para ti, mesmo que penses que seja para outro
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LADY of SPAIN
adore you Pedro Proenรงa MMXV
touro de sol lustrado e galinha feita de canja
caracol triste resplandece ocre encardido pelo farol
bolsos rígidos sem um eurico sequer — já não ocultam torresmos
a maldade dos melros apanhou um pequeno esquentamento e a impaciĂŞncia da matemĂĄtica
parar a parede dos astros e ficar na legiĂŁo dos encostos
cozinheiros apanhados por piadas gastronĂłmicas subscrevem angustias metafĂsicas
espera o exacto momento pirola nos jardins do pandeiro e no buraco das notas
cor tremeluzente a torpedar o dançarino e o tubarão emigrante
assobios vergonhosos abrem cumes e reservas nas negociaçþes escaldantes
foda-se para os universo de abismos — tudo se solta em pequenas férias
a viola elétrica dança quer com o engodo do buda quer com o cordeiro de Fátima
o cÊu do amor gordo revoga a arteira maçã e o pecadilho com coentros
piolhos infantis em croquetes industriais
na destreza manual e nas canjas glaciares a sarna dos cĂŁes
apenas raposa a rapar a fĂĄbula com pote a esborrachar a rosa
portas de chinfrineira retrograda bombardeadas de outros ruĂdos
segunda-feira submersa em domingo perverso
rapidinha em quartos fotogrรกficos no dia da ira
mĂŁos que amam com os nervos em franja umbigos deslavados
desvanecimento de uva com raposa a apropriar-se da fĂĄbula
a cada cĂŠu seus recuerdos de cereja com direito a levar com a palmatĂłria salvo seja
a telha da gaja assopra descarapuças na halitose do chefe de mesa
mulas russas, rosas e roletas furiosas, instantâneas subindo a Rua das Pretas
sĂł ficou magro depois da bonina? e gordo livrou-se da gordura na morte?
tralalala de um riso que aleita o leitĂŁo no inquilinato e peras
olhos de corvos não desdenham laços agachados entre roupa entreaberta e pais com pin-ups
no arco-íris as longas estrelas urinam as tias queques mostram-se de perfil e vendem salgadinhos aos herois
rosas infestam a festa — a tensão embrulha-se depois em alumínio pra requentar com a paella
no banquete palpitante a cor recompĂľe chinatown atravĂŠs da plumagem preta de um profeta falhado
a metĂĄfora ĂŠ amada pela cozinha e a abobada celeste regurgita azul
hipĂŠrboles baratas de tempo prata que corta as trevas e baratas no bidĂŠ
saltar ao eixo a pintar e a escarrar nas cadeiras das famĂlias toureiras
patas de raparigas a saber a migas freira com micrรณbios na pentelheira aรงucar a mais do algodรฃo de feira
chuveiro cego em banheira baรงa
a rosa abarrotada de tempo comeรงa a dar vegetais a horas miserรกveis
as coisas expiram brilhando no burel borrado
paraĂsos de risos salvam o outubro verde
os poetas sabiamente surrupiam e o clarinete cresce e o marrom desavergonhado acaricia o tempo dos assassinos
cogumelos narigudos dos tempos da maria cachucha
piolhos de imagem onde o ouro se contorce em licenรงa de parto
LIVRITO CONCEBIDO E EXECUTADO a 1 de junho de 2015 com o Maior Prazer