU KANSEI NI TSUTOMURU KOTO (Esforçar-se para a formação do caráter) 2- MAKOTO NO MICHI O MAMORU KOTO (Fidelidade para com o verdadeiro caminho da razão). 3- DO RYOKU NO SEISHIN O YASHINAU KOTO (Cultivar o intuito do esforço). 4- REIGI O OMONZURU KOTO (Respeitar

Família, amigos, cotidiano, enfim tudo o que cerca o estudante de Publicidade e Propaganda, Victor Marttins, é passado ao papel, com ajuda do grafite, em forma de mangá. A arte é um quadrinho oriental, conhecido pela expressividade e histórias ousadas. O jovem aprendeu a arte sozinho, por volta dos 15 anos de idade. “Nunca fiz nenhum curso, sempre gostei de desenhar, e copiava estilos de outros artistas, e com o tempo comecei a criar meu próprio estilo”, contou. Apesar da correria do dia a dia, sempre que há um tempo vago Victor dedica-se ao mangá. Além de desenhar também é fascinado pelas histórias em quadrinhos do gênero e indica o seu favorito: “Love Hina de Ken Akamatsu, conta a história de um rapaz que vai morar com a avó que dirige uma pensão cheia de mulheres, onde homens são proibidos. É uma comédia romântica, ele é muito desastrado e acaba passando por situações constrangedoras. A arte é do jeito que eu gosto, personagens simples com exagero nos detalhes”.

Vitor: vida universitária dividida com o amor pelo mangá (HQ japonesa) Cores e sonhos “A pintura é como uma terapia, ela tranquiliza, relaxa. É o momento em que posso me expressar, me concentrar no que quero, sem co-


estudo, trabalho... e arte

Trabalho e estudo tomam praticamente todo o tempo dos jovens que buscam o seu lugar ao sol. Mas, sempre sobra um tempinho para o lazer. branças, pois não é uma obrigação e sim, meu hobby”, disse Tammy Fernandes. Aos 21 anos, cursa o 1º ano de Administração e não deixou de lado a arte que aprendeu há quatro anos: a pintura em tela. Paisagens, pessoas, animais, objetos, desenhos, ambientes e até o abstrato são passados à tela, com um toque de criatividade, talento e muita técnica. “Para pintar em tela precisa-se de pincéis (existem vários modelos com tamanhos e funções diferentes), tinta a óleo, uma paleta para misturar as tintas, pode-se usar espátula e óleo de linhaça (usado para diluir a tinta, deixando-a mais fina, usado mais para os detalhes). Costuma-se iniciar a obra pelo fundo, seja paisagem ou objeto, sempre deixando os detalhes por último”, explicou Tammy. A jovem sempre teve interesse por desenhos e pintura em papel e decidiu fazer um curso de pintura a óleo em tela. Segundo ela, no inicio encontrou a dificuldade no manuseio dos pincéis, que aprendeu com o tempo. Além da habilidade, também é necessário aprender as técnicas de sobreposições de cores, misturas e texturas. Dedicação Todos os finais de semana, Lauren Santiago dedica ao Programa Escola da Família. Os papéis são seus instrumentos; enrolados e com auxílio de cola, eles tomam diversas formas. Esse é o quilling, a arte em papel. A arte é responsável pela permanência de Lauren na faculdade, já que se trata de um programa do Governo que auxilia o pagamento da graduação. Sempre há um tempinho É “dando um jeitinho” que a amiga de Lauren, Vanessa Claro, dedica-se às aulas de dan-

Lauren (no topo) divide seu tempo com trabalho na Escola da Família. Já Vanessa gasta energia na dança do ventre. Amigas que dividem hobbies diferentes ça do ventre. “É complicado as aulas são durante os sábados, às 15h30. No meu trabalho nós revezamos os horários aos sábados. Um sábado até às 18h (horário que fecha a loja) e outro até às 15h. Então aproveito esse dia que saio mais cedo e vou para a dança direto”, explicou. Há seis anos, Vanessa pratica dança do ventre, mas por incompatibilidade de horários teve que parar algumas vezes. Mas afirma que, enquanto puder, irá continuar, pois é com a dança que deixa o cansaço e os problemas do dia a dia de lado - além de treinar a sua concentração e memória para aperfeiçoar as suas coreografias.



artigo

Falta democracia no ensino brasileiro Por Tatiana Saggion* No Brasil o problema da Educação já virou senso comum. Afinal, todos sabem que o ensino nas escolas públicas ainda é precário e deixa muito a desejar. A população de baixa renda, sem recursos financeiros para custear o estudo dos filhos, não pode dar a eles uma educação de melhor qualidade. Os colégios particulares custam muito caro para a realidade da maioria dos brasileiros e a maior parte da população fica dependente das instituições de ensino oferecidas pelo governo ou pelo município. A criança se mantém na rede pública até por volta dos 17 anos, quando termina o Ensino Médio (isso, na melhor das hipóteses, coisa que nem sempre acontece no país, devido a muitos fatores que agora não serão debatidos, pois foge ao foco principal desse artigo). Em seguida, chega a hora de o aluno ingressar no Ensino Superior. Eis então que o fantasma da má qualidade da educação reaparece: o estudante da rede pública não possui condições de ser avaliado e aprovado numa universidade pública. Ao mesmo tempo, não tem estrutura financeira para se sustentar numa faculdade privada. Assim, os jovens carentes ficam sem opções de investir no seu futuro profissional. Os famosos cursinhos que preparam os alunos para o vestibular, também realizados pela rede privada de ensino, estão fora do alcance dessa camada da população. Como consequência, as universidades públicas têm seu quadro de alunos formado na maioria por jovens da alta sociedade e da classe média alta, que tiveram ensino de

qualidade pago por seus pais. Estes investem muito para garantir uma vaga na educação superior pública, que nesse caso é melhor, na maioria das vezes, do que a particular. Mesmo assim, se o aluno não consegue ingressar na primeira tentativa, tem condições financeiras para fazer um cursinho pré-vestibular e tentar de novo, ou então cursar uma faculdade particular. Os estudantes de escolas particulares e públicas concorrem na disputa por vagas de maneira desleal, já que os primeiros possuem um embasamento mais apurado e foram melhor preparados do que os segundos. É nesse contexto socioeconômico que é criado então um “tapa buracos” para que a realidade do aluno carente comece a mudar. Em 2004 o governo Lula implantou o Programa Universidade para Todos, o ProUni, pela Lei nº 11.096/2005. Com a finalidade de conceder bolsas parciais (50%) e integrais (100%) para estudantes de baixa renda, em cursos de graduação e também em cursos sequenciais de formação específica, o programa insere o aluno em instituições particulares de ensino superior. As instituições que participam do programa, em troca, recebem a isenção de impostos. Dessa forma, estudantes egressos da rede pública ou que foram bolsistas integrais da rede privada, podem concorrer a bolsas para cursar a tão sonhada faculdade. O programa beneficia apenas alunos com renda de até três salários mínimos por pessoa da família. Mas não são todos os jovens carentes que garantem a sua vaga. Eles passam por um processo de seleção, no qual a primeira etapa é fazer o Exame Nacional do Ensino Médio, o Enem. Os candidatos são avaliados pelo


a realidade dos estudantes brasileiros e sabe Enem (que é aplicado desde 1998 em alunos também da dimensão do problema. que concluiram ou estão concluindo o ensino Na tentativa de melhorar a realidamédio, com a finalidade de avaliar o desemde dos jovens, o governo deu mais um passo penho desses alunos) e precisam atingir uma à frente: aprovou no dia primeiro de abril a pontuação mínima para concorrer à bolproposta que assegura 50% das vagas nas unisa. Quanto maior for a nota do aluno, mais versidades públicas para alunos que saíram das chances ele tem de conseguir uma vaga. escolas públicas, sendo respeitadas também as Mais uma vez surge a dúvida: e aquecotas para negros e indígenas, de acordo com le que teve o ensino numa região do país em dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geoque o problema seja maior, onde às vezes a grafia e Estatística). escola não possui nem o Todos esses esforços necessário para receber Os estudantes de escolas melhoram o quadro os alunos, como carteiras, infraestrutura? Será particulares e públicas con- da educação no Brasil, que recebeu tratamento correm na disputa por vagas mas são medidas para a contenção, para conigual ao que teria numa de maneira desleal, já que tornar os problemas e escola da cidade grande? os primeiros possuem um não a solução. Se esAssim, como podemos comparar pública e priembasamento mais apura- ses projetos não forem vada, também podemos do, foram melhores prepara- adiante, ou seja, se um dia deixarem de existir, comparar as públicas dos do que os segundos. É tudo piora, volta à estaentre si; escolas de um nesse contexto socioeconôca zero, se nada de mais município e de outro, de concreto for feito. uma região mais pobre, mico que é criado então um O governo teria que e outra mais desenvol“tapa buracos” para que a melhorar a Educação vida economicamente. realidade do aluno carente desde o primeiro ano Refletindo socomece a mudar. de estudo da criança, bre o assunto, podemos investir em qualidade, perceber que o probleem capacitação dos proma foi remediado, e não fessores, remunerá-los melhor; enfim, tomar solucionado pelo governo. iniciativas que demorem mais tempo e exijam Temos que admitir que um primeiro muito mais recursos e dedicação por parte dos passo já foi dado quando o ProUni foi imgovernantes, mas que também trariam a verplantado, mas só isso não resolve toda a sidadeira democratização na Educação do povo tuação pois, como já foi dito antes, não são brasileiro. todos os estudantes que conseguem o benefício do governo. Recentemente, também apaTatiata Saggion é aluna no 7º semestre do curso receram na mídia escândalos relacionados ao de Jornalismo da FPM ProUni, com casos em que jovens mais abastados foram contemplados com a bolsa. O Ministério da Educação (MEC) conhece


de gole em gole Érica Passi

DE GOLE EM GOLE

Além dos livros, trabalhos e estudos, a vida universitária também é feita de barzinhos e festas. Mas esse cotidiano pode esconder um sério problema: o vício e o uso de drogas lícitas e ilícitas.

Festas e rodas de amigos regadas a cerveja. Cotidiano da vida universitária pode esconder problemas como vício em álcool e drogas

S

egundo a Organização Mundial da Saúde, droga é toda a substância que, introduzida em um organismo vivo, pode modificar uma ou mais de suas funções. É entendida também como o nome genérico de substâncias químicas, naturais ou sintéticas, que podem causar danos

físicos e psicológicos a seu consumidor. Seu uso constante pode levá-lo à mudança de comportamento e à criação de uma dependência e um desejo compulsivo de usar a droga regularmente, ao mesmo tempo em que o usuário passa a apresentar problemas orgânicos decorrentes de sua falta.


Existem as drogas licitas e ilícitas. As lícitas são aquelas legalizadas, produzidas e comercializadas livremente e que são aceitas pela sociedade; os dois principais exemplos de drogas lícitas são o cigarro e o álcool. Há também os anorexígenos (moderadores de apetite), benzodiazepínicos (remédios utilizados para reduzir a ansiedade) etc. Drogas ilícitas são toda e qualquer substância proibida por lei. Como no caso a cocaína, a maconha, o crack, a heroína etc. São drogas cuja comercialização é proibida pela legislação e, além disso, não são aceitas pela sociedade. Droga como um comércio atrativo Hoje não é difícil encontrar um boteco ou barzinho nas imediações das universidades. Esses estabelecimentos atraem jovens que acabam ingerindo o álcool antes mesmo de entrar nas faculdades. B.S., como prefere ser chamado, é um típico estudante que, antes de entrar na faculdade, prefere dar uma paradinha no bar próximo. “Depois de um dia desgastante gosto de tomar uma cervejinha para ficar mais tranquilo”, diz. Mas esse não é o único caso. Muitos estudantes saem mais cedo da faculdade para poder beber. Na sexta-feira, os bares normalmente ficam lotados de estudantes que faltam à aula ou saem mais cedo. “Sexta-feira é dia internacional da cerveja, não tem como escapar”, diz o jovem estudante de Publicidade que, quando entrevistado, estava rodeado de amigos e bebidas alcoólicas. Porém, o álcool não é a única droga presente na vida desses universitários. Muitos também fumam cigarro e até mesmo a maconha. Com receio de se identificar, a estudante afirma que faz uso de algumas drogas e não acha que possa ser prejudicada. “Eu bebo, fumo cigarro e às vezes maconha. Não acho que isso me prejudique na faculdade ou na sociedade. Sei quando e onde devo usar, faço isso há muito tempo e nunca me prejudicou. Há tantas coisas mais importantes para se preocupar, como a violência. Por que uma pessoa que não faz mal a ninguém é discriminada por fumar?”, desabafa a estudante. Mas não é isso que mostra as pesquisas realizadas pelo Grupo de Estudos de Álcool e Drogas (Grea) do Hospital das Clínicas. O pen-

samento abstrato pode prejudicar o desempenho de atividades que exigem atenção e concentração, como estudar e dirigir, além de seu uso contínuo poder ainda despertar ou agravar doenças psíquicas, além de causar a perda da capacidade de percepção do espaço e da memória de curto prazo. Muitos jovens e universitários abusam das drogas, desde bebidas alcoólicas até drogas mais prejudiciais a saúde. Cleiton é estudante de Publicidade e Propaganda e afirma que, entre outras drogas que já experimentou, a que mais faz uso é o ecstasy, uma droga sintética que muitos já conhecem por ser muito consumida em festas e reves. “Curto muito balada e raves, e tomo ecstasy pois com ele a sensação é bem melhor. Tenho muitos amigos que usam também e não vejo nenhum problema nisso”, afirma. Mas o efeito real do ecstasy passa distante da descrição de Cleiton. Entre os efeitos imediatos da droga estão taquicardia, aumento da pressão sanguínea, secura da boca, diminuição do apetite, dilatação das pupilas, dificuldade em caminhar, reflexos exaltados, vontade de urinar, tremores, transpiração, câimbras ou dores musculares. Diga não às drogas Apesar de campanhas e da proibição dessas drogas, elas ainda são muitos usadas e comercializadas, abrindo outra questão que reflete em toda a sociedade: a violência. As drogas prejudicam a desenvolvimento social clínico. Os Narcóticos Anônimos é uma sociedade sem fins lucrativos de homens ou mulheres para quem as drogas se tornaram um problema maior. Os participantes são adictos em recuperação e reúnem-se regularmente para ajudar uns aos outros a se manter afastados das drogas. Atualmente, os Narcóticos Anônimos, ou NA, estão presentes em 120 países, sendo que no Brasil existem aproximadamente 800 grupos de recuperação.Quatro deles podem ser encontrados nos seguintes endereços da cidade: Grupo Reviver – Rua Graciano Geribelo, 252 (1º andar) – bairro Alto; Grupo Bem Estar – Capela Santo Antonio – Padre Bento; Grupo Esperança – Praça do Carmo – ao lado da Igreja do Carmo; Grupo Um Novo Caminho - Igreja São Francisco de Assis, s/nº - Portal do Éden.


o dia do desafio voltou na fpm Rafael Bortoleto

O Dia do desafio voltou na FPM No dia 19 de maio, na Faculdade Prudente de Moraes, o evento, que volta após cinco anos, teve a abertura com a palestra do Jornalista e Doutor em Psicologia da Criatividade, Celso Falashi.

Celso Falaschi durante palestra aos alunos de Jornalismo da FPM

O

Dia do desafio; um evento que exige disponibilidade e participação dos alunos voltou a ser realizado após cinco anos entre os alunos do curso de Jornalismo da FPM. O objetivo do projeto foi desenvolver uma atividade que proporcionasse aos estudantes a realidade do mercado de trabalho. Os alunos foram divididos em oito grupos, dois de rádio, dois de televisão, dois impresso, um de on-line e um de assessoria de imprensa. Os trabalhos foram avaliados e receberam notas dos professores que foram responsáveis pela execução da atividade. Segundo o coordenador do curso de jornalismo da Faculdade, Paulo Stucchi, “o maior valor foi a total entrega dos alunos.” O evento funcionou da seguinte maneira: primeiro, aconteceu a palestra com o

jornalista Celso Falaschi; terminada a palestra, os alunos foram divididos em grupos e sobre a coordenação do professor Ricardo Bizetto, que ficou responsável pela organização do evento, e puderam realizar as perguntas ao palestrante durante uma coletiva de imprensa de 20 minutos. Na palestra, Falaschi falou sobre temas como a queda da obrigatoriedade do diploma de Jornalismo para exercer a profissão, - assunto sobre o qual mostrou-se contra - e ressaltou a necessidade de uma formação sólida e específica para atuar como profissional no campo da informação. Citou, como exemplo, uma pesquisa feita nos Estados Unidos na qual se constatou que 95% dos profissionais que atuavam nos veículos de comunicação possuíam graduação em Jornalismo, mesmo sendo um país onde o diploma não é obrigatório para desempenhar a profissão. O palestrante convidou também os


Alunos no estúdio de TV: mão na massa e uma hora e meia para produzir programa alunos a refletirem sobre a qualidade dos textos jornalísticos nas últimas décadas, incentivando-os a desenvolver textos mais criativos e aprofundados, desprendendo-se da estrutura padronizada do lead. Celso pôde ainda apresentar o curso de Pós-Graduação em Jornalismo Literário que vem desenvolvendo com o objetivo de requalificação do profissional jornalista, procurando ajudá-lo a redigir melhor por meio da técnica de texto jornalístico narrativo ou literário. Ao final da palestra, Falaschi pregou a continuidade do jornal impresso pelo menos ainda neste século. Disse que jornalista tem que ter o desejo de mudar o mundo e de melhorar a cultura da sociedade através de textos jornalísticos de qualidade.

Produção de press releases e matérias para online fizeram parte das atividades

Celso Falaschi foi também Diretor do Sindicato de Jornalistas Profissionais do Estado de São Paulo e fiscal do MEC para cursos de Jornalismo no Brasil. Atualmente é membro da Academia Brasileira de Educação e Jornalismo Literário, onde leciona como professor do curso de Pós-graduação em Jornalismo Literário. Para a aluna do 7º Semestre, Tatiana Saggion, 27, o Dia do Desafio foi ótimo, “porque simulou um ambiente de trabalho real, ou seja, o que iremos enfrentar quando entrarmos no mercado. Além de termos de trabalhar com pessoas que não tínhamos contato, pois os grupos foram montados mesclando alunos de todos os semestres, também não escolhemos o veículo, aceitando o desafio. A pressão de produzir em uma única noite e em tempo real foi o mais desafiador”, disse.

Depois do roteiro, gravação do programa de rádio. Nota? Dez


artigo

Só sei na teoria Por Geiza Graciano*

D

iploma na mão, fim da faculdade, um mercado aberto para explorar, mas falta a capacidade de se expressar e ser crítico. Muita teoria é ensinada e na hora da prática, acompanhada de muita pressão, competição e atualização, o profissional se perde e acaba não atendendo à expectativa da empresa. É uma situação alarmante, visto que estamos num mundo movido pela tecnologia e os formandos nem ao menos dominam a linguagem oral e escrita. Uma pesquisa feita com 192 executivos sêniores de 22 países da América Latina, com a maior parte das empresas localizada no Brasil e no México, revelou que 77% dos entrevistados acha que deve haver mudanças significativas na qualificação. As habilidades apontadas incluem pensamento crítico e liderança. Muitas vezes os recém-formados apresentam ampla bagagem cultural e sabem a teoria, mas pecam na prática. Resultado de professores que não têm uma vida corporativa ativa, atuam somente como acadêmicos e, portanto, não passam o dia a dia da profissão aos alunos. Essa situação só tende a piorar. Segundo a pesquisa, para os entrevistados, daqui cinco anos, as habilidades mais requesitadas serão: pensamento crítico (81%), aptidões pessoais (80%) e capacidade de solucionar problemas (78%). O que falta a eles é a forma como se portar, a sua apresentação e a capacidade de evolução. É desgastante para a empresa ter que ensinar ao profissional formado. Espera-se que ele saiba ao menos o básico. A questão prática deveria ser revista pelas universidades de jornalismo, por exemplo, já que a profissão deixou de

*Geiza Graciano é aluna do 7º semestre do curso de Jornalismo da FPM

exigir o diploma. A questão é: Por que as empresas pagariam mais por um profissional formado, que pouco sabem a prática, se poderiam contratar qualquer um por um salário bem menor? O que é mais vantajoso para a empresa? É preciso uma aproximação entre a empresa e a faculdade. Para que uma apresente à outra o perfil do profissional que necessita. Felizmente, já há alguns avanços nesse sentido. A Dell, em parceria com a PUC do Rio Grande do Sul, mantém um Centro de Softwares dentro da universidade. Dezenas de estagiários são contratados no processo de capacitação, sendo que muitos deles acabam se tornando funcionário efetivos da Dell. Essa atitude beneficia ambas as partes. A instituição que passa a ser vista com outros olhos, como quem forma alunos capazes de entrar no mercado de trabalho e a empresa que pode moldar o profissional que deseja. Entretanto, quem mais ganha é o estudante que aprende os métodos utilizados por uma grande empresa e que, se não sair da faculdade empregado da Dell, ao menos pode anexar em seu currículo a experiência que teve com o centro de Softwares. Outras atitudes podem ser tomadas, como as conhecidas atividades extracurriculares. A Fanor (Faculdade Nordeste) apresenta um programa interessante que estimula a vivência do aluno no mercado de trabalho. Faz parte da grade curricular, o cumprimento de 200 horas de atividades extracurriculares, em que um aluno de Engenharia, por exemplo, precisa conhecer toda a linha de produção. Existe também o PEX (Programa de Experiências), que funciona como uma tabelinha em que as atividades exercidas pelos alunos são somadas até ele atingir a meta estipulada. Além disso, nas salas de aula, os professores trabalham com estudo de casos, fictícios ou reais.



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