Alvorada 2011 janeiro|fevereiro|março

Page 1

A Revista da Família Ano XLII nº 64 JANEIRO | FEVEREIRO | MARÇO 2011 ISSN 1980 - 9751

Clown: Discriminação racial

É possível um mundo sem discriminação?

Capelania em um Sanatório

Uma experiência marcante considerada um presente de Deus

Uma ferramenta no evangelismo criativo

Gestante

À espera do seu presente, ela merece cuidados especiais.

Vida feliz O valor dos pequenos começos e ações

2011

Um presente de Deus


A Revista da Família Ano XLII nº 64 JANEIRO | FEVEREIRO | MARÇO 2011 ISSN 1980 - 9751

Clown: Discriminação racial

É possível um mundo sem discriminação?

Capelania em um Sanatório

Uma experiência marcante considerada um presente de Deus

Uma ferramenta no evangelismo criativo

Gestante

À espera do seu presente, ela merece cuidados especiais.

Vida feliz O valor dos pequenos começos e ações

2011

Um presente de Deus


EDITORIAL

2011: Presente Deus de

SHEILA DE AMORIM SOUZA

O ano está começando. Com ele, estão cada vez mais próximas as novas chances de vida e paz, se escolhermos caminhar com Deus, fazendo com que Ele seja o presente para nossa vida. Com Ele, 2011 também será um presente. Um ano inteirinho para usarmos da melhor forma possível. Pode ser cheio de boas surpresas, alegrias e muitas conquistas. Às vezes, com problemas, tristezas, decepções e lágrimas. Mas é bom lembrarmos o que diz o salmista: “Entrega teu caminho ao Senhor, confia nele e o mais Ele o fará”. Deus não atende as nossas vontades, mas, sim, as nossas necessidades. Sejamos gratos ao Senhor! Abramos o presente todos os dias e agradeçamos a Deus que o enviou. Peçamos orientação para as oportunidades que virão e nos entreguemos aos planos que Ele tem para cada um de nós. Ao produzirmos mais uma edição da Revista Alvorada, sabemos que precisamos melhorar muito para conquistar novos leitores e continuar publicando matérias que edifiquem vidas. Podemos dizer: “Até aqui nos ajudou o Senhor!” Não chegamos aqui sozinhos. Agradecemos à equipe editorial que enriquece as pautas, aos colaboradores que enviam seus textos e a você leitor que recebe com carinho em suas mãos este exemplar que traz muitas reflexões e sugestões para que 2011 seja repleto de ações em prol do Reino de Deus. O presente que recebemos deve ser compartilhado. Com isso, deixamos um pouco de lado os interesses e preocupações pessoais, e descobrimos coisas maravilhosas que Deus quer fazer através de nós. Foi assim que o Rev. Gessé Moraes de Araújo conheceu pessoas especiais que marcaram profundamente a sua vida e ministério, quando trabalhou num sanatório. Portanto, não fiquemos parados! Obedeçamos ao chamado divino! Sejamos semeadores! Determinemos alvos em Cristo e sigamos com esse propósito para alcançar também a família, os relacionamentos, a igreja, a profissão, o ministério, enfim, todos os sonhos. É importante investirmos nos relacionamentos que são preciosos para nós, começando pelo relacionamento com Deus. Agradeçamos a Ele por tudo o que tem feito e por tudo que ainda irá fazer. Que neste ano de 2011, com o presente nas mãos, possamos recomeçar com alegria e entusiasmo, deixando-nos surpreender com aquilo que só Deus poderá fazer. Afinal, o maior presente que recebemos foi o que Deus fez por nós em Cristo Jesus. Ele se deu, e devemos nos dar aos que estão ao nosso redor. Feliz e abençoado 2011 a todos!

Sheila

A Revista da Família

nº 64 janeiro/fevereiro/março, 2011

Alvorada 3


06

Não nhã ões

08 11

S U M Á R I O

12

VIDA CRISTÃ Não deixe para amanhã as suas decisões REFLEXÃO O desenvolvimento da primeira célula de genoma sintético traz de volta a discussão sobre a existência de Deus.

20

VIDA CRISTÃ A experiência vivida num sanatório traz uma visão ampliada do Reino de Deus.

15

REFLEXÃO Um mundo sem discriminação. Utopia?

22

EV ANGELISMO EVANGELISMO CRIA TIVO AT Clown: Jovens vestidos de palhaço fazem um trabalho diferenciado em hospitais

JOGRAL Jovem você é feliz?

28

FIZEMOS E DEU CERTO Igreja realizou maratona de leitura bíblica.

COMPOR T AMENTO COMPORT Aliviando a bagagem da ansiedade

POEMA Tempos modernos.

HOMENAGEM Dia Internacional da Mulher. Uma mulher de Deus para o mundo.

44

25 46 48 26 52

A VOZ DO CORAÇÃO Rio de Janeiro: a força das armas ou força do amor.

RESENHA O filme Sempre ao seu lado traz ensinamentos importantes sobre a amizade.

VIDA CRISTÃ Por que fazer missões? Conheça quatro esferas de ação ministerial.

EDUCAÇÃO CRISTÃ Chamado da igreja por vezes ignorado

GERAÇÃO CANSADA Crianças, adolescentes, jovens e adultos vivem constantemente cansados frente às inúmeras atividades do dia a dia

18

32 34

COMPOR T AMENTO COMPORT O valor dos pequenos começos e ações

VOZ DO CORAÇÃO Oração de gratidão de um pastor

16

TESTEMUNHO Uma história de superação para servir ao próximo

30 31

40

NUTRIÇÃO A gestante precisa de um cuidado especial. PAIS E FILHOS Que influência as atitudes exercem nas crianças. REFLEXÃO O amor é paciente.

SAÚDE Dia do farmacêutico.

54

36

50

ADOR ATEEN ADORA SONORIZAÇÃO Dicas para microfonação.

MELHOR IDADE Prevenindo quedas na velhice. Reflexão e exercícios que melhoram o equilíbrio e a força muscular.

56

Alvorada

A Revista da Familia

Órgão Oficial da Secretaria Nacional de Forças Leigas da Igreja Presbiteriana Independente do Brasil. Registrado, em 7/11/ 1974, no Instituto Nacional de Propriedade Industrial sob o n° 289 - CNPJ n° 62.815.279/0001-19 - Fundada em 3/2/1968 por Rev. Francisco de Morais, Maria Clemência Mourão Cintra Damlão, Isollna de Magalhães Venosa. Ministério da Comunicação: Presba. Eleni R. M. Rangel. Secretário da Família: Rev. Antônio Fernandes da Rocha Neto. Coordenadoria Nacional de Adultos: Ione Rodrigues Martins e Daltro Izídio dos Santos. Coordenadoria Nacional do Umpismo: Denise Arcanjo da Silva. Editora: Sheila de Amorim Souza. Revisor: Rev. Gerson Correia de Lacerda. Arte e Diagramação: Seiva D’Artes. Colaboraram nesta edição: Eugênio M. Ambroseti, Wanderlei de Mattos Júnior, Ione R. Martins, Ezequiel Luz, Elaine Corrêa P. Ramirez, David Distler, Rogério V. Carvalho, Marcos Kopeska Paraízo, Marcos Inhauser, Edison Gonçalves Primo, Gessé Moraes de Araújo, Agnaldo Pereira Gomes, Evandro Rodrigues, André Tadeu de Oliveira, Delosmar Alves Oliveira, Luíza Dower, Gabriela Guilmo Villar, Sandra R.M. Vilhagra Faria, Silas de Oliveira, Mariana Neves Januncio, Reinaldo Montoza Briones, Helinton R. Zanini Paes, Sandra R. Rosa Annunciação, Gisele de Souza Rocha, Gerson Moraes, Clesio Borges Pena. Redação: e-mail alvorada@ipib.org - Fone: (11) 2596-1903. Assinaturas na Editora Pendão Real - Rua da Consolação, 2121 -CEP 01301-100 - São Paulo/SP Fone/Fax (11) 3105-7773 - E-mail: atendimento@pendaoreal.com.br. Assinatura anual Individual (4 edições): R$37,00, acima de 10 assinantes R$ 33,00, para receber através do (a) agente ou R$ 55,00, para receber em casa. Número avulso: R$ 9,50. Depósito no Banco Bradesco - Agência 095-7 - Conta Corrente 174.872-6. Tiragem: 3000 exemplares. Os artigos assinados não representam necessariamente a opinião da revista. Permitida a reprodução de matéria aqui publicada, desde que citada a fonte.

4 Alvorada

A Revista da Família

nº 64 janeiro/fevereiro/março, 2011


REFLEXÃO

Estamos no propósito de Deus? ROGERIO VIEIRA CARVALHO

Começo de ano, momentos de reflexão. É hora de refazermos as contas do que fizemos, do que deixamos de realizar ou de coisas que ainda almejamos. Sei que muita gente se sente frustrada por não ter atingindo suas metas. Mas será que aquele que tem autonomia e autoridade para conduzir nossa vida e propósitos não estaria permitindo que tal condição seja uma peça estratégica de manobra? Não nos preocupemos com o aparente egoísmo, mas tenhamos certeza que não o é. A Bíblia diz que: “Todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito” (Rm 8.28). Se olharmos um pouco além e se tivermos a convicção de que amamos e servimos com amor a causa de Deus, então vamos entender que o propósito de Deus está sendo realizado e que fazemos parte de algo muito maior. A questão é ter a certeza de que fazemos o que fazemos por amor a Deus. Pensemos nisto e não deixemos de crer no que Deus pode conceder como resposta aos nossos anseios e, principalmente, de acordo com seu propósito. a O Rev. Rogerio pastoreia as IPIs de Tupi Paulista e Irapuru, SP

A Revista da Família

nº 64 janeiro/fevereiro/março, 2011

Alvorada 5


VIDA CRISTÃ

Não deixe para

amanhã as suas decisões Podemos protelar decisões quando estamos negociando bens materiais. Um casal de noivos pode protelar ou adiar o casamento, sem maiores problemas. Um empresário pode aguardar a sinalização do mercado para investir. Acontece que existem áreas na vida em que precisamos cultivar a objetividade e nelas não cabe a espera prolongada. Refiro-me às nossas respostas à fé cristã e aos apelos de Deus ao coração humano. Elas precisam ser claras, pontuais e prontas. Encontramos na Bíblia algumas situações em que o ser humano tentou postergar sua resposta a Deus. Lembra-se de Ló? Não seja como o vagaroso Ló, que custou a se retirar de Sodoma e Gomorra, e quase perdeu a oportunidade de salvarse. O que o anjo ordenou a Ló ordena também a nós: “Apressa-te” (Gn 19.22). Muitas pessoas sofrem do “mal do qual-

6 Alvorada

A Revista da Família

nº 64 janeiro/fevereiro/março, 2011

quer dia”. Ou algumas pessoas diriam: “um dia destes”. Se você já leu a Bíblia no livro de Êxodo, irá se lembrar de um fato engraçado, que aconteceu a Faraó. Deus desejava libertar o seu povo da escravidão do Egito, sob o comando de Faraó. Mas Faraó, de coração duro, não deixava o povo sair. Então, Deus mandou dez pragas sobre os egípcios. Praga de piolhos, praga de moscas, praga de gafanhotos... e mandou também a praga das rãs. E a Bíblia diz que houve rãs por toda a parte. Imagino a bagunça: rãs pulando nos corredores do palácio, entrando para a cozinha, pulando sobre as panelas, alcançando os quartos e subindo nas camas... Tenho certeza de que a Sra. Faraó pressionou o marido a desistir logo e acabar com as rãs. Aí, então, finalmente, Faraó chamou Moisés e disse: “Muito bem! Eu desisto”. Então,


Patrick Nijhuis

Moisés perguntou: “E quando você quer que eu acabe com as rãs?” E a resposta de Faraó foi clássica. Ele disse: “Amanhã”. Por que esperar tanto tempo para acabar com as rãs? Sempre tendemos a pensar que é possível fazer uma média, enrolar a tomada de uma decisão... O que é que você está esperando? Comece hoje a servir a Deus. Comece hoje uma vida de oração. Comece hoje a leitura da Bíblia. Rompa hoje com o pecado. Rejeite hoje os maus hábitos que estão comprometendo sua postura. Uma jovem, que era constantemente advertida por sua mãe para que buscasse a Cristo antes que fosse tarde demais, um dia respondeu-lhe com impaciência: “Eu vou, mas não agora. Agora é meu tempo de cur-

“Você pode beber o resto, pois eu não quero mais...”. Ela se ofendeu, respondendo: “O senhor está sendo grosseiro em me oferecer o que o senhor mesmo não quer mais”. Depois de um pequeno silêncio, o pastor disse: “Mas, filha, não é isso que você pretende oferecer a Deus?”

tir a juventude”. Quando o pastor um dia visitou essa família, aquela mãe piedosa falou sobre a atitude da filha. O pastor estava tomando um cafezinho, quando a filha entrou na sala. Educadamente, ofereceu-lhe a sua xícara com um restinho de café no fundo, dizendo: “Você pode beber o resto, pois eu não quero mais...”. Ela se ofendeu, respondendo: “O senhor está sendo grosseiro em me oferecer o que o senhor mesmo não quer mais”. Depois de um pequeno silêncio, o pastor disse: “Mas, filha, não é isso que você pretende oferecer a Deus?” Pense nisso e pense rápido. a Adaptação de texto do Rev. Marcos Kopeska Paraízo, pastor da 1ª IPI de Marília, SP

A Revista da Família

nº 64 janeiro/fevereiro/março, 2011

Alvorada 7


PETULÂNCIA

REFLEXÃO

8 Alvorada

A Revista da Família

MARCOS INHAUSER

O excêntrico cientista americano J. Craig Venter e sua equipe do instituto que leva seu nome dizem ter desenvolvido a primeira célula controlada por um genoma sintético. O estudo, publicado na revista Science, pode representar o início de uma nova era na biologia sintética e na biotecnologia. A equipe liderada por Venter havia conseguido sintetizar quimicamente o genoma de uma bactéria e feito um transplante de genoma de uma bactéria para outra. Agora, juntaram as duas técnicas para criar a “célula sintética”, onde apenas o genoma é sintético, mas a célula que recebeu o genoma é natural, não sintetizada pelo ser humano. A façanha alvoroçou a equipe e outros envolvidos na manipulação genética, a ponto de se afirmar que “isto se torna um instrumento poderoso para que possamos tentar determinar o que queremos que a biologia faça. Temos uma ampla gama de aplicações (em mente)”, disse Venter. Eles planejam criar algas que absorvam dióxido de carbono e criem novos hidrocarbonetos. Eles também proPara mim é curam formas de acelerar a fabricação de muito mais fácil vacinas, a criação de novas substâncias quíacreditar que micas, ingredientes para alimentos e métodos para limpeza de água. Deus criou do Indevidamente, houve quem afirmasse que se havia criado a vida a partir de informações genômicas guardadas em computador, o que, para os leigos, parecia computador virando vida. Mas o que me chamou a atenção foi a discussão acalorada que se deu em seguida, com cientistas apressando-se em afirmar que isto provaria que não foi Deus quem criou a vida, que ela é fruto do acaso, pela aleatoriedade que permitiu que um dia, em determinado lugar, se juntassem todos os elementos indispensáveis à vida e esta surgisse espontaneamente e, daí em diante, por reprodução e evolução.

que acreditar que o acaso produziu condições para que milhares, se não milhões de variáveis, se harmonizassem para que a vida surgisse. É muita sorte e acaso envolvidos.

Ouvi um deles afirmar que, se Deus criou algo, o que Ele criou foi, no máximo, uma “gosma biológica” que evoluiu para se ter a vida no nível que hoje se conhece. Não estou negando nem afirmando o evolucionismo, nem o criacionismo. Estou me rebelando contra a petulância de quem se julga capaz de decretar a inexistência de Deus. Para mim é muito mais fácil acreditar que Deus criou do que acreditar que o acaso produziu condições para que milhares, se não milhões de variáveis, se harmonizassem para que a vida surgisse. É muita sorte e acaso envolvidos. a O Rev. Marcos é pastor da Igreja Menonita

nº 64 janeiro/fevereiro/março, 2011


Jenny Rollo

A Revista da Família

nº 64 janeiro/fevereiro/março, 2011

Alvorada 9


COMPORTAMENTO

O valor

dos pequenos

começos e ações EDISON GONÇALVES PRIMO

Um médico cristão da cidade de Londrina, chamado Dr. João Henrique S. Jr., escreveu um livro contando a história do Hospital Evangélico de Londrina. Nele, ele conta em detalhes como tudo começou. Conta quem foram os fundadores, quais foram as igrejas envolvidas no processo de construção, como conseguiram os recursos financeiros, quais foram as maiores dificuldades, como foi construída a primeira parte do hospital, etc. A leitura desse livro me fez pensar no valor dos pequenos começos e ações para se chegar às grandes realizações. Hoje, o Hospital Evangélico de Londrina é um dos mais importantes da cidade, atendendo a um grande número de pessoas. Porém, pela sua história, percebe-se que os seus fundadores tiveram sabedoria e discernimento espiritual para valorizar cada pequeno gesto, ação e vitória. O valor dos pequenos começos e ações pode ser lembrado na Bíblia pela imagem do Reino de Deus. No evangelho segundo Marcos, o “Reino de Deus é como um grão de mostarda, que é a menor de todas as sementes da terra, mas, quando semeado, cresce, e faz-se a maior de todas as hortaliças...” (Mac 4.32). Todos nós temos grandes sonhos e projetos para realizar. Alguns de ordem material, familiar, profissional, espiritual, etc. Mas é preciso lembrar que para eles se con10 Alvorada

A Revista da Família

cretizarem é preciso valorizar os pequenos começos e ações. No início, estas pequenas ações e começos podem parecer sem sentido e, até, sem muito valor. Porém, à medida que vão se juntando a outras ações, transformam-se em grandes realizações. Portanto, que tal lutar pelos nossos sonhos e objetivos, começando agora a valorizar os pequenos começos e colocando em prática algumas pequenas ações? Para você que quer ter uma vida familiar feliz, comece a ouvir e compreender mais as pessoas que você ama, dê o primeiro passo para perdoar, demonstre carinho e afeição através de abraços e beijos, marque passeios no parque, procure sentar-se junto à mesa para se alimentar, faça de tudo para remir o tempo em família, etc. Para você que sonha com a realização profissional, reinicie, comece ou persevere nos seus estudos, aplique-se e aperfeiçoe-se em fazer bem as suas tarefas, procure relacionar-se bem com seus colegas de trabalho, não desanime com as pequenas derrotas, seja sempre otimista, tenha humildade para ouvir os mais experientes e, sobretudo, entregue com fé todos os seus sonhos e projetos ao Senhor, nosso Deus, porque Ele tem poder para nos dar uma vida vitoriosa. a O Rev. Edison, capelão há 8 anos do Hospital Universitário Evangélico de Curitiba, é pastor da 3ª IPI de Curitiba, PR

nº 64 janeiro/fevereiro/março, 2011


cammy ambrosini

CARTAS Quero parabenizá-la e a toda a equipe pela qualidade das publicações, tanto da Revista Alvorada, como do jornal O Estandarte. Por falar nisso, o Conselho de nossa igreja decidiu e já adquiriu o primeiro lote de Revista Alvorada para ser distribuída nas clínicas médicas de Tupã. Vamos aguardar os resultados, mas creio que é uma boa iniciativa, que poderia ajudar no aumento da tiragem da revista, além de servir para o evangelismo, é claro. Rev. Agnaldo Pereira Gomes, pastor da IPI de Tupã, SP

Recebemos a edição do 4º trimestre. Ainda não li tudo, mas sua matéria sobre a revista ficou muito boa. Sei que não basta dizer que vocês têm uma missão e que é tudo muito lindo. Só vocês sabem o que passam para que ela chegue dessa forma para o leitor. Mas saiba, sim, que oramos por vocês para não desistirem dessa missão que não é fácil, mas vai deixar história, como deixou aquela irmã idosa que testemunhou na edição anterior da revista. Eu havia escrito algo sobre ela e me emocionei ao pensar: será que estou deixando minha história para outros não desistirem? Uma coisa eu sei: vocês estão escrevendo a história de outros, mas a de vocês já está registrada. Não desistam! Deus abençoe! Sandra Regina Moraes Vilhagra Faria, IPI de Votuporanga, SP

a vida Para você que quer ter umvir familiar feliz, comece a ou oae e compreender mais as pess ssso qu para você ama, dê o primeiro pa ão perdoar, demonstre carinho e afeiç

A Revista da Família

Envie sua carta com críticas, sugestões e pedidos para: REVISTA ALVORADA Rua da Consalação, 2121 Consolação 01301-100 São Paulo SP e-mail: alvorada@ipib.org nº 64 janeiro/fevereiro/março, 2011

Alvorada 11


VIDA CRISTÃ

DE 8 2 JANEIRO

AO DIA DE COMBATENTRA O PRECONCEITO C DE O PORTADOR HANSENÍASE

Presente de

Deus

Uma visão do Reino de Deus

12 Alvorada

A Revista da Família

nº 64 janeiro/fevereiro/março, 2011


GESSÉ MORAES DE ARAUJO

É assim que posso definir minha experiência junto a uma Colônia de Hansenianos chamada de Sanatório do Pirapitingui, em Itu, SP. Trabalhamos lá com os Seguidores de Cristo (grupo de jovens sediado na IPI da Casa Verde, São Paulo, SP, considerado filho na fé do Grupo Jovens da Verdade) durante 5 anos, visitando-o uma vez por mês. Nos dois primeiros anos do meu Curso de Teologia (1976/77), adotei o Sanatório como meu campo de trabalho prático, visitando-o todos os domingos. Chegava lá por volta das 9h00 e permanecia até às 16h00. Tudo começou através de uma pessoa muito especial, um servo do Senhor, presbítero em disponibilidade, Newton de Oliveira Santos (irmão do Rev. Lysias Oliveira dos Santos), seu Tok, portador da hanseníase e que trabalhava conosco no grupo de evangelização. Ele nos convidou para uma visita ao Sanatório do Pirapitingui, num domingo pela manhã. Quando lá chegamos, o local nos impressionou, pois havia muito verde, muitas flores pelo caminho, árvores frutíferas, pássaros a cantar, até que chegamos a um templo. Era a igreja evangélica do Sanatório. Lá conhecemos o Presb. Chiquinho, da Igreja Presbiteriana de Itu, que há muito trabalhava naquele local. Era uma pessoa muito especial, que tinha o coração naquela obra e todos os domingos à tarde lá estava, apesar de seus mais de 80 anos. Nossa primeira visita foi a um pavilhão em frente à igreja onde ficavam hansenianos cegos, homens e mulheres. Aí a coisa começou a pegar... Alguns tinham uma aparência bastante marcada pela doença. As mãos não possuíam dedos ou eram atrofiados. O mesmo ocorria com os pés. O rosto também trazia marcas da doença e, além disso, eram cegos. Alguns dos nossos jovens se sentiram mal. Mas a coisa mais bonita começou a acontecer exatamente neste local. Deus fechou os nossos olhos carnais, nos fazendo enxergar apenas o interior dessas pessoas. E que visão maravilhosa! Eram seres humanos sofridos, abandonados por suas famílias há

muitos anos, portadores de uma doença que os marginalizava, que os impedia de viver em sociedade, mas que Deus estava colocando em nosso caminho. E começamos o contato pessoal com cada um deles em seu leito. Esse contato, esse toque, essa atenção tinha um significado especial para cada um deles. Descobrimos muita vida em meio a tanta aparência de morte. Quando falávamos de Jesus àquelas pessoas, seus rostos se iluminavam, seus corações ferviam e elas se enchiam de esperança. Um aperto de mão para elas significava muito mais que um abraço apertado, que talvez nunca tivessem recebido. Criamos laços profundos com elas. Nosso trabalho lá consistia em visitas que fazíamos de casa em casa, além de visitas aos pavilhões de tuberculosos, de doentes mentais e até mesmo na cadeia, onde fizemos diversas visitas pessoais aos presos que ali cumpriam suas penas. Quando começamos nosso trabalho, o Sanatório abrigava por volta de 5.000 habitantes. Havia alguns irmãos que freqüentavam a igreja regularmente, aos quais visitávamos e trazíamos à igreja para o culto às 13h00. Após o culto, nós os levávamos às suas casas. Um detalhe importante é que duas irmãs da igreja preparavam um lanche para nós, como almoço. O prazer que elas tinham em nos servir era algo muito evidente.

Experimentamos o derramar da graça de Deus de muitas formas e maneiras. Fomos testemunhas da conversão de um alcoólatra e da conversão de muitas pessoas visitadas, com evidências de profundas mudanças em suas vidas.

Lá experimentamos o derramar da graça de Deus de muitas formas e maneiras. Fomos testemunhas da conversão de um alcoólatra (mesmo sendo proibida a entrada de bebidas, havia o contrabando, por assim dizer) e da conversão de muitas pessoas visitadas, com evidências de profundas mudanças em suas vidas. Lá conhecemos também um grupo de irmãos pertencentes à Igreja Presbiteriana da rua Santa Clara, em Sorocaba, SP, que visitavam uma vez por mês o sanatório. Dentre eles, destacamos o Presb. José Corrêa e o saudoso Rev. Abimael de Campos Vieira. Com o Rev. Abimael, pudemos regularizar a situação de alguns casais da igreja, por ocasião da instituição da Lei do Divórcio em

A Revista da Família

nº 64 janeiro/fevereiro/março, 2011

Alvorada 13


nosso país. Uma das experiências mais marcantes que tive foi quando, durante visita a uma casa, bati à porta, que estava apenas encostada, e ouvi uma voz fraca que vinha de dentro dizendo: - Pode entrar. Para minha surpresa, me deparei com uma senhora muito pequena, pois estava em uma prancha com rolimãs (para o deslocamento). Ela não tinha a parte inferior das pernas, nem os dedos das mãos, estava com a cabeça raspada e era cega, com os olhos bem vermelhos. Na ocasião, impressionado e sem saber o que dizer, me dirigi a ela com uma pergunta: Como vai a senhora? E ela, erguendo a cabeça na minha direção, disse: -Tudo bem, graças a Deus. Eu quase desmontei ali. Meus olhos se encheram de lágrimas e foi muito difícil continuar a conversa. Essa experiência me fez repensar muitas coisas em minha vida, me trazendo grandes benefícios. Nunca vou me esquecer da lição que aquela senhora me ensinou. Quando me casei, os irmãos da igreja me emocionaram muito. Fizeram uma lista e compraram presentes. Eu vivi ali a experiência de um pastor da zona rural, pois eram raros os domingos em que não trazia para casa frutas, verduras, legumes e até mesmo frango caipira, que eles me ofereciam com muito prazer. Outra experiência marcante foi a possibilidade de fazermos um programa dominical de rádio, na emissora local. Levávamos a mensagem da Palavra e tocávamos alguns hinos solicitados pelos ouvintes. Tivemos a oportunidade de fazer um trabalho evangelístico junto a todo o corpo administrativo do sanatório, bem como diversas visitas à Vila Martins, onde residiam, em sua maioria, pessoas que tinham recebido alta do sanatório e que poderiam voltar a viver em sociedade, em função de uma política adotada pelo governo quanto ao tratamento da hanseníase. Tivemos a oportunidade, na época, de visitar também duas outras instituições que tratavam da mesma enfermidade, o Hospital Padre Bento, em Guarulhos, e o Sanatório Aymorés, em Bauru. Como afirmei no título do referido artigo, recebi um presente de Deus, trabalhando no Sanatório do Pirapitingui junto a pessoas tão especiais que marcaram profundamente toda a nossa vida e ministério. Fiquei bastante emocionado ao fazer o presente relato, esperand[o que ele amplie a nossa visão do Reino de Deus. a O Rev. Gessé é pastor da IPI Vida Nova, em São Paulo, SP

14 Alvorada

A Revista da Família

nº 64 janeiro/fevereiro/março, 2011

Deus fechou os nossos olhos carnais, nos fazendo enxergar apenas o interior dessas pessoas. E que visão maravilhosa! Eram seres humanos sofridos, abandonados por suas famílias há muitos anos, portadores de uma doença que os marginalizava, que os impedia de viver em sociedade, mas que Deus estava colocando em nosso caminho... Descobrimos muita vida em meio a tanta aparência de morte.


A VOZ DO CORAÇÃO

Faze arder o meu coração,

Senhor!

AGNALDO PEREIRA GOMES

No dia 2/9/2010, a IPI do Brasil comemorou o Dia do Pastor. Naquela manhã de quinta-feira, que foi um dia muito especial para mim, diante de Deus fiz a seguinte oração: Mais uma vez, renovo na tua presença, ó Deus, o meu desejo de continuar apascentando com alegria o teu rebanho. Nestes 20 anos de pastorado, não foram poucas as vezes que olhei, como Jonas, na direção de Társis, querendo fugir do chamado pastoral. Não foram poucas as vezes que, como Pedro, olhei para o Mar da Galiléia e disse: “Vou pescar!” (Jo 21.3), embora ainda ressoassem em mim as palavras de Jesus chamando-me para ser pescador de homens. Não foram poucas as vezes que me vi olhando estrada afora, desejoso de voltar para Emaús. Não foram poucas as vezes que estive com o coração insensível e com os olhos como que cegos, impedido de perceber a presença de Jesus ao meu lado na longa estrada desta vida. Não foram poucas as vezes que me achei cansado, sentindo que o ministério pastoral era um fardo pesado demais para mim. Não foram poucas as vezes que a tristeza se abateu sobre mim, por haver perdido a alegria do

chamado pastoral. Não foram poucas as vezes... Tu o sabes, Senhor! No entanto, em todas as vezes que o desânimo se abateu sobre mim, eu nunca estive de fato sozinho. A presença graciosa de Jesus sempre esteve ao meu lado. Por isso, hoje peço mais uma vez: faze arder o meu coração, Senhor! Faze arder o meu coração, Senhor, de paixão pelas almas perdidas! Faze arder o meu coração, Senhor, de um amor paciente pelas ovelhas a mim confiadas! Faze arder o meu coração, Senhor, de ânimo e alegria para continuar semeando a preciosa semente! Faze arder o meu coração, Senhor, de zelo pela pregação da tua palavra! Faze arder o meu coração, Senhor, de esperança para ver os campos carregados de frutos e prontos para a colheita! Faze arder o meu coração, Senhor, por uma igreja nova, cheia de vida, que sempre se renova, na força e no poder do teu Espírito Santo! Faze arder o meu coração, Senhor! a O Rev. Agnaldo é pastor da IPI de Tupã, SP

A Revista da Família

nº 64 janeiro/fevereiro/março, 2011

Alvorada 15


REFLEXÃO

Um mundo sem

2 1 DE MARÇO

Julia Freeman

DIA INERNACIONAL DE LUTA PELA ELIMINAÇÃO DA

DISCRIMINAÇÃO RACIAL

O dia 21/3/1960 registrou mais um capítulo sombrio da história humana. Negros de Johanesburgo, África do Sul, protestavam contra a Lei de Passe. Esta os obrigava a portarem cartões de identificação que especificavam os locais onde lhes era permitido circular. Mesmo tratando-se de uma manifestação pacífica, o exército abriu fogo contra a multidão, matando 69 pessoas e ferindo outras 186. A ONU, então, instituiu o dia 21 de março como o Dia Internacional de Luta pela Eliminação da Discriminação Racial, em memória daquele que ficou conhecido como o Massacre de Shaperville.

16 Alvorada

A Revista da Família

nº 64 janeiro/fevereiro/março, 2011


discriminação Se, de fato, os povos e nações do mundo estão engajados na luta pela eliminação da discriminação racial, é preciso reconhecer que, até aqui, têm-se experimentado uma amarga derrota. Os exemplos na atualidade de discriminação racial são abundantes. Porém, analisando uma manifestação cultural quase universal que reúne indivíduos de todas as classes sociais e etnias, é possível constatar a distância a ser percorrida até a eliminação da discriminação. Recentemente, o jogador de futebol camaronês Samuel Eto´o protestou em uma partida pelo campeonato italiano, ao ser abertamente discriminado pela torcida adversária, que entoava cânticos preconceituosos toda vez que tocava a bola. Em um grito velado contra a discriminação, é preciso lembrar que o rei do futebol e atleta do século XX é negro e latino.

Barnabé de Chipre na liderança da igreja. É dito aos romanos: “Para com Deus não há acepção de pessoas”. Porém, em Corinto, a doença começa a dar sintomas: acepção no partir do pão, condenada por São Paulo. Com a institucionalização da igreja, a partir do século IV, a doença parece irreversível. Saltando na história, têm-se as Cruzadas, que matava judeus e turcos muçulmanos. Depois, a empresa colonizadora, que dizimou nações indígenas inteiras nas Américas. Missionários católicos piedosos viam a matança passivamente, pois julgavam que a troca beneficiava os índios. Perdiam suas terras, suas riquezas, suas vidas, mas ganhavam o céu cristão. No neocolonialismo protestante, ingleses cortavam as mãos de artesãos na Índia para que esses não mais produzissem nem ensinassem aos filhos sua arte. A população tinha de consumir os produtos ingleses. As palavras de um dito africano traduzem os fatos: “Quando os brancos cristãos chegaram aqui, na África, nos ensinaram a rezar de olhos fechados; quando abrimos os olhos, eles tinham a terra e nós tínhamos a Bíblia”.

Nas ações de Jesus, temos o embrião de um mundo sem discriminação. Ele optou pelos miseráveis e leprosos da Galiléia dos gentios. Falou com a mulher samaritana. Curou a filhinha da mulher siro-fenícia. Nas bases da igreja desinstitucionalizada, em Antioquia, havia diversidade étnica. O Novo Testamento relata a presença de Lúcio de Cirene, de Simeão, “o negro,” e de

A riqueza do homem branco, ocidental e cristão não é fruto de seu trabalho, da sua vocação. Muito menos fruto da bênção de Deus. É produto de roubo. Historicamente, roubou o negro e o índio. Hoje, rouba o pobre com sua política neoliberal. Embaraçosamente, desenvolveram-se teologias cristãs para justificar o sofrimento das vítimas. “Os negros são amaldiçoados, pois são

EVANDRO RODRIGUES

“Pois não há distinção entre judeu e grego, uma vez que o mesmo é o Senhor de todos, rico para com todos os que o invocam” (Rm 10.12-13).

descendentes de Caim”, diziam cristãos até o limiar do séc. XX. “Os nordestinos sofrem porque são idólatras”, cansou-se de ouvir na igreja brasileira. Hodiernamente, vê-se o fenômeno da teologia da prosperidade estadunidense que, mais uma vez, chama o mal por bem. Impossível não lembrar o apedrejador Judá ao querer punir sua nora Tamar, mesmo sendo ele quem não havia cumprido a lei do levirato. Um amigo, descendente de nortecoreanos, ensinou-me uma preciosa lição. Os coreanos não gostam de ser confundidos com japoneses. Mas esse sentimento está longe de ser uma simples “vaidade étnica”. Sua avó viveu os horrores da guerra. Conta que o exército japonês, ao invadir a Coréia, torturava e dilacerava crianças na frente dos pais. Porém, insistimos nas terminologias racistas culturalmente incorporadas. Todo oriental é “japa”. Todo nordestino é “paraíba” ou “baiano”. Todo negro é “negão”. A dívida histórica que o homem branco católico/protestante contraiu com diversas etnias é impagável. Por toda a Bíblia, há uma clara opção divina pelo marginal, pelo miserável e pelo discriminado. Mas, e a Igreja, quando fará sua opção? a

A Revista da Família

O Evandro, graduando em Teologia pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, é professor da Escola Dominical na IPI de Vila Brasilândia, São Paulo, SP evandro_enops@hotmail.com

nº 64 janeiro/fevereiro/março, 2011

Alvorada 17


RESENHA

Sempre ao seu lado ANDRÉ TADEU DE OLIVEIRA

Qual é o valor da verdadeira amizade? Até que ponto podemos contar com a fidelidade das pessoas ao nosso redor? Estas e outras questões, mesmo que de forma indireta, são expostas de maneira tocante e magistral no filme Sempre Ao Seu Lado. Dirigido pelo experiente diretor sueco Lasse Hallstrom e contando com um elenco de primeira linha, encabeçado por Richard Gere e Joan Allen, a obra é uma adaptação de um caso verídico ocorrido no Japão entre as décadas de 20 e 30. A história real narra a relação de amor e amizade existente entre o professor universitário japonês Hidesaburo Ueno e um belo cão da raça akita, chamado Hachiko. Durante anos, Hachiko aguardava seu dono todos os dias na estação de trem de Shibuya. Mesmo após a morte do professor, vítima de um acidente vascular cerebral, o fiel cão continuava a esperá-lo no mesmo local e horário. Segundo jornais japoneses, Hachiko manteve esta rotina por quase 10 anos, até sua morte. A comovente história de amizade envolvendo o animal e o professor foi utilizada de forma didática no sistema educacional japonês, visando desenvolver nas crianças valores como altruísmo, doação e companheirismo. Hachiko, por sua vez, foi homenageado com uma estátua na mesma estação de trem onde esperou inúmeras vezes seu amado dono. A versão, estrelada por Richard Gere, mantém a fide-

18 Alvorada

A Revista da Família

nº 64 janeiro/fevereiro/março, 2011

lidade à história original, contendo, obviamente, pequenas alterações, já que a trama se desenrola não em terras japonesas, mas na cosmopolita Nova York. Tudo se inicia quando o Prof. Parker Wilson (Richard Gere) encontra um belo filhote da raça japonesa akita perdido em uma estação ferroviária no subúrbio da cidade. Neste momento, ocorre uma perfeita identificação entre o cão e o ser humano, fazendo com que Wilson o adotasse, mesmo à revelia de sua esposa. O andamento do filme emociona, mostrando o crescente envolvimento entre o belo cãozinho, batizado como Hachiko, e o professor universitário. Contudo, o ápice da história se dá quando Wilson falece. Sentindo profundamente a ausência de seu dono, Hachiko retorna todos os dias à estação ferroviária na expectativa de encontrá-lo. Após assistirmos um drama tão especial, podemos tirar várias lições e aplicá-las em nossa vida. Primeiramente, aprendemos a respeitar todos os aspectos da criação divina, neste caso, os próprios animais. Sabemos que Deus é amor e, se um ser irracional é capaz de amar um ser humano a ponto de dedicar todos os anos que lhe restam, para esperar o querido dono que nunca mais voltará, podemos concluir que algo do amor divino foi implantado no coração deste pequeno ser. Não bastando, o comportamento do cão é um exemplo para nós. Por que não dedicamos tempo e atenção ao


nosso próximo? Por que deixamos que a correria do dia-a-dia nos distancie das pessoas que amamos? Por que nossos relacionamentos são tão frívolos, banais, sem um terço da fidelidade demonstrada por Hachiko? Nas grandes cidades, inúmeras pessoas necessitam de muito pouco. Apenas desejam carinho e atenção. Em suma, um sorriso. No entanto, nossa ânsia por sucesso, prosperidade e riquezas nos afasta destes irmãos, relegando-os a segundo plano. Quando assistimos Sempre Ao Seu Lado, vemos que um simples cão é capaz de proporcionar o básico para a felicidade de seu dono: amor, atenção, carinho e, principalmente, fidelidade. E nós, seres humanos e cristãos, será que nos dedicamos ao nosso próximo com a mesma intensidade com que Hachiko se entregou para seu dono? As Escrituras afirmam que, caso os filhos de Deus não se pronunciem, as pedras falarão. Será que Deus não tem uma mensagem através de uma história como essa? Creio que sim. Amemos, realmente, uns aos outros, como Jesus nos ensinou. a O André, jornalista, estudante de teologia no Mackenzie, é membro da 1ª IPI de São Paulo, SP

Nas grandes cidades, inúmeras pessoas necessitam de muito pouco. Apenas desejam carinho e atenção. Em suma, um sorriso. No entanto, nossa ânsia por sucesso, prosperidade e riquezas nos afasta destes irmãos, relegando-os a segundo plano. Quando assistimos Sempre Ao Seu Lado, vemos que um simples cão é capaz de proporcionar o básico para a felicidade de seu dono: amor, atenção, carinho e, principalmente, fidelidade. E nós, seres humanos e cristãos, será que nos dedicamos ao nosso próximo?

A Revista da Família

nº 64 janeiro/fevereiro/março, 2011

Alvorada 19


TESTEMUNHO

Delosmar atendendo paciente

Por trás da cruz Uma história de superação para servir ao próximo DELOSMAR ALVES OLIVEIRA

Nasci no mês de agosto, um dos meses mais quentes no Amazonas, precisamente no dia 13 do ano de 1966. Um caboclinho com olhinhos rasgados, típico amazônida, registrado como Delosmar, filho dos interioranos Rosimar e Manoel Domingos. Sou o segundo filho. Trouxe alegrias e preocupação. Não tínhamos moradia própria e o meu pai, recém chegado a Manaus, vivia de “bicos”; minha mãe, uma doméstica com princípios cristãos, com um esposo que não concordava com “os crentes”. A família foi aumentando, totalizando 10 irmãos. Logo, vieram as dificuldades e os filhos mais ve20 Alvorada

A Revista da Família

nº 64 janeiro/fevereiro/março, 2011

lhos precisavam ajudar no sustento da casa. Com a morte do meu irmão mais velho, aos 2 anos, tornei-me o primogênito e com outro irmão, Darlan, nos unimos ao pai no sustento da família. O que a mãe inventava vendíamos, até com certa facilidade. Em nossas mãos e bandejas, passaram flores artesanais, batata frita, pipoca, salgados e outras guloseimas. Como era prazeroso chegar em casa com trocados no bolso! Nossos pais não tinham dinheiro para fazer festas de aniversário, pois era muita gente, mas, no Natal, havia o esforço para comprar brinquedos singelos, frango assado e bolo a ser servido na noite do dia 24 de dezembro. Minha mãe sentia saudades da igreja. Nós crescemos


ouvindo-a entoar, junto ao fogão ou arrumando a casa, hinos da Harpa Cristã; mesmo impedida de congregar, buscava em Deus forças para ver toda sua família aos pés do Senhor Jesus. Certo sábado, ela tomou uma importante decisão: ordenou que todos procurássemos, no domingo seguinte, uma igreja evangélica, senão... Na vila onde morávamos, a proprietária era evangélica. Passamos a congregar na IPI da Cachoeirinha. Já não a tratávamos mais como D. Mirtes, mas como a tia Mirtes. A alegria da minha mãe era tamanha, mesmo sabendo que não contaria, no início, com o apoio do chefe da casa, mas seu coração não agüentava mais a ausência da casa do Pai. De imediato, gostamos da recepção na igreja. Eu tinha quase 13 anos e me lembro com grande alegria das minhas professoras, dos presbíteros da época, do Rev. Mário de Abreu Alvarenga e da sua esposa Marilza, que era a coordenadora da Liga Juvenil. Sua dedicação e amizade foram importantes no início da minha caminhada rumo ao Senhor Jesus. Fui convertido aos 15 anos, graças a um bate-papo com um adolescente e um jovem. Este adolescente tornou-se pastor da nossa denominação: Rev. David Aguiar de Oliveira. No ano seguinte, professei a minha fé. Prossegui meus estudos. Fiz o antigo 2º grau em Patologia Clínica no Colégio Estadual D. Pedro II. 50% das passagens de ônibus foram financiadas pela antiga Mesa Diaconal da IPI local, através da irmã Delosmar Maria Eglaiz M. do Nascimento. Não consegui ser aprovado nos dois primeiros vestibulares para medicina. No ano seguinte, faria novamente o vestibular e, dessa vez, recebi uma bolsa de estudo para o cursinho pré-vestibular financiada pela irmã Lílian Magnólia, que viu meu esforço e dedicação. Enfim, fui aprovado no curso de Biologia da Fundação Universidade do Amazonas, hoje Universidade Federal do Amazonas (UFAM). Realizei o curso alternando o horário no Laboratório Central, meu primeiro emprego, conseguido com oração e com o esforço do Rev. Raimundo Nonato Damasceno. Para aumentar a renda familiar, me dispus a trabalhar à noite como professor. Na época, a carência de profissionais graduados era gritante. Em 1993, com 26 anos, concluí meu curso de Ciências Biológicas, mas, no coração, ainda tinha um desejo ardente pela medicina. Os irmãos seguiram meus passos, foram se esforçando e entrando na faculdade. Agora com mais recursos, alguns cursaram faculdades particulares; outros, a Estadual ou a Federal. Aos 32 anos, enfrentei um momento difícil em minha

e sua

saúde, mas, com a graça de Deus, fui salvo, depois de complicações decorrentes de uma cirurgia. A igreja toda se reunia na minha casa para orar. Talvez tenha sido a maior reunião de oração domiciliar da história da IPI local. Ali cresceu ainda mais a minha convicção de ser um médico. Deus queria continuar os seus planos na minha vida. Aos 34 anos, iniciei o Mestrado em Ciência de Alimentos (UFAM/INPA) e, no mesmo ano, casei-me com a Diac. Meireane Lira Peixoto. Perseverando na fé e com o sonho ainda pulsando no meu coração, em 2003, participei do vestibular extra-macro, para portadores de diploma, para o curso de medicina e, com grande alegria, recebi a notícia da aprovação. Apesar do momento festivo, outra batalha seria travada com as despesas. Com o apoio da igreja e da família, prossegui no sonho. As lutas foram muitas. Mesmo sendo uma faculdade pública, os gastos com transporte, alimentação e material fizeram prova de minha perseverança. Algumas vezes, senti o sabor da exclusão pela elite do curso. Consegui superá-la com o apoio de algumas amizades que foram construídas na jornada acadêmica. A esposa, pais, irmãos, sogra e cunhados eram os maiores motivadores e patrocinadores deste sonho, em orações, em ofertas e palavras de apoio. Ouvi muitas vezes falar que medicina é para quem tem dinheiro ou tem nome influente na sociedade, mas cri que o Deus, que me chamou, me capacitou e não desistiu de mim. Quero enfatizar que a bênção na minha vida não se concretizou na finalização do curesposa Meireane so de medicina, mas começou no meu chana formatura mado, na minha conversão ao Senhor Jesus e há de se completar na sua volta ou quando eu partir para me encontrar e estar com Ele. Diante de tudo quanto Deus permitiu-me viver até o presente, seja no âmbito familiar, matrimonial, acadêmico, eclesiástico ou profissional, não posso deixar de destacar a Cruz de Cristo – único lugar em que eu posso gloriar-me. Hoje, como médico, tenho tido a oportunidade de servir ao meu semelhante como instrumento de intervenção divina na vida das pessoas. Jesus, de fato, disse tudo, quando falou: “Eu sou a videira, vós as varas; quem está em mim, e eu nele, esse dá muito fruto; sem mim, nada podeis fazer” (Jo 15.5). Estar ligado a Cristo é o que, de fato, importa para os eleitos de Deus. Vale mesmo a pena e, a cada dia que passa, aumenta minha convicção de que ter a vida nas mãos do Senhor é o maior e mais fascinante projeto de vida! Hoje, meu pai nos acompanha à casa do Senhor. a O Delosmar é presbítero da 1ª IPI de Manaus, AM

A Revista da Família

nº 64 janeiro/fevereiro/março, 2011

Alvorada 21


MISSÃO

Evangelismo

Criativo LUÍZA DOWER E GABRIELA GUILMO VILLAR

Como igreja, nosso campo missionário tem que visar todos os lugares onde não existe a luz de Cristo. Vamos ressaltar um dos lugares em que a vida e a morte se cruzam todos os dias; onde as emoções estão à flor da pele e os corredores lotados; e onde a esperança nem sempre é a última que morre pela carência dos meios ou ausência de fé: o hospital. Felizmente, tem crescido o número de projetos para visitas com palhaços em hospitais para alcançar essas pessoas que lá estão e que, em alguns casos, permanecem no ambiente hospitalar durante anos. Esse crescimento tem aumentado por iniciativa de projetos de igrejas e grupos voluntários. É um trabalho diferenciado pela presença de um palhaço no meio hospitalar. Só no Brasil, de acordo com Morgana Masetti psicóloga que acompanha o grupo Doutores da Alegria de São Paulo, existem cerca de 180 grupos, dentre eles Doutores da folia – Santos, SP; Hospital Só Riso São José do Rio Preto, SP; Pediatras do Riso – Uberlândia, MG; Plantão da Alegria – Campinas, SP. Podemos destacar também grupos de fora do país que servem como referência para os artistas brasileiros como o Clown Care Unit - Nova York (EUA); Die Clown Doktoren - Wiesbadery (Alemanhã); Le rise Medicin – Paris, (França); Associacion Payasos - Valência (Espanha); Big Apple Circus – New York; entre outros.

22 Alvorada

A Revista da Família

nº 64 janeiro/fevereiro/março, 2011

Para compreender o que acontece no hospital, primeiramente é importante fazer uma distinção entre palhaço e clown A palavra “clown” significa palhaço em inglês. Entretanto, esse termo acabou sendo usado para se referir a um tipo de palhaço diferente daqueles dos palcos circenses. O palhaço circense é uma personagem cômica, enquanto que o clown não representa; ele é. O palhaço circense é muito falador, tem um ritmo acelerado e faz coisas constantemente. Para ele, é mais importante o que vai fazer: o truque, o tropeção, o estalo, os tombos, etc. Já o clown vai por outro caminho, procurando dilatar o lado ingênuo, ridículo, patético do próprio ator. Assim, o clown é pessoal e único, não dando tanto destaque ao que vai fazer, mas como vai fazer as coisas. É importante sempre a relação entre a sua pessoa e o que ele está a fazer. Pode-se dizer que o palhaço quer ser engraçado e o clown tenta ser sincero e coerente com o seu modo de pensar primário e puro.

Henry Miller diz que “o clown é a poesia em ação” O clown vive uma combinação do cômico e do trágico, acentua a percepção de emoções contrapostas e é muito peculiar. Ele é perfeito


no ambiente do hospital. Afinal, algumas emoções estão tão latentes que uma personagem de nariz vermelho qualquer não pode entrar gritando e fazendo palhaçadas em qualquer quarto. Parece imprevisível, pela previsão monótona monocromática das paredes do hospital, mas o clown se depara com situações adversas todos os dias. Como entrar em um quarto em que o paciente acabou de sair da cirurgia? E se os familiares não forem amigáveis? Como lidar com uma situação de luto? A ação do clown precisa ser coerente com o a situação do quarto. Se ele quiser chorar ou cantar uma canção, por mais triste que seja, será relevante porque o clown está vivendo o momento. Não tenta contornar a dor com uma piada, mas tem compaixão. Para a ciência médica, estudos mostram que o trabalho dos clowns tem melhorado o processo de recuperação de pacientes, além de motivar os que trabalham no hospital como enfermeiros(as) e faxineiros(as) que andam pelos corredores cansados e estressados. Deste modo, a medicina vê a ação do clown como recurso terapêutico, uma intervenção concreta que valoriza o processo de desenvolvimento infantil, pois abre espaço para a fantasia, o riso, a alegria e a apropriação do cotidiano hospitalar, atendendo as necessidades afetivas, emocionais e culturais da criança e sua família. Para os pacientes, o contato é transformador. Com as crianças, eles se tornam seus melhores amigos. Com os adultos, o clown tem um papel mais complexo: trazer à tona a criança esquecida. Existe em nós uma criança que cresceu e que a sociedade não permite aparecer; a cena o permitirá melhor do que a vida. Para a Igreja de Cristo, é a chance de levar não somente alegria, amor, forças, riso, etc. É a estratégia de conquistar o direto de entrar em um ambiente desconhecido e ser ouvido sem barreiras vinculadas a ideologias religiosas. Afinal, um sujeito de nariz vermelho não está vinculado a uma instituição. A figura do clown, à primeira vista, pode gerar estranhamento, o que é normal e surpreendente por motivar dúvida e curiosidade. “O que esse cara está fazendo aqui?”, “O que ele quer?”, “O que tem para dizer?” O paciente vai deixar o clown entrar só para en-

Eugênia na Operação Alegria

A medicina vê a ação do clown como recurso terapêutico, uma intervenção concreta que valoriza o processo de desenvolvimento infantil, pois abre espaço para a fantasia, o riso, a alegria e a apropriação do cotidiano hospitalar, atendendo as necessidades afetivas, emocionais e culturais da criança e sua família. A Revista da Família

nº 64 janeiro/fevereiro/março, 2011

Alvorada 23


ue vai O clown sabe q e d entrar para falar eixa d Cristo, mas não ira e isso claro à prim r ue vista. Ele não q intimidar. Está o ser preocupado com a n humano deitado cama e como nciar conseguir evide r, do que, mesmo na podem existir legria. momentos de a tender o porquê de sua visita. Quando essa brecha se abre, o artista vai trabalhar justamente com as emoções presentes. Por exemplo, quando entra em um quarto e encontra a mãe ou mulher do paciente com olhos de choro, ele identifica como deve agir, sem constranger os que ali estão. Depois de conquistado o território, o clown pode ir mais além; pode tentar um truque, contar uma longa história, cantar, mas principalmente ganhar a permissão de evangelizar. A primeira idéia da criação do clown não estava vinculada a um instrumento para evangelização. Entretanto, isso tem ocorrido porque alguns entenderam que a arte deve ser usada como estratégia para evangelizar; é o que chamamos de evangelismo criativo. O clown sabe que vai entrar para falar de Cristo, mas não deixa isso claro à primeira vista. Ele não quer intimidar. Está preocupado com o ser humano deitado na cama e como conseguir evidenciar que, mesmo na dor, podem existir momentos de alegria. Infelizmente, não é maioria o número de pessoas que estão abertas a ouvir a “Palavra de Deus”. Logo que identificam que serão abordados para isso, os pacientes e a família mostram-se durões ou/e antipáticos, o que acontece frequentemente porque existem grupos de oração e capelães também agindo no hospital. Toda essa ajuda é

24 Alvorada

A Revista da Família

nº 64 janeiro/fevereiro/março, 2011

bem vinda. Contudo, a ação do clown parece ser mais íntima, pois representa uma forma de levar a poesia para locais aonde dificilmente ela chega, ou pelo menos é percebida, quebrando a rotina das pessoas, além de ser uma forma de resgatar valores de humanidade, generosidade, fraternidade e amor, que o ser humano tem vindo a perder. Em outras palavras, o clown é uma espécie de museu vivo de valores humanos que estão esquecidos e muitas vezes, após uma apresentação, são resgatados com fiel originalidade. Analisando a ação do clown no hospital, podemos comparar suas características com a ação evangelística da igreja hoje. Se a igreja não entender que é preciso compreender o ser humano antes de fazê-lo aceitar a Cristo, continuará perdendo almas. O mundo não precisa de mais um edifício religioso. Já estamos saturados disso. A sociedade está clamando por paz, por compaixão! É preciso usar de estratégia para que o evangelho chegue a quem não conhece a Cristo ainda, e o clown pode ser uma dessas. Fomos chamados para ser luz onde habitam as trevas (Mt 5.14-16). a A Luíza é 2ª secretária da CNU, membro da IPI Central de Presidente Prudente, SP, e trabalha na Operação Alegria como a clown “Eugênia”. A Gabriela é umpista da mesma igreja.


JOGRAL

Jovem, você é feliz? SANDRA REGINA MORAES VILHAGRA FARIA

1-

Não ande no conselho de pessoas que não conhecem a Deus.

2-

Preste atenção!

3-

Uma garota está lhe dando “bola” e alguém lhe diz:

4-

“Não seja bobo. ‘Fica’ com ela”.

1-

Você está gostando de um rapaz. Aí alguém lhe diz: “Vista-se provocativamente para chamar a atenção dele”.

2-

Alguém lhe oferece um papelote de cocaína, dizendo que você será mais feliz.

Todos- Não se de dettenha no caminho dos pecadores, não siga o mau exemplo do que desobedecem. 3-

Você não precisa fazer o que todo mundo faz!

4-

Você não precisa falar o que a maioria fala!

1-

Não precisa vestir-se como seus amigos se vestem!

2-

Nem comprar o que todos compram!

Todos - Nem dizer amém a tudo que a moda ou a ttele ele visão elevisão ditam ditam! 3-

Deus não te fez para ser escravo do mundo, mas para ser livre.

4-

Se o Filho do Homem vos libertar, verdadeiramente sereis livres.

1-

Não se assente na toda dos escarnecedores! Não seja rebelde!

2-

Seja diferente, pois de rebeldia o mundo está cheio!

3-

Você é luz do mundo e sal da terra.

Todos- Onde está seu prazer? 4-

Em comer Big-Mac com batatas fritas? Dormir, ver filme, Internet? Jogar bola?

1-

Não! Não há nada de errado com estas coisas!

2-

Mas, se seu maior prazer está nessas coisas, há algo de errado com você.

Todos- Querido jo jovv em! 3-

Leia a Palavra de Deus e medite nela dia e noite, em pensamento e palavras.

4-

Ele com certeza te ouvirá. A Sandra é membro da IPI de Votuporanga, SP

A Revista da Família

nº 64 janeiro/fevereiro/março, 2011

Alvorada 25


REFLEXÃO

Geração

cansada Isaías 40.25-31

SILAS DE OLIVEIRA

O cansaço faz parte da vida humana e é inevitável. Todos nós cansamos e merecemos descansar, recuperando nossas forças e motivação. Trabalho e descanso estão presentes na criação, pois até o próprio Deus descansou, após aprovar toda sua obra. Contudo, entre a importância do descanso e correria do dia a dia encontramos uma geração de pessoas não só cansada no sentido físico, propriamente dito, mas, principalmente, sem forças para lutar em favor da vida. Enquanto, há algum tempo, somente os adultos reclamavam de cansaço com mais freqüência, hoje nossas crianças, adolescentes e jovens vivem constantemente cansados frente às inúmeras atividades que lhes são exigidas a cada dia. Ao olharmos para a preocupação bíblica, percebemos que a mensagem do profeta Isaías reflete profundamente a situação do mundo moderno. “Os jovens se cansam e se fatigam, e os moços de exaustos caem, mas os que esperam no Senhor sobem com asas como águias, correm e não se cansam, caminham e não se fatigam” (Is 40.30-31). O profeta estava preocupado com a nova geração de judeus que habitava uma terra estranha. Demonstrava sua 26 Alvorada

A Revista da Família

preocupação com os jovens que faziam parte de uma geração que não conhecia nada da sua própria terra, frente à situação de um povo exilado que não conhecia sua história. Sua preocupação se voltava para as famílias divididas pelo exílio – uma juventude em crise. Podemos dizer que era uma geração de jovens cansados antes do tempo. Perderam a coragem de lutar, de buscar novos ideais, de ir atrás do novo, do desconhecido, enfim, de voar como a águia. Assim era a geração de jovens de Israel! Mesmo Deus dizendo que Ele não se cansava, mas renovaria as forças do cansado, essa geração não se animava. O texto bíblico é extremamente propício para os nossos dias. Muito acima de sermos considerados uma geração “Coca-Cola” ou McDonald’s, devido ao consumismo, somos, sim, uma geração cansada e de cansados. Não conseguimos lutar pela vida. Estamos fatigados pela pressão moderna. Muitas vezes, cansados, temos caído como os jovens

nº 64 janeiro/fevereiro/março, 2011

do tempo de Isaías. Caímos diante das crises pessoais, familiares, econômicas, doenças, etc. Infelizmente, nosso grande problema é que desejamos nos levantar sozinhos. Achamo-nos auto-suficientes e não precisamos de ajuda. O pronome pessoal “eu” é conjugado a todo o tempo: eu posso, eu consigo, eu venço, eu tenho, eu vou. Quase nunca ouvimos: eu preciso, eu quero, eu desejo ajuda, eu necessito de auxílio. Só podemos ser mesmo uma geração cansada. O texto bíblico é enfático: “Os que esperam no Senhor renovam as suas forças...”. Não há segredo! Somente aqueles que confiam, entregam e esperam (Sl 37.5) renovarão as suas forças. É interessante notar que o profeta nos ensina que os renovados pelo Senhor não apenas se colocam em pé novamente (os que caíram exaustos), mas ganham asas como as da águia.


“Os jovens se cansam e se fatigam, e os moços de exaustos caem, mas os que esperam no Senhor sobem com asas como águias, correm e não se cansam, caminham e não se fatigam” (Is 40.30-31).

A águia é um dos maiores símbolos bíblicos de renovação de forças. Ela pode estar cansada e exausta, mas busca nas alturas as suas forças. Não busca força nas profundezas da terra, mas, sim, na beleza do céu. Ao voar, sonda o ambiente antes de pousar. Só pousa quando percebe que o lugar é seguro e que há água e alimento necessários para suprir suas necessidades básicas. Voa com segurança, pois está acima dos perigos. Os perigos não conseguem alcançá-la.

Precisamos reconhecer que realmente somos uma geração cansada. Vivemos um cansaço diário, devido às inúmeras pressões que têm nos levado ao estresse. Precisamos reconhecer que nossas famílias também estão cansadas, exaustas e sem forças. Precisamos descobrir quais são os fatores que têm nos levado a esse cansaço e à falta de forças para lutar. Corremos o risco de nos cansarmos como pais, descarregando nosso estresse do dia em nossos filhos; de nos cansarmos como casais, não tendo forças nem mesmo para o diálogo, tão indispensável para a vida no lar; de cairmos exaustos como os jovens do tempo de Isaías, achando que a vida não tem mais solução. Necessitamos pensar em quais são A Revista da Família

as coisas que têm nos levado ao chão. Elas podem estar relacionadas à nossa distância de Deus. Somente Ele renova as nossas forças e nos dá asas como as da águia; somente Ele nos concede um pouso seguro e nos mostra a fonte de vida. São de Jesus as seguintes palavras “Vinde a mim todos vós que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim porque sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para as vossas almas. Porque o meu jugo é suave e o meu fardo é leve” (Mt 11.2830). Em Cristo, busquemos o descanso eterno! a O Rev. Silas é pastor da 1ª IPI de Limeira, SP

nº 64 janeiro/fevereiro/março, 2011

Alvorada 27


COMPORTAMENTO

Aliviando a bagagem da

ansiedade Mateus 11.28; 1 Pedro 5.7 Você, por esquecimento ou extravio, já viajou sem bagagem? Quais foram seus sentimentos? Conseguiu perceber quão desconfortáveis e inseguros nos sentimos quando isto acontece? É muito difícil desvencilharmonos de nossas bagagens! Por que? Max Lucado diz que, desde que fez o juramento do escoteiro, prometendo estar preparado, determinou a si mesmo ser exatamente assim: preparado. Não é assim também que você se sente? Deseja estar preparado para um novo emprego, para saltar de pára-quedas, para entrar numa competição de natação ou prova do tambor com cavalos? Confesso que eu gostaria muito de estar preparado no dia do meu primeiro salto de pára-quedas! Carrego sempre um guardachuva no carro para não me molhar. É preciso estar preparado. Não sei quando vai chover. Não posso sair sem barras de cereais e a caixinha de remédios, para que o suco gástrico não me provoque gastrite. Não sei viajar sem bagagem. Mas preciso aprender. Certamente, você também precisa aprender. Não podemos aproveitar uma viagem carregando muitas coisas. Por que você não larga suas bagagens? Que bagagens?

28 Alvorada

A Revista da Família

1) Aliviando a bagagem das preocupações Lucas registra a ansiedade de Marta, agitada de um lado para o outro, ocupada em muitos serviços (Lc 10.38-42). Quando vê que sua irmã Maria está tranquilamente assentada aos pés de Jesus, ouvindo seus preciosos ensinamentos, fica profundamente ressentida e exige que o Mestre a advirta. Jesus, porém, lhe disse: “Marta, Marta, andas inquieta e te preocupas com muitas coisas. Entretanto, pouco é necessário, ou mesmo uma só coisa; Maria escolheu a melhor parte e esta não lhe será tirada”. As malas que carregamos não são feitas de couro; são feitas de compromissos e responsabilidades. O resultado disso é que nos vemos sobrecarregados de culpa e desgosto. Nossos ombros já não suportam a fadiga e a aflição. Nossas mochilas estão cheias de dúvidas e dívidas; as maletas, pesadas de solidão; e o baú no canto de nosso quarto, lotado de temores. Você já se sentiu arrastando mais bugigangas do que um burro de carga ou um carregador de rodoviária? Não admira que

nº 64 janeiro/fevereiro/março, 2011


APLICAÇÕES

seus relacionamentos o de bagagem traz para ess exc o e qu amor o juíz pre o o? Tente pelo menos por 1. Você já considerou ê não tenta viajar sem pes voc que r Po ho? bal tra s. familiares e no ns que não são sua a. Aprenda a largar bagage àqueles a quem você am timentos, remorsos, se está cheio de ressen us, De de ça ro, gra da r ha rtil responsabilidades de out 2. Como você pode pa mes, preocupações com ciú , eja inv s, nto me nta mágoas, desapo e culpa? iedade, estresse, medo dívidas, consumismo, ans alguém, se os Como levantar a carga de do? nta ale des á est se to, confor 3. Como pode oferecer ados com a sua própria? vós” seus braços estão carreg que ele tem cuidado de a a vossa ansiedade, por tod ele re sob o nd nça Viaje mais leve! “La (1Pe 5.7). ie sua ansiedade! ns de preocupações e aliv Jogue fora suas bagage de Jesus. Ele está lhe suportar. Aceite o convite de tem o nã você. e qu sos pe de bagagens, e aliviarei Você está carregando sado e sobrecarregado can á do” est far u que me ê o voc ês m, voc mi dizendo: “Vem a regar. Tomem sobre car de il fác is ma é do u far Aprendam comigo. O me ). .28 11 (Mt

. Porém, como permitir? s fácil levar suas próprias bagagens Se você permitir, Deus tornará mai e. ele venceu a depressão e a ansiedad Deixe Davi mostrar para você como Faça desta a sua oração pessoal: guia-me mansamente rá. Ele me faz deitar em pastos verdes; “O Senhor é o meu pastor; nada me falta justiça por amor do seu ha alma; guia-me por caminhos de às águas tranqüilas. Refrigera a min algum, porque Ele está da sombra da morte, não temo mal nome. Ainda que eu ande pelo vale mim na presença dos para ição refe consolam. Ele prepara uma comigo; sua vara e o seu cajado me da. Certamente que a ça com óleo, o meu cálice transbor meus inimigos, unge a minha cabe i na casa do Senhor tare todos os dias da minha vida; e habi bondade e a misericórdia me seguirão por longos dias”. (Sl 23)

você esteja tão cansado ao final do dia. Puxar bagagem é estressante. Deus está dizendo a você: Solte suas cargas! Alivie a bagagem!

2) Aliviando a bagagem da ansiedade Jesus nos alerta que não podemos servir aos interesses de Deus e aos das riquezas (Mt 6.19-24). Deixou claro que ninguém poder servir a dois senhores, sem sofrer as conseqüências da ansiedade de não conseguir agradar aos dois ao mesmo tempo. Nossa extrema preocupação com os bens e riquezas materiais é responsável por esta ansiedade destrutiva em nossos lares. Jesus recomenda que busquemos um estilo de vida simples, propondo que não andemos ansiosos pela nossa vida, quanto às questões mais básicas para nossa

subsistência, tais como água, alimento e vestuário (Mt 5.25-34). Somos desafiados a contemplar as coisas simples e belas da natureza como as flores dos campos e as aves do céu, tão frágeis. No entanto, Deus cuida delas o tempo todo. Mas nós não nos contentamos em nos preocupar apenas com as coisas do dia-a-dia. Queremos dominar e controlar o futuro. Então, Jesus mais uma vez diz: “Não se ocupem prematuramente com o dia de amanhã, pois amanhã vocês terão outras coisas com que se ocuparem”. Buscar os valores do Reino de Deus em primeiro lugar e praticar a justiça é o caminho para nos livrarmos da ansiedade. Jesus nos promete que todas as coisas de que precisamos nos serão acrescentadas. a

A Revista da Família

Extraído do site da 1ª IPI São José do Rio Preto, SP nº 64 janeiro/fevereiro/março, 2011

Alvorada 29


A VOZ DO CORAÇÃO

A força das armas ou do amor EZEQUIEL LUZ

“Mas com justiça julgará os necessitados e defenderá os direitos dos pobres” (Is 11.4) O Rio de Janeiro viveu um intenso clima de guerra. A reportagem dos jornalistas Ronaldo Soares e Roberta de Abreu Lima da revista Veja começa com a seguinte frase: “A batalha do bem contra o mal foi mais uma vez travada no Rio de Janeiro – agora com tintas de Amargedon”. A leitura do texto nos remete a uma visão maniqueísta e triun-

30 Alvorada

A Revista da Família

falista. Imaginar que a violência que veio sobre o Rio nos últimos dias faz parte da guerra entre o bem, representado pelas forças públicas de segurança, e o mal, personificado pelos traficantes, é ignorar a natureza humana. Também achar que esta batalha é final e que agora será construído um novo céu e uma nova terra no Rio de Janeiro é desconsiderar a história. Por meio dela sabemos que muitas ações contra uma determinada situação, com o passar do tempo, adota o mesmo padrão que antes se condenava.

nº 64 janeiro/fevereiro/março, 2011

Claro que temos

que aplaudir a ação enérgica do estado contra o crime e toda a ação visando estabelecer condições de vida com paz e justiça nas comunidades cariocas. Só não podemos achar que tudo está resolvido. Foram anos e anos de resignação do Estado e de um relacionamento promiscuo e espúrio entre as autoridades e os bandidos. A ficção “Tropa de Elite II” mostra como é possível a convivência da Segurança Pública e o crime organizado com a finalidade de manter o poder em determinada área metropolitana. O sonho de justiça plena, de paz entre as pessoas, de amor e solidariedade


força

T e m p o s modernos MARIANA NEVES JANUNCIO

sempre esbarra nas limitações humanas imposta pelo pecado. Mas constatar esse fato não pode nos roubar o direito de sonhar. A igreja que lê as Escrituras com os olhos voltados para a realidade faz periodicamente uma releitura e encontra motivos para sonhar com um mundo marcado pela justiça. As profecias encontradas em Isaías 11 nos falam de um descendente de Davi que, sob a direção do Espírito Santo, julgaria não com base na aparência ou em ouvir dizer, mas com base no conhecimento e na sabedoria. Julgaria com justiça o necessitado e defenderia os direitos dos pobres. Com justiça e honestidade governaria o seu povo e até os animais conviveriam harmonicamente. No momento em que esta “guerra” acontecia, a igreja se preparava para dois adventos. O primeiro festejava o nascimento de Jesus, o descendente de Davi profetizado por Isaías. O segundo, a renovação da esperança no estabelecimento do Reino de Deus sobre todos os povos. Era o período entre o advento da manjedoura, que já veio, e o advento da justiça plena, que ainda não se concretizou. Não só neste período, mas sempre, devemos proclamar que o mundo não está entregue a sua própria sorte. Um futuro de justiça e paz nos aguarda. Ele não será implantado pela força das armas, mas pela força do amor de Deus pela humanidade. a O Rev. Ezequiel é pastor da Congregação de Dourados, MT

Tempos modernos... Tempo triste, talvez alegre... Apenas... Tempo! Tempo mudado! Onde pessoas já não vivem, vegetam. Não amam, odeiam. Não crêem, duvidam. Não respeitam, matam. Tempos em que crianças inocentes correm para todos os lados, procurando vida! Tempos em que homens estão virando verdadeiros fantoches comandados por máquinas fúteis que, sem perceberem, já enterraram até seus “orbes marcantes” em um abismo que se construiu por culpa dessa tal ignorância transparecida na alma deles... Tempos em que os cacos dos corações partidos do passado passam a perfurar meus pés, e rios de sangue se formam à minha frente, inundando nosso próprio paraíso e nos obrigando a vagar escoltados por angústia, dor e miséria nos sonhos mais sublimes da humanidade... Tempos em que dúvidas não se esclarecem, e continuam apenas dúvidas... Tempos em que o brinquedo mais normal nas mãos de crianças são armas. Tempos em que os jovens abandonados têm o medo como seu refúgio, e passam suas vidas escondidos na vergonha. Tempos em que há carne queimando pela terra, carne humana, e até podemos sentir o cheiro no ar. Sabe por quê? Porque homens desiludidos têm almas tão fácil de roubar... Tempos em que almas inocentes estão cercadas por fogo, fogo que invade, que queima, que deixa rastros de sofrimento, de dor, que se resume em uma repugnante depressão... Tempos em que os próprios seres vivos se induzem a fazer o errado só pra poderem estimular o que é bom, por falta de carinho. Enfim, tempos em que criaturas abstratas brincam de criador. E clarões no céu vemos a todo momento. Mas não é Deus voltando... e, sim, bombas explodindo e arrasando os corações de quem não quer nada além da paz! A Mariana, 14 anos, é da 1ª IPI de Cruzeiro, SP

A Revista da Família

nº 64 janeiro/fevereiro/março, 2011

Alvorada 31


VIDA CISTÃ

Por que faz

O dom missionário é “uma graça de Deus que capacita o ser humano a ser numa outra cultura o que ele é na pátria”. Não pergunte por que fazer missões, mas, sim, pergunte como e onde.

DE 8 2 O R I E R E V E F

NAL DE O I C A N A DI

MISSÕES

32 Alvorada

A Revista da Família

nº 64 janeiro/fevereiro/março, 2011


er missões? Missão é o amor de Deus em ação para resgatar o ser humano perdido de todas as tribos, povos, raças e nações, e em todas as gerações. Missão não apenas “está no coração de Deus”. Missão está totalmente na sua natureza e caráter. Deus ama de tal maneira que enviou seu único filho na preciosa missão de buscar e salvar o que se havia perdido, a fim de comprar com o seu sangue pessoas de todas as tribos, povos e raças. Deus está sempre em missões. A missão é contínua. Esta a razão principal pela qual devemos fazer missões. Você deve fazer missões porque a sua tarefa central é a de ganhar almas, de repartir com o mundo todo o evangelho – que é o poder de Deus para a sal-

vação de todo aquele que crer. São muitas as armadilhas que impedem o envio de missionários. Por que fazer missões? Para que ir pregar a outras nações, se há uma grande necessidade aqui em nosso país e em nossa cidade? Por que ir tão longe? Para que ir tão longe, se pode ser feito no Brasil? Deus nos chama para o ministério local (Jerusalém) e envia missionários para a Judéia, Samaria, e confins da terra. Deus é assim! Dinâmico e em movimento. De acordo com Atos 1.8, Ele chama, sim, o missionário transcultural. “E Ele mesmo concedeu uns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas, e outros para pastores e mestres” (Ef 4.11).

Hoje podemos distinguir claramente quatro esferas de ação ministerial: Missão Local: é o ministério evangelístico feito em sua comunidade local, onde você reside, trabalha, estuda e vive. A nomenclatura para os que servem neste ministério seria: pastor, líder, obreiro, evangelista. Missão Urbana: grande é o desafio da Missão Urbana nesta geração em que a maior parte da população vive nas grandes cidades. A nomenclatura também para os que servem neste ministério seria: pastor, líder, obreiro, evangelista. Missão Nacional: são aqueles enviados para a pregação do evangelho em áreas menos evangelizadas e carentes dentro do próprio país. Aqui o missionário é enviado como pastor, evangelista ou missionário. Missão Transcultural: é a tarefa de pregar o evangelho para outros povos em outros países e culturas. Neste caso, é enviado como missionário. O dom missionário é “uma graça de Deus que capacita o ser humano a ser numa outra cultura o que ele é na pátria”. Não pergunte por que fazer missões, mas, sim, pergunte como e onde. Participe orando por missões, contribuindo e fazendo a sua parte. a Texto extraído do site da IPI de Avaré, SP

A Revista da Família

nº 64 janeiro/fevereiro/março, 2011

Alvorada 33


FIZEMOS E DEU CERTO

34 Alvorada

A Revista da Família

nº 64 janeiro/fevereiro/março, 2011


+ Mais da Palavra REINALDO MONTOZA BRIONES

“Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade” (2Tm 2.15) É admissível a um advogado não conhecer bem o Código de Leis? É admissível a um médico não conhecer bem livros célebres de Anatomia? E a um revendedor não conhecer bem o catálogo de seus produtos? Agora, como podemos admitir que um cristão não conheça e maneje bem a Palavra de Deus? Há uns 10 anos, fiz uma pesquisa com aproximadamente 400 pessoas, cristãos de diferentes denominações. Esta pesquisa visava conhecer a realidade do relacionamento do cristão com a Palavra de Deus. Uma das perguntas era: Quantas vezes você já leu a Bíblia toda? E, para constatação, mas não surpresa, infelizmente, cerca de 80% responderam que nunca haviam lido a Bíblia toda. E aí cabe muito bem a afirmação de que a Bíblia é o livro mais vendido do mundo, mas o menos lido. Pura realidade! A exortação que Paulo dá a seu filho na fé, Timóteo, é para que maneje bem a palavra da verdade, para que não seja reprovado como obreiro. Exorta-o à leitura, à meditação e à prática da Palavra (1Tm 4.13-16), pois

ela o tornaria “sábio para a salvação” (2Tm 3.14-17). Como pode um cristão viver sem um relacionamento próximo com as Escrituras? Como pode um cristão nortear suas escolhas ou decisões e moldar seus valores, se não desenvolve intimidade com a Palavra de Deus? Em outubro, realizamos a 7ª Maratona de Leitura Bíblica. Fizemos uma leitura ininterrupta das Escrituras, de Gênesis a Apocalipse. Também em outubro, comemoramos o aniversário da Reforma Protestante, que teve como um de seus pilares a centralidade da Palavra e o resgate das Escrituras como única regra de fé e prática da igreja. Por estas razões e com vistas a estimularmos cada membro (desde os menores até os maiores) à leitura e meditação na Palavra de Deus, a igreja lançou o “+ da Palavra”. A proposta de ler a Bíblia juntos começou com a leitura e meditação do Evangelho de João. Através do encarte no boletim da IPI Maanaim, em Curitiba, PR, foram feitas as orientações aos capítulos lidos diariamente, algumas perguntas para reflexão e um espaço para registrar o que Deus falou ao coração. a O Rev. Reinaldo é pastor da IPI Maanaim, Curitiba, PR reinaldobriones@ipimaanaim.org.br

A Revista da Família

Quantas vezes você já leu a Bíblia toda? E, para constatação, mas não surpresa, infelizmente, cerca de 80% responderam que nunca haviam lido a Bíblia toda. E aí cabe muito bem a afirmação de que a Bíblia é o livro mais vendido do mundo, mas o menos lido.

+ nº 64 janeiro/fevereiro/março, 2011

Alvorada 35


EDUCAÇÃO

Educação Cristã: chamado da igreja por

HELINTON RODRIGO ZANINI PAES

Faz muito tempo que ouvimos e falamos da crise educacional que atinge as nossas igrejas e as igrejas evangélicas reformadas em geral. São inúmeras as vozes e estudos publicados que retratam o desprezo aos programas e instituições eclesiásticos de ensino. Dentre eles, cito a Escola Dominical, que sofre depreciação e ameaça constante de extinção. É verdade que precisamos e devemos nos adequar aos novos tempos, anseios e necessidades do mundo moderno. O axio36 Alvorada

A Revista da Família

ma reformado diz: “Igreja reformada sempre se reformando” (Gisbertus Voetius, 15891676), o que nos leva a ponderar sobre a nossa capacidade de contextualizar as boas novas de Cristo Jesus diante de uma sociedade em constante transformação. Se, por um lado, a igreja já não é mais a mesma porque tem abandonado princípios essenciais do evangelho de Cristo, o que é lamentável, por outro, ela não pode realmente permanecer a mesma, no que se refere aos meios e estratégias que a ajudarão no cumprimento da Missio Dei. É verdade que precisamos de novos

nº 64 janeiro/fevereiro/março, 2011

É verdade que precisamos de novos métodos educativos, relevantes aos nossos dias e adaptados aos novos hábitos e expressões culturais, mas desde que sejam compatíveis com os ensinamentos bíblicos


1MA1RÇDOE DIA DA

vezes ignorado métodos educativos, relevantes aos nossos dias e adaptados aos novos hábitos e expressões culturais, mas desde que sejam compatíveis com os ensinamentos bíblicos, que estabelecem com exatidão a nossa vocação, enquanto comunidade da fé.

crentes (Gl 4.19), de modo que reproduzam os valores e o ministério dele sobre a face da terra. E é justamente aqui que entra o imprescindível papel da Educação Cristã que, por inúmeras vezes, tem sido ignorada e relegada a segundo ou terceiro plano.

A nossa herança bíblico-teológica afirma a existência de um Deus que se revela e deseja ser conhecido por todos os seres humanos que, por sua vez, por meio de Cristo Jesus, são capazes de responder ao seu amor com fé, compromisso e serviço dedicado.

Gosto muito da definição de Educação Cristã da Reva. Sherron K. George: “Um processo deliberado e intencional, pelo qual Cristo é formado nas pessoas, visando à transformação, formação e crescimento da pessoa toda e da igreja toda em todo o tempo.” (Igreja ensinadora. Campinas: LPC, 1993) Ou seja, Educação Cristã é atemporal, no sentido de ser necessária para a vida toda do cristão e da igreja, abrangendo todos os âmbitos de sua existência e é útil para o aperfeiçoamento dos seus filhos, no desempenho de seus ministérios.

Obviamente, não é sem razão que temos a incumbência dada por Deus, como corpo de Cristo, tanto de pregar como de ensinar o precioso evangelho da salvação (Mt 28.19-20). Sem isto, como os eleitos poderão conhecer Deus, aprendendo a observar e obedecer aos seus preceitos? E, sem conhecê-lo, como poderão servi-lo e honrá-lo? Segundo as Escrituras, faz parte da vocação da igreja envidar todos os esforços para que Cristo seja formado nos

Sendo assim, podemos concluir que, se a Educação Cristã vai mal, com certeza a igreja também vai. Isto porque a qualidade da igreja e dos seus ministérios desenvolvidos é direta-

EDUCAÇÃO CRISTÃ

Ser Mestre Mestre é aquele que, por pura devoção, transmite aos seus alunos lições do coração, que transforma o seu trabalho numa linda canção, que ensina não por lucro, mas por pura vocação. Ser mestre é ensinar lições no dia-a-dia; é transformar fracassos em doces melodias; é fazer da educação a sua célula-mater, que possa transformar a vida e o caráter. Ser mestre é dedicar-se à arte de ensinar, de manhã, à tarde, à noite, sem desanimar. É encarnar na vida o ato de se dar; é viver todos os dias somente para amar. Ser mestre é muito mais do que dar informações; é bem mais complicado do que passar lições; é seguir o nobre exemplo do Senhor Jesus; é perder a própria vida no carregar a cruz. Ser mestre é investir na alma da criança; é transformar fracassos em pura esperança, investindo em busca de um futuro sem dor, fazendo com que o fraco venha a ser um vencedor. Ser mestre é privilégio de alguns vocacionados, conseqüência de corações apaixonados; é o maior presente que se poderia desejar; é ensinar, ensinar, ensinar, até a morte chegar!” (Autor desconhecido) Enviado por Sandra R. Rosa Annunciação

A Revista da Família

nº 64 janeiro/fevereiro/março, 2011

Alvorada 37


Fazendo diferença pelo ensino SANDRA R. ROSA ANNUNCIAÇÃO

“Alegrei-me quando me disseram vamos à casa do Senhor.” Esse era meu sentimento todos os domingos. Recordo-me que, na minha pré-adolescência, tinha muito prazer em ir à igreja e, especialmente, porque tinha uma professora da Escola Dominical que era muito dedicada ao ensino. Isso fez com que, além de eu aprender muito sobre a Bíblia, tivesse prazer de estar na Escola Dominical. Era visível que a Profa. Neide Menezes Rodrigues havia se preparado muito antes de passar todos os ensinamentos que aprendíamos. Isso aconteceu na 3ª IPI de Londrina, PR. Ela passava as lições e permitia que vivenciássemos a história como se fizéssemos parte dela. Tínhamos lições extraclasses. Claro que essas eram as minhas preferidas. Saímos para ir à sua casa e, de lá, para um par-

mente proporcional à qualidade da sua educação, formação e capacitação. Talvez seja esta a razão de muitos fracassos que temos experimentado, impossibilitando um crescimento adequado e saudável, que torne o povo Deus apto ao testemunho, evangelismo, discipulado e capacitação. Segundo as palavras do apóstolo Paulo, se Cristo não for formado em nós (Gl 4.19) e não formos preparados para o desempenho do serviço cristão (Ef 4.11), certamente seremos comunidades cristãs deficientes, incapazes de cumprirem a sua missão neste mundo. Certa ocasião, ouvi um pregador dizer que “a igreja é uma comunidade dis38 Alvorada

A Revista da Família

que chamado Vale Verde onde, além de brincarmos, tínhamos o nosso tempo de aprendizado. Esse tempo que a Profa. Neide dedicou da sua vida fez diferença na minha vida. Fez-me ter mais amor pela Palavra e também pelo ensino. Meu agradecimento a Deus pela preciosa vida da Neide, pelo amor e dedicação que teve aos pré-adolescentes da 3ª IPI de Londrina. Cada professora ou professor de Escola Dominical, que se prepara e dedica seu tempo para ensinar as histórias do povo do Deus, pode fazer diferença na vida das nossas crianças e jovens. Deus abençoe cada um de vocês. “O que ensina esmere-se no fazê-lo” (Rm 12.7). A Sandra, casada com o Rev. Gerson Mendonça Annunciação, freqüenta a Igreja Cristo é Vida, nos Estados Unidos

cente e docente ao mesmo tempo, que constantemente aprende para poder ensinar”. Quem sabe tenhamos nos esquecido, já há algum tempo, dessa verdade tão essencial para o bom andamento do corpo de Cristo. Tentamos substituir a Educação Cristã por “modernos” métodos e estratégias de expansão, que não são suficientes para suprirem as necessidades educacionais da igreja. Não podemos esperar crescimento da igreja, se nós mesmos, individualmente, não estamos crescendo! Todos na igreja, líderes ou liderados, pastores ou ovelhas, adultos ou jovens, devem trabalhar com afinco para compreender e viver a fé cristã para, de fato, pode-

nº 64 janeiro/fevereiro/março, 2011

Sandra com a família

Cada professora ou professor de Escola Dominical, que se prepara e dedica seu tempo para ensinar as histórias do povo do Deus, pode fazer diferença na vida das nossas crianças e jovens.

rem ajudar os outros com as suas experiências. Ninguém pode dar o que não tem! Ainda há tempo de revermos os nossos valores e ênfases eclesiásticos, para que não mais prescindamos do nosso chamado para educar e sermos educados constantemente nos princípios transformadores do evangelho de Cristo (“Até que todos cheguemos à unidade da fé e do pleno conhecimento do Filho de Deus, à perfeita varonilidade, à medida da estatura da plenitude de Cristo” - Ef 4.13). a O Rev. Helinton é o secretário de Educação Cristã da IPI do Brasil


A Revista da Família

nº 64 janeiro/fevereiro/março, 2011

Alvorada 39


HOMENAGEM

mulher Uma

de Deus para o mundo WANDERLEY DE MATTOS JÚNIOR

Não há no meio judaico-cristão quem não conheça o texto da “mulher virtuosa” de Provérbios 31.1031. Lembro-me do contexto em que usei esse texto pela primeira vez num sermão: foi num ofício fúnebre! Foi dirigido a uma mulher de quem eu tivera pouca proximidade, mas que conhecera desde a infância. Todavia, observava desde sempre uma grande sinceridade em seu olhar. Se ela realmente era tal como a descrição do texto bíblico eu não sei, mas sinto que tal descrição lhe caia bem, aos meus olhos de observador distante. Mas quem realmente é a mulher de Provérbios, chamada de virtuosa? Sem dúvida, é a mulher ideal, a idealizada. É um modelo. Um alvo. Uma meta! Mais do que apenas “esposa”, vamos pensar o texto, no contexto dos nossos dias, como uma mulher (que pode ser casada, solteira, viúva, separada, nova, idosa, antiquada, moderna) de Deus para o mundo! Assim, a mulher ideal-idealizada de Provérbios é alguém que torna a vida dos outros feliz (10), ela é valiosa (não pelo que faz, mas por ser quem é – é o que o texto demonstra). É confiável (11), bondosa e não rancorosa (12), além de muito capaz e com larga visão organizacional (13-14). Tal mulher demonstra ser dinâmica e empreendedora (15-18), mas também misericordiosa (20) e cuidadosa para com os seus (21-22). Apesar de tantas qualidades, ela é parceira (e não concorrente) no sucesso do seu marido (23), sendo positiva e otimista (25), bem como sábia e amorosa no ensino (26). E, por fim, é respeitada e amada por sua família (28-29). Com que se parece essa mulher? A Revista da Família

São mulheres a quem Deus usa, tais como Maria (mãe de Jesus) e Ester, no Antigo Testamento. Por vezes, elas podem ser precipitadas, super-protetoras e até injustas, como Sara ou Rebeca – esta, mulher de Isaque, com um comportamento de distinção e injustiça inaceitável em relação aos filhos (Gn 25.28; 27). Há também as mulheres confusas, como a mulher samaritana, que faz amizade com Jesus na beira do poço. E, por outro lado, temos as corajosas e sensíveis, como a mulher com fluxo de sangue, que toca no manto de Jesus, e a outra, que o unge. E tantas mais como as prostitutas (quer Raabe, no Antigo Testamento, ou as que se tornaram amigas de Jesus). E ainda as casadas, as separadas, as viúvas, enfim, todas tratadas com dignidade por Deus. Assim, mulher, você que lê este artigo, não importa quem você seja, tenha sido ou venha a ser... Talvez você não seja tão habilidosa como a “mulher ideal/ idealizada” de Provérbios. Talvez você seja tão real como as mulheres citadas na Bíblia, cheia de defeitos. E, num mundo tão competitivo e tão erotizado, talvez você não se sinta sequer bonita, atraente ou interessante, ou, quem sabe, o tempo já lhe tenha imposto marcas que levaram a beleza física que um dia houve. Entretanto, em meio a tudo isso – a mulher ideal de Provérbios, a realidade das mulheres da Bíblia, e a realidade da sua vida e das mulheres que você conhece – talvez você se pergunte: será que eu tenho mesmo todo esse valor?! Sim, você tem!

Com um sonho! 40 Alvorada

A Bíblia não fala apenas de mulheres idealizadas. Pelo contrário, fala, sim, é de mulheres reais, cheias de falhas, pecados e incoerências – umas mais, outras menos – mas sempre mulheres que fizeram a diferença quando tiveram a oportunidade.

nº 64 janeiro/fevereiro/março, 2011


DE 8 MARÇO

NAL DA DIA INTERNACIO

MULHER

A Revista da Família

nº 64 janeiro/fevereiro/março, 2011

Alvorada 41


A mulher virtuosa em Cristo dade tem liberROC HA JOSÉ PORTELA DA

E disse o Senhor Deus: Far-lhe-ei uma companheira”. “Não é bom que o homem esteja só: rou! Ao vê-la, o homem se aleg Ela era bela, alvissareira... sobre ela dominou. Sentindo-se fisicamente mais forte, , o homem viveu séculos. dade riori Com esta concepção de supe ! dade Pobre mulher, sem liber tão arrasador; Mas Cristo terminou o preconceito criador. Pai o Proclamou a igualdade perante reendeu, surp ato seu o, Aos discípulos, por cert . aria Sam de her mul a com Ao conversar da, viúva, solteira. casa asse panh acom o que itiu Perm inteira. À adúltera acusada perdoou a culpa gratidão. de l sina em u ungi o Elogiou Maria, que urreição. Fez da mulher a mensageira da ress à mulher; hor Tudo isso e muito mais fez o Sen er e a palavra de Deus, do nosso requ nto assu o que Com a naturalidade ou mulher. Todos são um em Jesus”. caminho a luz, diz: “Não há homem ence à humanidade. pert A mulher tem os seus direitos, pois a liberdade. Não há distinção”. está aí hor, Sen “E onde há o Espírito do vida de amor... Elas gozam dos privilégios em santa Senhor. do Elas usam da liberdade no Espírito as a Deus por isso. graç dão e vida Elas foram libertas para a o. Toda essa liberdade elas devem a Crist do Senhor e não há preconceitos s mão nas o estã osas virtu s here As mul que irão arrebatá-las. ia do grupo ao pé da cruz e, na companh As mulheres virtuosas fazem parte do mestre, sempre serão amadas. Como é bom ver! Algo honroso em escrever! ! A mulher virtuosa é maravilhosa e linda fica ainda melhor. o, Crist de cas mar as e iso sorr o E, com de A. E. Carvalho, O José é da Congregação de Cida , São Paulo, SP arca Patri da IPI de Cidade

Aos olhos de Deus você é amada e ele deseja abençoá-la, revelar-se a você e usá-la com as características que lhe são peculiares, com sua história de vida seja ela qual for e, acima de tudo, com o poder regenerador e restaurador de Deus em você. Pois o embelezamento que Deus produz na alma humana, não há photoshop no mundo que seja capaz de reproduzir! E este, o de Deus, é autêntico e não fica apenas impresso no papel da revista ou no outdoor que faz os homens babarem e as mulheres morrerem de inveja, vitimadas por uma perfeição inatingível (inatingível mesmo, porque é falsa!), mas fica impresso na vida das pessoas a quem você pode influenciar positivamente e abençoar. 42 Alvorada

A Revista da Família

Sugiro que você assista a um filme, já disponível em DVD: Preciosa. É a história de uma menina-mulher massacrada pela vida em todas as dimensões, mas que nutre em si um sonho de beleza, não apenas física ou estética, mas existencial. Sonho este que lhe é duramente negado, mas que, nem por isso, deixa de ser perseguido. Comova-se assistindo a este filme e descubra quantas Preciosas há ao seu redor, senão mesmo dentro de você! O versículo 30 do nosso texto de Provérbios diz que a beleza é enganosa e passageira, mas o valor eterno de uma mulher está em ser tudo o que ela puder ser temendo – ou seja, amando, inspirando-se, sendo cuidada e servindo

nº 64 janeiro/fevereiro/março, 2011

– ao Senhor! Mulher, ame profundamente a Deus por meio de Cristo e seja uma referência positiva, alegre e renovadora em seu lar, sua vizinhança, seu trabalho, enfim, por onde você andar. Seja uma mulher de Deus. Não a do tipo idealidealizada – que, via de regra, acaba sendo irreal, uma farsa – mas a real, com virtudes e defeitos que, todavia, ama a Deus e se deixa embalar e embelezar por seu amor. Seja uma mulher de Deus para o mundo que precisa conhecer o seu amor expresso por gente de verdade! a O Rev. Wanderley, intérprete e tradutor, é pastor da IPI do Brasil


A Revista da Família

nº 64 janeiro/fevereiro/março, 2011

Alvorada 43


NUTRIÇÃO

A gestante precisa de um cuidado especial

GISELE DE SOUZA ROCHA

Chegou o bebê! E agora?! Inicia-se um momento único na vida da mulher. Cada gravidez terá reações e emoções diferentes. Uma nova fase que provavelmente mudará toda a sua vida. E, para surpresa de muitos, os “papais também ficam grávidos”, porque passam a participar do dia a dia da formação do seu filho e vivenciam esta nova vida. Após ouvir o coração do bebê então, quanta alegria e emoção se irradiam na mamãe e no papai! Junto com a alegria da gravidez, podem aparecer também muitas dúvidas. Mudanças físicas, psíquicas e emocionais. Embora o organismo esteja preparado para isso, há uma série de cuidados que a gestante pode tomar para vivenciar esse período de maneira agradável e feliz. A cada dia, pequenos acontecimentos definirão a nova vida que se forma dentro do seu corpo. Mesmo com tantas mudanças, a gravidez é um estado de saúde, embora muitas achem o contrário e se sintam inválidas. Nada disso! Estar grávida é estar gozando de muita saúde para a formação de um novo ser.

Foto: Allison de Carvalho. Site: www.bywally.wordpress.com

O que precisamos entender é que, neste período, há necessidade de muitos cuidados. Cuidados estes que tornam a gravidez um momento especial. O acompanhamento médico é imprescindível neste momento. Este profissional vai acompanhar todo o crescimento do bebê, suas reações, seu tamanho, suas condições físicas e tudo aquilo que julgar necessário para uma perfeita formação. Da mesma maneira, vai dispensar cuidados à mamãe, avaliando suas condições de saúde, seus estados físico, fisiológico e psicológico. Mas chegamos a outro ponto importantíssimo na vida de uma gestante que é a sua alimentação. Esta, por sua vez, de-

Mamãe Gisele à espera do seu filho Igor

44 Alvorada

A Revista da Família

nº 64 janeiro/fevereiro/março, 2011


É unânime a opinião de médicos e nutricionistas: Nada de dobrar as calorias diárias durante os nove meses! Estudos e experiências mostram que a gestante precisa de um acréscimo de apenas 300 calorias por dia para garantir bemestar e um ganho de peso de 9 a 12 kg durante toda a gravidez. Também na alimentação encontrará meios para amenizar alguns sintomas comuns na gravidez, tais como enjôos, vômitos, constipação intestinal, azia, entre outros.

necessidades de cada mulher. Mas como? Neste momento, nada melhor que um nutricionista para dizer o quanto e como você deverá comer. Um cardápio variado e em quantidades suficientes para o biotipo da gestante será o ideal.

A alimentação da gestante deve conter diariamente:

Cuidados gerais na alimentação Consumir os alimentos mencionados dos grupos de alimentos construtores, reguladores e energéticos, em quantidades adequadas. Fazer 5 a 6 refeições diárias. Evitar “beliscar” entre as refeições. Não consumir excesso de sal ou alimentos muito salgados. Beber bastante líquido, principalmente água. Evitar o consumo de refrigerantes e sucos em pó. Consumir com muita moderação alimentos gordurosos, frituras, balas, doces em geral. Preferir alimentos ricos em fibras. Satisfaça seus desejos, coma o que sente vontade, mas não consuma em excesso. Não consuma bebidas alcoólicas.

Alimentos construtores: São os alimentos que proporcionam a formação dos tecidos de que é constituído o corpo. Exemplos: carnes (peixes, aves, carnes vermelha); ovos; leguminosas (feijão, ervilha, grão de bico, lentilha); leite e derivados, entre outros.

Alimentos reguladores: Se antes da graSão os alimenvidez a mulher não tos que fornecem se preocupava com substâncias como “Pois tu formaste uma alimentação vitaminas e sais o meu interior, tu balanceada, é hora minerais, responme teceste no de começar um novo sáveis por regular programa alimentar. seio de minha diversas funções Uma alimentação mãe. Eu te louvo do organismo. equilibrada contém porque tudo o que Exemplos: frutas, alimentos em quanfazes é verduras e legutidade e qualidade maravilhoso” mes. adequadas à manu(Sl 139.13-14). Alimentos tenção das atividades corporais e da energéticos: saúde, ou seja, deve São os alimentos que fornecem fornecer energia, manter a estruenergia para a realização de todas tura e as funções corporais, reguas necessidades do corpo e atividalar os processos orgânicos e a síndes realizadas. Exemplos: cereais, tese de células e tecidos. Portanto, pão, batata, macarrão, açúcares, a alimentação deve atender às dedoces, manteiga, óleo, entre outros. mandas do bebê e da mamãe. A alimentação deve fornecer proteíA Dra. Gisele, nutricionista, especialista em Nutrição Clínica, é nas, lipídios, carboidratos, vitamimembro da 1ª IPI de São Paulo, SP nas e minerais de acordo com as

Consultório: Rua Santa Virgínia, 68 A, Tatuapé, São Paulo, SP, Fone: (11) 2097-0089 / 2097-0079 / 7247-5713; e-mail: giselesrocha@uol.com.br Referências Bibliográficas: Manual da Grávida; Cartilha da Gestante; Parabéns! Você está Grávida.

Orientações gerais na gestação Exercícios físicos e uso de medicamentos somente com permissão e orientação médica. Não fume! Cuide da sua aparência física. Sinta-se bonita! Curta a gestação com seu companheiro, sua família, seus amigos. Expresse seus sentimentos sem receios! Fale, cante, sorria! Aproveite cada etapa deste momento especial. Converse com seu bebê (a fala dos pais tranqüiliza e dá segurança). Prepare-se para a última etapa da gestação: o parto. Prepare-se para o momento mais que especial: a amamentação. Mamãe, você está passando por uma das melhores fases da sua vida. Deus te proporcionou a oportunidade de gerar uma vida!

A Revista da Família

nº 64 janeiro/fevereiro/março, 2011

Alvorada 45

Denise Thuler

verá receber a máxima atenção, já que é do corpo da mãe que virá toda a “matéria prima” para a formação do novo ser que cresce em seu ventre. Mas a grávida não deve “comer por dois”, como muitos dizem.


PAIS E FILHOS

A infân SANDRA REGINA MORAES VILHAGRA FARIA

Timóteo nasceu em Listra. Era filho de mãe judia e pai gentio (grego). Foi praticamente educado por sua mãe Eunice e sua avó Loide, recebendo educação e influências cristãs, o que o levou a ser companheiro de confiança no ministério do grande apóstolo Paulo, o qual o exortou a “permanecer naquilo que aprendeste e de que foste inteirado, sabendo de quem o aprendeste”. A influência que a criança recebe em sua vida fala mais alto que nossas palavras. Que influência nossas atitudes têm exercido no cotidiano da criança? Diz um ditado: “Daqui a alguns anos, não vai importar quanto dinheiro você teve, nem o tipo de casa em que morou, muito menos o modelo de carro que comprou, mas o mundo será diferente por causa da sua influência na vida de uma criança”. Tive um bom tratamento e bons exemplos de pessoas que exerciam liderança na igreja durante a minha infância, na IPI de Campo Grande, MT, e dou graças a Deus por isso. Tenho certeza de que o que mais me

46 Alvorada

A Revista da Família

nº 64 janeiro/fevereiro/março, 2011

marcou de maravilhoso desde o início de minha vida cristã foram as influências recebidas. Eu pedia a Deus: “Conceda-me a graça de ter um lar cristão”. Eu via o tratamento das pessoas umas com as outras e também comigo. Meus pais sempre foram dedicados aos filhos. Apesar de católicos, nunca foram praticantes.

Desde a minha mocidade, tenho tido o privilégio de trabalhar com crianças. Tenho aprendido com elas, consciente de que, a cada dia, preciso buscar a perfeição que Jesus nos disse estar nelas. Por outro lado, a cada dia que passa, vejo que influências alheias à Palavra de Deus têm tomado o lugar das que tentamos passar para elas. E é justamente sobre algumas dessas influências que vamos compartilhar. Um dia, a mãe de uma criança, em uma de nossas igrejas, me procurou pedindo que eu “batesse um papinho” com sua filha. Ela cantava muito bem e participava do conjunto musical (Unidos em Cristo). A garota apelava para que a mãe a deixasse participar da matinê do carnaval juvenil na escola. Conversei, então, com a menina, na época com 12 anos. Fiquei surpresa ao ouvir: “Tia Sandra, por que algumas moças daqui vão aos bailes de carna-


cia

val e eu não posso ir dançar com meninas da minha idade? O que tem isso de mal?” Tive de responder a ela que provavelmente as tais moças haviam tido influências diferentes daquelas que sua mãe queria lhe dar. Porém, a mãe de uma de coleguinha já havia lhe falado o contrário e explicou que isso não tinha nada de mais e, quando ela ficasse maior e pedisse para ir a lugares de gente grande, a mãe diria apenas que não poderia freqüentar e, com certeza, ela entenderia. O que vocês acham? Será que estou sendo “quadrada”? Infelizmente, os princípios cristãos estão sendo ocupados por outros, contrários à Palavra de Deus. A criança não é um computador que pode salvar vários programas e, quando não quiser mais, exclui tudo, mandando para a lixeira. Minha filha tem me relatado com muito bom gosto o excelente trabalho do PROERD (Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência) em sua escola. Ela fica encantada e realmente assimila tudo. Isso é maravilhoso! Cabe a nós, mães e pais cristãos, complementarmos esse ensino, dizendo que corre solta a idéia do sexo livre e que ele nunca caminha sem a droga, seja ela a legal (cigarro e álcool) ou a ilegal, como tam-

2 Tm 3.14-17 bém a aids não se combate com o uso de camisinhas, mas, sim, evitando-se a promiscuidade. Não espere que essa educação seja transmitida pelas novelas da Globo que, como diz o povo, “mostram a realidade”. De que adianta isso? Já conhecemos a realidade. O que elas não mostram é a solução, simplesmente porque consideram tudo normal. Foi assim no tempo de Noé, e Deus mandou o dilúvio. Foi assim em Sodoma e Gomorra, e ele mandou o fogo para destruí-las. Está sendo assim nos nossos dias, e brevemente o Senhor voltará para peneirar o trigo e o joio. Onde estamos enquadrados? O que estamos fazendo com nossas crianças? Deus nos deu a responsabilidade de moldálas como jóias preciosas.

Permanece naquilo que aprendeste O que elas estão aprendendo? Qual a influência dos adultos hoje em dia em nossa igreja? Que tipo de imagem passamos para as crianças? Que tipo de influência exercemos? Quero deixar essa reflexão para quem se preocupa em ser, no mínimo, modelo para que nenhum desses se perca, pois, disse

Jesus: “Aquele que for tropeço para que um desses pequeninos se perca, melhor que amarre uma pedra no pescoço e se lance ao fundo do mar” (Mt 18.6). Outro dia, meu marido me alertou que preciso ter mais paciência com nossos filhos, pois, cada vez que chego do trabalho, tenho de falar sempre a mesma coisa. Dou um prêmio para a mãe que não precisa repetir as mesmas coisas sempre (“feche o tubo da pasta de dente, não deixa a pia suja, pegue os uniformes sujos,” etc). Um dia desses, uma irmã me disse que tinha vontade de deixar um gravador ligado. O alerta que tive é o seguinte: É preciso insistir para sejam disciplinados, desde que eu não me torne cansativa para eles. O objetivo é despertar a necessidade de saberem o que é essencial para um ambiente saudável dentro de casa, sem ganhar a antipatia deles em ser tão repetitiva e explosiva. O meu exemplo precisa ser maior que tudo e, no futuro, com certeza saberão fazer isso, mas farão com prazer. Isso não se alcança da noite para o dia. Por isso, temos de trabalhar com a criança desde pequena, pois já ouvi algumas pessoas dizerem: “Cavalo velho não pega marcha”.

A Revista da Família

A Sandra é membro da IPI de Votuporanga, SP

nº 64 janeiro/fevereiro/março, 2011

Alvorada 47


REFLEXÃO

O AMOR é paciente >> 1Co 13.4

GERSON MORAES

O capítulo 13 da primeira carta de Paulo à Igreja de Corinto é um dos mais lindos e inspirados da Escritura Sagrada. Ele está colocado entre dois capítulos que falam sobre os dons espirituais. O capítulo 12 termina dizendo que passava a mostrar um caminho sobremodo excelente: o caminho do amor; o amor no mais alto padrão; o amor “ágape”; o amor que brota do coração de Deus; o amor que, segundo disse Paulo, “jamais acaba”. E, ao mostrar as qualidades desse amor, começa pela declaração: “O amor é paciente”.

1) Amor paciente O apóstolo inicia bem, pois a paciência é a base para todo relacionamento feliz, de forma especial no lar, na família. Sim, ela é necessária, mas, lamentavelmente, é algo que perdemos facilmente. M. J. Rayn disse em seu livro O Poder da Paciência: “Nunca se precisou tanto de paciência quanto agora, e nunca o estoque esteve tão baixo”. E, quando a perdemos, perdemos também o nosso autocontrole, a nossa maturidade e a nossa razão, pois a falta de paciência nos leva a explosões insensatas. A paciência é a liga que mantém o nosso equilíbrio, nos dá paz de espírito, nos permite manter a serenidade na solução de nossos problemas. Vemos que estava certo Paulo quando a colocou como princípio das qualidades do amor.

2) O que a palavra de Deus nos diz sobre a paciência? Davi, no Salmo 37.8, nos aconselha a não perdermos a paciência, pois poderá acabar mal. E, no capítulo 40.1, 48 Alvorada

A Revista da Família

nº 64 janeiro/fevereiro/março, 2011


diz que esperou pacientemente pelo Senhor, e Ele se inclinou e o ouviu. Salomão, em Eclesiastes 7.8, disse que “é melhor o paciente que o arrogante”. O apóstolo Paulo nos ordena sermos pacientes na tribulação (Rm 12.12). E pede que “o Deus da paciência e consolação nos conceda o mesmo sentir de uns para com os outros, segundo Cristo Jesus” (Rm 15.5). O autor de Hebreus faz referência à paciência de Abraão que, por isso, obteve a promessa (Hb 6.15). Tiago nos aconselha a sermos pacientes até a vinda do Senhor (Tg 5.7). O apóstolo Pedro nos garante que, ao sermos afligidos e suportamos, Deus se agrada disto (1Pe 2.20).. Os textos nos mostram que Deus tem recompensas aos que praticam a paciência.

3) Devemos aprender a sermos pacientes Sermos pacientes ou não depende de nós, é uma decisão nossa. E, quando encaramos a paciência como uma decisão e nos decidimos por ela, tornase mais fácil enfrentar os desafios e até as provações. Nos nossos relacionamentos, ela nos dá autocontrole e capacidade para agirmos visando o bem estar das pessoas com quem convivemos. Neste particular, os conselheiros nos orientam: a) Procure pensar antes de falar (Tg 1.9); b) Quando falar faça-o com brandura. “A palavra branda desvia o furor” (Pv 15.1). Numa cerimônia de casamento, o pastor aconselhou os nubentes: “Não se agridam verbalmente, pois isto poderá levá-los à agressão física, o que será pior”. c) Procure entender o outro e não querer mudá-lo. “Antes, sede uns para com os outros benignos, compassivos, perdoando-vos uns aos outros, com também Deus, em Cristo, vos perdoou” (Ef 4.32).

Cultive a paciência, pois ela nos livra de nossos momentos de ira. O apóstolo Paulo nos aconselha: “Irai-vos, e não ponhais o sol sobre vossa ira, não deis lugar ao diabo” (Ef 4.26-27). É claro que o apóstolo não nos está ordenando à ira, mas, caso isto aconteça, conserte o estrago feito, peça perdão e perdoe, se possível no mesmo dia; não deixe o diabo envenenar ainda mais a situação, levando-o ao pecado. Busque a paciência necessária e o amor vencerá.

4) A falta de paciência prejudica o nosso relacionamento e o nosso testemunho Não é fácil conviver com uma pessoa impaciente e que se descontrola facilmente. Salomão disse que “melhor é morar numa água furtada que junto a uma mulher rixosa” (Pv 21.9). Essa palavra vale para os rixosos, também. O apóstolo Pedro aconselha as mulheres que desejam ganhar seus maridos para Jesus que o façam sem palavras, mas pelo procedimento (1Pe 3.1). Billy Graham conta num dos seus livros a experiência de uma senhora crente, assídua aos trabalhos da igreja, cujo marido não era crente e não a acompanhava. Um dia, o pastor, encontrando-se com ele, o convidou para ir à igreja. Ao que ele respondeu: “Eu ir à igreja com minha esposa? Basta ter que aturá-la em casa. O senhor não a conhece; ela é muito nervosa, exigente e, por pouca coisa, perde a paciência”. O pastor conversou com ela, que confessou que, na verdade, estava muito nervosa e que o marido tinha razões para as reclamações. O pastor orou com ela, que prometeu mudar as suas atitudes. Naquela mesma semana, o marido, ao voltar de uma pescaria, ao passar por dentro da casa para guardar a vara no fundo do quintal,

sem querer, bateu num vaso que caiu e quebrou. Ficou parado, esperando a tempestade que viria. A esposa veio, mas lembrou-se da promessa feita ao pastor. Então, disse: “Que pena! Na verdade, era um vaso precioso. Mas não tem importância. Vamos juntar os cacos”. Então, o marido ficou mais paralisado ainda e passou a notar a mudança nas atitudes dela. Foi com ela à igreja e aceitou a Jesus com seu salvador. Vale a pena buscarmos o controle para nossos ímpetos desagradáveis.

5) A nossa paciência deve estar fundamentada na paciência de Deus para conosco O salmista Davi deu-nos a dimensão da paciência de Deus para conosco, quando disse: “O Senhor é misericordioso e compassivo; longânimo (paciente) e assaz benigno. Não repreende perpetuamente, nem conserva para sempre a sua ira. Não nos trata segundo os nossos pecados, nem nos retribui consoante as nossas iniqüidades” (Sl 103.8,9). Se não fosse esta longanimidade de Deus, estaríamos perdidos, mas Ele nos alcançou em seu filho Jesus, que nos perdoou e nos salvou e nos disse: “Aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração”. Realmente, Ele deu provas disto para que o imitemos. Além disso, a paciência é fruto do Espírito Santo. Se vivemos no Espírito, sob o domínio dele, teremos domínio próprio, que procede dele, e, assim, a paciência. Esforce-se por ser paciente! Cultive a paciência e irá agradar a Deus, sob a ação do Espírito, que lhe abrirá as portas para uma vida de relacionamento feliz. a

A Revista da Família

O Rev. Gerson é pastor jubilado da IPI do Brasil nº 64 janeiro/fevereiro/março, 2011

Alvorada 49


SAÚDE

A arte de ser pode ser uma tarefa árdua.

CLESIO BORGES PENA

Sei que muitos leitores podem até ter um certo pavor do farmacêutico, pois se lembram daquele “malvado” que sempre lhes aplicava uma injeção. Quero abordar neste artigo que, além da injeção, o farmacêutico exerce várias outras funções. Os farmacêuticos são profissionais da saúde, de tradição milenar, e sucessores dos boticários. São dotados de conhecimentos sobre o medicamento, bem como suas consequências no corpo humano. Sem sombra de dúvida, o farmacêutico é uma das profissões mais antigas, existindo há mais de dois mil anos. Perito no desenvolvimento, produção, manipulação, seleção e dispensação de medicamentos, este profissional presta o trabalho de assistência farmacêutica e pode assumir responsabilidade técnica de laboratórios de análises clínicas, distribuidoras, farmácias. O farmacêutico pode e, de fato, atua em varias áreas. Quero, contudo, abordar principalmente o farmacêutico que nos atende na farmácia. É um profissional dotado de conhecimentos técnicos, conhecimentos gerais sobre várias patologias, bem como seu tratamento. Fornece seus conhecimentos para a população de uma forma geral e é um dos poucos que não cobra por aquilo que sabe ou que informa. Deve ter, além de outras características, uma boa disposição física (pois freqüentemente passa o dia inteiro de pé), muita gentileza e, principalmente, paciência, pois a farmácia é um estabelecimento de saúde e também um balcão ‘comercial’. Fazer este equilíbrio 50 Alvorada

A Revista da Família

Nestes últimos anos, a profissão tem ganhado destaque, pois só agora estamos vendo propagandas na TV dizendo “procure um médico ou um farmacêutico”. Lá pelos idos de 1800, quando começou a primeira faculdade de medicina no Brasil (no Rio de Janeiro), a faculdade de farmácia era agregada a este curso. E, com o passar dos anos, para ser um boticário precisava ser graduado por uma instituição superior. Como profissional, tinha seu destaque por manipular princípios ativos que atendiam a toda espécie de necessidade da população. Com o crescimento surpreendente da indústria farmacêutica, o boticário começou a perder seu lugar, pois a indústria passou a sintetizar todas as drogas que eram de conhecimento destes profissionais. Ser farmacêutico é, acima de tudo, servir. Possivelmente, a maior qualidade que um farmacêutico deve ter é a de servir sua comunidade. É claro que, como qualquer profissional da saúde, sua responsabilidade em amenizar a dor do próximo está, acima de quaisquer outras decisões, levando em conta os ‘efeitos colaterais’ de sua decisão. Hoje, um curso de farmácia dura cinco anos e, em geral, é um curso fascinante, pois, durante a graduação, o aluno se depara com muitas disciplinas como anatomia, fisiologia, muita química e, é claro, a farmacologia. Como a maioria dos profissionais da área de saúde do novo milênio, o farmacêutico também persegue a melhoria da qualidade de vida. Tem a seu favor a onda de novos conhecimentos científicos, além dos sofisticados equipamentos que a tecnologia criou.

nº 64 janeiro/fevereiro/março, 2011

Há alguns países na Europa nos quais, após fechar o diagnóstico, o médico encaminha o paciente para o farmacêutico, e é este quem irá medicá-lo. Ouvi dizer que, algum tempo atrás, o farmacêutico era o segundo profissional mais respeitado nos EUA (o primeiro era o pastor). Ou seja, temos muito que crescer ainda no Brasil e conseguir nosso espaço, com muita responsabilidade e ética. A área de atuação é grande, pois, em cada farmácia, é obrigatória a presença de um farmacêutico, bem como nas farmácias hospitalares, distribuidoras, etc. Com o advento da lei do Genérico, em 1999, passou-se a exigir um pouco mais do farmacêutico (você acha que é fácil dizer sulfametoxazol + trimetoprima?). Este é o nome genérico de um antibiótico muito utilizado no Brasil. Antes do genérico, tudo girava em torno do nome comercial que, em geral, é de fácil memorização. Brincadeiras à parte, o farmacêutico é o único profissional que pode dispensar um medicamento genérico em vez de uma marca. Na verdade, ele não está trocando receituário e muito menos vendendo outro medicamento no lugar. O medicamento genérico tem o mesmo princípio ativo, com as mesmas características, bem como o mesmo tempo para distribuição desta droga no organismo e também de ser eliminado do corpo. O medicamento genérico é submetido aos mesmos testes de um medicamento de marca e, antes de receber a tarja de “medicamento genérico”, passa por pelo menos dois testes rigorosos, que são a bioequivalência (no qual se verifica a dose, a quantidade, a qualidade da droga em questão) e a biodisponibilidade


farmacêutico (no qual a droga em questão é oferecida a um grupo de pessoas para, então, ser feita uma dosagem de tempo em tempo na corrente sanguínea do paciente, para verificar a distribuição da droga dentro do organismo e o tempo de eliminação). Tenho orgulho de ser farmacêutico. Já trabalhei na indústria farmacêutica e já fiz pesquisa; porém, é no balcão, falando com o paciente, fornecendo informações, tirando dúvidas, ajudando, que o farmacêutico tem a sua realização profissional. Como no Brasil, de uma forma geral, a saúde é precária, o farmacêutico pode e deve ser um grande aliado da população, no combate às suas dores, trabalhando com ética, boa vontade e, acima de tudo, levando em consideração a preciosidade de cada ser humano. a O Clesio é graduado em farmácia, pós-graduado em marketing, mestre em farmacologia, e faz parte do conselho editorial da Revista Impacto; é casado e tem 3 filhos

2 0 DE JANEIRO

Clesio em trabalho

DIA DO

FARMACÊUTICO Farmacêuticos famosos Na história, tivemos farmacêuticos famosos, cujas descobertas ou invenções ajudaram e ajudam muito a sociedade nos dias de hoje. Entre eles: Henri Nestlé, responsável pela criação da farinha láctea Nestlé; John Pemberton, responsável pela criação da formula da Coca Cola; Caleb Bradham, desenvolvedor da fórmula da Pepsi; Friedrich Wilhelm Adam Sertürner, que descobriu a morfina em 1805; Carlos Drummond de Andrade, além de notável escritor, foi diplomado farmacêutico; John Walker, farmacêutico inglês, inventor do fósforo.

Características do farmacêutico Pesquisando em um site, encontrei listadas algumas das características de um farmacêutico: atenção a detalhes, boa visão, bom olfato, capacidade de concentração, capacidade de observação, curiosidade, espírito de investigação, facilidade para matemática, gosto pela pesquisa e pelos estudos, habilidade manual, interesse pelas ciências, senso de responsabilidade. A Revista da Família

nº 64 janeiro/fevereiro/março, 2011

Alvorada 51


ADORATEEN

Oi, pessoal! Nesta edição, temos mais uma reflexão sobre alguns pontos importantes para todo e qualquer grupo de louvor, dando uma atenção especial para os iniciantes. Se você quer enviar alguma crítica ou sugestão, entre em contato conosco pelo e-mail: eugeniomarcos@uol.com.br

A magnífica orquídea

EUGÊNIO MARCOS FIGUEIRA AMBROSETTI

Numa bela tarde de verão, eu e meu primo Elom fomos visitar o sítio de meu tio. Como sempre fazíamos quando íamos àquele sítio, descemos até o final do terreno para verificarmos como estava o riacho e o tanque de peixes. O tanque de peixes estava forrado por aguapés, de maneira que não podíamos praticamente nem enxergar a água. Caminhamos alguns minutos ao redor dele, analisando o que poderia

ser feito para diminuir a população destas plantas. Após esta breve caminhada, decidimos deixar isto de lado e resolvemos verificar como estava o pequeno riacho, que ficava no ponto mais fundo do sítio. Chegamos à beira do barranco que nos levaria até o pequeno córrego e onde também crescia um denso bambuzal, Ao olharmos por entre os bambus, tivemos uma agradável surpresa. Entre a folhagem abundante do bambuzal e um pouco distante de onde estávamos, avistamos uma maravilhosa orquídea, suspensa em meio à penumbra proporcionada pela mata fechada e iluminada por alguns dos poucos raios solares que venciam a barreira de folhas. Era realmente um

Dica técnica: Nesta edição, temos mais uma importante dica para os vocais. Você já reparou como o som do “S” é ressaltado no final das palavras? Bem, isso acontece porque a sibilância produzida pelo “S” no final das palavras atua numa freqüência bastante aguda, justamente na região que nossos ouvidos captam com maior facilidade (de 4kHz a 16kHz). Se esta palavra que termina com “S” estiver no final da frase ou, pior ainda, no final da música, o problema se agrava ainda mais.

Podemos ainda elencar outro problema ocasionado pelo “S” no final das palavras: o desencontro da pronúncia. Quando existe mais de uma pessoa cantando ao mesmo tempo, é comum, e até esperado, que haja um pequeno descompasso entre as pronúncias de cada um dos cantores. Este descompasso normalmente é reduzido conforme a música seja mais e mais ensaiada, porém é impossível que cada um dos cantores pronuncie cada sílaba exatamente igual aos outros. Porém, por

ser bastante ressaltado aos ouvidos, por mais que os cantores se esforcem por reduzir o desencontro da pronúncia do “S” no final das palavras, este desencontro sempre será percebido. Para evitar estes problemas, o ideal é que cada cantor reduza ao máximo o volume dos “S” no final de palavras. Existem inclusive aparelhos eletrônicos que servem justamente para reduzir esta sibilância. Estes aparelhos são


grande espetáculo aos olhos a presença de tão grandiosa flor em meio aos bambus. Seus tons de rosa e laranja, ressaltados pelos raios solares, contrastavam magnificamente com o fundo verde produzido pela floresta de bambus. Seu tamanho descomunal de mais de um palmo era algo que nunca havíamos visto antes. Certos de que havíamos encontrado uma nova variedade de orquídea, descemos a ribanceira para chegarmos próximos à planta e verificarmos com mais exatidão a qualidade de nosso achado. Porém, ao descermos o barranco, não conseguimos mais encontrar a bela orquídea. Subimos novamente o barranco e verificamos que a orquídea continuava no mesmo lugar, intacta. Decidimos, então, nos separarmos. Eu fiquei em cima do barranco para

a

conhecidos como “De-essers”. Outra técnica bastante utilizada é não pronunciar o “S”, pois sempre haverá alguém que se esquecerá de não pronunciá-lo e, se somente um cantor pronunciar o “S” num coro de 15 ou até 20 vozes, isso já será o suficiente para que pareça que todos o pronunciaram.

servir de guia ao meu primo que desceu a ribanceira em busca da orquídea. Quando meu primo chegou próximo à orquídea, algo muito estranho aconteceu. Por mais que eu explicasse a ele onde estava a flor, ele não conseguia enxergá-la. Após sucessivas tentativas de fazê-lo enxergar a orquídea, resolvi descer, eu mesmo, e verificar porque ele não a enxergava. Para minha surpresa, desta vez era eu que não conseguia enxergar. Depois de algum tempo tentando achar a flor, pensamos em outra alternativa. Subi novamente e dei um jeito de descer a ribanceira, sem desgrudar os olhos da flor. Ao chegar ao fundo do barranco, tive mais uma surpresa: a orquídea magnífica que havíamos encontrado não passava de uma folha seca enorme que havia se grudado em uma teia de aranha. Dependendo do ângulo que a

olhávamos, tínhamos a impressão de ser uma flor, pois os raios do sol refletidos em seu corpo tomavam uma coloração rosa e alaranjada, imitando as cores e o formato de uma bela orquídea. Após muitas risadas, subimos até a sede do sítio e fomos embora para nossas casas sem nenhuma flor, mas com uma boa história para contar. Entendo que esta história ilustra bem a nossa vida como cristãos. No bambuzal do mundo, não somos muito mais do que uma simples folha seca, sem valor algum em si mesma. Só temos algum valor, quando refletimos a luz divina. Somente assim, proporcionamos um espetáculo de rara beleza. a O Eugênio, músico, é membro da 1ª IPI de Limeira, SP


SONORIZAÇÃO

Microfones

parte 4

DAVID B. DISTLER

Não analisamos todos os tipos (e.g. microfone de fita, de tubo, bidirecional, PZM, PCC), mas, sim, as técnicas básicas para os microfones mais utilizados em sonorização, considerando o público alvo que opera o som de igrejas. Sem dúvida, encontraremos nos shows e programas de TV microfones que não foram mencionados, porém, como o custo de alguns destes supera o valor médio das mesas em muitas igrejas, estes foram desconsiderados. Vale, ainda, a máxima: “Quem entende bem e domina a teoria para fazer bem feito com poucos recursos terá pouca dificuldade em se adaptar quando lhe vierem às mãos recursos melhores, enquanto que o inverso não se aplica àqueles que nunca tiveram que ‘se virar’”.

Dicas de microfonação - O número ideal de microfones seria um (estéreo). Portanto, use sempre o mínimo necessário para manter o som captado limpo e com um mínimo de distorções por cancelamento (proveniente dos vazamentos captados, quando se utiliza múltiplos microfones). - Aproxime o microfone sempre o máximo possível de sua fonte sonora. Além de ajudar a minimizar os vazamentos de outros sons, você estará fornecendo um sinal mais forte à sua mesa de som. Entenda-se que esta técnica é válida a partir do momento que se trabalha com bons microfones e mesas, que suportem, sem distorção, a energia acústica gerada pelas fontes sonoras.

54 Alvorada

A Revista da Família

nº 64 janeiro/fevereiro/março, 2011


- Somente os melhores microfones sem fio conseguem se aproximar da qualidade e confiabilidade dos microfones com cabos. Restrinja a utilização dos sem fio àqueles para quem a mobilidade é imprescindível! - Por ser o microfone o primeiro elemento na cadeia de sonorização, o seu correto posicionamento é de máxima importância, pois o que não se captar nesta fase jamais será recuperado. Já dei a dica de se monitorar com fones de ouvido ao posicionar um microfone, mas eu gostaria de terminar com sugestões de posicionamento dos microfones. A posição ideal variará conforme o modelo do microfone e as características de cada fonte sonora. Assim, as posições abaixo servem apenas como ponto de partida a ser confirmado pelo seu ouvido!

Posicionamento Preletor (em púlpito) - Ângulo de 45º minimizando reflexos da superfície do púlpito e os “puffs”. Cantores - mesmo ângulo que o acima. Cuidado com o posicionamento das caixas de retorno que devem estar alinhados com o ângulo de mínima captação dos microfones direcionais. Coral - A colocação destes microfones pode ou não ser beneficiada pela acústica do local. Se não houver perigo de se captar caixas de retorno e instrumentos, etc., uma colocação mais distante (tipo X/Y) dos microfones captará mais a mescla das vozes. Caso seja necessário aproximar mais os mics,

angule-os como uma ducha a 45 cm acima da cabeça da última fileira (normalmente, a mais elevada) e a 45 cm à frente da primeira. Violão - Se tiver bom captador, use. Se não, mire o mic para captar o som do dedilhado, evitando pegar em cheio os graves que provém do furo no tampo. Se for tipo lapela, fixe-o ao furo no tampo. Flauta - Mire o microfone no corpo da flauta entre o bocal e a posição dos dedos. Cuidado para não captar o sopro do músico. Se isto ocorrer, experimente alterar o ângulo de posicionamento para evitar este ruído. Piano de Armário - Abra a tampa e coloque um microfone direcional na lateral das notas mais agudas para que enxergue estas cordas, angulado para que o seu eixo de captação caia no centro da caixa (corte um pouco os médios na equalização do canal). Se dispuser de dois mics, coloque-os atrás da tábua de ressonância, um captando os médios e agudos, e outro, os médios e graves. Piano de Cauda - Por baixo da tampa aberta, busque captar o som mais completo (o máximo de notas). Se dispuser de dois mics, separe um para agudos/médios e outro para médios/ graves.

Bateria - Embora bem audível, vale a pena microfonar para gravações e para que todos os sons cheguem ao mesmo tempo aos ouvidos da congregação. Siga a seqüência: dois mics superiores a cada lado da bateria; com 3, microfone também o bumbo; com 4, o ximbau; com 5, a caixa. Guitarra e Contrabaixo - Para reduzir o número de mics abertos, recomendo a utilização de direct box, se existem problemas já com microfonia no ambiente. Trabalhando-se com bons instrumentos e boa equalização na mesa, há como se conseguir bons resultados sonoros, sem precisar se adicionar microfones. Se a captação do amplificador de palco for essencial por gerar uma distorção ou timbre desejado, ou se problemas elétricos gerarem ruídos não elimináveis no direct box, então use um microfone experimentando a posição até achar o melhor som. Observe que, via de regra, este melhor som não vai acontecer colocando-se um microfone de voz à frente do amplificador, mas, sim, um microfone com características mais lineares destinado à captação de instrumentos. A fé vem pelo ouvir a Palavra! a O David, com mais de 25 anos de experiência, é consultor associado à Audio Engineering Society e à National Systems Contractors Association; projeta sistemas de som, sonoriza eventos e tem ministrado cursos para centenas de operadores de som e músicos

Saxofone - Embora tenha se popularizado ver artistas com um pequeno mic dentro da campana do instrumento, uma angulação que capte também o som proveniente do corpo do mesmo dará um som mais cheio e suave.

Contato:

dd@proclaim.com.br

| www.proclaim.com.br

A Revista da Família

nº 64 janeiro/fevereiro/março, 2011

Alvorada 55


MELHOR IDADE

Prevenindo quedas na velhice ELAINE CORRÊA DE PAIVA RAMÍREZ

O dia 14 de janeiro ficou instituído como o Dia Mundial do Enfermo. Enseja uma reflexão sobre a fragilidade da vida humana e a experiência da dor e do sofrimento. Pensei em refletir um pouco sobre um evento que limita, fragiliza e causa declínio na saúde dos idosos e que pode até levar à morte. Estou falando das quedas, que representam um problema de saúde pública. Os acidentes por quedas podem provocar fraturas, traumatismos cranianos e morte, dependendo do caso. Também afetam a qualidade de vida do idoso por consequências psicossociais, provocando sentimentos como medo, fragilidade e falta de confiança. Muitas vezes, funcionam como o início da degeneração do quadro geral do idoso, pois, além de reduzir sua mobilidade, também afeta as atividades sociais e recreativas, o declínio das funções, além de gerar depressão, baixa auto-estima e isolamento social. Após a queda, o idoso pode restrin-

56 Alvorada

A Revista da Família

gir sua atividade por temor, pela dor ou pela própria incapacidade funcional. O risco de cair aumenta significativamente com o avançar da idade. O corpo humano passa por um período de transformações que geram declínio de algumas capacidades físicas que estão intimamente ligadas à prevenção das quedas, tais como: a força músculoesquelética; a resistência física; a acuidade visual; a flexibilidade; o equilíbrio, entre outras. No Brasil, cerca de 30% dos idosos caem pelo menos uma vez no ano. As pesquisas demonstram que existem alguns fatores de risco que têm maior influência na concretização de uma queda. São eles: 1. A idade – maior incidência após os 75 anos; 2. O gênero – as mulheres são mais propensas às quedas; 3. O ambiente doméstico – 70% das quedas em idosos ocorrem dentro de casa; 4. Diminuição da visão;

nº 64 janeiro/fevereiro/março, 2011

5. Labirintite; 6. Declínio cognitivo; 7. AVC prévio; 8. História prévia de quedas e de fraturas; 9. Sedentarismo; 10. Alteração no equilíbrio corporal, marcha e mobilidade; 11. Fraqueza muscular e óssea; 12. Uso de 4 ou mais medicamentos associados (antidepressivos, ansiolíticos, antihipertensivos, diuréticos, antiarrítmicos, hipoglicemiantes, etc.). Ao olharmos esta lista, podemos ver que, dos 12 itens relatados, pelo menos 6 deles podem ser evitados ou minimizados com a prática regular de exercícios físicos. Portanto, para prevenirmos as quedas no dia-a-dia é imprescindível um estilo de vida que contemple a atividade física como parte fundamental na rotina diária e, assim, passarmos pelo Dia do Enfermo sem enfermidades, gozando de vida abundante! Que o Senhor nos fortaleça!


EXERCITANDO O CORPO Separei alguns exercícios que poderão ajudar na prevenção das quedas, pois melhoram o equilíbrio e a força muscular. Mas, antes, seguem algumas dicas: 1. Antes do treinamento, faça um aquecimento de 10 minutos, que pode consistir em uma caminhada leve e movimentação das pernas e braços;

2. A repetição de cada exercício abaixo deve ser da seguinte maneira: 3 segundos para realizar o movimento, 2 segundos mantendo a posição alcançada, e mais 3 segundos para retornar à posição inicial;

5. Comece os exercícios apoiando as duas mãos na cadeira. À medida que você consiga realizá-los de forma confortável e segura, faça as seguintes variações:

3. Respire normalmente durante a execução dos exercícios; 4. Utilize uma cadeira ou um móvel como apoio;

Apóie apenas uma mão na cadeira; Apóie apenas um dedo na cadeira; Realize o exercício sem o apoio das mãos.

Flexão de Joelho 1. Mantenha o corpo ereto; apóiese em uma cadeira para manter o equilíbrio; 2. Lentamente flexione o joelho até o limite (expirando); 3. Mantenha-se na posição por dois segundos; 4. Lentamente abaixe a perna, voltando à posição inicial (inspirando); 5. Faça 3 séries de 10 repetições em cada perna, descansando 1 minuto entre as séries.

Flexão Plantar

Extensão de Quadril

1. Mantenha o corpo ereto; apóiese em uma cadeira para manter o equilíbrio;

1. Posicione-se entre 30 a 45 cm afastado da cadeira; 2. Deixe o tronco inclinado à frente durante a execução;

2. Lentamente fique nas pontas dos pés, o mais alto que conseguir (expirando);

3. Lentamente erga a perna (estendida) para trás (expirando);

3. Mantenha-se na posição por dois segundos;

4. Mantenha-se na posição por dois segundos;

4. Desça lentamente os calcanhares até o chão (inspirando);

5. Lentamente abaixe a perna, voltando à posição inicial (inspirando);

5. Faça 3 séries de 10 repetições, descansando 1 minuto entre as séries.

6. Faça 3 séries de 10 repetições em cada perna, descansando 1 minuto entre as séries.

Treinando o equilíbrio a toda hora 1. Permaneça ereto em apenas um pé (alternando-os), a qualquer hora, em qualquer lugar e quanto for desejado. 2. Trace uma linha no chão, próxima à parede, (para eventual instabilidade) e caminhe sobre ela com passos bem curtos, encostando o calcanhar de um pé nos dedos do outro pé.

A Revista da Família

nº 64 janeiro/fevereiro/março, 2011

Alvorada 57


Flexão de Quadril 1. Mantenha o corpo ereto; apóiese de lado em uma cadeira para manter o equilíbrio; 2. Lentamente erga seu joelho na direção do peito, sem deixar o tronco descer em direção à coxa (expirando); 3. Mantenha-se na posição por dois segundos; 4. Lentamente abaixe a perna até o chão (inspirando); 5. Faça 3 séries de 10 repetições em cada perna, descansando 1 minuto entre as séries.

Levantar e sentar sem a utilização das mãos 1. Coloque um travesseiro no encosto de uma cadeira; 2. Sente-se na metade anterior do assento da cadeira, com os joelhos flexionados e com os pés totalmente apoiados no chão; 3. Recline sobre o travesseiro, permanecendo com o tronco inclinado e com as costas retas; 4. Leve o tronco à frente até ficar sentado com as costas retas, usando as mãos só se for necessário (inspirando); 5. Levante lentamente, com ou sem o apoio das mãos, se conseguir (expirando); 6. Sente-se lentamente, usando minimamente as mãos (inspirando); 7. Recline novamente o corpo, apoiando as costas no travesseiro, retornando assim à posição inicial (expirando); 8. Mantenha as costas e os ombros retos durante toda a execução do exercício. 9. Faça 3 séries de 8 repetições, descansando 1 minuto entre as séries. Adaptação: O exercício também pode ser feito sem a fase de trazer o corpo à frente (correspondendo apenas à segunda e à terceira imagens), mas isso implica em um menor ganho de força nos músculos abdominais, que são extremamente importantes para manter um bom equilíbrio.

Elevação Lateral do Membro Inferior 1. Mantenha o corpo ereto; apóie-se em uma cadeira para manter o equilíbrio; 2. Lentamente eleve uma perna para o lado, de 15 a 30 cm (expirando) deixando o tronco e joelhos estendidos; 3. Mantenha-se na posição por dois segundos; 4. Lentamente volte à posição inicial (inspirando); 5. Ao terminar as séries com uma perna, repita com a outra; 6. Faça 3 séries de 10 repetições em cada perna, descansando 1 minuto entre as séries.

Para prevenirmos as quedas no dia-a-dia é imprescindível um estilo de vida que contemple a atividade física. A Missionária Elaine, formada em Educação Física, é membro da IPI Vila Romana, São Paulo, SP

A Hilda Tavares Ferrador foi fotografada pela Profa. Elaine

58 Alvorada

A Revista da Família

nº 64 janeiro/fevereiro/março, 2011


A Revista da Família Ano XLII nº 64 JANEIRO | FEVEREIRO | MARÇO 2011 ISSN 1980 - 9751

Clown: Discriminação racial

É possível um mundo sem discriminação?

Capelania em um Sanatório

Uma experiência marcante considerada um presente de Deus

Uma ferramenta no evangelismo criativo

Gestante

À espera do seu presente, ela merece cuidados especiais.

Vida feliz O valor dos pequenos começos e ações

2011

Um presente de Deus


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.