KASimiro no kashemir
desenhos PEDRO PROENÇA acompanhado pelo SPANDAKARIKA
Avenerada Shankari (Shakti), fonte de energia, abre os olhos e o universo reabsorve-se em pura consciencia; ela fechaos e o universo torna-se nela manifesto.
Avib-ratio (spanda), o efectivo lugar da criação e do retorno (metacatástrofe), é desprovida de qualquer limite uma vez que a sua natureza é destituída de forma.
Mesmo dentro da dualidade o tantrika mergulha na fonte não-dual ,visto que a pura subjectividade permanece sempre submersa na sua própria natureza.
Todas as noções relativas ligadas ao ego reencontram a sua calma origem profundamente infiltrada sob os múltiplos estratos.
Num sentido absoluto, prazer e sofrimento, sujeito e objecto não são em nada distintos do espaço da consciência profunda.
Agarrar essa evidência essencial é vislumbrar a ubiquidade da liberdade absoluta.
Deste modo o movimento dos sentidos habita nessa liberdade nuclear e alastra a partir dela.
Aquele que encontra essa vib-ratio substancial escapa ao obscurecimento do desejo limitado.
Liberto da múltiplicidade dos impulsos ligados ao ego faz a experiência do samadhi.
Torna-se evidente que a qualidade do tantrika é a liberdade de ser através da qual o desejo reencontra a sua universalidade.
Como é possivel um tantrika continuar sujeito à transmigração quando a sua natureza está na origem de tudo o que se vai manifestando?
S
e o vazio pudesse ser um objecto de contemplação onde estaria a consciência que o apreenderia?
Considera deste modo a contemplação da vacuídade como um artifício de natureza análoga à de uma radical ausência do mundo.
Aquele que age e a acção estão unidos mas quando a acção se dissolve através do abandono dos frutos da acção, a dinâmica ligada ao ego esgota-se e o tantrika que se absorve nessa contemplação profunda descobre a vib-ratio liberta das ligaduras do ego.
Anatureza essêncial da acção é então revelada e aquele que interiorizou o movimento do desejo livra-se da dissolução.
Ele não deixa de existir uma vez que regressou à origem.
Otantrika desperto realiza essa vib-ratio permanente através dos 3 estados.
Shiva fica então em união amorosa com Shakti sob a forma do conhecimento e do seu objecto enquanto simultaneamente se manifesta como nua consciência.
Toda a paleta sonora dos diferentes tipos de vib-razões tem a sua origem na vib-ratio universal da consciência e assim chega a cada ser. Como é que tal vibração pode limitar o tantrika?
No entanto tais vibrações são a causa do declínio das criaturas que se limitam — quando a intuição se desconecta da origem as criaturas caiem no turbilhão da transmigração.
Aquele que com ardor se inclina para a vib-ratio palpa a sua clara natura no seio da actividade.
Avib-ratio é experimentada mesmo em estados extremos — na cólera, na intensa alegria, nas digressões da mente, no elan de sobrevivência.
Quando o tantrika se oferece como Shiva/Shakti o sol e a lua elevam-se no canal central (sushuma).
Nesse instante, o sol e a lua desaparecem no céu — o desperto mantém-se lúcido enquanto a criatura grosseira mergulha na inconsciência.
Os mantra, quando carregados do poder da vib-ratio concretizam a sua função através dos sentidos, despertando.
Eles unem-se no sopro do tantrika no qual perspassa a natureza de Shiva/Shakti.
Todas as coisas emergem da imanência do tantrika que se reconhece em Shiva-Shakti.
Tudo o que desfruta é ShivaShakti. Não há nenhuma forma de estar nomeável que não seja Shiva/Shakti.
Continuamente presente à experiência que ele entende como jogo da sua natureza, o tantrika é o liberto entranhandose na vida.
Pela intensidade do desejo sem objecto a contemplação emerge no coração do tantrika unido à vib-ratio.
Este é o modo de alcançar o néctar supremo, a imortalidade do samadhi que mostra ao tantrika a sua natureza nua.
Oentusiasmo em Shiva/Shakti que manifesta/recolhe o mundo permite ao tantrika sentirse completo.
Durante o sonho o sol e a lua manifestam-se no seu peito e todo o desejo se satisfaz.
Mas se não se faz presente/ imanente o tantrika será enganado pelas dramaturgias do que se manifesta e conhecerá o estado ilusório do aspirante através da vigília e do sono.
Como um objecto que escapa à atenção é mais claramente compreendido quando nos esforçamos para o aprender de vários lados, assim a vib-ratio aparece ao tantrika quando se inclina para a vib-ratio com entusiasmo.
Então tudo se põe de acordo com a sua natureza nua.
Mesmo num estado de extrema fraqueza tal tantrika alcança a realização. Mesmo faminto encontrará a comida.
Tendo como único apoio o reconhecimento do peito o tantrika é omnisciente e em harmonia com o mundo.
Se o corpo/sopro é devastado pela falta de coragem devido à ignorancia, só a expansão da consciência fora de qualquer limite dissipará a lassidão cuja origem terá então desaparecido.
Arevelação do Si surge naquele que nada mais é que o desejo absoluto. Que cada qual faça esta experiência.
Simultaneamente a luz, o som, a forma e o sabor vêm entravar aquele que ainda se agarra ao ego.
Quando o tantrika penetra todas as coisas com o seu desejo de absoluto, para que servem as palavras? É em si que se desfruta.
Quando o tantrika permanece atento, os sentidos disseminam-se na realidade com consciência e experimentam a permanência.
Aquele que se priva do seu poder através das obscuras forças da actividade limitada torna-se um joguete da energia sonora.
Apanhada no campo das energias subtis e das representações mentais a ambrosia dissolve-se e o ser esquece-se da sua liberdade inata.
Opoder da palavra está sempre solicito a vendar a natureza nua do Si, pois nenhuma representação mental se consegue libertar da linguagem.
Aenergia da vib-ratio que atravessa o vulgo escraviza-o ao mesmo tempo que esta liberta o que se encontra na Via.
Ocorpo súbtil é um entrave ligado à inteligência limitada e ao ego. A criatura submissa faz experiências que estão ligadas às suas crenças e à ideia que tem do seu corpo, e através desses mecanismos perpétua as amarras.
Mas quando o tantrika habita na vib-ratio ele liberta o fluxo da criação/retorno (catástrofe/anacatástrofe), goza da liberdade plena e é mestre das rodas das energias.
Eu venero a palavra espontanea, fremente e maravilhosa do meu mestre que me fez atravessar o Oceano da dúvida. Que esta jóia do conhecimento arraste todas as criaturas, como Vasugupta nos propõe, e as leve a agarrar a natureza das coisas que elas guardam intensamente no peito.
este livrito foi desenhado & composto por Pedro Proença em Dezembro de MMXX e acompanhado do Spandakarika traduzido outrora pelo mesmo