A Revista da Família Ano XLIV nº 72 ABRIL | MAIO | JUNHO 2013
Tempo com a família
3 princípios para um bom relacionamento familiar
Dia das Mães
Relatos de mulheres que enfrentaram obstáculos para serem mães e para cuidarem dos filhos
Droga e vida contemporânea Violência contra a mulher Pesquisa revela que o medo ainda é o maior inibidor das denúncias
Homossexualidade O bullying como defesa da falsa homossessualidade
Traição Conjugal
EDITORIAL
Traição conjugal Há remédio? SHEILA DE AMORIM SOUZA
“Não deixem que o mal vença vocês, mas vençam o mal com o bem” (Rm 12.21). Infelizmente, a traição é algo tão antigo que a Bíblia relata vários casos. Hoje o tema é comum em novelas, nas músicas e internet. Uma história real de muitos casais, inclusive de líderes de igrejas. O pastor e psicólogo Daniel Dutra traz em sua matéria o perfil do líder em risco de adultério e como ele pode se proteger. Além disso, não há estatísticas que indiquem que os homens traem mais do que as mulheres. Para a psicóloga Olga Inês Tessari, autora do livro “Amor x Dor”, não há diferença na proporção da traição. “Atualmente, as mulheres estão se igualando aos homens. Todavia, elas parecem disfarçar melhor”. A insatisfação no relacionamento, o orgulho, a falta de autoestima, de romance, aventura e emoção cedem à rotina. “Hora para isso ou para aquilo quebram o clima gostoso do namoro”, explica a psicóloga, afirmando que essas são justificativas usadas pelos que buscam relacionamentos extraconjugais. Será que há um remédio, uma esperança para aqueles que passaram por este tipo de experiência? Graças a Deus, sim, afirma o Rev. Messias Anacleto Rosa. Como qualquer outra coisa na vida que consideramos um problema, certamente para esse também há solução. Na relação a dois, a comunicação é essencial. Inclusive se estamos infelizes, carentes, com falta da prática de sexo. Conversar sobre esses assuntos ajuda. Passar tempo agradável junto ao outro e ter um momento feliz, sem temas difíceis e dolorosos, facilitam esse processo de reconquistar a amizade que um dia já existiu entre os dois. Realimentar a relação é de suma importância. Jantar fora, ir ao cinema, teatro, shopping são atitudes que trazem resultados positivos. Outro pilar importantíssimo é ter uma vida de comunhão com Deus. Não tente nem queira mudar as pessoas. Isso é trabalho de Deus. É sensacional ver a ação de Deus na vida da família. Então, vamos lá! Faça a sua parte e invista no tempo e na qualidade da relação conjugal e familiar. Conheça 3 princípios para se ter um bom relacionamento familiar. Nesta edição, várias matérias tratam sobre dramas e superações familiares. Um desses dramas vividos ainda hoje, sob circunstâncias diferentes, por muitas mulheres, é a importante tarefa de ser mãe e a conciliação com o trabalho fora de casa. Outras optaram por sair do trabalho para dedicação total à família. E outras assumiram sozinhas a educação e o sustento dos filhos. Todas são guerreiras e com perfis diferentes, assim como você que também é mãe e tem a sua história. Que a família reconheça o valor das mães não só no dia consagrado a elas, mas todos os outros dias. Aí está mais uma edição! Delicie-se! Ela foi feita com carinho e dedicação pela nossa equipe e todos os nossos colaboradores. Ah! Temos um presentinho para você na última página e outro só para as mulheres (um encarte especial)! Esperamos o seu retorno. Esteja sempre ciente de que “todas as coisas contribuem para o bem daqueles que amam a Deus” (Rm 8.28).
Sheila alvorada@ipib.org
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SUMÁRIO
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Crônica
O ninho vazio. Hora de refazer a vida.
Família
3 princípios para manter um bom relacionamento familiar.
Reflexão
Meditação
Não desista! Muitos têm desistido de seguir nos planos de Deus e de suas promessas. Por isso, jamais irão conquistar a vitória.
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Comportamento
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Fique atento
O bullying como defesa da falsa homossessualidade. Na regularização dos templos.
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Reflexão
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Pastor Jubilado
A bênção da diferença.
Entrevista com o pastor Getúlio Andrade.
O papel da mulher na sociedade e na religião.
Mulheres de lutas
A violência contra a mulher ainda é grande no Brasil. Veja alguns dados sobre violência contra a mulher.
Voz do coração
A mulher vem batalhando para conquistar o seu espaço, superando preconceitos na sociedade em busca de respeito como indivíduo e cidadã.
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O Diabo das Comunicações
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Conectividade Jovem
A revelação do mal na televisão, rádio e redes sociais. O comportamento jovem e o relacionamento com Deus a partir de uma linguagem atual.
Psicanálise e Esperança
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A vida contemporêna e o uso de drogas. Por que as pessoas usam drogas? É possível viver sem algum tipo de droga?
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Dia das Mães
O compromisso de ser mãe de mulheres que enfrentaram obstáculos para cuidarem de seus filhos
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Ação Social
O Programa Ação para Crianças da CESE está recebendo propostas que beneficiem a infância e adolescência
ENCARTE ESPECIAL Só pra Mulheres. Elas são únicas e merecem um espaço só delas.
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Traição Conjugal
Há remédio? É um mal que assola as relações, inclusive de líderes de igrejas.
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Comportamento
Quem é o seu vizinho? Na maioria dos condomínios muitos vizinhos não se conhecem, não sabem o nome, não sabem onde trabalham, sequer a profissão da pessoa que mora na casa ao lado.
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Direitos Humanos
Os indígenas e a Terra. Precisamos compreender os valores culturais dos povos indígenas.
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Espaço Kids
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Consciência Ecológica
História, arte e brincadeira relacionadas ao Meio Ambiente.
Para celebrar o Dia do Meio Ambiente estamos distribuindo sementes de Capixingui.
Alvorada A Revista da Familia
Órgão Oficial da Secretaria da Família da Igreja Presbiteriana Independente do Brasil. Registrado, em 7/11/ 1974, no Instituto Nacional de Propriedade Industrial sob o n° 289 - CNPJ n° 62.815.279/0001-19 - Fundada em 3/2/1968 por Rev. Francisco de Morais, Maria Clemência Mourão Cintra Damlão, Isollna de Magalhães Venosa. Ministério da Comunicação: Rev. Wellington Barboza de Camargo. Secretário da Família: Rev. Alex Sandro dos Santos. Coordenadoria Nacional de Adultos: Ione Rodrigues Martins e Odair Martins. Coordenadoria Nacional do Umpismo: André Lima. Coordenadoria Nacional de Adolescentes: Rev. Rodolfo Franco Gois. Coordenadoria Nacional de Crianças: Rev. Rodrigo Gasque Jordan. Editora: Sheila de Amorim Souza. Revisor: Rev. Gerson Correia de Lacerda. Arte e Diagramação: Seiva D’Artes. Foto capa: Pavel Siamionov - Fotolia. Fotos e ilustrações: Allison de Carvalho, Fotolia, stock.xchng, brusheezy e dreamstimefree. Colaboraram nesta edição: Wanderlei de Mattos Júnior, Daniel Dutra, Fernando Hessel, Leontino Farias dos Santos, Diêgo Lôbo, Fabiana Lopes de Souza, Odair Martins, Zeneide Ribeiro de Santana, Maurício Silva de Araújo, Wag Ishii, Alex Sandro dos Santos, Evandro Rodrigues, Priscila Madeira Kume, Cristina da Silva, Messias Anacleto Rosa, Telma Caldeira, Ezequiel Luz, Ione Martins, Evilásio Ferreira Filho, Marcos Inhauser, Daniela Welte, Adalberto de Souza Junior. Redação: e-mail alvorada@ipib.org - Fone: (11) 2596-1903. Assinaturas na Editora Pendão Real - Rua da Consolação, 2121 -CEP 01301-100 - São Paulo/SP Fone/Fax (11) 3105-7773 - E-mail: atendimento@pendaoreal.com.br. Assinatura anual Individual (4 edições): R$37,00, acima de 10 assinantes R$ 33,00, para receber através do (a) agente ou R$ 55,00, para receber em casa. Número avulso: R$ 9,50. Depósito no Banco Bradesco - Agência 095-7 - Conta Corrente 174.872-6. Tiragem: 2500 exemplares. Os artigos assinados não representam necessariamente a opinião da revista. Permitida a reprodução de matéria aqui publicada, desde que citada a fonte.
shadman ahmed
CRÔNICA
Ninho vazio ZENEIDE RIBEIRO DE SANTANA
Sabemos que as aves constroem ninhos, neles põem os ovos, que abrigam com seu calor, protegendo-os até que nascem os filhotes. Aí, alimentam-nos, às vezes auxiliadas pelo macho, num trabalho incansável: trazem-lhes a comida no bico, atendendo ao seu piar contínuo. À medida que eles vão crescendo e adquirindo plumagem, também se movimentam melhor e não querem mais ficar no ninho. Que faz, então, a mãe? Oferece-lhes lições de voo! Acompanha-os aos lugares apropriados e incentiva-os até que os vê perder o medo e se lançar no espaço, primeiro desajeitadamente, depois com toda confiança, a enfrentar desafios no azul do céu. Pronto! Lá vão eles, deixando a mãe sozinha, ciente do dever cumprido. E não somos assim como as aves? Não agimos da mesma forma, dispensando nossos melhores cuidados aos filhos, para depois vê-los alçar voo e seguir seu caminho?
É muito apropriada a expressão “síndrome do ninho vazio” aplicada a essa situação. A casa parece ter mesmo ficado surda e muda, com a inusitada e incômoda sensação de se sentir órfã dos próprios filhos. E triste também! Muito! Mas reagir a esse sentimento é preciso. É hora de racionalizar, de reorganizar a vida, de buscar alternativas, de rejeitar qualquer proximidade da depressão. Nada acabou. Agora, haverá mais tempo para o lazer, para o voluntariado, para novos projetos de vida. Além disso – o mais importante – sempre é tempo de orar, de agradecer e de suplicar a Deus suas bênçãos para sobre eles, para que tenham sabedoria e discernimento para conduzir sua vida e também para prover e educar seus próprios filhos. “Se ando em meio à tribulação, tu me refazes a vida“ (Sl 138.7). É isso! Vamos refazer a vida! Assim Deus nos ajude! A Zeneide é membro da 1ª IPI de São Caetano do Sul e escreve no blog cronicasdaalma.wordpress.com
Sempre é tempo de orar, de agradecer e de suplicar a Deus suas bênçãos sobre os filhos, para que tenham sabedoria e discernimento para conduzir sua vida
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Alvorada 3
FAMÍLIA
Tempo com a família ALEX SANDRO DOS SANTOS
É possível um pai se tornar um profissional eficiente e, simultaneamente, ter um relacionamento íntimo com a família? Será que uma mãe conseguiria administrar uma dupla jornada de trabalho, gerindo a carreira profissional e cuidando dos afazeres domésticos e, além de tudo isso, ainda dar atenção ao marido e aos filhos? Os filhos podem ser aplicados na escola, nos cursos complementares, atividades esportivas, desenvolver amizades saudáveis, sem prejudicar o relacionamento com os pais e irmãos? Qual a solução para que as atividades do dia-a-dia não sejam negligenciadas e, ao mesmo tempo, pessoas importantes não sofram a nossa ausência? Como ganhar “o pão de cada dia”, sem sacrificar a família? Como dar atenção à família, sem comprometer o “pão de cada dia”? Entendo que a única forma de resolvermos esse impasse é focando nossas ações na qualidade do tempo com os familiares. Sendo assim, as estratégias precisam ser focadas no tempo de qualidade, visto que a quantidade de tempo tem sido cada vez menor. A ideia é a seguinte: se eu não posso ficar grande parte do meu tempo com meus filhos e minha esposa, o ideal é ficar exclusivamente com eles no pouco tempo que posso. Tudo é muito simples. Só precisamos aprender a “falar” e a “ouvir”. Princípios básicos de comunicação ajudam muito. Nesse processo de comunicação, é necessário que todos entendam, portanto você precisa se explicar bem. Comunique a mesma coisa com exemplos diferentes. A repetição criativa é saudável. O que perturba é a repetição mecânica! Algumas pesso4 Alvorada
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as já criam até mesmo um bloqueio em relação ao que está sendo dito, se for algo repetido. Os pais precisam ter sensibilidade e equilíbrio para que sua autoridade seja respeitada e, ao mesmo tempo, para que não se tornem ditadores. Precisamos nos abrir para o diálogo e não impor um monólogo. Também não podemos deixar de nos empenhar na quebra de alguns tabus no diálogo. Muitos pais, filhos e cônjuges não estabelecem um diálogo por constrangimento. Têm dificuldade de conversar sobre drogas, sexo, comportamento inconveniente, roupas
indecentes e muitos outros assuntos. Lembre-se que, quanto mais claro você for nesses assuntos, melhor será a compreensão e troca de ideias. Os preconceitos e o constrangimento no diálogo têm contribuído para que muitas pessoas procurem informações na internet, nos programas de televisão e com os amigos. Contudo, nem sempre as informações recebidas são adequadas e, às vezes, nem mesmo verdadeiras. Converse sem pressa! Pergunte ao filho e ao cônjuge se entenderam o que foi compartilhado. Principalmente com os filhos seja objeti-
vo: “Você entendeu? Então fale para mim, com suas palavras, o que você entendeu!” Lembre-se sempre que a língua portuguesa é muito rica. Portanto, nem sempre o que um adulto entende por um termo ou ideia uma criança ou pré-adolescente entenderá da mesma forma. Evite conversar sobre assuntos importantes com a televisão ligada! Com certeza, você e seus familiares estarão com a atenção dividida e isso prejudicará o diálogo. Assuntos difíceis e tensos não devem ser abordados na hora da refeição. Nesse momento, o ideal são
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© Igor Yaruta
assuntos leves, corriqueiros e divertidos. Caso contrário, você poderá perder até a fome ou ter uma indigestão! Há várias formas de demonstrar aos membros de sua família que você está ligado neles. Um exemplo claro disso é quando você pega na mão de sua esposa, faz um “cafuné” na cabeça do seu filho, dá um abraço bem apertado em sua filha. Tudo que envolve o toque físico com carinho transmite segurança ao próximo. Não esqueça também de manter contato visual. É muito desagradável conversar com alguém que está olhando para a tela do computador, assistindo televisão, lendo a revista ou o jornal.
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Fale um de cada vez! Interrompa o menos possível. Não tente antecipar o que o outro vai dizer. Você pode conhecer a história de cor. Contudo, não cometa o erro de atropelá-lo, pois isso demonstra sua impaciência com o assunto e, talvez, até mesmo com a pessoa. É possível, sim, nos dedicarmos à nossa carreira, às atividades esportivas, à leitura de um livro e, ainda assim, termos tempo com nossos familiares. Basta querermos e darmos prioridade a esse período de comunhão. Quando nos esforçamos, conseguimos obter os resultados esperados. Experimente! O Rev. Alex, pastor titular da 1ª IPI de Machado, MG, é secretário da família da IPIB
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Muitos pais, filhos e cônjuges não estabelecem um diálogo por constrangimento. Têm dificuldade de conversar sobre drogas, sexo, comportamento inconveniente, roupas indecentes e muitos outros assuntos.
3 princípios para um bom relacionamento familiar Já que não podemos dar todo o tempo do dia aos nossos familiares, vamos fazer o melhor que podemos no pouco tempo de que dispomos. Abaixo, relacionei três princípios simples que poderão auxiliá-lo no tempo que você tiver com sua família: Os casais precisam ter consciência dos problemas. Para qualquer situação, o primeiro passo é reconhecer o que de fato está acontecendo. Ter consciência dos erros e definir estratégias claras sobre como agir. Pais e filhos precisam entrar em um consenso. É preciso fazer acordos, rever posições de ambos os lados. Há coisas que são negociáveis e outras inegociáveis. Portanto, o que for negociável negocie! Agora, quanto ao que não for, seja firme! Pais e filhos devem estar em comunhão com Deus. Além da vida de oração individual, é preciso que a família ore junto. Se possível, leiam regulamente um texto devocional antes do café da manhã ou do almoço. Os livros devocionais têm versículos para todos os dias e dicas práticas para o dia-a-dia.
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DIA DAS MÃES
O compromisso de ser 2 1 DE MAIO DIA DAS
MÃES
FABIANA LOPES DE SOUZA
Ser mãe sempre envolveu tarefas árduas e complexas, mas ser mãe cristã em uma sociedade secularizada e com valores invertidos tem se tornado ainda mais difícil e doloroso. Trazer um filho ao mundo e instruí-lo no caminho da verdade é uma tarefa muito importante, tanto que vemos muitas histórias bíblicas que destacam a maternidade e o relacionamento das mães com os filhos. É o caso, por exemplo, de Maria, mãe de Jesus, Joquebede, mãe de Moisés ou mesmo Ana, mãe de Samuel. Cada uma dessas mulheres enfrentou desafios diferentes ao se deparar com a maternidade. Maria teve de encarar o olhar desconfiado da sociedade para dar à luz e criar um filho que mudaria a história da humanidade. Joquebede deu um passo de ousadia e fé para salvar a vida de Moisés, gesto esse que garantiu a sobrevivência de um líder que tirou o povo de 8 Alvorada
Deus da escravidão. Ana, que era estéril, creu na providência divina e teve coragem de consagrar seu filho Samuel a Deus, levando-o a ser grande juiz e profeta de sua época. Muitos são os relatos de mulheres que enfrentaram obstáculos para serem mães e para cuidarem de seus filhos. Ainda hoje, sob circunstâncias diferentes, mulheres, embora anônimas, vivem com ousadia a importante tarefa de ser mãe. Elas são guerreiras com perfis diferentes, mas com uma missão em comum. Algumas precisam ser mãe e pai ao mesmo tempo; outras precisam se dividir entre trabalho, casa e filhos; e há ainda as que abriram mão de suas carreiras para se dedicar integralmente aos filhos. Apesar de carregarem histórias diferentes, elas levam consigo o mesmo compromisso de orarem por seus filhos e os ensinarem no caminho da vida eterna.
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Muitos são os relatos de mulheres que enfrentaram obstáculos para serem mães e para cuidarem de seus filhos. Ainda hoje, sob circunstâncias diferentes, mulheres, embora anônimas, vivem com ousadia a importante tarefa de ser mãe. Elas são guerreiras com perfis diferentes, mas com uma missão em comum.
Reva Ildemara e sua filha Daniela
Denise e o filho Robson
Marina, Mariana, Luciana, Lucas e Odair Junior, filhos de Ione e Odair, quando pequenos
Débora com os filhos: Amanda, Flávio e Vanessa
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Mãe em tempo integral
Ione Rodrigues Martins é mãe de 5 filhos e abdicou do trabalho fora de casa para se dedicar exclusivamente a eles e ao marido. Ela não planejou antecipadamente nenhuma das gestações, mas, ao mesmo tempo, diz que, em todas elas, sempre sentiu que vivia um presente de Deus, uma bênção. “Na primeira gravidez, da Luciana, eu não estava preparada para ser mãe, mas consegui me dedicar e aprender. A experiência foi me tranquilizando e me deixando mais preparada”, conta. A opção de não trabalhar fora de casa foi uma escolha feita por ela e o marido, logo que eles se casaram. “Foi uma decisão que tomamos juntos, pois financeiramente não precisava ajudar no orçamento doméstico e eu sempre concordei com a ideia de viver para cuidar dos meus filhos e marido. Isso me completava”, conta Ione. Ela diz que esse período foi muito tranquilo e gratificante, mas, quando a filha mais nova entrou no ensino
fundamental, Ione começou a se sentir sozinha e com tempo ocioso. “Percebi que eles já sabiam se virar, já eram independentes e ficou aquele vazio, como se ninguém precisasse mais de mim. Comecei a sentir a casa mais vazia, com menos afazeres domésticos e, naturalmente, vem aquele sentimento de frustração. Parece que nossos filhos não precisam tanto de nós. Parece que eles gostam mais dos professores, dos novos amigos e a gente se sente meio inútil”, relatou Ione. Por esse motivo, Ione decidiu voltar ao mercado de trabalho como sócia de duas lojas, uma de artigos evangélicos e outra de produtos importados. Para conciliar casa e trabalho, ela contou com a ajuda do marido e da Dona Joana, que trabalhou em sua casa por mais de 15 anos, e a quem ela chama carinhosamente de ajudante e grande amiga. Ione se manteve nessa rotina por cerca de 5 anos e, depois, após a aposentadoria do marido, voltou a morar em Porto
Feliz, onde vivia antes de casar. Hoje, Ione tem convicção de que todo o tempo dedicado exclusivamente aos filhos e ao marido valeu a pena. “Sempre vale a pena se dedicar a quem você ama. Creio que família é projeto de Deus. Temos muitos desafios como esposas, mães, irmãs e filhas, mas o amor precisa falar sempre mais alto”, diz. Luciana, a filha mais velha de Ione, tem 32 anos; Mariana tem 31; Odair Junior tem 30; Lucas tem 26 anos; e Marina tem 23 anos. Quatro deles ainda moram com Ione e um já se casou. Todos são crentes e continuam a frequentar a igreja. Ione é, atualmente, membro da IPI de Porto Feliz e dedica grande parte do seu tempo às atividades da igreja nacional, onde ocupa o cargo de coordenadora nacional de adultos, desde 2006. Ela também é secretária do Dia Mundial de Oração (DMO Brasil), uma organização não governamental (ONG) presente em 170 países e formada por mulheres que se dispõem a orar pelo mundo.
Ione compartilha com o esposo Odair as lutas e vitórias de criar os cinco filhos, que hoje já são adultos
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As mães que não querem abrir mão da carreira precisam realmente se dedicar aos filhos e saber usar com qualidade o pouco tempo que têm com eles
A família de Denise
Trabalho e filhos
Diferentemente de Ione, Denise Enumo Rodrigues, se encaixa no perfil das mães que optaram por administrar carreira e família ao mesmo tempo. Denise tem 29 anos e trabalha na área de marketing de uma grande multinacional. Há pouco mais um ano, porém, ela e o marido decidiram que precisariam mudar de vida para que a família não fosse prejudicada pela rotina de trabalho. Denise conta que, nos primeiros 7 anos de casamento, quando ainda não tinha filhos, a rotina de trabalho e casa era difícil, mas não era algo que incomodava. Ela saía todos os dias de Santo André muito cedo e ia de ônibus fretado para a empresa que atualmente fica em Barueri. No total, quase 4 horas diárias eram perdidas nos trajetos entre sua casa e o trabalho. “Saía de casa às 5h15 e só chegava próximo das 20h00”, diz. Essa rotina, porém, passou a ficar complicada quando o filho Robson, hoje com 3 anos, nasceu. Quando Denise saía pela manhã, o filho ainda estava dormindo e, quando voltava, muitas vezes ele já estava dormindo. Ela conta que o marido, que trabalhava com contabilidade em casa, sempre a ajudou.
Ele deixava o jantar pronto, levava e buscava o filho na escola e a amparava em tudo o que fosse preciso. Mesmo assim, ela começou a sentir que sua ausência não era uma situação justa com o filho e nem com o marido. Foi então, que, em 2011, eles decidiram vender a casa onde moravam em Santo André e se mudar para Barueri, onde ficava o trabalho de Denise. A decisão foi muito difícil. Afinal, em Santo André estava a família do casal, a igreja que costumavam frequentar, e a casa com que sempre sonharam e conseguiram comprar. “A gente nunca imaginou mudar, até porque tínhamos comprado a casa que queríamos e tínhamos colocado um ponto final nessa história. Mas Deus muitas vezes vem e muda tudo, e mostra que ele tem planos melhores pra nós”, diz. A mudança, no entanto, exigiu adaptação. O casal teve que procurar uma nova igreja e também se acostumar a visitar os familiares apenas durante os finais de semana. Quase dois anos depois, porém, Denise diz que foi a melhor decisão que já tomaram porque Deus havia preparado tudo. Eles passaram a frequentar a 1ª Igreja Batista de Barueri onde, segundo Denise, foram
muito bem recebidos. A mudança de igreja era uma preocupação, mas hoje a família sente-se feliz e sabe que a nova igreja vai permitir que seu filho tenha contato com outras crianças cristãs e que a família toda aprenda mais de Deus. Além de se adequarem à nova igreja, eles também já se acostumaram com as visitas reduzidas às famílias do casal e, o melhor, Denise leva apenas 20 minutos para fazer o percurso entre o trabalho e sua casa. “A nossa qualidade de vida mudou muito. Hoje, conseguimos tomar café juntos e criamos o hábito de jantar reunidos todos os dias”, conta. Para ela, as mães que não querem abrir mão da carreira precisam realmente se dedicar aos filhos e saber usar com qualidade o pouco tempo que têm com eles, mesmo que elas não consigam mudar para próximo do trabalho. “Eu nunca quis abrir mão da minha carreira. Acho que temos de ter nossas realizações (profissionais) também, mas não dá pra usar o tempo que você tem pra brincar com seu filho para ficar na frente da televisão com ele, por exemplo. É preciso estar com ele realmente, brincar, dar atenção, mesmo que seja por um tempo limitado”, diz.
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Mãe e Pai A dedicação aos filhos, por vezes, torna-se ainda mais intensa quando, em alguns casos, a mãe precisa ser pai e mãe ao mesmo tempo. Mãe de 3 filhos, de 24, 28 e 30 anos, Débora Silva, membro da IPI de São Caetano do Sul, em São Paulo, enfrentou dias difíceis e às vezes solitários na tarefa da maternidade. Ainda jovem, ela teve que encarar essa missão, sem a ajuda de um companheiro. Com o salário de doméstica, Débora jamais desanimou e conseguiu dar não apenas uma vida digna aos filhos, mas, ainda mais importante, uma base cristã. Os pais de Débora a ajudaram e sempre estiveram ao seu lado, o que, segundo ela, foi essencial para que ela continuasse. No entanto, ela diz que, em muitos momentos, sentiu falta de não ter um companheiro para enfrentar algumas situações decisivas na vida das crianças. “Você não pode cair porque não terá ninguém pra te apoiar. Por isso, meu maior suporte sempre foi Deus. Ele sempre foi meu maior sustento”, diz. Ela conta que todo o esforço valeu a pena. A filha mais velha, Amanda, é hoje formada em Relações Públicas e tem um emprego de que gosta; o filho do meio, Flávio, se casou, tem um bom emprego e acaba de lhe dar uma neta; e a filha mais nova, Vanessa, ainda estuda e está começando a trabalhar. Mais do que isso, porém, ela lembra que o maior bem que ela deu aos filhos não tem nenhuma relação com a vida pessoal e profissional, mas, sim, com a vida espiritual. “Todos eles foram criados na igreja. Eu nunca pude dar uma casa, mas pude entregar a Palavra de Deus. Sempre soube que aquilo que eu não poderia dar, Deus completaria. Digo sempre a eles
para não desanimarem e confiarem sempre em Deus”, diz. Com uma história similar à de Débora, a Reva. Ildemara Querina Bomfim engravidou aos 18 anos e foi abandonada pelo companheiro. Os pais, que moravam no interior da Bahia, cuidaram da sua filha por 10 anos, enquanto ela estudava e trabalhava em Salvador. “Foram 10 anos de muito sofrimento, apesar de visitá-la pelo menos duas vezes ao mês. Meus pais foram meus maiores amigos e minha família, meu apoio”, conta. Em 1996, com a filha com 11 anos, Ildemara saiu de Salvador e se mudou para São Paulo para ser missionária. Os maiores desafios, segundo ela, foram a questão financeira e o preconceito das pessoas. “Sempre me cobram um marido e me perguntam porque estou sozinha. Para dizer a dimensão da minha alegria, costumo dizer que minha filha é minha pérola. Pérola é produto da dor, mas depois de gerada, no entanto, não há jóia mais rara e bonita. É assim que sinto a minha filha”, diz. Daniela, filha de Ildemara, tem hoje 28 anos, é casada, formada em educação física e trabalha no ministério com surdos da igreja. Ildemara conseguiu realizar o sonho de trabalhar exclusivamente para Deus. Ela é graduada em Missiologia e Teologia, é presidente do Presbitério São Paulo, conselheira da Diretoria da Associação Cristã de Moços (ACM) e voluntária da Missão Cristã da mesma instituição. Além de ser pastora auxiliar da 1ª IPI de São Paulo, também pastoreia a Congregação da Igreja e é coordenadora de Parcerias Sociais da Fundação Mary Harriet Speers. “Minha fé é o meu maior bem; é ela que me sustenta, que me impulsiona a continuar a missão de Deus. É ela
A Reva. Ildemara, hoje com a filha já casada, trabalha exclusivamente para Deus
quem me faz testemunhar e dizer a todos que a vida de Deus está em mim”, diz. É por meio do trabalho de anônimas como essas mulheres que o mundo se constrói, que a vida se mantém e que os preceitos cristãos continuam a ser passados de geração a geração. O amor de mãe é tão intenso e tão precioso diante de Deus que Ele o utiliza para exemplificar o seu amor para com os seus filhos. Em Isaías 66.13, Deus diz ao povo de Israel: “Como a alguém a quem sua mãe consola, assim eu vos consolarei...”. Ser mãe é, portanto, um ato de entrega sem medidas, em que o amor de Deus se manifesta intensamente. É um compromisso com os filhos, com a família e, principalmente, com o Criador, que permite a essas mulheres gerar e dar continuidade à sua criação. Uma missão de valor inestimável. A Fabiana é jornalista e colaboradora da Revista Alvorada
“Todos os filhos foram criados na igreja. Eu nunca pude dar uma casa, mas pude entregar a Palavra de Deus. Sempre soube que aquilo que eu não poderia dar, Deus completaria. Digo sempre a eles para não desanimarem e confiarem sempre em Deus” 12 Alvorada
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ACESSE: www.pastoresdaipib.com.br
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REFLEXÃO
Geri-Jean Blanchard
O papel da mulher na
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sociedade e na religião A Revista da Família nº 73 abril / maio / junho, 2013
EVANDRO RODRIGUES
“Não há judeu nem grego; não há escravo nem livre; não há homem nem mulher; porque todos vós sois um em Cristo Jesus” (Gl 3.28). O dia 21 de março foi instituído pela ONU como o Dia Internacional de Luta pela Eliminação da Discriminação Racial, em memória daquele que ficou conhecido como o Massacre de Shaperville, ocorrido em 21/3/1960, na África do Sul. A arrogância humana, declarando superioridade baseada na etnia, ascendência, cultura ou gênero, custou, ao longo da história, o cerceamento de direitos inalienáveis de milhões de seres humanos. Dentre tantos grupos oprimidos, massacrados, vilipendiados e dizimados, vamos refletir não sobre uma questão étnica específica, mas sobre uma questão de discriminação social: o papel da mulher na sociedade e na religião. Desde o neolítico, a organização humana está marcada por traços de dominação masculina, patriarcalismo e machismo. O homem tem, como eixo articulador de seu modo de viver e enxergar o mundo, a vontade de poder. Poder entendido como capacidade de dominação e imposição sobre todos os diferentes, desde sua relação com a natureza à relação com seus semelhantes mais fracos, em termos físicos, bélicos ou econômicos. Um dos argumentos para justificar a dominação do homem sobre a mulher diz respeito à constituição física feminina. Muitos acreditam que o homem dispõe de maior força física que a mulher. Mas teria o homem realmente maior força ou melhor treinamento? Na maioria das organizações humanas que dá base para a sociedade moderna, o homem desenvolveu a função de prover alimentação e segurança ao grupo, enquanto as mulheres ficaram incumbidas do cuidado familiar. Neste sentido, os homens puderam enrijecer músculos, enquanto as mulheres desenvolveram outros aspectos da capacidade humana. Porém, em sociedades matriarcais existentes até os dias de hoje, onde essas funções são invertidas, é possível encontrar mulheres com grande força física, aptas para a caça e trabalhos relacionados à agricultura e à edificação de habitações. Em 1983, um estudo realizado por P. Schantz demonstrou que as qualidades inatas do músculo e seus mecanismos de controle motor são similares para homens e mulheres. Outro argumento utilizado é o teológico, especialmente nas religiões monoteístas, como é o caso do cristianismo. Diversos textos bíblicos dão base
para a submissão – no sentido de subserviência – feminina. Estes textos são utilizados, em sua maioria, sem o devido cuidado com o contexto cultural em que foram produzidos. Não é considerada, ainda, a grande contribuição feminina na Bíblia, abundante tanto no Antigo quanto no Novo Testamento. Com base nestes argumentos, historicamente a mulher desenvolveu papel secundário na maior parte das sociedades, tendo reconhecimento e direitos sonegados. No Ocidente, chegou-se a ensinar que as mulheres não possuíam alma. Até pouco tempo, as mulheres não tinham direito ao voto, ao exercício político ou a ocupar cargos de liderança na maioria das instituições seculares e religiosas. Ocorre que a mulher sempre foi vista como um ser mágico, humano e animal, que se relaciona socialmente, mas amamenta, da à luz em meio ao sangue, como os outros mamíferos. Seu fluxo menstrual era temido e, em muitas culturas, como a judaica, existiam leis específicas para seu trato. A bem da verdade, o que não se compreende se teme. O que se teme precisa ser contido. Seria o machismo a simples expressão masculina do medo sentido ante esse ser misterioso? Certo é que todo fluxo contido à força cedo ou tarde acaba por irromper. Assim como nos movimentos raciais por igualdade, simbolizados por Luther King, Mandela, Du Bois, Malcom X, Rosa Parks e tantos outros, as mulheres ganharam as ruas, impuseram sua voz e lutaram por reconhecimento. Do sufrágio feminino aos movimentos mais radicais, passando pela teologia feminista de Rosemary Ruether, vimos mulheres do mundo todo lutando por direitos equânimes e uma convivência social livre dos padrões opressores baseados em normas de gênero. A sociedade viu-se forçada a repensar determinadas posturas. Há muito que fazer, mas pode-se reconhecer que o avanço obtido nas últimas décadas é bastante expressivo.
A bem da verdade, o que não se compreende se teme. O que se teme precisa ser contido. Seria o machismo a simples expressão masculina do medo sentido ante esse ser misterioso? A Revista da Família nº 73 abril / maio / junho, 2013
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Essa pressão chegou também à igreja cristã. Como em tantos assuntos, ao invés de ser cabeça – que conduz, dá exemplo, mostra o caminho – a igreja manteve-se em condição de cauda. Somente após diversas conquistas “seculares” das mulheres é que algumas denominações começaram a discutir o papel da mulher em suas frentes. Quando deveríamos ser o grupo que denuncia toda forma de opressão e violência, por séculos agimos como validadores de comportamentos e posturas execráveis. E até hoje muitas denominações impedem as mulheres de exercerem dons e habilidades dadas por Deus, empunhando como bandeiras os textos que falam do lugar da mulher na igreja (produzidos em uma sociedade de 2000 anos atrás). É possível encontrar até mesmo mulheres machistas, por mais estranho que soe a expressão. Mulheres que assimilaram o conceito de que Deus prefere os homens para os “grandes trabalhos”. Deus não muda, é verdade, mas o homem muda, constantemente. E, já dizia Calvino, Deus “se ajusta” à capacidade humana de compreensão, para que, mesmo que “por espelho”, entendamos o progresso da revelação. Glorifico a Deus pela IPIB que, neste particular, dá lições de interpretação bíblica, percebendo, há algum tempo, que homens e mulheres possuem diferenças, sim, mas são ambos capazes de assumir papéis de importância e responsabilidade na direção da igreja, quer nos trabalhos espirituais ou administrativos. Termino com a frase da ativista Alice Walker: “Os animais do mundo existem para seus próprios propósitos. Não foram feitos para os seres humanos, do mesmo modo que os negros não foram feitos para os brancos, nem as mulheres para os homens”. Deus nos ajude a nos compreendermos como corpo; membros diferentes com funções igualmente importantes. Ninguém é dono ou senhor de outrem. Somos todos propriedade exclusiva dele. O Evandro é membro da IPI de Vila Brasilândia, São Paulo, SP Evandroalpha@hotmail.com
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Somente após diversas conquistas “seculares” das mulheres é que algumas denominações começaram a discutir o papel da mulher em suas frentes. Quando deveríamos ser o grupo que denuncia toda forma de opressão e violência, por séculos agimos como validadores de comportamentos e posturas execráveis. E até hoje muitas denominações impedem as mulheres de exercerem dons e habilidades dadas por Deus, empunhando como bandeiras os textos que falam do lugar da mulher na igreja (produzidos em uma sociedade de 2000 anos atrás).
Mulheres de lutas ODAIR MARTINS
Quando se fala de mulher, logo vem à mente de muitos homens que elas são o sexo frágil, mulher de barro como diz a música popular: “Dizem que a mulher é o sexo frágil, do barro de que você foi gerada me veio inspiração”. Cada vez mais, elas mostram que não são frágeis e, sim, de lutas, como as mulheres que marcharam em Brasília contra os mais de 200 casos registrados de estupros nos primeiros meses de 2010 (uma média de duas mulheres estupradas por dia). São mulheres e meninas abusadas cujos casos são desconhecidos pela população. Outras marcharam contra o precário sistema de transportes públicos, contra os abusos e a falta de segurança dentro destes transportes. Estima-se que hoje cerca de 20 mil mulheres são estupradas por ano. Dizem que a mulher é o sexo frágil porque ontem e hoje pais abusaram ou estão abusando sexualmente de suas filhas, bem como maridos de suas esposas. Nesse momento, muitas mulheres e meninas estão sofrendo algum tipo de abuso, sendo agredidas ou mortas. Estas mulheres devem ser consideradas fortes. Precisamos defender todas as mulheres estupradas ou agredidas de qualquer forma: psicológica, emocional e fisicamente. Precisamos nos colocar ao lado de todas as mulheres que tiveram os seus direitos violentados como esposas, mães, filhas e avós. Deus, por intermédio de uma mulher, nos deu o seu único Filho para salvar mulheres e homens. Mulheres, que, anonimamente, influenciaram o mundo de alguma forma, desde a imposição do respeito até a educação e formação de cidadãos melhores. Mulheres de guerra, mulheres de paz, que foram assassinadas queimadas vivas pelo clero. Mulheres fortes como Anita Garibaldi, Maria Quitéria e Rute. Esta última, com seu trabalho, amor e dedicação, fez com que todos na cidade vissem o quanto ela se preocupava como sua sogra e ouviu de Boaz: “Toda a cidade do meu povo sabe que és mulher virtuosa”.
Dados sobre violência contra a mulher Em um ranking de 84 países, o Brasil é o sétimo no registro de assassinato de mulheres. Na América do Sul, o país só perde para a Colômbia e, na Europa, para a Rússia. Os números brasileiros desses assassinatos ainda são maiores do que os de todos os países árabes e de todos os africanos.
0 1 de cada 5 mulheres já foi vítima de violência doméstica ou familiar;
0 700 mil brasileiras continuam sofrendo agressões, principalmente de seus companheiros;
0 13 milhões das mulheres – 19% da população
feminina acima de 16 anos de idade – já foram vítimas de algum tipo de agressão; 0 31% das vítimas ainda convivem com o agressor; 0 35% das vítimas oficializaram uma denúncia formal; 0 34% das vítimas procuraram alternativas à denúncia formal, como a ajuda de parentes, de amigos e de igrejas; 0 O medo ainda é o maior inibidor das denúncias de violência doméstica. A dependência financeira vem em segundo lugar. A vergonha da agressão também é apontada como motivo para não denunciar.
Pesquisa realizada de 18 de fevereiro a 4 de março/2013 pela Agência Senado sobre violência contra a mulher. Foram entrevistadas 1.248 brasileiras, com idades a partir de 16 anos, de todas as unidades da federação. Os dados incluem mulheres de diferentes níveis de renda, escolaridade, credo ou raça.
O Presb. Odair, coordenador nacional de adultos da IPIB, é da IPI de Porto Feliz, SP
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VOZ DO CORAÇÃO Há anos, a mulher vem batalhando para conquistar o seu espaço, superando preconceitos na sociedade em busca de respeito como indivíduo e cidadã. Estão presentes em várias áreas na construção civil, na medicina, na polícia, na política, nos esportes, no pastorado. São executivas de sucesso em pequenas ou grandes empresas
A mulher fantástica PRISCILA MADEIRA KUME
Ser mulher nos dias hoje é quase ser uma heroína, pois a rotina de nós, mulheres, é puxada. Somos mães, somos esposas, donas de casa, profissionais, filhas, irmãs e a lista não para. Não significa que o homem não tenha seu mérito, mas só quem é mulher sabe da responsabilidade que lhe é imposta em relação à família. Em Provérbios 31, encontramos a descrição da mulher deste século. Ela é trabalhadora, ajuda na renda do lar, é cuidadosa com a família e com o próximo, é forte e, porque ela teme a Deus, é louvada e seu valor excede ao de que pedras preciosas. Há anos, a mulher vem batalhando para conquistar o seu espaço, superando preconceitos na sociedade em busca de respeito como indivíduo e cidadã. Estão presentes em várias áreas na construção civil, na medicina, na polícia, na política, nos esportes, no pastorado. São executivas de sucesso em pequenas ou grandes empresas, etc. No entanto, percebemos que não querem ser apenas valorizadas como profissionais bem-sucedidas. Por mais diferentes
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que sejam as funções ocupadas, não há como ir contra a sua natureza. Elas também querem ser valorizadas como mulher, esposa ou mãe. Hoje, infelizmente, existem casos de mulheres que são tratadas indignamente; que, ao chegarem em casa, são ofendidas com palavras e atitudes que as desonram como mulher. Outras são tratadas como invisíveis, e isso em pleno século 21. Até mesmo dentro da igreja, encontramos mulheres que estão machucadas interiormente, e essa ferida é invisível aos olhos, mas perceptível para quem a carrega. Só Jesus tem poder para curar as feridas da alma. E aqui está a chave para sermos mulheres fantásticas: mesmo que lutas aconteçam, palavras nos ofendam, se tivermos nosso coração firme em Jesus, confiarmos em seu amor e abrirmos nosso coração para que Ele nos cure, seremos imbatíveis. Para Deus, temos valor. O preço foi o sangue de Jesus derramado na cruz. O que dizer daquelas que são sozinhas na condução do seu lar e dos filhos? São guerreiras e merecem nossa admiração. Ser mulher diante dos desafios do dia a dia não é nada fácil. Devemos cuidar para
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que isso não nos sufoque a ponto de não sabermos mais quem somos. Mesmo que soframos com a desvalorização ao nosso redor, temos que emergir até a beira da água para buscarmos oxigênio e continuarmos a nadar. Temos que nos fortalecer em Deus e cuidar do nosso coração, dos nossos sentimentos. Gastamos muito tempo cuidando dos outros e, por vezes, esquecemo-nos de nós mesmas! Separe um tempo da sua semana para você. Faça o que você mais gosta de fazer, sem se culpar por isso. Algo para se pensar: como cobrar valorização, se você mesma não se valoriza? Mulher, busque forças no criador! Deus te levantará, se você se abater; te dará sabedoria, quando houver indecisões; te guiará pelo caminho de vitória! Você não está sozinha! Deus está com você! “A mulher que teme ao Senhor Deus será louvada". Firme-se na Palavra e seja uma mulher fantástica! A Reva. Priscila, pastora auxiliar, há 8 anos desenvolve trabalho no Ministério de Mulheres, Música e Artes na 1ª IPI de Curitiba, PR priscila@ipic.org.br
Mulher, busque or! Deus forças no criad você se te levantará, se sabedoria, abater; te dará indecisões; quando houver caminho te guiará pelo de vitória!
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Para um casamento feliz é necessário empenho do casal em cuidar um do outro, fazer um pelo outro, alimentar a relação com palavras, carinhos, passeios, viagens a dois, flores, namoro e sexo.
CRISTINA DA SILVA
A traição tem como fonte a paixão. Pode acontecer com qualquer pessoa, independentemente da idade, do estado civil e do sexo. Apaixonar-se é como tropeçar em uma pedra. Qualquer pessoa está sujeita, podendo cair ou não. Da mesma forma ocorre com a paixão. Você pode se deparar com uma pessoa e o coração disparar e os sinos tocarem. O que fazer com este sentimento, que pode surgir tal qual uma doença inesperada, vai depender de uma série de questões como: relacionamento saudável, valores, moral, ética, equilíbrio emocional e até história de vida. Algumas pessoas podem até agir de má fé, mas a grande maioria se envolve sem ter a intenção. Não há uma escolha: “Agora, vou me apaixonar e trair”. Pode-se, sim, a partir da consciência de uma paixão, fazer a opção ou não pela traição. Não julgueis os outros para vocês não serem julgados por Deus (Mt 7.1) Há muitos julgamentos sobre pessoas que traem. A traição envolve três partes: o traidor, o traído e um terceiro conhecido como amante. Há culpa nas três partes. Parece inacreditável? Mas é verdade.
Analisando fatos
Ao saber que um homem casado está tendo um relacionamento extraconjugal, logo caem sobre ele olhares, comentários e julgamentos; se for uma mulher casada que tem um relacionamento extraconjugal, então passa a ser a pior pessoa do mundo, excluída, xingada, etc. Quando se sabe que uma mulher é “caso” de um homem casado, também sobre esta são tecidos comentários diversos. Já o homem que tem caso com uma mulher casada é visto com olhares irônicos. Ao se tratar da vítima, o traído é visto com compaixão e até certa simpatia. Quando ouvimos as pessoas envolvidas, podemos perceber que há
sofrimento e culpa. Ao contrário do que se pensa, não são relações que se baseiam apenas em prazer.
Círculo vicioso
Os motivos de uma traição podem ser inúmeros. Os mais comuns são: • a relação sexual do casal é ruim; • a suposta vítima foge da relação sexual; • tempo livre para fazer o que quiser, como, por exemplo, sair com amigos; • a relação melhora com o envolvimento de uma terceira pessoa; • o desejo de separação, mas sem coragem; a traição seria a solução; • pessoas traídas em condições financeiras favoráveis são recompensadas com presentes e viagens. A lista não para aí. Outros motivos podem colaborar para a traição: desejo de fortes emoções; relacionamento baseado em adrenalina; desejo de reviver sentimentos experimentados na adolescência; aventuras; saudades; etc. O importante é entender que, quando há uma traição, pode também haver uma permissão das partes. Há, sem dúvida, um grande sofrimento. Quem é traído sofre por ser enganado, porque vai perder, porque se sente inferior. O traidor sofre porque ama o cônjuge, mas se apaixona por outra pessoa. E a terceira pessoa sofre porque sente culpa e não pode se apropriar daquele que ama. Assume o papel de amante e fica com o que sobra.
Família é um projeto de Deus
Envolvemo-nos com tarefas cotidianas, realização pessoal, profissão, família de origem (mãe, pai e irmãos), filhos e temos a tendência de esquecer ou não dar a atenção devida ao marido ou à esposa. Numa atividade em um grupo, pedi às pessoas que escrevessem os
papeis que exercem na vida e dar nota para cada um deles. Ao final do trabalho, alguém esqueceu sua folha e, quando li, notei que a nota para profissional era 9; mãe, 8; filha, 8; esposa, 4. Tenho notado que é comum que a nota para o papel de esposa/ marido é baixa. É isso que chama a atenção. Seria este o motivo da traição? Talvez não o único, porém um forte motivo.
Casamento com bases sólidas pode ser antídoto contra a traição
A melhor forma de lidar com a traição é a prevenção. O casamento deve ter como base o amor, sendo este o principal ingrediente. Com ele haverá também companheirismo, respeito, carinho, cuidado, entre outros. A cumplicidade é outro ingrediente importante. No relacionamento em que um é parceiro do outro, gostam das mesmas coisas, brincam, riem, realizam desejos, se comunicam bem até pelo olhar, se completam, não há espaço para uma terceira pessoa. Lembro-me de uma jovem casada há 10 anos. Era um casamento feliz. Ela foi fazer um curso e conheceu dois professores: um velhinho e bonzinho, e outro lindo e maravilhoso. Ela conta que, durante toda sua adolescência, sonhou com um homem bonito, inteligente, charmoso, que se vestia de preto e era gaúcho. Era o professor que estava sendo apresentado. Os sinos tocaram e ela se apaixonou. Em um determinado dia, comentou no grupo que queria emagrecer. Ele olhou pra ela e falou: “Pra que emagrecer? Você está tão bem assim!” A jovem tremeu. Seu sorriso foi de canto a canto da boca. Mas, ao sair da aula, pensou em seu marido, seu amado, com quem já vivera momentos maravilhosos, aquele que esteve presente nos momentos difíceis. Naquele mo-
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mento, resolveu que tiraria da sua mente todos os pensamentos sobre o professor. Passou a evitá-lo, ficando o mais longe que pode e, assim, nada aconteceu. Se o casamento fosse falho, com espaços incompletos, carências, frustrações, sem um saudável relacionamento, certamente aquela jovem cairia nos braços do professor. Para um casamento feliz é necessário empenho do casal em cuidar um do outro, fazer um pelo outro, alimentar a relação com palavras, carinhos, passeios, viagens a dois, flores, namoro e sexo.
Casamento firmado em Deus
O casamento que é vivido debaixo do amor de Deus tende a ser um casamento firmado em amor, realizações e fidelidade. A família é um projeto de Deus. Encontramos na Bíblia muitas passagens que nos mostram o amor de Deus pelo casamento, pelo amor conjugal e pela família. Vivendo uma vida firmada em Deus, podemos adquirir valores que nos impedirão de cometer erros dos quais nos arrependeremos. Portanto, somos humanos e falhos. Então, seguir os ensinamentos que Deus nos deixou pode ser antídoto contra este mal que assola os relacionamentos. Cristina, psicóloga, é membro da IPI da Freguesia do Ó, São Paulo, SP
Alguns versículos que nos mostram o amor de Deus pelo casamento 0 “Disse mais o Senhor Deus: Não é bom que o homem esteja só; eu lhe farei uma ajudadora que lhe seja adequada” (Gn 2.18). 0 “As mulheres sejam submissas ao seu próprio marido, assim como ao Senhor” (Ef 5.22). 0 “Maridos, amai vossa mulher, como também Cristo amou a igreja e a si mesmo se entregou por ela” (Ef 5.25). 0 “Cada um de per si também ame a própria esposa como a si mesmo, e a esposa respeite ao marido” (Ef 5.33). O livro de Cânticos é uma coleção de poemas de amor, a maior parte em forma de canções. Uma das interpretações deste livro é que trata da dignidade e da beleza do amor humano. O livro de Cânticos foi incluído entre os livros sagrados porque trata da pureza e da santidade do casamento, que foi instituído por Deus. 0 “Não adulterarás” (Ex 20.14). 0 “Vigiai e orai, para que não entreis em tentação; o espírito, na verdade está pronto, mas a carne é fraca” (Mt 26.41).
Leituras:
0 “Bíblia da Família - Estudos de Jaime e Judith Kemp” - Sociedade Bíblica do Brasil 0 No blog do Espaço Crescer você encontra temas relacionados que podem contribuir para a formação de um casamento sólido, tais como: • Esse cara sou eu • Traição X Fidelidade • Quando o príncipe vira sapo • Conjugalidade X Individualidade
Filmes:
0 À prova de fogo; 0 Como se fosse a primeira vez; 0 Proposta Indecente; 0 As pontes de Madison.
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Traição MESSIAS ANACLETO ROSA
Como encarar?
À luz da Palavra de Deus, o casal formado pelo esposo e esposa são “uma só carne”. Olhemos alguns textos das Escrituras Sagradas: “Por isso, deixa o homem pai e mãe e se une à sua mulher, tornando-se os dois uma só carne” (Gn 2.24). Nesta mesma linha de raciocínio leiamos Efésios 5.28-29, 31, 33: “Assim também os maridos devem amar a sua mulher como ao próprio corpo. Quem ama a esposa a si mesmo se ama. Porque ninguém jamais odiou a própria carne; antes, a alimenta e dela cuida, como também Cristo o faz com a igreja. Eis por que deixará o homem a seu pai e a sua mãe e se unirá à sua mulher, e se tornarão os dois uma só carne. Não obstante, vós, cada um de per si também ame a própria esposa como a si mesmo, e a esposa respeite ao marido”. Creio não ser preciso comentar estes versículos. Eles são muito claros quanto à verdade bíblica que estamos colocando: esposo e esposa são “uma só carne”. Como é que eu procuro tratar a minha carne? Eu não odeio a minha carne; pelo contrário, eu a alimento e dela cuido. Vou aos médicos periodicamente, faço exames regularmente, levo a sério meus exercícios físicos, procuro ter uma vida com qualidade e saúde integral. É assim que devo proceder em relação ao meu cônjuge: cuidar, proteger, agasalhar, valorizar, zelar, promover seu bem-estar e plena felicidade. A Bíblia afirma: “O amor não pratica o mal contra o próximo; de sorte que o cumprimento da lei é o amor” (Rm 13.10). O que é traição? É um ato ou atitude de deslealdade. A Bíblia é clara ao tratar o assunto deslealdade:
conjugal. Há remédio? “Não temos nós todos o mesmo Pai? Não nos criou o mesmo Deus? Por que seremos desleais uns para com os outros, profanando a aliança de nossos pais? Não fez o Senhor um, mesmo que havendo nele um pouco de espírito? E por que somente um? Ele buscava a descendência que prometera. Portanto, cuidai de vós mesmos, e ninguém seja infiel para com a mulher da sua mocidade. Porque o Senhor, Deus de Israel, diz que odeia o repúdio e também aquele que cobre de violência as suas vestes, diz o Senhor dos Exércitos; portanto, cuidai de vós mesmos e não sejais infiéis” (Ml 2.10, 15-16). A traição é uma negação do amor. O que diz a Bíblia? “Todos os vossos atos sejam feitos com amor” (1Co 16.14). Não creio que alguém vai trair seu cônjuge movido pelo amor. Creio, sim, que, quando isto acontece, machucamos o coração de Deus, envergonhamos o evangelho e fazemos sofrer a parte ofendida. Jesus nos amou até o fim (Jo 13.1). Assim é o amor que une o casal. Amamos na alegria e na tristeza, na fartura e na pobreza, na saúde e na doença, na juventude e na velhice, quando o céu é cor de anil e quando chegam as tempestades. O amor não é eterno ‘enquanto dura’ porque “o amor jamais acaba” (1Co 13.8), “o amor não faz mal ao próximo”(Rm 13.10). Há um remédio, uma esperança para aqueles que passaram por este tipo de experiência? Graças a Deus, sim. “Porque o pecado não terá domínio sobre vós; pois não estais debaixo da lei, e sim da graça” (Rm 6.14); “Sobreveio a
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lei para que avultasse a ofensa; mas onde abundou o pecado, superabundou a graça” (Rm 5.20). Creio que a graça de Deus se manifesta trazendo ao casal: • Convicção profunda do pecado: “Pois eu conheço as minhas transgressões, e o meu pecado está sempre diante de mim. Pequei contra ti, contra ti somente, e fiz o que é mal perante os teus olhos, de maneira que serás tido por justo no teu falar e puro no teu julgar” (Sl 51.3-4). • Arrependimento sincero - mudança de atitude: “Arrependei-vos, pois, e convertei-vos para serem cancelados os vossos pecados” (At 3.19). • Confissão do pecado: “Confessei-te o meu pecado e a minha iniquidade não mais ocultei. Disse: confessarei ao Senhor as minhas transgressões; e tu perdoaste a iniquidade do meu pecado” (Sl 32.5); “Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça” (1Jo 1.9). “O que encobre as suas transgressões jamais prosperará; mas o que as confessa e deixa alcançará misericórdia” (Pv 28.13); “Respondeu ela: Ninguém, Senhor! Então, lhe disse Jesus: Nem eu tampouco te condeno; vai e não peques mais” (Jo 8.11); “Fugi da impureza. Qualquer outro pecado que uma pessoa cometer é fora do corpo; mas aquele que pratica a imoralidade peca contra o próprio corpo” (1Co 6.18). Deus pode fazer tudo novo: “Não vos lembreis das coisas passadas, nem considereis as antigas. Eis que faço coisa nova,
que está saindo à luz; porventura, não o percebeis? Eis que porei um caminho no deserto e rios, no ermo” (Is 43.18-19). A minha palavra aos que viveram ou estão passando por esta triste experiência é: Corram para Jesus e tenham um encontro na cruz de Cristo. Não é nem no gabinete pastoral, na sala do terapeuta, do psicólogo. Isto vem depois; primeiro, venham a Cristo; só ele perdoa e nos capacita a perdoar; ele faz novas todas as coisas. Aos queridos casais aconselho: orem juntos, cultivem juntos o amor e promovam um a felicidade do outro. “O marido conceda à esposa o que lhe é devido, e também, semelhantemente, a esposa, ao seu marido. A mulher não tem poder sobre o seu próprio corpo, e sim o marido; e também, semelhantemente, o marido não tem poder sobre o seu próprio corpo, e sim a mulher. Não vos priveis um ao outro, salvo talvez por mútuo consentimento, por algum tempo, para vos dedicardes à oração e, novamente, vos ajuntardes, para que Satanás não vos tente por causa da incontinência” (1Co 7.3-5). “Maridos, vós, igualmente, vivei a vida comum do lar, com discernimento; e, tendo consideração para com a vossa mulher como parte mais frágil, tratai-a com dignidade, porque sois, juntamente, herdeiros da mesma graça de vida, para que não se interrompam as vossas orações” (1Pe 3.7). Assim o Senhor nos abençoe. O Rev. Messias é pastor da 1ª IPI de Londrina, PR
Há um remédio, uma esperança para aqueles que passaram por este tipo de experiência? Graças a Deus, sim. A Re R Revista eevi viisstta v ta d da aF Família am a míl ília ia nº nº 73 3a abril bri bril b ril ril / m maio aio a i / junho, io junho ju nh nh nho, ho, ho 2013 201 01 0 13 13
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Quando o líder adúltera DANIEL DUTRA
O mercado internacional da traição descobriu o Brasil. Nos últimos dois meses, três sites internacionais especializados em relações extraconjugais abriram seus serviços no país. Juntas, a canadense Ashley Madison, a norte-americana Ohhtel e a holandesa Second Love contam com cerca de 12 milhões de usuários ao redor do mundo e já reúnem mais de 370 mil pessoas no Brasil. O grande atrativo dessas redes sociais é a facilidade de se conseguir uma "pulada de cerca" de forma rápida e discreta. Fidelidade conjugal é um dos temas mais banalizados em nossos dias. Infidelidade conjugal, chamada também de adultério, está em alta nas novelas, nos filmes e também na vida real. Infelizmente, é muito comum observar na roda de homens ou mulheres comentários sensuais referentes a outros homens ou mulheres que, com certeza, não é o seu esposo ou esposa. Isto não é novo! Jesus, conversando com a mulher samaritana, mandou que ela chamasse o seu marido, e ela respondeu: “Não tenho marido. Replicou-lhe Jesus: 24 Alvorada
Bem disseste, não tenho marido; porque cinco maridos já tiveste, e esse que agora tens não é teu marido; isto disseste com verdade” (Jo 4.17-18). O adultério está muito mais perto do que se pode imaginar. É uma possibilidade real. Pode acontecer de uma hora para outra, na próxima esquina, no próximo minuto, na próxima oportunidade e principalmente se o candidato ao adultério não se sente vulnerável a esse delito ou a qualquer outro. Daí a sábia exortação de Paulo: “Aquele, pois, que pensa estar em pé veja que não caia” (1Co 10.12). Wayne Cordeiro, em seu livro Mentores segundo o coração de Deus, conta a sua experiência: “Vários anos atrás, quando eu me sentia totalmente esgotado e aborrecido, a tentação se beneficiou de um álibi perfeito. Eu havia terminado um compromisso mais cedo e tinha uma noite inteira livre em um hotel próximo ao aeroporto. Eu não sabia que aquela área em particular era conhecida como uma zona de prostituição. Pedi ao garçom uma mesa para um. Eu nem sequer tinha sentado quando uma mulher impressionantemente bela ocupou o assento à
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minha frente. -Você está satisfeito com o hotel? - ela perguntou. Imaginei que ela fosse uma representante do hotel, pesquisando a opinião dos clientes. -Com certeza - respondi. -É um lindo hotel. -E os quartos? São do seu agrado? -Oh, sim - respondi ingenuamente. -As camas são muito confortáveis! Estou aqui para lhe oferecer serviços de elite - ela continuou - reservados apenas para cavalheiros. Eu devo ser muito bobo, porque mesmo assim não entendi o que ela estava querendo dizer. -Serviços? - perguntei. -Sim, serviços de acompanhante que tornarão a sua estada inesquecível. A ficha finalmente caiu, e toda a situação veio à luz. Ela estava mesmo trabalhando, mas não em uma pesquisa de opinião. Imediatamente uma voz interior interrompeu. Ninguém ficará sabendo, seduziu-me a ardilosa cilada. Você está em um hotel desconhecido, em uma parte afastada do país e, afinal, merece uma escapada hoje! Pode ter sido apenas uma ilusão, mas acho que vi, com o canto do olho, José correndo da esposa de Potifar. E, quando passou por mim, ele gritou: -É melhor me seguir e agora mesmo! -Desculpe-me - eu disse.
-Esqueci uma coisa no quarto. E corri para alcançar José. Quando cheguei ao quarto, tranquei a porta e fiquei muito feliz com o que havia feito naquele dia!” Graças a Deus. Existem pessoas que lutam diariamente para se manter íntegras nesta área da vida. Porém, o que acontece quando o líder adultera? O que pensam os novos membros? O que pensam os membros antigos? Os seus filhos? Seu cônjuge? Pregou para muitos e não conseguiu pregar para si?
Um alerta na Bíblia
Nos dez primeiros capítulos de 2 Samuel, Davi não fez nada de errado. Nunca é derrotado num combate e nunca erra num julgamento. Começa seu reinado com oração e continua em fé. Os inimigos são subjugados, a nação unificada e os limites estendidos (de 13.200 km para 132.000 km). Numa tarde ociosa, ele encontra uma mulher proibida. Seu nome era Bate-Seba. A testosterona sobe, ele a intima e dorme com ela. Em vez de arrepender-se, conspira. Mente. Deixa um soldado morto e uma viúva chorando. Depois disto, Davi passou cerca de dez anos suportando as consequências da sua conduta. Por ordem do Senhor, Natã declarou a Davi: “Você matou Urias, o hitita, e ficou com a mulher dele. Por isso, a espada nunca se afastará da sua família” (2Sm 12.10). Realmente, a espada nunca mais se afastou do seu lar. O filho gerado no adultério com Bate-Seba morreu. Amnon violentou sua meia irmã Tamar. Absalão fez justiça com as próprias mãos, assassinando Amnon e, depois, usurpando o trono do pai. Por fim, Davi chora a morte de Absalão: “Ah, meu filho Absalão! Meu filho, meu filho Absalão! Quem me dera ter morrido em seu lugar! Ah, Absalão, meu filho, meu filho!” (2Sm 18.33). O livro de Provérbios compara o adultério com um boi que vai para o matadouro: “E ele num instante a segue, como o boi que vai ao matadouro; como o cervo que corre para a rede, até que a flecha lhe atravesse o coração; como a ave que se apressa para o laço, sem saber que isto lhe custará a vida” (Pv 7.22-23).
O PERFIL DO LÍDER EM RISCO DE ADULTÉRIO dominou o seu coração. A sede de mandar e de não acei0 Otarpoder divergências é uma característica do mau uso do poder. Assim,
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este líder vai minando seus relacionamentos e ficando isolado. Sozinho é uma presa fácil para as investidas do maligno. Não tem amigos e mentores. Urge a necessidade de se ter alguém para confiar, desabafar e até mesmo se inspirar. Charles Spurgeon disse: “A amizade é uma das mais doces alegrias da vida. Muitos poderiam ter sucumbido sob a amargura de suas provações, se não tivessem encontrado um amigo”. A pregação diverge da prática. É o problema do famoso ditado: “Faça o que eu falo, mas não faça o que eu faço”. Esta é a pior pedagogia possível. Jesus criticou os fariseus: “Não façais conforme as suas obras; porque dizem e não praticam” (Mt 23.3). Passando por problemas no casamento. Geralmente tudo se inicia quando existe descontentamento. Os sentimentos do casal estão em conflito e não existe empenho em resolver a situação. Necessidades que o cônjuge não está preenchendo como atenção, aprovação ou afeição podem ser brechas emocionais para um caso extraconjugal. Envolvimento emocional. Começa a sentir-se mais confortável com alguém que não seja o seu cônjuge. As dificuldades do dia são compartilhadas com certo prazer em um almoço, um encontro ou numa carona. Um desejo intenso de estar perto desta outra pessoa.
PROTEGENDO-SE DO ADULTÉRIO
Entenda que você é vulnerável. Todo grande líder tem os pés de 0 barro. A Bíblia não deixou oculto o erro dos heróis da fé. O exemplo
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de Davi está registrado para nos alertar. Ninguém é forte o bastante para não se cuidar. Todos têm virtudes e fraquezas, sem exceções. Procure um amigo confiável que o aconselhe e possa prestar conta. A Bíblia nos orienta: “Confessai, pois, os vossos pecados uns aos outros e orai uns pelos outros, para serdes curados” (Tg 5.16). Invista tempo na vida com Deus. Leitura diária da Bíblia e oração são exercícios espirituais indispensáveis para um líder. Jesus afirmou: “Não só de pão viverá o homem” (Lc 4.4). Considere o preço que terá de pagar se ocorrer uma queda. Pense em sua esposa, em seus filhos, em sua igreja, em seu ministério e no nome de Cristo. Você ainda correria o risco de uma gravidez não planejada e de uma doença sexualmente transmissível. Faça constantes investimentos em seu relacionamento conjugal. Crescer no amor é um ato intencional e requer muita dedicação e compromisso. O casamento pode ter sido feito no céu, mas sua manutenção é na terra. A Bíblia orienta sobre o valor que devemos dar ao casamento: “Digno de honra entre todos seja o matrimônio, bem como o leito sem mácula; porque Deus julgará os impuros e adúlteros” (Hb 13.4).
0 www.pastordanieldutra.blogspot.com REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS CORDEIRO, Wayne. Mentores segundo o coração de Deus. KEMP, Jaime. Pastores em Perigo. FOSTER, Richard. Dinheiro, sexo e Poder. Revista Ultimato. Adultério Duplo. Novembro-Dezembro 2006. Edição 303
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REFLEXÃO
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O diabo das
comunicações A revelação do mal na televisão, rádio e redes sociais
Allison Carvalho - www.bywally.com.br
FERNANDO HESSEL
A televisão sempre foi encarada como uma ferramenta mágica para muitos nos tempos passados. Atualmente, ela desperta a curiosidade de inúmeras pessoas, mas é vencida agora pelas redes sociais. Mas, antes de chegar neste tema instigante, vamos nos ater ao que este “tubo mágico” trouxe de bom e de ruim para a nossa sociedade. Quando os primeiros televisores chegaram ao Brasil, a mais alta elite era a única beneficiada deste meio de comunicação. As empresas geradoras de conteúdos tinham a exclusiva preocupação de produzir materiais para serem exibidos. Parecia que, neste período, o fator dinheiro não era o que mais interessava, pois procurava-se artistas e jornalistas para preencher os espaços vagos da programação televisiva. Tudo era uma festa nos bastidores como lembram, com imenso saudosismo, aqueles que viveram o famoso tempo áureo da tevê brasileira. Com o passar do tempo, este glamour de trabalhar pela arte foi se exaurindo. Os meios de comunicações passaram por uma transformação abrupta de conceito e, agora, viraram plenamente empresas comerciais. Podemos dizer que as tevês estão vivendo o período da industrialização dos respectivos conteúdos. Coloca-se no ar apenas aquilo que tem grande potencial de receita. Por isso, ocorreu o surgimento empresas de pesquisas de audiências como o IBOPE, que tentam saber o que realmente o telespectador está gostando de assistir em tempo real. Elas são uma ferramenta que serve de base para prospectar novos mercados e, assim, obter maior
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receita para a manutenção das programações. Podemos dizer que quem mantém as tevês, enquanto veículos, somos nós telespectadores. Ao consumirmos determinado produto em uma loja ou supermercado, estamos alimentando aquilo que assistimos em nossas casas. Quando criticamos programas ditos de baixo nível, estamos na verdade criticando a nós mesmos. São as nossas vontades consumidoras que refletem aquilo que assistimos. Só que esta ideia não era discutida com tal profundidade há cerca de duas décadas, quando as igrejas literalmente demonizavam este meio de comunicação. Evidentemente, elas tinham lá as suas razões devido ao poder desconhecido que a televisão tinha sobre as pessoas. O obscuro sempre gera insegurança nas pessoas e em líderes temerosos de perder a dominação sobre uma determinada ideia. Os monitores chegavam às casas das pessoas e, com fascínio, reuniam os familiares e vizinhos em volta deles, na sala de estar. Todos ali ficavam curiosos para ver o que havia dentro daquelas traquitanas. Com o passar do tempo, o poder aquisitivo da população aumentou e,
assim, aquele objeto se tornou cada vez mais comum. Hoje, é possível encontrar um televisor em cada cômodo nas casas das pessoas. Em bairros mais carentes, veem-se com facilidade inúmeras antenas parabólicas e canais a cabo. A tevê considerada demônio dominou, portanto, as residências e, como um passe mágico e contraditório, se tornou numa grande aliada de muitas igrejas. Mas isto é tema para outra abordagem na Revista Alvorada. Mas o fato é que a comunicação se propaga e suas formas se alteram com o passar do tempo, com muita interatividade. Os tubos mágicos agora são substituídos por telas planas e cada vez menores em suas dimensões. O celular chegou com toda força, eliminando as famosas fichas telefônicas e seus respectivos orelhões, tornando as ligações entre as pessoas cada vez mais democráticas e ágeis. Os telefones móveis não pararam por aí e abriram espaços para a internet, que nos lança num universo sem fim, repleto de buracos negros. Quando escrevo sobre os buracos negros na internet, refiro-me aos conteúdos que fogem da legalidade moral e criminal das rela-
ções humanas. A televisão já tem os seus dias contados no formato que vivenciamos. Ela se tornará numa simples geradora de conteúdos que serão compartilhados por redes sem fio em qualquer lugar para quem quiser ver e ouvir. Não é raro as mulheres assistirem as novelas dentro de um ônibus ou trem, no retorno para casa, depois de um dia intenso de trabalho. Outro exemplo clássico é o do chefe de família enxergar tudo o que acontece na empresa onde trabalha através de um computador portátil nas mãos em plenas férias. Esta é a prova de que a própria comunicação se transformou numa doença autoimune e nós, meros espectadores alimentadores deste ser com os nossos desejos cada vez mais intangíveis. Nós criamos o nosso próprio vício. Muitas vezes, criticamos os meios, sem ao menos atentarmos que o mercado das comunicações oferece aquilo que pedimos inconscientemente. As redes sociais Facebook e Twitter são espelhos de um futuro certo onde cada um será um gerador de informação. Postar uma simples foto de família já pode ser encarado por
Evolução em andamento As redes sociais Facebook e Twitter são espelhos de um futuro certo onde cada um será um gerador de informação. Postar uma simples foto de família já pode ser enca-
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rado por muitos especialistas como uma ação absolutamente jornalística, com grande valor agregado naquela informação publicada. O Youtube e similares serão a futura tevê
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que conhecemos no modelo atual para os nossos netos. Os controles remotos serão as próprias teclas de nossos smartphones. E assim por diante!
muitos especialistas como uma ação absolutamente jornalística, com grande valor agregado naquela informação publicada. O Youtube e similares serão a futura tevê que conhecemos no modelo atual para os nossos netos. Os controles remotos serão as próprias teclas de nossos smartphones. E assim por diante! Esta evolução solitária das comunicações, se assim podemos dizer, é confirmada por institutos de pesquisas internacionais como a Pricewaterhouse que, num artigo feito pela Acces, empresa de softwares de automação de meios de comunicação, diz o seguinte: “O setor de mídia e entretenimento que emergiu da crise apresenta mudanças profundas decorrentes da migração cada vez mais acelerada dos consumidores para as plataformas digitais. O mercado digital responde por 26% de todos os gastos e a previsão é que essa fatia chegue a 33,9% em 2015. Estamos na era do consumidor conectado. Para adaptar-se a essa realidade, a indústria procura criar formas de envolver o consumidor por meio do redesenho do conteúdo com o objetivo de torná-lo multiuso e multiplataformas,
propiciando múltiplas possibilidades de receitas”. Esta é, portanto, uma simples prova daquilo que estamos colocando neste tema sensível em nossa comunidade. E onde fica Deus nesta história toda? Em uma realidade cheia de interesses comerciais e pessoais de se comunicar em todos os sentidos, Deus fica exatamente naquilo que transmitimos nestas nossas modernas e compactas tevês e rádios portáteis, que alimentamos diariamente por redes sociais. Devemos ter um enorme cuidado de sermos luz ao transmitirmos os nossos conteúdos. O sal e a luz da terra também moram nestas redes e, por isso, todo o cuidado é pouco em evitar refletir um feixe equivocado para centenas ou milhares de espectadores. O perigo da tevê e do rádio analógico nunca existiu; o medo está, na verdade, em nossa própria humanidade, que é o de buscar as coisas certas ou erradas. Para concluir, posso afirmar que Deus sonda também o nosso teclar! E por que não dizer que a mão falará o que o coração sentirá? O Fernando, jornalista, é membro da IPI Central de Palmas, TO
responde O mercado digitasl os gastos por 26% de todoue essa e a previsão é q 3,9% em fatia chegue a 3 a era do 2015. Estamos nectado. consumidor con
O grupo em apresentações evangelísticas em igrejas
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CONEXÃO JOVEM
Sistema operacional Na edição passada, iniciamos a série de matérias abordando de maneira geral a expressão conectividade, seu avanço, seus novos conceitos e sua agressiva interferência no comportamento jovem, principalmente em se tratando de relacionamento com Deus. Termos inovadores como upload, download e upgrade parecem referir-se apenas à conectividade, mas você sabia que esses conceitos existem há muito tempo e estão diretamente ligados ao nosso relacionamento com Deus? A primeira coisa que um computador, notebook, tablet ou smartphone precisa ter para funcionar é um sistema operacional instalado (Windows, Mac, Android, Linux). Cada sistema operacional trabalha de acordo com sua versão e configuração de seu aparelho. Esse sistema permite menor ou maior velocidade de processamento de dados, acessibilidade, interatividade e compatibilidade para instalação de softwares. Eu me lembro do meu primeiro computador, um
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Pentium 100mhz, com 16mb de memória RAM, 4gb de espaço em HD, rodando o sistema operacional Windows 95. Uaaau, era o lançamento! Meus amigos “babavam” na minha super máquina! Porém, se ele ainda existisse hoje, não rodaria nenhum software atual. Diz a Palavra: “Antigamente, por terem desobedecido a Deus e por terem cometido pecados, vocês estavam espiritualmente mortos. Naquele tempo, vocês seguiam o mau caminho deste mundo e faziam a vontade daquele que governa os poderes espirituais do espaço, o espírito que agora controla os que desobedecem a Deus” (Ef 2.1-2). Assim somos nós! Nascemos com um sistema operacional destituído da conexão com o Pai. Um sistema totalmente corrompido e incapaz de processar qualquer arquivo proveniente do coração de Deus. A Palavra diz também: “Mas quem não tem o Espírito de Deus não pode receber os dons que vêm do Espírito e, de fato, nem mesmo pode entendê-los” (1Co 2.14). Esse versículo demonstra, de forma clara, que o sistema operacional da velha natureza é totalmente incompatível com os softwares e upgrades espirituais. Para aqueles que não co-
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Para se viver a nova dimensão além do que a tecnologia pode alcançar - a dimensão sobrenatural em Cristo - é necessário permitir que o Espírito de Deus faça um escaneamento completo em sua vida, conforme descrição do Salmo 139.
nhecem a Cristo e que não vivem a experiência da conversão de vida, a mensagem da Palavra e os recursos espirituais disponibilizados não fazem nenhum sentido. Ainda há muitos que buscam fervorosamente os benefícios da plataforma espiritual em Cristo sem mesmo passar pela formatação do velho sistema e a instalação do novo sistema operacional. Jesus tocou neste ponto falando que a velha estrutura de um odre não suporta a pressão de vinho novo, provocando assim um grande estrago. A vida nova em Cristo exige uma estrutura nova. Diz assim o texto de João 3.3: “Jesus respondeu, e disse-lhe: Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer de novo não pode ver o reino de Deus”. Jesus disse isso para Nicodemos, um expert analista de sistemas das leis, um homem totalmente instruído nas tradições religiosas. A formatação é inevitável para aqueles que desejam mergulhar na vida em Cristo. O sistema operacional antigo pensa de forma carnal e processa de forma carnal. Está infectado de vírus e arquivos
corrompidos. A formatação não é uma decisão tão fácil – você sabe que perderá tudo o que proporcionava prazer, tudo o que o vinculava ao mundo, perderá todos os contatos da velha vida. Não existe outro caminho! Para se viver a nova dimensão além do que a tecnologia pode alcançar - a dimensão sobrenatural em Cristo - é necessário permitir que o Espírito de Deus faça um escaneamento completo em sua vida, conforme descrição do Salmo 139, detectando assim as falhas do velho sistema e promovendo o novo nascimento. Novo nascimento não significa mudança de religião, frequência em programações eclesiásticas e, sim, morrer para as velhas obras e adquirir a mente de Cristo. “E não sede conformados com este mundo, mas sede transformados pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus” (Rm 12.2). Mais de Deus sobre sua vida! Wag Ishii, líder de jovens e adolescentes da IPI de Rolândia, PR wagner@ventoimpetuoso.com.br www.facebook.com/prwagishii
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PSICANÁLISE E ESPERANÇA
A vida contemporânea e o uso de
drogas
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6 2 DE JUNHO
DIA INTERNACIONAL
COMBATE ÀS DROGAS
DE
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O ser humano busca alternativas para seu desespero. Ele quer melhorar o seu desempenho, o seu humor, interagir socialmente, definir sua identidade, encontrar algo que lhe dê prazer e, talvez, curar as doenças de sua vida física e emocional. LEONTINO FARIAS DOS SANTOS
Nossa sociedade é permissiva e doente. Tem entre seus maiores objetivos alcançar a felicidade, ainda que momentânea. Nela, muitos têm dependido de artifícios para viver, de vários tipos de drogas para a cura de certas doenças de origem física ou emocional, e de drogas frequentemente usadas por jovens e adultos como ópio para algum tipo de bem-estar. O que queremos dizer quando falamos em “drogas”? Tem sido inevitável o uso de certas drogas ou medicamentos, produtos químicos para curar algum tipo de doença, conforme orientação médica. Entre essas estão os calmantes, os soníferos e os antidepressivos, entre outros. O ideal seria que nunca necessitássemos desse tipo de medicamento, principalmente dos que, inclusive, criam dependência e efeitos colaterais indesejáveis. Frequentemente também usamos a palavra “droga” para nos referir a produtos entorpecentes causadores de sensações estranhas, sem controle da consciência, que tanto podem levar as pessoas a uma sensação momentânea de bem-estar como a alucinações inconsequentes. Algumas dessas drogas, consideradas ilegais (heroína, maconha, LSD, cocaína, etc), além dos estragos que causam, com o tempo também provocam a necessidade de aumentar as doses a fim de que o mesmo efeito inicialmente obtido seja garantido. São substâncias psicoativas, isto é, que afetam o funcionamento do sistema nervoso central, alterando a percepção e a consciência. Também são drogas as bebidas alcoólicas e a ni-
cotina, que podem gerar dependência. Ainda que não chamem a atenção, incluam-se entre as drogas a Coca-Cola, o chá preto, e o chocolate, alimentos aparentemente inofensivos e incentivados pela mídia, mas que não deixam de ser psicoativos, porque contêm cafeína, substância presente no café. São drogas liberadas para consumo, apesar dos poderes psicoativos. Por que as pessoas usam drogas? É possível viver sem algum tipo de droga? A vida contemporânea tem sido caracteristicamente estressante, cheia de sofrimentos, sempre sujeita a aflições. Desemprego, violência urbana e perda da qualidade de vida têm gerado tédio, sensação de vazio e perda de significado, tudo isso como componente de sucessivas crises existenciais no ser humano, que se pergunta pelo sentido de sua identidade e de sua existência numa sociedade tecnológica, na qual o indivíduo se sente apenas como uma peça na engrenagem da megamáquina social. Com essa realidade, o ser humano busca alternativas para seu desespero. Ele quer melhorar o seu desempenho, o seu humor, interagir socialmente, definir sua identidade, encontrar algo que lhe dê prazer e, talvez, curar as doenças de sua vida física e emocional. Muitos desesperados delegam aos psicoativos essas funções que lhe têm sido negadas no meio social. É assim que, de uma forma ou de outra, as pessoas se deixam dominar pelo que lhe parece útil para proporcionar bem-estar. Daí as fugas para amenizar sofrimentos do mundo. Lamentavelmente ou não, é quase certo que todos já consumimos algum tipo de droga, de substâncias psicoativas para superar situações desconfortáveis em busca de motivação, prazer, para melhorar a auto-estima. Quando não se usa drogas ilegais, busca-se drogas liberadas como o café, o cigarro, o chocolate, o chá preto, etc. Entre os que preferem drogas, geralmente estão pessoas que vivem momentos de desequilíbrio emocional, sem amor, sem atenção, sem apoio da família ou de alguma religião, sem algo que valorize a vida. São vulneráveis, sem resistências para enfrentar as crises existenciais. Os jovens, em especial, buscam na droga uma fonte imediata de prazer, principalmente quando lhes faltam amor, carinho, atenção dos pais. A Revista da Família nº 73 abril / maio / junho, 2013
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O que fazer para uma vida sem drogas e com felicidade? Têm sido muitas as respostas para esta questão. Uns acham que uma vida saudável com boa e afetuosa educação oferecida pela família ou pela escola, ou ainda a prática de uma boa religião, é suficiente. A abstinência, algo muito radical, também é uma possibilidade. Outros já não têm esperança de que isso possa acontecer com sucesso. Técnicas e terapias alternativas têm aparecido para ajudar pessoas no processo de valorização da vida e repulsa a tudo que constitua ameaça de morte para o indivíduo. Não se pode negar que temos um grande potencial de cidadania e de amor à vida. De modo geral, queremos viver bem e viver muito. São poucos os que não têm este desejo. Todavia, o pecado transtornou a nossa relação conosco mesmo, com o próximo e com Deus; a vida nesta sociedade exageradamente consumista de valores materiais (moda, beleza, fama, status, riquezas, etc) nos tem dado em troca sofrimentos. De alguma forma, queremos acertar, ter vida com amor, com significado e com segurança. Mas é preciso ter clareza quanto às limitações da vida. Há situações que nunca serão eliminadas totalmente. Sempre estaremos sujeitos a momentos de solidão, tristezas, descontentamento, frustrações. Não se trata de ser como os estóicos, gregos que acreditavam que não adianta lutar porque a vida é e será sempre assim. Não podemos deixar de considerar como verdade que situações adversas “fazem parte da vida e devem ser compreendidas e transformadas”. Desafios de mudanças fazem par-
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te da vida! Por outro lado, reconheçamos também que as drogas não nos garantem bem-estar perene. Pelo contrário, quando viciado, o indivíduo pode ser levado à depressão, ao desespero, à morte. Vale, aqui, investir na espiritualidade sadia. E Jesus Cristo é a alternativa! Ele não enganou a humanidade prometendo felicidade perene neste mundo. Por isso disse, prevenindo-nos contra artifícios enganadores: “No mundo vocês vão sofrer” (Jo 16.33). Mas também nos falou do amor de Deus, sua misericórdia como garantia de vida diante das ameaças de morte. Ele nos falou desse amor, reconhecendo que, em todos os tempos, lugares e culturas, o problema humano básico é a falta de amor, nas relações interpessoais e nas relações com o próprio Deus. O usuário de drogas químicas, por exemplo, é, acima de tudo, carente de amor, atenção e orientação, valores não garantidos por nossa sociedade. Cristo é a esperança para quem vive assim, sem amor e atenção. Com Ele, recuperam-se os valores mais nobres da vida, seu potencial de cidadania, sua auto-estima. Para tanto, é preciso reconhecê-lo como o salvador, expressão do amor de Deus. Suas palavras dão esperança: “Venham a mim, todos vocês que estão cansados de carregar as suas pesadas cargas, e eu lhes darei descanso” (Mt 11.28). “Tudo é possível ao que tem fé” (Mc 9.23). Deus é o amor que lança fora o medo e que é capaz de superar a necessidade de drogas na vida humana.
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O Rev. Leontino, psicanalista, é professor da Faculdade de Teologia de São Paulo da IPIB (FATIPI)
MEDITAÇÃO
Não desista! MAURÍCIO ARAÚJO
“Tinha eu quarenta e cinco anos quando Moisés, servo do Senhor, me enviou de Cades-Barnéia para espiar a terra; e eu lhe relatei como sentia no coração. Mas meus irmãos que subiram comigo desesperaram o povo; eu, porém, perseverei em seguir o Senhor, meu Deus” (Js 14.7-8). Thomas Edison, considerado o maior inventor de todos os tempos, sempre foi incansável na busca de seus sonhos e do que queria. Fez mais de mil tentativas até conseguir inventar a lâmpada. Uma de suas frases mais marcantes é: “A nossa maior fraqueza está em desistir, e o caminho mais certo para vencer é tentar mais uma vez”. Quantas pessoas desistem diariamente de algo em sua vida! Tem gente desistindo do casamento, desistindo dos filhos, desistindo dos ideais, desistindo dos estudos, desistindo do amor de sua vida, desistindo de servir a Deus e até desistindo de si mesmo.
Desistir é fácil! O difícil é não desistir!
Calebe foi um homem que não desistiu de servir ao Senhor. Conta a história bíblica que Calebe e Josué foram enviados à terra de Canaã com outros dez espias para sondar a terra que Deus lhes havia prometido através de Abraão. Os outros dez companheiros logo desistiram de prosseguir para possuir a terra de Canaã, pois a terra era cheia de gigantes, os povos eram guerreiros e fortificados. Então, eles acharam que ja-
mais conquistariam aquela terra. Calebe, porém, não desistiu de seguir ao Senhor, de crer nas promessas de Deus e testificou que, embora os desafios fossem grandes como os gigantes da terra, Deus prometera a terra como herança e estaria ao lado deles neste desafio. Ele creu, e não houve nada que o fizesse desistir disso. A maioria já havia desistido, mas ele perseverou por quarenta anos e, agora, havia chegado a hora de receber seu prêmio. Muitos têm desistido de seguir nos planos de Deus e de suas promessas. Por isso, jamais irão conquistar a vitória. Se você tem sempre desistido de algo ao menor sinal de dificuldade, quero lhe dizer: Não desista! Não pare de lutar! Não desanime! O Senhor é com todos aqueles que perseveram em seus caminhos. Pode parecer impossível, pode parecer distante, mas é certo que o dia da vitória chegará. Há muitos exemplos bíblicos de pessoas que não desistiram de continuar lutando e, por isso, como Calebe, se encontraram com o dia da vitória: “Eis, agora, o Senhor me conservou em vida, como prometeu; quarenta e cinco anos há desde que o Senhor falou esta palavra a Moisés, andando ainda Israel no deserto; e já agora, sou de oitenta e cinco anos. Estou forte ainda hoje como no dia que Moisés me enviou...” (Js 14.10-11). Deus nos abençoe em Cristo Jesus e nos lembremos de que a vitória está reservada aos que nunca desistem! O Rev. Maurício é pastor da IPI de Jundiaí, SP
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AÇÃO SOCIAL
Programa Ação para Crianças da CESE recebe propostas que beneficiem a infância e adolescência
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DIA NACIONAL DE O COMBATE AO ABUS AL E EXPLORAÇÃO SEXU DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
Projetos de combate ao abuso e exploração sexual de crianças e adolescentes recebem apoio
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O dia 18 de maio - Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes – tem o objetivo de conscientizar e mobilizar a sociedade e lideranças públicas no enfrentamento à exploração sexual infantil. Aproveitando a mobilização que existe nessa data, a Coordenadoria Ecumênica de Serviço (CESE) divulga seu programa de apoio às organizações sociais que buscam recursos voltados à garantia dos direitos infanto-juvenis.
18 de maio
A data, instituída pela lei federal 9.970/00, é uma alusão à morte da menina Araceli Cabrera Sanches, de 8 anos, que, em 1973, foi espancada, violentada e morta de forma brutal em Vitória, ES. Desde então, o seu caso tornou-se símbolo na luta contra o abuso e exploração sexual infantil. Apesar de ser um crime previsto na Constituição Federal, no Estatuto da Criança e do Adolescente e no Código Penal, estima-se que ocorrem cerca de 100 mil casos de abuso e exploração sexual de crianças e adolescentes por ano no Brasil, segundo dados da Organização Internacional do Trabalho (OIT). Porém, menos de 20% desses casos são encaminhados ao Disque Denúncia, serviço do governo vinculado ao Programa Nacional de Enfrentamento da Violência Sexual, da Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República, responsável por encaminhar as denúncias. Criado inicialmente por organizações da sociedade civil que atuam na promoção dos direitos das crianças e dos adolescentes, em 1997, foi somente em 2003 que o serviço tornou-se parte do programa governamental. Atualmente, o disque denúncia recebe mais de 100 denúncias diárias, através do número 100 ou pelo e-mail disquedenuncia@sedh.gov.br. De maio de 2003 a abril de 2010, o Disque Denúncia encaminhou 123 mil denúncias e registrou 55.299 situações de abuso e exploração sexual de crianças e adolescentes no Brasil. Lucyvanda Moura, Assessora de Projetos e Formação da CESE, comenta sobre a importância do apoio da sociedade civil para ações de defesa de direitos das crianças. “As organizações sociais, por estarem mais próximas aos sujeitos que, cotidianamente, têm seus direitos violados e por conhecerem bem essa realidade, têm um papel fundamental tanto na denúncia da
violência quanto no apoio para que sejam garantidos os direitos das crianças e adolescentes. A realização de projetos populares de educação, saúde, cultura, ou que enfoquem temas específicos, como meio ambiente, tem-se mostrado bem sucedida no fortalecimento desses direitos. O grande desafio é dar visibilidade a essas iniciativas, torná-las conhecidas, para que setores mais amplos da sociedade possam também abraçar essa causa. Por parte das organizações, também é necessário ampliar sua incidência pública para que as experiências exitosas possam ser transformadas em políticas governamentais”, afirma. Entidades de promoção e garantia de direitos humanos desenvolvem ações de estímulo à participação da sociedade nas denúncias de violação de direitos e também de atenção das autoridades sobre a gravidade deste crime. As iniciativas, as redes, os comitês e as parcerias se ampliam e se fortalecem, mas é necessária uma maior sensibilização da população para denunciar e assim efetivar a proteção integral das crianças.
Apoio aos Direitos das Crianças e Adolescentes
Para contribuir no fortalecimento da rede de proteção aos direitos humanos, há 40 anos a CESE desenvolve e apoia projetos sociais no Brasil. Somente através de seu Programa Ação para Crianças, criado em 2007, já apoiou mais de 140 projetos, beneficiando a vida de mais de 50 mil crianças, adolescentes e jovens. Nesses projetos encontram-se iniciativas diretamente ligadas ao combate à exploração sexual infantil, em ações e manifestos vinculados ao Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração de Crianças e Adolescentes. Esses projetos visam à melhoria de qualidade de vida, especialmente aqueles voltados para combate à violência, geração de renda, preservação ambiental, educação, cultura, lazer, saúde, segurança alimentar e nutricional, acesso à água, habitação. “Através desse programa, a CESE quer não só trabalhar junto com organizações que defendem os direitos de meninos e meninas no país, mas apoiar o seu esforço de mobilização de recursos. Essa metodologia, que chamamos de dupla participação, é uma forma de incentivar organizações, por menores que sejam, para que possam trabalhar em direção à sua sustentabilidade financeira”, afirma Lucyvanda.
Para informações sobre como encaminhar a sua proposta de projeto ou como apoiar a CESE, acesse:
www.cese.org.br
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COMPORTAMENTO
O bullying como defesa da falsa homossessualidade 38 Alvorada
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TELMA ANDRADE CALDEIRA
Fui professora do ensino fundamental e médio por 27 anos. Nesse período, conheci alguns alunos a quem todos os outros – ou quase todos – atribuíam a alcunha de homossexuais. Quando surgia oportunidade, eu me aproximava de alguns deles e, certa vez, colhi com surpresa o desabafo do Alexandre, terceiro colegial, imberbe, desde os 14 tachado de homossexual: -Eu detesto homossexuais e todas as entidades que os defendem. Se eu pudesse, eu os destruiria para me vingar do que eles me fizeram! -!?!!! -Eles não têm o menor respeito pelo ser humano e enganam, traem e produzem sofrimento até àqueles que são seus companheiros. -Desculpe-me, Alexandre. Acho que não entendi. Se eu não estou enganada, você também é considerado um homossexual, não é? Desculpe-me colocar as coisas desse jeito... -É por isso mesmo. Quando eu tinha 15 anos, meus amigos me disseram que eu teria de me definir sexualmente e eles, mais experimentados que eu, confirmaram que eu tinha as características da homossexualidade e precisava “me encontrar”. Resumindo: convivo com homossexuais e não estou feliz, nem realizado. Quero mesmo é viver livre deles, mas estou ilhado, preso, entregue àquilo que eles dizem que eu sou. Então, o rapaz me contou resumidamente o que havia lhe acontecido. Eu fiquei profundamente
chocada com essa confissão. Como o Alexandre se sentia incomodado diante da ridicularização a que estava exposto na sala de aula e mesmo no pátio da escola, conversamos francamente sobre o assunto na classe. O que ele tinha revelado a mim particularmente resolveu contar para os colegas. A família do Alexandre era composta de cinco pessoas: o pai, a mãe, duas irmãs e ele. Sua mãe era uma modelista muito conceituada no bairro e, como vivia atarefada com as costuras, os três filhos faziam o serviço da casa. Alexandre desenhava muito bem e criava os modelos de vestidos, saias e conjuntos para as clientes de sua mãe, que elogiavam sua criatividade e bom gosto. Seu pai não apreciava muito o talento do filho e começou a levar o menino para assistir às partidas de futebol do time de várzea. Matriculou-o nas aulas de karatê e capoeira, mas o Alexandre não se deu bem. O casal passou a brigar por causa daquilo que o menino deveria fazer e daquilo que ele gostava de fazer. Para acalmar os ânimos, Alexandre foi morar com sua tia Gertrudes, no outro lado da cidade. Ele sentia falta de sua família e lastimava muito ter sido a causa da briga entre seus pais. Um dos pensionistas da tia, bem mais velho do que ele, ouvia seus desabafos e o aconselhava. O homem também vivia longe da família por problemas de relacionamento. A amizade foi se solidificando. O senhor ensinou-o a tocar violão e arrumou para ele um emprego de figurinista numa loja de confecções de vestidos para noivas. Alexandre sentia-se muito agradecido pelo apoio que estava recebendo e, um dia em que o clima estava acalorado, o homem se insinuou, convidando o menino para ser seu parceiro sexual. Alexandre recusou, mas o senhor continuou insis-
tindo. Ao passar para o curso médio, Alexandre passou a frequentar uma escola de formação bem liberal. Lá todos os assuntos eram discutidos sem censura. Aos sábados, assistia às palestras sobre direitos humanos e liberdade. Numa dessas, surgiu o assunto homossexualidade e a sua liberdade em exercê-la. Alexandre ficou surpreendido ao constatar que, para eles, o exercício da homossexualidade era algo normal que deveria ser respeitado por todas as pessoas. Alexandre se sentiu aliviado diante dessa constatação e resolveu aceitar o convite do pensionista de sua tia. Mas sua nova prática não o tornou satisfeito. Aquilo não tinha nada a ver com ele. Quis desistir. O pensionista ameaçou-o: se desistisse, perderia o emprego. Desistiu. Nessa altura dos acontecimentos, todos os pensionistas já sabiam do seu relacionamento com aquele senhor tão atencioso e compreensivo. O homem havia contado. Sua tia se sentiu traída e censurou duramente o sobrinho. Disse-lhe que não poderia morar mais na pensão dela. Alexandre saiu a andar sem destino. Entrou numa igreja na hora do culto. O pregador falava que “todos somos pecadores, mas Jesus, na cruz, pagou todos os nossos pecados. Todos. Por piores que eles fossem.” Alexandre acreditou que aquela mensagem era para ele. Na hora do apelo, resolveu aceitar. Depois, teve uma conversa particular com um dos obreiros, que orou com ele e o confortou. Sabendo que o menino não tinha onde ficar, o obreiro, após consultar a liderança da igreja, o convidou a morar numa das salas vazias de lá e lhe arrumou um emprego como repositor no mercadinho da esquina. Em troca, ele faria a faxina e o café, servido após os cultos aos domingos e às quartas-feiras. Para Alexandre estava muito bom. Fez amizade com os jovens da igreja
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Uns dois anos após a revelação do Alexandre, assistindo a TV, fui sintonizando um canal e logo na sequência outro, esperando encontrar alguma programação que me agradasse. Acabei me deparando com o depoimento de uma garota de ascendência japonesa: Sempre gostei de jogar futebol e de andar de bicicleta na rua. Meus companheiros de time me diziam, orgulhosamente, que eu jogava como um menino. No início, esse comentário me envaidecia, mas, com o tempo, comecei a ficar preocupada. Eu já estava com 12 anos, não havia menstruado e meus seios não estavam desenvolvidos. Comecei a esconder meu corpo de minhas colegas e mesmo da família. No meu íntimo, ansiava por “ficar mocinha” como a totalidade das meninas da minha idade. Um dia, a professora de ciências estava ensinando acerca da diferença entre fêmeas e machos; “as fêmeas têm as glândulas mamárias desenvolvidas e os machos, não”. Então, meu parceiro mais constante nos jogos de futebol comentou: “Se é uma questão de tamanho das glândulas mamárias, então (nome da depoente) não deve ser fêmea”. Todo mundo riu e eu me senti profundamente humilhada. Fui para casa e resolvi dar um fim a esse estado-de-coisas. Fui ao banheiro, derrubei um líquido vermelho na minha calcinha e saí radiante para dizer a minha mãe: “Fiquei mocinha, mãe! Até que enfim!” Minha mãe me abraçou longamente, começou a chorar de emoção e disse: ”Graças a Deus”. Mas eu sabia que era mentira. Tive de esperar 3 longos anos ainda. Já se passaram 16 e hoje sou considerada um símbolo sexual. Isso me assusta um pouco porque sempre fui tímida. Resolvi me deixar fotografar nua para provar a todo mundo que sou realmente uma mulher.
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e começou a tocar guitarra no conjunto musical que acompanhava a congregação nos cultos. Depois de uns três meses, o mesmo obreiro do primeiro dia o procurou e disse que, infelizmente, ele não poderia mais participar do conjunto musical devido ao comprometimento moral de sua vida. O obreiro havia ficado sabendo do ocorrido no pensionato. Alexandre pensou, pensou e resolveu deixar de morar e frequentar a igreja antes que ele fosse expulso de lá. Decidiu pedir ajuda a seus colegas de escola, os mesmos que entendiam a homossexualidade como uma manifestação natural do ser humano. Diante da classe, Alexandre resumiu o conteúdo da fala de todos eles: “Olha, é assim que pensamos, mas não podemos determinar a opinião dos outros. Não temos nada a ver com isso que lhe aconteceu”. “E a minha situação, como fica? Eu estou na pior. Estou precisando de ajuda. Vocês não têm nada com isso, mas poderiam fazer alguma coisa para me ajudar”. Enfim, eles arrumaram um lugar para o Alexandre morar temporariamente. Alexandre teve de desistir porque seus companheiros brigavam muito e, além disso, algumas de suas roupas começaram a sumir. Alexandre acabou voltando a morar com seus pais. Transferiu-se de escola e, percebendo que alguns o evitavam e outros o ridicularizavam, manteve sua amizade com meninas e com outros meninos que, como ele, eram considerados homossexuais. Mas esclareceu que não mantinha com esses relacionamento sexual algum. Na classe, houve muita resistência a princípio. Alguns conseguiram compreender a situação do rapaz. Outros, não. Um mês depois, o Alexandre me procurou: -Muito obrigado, professora. Foi muito bom ter colocado toda essa situação às claras. Essas e outras revelações que se juntaram a ela me fizeram com-
preender que os fatores que levam uma pessoa ser tomada como homossexual são acentuadamente diversificados. Não desenvolvi pesquisa a respeito e nada tenho a dizer acerca de outros fatores e, por isso, neste artigo, quero tratar dos determinantes que têm levado algumas pessoas a viverem a condição de homossexualidade como um equívoco. Pelo que pude constatar, a partir do depoimento do Alexandre e, posteriormente, de mais seis alunos, essa ocorrência é mais frequente do que, àquela época, eu poderia imaginar. A competição e o individualismo do período moderno têm sangrado suas vítimas desde a infância. Por exemplo, os compêndios acerca do desenvolvimento infantil sugerem uma faixa etária aproximada na qual a criança começará a sentar, a engatinhar, a andar, a falar. Mas o que é sugerido é tomado pela sociedade em geral como obrigatório. Se um determinado indivíduo não apresenta as habilidades à época sugerida nos compêndios, ele está no mínimo “atrasado”. E os bebês, tão ingênuos e espontâneos, são submetidos a uma situação de competição que cada vez mais vai se diversificando e atingindo outras formas de desempenho. A sociedade capitalista ocidental desenvolveu referenciais de desempenho em todos os setores. Desastradamente, agrupou as pessoas a partir de critérios rigorosos e estreitos e de forma a manter as relações simbólicas de força entre as classes sociais, entre os sexos, entre as diferentes faixas etárias, etc. Ela desenvolveu e tem legitimado, no decorrer das gerações, um discurso que, no âmbito do assunto que estamos desenvolvendo, podemos exemplificar por meio do seguinte: a sabedoria está entre os mais cultos; a espontaneidade e a inconsequência entre as crianças; a força física, a envergadura torácica e a agressividade entre os homens;
a fragilidade, a doçura e as formas arredondadas entre as mulheres. No caso específico da sexualidade, inicialmente tínhamos duas categorias: o masculino e o feminino. Posteriormente, para dar conta de uma riqueza incomensurável de características físicas, emocionais e intelectuais de “determinados indivíduos” que, segundo alguns, não se enquadravam exatamente em nenhuma das duas categorias, foi criado o que vulgarmente é chamado de “o terceiro sexo”. Esses referenciais são tão poderosos que forçam pessoas a atitudes que surpreendem até quem as toma. Certa vez, li o livro O que é homossexualidade, da Editora Brasiliense, Coleção Primeiros Passos. Observei, a princípio, um enfrentamento lúcido da questão. Os autores se referiam à tendência exaustivamente operacionalizada de classificar as pessoas em categorias estreitas e definitivas. “Tem muita gente que preferiria não ter que se submeter a estas novas categorias sociais que tendem a empurrá-los a 'guetos' estanques” (p. 120). Mas a última declaração comprovou que, mesmo eles, que alegavam ter visão abrangente sobre o assunto, se sentiam ameaçados pela nominalização do “terceiro sexo”. Na penúltima folha, os autores apresentaram sua biografia e acrescentaram em referência a si mesmos: “Just good friends” ("Apenas bons amigos”). Por que os autores se preocuparam em declarar que não eram homossexuais? Será que a condição de sê-lo poderia prejudicar a aceitação, pelos leitores e pela crítica, das ideias ali expostas? A sua declaração não seria uma forma de admitir e até reforçar a situação de marginalidade em que vivem os homossexuais, incluindo-se, neste contingente, aqueles que, não o sendo, são também assim considerados? É pertinente assinalar que essa espécie sofisticada de bullying cometido por aqueles que determinam condição de homossexualida-
de a pessoas inseguras, induzindo-as a um erro que lhes causará sofrimento, marginalização e rejeição, ainda apresenta o agravante de que o criminoso, após o crime, age como se nada tivesse com isso. E nós, na igreja, estamos imunes a esse estado-de-coisas? Minha experiência diz que não. O fato de não termos o costume de refletir acerca da sexualidade não nos impede de aplicar os mesmos critérios rígidos na classificação das pessoas. Apesar de Jesus ter agido com dureza diante do desrespeito dos mercadores que vendiam oferendas diante do templo, talvez seja pretensão exagerada a minha a de exortar os irmãos a denunciarem às autoridades de segurança pública a ocorrência de desrespeito e constrangimento a que estejam expostos nossas crianças e adolescentes. A denúncia é pertinente uma vez que o Estatuto da Criança e do Adolescente prevê como crime qualquer ação que prejudique seu bem estar físico e psíquico. Há pouco tempo, chegou às minhas mãos um contrato firmado entre uma igreja presbiteriana e uma família que se propunha a exercer as funções de zeladoria no templo e demais dependências. Como ela e sua família morariam nos fundos da igreja, uma das cláusulas determinava a proibição de estender roupas íntimas no varal da casa nos dias de cultos e reuniões, a fim de evitar constrangimento aos irmãos que estivessem presentes. Por que nós nos constrangemos diante de qualquer evidência, sinal ou indício que “lembre” nossa sexualidade? Este é o momento oportuno para que todos nós, individual e coletivamente, respondamos a esta pergunta. A Telma é membro da IPI de Vila Santa Maria, São Paulo, SP
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DIREITOS HUMANOS
Os indígenas ea
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terra
EZEQUIEL LUZ
Fez muito sucesso entre nós uma música escrita por Jorge Benjor e gravada por Baby do Brasil, cujo refrão dizia: “Todo dia era dia de índio”. Em uma das estrofes, o compositor afirma que “antes que o homem aqui chegasse, as terras brasileiras eram habitadas e amadas por mais de 3 milhões de índios, proprietários felizes da Terra Brasilis”. E continua sua canção dizendo que “agora eles só tem o Dia 19 de Abril”. Claro que, na letra, há uma espécie de exagero poético, mas, se continuarem a protelar a demarcação das terras indígenas, o índio ficará somente na lembrança do Dia 19 de Abril. O Dia do Índio surgiu
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quando, em 1940, no México, realizou-se o Primeiro Congresso Indigenista Interamericano. Durante o evento, os participantes escolheram o dia 19 de abril como o Dia do Índio. Daí em diante, a data passou a ser comemorada em todo o continente americano. Três anos depois (1943), o então presidente Getúlio Vargas assinou o decreto nº 5.540, determinando que o Brasil, a exemplo dos outros países da América, comemorasse o Dia do Índio em 19 de abril. Muitas vezes, estas datas comemorativas escondem a realidade vivida pelos homenageados. Não é diferente com o Dia 19 de Abril. Em nosso país, existem, mais ou menos, 220 nações indígenas. Um uni-
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» Wilson Matos da Silva
verso diversificado e multicultural. Cada uma das tribos tem seu idioma, sua cultura, seu jeito de ver o mundo. Algumas vivem isoladas; outras, em grandes cidades; e muitas lutam para preservar suas terras e suas tradições. A maioria dos povos indígenas vive em condições sub-humanas. A expectativa de vida dos indígenas brasileiros é de apenas 48 anos, sendo que, na região amazônica é menor ainda: 42 anos. Depois de mais de 500 anos de convivência com o branco, nem sempre pacífica, o índio continua sendo pouco mais do que um mito brasileiro. O Brasil ainda trata seus nativos como mero entrave ao avanço da civilização. A questão da terra é tratada por muitos dessa maneira, como um obstáculo ao avanço e ao desenvolvimento do país. Há também os que defendem
Os povos indígenas esperam tão somente que lhes sejam devolvidos o mínimo para dar continuidade à sua reprodução física cultural, como prevê o artigo 231, § 1º da Constituição Federal.
a ideia de que a demarcação das terras indígenas põe em risco a segurança nacional. Mas esta questão precisa ser tratada com muito cuidado e com a máxima urgência. A Constituição Federal, promulgada em 1988, determina a demarcação das terras indígenas e estabelece prazo de cinco anos para o cumprimento da lei. Passados mais de 20 anos, a novela da demarcação continua se arrastando. Tanto os proprietários quanto os índios compreendem que essa indefinição traz intranquilidade e insegurança jurídica. Wilson Matos da Silva, índio que reside na aldeia Jaguapiru, em Dourados, MS, é advogado com pós-graduação em Direito Constitucional, jornalista, presbítero e vice-presidente da Igreja Indígena Presbiteriana do Brasil (IIPB). Ele afirma que essa demora tem prejudicado os povos indígenas que veem suas aldeias serem invadidas por fazendeiros, garimpeiros e até mesmo pelo estado com seus grandes projetos de hidrovias, barragens e estradas. Ele é enfático ao afirmar que o reconhecimento dos direitos sobre as terras originalmente habitadas pelos índios está claramente estabelecido no artigo 231 da nossa Carta Magna de 1988. O texto demonstra a preocupação do legislador em garantir a sobrevivência dos povos indígenas como referência histórica e cultural do Brasil. Além disso, precisamos compreender os valores culturais dos povos indígenas. “A terra para o índio é um espaço sagrado. Tem valor cultural, enquanto para o branco, com visão capitalista, a terra tem valor comercial. Para o índio, o espaço representa liberdade; quanto maior a extensão da terra, maior
a liberdade. Para o branco, representa status, poder; quanto maior a terra sob seu domínio, maior o seu poder. O índio produz cultura e preserva a natureza pensando na presente e nas futuras gerações. O branco produz alimento com fins lucrativos e não se preocupa em preservar; ao contrário, destrói a natureza, a fauna, a flora e polui os rios. Para o índio, a terra é muito mais que amiga: é mãe. Significa a própria vida”, afirma Matos da Silva. Os povos indígenas precisam de terras não para serem poderosos, mas para viverem em liberdade e em harmonia com a natureza. A demarcação não inviabiliza o desenvolvimento rural. Estudos revelam que as terras indígenas não são obstáculo à expansão agrícola e ou pecuária, uma vez que elas constituem uma pequena parte do estoque de terras da união que podem ser destinadas a programas de reforma agrária ou colonização do governo federal. Os povos indígenas esperam tão somente que lhes sejam devolvidos o mínimo para dar continuidade à sua reprodução física cultural, como prevê o artigo 231, § 1º da Constituição Federal. Por esta razão, nós que somos cristãos, que cremos que Jesus veio para salvar o ser humano de todas as tribos, raças e nações, temos que, neste Dia 19 de Abril, Dia do Índio, levantar a voz, exigindo que a demarcação das terras indígenas seja concretizada. Temos também que levantar um clamor intercedendo em favor dos povos indígenas para que eles tenham acesso à saúde, à educação, ao trabalho e também acesso ao evangelho de Jesus Cristo. O Rev. Ezequiel é pastor da IPI Betesda, em Dourados, MS
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FIQUE ATENTO
REGULARIZAÇÃO DOS
TEMPLOS
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EVILÁSIO FERREIRA FILHO
“É fogo!” A expressão “é fogo” é utilizada numa linguagem para caracterizar diversas situações atípicas em que nos encontramos ou no sentido real decorrente da chama e seus efeitos. Não é demais lembrar que o fogo, segundo a ciência, é a rápida oxidação de um material combustível produzindo luz, calor e elementos de reação. Diversas foram as conquistas do ser humano. Dentre elas, a sua chegada à lua. No entanto, o ser humano da pré-história descobriu o fogo e dele conseguiu retirar bons proveitos para sua utilização. Infelizmente, contemplamos uma exceção a essa regra quando, na manhã do dia 27/1/2013, o país paralisou com as informações vinda da cidade de Santa Maria, RS, registrando a morte de mais de 235 pessoas, em sua maioria jovens estudantes, em virtude de um incêndio ocorrido em uma casa de shows na cidade. Mas o que ocorreu na casa de shows? Tinha estrutura para receber quantas pessoas? Os documentos como licença, vistorias, entres outros, visando ao funcionamento regular e com segurança, estavam em dia? Os poderes públicos efetivavam regularmente inspeções e vistorias? Esses e outros questionamentos estão sendo apurados pelas autoridades locais que, por certo, informaram à sociedade que dolorosamente se une à dor daqueles que perderam seus entes queridos e acompanham os resultados da tragédia. Diante do triste episódio de Santa Maria, entre outros fatos divulgados pela mídia que envolvem segurança dos imóveis, estádios de futebol, cinemas e locais que concentram pessoas, precisamos com urgência avaliar a situação dos templos religiosos em que congregamos, efetivando uma lista das pendências que possam existir e desenvolvendo uma atuação de forma preventiva e não contenciosa, como é costume da maioria das pessoas. A garantia de segurança da estrutura das igrejas do arraial presbiteriano de-
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A garantia de segurança da estrutura das igrejas depende muito da colaboração de seus membros inicialmente, posto que, em tese, são os primeiros avaliadores da real situação.
pende muito da colaboração de seus membros inicialmente, posto que, em tese, são os primeiros avaliadores da real situação. É preciso enfrentar a dificuldade, com oração e ação, junto à Prefeitura do Município, Corpo de Bombeiros e Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura, a fim de levantar dados como, por exemplo, viga abalada, parede rachada, etc., e corrigi-los preventivamente. O fator segurança nas igrejas passou a ser avaliado com mais efetividade depois do desabamento do teto do templo da Igreja Renascer em Cristo, com sede na Rua Lins de Vasconcelos, no bairro do Cambuci, em São Paulo, onde ocorreram mortes e muitos feridos, conforme ampla divulgação pela imprensa. O tema aqui proposto não pode ser esgotado nessa simples avaliação, mas ter o condão para despertar para a regularização dos imóveis destinados ao culto a Deus. Assim, antes da compra de um imóvel, é necessária a verificação de alguns documentos indispensáveis que precedem a aquisição, tais como as certidões negativas, matrícula do imóvel e as certidões pessoais dos vendedores, para uma avaliação que, preferencialmente, deverá ser acom-
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O alvará de licença de funcionamento (“Habite-se”) é de competência da Prefeitura e deve estar em consonância com o laudo de vistoria e aprovação pelo Corpo de Bombeiro. Deve ser colocado em lugar destacado no templo ou em local aprovado pelo responsável patrimonial, sendo este um indicativo de segurança, atestando que a obra foi objeto de um projeto de construção aprovado e realizado por profissional capacitado. panhada por um profissional mediante um contrato de prestação de serviços escrito. No tocante à obra civil, estabelece o artigo 618 da lei 10.406/02 que o empreiteiro de materiais e execução responderá, durante o prazo de 5 anos, pela solidez e segurança do trabalho tanto em razão dos materiais como do solo. A lei acima destacada esclarece que a responsabilidade objetiva é do construtor. No entanto, a fiscalização da obra deve ocorrer antes dela ser iniciada. A edificação tem de ter projeto de construção aprovado pela Prefeitura Municipal através de seus departamentos e Corpo de Bombeiros, além de contar com um profissional responsável pela obra. Finalizada a construção, o templo obtém um certificado de vistoria de conclusão de obra, declarando ou certificando que ela está de acordo com o projeto. Recebe o alvará de funcionamento de acordo com sua destinação, devendo ser renovado segundo as regras legais que normalmente estabelecem um prazo de validade. A certidão negativa de débito relativo à obra é adquirida junto à Receita Federal, após a apresentação do DISO (Declaração de Informações sobre Obras). Havendo reformas ou alterações de projeto, é necessário serem aprovadas pelos órgãos reiniciando todo o processo. As obras irregulares devem ser alvo de regularização das construções erguidas sem a prévia licença posto que, se o imóvel permanecer irregular, poderá sofrer ação de fiscalização a qualquer momento, além da multa pela infração e interdição, se for o caso. Com efeito, o alvará de licença de funcionamento (“Habite-se”) é de competência da Prefeitura e deve estar em consonância
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com o laudo de vistoria e aprovação pelo Corpo de Bombeiro. Assim, verifica-se que referido alvará deve ser colocado em lugar destacado no templo ou em local aprovado pelo responsável patrimonial, sendo este um indicativo de segurança, atestando que a obra foi objeto de um projeto de construção aprovado e realizado por profissional capacitado. No caso de nova construção, ampliação, demolição ou mesmo reforma que venha a modificar a característica do imóvel, será necessária a aprovação junto à Prefeitura. No caso de qualquer obra a ser desenvolvida no imóvel, a participação da Prefeitura será necessária com a concessão de alvará ou certificado. Em se tratando de regularização dos templos, é preciso deixá-lo adaptado para utilização por aqueles que portam necessidades especiais. O princípio constitucional do respeito à dignidade da pessoa humana é enumerado como um princípio fundamental e vem a ser um dos mais importantes – se não o mais importante – para os Direitos Sociais e de Família. Este está previsto no artigo 1º, inciso III, da Constituição Federal e promove uma nova forma de se considerar a valoração humana. O princípio da dignidade humana visa sustentar tratamento equilibrado o qual deve resultar na igualdade entre as pessoas, conforme se pode verificar no artigo 5º da Constituição Federal no campo do direito individual e coletivo. Assim, ao entrar em vigor a lei, a mesma deve ser cumprida de imediato, ressalvadas disposições contrárias. O Evilásio, advogado, é assessor jurídico da IPIB
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De olho na Lei
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A lei n° 10.098, de 19/12/2000, estabelece normas gerais e critérios básicos para a promoção da acessibilidade a pessoas com necessidades especiais e com mobilidade reduzida, mediante a retirada de barreiras e obstáculos nas vias e espaços públicos, no mobiliário urbano, na construção e reforma de edifícios, e nos meios de transporte e de comunicação. Mais tarde, outros decretos vieram ao encontro dos portadores de necessidades especiais.
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O templo e suas dependências são locais de frequência de todos os membros e não membros. Devem dispor de toda a infraestrutura necessária para serem utilizados com a segurança e a proteção máxima prevista na legislação.
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Se, por um lado, temos de atender a legislação, por outro lado, não é menos verdade que temos também direitos que, por vezes, são preteridos. Não poderia deixar de lembrar a imunidade constitucional que os templos possuem, pois, não raramente, observamos cobrança de impostos indevidamente. Mas isso é tema para outra oportunidade.
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COMPORTAMENTO
Na maioria dos condomínios, muitos vizinhos não se conhecem, não sabem o nome, não sabem onde trabalham, sequer a profissão da pessoa que mora na casa ao lado. Muitos apenas se cumprimentam quando se encontram
Desenvolvendo
relacionamentos
com vizinhos WANDERLEY DE MATTOS JÚNIOR
Cada vez mais comuns, os condomínios, quer verticais (prédios de apartamentos) ou horizontais (casas), garantem uma razoável segurança (ou, pelo menos, a sensação de segurança!), conforto e tranquilidade para quem opta por pagar uma taxa mensal pelo resto da vida. O fenômeno da urbanização, do crescimento das cidades e o boom imobiliário fez com que, cada vez mais, as pessoas morem em residenciais coletivos, desde os mais simples até os mais sofisticados. Todavia, uma característica é comum à grande maioria deles: os vizinhos não se conhecem! Expressões como: “Bom dia”, “Boa tarde”, “Boa noite”, “Olá”, “Até logo”, “Com licença” (na hora de fechar a porta!) talvez resumam o máximo de diálogo que as pessoas que moram em condomínios
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O vizinho
MARIA EMÍLIA CONCEIÇÃO
O vizinho é aquele cara Que mora perto da gente. Às vezes, vai com a nossa cara; Às vezes, é indiferente. Todo mundo tem um vizinho; Tem vizinho de todo jeito; Tem muito vizinho que amola; Tem outro que é quase perfeito... Um vizinho pode ser Mais amigo que um irmão; Está perto na sua alegria; Está junto, lá do portão... Você sempre deve Ao vizinho valorizar; É ele quem chama a polícia, Caso você precisar... Chama o SAMU, chama os parentes, Chama o bombeiro também; Chama até à compostura, Se uma festa você tem! Falando sério, o vizinho É nossa maior proteção. Se todos os vizinhos se unirem, Coitado do pobre ladrão! A Maria Emília, contadora de histórias, professora, poetisa, é da 2ª. IPI de Anápolis, GO
têm com a maior parte de seus vizinhos. E, quando o hall do andar é individual, então, talvez nem isso! Até antes de ir para o seminário (saudoso tempo em que estudei no extinto Seminário Teológico de Londrina da IPIB), sempre havia morado em casa. Assim, desde criança, conhecia todos os vizinhos, sabia seus nomes, conhecia até algumas das pessoas que visitavam suas casas, ia à casa deles, eles vinham à minha, brincava com as crianças, sabia o número do telefone deles, viajava com eles. Havia limites, respeito e cooperação. E esses vizinhos eram amigos, meus e de minha família. Era assim! Ao mudar para Londrina aos 23 anos, pela primeira vez, fui morar em um apartamento. Era a nossa república de estudantes do seminário. Éramos quatro num pequeno apartamento de um quarto. O prédio era basicamente habitado por estudantes, solteiros e casais jovens. Só havia uma única criança no prédio! Escrever isso me traz boas e engraçadas lembranças (mas acho que isso é assunto pra outro artigo!). Procurávamos ser simpáticos com todos. As pessoas se cumprimentavam. Sabíamos os nomes de vários moradores. Fizemos alguns amigos por lá. Porém, lembro-me de um rapaz do 4° andar que nunca me respondia quando o cumprimentava ao entrar no elevador. Aquilo me irritava e tinha vontade de dizer para ele: “Qual o seu problema, cara? Vai cair sua língua se disser ‘bom dia’?!” Então, certo dia, eu decidi fazer algo. Em vez de ficar só no “bom dia”, quando o sujeito entrou no elevador, eu cumprimentei e fiz uma pergunta sobre o que ele fazia. Pronto: o cara se abriu. Não era mal educado. Era
tímido. Passou a me cumprimentar e conversar. No final, acabou me convidando para fazer o casamento dele – mas acho que, se eu tivesse dado o coice que eu sentia vontade de dar, o resultado não teria sido tão bom! Cada condomínio tem sua própria “cultura”. Já ouvi de alguns que promovem festas e eventos de socialização. Isso ajuda a conhecer as pessoas. Mas o que realmente determina é a nossa disposição em romper com a barreira do individualismo e abrir espaço para algo além do “bom dia, boa tarde, boa noite”. Nossos vizinhos são pessoas cujas vidas e histórias geralmente desconhecemos – e provavelmente perdemos por não saber nada sobre eles. Um casal de amigos meus tem um vizinho que frequentemente lhes dá algo: já deu bolo, melancia, torta. Assim. Eles sabem muito pouco sobre ele, porque ele não fala muito. Ele simplesmente bate na porta e entrega algo. Não é legal?! Quantas pessoas começaram a seguir Jesus por causa da influência de um vizinho. De fato, este é o meu caso! Meus vizinhos dos tempos de infância me levaram a Cristo. Foi graças ao amor, amizade e convívio com eles que dei meus primeiros passos na fé cristã. E são amigos muito amados e especiais até hoje. No prédio em que morava em Londrina, ajudamos a levar uma de nossas vizinhas à fé também – e continua firme em Deus (e é membro da IPI!). São inúmeras as histórias de pessoas que chegaram à fé por influência de seus vizinhos. Somos chamados a abençoar a vida das pessoas. Há diversas formas de fazer isso. A maioria delas é simples, tais como: dar um sorriso, um cumprimento sin-
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cero, expressar gentileza ao segurar a porta do elevador ou oferecer ajuda para quem sai dele cheio de compras. Mas pode-se ir um pouco além. Há aqueles vizinhos que você cumprimenta e aos quais sorri há anos, mas sequer sabe o nome. Podemos perguntar o nome, perguntar com que trabalha, perguntar se está melhor da gripe, se seu apartamento é muito frio ou muito quente. Mas pode-se ir ainda mais um pouco além: nas épocas de festas, especialmente no Natal, podemos comprar pequenos presentes e entregá-los aos nossos vizinhos. Pode ser um livro devocional para o ano (é o que eu costumo fazer), um livreto, um panetone, um cartão – qualquer coisa que demonstre nossa simpatia e desejo de um Natal feliz. Você pode
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até deixar isso na porta, se não quiser incomodar. Quando morava em Londrina, decidi comprar uma Bíblia popular para cada morador do prédio. E fui entregar pessoalmente a cada um. Foi uma experiência interessante, pois passei a conhecer a maioria deles. E foi engraçado porque muitos se surpreendiam por estar ganhando algo – “Como assim? Eu não tenho que pagar nada?!”, diziam estupefatos. Mas você pode ir ainda mais um pouco além. Num momento de necessidade, quando um vizinho estiver doente ou passando por algum problema, você pode oferecer sua ajuda, interfonar ou telefonar, fazer uma visita, colocar-se à disposição. Uma das maiores necessidades das pessoas é simplesmente serem ouvidas.
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Se houver abertura, você pode orar com eles. Mas ainda é possível ir mais além: você também pode partilhar sobre seu relacionamento com Deus com seus vizinhos, convidá-los a irem à sua igreja ou a uma programação que sua igreja promova; pode formar um pequeno grupo em sua casa e chamar seus vizinhos para participarem. Enfim, não há limites para as possibilidades de um contato abençoador com aqueles que dividem o mesmo espaço residencial com você. Se você fizer uma pesquisa em sua igreja, descobrirá que muitos dos que lá estão passaram a seguir Jesus por causa de seus vizinhos. Nós não temos a menor noção do impacto que causamos na vida das pessoas. Sempre, mesmo quando não nos damos
conta, estamos transmitindo alguma mensagem. Você é uma propaganda constante de si mesmo – e, por consequência, da sua relação com Deus e com a vida. As pessoas percebem seu comportamento, seu humor (bom ou mau!), sua atenção, generosidade, simpatia (ou falta delas). Às vezes, um simples sorriso pode mudar o dia de uma pessoa. Assim, ao encontrar seus vizinhos, conhecidos ou não, no elevador, no portão, na garagem, no hall ou na rua, não economize na expressão de gentileza, educação e afetuosidade. Você estará abençoando pessoas e abrindo portas para que o amor de Jesus possa chegar a esses pouco conhecidos vizinhos. O Rev. Wanderley, tradutor e intérprete, é pastor da IPIB
12 A 19 DE MAIO
o ã ç n ê A b rença da dife
ades. Ser um ad infinitum das verd ser inseguro poço de certezas é MARCOS INHAUSER rante é o que e imaturo. O igno es dizia que os foram mais sabe e Sócrat Se os seres human e nada sabia. ncluímos que uma coisa sabia: qu criados por Deus, co levam ao por uma de Estas reflexões me Ele nos fez diferentes o visto genpricho de Deus ecumênico. Tenh duas razões: por ca no ataque ao opósito. Quante na defensiva e ou porque há um pr -no de tudo e não era bom ecumênico. Acusam do Deus percebeu qu r pessoas que criou a compapelo fato de coloca o homem estar só, ra conversar gênero: uma pensam diferente pa nhia, que diferia em hos comuns. xiliadora, tinha e encontrar camin mulher. Para ser au uma proposta ajuda vem da O ecumenismo é que ser diferente. A sem medo do duas pessoas para gente madura, diferença. Quando , de avaliar-se não podem se diferente, do novo iguais estão juntas, e está errado. ais. e até reconhecer qu ajudar porque são igu risco para os à espirituO ecumênico é um O mesmo se aplica porque podem dados no cresdonos da verdade alidade. Somos aju ros se lançam quando conser falsas. Os insegu cimento espiritual io. Donos da ença. Não é ao ataque difamatór vivemos com a difer s em suas conte igual que verdade e ditadore o cercar-se de ge maturidade tar certo. Há munidades não têm dá a certeza de es ue foram treide incorrer para o diálogo porq mais probabilidade Pregam como rcado de gennados no arbítrio. em erro quando ce eem, sem dar ando de gente verdade o que cr te igual do que qu questionados chances de serem diferente. porque diou criticados. Os iguais bajulam que Pauo nã r; vi ou de sta Estes se esquecem go zem o que se timos tempos, ria criticar-se, lo diz que, nos úl criticam porque se estres segunam e agem cercar-se-iam de m uma vez que pens e e que estariam rca de gent do as suas cobiças igual. Quando se ce e igual. Nada crescer, pararodeados de gent igual, ao invés de riscado para -se deliciando mais tentador e ar -se no tempo e fica de iguais. No que se crê e a fé que cercar-se com as verdades em ença foi feita s, porque enantigo Israel, a difer recusam-se as nova anunciavam o pelos profetas, que volvem o risco. ravam o disse cerca de diferente, que queb Por outro lado, se questionavam e e a liberdacurso dogmático e gente com capacidad rguntar, du os sacerdotes e reis. de de questionar, pe a Semana s isa co ar rm afi Quando se celebra vidar do que se crê, ade dos Crisência será cade Oração pela Unid diferentes, a conviv armos que o nstante refletãos, é hora de aceit racterizada pela co é a vida com a sicionamento. propósito de Deus xão, análise e repo nsamentos e diferença. Quando se revê pe à te en m ca iti cr os ad eles são avali nita stor da Igreja Meno vergentes, há O Rev. Marcos é pa SP s, ina mp Ca luz de posições di e mora em A maturidade . to en im ec ur ad am e na repetição não está na certeza
SEMANA DE ORAÇÃO PEL A UNIDADE DOS CRISTÃOS
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Alvorada 51
MELHOR IDADE
Dia do
Pastor Jubilado
Entrevista com o Rev. Getúlio de Andrade Hoje, ele está com 82 anos, pratica caminhada de 5 km todos os dias, é jubilado há 16 e, mesmo assim, ainda diz para Deus: Usa-me. Com determinação, concluiu o 2º grau já com mais de 20 anos. Não parou de estudar e se formou em Teologia, Ciências Sociais, Pedagogia, Filosofia e Direito. Seguiu o ministério pastoral e a carreira acadêmica. É aposentado como diretor de escola pública e deixou de pastorear oficialmente há 6 anos. Durante 52 anos, serviu às igrejas: 1ª IPI de São Bernardo do Campo; 2ª IPI de São Bernardo do Campo; 1ª IPI de Diadema; 1ª IPI de Santos; 2ª IPI do Guarujá; 2ª IPI de Santo André e 2ª IPI de Mauá. Hoje, está de volta à igreja da sua mocidade, onde conheceu aquela com quem até hoje divide suas lutas e vitórias, Dailis Alfieri de Andrade.
6 2 DE JUNHO
DIA DO PASTOR E DA PASTORA JUBIL ADOS
Rev. Getúlio e a esposa Dailis
O senhor exerce algum ministério na igreja?
A princípio não tinha pensado nesta situação. Queria somente freqüentar a igreja e só “participar do banquete”. Sabendo da onisciência de Deus e da sua providência, a 1ª IPI de Santo André começou a oferecer um café da manhã aos domingos para os moradores de rua. Aos poucos, foi aumentando a participação e chegou a 23 moradores de rua aos domingos. Precisavam de um mentor para ministrar o sustento espiritual a essas pessoas que não necessitavam apenas do pão físico, mas, sobretudo, do espiritual. Não tinham obreiros disponíveis. Então, lembrei-me do profeta Isaías: “Ouvi a voz do Senhor, que dizia: A quem enviarei, e quem há de ir por nós? Então disse eu: Eis-
52 Alvorada
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Rev. Getúlio e Dailis na formatura da neta Bruna
-me aqui, envia-me a mim” (Is 6.8). Neste mesmo instante, me aproximava da liderança da igreja, que me fitou. Eu retribuí o olhar e pude ouvir: É ele. Costumo dizer que foi uma convocação providencial de Deus e, desde então, diante do novo desafio ministerial, vejo frutos inimagináveis para a glória do Senhor. Como o senhor vê o fato de que vivemos num tempo em que a juventude é idolatrada e a velhice é desprezada?
Sobre a juventude ser idolatrada, não penso desta forma e, sim, que a igreja está cumprindo o seu papel ministerial de educar com base na palavra de Deus: “Educa a criança no caminho em que deve andar; e até quando envelhecer não se desviará dele” (Pv 22.6). A juventude da igreja exerce o seu papel quando bem orientada pelos pais, pela igreja e pela função que a igreja tem na comunidade cristã. Se analisarmos a juventude fora da igreja, desta eu tenho compaixão, como diria Cristo, quando via a multidão, pois esta juventude está sem rumo e sem pastor. Os pais perderam o controle e os filhos vão para as chamadas “baladas”, voltando de madrugada ou na manhã seguinte. Alguns ou muitos ainda embriagados, como se isto suprisse suas reais necessidades interiores, causando total inquietação, preocupação e insônia aos pais que, mesmo longe de Deus, nutrem amor para com seus filhos. A igreja, como um todo, precisa trabalhar de forma contextualizada com esta mocidade, desenvolvendo uma linguagem ministerial mais próxima, porque o Diabo não cansa de trabalhar naquilo que lhe é próprio: roubar, matar e destruir. Quanto ao fato da velhice ser desprezada, posso dizer que não tenho este entendimento nem dentro da igreja nem fora dela. Vejo a velhice como alvo da mídia para o aumento do consumo. Os “velhos” que eu conheço estão se divertindo, passeando, conhecendo cidades. Vejo-os como seres humanos que estão como a dizer: “Olhem para nós. Estamos vivos”. Sejam saudáveis na mocidade para envelhecerem bem. A igreja também poderia trabalhar mais com esta parcela da sociedade, evangelizando. Em sua opinião, existe diferença no exercício do pastorado em relação a outras profissões?
Hoje em dia, há necessidade de o pastor exercer outra profissão. Não deve depender do sustento como pastor. Tenho cinco cursos universitários que me abriram portas que hoje são importantes para o sustento da minha família. Seu filho teve períodos de crises na adolescência ou juventude? Como o senhor e sua esposa lidaram?
Graças a Deus, não. Teve um tempo que ele não estava muito integrado com o grupo da igreja. Neste perío-
do ele manifestou o desejo de conhecer outras denominações, a Batista e a Metodista. Demos plena liberdade. Foi na Igreja Batista que conheceu sua esposa e onde é membro atualmente. Seu filho sofreu alguma forma de cobrança dos membros da igreja por ser filho do pastor?
Nunca aconteceu isso. Sempre trabalhei com liberdade, sem pressão da igreja. Também nunca demos privilégio ao nosso filho, sempre tratamos de modo igual a todos . Fale um pouco da sua família e que o faz feliz neste momento?
Com relação à minha família, graças a Deus, estou feliz. Sou casado há 52 anos. Eu e minha esposa somos e sempre fomos ativos na igreja. Tivemos um filho, Heber, formado em medicina, especializado em doenças terminais, trabalhando em Home Care (atendimento médico domiciliar); casado com a Mis. Mirian Horvath (conhecida pelo seqüestro em Angola), que atualmente trabalha com discipulado de jovens de 15 a 23 anos em sua residência. Temos uma neta, Bruna, de 22 anos, formada em Publicidade e Propaganda pela Universidade Metodista e atualmente ingressando no Seminário da Palavra da Vida, e um outro neto, Daniel, de 20 anos, que recentemente ingressou na Faculdade de Direito de São Bernardo do Campo. Tudo que fiz foi sempre com simplicidade, mas com os olhos no futuro. Hoje, temos uma pequena construtora civil e Deus tem nos abençoado grandemente. Minha felicidade está firmada na fidelidade a Deus, à igreja, à família e ao ministério que o Senhor me concedeu com as famílias de rua. Depois de 52 anos de pastorado, com 82 anos, continuo a dizer a Deus: Usa-me. Neste trabalho, já presenciei milagres do Senhor, como pessoas que abandonaram uso de drogas, recolocação profissional, ex-drogado casado freqüentando a igreja. Outros foram internados em instituições para recuperação, se converteram e foram batizados, e hoje são obreiros do ministério. Conseguimos repatriar um deles e a sua família para Santa Catarina. Hoje, é zelador da Igreja Assembléia de Deus. É gratificante a manutenção do contato com estes ex-moradores de rua, pois nos motiva. Mesmo sendo um ministério de pouco tempo e recurso, ainda estamos nos organizando. Já firmamos parceria com a 1ª Igreja Batista de Santo André e o Mis. Marcelo Fregnani, que faz palestras e nos auxilia nos encaminhamentos para internações, além de nos dar instrução nesta área. Glorificamos a Deus pela unidade em Cristo. Quero agradecer ao Rev. Ricardo José Bento, ao Conselho, ao Ministério Diaconal e à superintendência da 1ª IPI de Santo André.
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Alvorada 53
ESPAÇO KIDS
“Viu Deus tudo que fizera e viu que era muito bom!” Gênesis 1.31
Depois que Deus terminou de criar todas as coisas, Ele olhou e gostou de tudo que fez! Será que também gostamos das coisas que Deus criou? Você já parou pra observar as coisas lindas que Deus fez e como ele fez tudo bem colorido? Chame a mamãe e o papai para dar uma passeada na calçada e olhar ao redor. Você vai se espantar com tantas cores que Deus criou! o deu para riou que c e u q u o d tudo q e tou tanto cuidar de e r Deus gos ta n la de p 5! no a tarefa nesis 2.1 ser huma ltos Bíblia: Gê a u s ra os adu m a e p é ia e L m . é z b fe m Ele ar ta m de cuid criança. Essa orde ção da sendo in a o m s e os a cria m , cê estragam o d n de e para vo a u le q e rdem d ia que, endo a o c Você sab e d o. e d b a o c s e de ép estamos obediência s e d E de Deus, o ? c u rio z tudo m que ele c rque Ele fe o p , o s cuidar do is com você. ntristece mim e pra Deus se e ra p o h n ri or e ca muito am
2 2 DE ABRIL DIA DO
PL ANETA TERRA
Hora de pensar:
Como podemos cumprir a tarefa que Deus deu de cuidar de tudo que Ele criou? Faça um x na figura certa!
Se eu não cuido da criação, estou desobedecendo e desobediência é pecado. Senhor, me perdoa pelo que fiz e estraguei na sua criação, e me ajuda a te obedecer em todas as coisas!!!
Pare pra pensar! 54 Alvorada
Não gostamos que estraguem nossos brinquedos e nossas coisas e, muitas vezes, agindo errado como em alguns dos desenhos acima, estamos estragando o que Deus criou, e isso deve deixá-lo muito chateado. Também Anão Revista da Família nº 73 abril il / maio / junho, 2013 podemos esquecer que nós também fazemos parte do meio ambiente
Atitude Cuidamos, quando também reciclamos e aproveitamos materiais que seriam jogados fora. Uma maneira divertida de fazer isso é construindo brinquedos para brincarmos com nossos amigos! Que tal voltar à infância e brincar como a tia Pink brincava quando era criança? Uma das minhas brincadeiras preferidas era pé de lata. Vamos fazer um super-diferente, chamar a familia e os amigos para confeccionar e brincar? Anote aí os materias necessários!
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Brincadeira PÉ DE LATA Material: • 2 latas de leite em pó • Papel de presente • Cola branca • Cola quente • Tinta (pode ser acrilica, plástica ou guache) • Cordinha de varal • Pincel • Tesoura • Papelão
Retire o rótulo das latas, recorte o papel de presente na medida da volta da lata (use o rótulo como medida) e também do círculo do fundo. Passe cola branca com o pincel e cole o papel de presente, encampando a lata na volta e no fundo!
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Faça um desenho de uma sola de sapato (pode pegar o do papai como molde) e recorte com a tesoura. Peça ajuda de um adulto porque o papelão é muito duro de recordar e pode machucar a mãozinha.
Escolha a cor de sua preferência e pinte o papelão. Passe duas demãos para ficar mais bonito e vá desenhando os detalhes que você quer em seu sapato!
Peça para um adulto fazer dois furos nas laterais da lata para amarrar a cordinha e fazer a alça de sua lata. Passe a cordinha pelo buraquinho e dê vários nós. Os nós ficarão escondidos dentro da lata!
Você pode aproveitar a criatividade e fazer vários tipos de pé de latas diferentes. Esse pink é o meu. Fez o maior sucesso com minhas amiguinhas. Faça o seu e vá para a pracinha aproveitar a criação linda que Deus fez, reciclar e ainda brincar muito.
Então, criançada, vamos aproveitar e cuidar de tudo que nosso amado Deus fez com muito amor, e falar pra todo mundo que cada coisa que ele criou , quando terminou de criar, Ele disse que era bom! Beijos pink e Deus abençoe!
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Daniela Welte (Tia Pink) é missionária da IPI do Brasil e congrega na IPI Central de Palmas, TO
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Alvorada 55
CONSCIÊNCIA ECOLÓGICA
5 DE JUNHO
Para celebrar o Dia do
Meio Ambiente
DIA MUNDIAL DO MEIO
As sementes que você está recebendo junto com esta revista pode parecer pouca coisa, mas acreditamos que, através de pequenas ações, se formam os grandes movimentos. "Seja a diferença de que o mundo precisa". O objetivo desta data é conscientizar e sensibilizar as pessoas da importância de lutar contra a degradação da natureza. As sementes são de Capixingui. É uma planta muito eficaz na recuperação de áreas degradadas, pois, além de ser ótima para alimentação de insetos polinizadores, como as abelhas, o capixingui também ajuda a recuperar o solo, já que se trata de uma árvore típica de estágios iniciais de sucessão nas florestas; logo após a florada do capixingui, os enxames de abelhas, que se alimentam fartamente de suas flores abundantes, aumentam a sua população e podem favorecer a polinização de outras espécies de plantas com muito mais eficiência e eficácia. Esta potencialização da polinização no entorno pode refletir inclusive no aumento da produção agrícola, caso isto ocorra próximo à um cafezal ou plantação de citros, por exemplo. No fim da estação, quando as flores secam e caem as folhas do capixingui, toda esta matéria orgânica, melhora a retenção de água no solo e aumenta a sua fertilidade, fazendo com que toda a floresta ou sistema agro florestal se torne mais saudável e viçoso. Estas são algumas das maneiras pelas quais o capixingui pode ser tão benéfico ao meio ambiente.
AMBIENTE
Capixingui Nome científico - Croton floribundus 0 0 Fotografe e mande para o nossa redaçã da o ad lt su o re sua ação
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Onde é encontrada: Com bastante freqüência em várias regiões, especialmente em áreas degradadas. Características: Árvore rústica e pioneira, é das primeiras a surgir em áreas degradadas. Médio porte, com 6 a 10 metros de altura. Madeira pouco resistente. Folhas simples, prateadas na face inferior, duras. Floração branca em cachos, fruto de 1 cm com saliências como espinhos, tripartido, com três sementes pequenas, de cor clara. Utilidades: Pioneira apropriada para reflorestamentos. Melífera (produz mel). Os pássaros e as abelhas procuram suas sementes e flores. Época de floração e frutificação: Floresce em outubro e frutifica em janeiro.
Como plantar:
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Antes de mais nada, prepare um pequeno saquinho (plástico) com 10 cm de diâmetro por 15 cm de altura. Este saquinho pode ser feito até mesmo com papel, com duas ou três folhas de jornal, trabalhando-se com técnicas de dobraduras. Após, preencha este saquinho com uma mistura (substrato) que contenha 40% de terra + 40% de areia + 20% de húmus de minhoca. Comprima levemente esta mistura dentro do saquinho com as mãos e, depois, faça um buraquinho com seu dedo na superfície do substrato, dentro do saquinho. Atenção! O buraquinho (onde você depositará a sementinha) não pode ser mais fundo do que 1 cm ou 2 cm. Cubra este buraquinho com o mesmo substrato usado para encher os saquinho e regue duas vezes por dia (durante o verão) com cerca de 100 ml de água a cada rega. Em alguns dias, você terá sua plantinha que, após cerca de 4 ou 5 meses, estará pronta para ser transplantada a um berço, no solo.
Colaboração: Eng. Agrônomo Aldalberto de Souza Junior 0 www.ocamponacidade.com.br
56 Alvorada
A Revista da Família nº 73 abril / maio / junho, 2013
Mulheres
DULCE VIEIRA FRANCO DE SOUZA Diziam, brincando, que não era o caso de procurar moça bonita para se casar, pois a beleza acaba e a feiúra aumenta. Claro que nenhum rapaz seguiria este conselho. Cada um procura sua “Gisele”. Cada um procura a “Mulher Vitoriosa”, mas, de preferência, que seja bem bonita! Bela! Errado? Não! Mas nossa sociedade valoriza muitíssimo a boa forma externa. A Bela de beleza que diminui com a enfermidade, com o sofrimento, com a sucessão de primaveras. O que eu também valorizo? Quem sou? Quem quero ser? Uma atriz Global? Hollywoodiana? Madona? Beyonce? O livro de Provérbios, a partir do décimo versículo do capítulo 31, descreve a mulher virtuosa. Sua casa tem cheiro de comida, gostos diversos. Trabalha dentro e fora de casa, se necessário. Coloca sua máquina de lavar para funcionar. As roupas de sua casa estão sempre arrumadas, prontas para serem usadas novamente. É uma pessoa capaz no mundo dos negócios, reinveste. Aproveita parte da noite para trabalhar, prosperar. Se não faz crochê, bordado, tricô, simplesmente ajeita uma roupa, faz uma barra... Ela tem roupas adequadas, necessárias para cada estação do ano. Como ela cuida da casa e da família, seu marido pode buscar seu lugar na vida pública. Abre mão ao aflito que a procura e vai levar ajuda ao necessitado que não pode ao menos pedir, buscar... Com sabedoria ela cuida do marido e dos filhos. Seus relacionamentos são solidificados. Ela teme ao Senhor, base da sabedoria verdadeira. Sendo a Mulher Virtuosa uma pessoa de valor, divago e penso que ela deve ter tido possibilidade de escolher um bom marido e ajuda para que ele seja estimado. Honra, respeita e edifica a liderança deste. Divago mais e penso que ele tinha “um pé de meia”, mas ela o ajudou a prosperar mais. O trabalho árduo com sabedoria levou-os a prosperidade maior. Ultimamente, cada vez que me detive para refletir sobre a Mulher Virtuosa, imaginava um palacete oriental, com muitas janelas bonitas e decorado com tapetes. Mas teimava em surgir também à visão da Viúva de Sarepta (1Rs 17.8-24). Uma casa pobre, desprovida de móveis e de mantimentos. Inclusive sem seu provedor,
Índice Vida Cristã
Saúde & beleza
moda & decoração
seu apoio. O pai, o marido... Já havia partido para não mais voltar. Morrera... Sabia somente da existência da fome, da luta pela vida, da seca. Sabia da existência de um filho para sustentar e da eminência da morte. Muita diferença entre a descrição da mulher de Provérbios 31 e a da mulher de 1 Reis 17.8 a 24. Muita semelhança entre elas. Tinham iniciativa, tinham projetos. Tinham atitude, vontade forte. Eram generosas. A viúva de Sarepta estava fazendo o que era possível. Foi buscar uns gravetos, iria acender o fogo. Iria preparar o que restava para a última refeição. A desesperança era tanta que resolveu crer, acreditar em possibilidades, repartir. “Na angústia se faz o irmão.” Naquele momento, aquela falta de racionalidade, crer no que não podia ainda ver, foi o que trouxe a chave para o futuro. Não eram egoístas. De bom grado eu teceria tecidos finos...? De bom grado eu cataria cavacos, gravetos...? Tinham dignidade. Eram trabalhadoras. Dentro de que podiam, o lar oferecia estabilidade aos filhos, suprimento. Tinham mentes dispostas e mãos diligentes. Talvez houvesse forma menos digna para suprir a casa, mas elas nem consideravam esta possibilidade, quero crer. Qual minha principal qualidade? Ser bonita, bem vestida? Tenho conhecimento sobre coisas úteis, para meu ofício de mãe e esposa? A Bíblia diz que uma boa esposa é difícil de encontrar. Mostra seu caráter através de boas ações. Apóia e encoraja. Não desperdiça dinheiro, ele rende. É coerente e persistente naquilo que faz. É fiel na enfermidade, na adversidade, na idade avançada. Torna a vida do marido e dos que estão próximos melhor. É cheia de esperança. Fácil? Não! Só pela graça! Só pela fé! Qualidades morais atrairão as bênçãos de Deus, futuro com confiança. Esperança em Cristo, vida eterna. “Mulher talentosa vale muito mais do que pérolas.” “Mulher forte... seu valor excede tudo o que vem de longe.” “Mulher virtuosa... seu valor excede o de finas jóias.” “Uma boa esposa vale mais do que pedras preciosas.” Qual o meu valor? Qual o meu alicerce? Que o conhecimento e obediência da Palavra me conduzam, nos conduzam. Que as graças internas, que perduram, nos tornem mais belas, em Cristo! Amém! A Dulce, casada, mãe de dois filhos, é membro da IPI de Botelhos, MG
LEIA:
31 vérbios 4 o r P • -2 s 17.8 • 1R
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A Bela
Saúde& beleza Sono reparador HELENA INGLEZ
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Estudos comprovam que noites bem dormidas refletem de forma positiva na pele, deixando-a mais descansada e atraente. Sendo assim, comprova-se que o sono da beleza funciona mesmo. Se você é uma pessoa que está sempre correndo e nunca tem tempo para dormir, é hora de puxar o freio, pois uma boa noite de sono, além de mais saúde, diminui olheiras, garante renovação celular (o que resulta em uma pele mais viçosa e brilhante) e também emagrecimento, pois o corpo que não descansa tem a tendência de acumular gordura para fazer reserva de energia. Por isso, para quem quiser perder peso, a dica é ter boas noites de sono, pois, enquanto dormimos, aumentamos a produção do hormônio grelina, responsável pelo controle do apetite. O ambiente deve ser propício, ou seja, silencioso, sem luz e, para ajudar, pode-se tomar um banho morno ou até ler um livro, estimulando, assim, a chegada do sono. Importante também é estabelecer um horário especifico para deitar. Creia, seu corpo vai agradecer e seu espelho vai comprovar os resultados. A Helena é enfermeira, esteticista e cosmetóloga
Cuidados especiais para partes especiais PRISCILA ESPÓZITO Se fossemos perguntar para as pessoas quais as partes do corpo de que elas mais cuidam, qual seria a resposta? Certamente, o rosto e o cabelo estariam nos primeiros lugares e, talvez, o restante do corpo todo estaria logo em seguida. Mas nosso corpo é bem grande, não acham? A quais regiões do corpo damos menos atenção? Algumas regiões como a parte debaixo do braço (o lugar do famoso “tchauzinho!”) e os pés às vezes são negligenciados pela falta de tempo da vida moderna. E é sobre essas regiões que gostaríamos de falar. A primeira delas serão as pernas e os pés. Depois de um dia inteiro de serviço, quem não sente cansaço nas pernas e nos pés? É extremamente comum sentirmos dores leves nessas regiões e um cuidado especial é necessário e muito bem vindo. Produtos como cremes para massagear as pernas e os pés auxiliam a circulação local (ou pelos ativos utilizados ou devido à própria massagem), hidratam a pele e promovem uma sensação de refrescamento. A hidratação é muito importante, pois essas regiões tendem a ressecar com muita facilidade, principalmente com o avançar da idade e com fatores climáticos, como o frio. Um produto que contém ativos muito interessantes para o tratamento das pernas e pés, como o óleo essencial de alecrim, que promove uma sensação de alívio e bem estar é o Dharma Pernas e Pés, da Dharma Cosméticos. Priscila Espózito, Farmácia Bioarte www.farmaciabioarte.com.br (11) 5575-0872/5573-1003
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Alvorada 59
Vestidos SOLANGE MARQUES FERREIRA Nos dias atuais, o que mais queremos, em se tratando de moda, é versatilidade. Por diversos motivos, e o principal deles é a falta de tempo. Temos tantas atividades e cuidados do cotidiano (marido, filhos, casa, trabalho, estudos) que nos falta inspiração na hora de nos vestir. Estamos tão cansadas que, às vezes, o fato de termos de escolher uma roupa adequada para sair se torna um pesadelo: – O que usar? Nessas horas, é importante conhecer nosso tipo físico e estilo, nosso modo de ser, bem como nossa marca, descobrir em nós qualidades, e não apenas defeitos. Estamos falando de mulheres reais, como nós, e não do estilo das estrelas, que são apresentadas em revistas e filmes. Como mulheres cristãs, temos a responsabilidade de saber nos comunicarmos através das nossas roupas. Claro que, por um conceito amplo e flexível, ou seja, depende do estilo, idade, modo de vida e trabalho de cada uma. Atualmente, encontramos muitas peças ou looks que podem ser usadas de dia ou à noite. Apenas com a mudança de acessórios (bolsas, sapatos, joias e bijuterias), pode-se ir do casual dia-a-dia ao chique-noite. Uma mulher elegante sabe fazer boas escolhas em suas compras, suas palavras, suas roupas, com o intuito de agradar sempre a Deus. Sim, isso é possível.
Vestido envelope ou cachê-couer, considerado um clássico. Ele deixa a mulher elegante, bonita, muito feminina e, o melhor, ele é ótimo para todos os tipos físicos.
Outra ótima opção que a deixará bem feminina é o vestido em voal, forrado em malha helanca, elástico na cintura, com alça de amarrar. Produzido pela Roda Maria, das irmãs Vanessa e Tatyla Marques Barreto, de Natal, RN. site: www.tanlup.com/ store/19768/rodamaria facebook: RodaMariaatelie
A Solange é membro da IPI do Jardim das Oliveiras, São Paulo, SP
Bem estar ELAINE GOMES
Que tudo à nossa volta contribua para nosso bem estar! A casa deve ser o lugar mais agradável e aconchegante do mundo. Acabei de mudar de residência e é assustador como esse momento pode ser tão intranqüilo. Mas, também pode ser o que precisamos para repensar o quanto a casa é confortável para nós! Ergonomia - Ciência que visa o conforto, inclusive o conforto visual. Embora, sejam invisíveis para muitos, estamos cercados de padrões. Neste caso específico, padrões de medidas, produtos que são produzidos e executados respeitando medidas ergonômicas, medidas necessárias para que o produto atenda com conforto a cada um. Enfim, para termos qualidade e conforto, precisamos atentar a esses detalhes, para que nosso corpo responda bem a esses movimentos, sem nenhuma agressão. É importante que a altura da pia seja adequada ao usuário. Por ser normalmente um processo longo, lavar louça pode ser muito mais cansativo, se a pia não estiver na altura ideal. A sugestão de medida confortável é 92 cm do piso até a parte superior da pia. Para usuários com altura superior a 1,65m, a pia pode ser instalada um pouco mais alta para evitar dores na coluna. E os armários superiores (ou aéreos) de cozinha devem ser instalados entre 1,40m e 1,65m de altura em relação ao piso. Se forem instalados acima da pia, o mínimo de altura é 1,45m para não prejudicar a funcionalidade da pia e da torneira. Entre os truques da arte de cozinhar, um deles, e talvez o mais antigo, é vigiar o prato que está sendo preparado. É ficar de olho nele. Sendo assim, deixe sempre seu micro-ondas em altura confortável. Caso você o coloque em uma torre de armários ou em suporte na parede, é significativo para o seu dia a dia que a altura dele em relação ao piso seja de 1,25m a 1,35m. Assim, ao abri-lo, você terá uma visão completa do prato, de forma bem tranquila. E, então, a sua cozinha está funcional? A Elaine Gomes, designer de interiores, é membro da IPI do Jardim das Oliveiras, São Paulo, SP
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