Alvorada 2011 abril|maio|junho

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A Revista da Família AnoXLIInº 65 ABRIL | MAIO | JUNHO 2011

Pastor Jubilado

Dando valor a quem ainda tem muito a oferecer

Entrevista com

Marina Silva

Dia Mundial do Meio Ambiente

O cristão ecológico na prática

Violência contra a mulher Um grave problema de saúde pública

Adoção: novas famílias. Conheça o perfil de quem adota e dos adotados

Quando adotar? Histórias comoventes de amor e coragem

Daniel: “Eu sei que Deus sempre esteve, está e estará comigo”



EDITORIAL

Isso é amor? SHEILA DE AMORIM SOUZA

A mulher de hoje é moderna, vaidosa, trabalha fora, é dona de casa, esposa, se vira em mil para dar conta do recado. Em sua maioria, ela quer ser mãe e viver a experiência da maternidade, para amar e ser amada, educar, ensinar e cuidar. Ser mãe é algo que torna a mulher mais mulher, mais corajosa. Para ser mãe, a mulher não precisa gerar o filho de forma natural, engravidando e dando à luz. Ela pode acolher no seu coração, fazendo sentir seu amor, sua dedicação, dando sua atenção a alguém que foi desprezado, seja qual for a razão. É um amor por quem quase não se conhece, mas por quem se nutre sem interesses. Na matéria “Adoção - Histórias de amor e de coragem” mostramos algumas famílias que realizaram o sonho de algumas crianças: ter uma família. Mas nem todas têm a mesma chance. A maioria das crianças que está nos abrigos tem poucas chances de retornar para casa. Elas foram abandonadas, sofreram abusos ou são filhos de dependentes químicos. No testemunho do jovem Daniel, é possível entender este drama. “No mundo, tereis aflições” (Jo 16.33). Talvez este seja um bom motivo para não perguntarmos o porquê do sofrimento. É assim mesmo. Neste mundo não há coisas perfeitas. Daniel compreende que tudo o que passou teve um propósito. E, hoje, ele fala: “Se você tem um problema, diga pro seu problema que você tem um Deus maior”. É bom lembrar que Jesus não terminou a frase com a palavra “aflições”. Ele continuou: “mas tende bom ânimo; eu venci o mundo”. Ainda bem que Ele venceu. Isso nos dá a certeza de que podemos vencer também. Esse ânimo nos encoraja a passarmos por tudo com fé. E, após atravessarmos os períodos de dificuldades, que possamos lembrar de louvar a Deus porque esteve todo o tempo ao nosso lado. Não duvide disso! Não importam as lutas pelas quais estamos passando! Não importam as assolações que têm chegado à nossa vida! Confiemos em Jesus e no poder da intercessão. “A vida cristã e a oração não podem ser um monumento, mas, sim, um movimento”. Se ainda assim se sentir abandonado, creia que você é alvo do amor de Deus. “Será que uma mãe pode esquecer o seu bebê? Será que pode deixar de amar o seu próprio filho? Mesmo que isso acontecesse, eu nunca esqueceria vocês” (Is 49.15). Por isso Jesus morreu e ressuscitou, para que a glória de Deus se manisfestasse nele. Isso é amor. Ame e seja amado e amada por Deus. Escreva para nós! Boa leitura e até a próxima edição.

Sheila alvorada@ipib.org

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SUMÁRIO

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Cristianismo

Reflexão

A roupa faz diferença? Qual é a verdadeira simpatia?

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Família

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Dia das Mães

Sociedade Bíblica do Brasil

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Poesia para a data

Comemoração dos 63 anos com a marca de 100 milhões de exemplares da Bíblia produzidos

Secretaria da Família

Realidade e possibilidade na vida familiar Relacionamentos e seus fantasmas Vivem momentos de energia, impulso, descobertas, aventuras, decisões que trarão resultados para toda a vida

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Entrevista

Marina Silva, uma mulher lutadora, com ideais e que não se deixou seduzir pelo sucesso

Drogas

A co-dependência é caracterizada por vários sentimentos em relação a tudo que diz respeito ao dependente

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Adoção

Histórias de amor e de coragem.

Oração

Você acredita no poder da intercessão?

Coordenadoria da UMPI

O testemunho do jovem Daniel revela que há um Deus maior que os nossos problemas

Câncer de Mama

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Violência Infantil

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Um ato de amor. Como saber a hora de parar? Quem sofre mais?

Dando valor a quem ainda tem muito a oferecer

Adolescentes

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Amamentar

O cristão ecológico não só na teoria, mas principalmente na prática

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38

A OMS (Organização Mundial da Saúde) já reconhece a violência contra a mulher como um grave problema de saúde pública.

Consciencia Ecológica

Pastor Jubilado

22

Mulher

Século XXI: cultura cristã hoje é contra-cultura?

A violência sexual contra criança e adolescente é um problema mundial e tem exigido atenção dos diversos segmentos, inclusive da igreja

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A história e o incentivo de Ruth de Campos Santos, curada há 9 anos

Dia Mundial da Saúde

É comemorado desde 1948, com o propósito de manter o bom estado de saúde das pessoas

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Uma deliciosa cocada assada

Páscoa

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Missões

Receita

Reflexão e poesia para celebrar a ressurreição do Senhor

72

A Secretaria de Evangelização preparou uma desafiadora campanha para toda a Igreja

13 de maio

Abolição da divisão produzida pela vaidade, orgulho e preconceito

Alvorada A Revista da Familia

Órgão Oficial da Secretaria Nacional de Forças Leigas da Igreja Presbiteriana Independente do Brasil. Registrado, em 7/11/ 1974, no Instituto Nacional de Propriedade Industrial sob o n° 289 - CNPJ n° 62.815.279/0001-19 - Fundada em 3/2/1968 por Rev. Francisco de Morais, Maria Clemência Mourão Cintra Damlão, Isollna de Magalhães Venosa. Ministério da Comunicação: Fabricio Guilherme. Secretário da Família: Rev. Alex Sandro. Coordenadoria Nacional de Adultos: Ione Rodrigues Martins e Odair Martins. Coordenadoria Nacional do Umpismo: André Lima. Editora: Sheila de Amorim Souza. Revisor: Rev. Gerson Correia de Lacerda. Arte e Diagramação: Seiva D’Artes. Fotos: Istockphotos, stock.xchng. Colaboraram nesta edição: Wanderlei de Mattos Júnior, Ione R. Martins, Ezequiel Luz, Evandro Rodrigues, João Wilson Faustini, Dulce Vieira Franco de Souza, Ruth Brengartner A. Neto, Marco Stefano, José Andrez Nunes, Laercio Borsato, Alex Sandro dos Santos, Cristina Silva Souza, Rodolfo Franco Gois, Eleni R. Mender Rangel, Gilbean Ferraz, Joel Chagas Lima, Sérgio Andrade, Ruth de Campos Santos, Ester Lisboa, Priscila Dadona, Erika Guimarães, Zeneide Ribeiro de Santana, Leoniza Cacciari, Odair Martins, Lidia Sendin, Cesar Sória de Anunciação. Redação: e-mail alvorada@ipib.org - Fone: (11) 2596-1903. Assinaturas na Editora Pendão Real - Rua da Consolação, 2121 -CEP 01301-100 - São Paulo/SP Fone/Fax (11) 3105-7773 - E-mail: atendimento@pendaoreal.com.br. Assinatura anual Individual (4 edições): R$37,00, acima de 10 assinantes R$ 33,00, para receber através do (a) agente ou R$ 55,00, para receber em casa. Número avulso: R$ 9,50. Depósito no Banco Bradesco - Agência 095-7 - Conta Corrente 174.872-6. Tiragem: 2500 exemplares. Os artigos assinados não representam necessariamente a opinião da revista. Permitida a reprodução de matéria aqui publicada, desde que citada a fonte.

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REFLEXÃO

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m jovem executivo bem sucedido estava dirigindo em uma rua de sua vizinhança, indo um tanto rápido demais em seu novo Jaguar. Ele notou que crianças saíam por entre os carros estacionados. Então, diminuiu a velocidade porque achava que estava vendo alguém entre os carros. Mas o seu carro passou e nenhuma criança apareceu. Em vez disso, um tijolo foi atirado fortemente na porta do seu Jaguar. Ele freou o carro bruscamente, e deu marcha a ré até o lugar de onde o tijolo tinha sido atirado. O motorista raivoso pulou fora do carro, agarrou o primeiro menino que viu à sua frente e o encostou ao seu carro, enquanto gritava: “Mas o que é isto que você fez? E quem é você? A troco de que você fez isso? Não vê que meu carro é novo e que vai custar muito dinheiro para consertar o estrago que você fez?” O pobre menino pediu desculpas e disse: “Por favor, sinto muito, senhor, mas eu não sabia mais o que fazer para poder chamar a atenção de alguém para me ajudar. Eu joguei o tijolo porque ninguém queria parar...”. Com lágrimas nos olhos escorrendo pelo seu rosto até o queixo, o jovem apontou ao lado do carro estacionado. “É o meu irmão”, ele disse. “A cadeira de rodas dele escorregou na sarjeta e ele caiu, mas eu sozinho não tenho forças para erguê-lo”. Soluçando, o menino pediu ao executivo espantado: “O senhor pode, por favor, me ajudar a colocá-lo de volta na cadeira? Ele se machucou e é pesado demais para mim”. Emocionado e sem palavras, o motorista parecia

sentir um bola em sua garganta. Rapidamente, ergueu o rapaz e o colocou em sua cadeira de rodas. Depois, tirou o seu lenço de linho, e limpou seus arranhões e cortes. A seguir, verificou que tudo iria ficar bem. “Obrigado, e Deus te abençoe”, disse o menino agradecido àquele executivo estranho. Abalado e sem poder falar, aquele homem simplesmente ficou olhando o menino empurrar o seu irmão na cadeira de rodas pela calçada afora em direção à sua casa. Foi uma longa e demorada volta para o Jaguar. O estrago era visível, mas o motorista nunca se incomodou em consertar aquele amassado da porta. Ele o deixou lá para lembrá-lo desta mensagem: “Nunca vá tão apressadamente pela sua vida que alguém precise atirar um tijolo em você, para chamar a sua atenção!” Deus sempre sussurra aos nossos ouvidos e fala ao nosso coração, mas muitas vezes não temos tempo para ouvir. Talvez até Ele precise atirar um tijolo em nós de vez em quando, para nos alertar e chamar a nossa atenção. A escolha é nossa, de ouvir ou não. Se Deus tivesse uma geladeira, a sua foto estaria na porta. Se Ele tivesse uma carteira, sua foto estaria nela. Ele envia flores para você todas as primaveras. Ele envia para você um sol brilhante todas as manhãs. Acredite, amigo, Ele ama você de verdade. Deus nunca prometeu dias sem dores, riso sem tristezas, sol sem chuva, mas Ele prometeu forças para cada dia, consolo para cada lágrima, e luz para o seu caminho. Se Ele aflige, Ele também alivia e cura. Anônimo. Trad. J. W. Faustini, 2011

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CRISTIANISMO

Século XXI: cultura

cristã

hoje é contra-cultura?

DULCE VIEIRA FRANCO DE SOUZA

Hospitalidade Meus avós, paternos e maternos, eram bastante hospitaleiros. E meus pais herdaram deles a tradição da hospitalidade. Sempre atendíamos os que chegavam com o melhor que tínhamos: as melhores roupas de cama, as melhores quitandas (quitutes). Tínhamos latas de biscoitos secos, sequilhos, entre outras, bem guardadas para o caso de chegar alguma visita. Meus irmãos e eu muitas vezes recebíamos uma gentileza maior que julgávamos merecer e, quando perguntávamos a razão disso, a resposta sempre nos surpreendia: “Quando passávamos na casa de seu avô, a cavalo ou em carro de boi, sempre éramos bem recebidos: pouso, comida, atenção....” “Lança o teu pão sobre as águas, porque depois de muitos dias o acharás. Reparte com sete e até com oito, porque não sabes que mal haverá sobre a terra” (Ec 11.1-2). Parece um contra-senso repartir pensando no futuro. Matematicamente, o mais lógico seria guardar para o futuro. Que desperdício repartir! Na lógica do mundo, deveríamos guardar, poupar. Na lógica do Reino, repartir! Hospitalidade, pureza... Palavras e atitudes que vão ficando fora de moda até entre os protestantes. 4 Alvorada

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Quarto de visitas? - “Nem pensar. Melhor uma sala de TV, de preferência de alta tecnologia.” Receber visitas? – “Só com agendamento.” “Visitas? Não! Invadem nossa privacidade, dão trabalho, atrapalham a vida dos meninos, etc. Se não tivermos como escapar, levaremos a um hotel e chega!” Hospitalidade é coisa do passado, quando não existiam bons hotéis, nem alimentos com conservantes, nem fartura de roupas. Do tempo em que não existia seguro saúde, seguro viagem. Coisa de quando as estradas eram ruins, com chuvaradas. “Tudo de melhor para o meu filho. Se os avós vierem, que durmam no sofá da sala. Não posso desalojar meu filho do quarto dele! É lá que está o computador, a TV - como se fossem um balão de oxigênio. Sem eles, meu filhinho morrerá!” “Não vos esqueçais da hospitalidade, porque por ela, alguns, não sabendo, hospedaram anjos” (Hb 13.2). As condições econômicas de nosso país melhoraram muito, mas ainda não existe máquina de pajear bebês, enfermos ou velhos dementes. Em algum momento, podemos precisar muito de alguém. Pessoas chegam até nós necessitando de acolhimento, aceitação, incentivo, consolo; precisando achar espaço em nosso coração.

Temos de exercer misericórdia com alegria aos que encontramos em nossa caminhada, diz o apóstolo Paulo em Romanos 13. O escritor Henri Nouwen escreve: “Hospitalidade, portanto, significa primeiramente a criação de um espaço livre onde o estranho possa entrar e tornar-se um amigo, em vez de inimigo. Hospitalidade não é para mudar pessoas, mas para oferecerlhes espaço onde mudanças possam acontecer.” Mudanças que acontecem conosco e com o outro, talvez. A palavra ‘hospitalidade’ no grego significa ‘amor pelos estranhos’, não apenas pelos amigos. D. Assma, minha sogra, sempre serviu ao Senhor com sua casa. Mesmo com poucos recursos, sempre foi generosa. Hoje, muitas pessoas, de alguma forma, retribuem o carinho que receberam dela! “Eu e a minha casa serviremos ao Senhor” (Js 24.15). Que tal disponibilizar minha casa, meu carro, minhas posses para servir ao Senhor? “Dar carona: vou ter que desviar do meu caminho, vai gastar mais gasolina... É meu dia de descanso!” Soube de uma senhora que orava assim: “Senhor, cuida dos meus que estão por aí, enquanto eu cuido dos que estão por aqui.” “Fico pensando se, um dia, meu filho precisar se mudar para outra ci-

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Somos testemunhas das bênçãos advindas da hospitalidade! Quantas pessoas, irmãos, missionários, adultos, adolescentes, jovens passaram por nossa casa. Tomamos refeições juntos e eles são até hoje referências positivas para nossos filhos, para nós todos. dade. Seria bom ele ter um ponto de apoio por lá, alguém que o convidasse para almoçar de vez em quando ou que lhe levasse um chá, quando ele estivesse gripado!” Nossa filha e genro estavam em Roraima, servindo como médicos, e contraíram dengue. Ao saírem do hospital, estavam sem forças até para se manterem de pé. Mas foi uma irmã lá, a Rosirene, e os levou para sua casa e cuidou deles como fez o bom samaritano. Quantos anjos, enviados por Deus na nossa vida e na vida de nossos filhos! Bênçãos concretas do Reino para nós! Só lucramos quando vivemos os

princípios da Palavra. Deus é Deus. Nossa obediência não altera a rotina dele. Mas altera o nosso dia a dia, o nosso caráter, nosso presente e futuro. “Fui moço e agora sou velho; mas nunca vi desamparado o justo nem a sua descendência mendigando o pão. Compadece-se e empresta e a sua descendência será abençoada” (Sl 37.25,26). Somos testemunhas das bênçãos advindas da hospitalidade! Quantas pessoas, irmãos, missionários, adultos, adolescentes, jovens passaram por nossa casa. Tomamos refeições juntos e eles são até hoje referências positivas para nossos filhos, para nós todos. A Revista da Família

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Quantas crianças brincaram em nossa casa, bagunçaram e, agora, nos visitam, enviam convites de casamento, formatura, entre outros. E nós vibramos com cada uma de suas conquistas. Eles continuam a alegrar nossa vida. Casa a serviço do Senhor, hospedagem de anjos, pão achado, velhice amparada, descendência abençoada! Quem não quer isso? “Deram-se a si mesmos, primeiro ao Senhor...” (2Co 8.5). A Dulce, dentista, esposa do Rev. Ablandino Saturnino de Souza, é membro da IPI Botelhos, MG

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REFLEXÃO

Fernando Audibert

A roupa faz a diferença? Sem maiores preocupações com o vestir, o médico conversava descontraído com o enfermeiro e o motorista da ambulância, quando uma senhora elegante chega e, de forma ríspida, pergunta: - Vocês sabem onde está o médico do hospital? Com tranqüilidade, o médico respondeu: - Boa tarde, senhora! Em que posso ser útil? Ríspida, retorquiu: - Será que o senhor é surdo? Não ouviu que estou procurando pelo médico? Mantendo-se calmo, contestou: - Boa tarde, senhora! O médico sou eu, em que posso ajudá-la? - Como? O senhor? Com essa roupa? - Ah, senhora, desculpe-me! Pensei que a senhora estivesse procurando um médico e não uma vestimenta... - Oh! Desculpe, doutor! Boa tarde! É que, vestido assim, o senhor nem parece um médico... - Veja bem as coisas como são. - disse o médico - As vestes parecem não dizer muitas coisas, pois, quando a vi chegando, tão bem vestida, tão elegante, pensei que a senhora fosse sorrir educadamente para todos e, depois, daria um simpaticíssimo “boa tarde!”. Como se vê, as roupas nem sempre dizem muito... Um dos mais belos trajes da alma é a educação; sabemos que a roupa faz a diferença, mas o que não podemos negar é que: falta de educação, arrogância, falta de humildade, pessoas que se julgam donas do mundo e da verdade, grosseria e outras “qualidades” derrubam qualquer vestimenta. Bastam, às vezes, apenas 5 minutos de conversa para que o ouro da vestimenta se transforme em barro. (autor desconhecido)

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A verdadeira simpatia RUTH BREMGARTNER ALENCAR NETO

O ser humano é amplamente regido pela visão. Sua percepção das pessoas surge principalmente da impressão que lhe passam através da vestimenta, do perfume, etc, e também através do comportamento dos outros. Se uma pessoa se apresenta com simpatia, cordialidade e distribui fartamente elogios e bajulações, ela é prontamente aceita! É o pacote completo: pessoa bonita, simpática, falante e que sabe amaciar o ego de muita gente! No entanto, há pontos de vista mais profundos do que as pessoas pensam ser uma pessoa bem educada. Eu chamo isso de verdadeira simpatia. Quem é o melhor exemplo de pessoa verdadeiramente simpática? Jesus! Não podemos imaginar que ele fosse o homem mais bem vestido da sua época. Certamente, vestia-se decentemente e com humildade, sem soberba, claro. Seria ele o homem mais simpático daquele tempo? Será que ele nunca divergia de ninguém apenas para ser simpático e cordial? Será que todos o amavam como são amados os políticos em época de eleição? Tenho certeza que a resposta a essas perguntas é um grande não! Por quê? Eu sei. Porque ele não estava interessado em conquistar coisas terrenas, prestígio, reputação, honra de seres humanos ou glória para si mesmo.

Seu interesse era e é conquistar pessoas para o reino de Deus e, aí sim, ele usava sua verdadeira simpatia, através das suas obras de amor, de cura, de milagres, de falar a verdade, de mostrar o erro e de ser duro, quando necessário. Ele não queria se engrandecer, porque toda a grandeza do mundo já lhe pertencia! Assim somos nós, os crentes! Toda grandeza e glória do mundo nos pertencem, porque somos coherdeiros juntamente com Cristo! Então, independentemente da roupa que vestimos ou da educação e simpatia que mostramos, podemos ser pessoas verdadeiras, além da aparência de bonzinho, falando a verdade, sem manipular os outros com bajulações para aumentar o status na igreja ou no trabalho! Podemos, sim, ser verdadeiramente simpáticos com o intuito de levar pessoas perdidas a Cristo, mostrando amor verdadeiro, humildade e vendo milagres acontecerem por nossa instrumentalidade, em nome de Jesus. Por isso, eu digo e repito: Ser simpático ainda é pouco, porque já conheci grandes falsos e mentirosos, que eram as mais belas e simpáticas pessoas do mundo, assim como é o próprio Diabo, que pode parecer bonito e simpático, mas, na verdade, é mau. Deus não vê como o ser humano! Deus vê o coração! Por isso, quero ser e convido a todos a serem verdadeiramente simpáticos!

Independentemente da roupa que vestimos ou da educação e simpatia que mostramos, podemos ser pessoas verdadeiras, além da aparência de bonzinho, falando a verdade, sem manipular os outros com bajulações para aumentar o status na igreja ou no trabalho! Podemos, sim, ser verdadeiramente simpáticos com o intuito de levar pessoas perdidas a Cristo, mostrando amor verdadeiro, humildade e vendo milagres acontecerem por nossa instrumentalidade, em nome de Jesus.

A Ruth é servidora pública em Brasília, DF (www.agenciadivina. com.br)

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Marina Silva Entrevista

“Do Seringal a Brasília, em todos os momentos, eu percebo a mão de Deus sobre mim”

MARCOS STEFANO

Ela foi a mais jovem senadora da República. Mas até os 16 anos era analfabeta. À frente do Ministério do Meio Ambiente, mostrou coragem na defesa de um futuro diferente, baseado no respeito à natureza e na sustentabilidade. A mesma coragem dos tempos de líder seringueira, ao lado de Chico Mendes. Foi candidata a presidente do Brasil – e, muitos acham, tinha as melhores propostas para o país e deveria ter ganhado. Entretanto, durante muito tempo, era conhecida somente de uma enorme floresta. Sonhou ser freira. Mas converteu-se ao protestantismo. Sofreu com a contaminação por metais pesados, a ponto de sair de casa e de esquecer para onde ia ou mesmo onde estava. A vida de 8 Alvorada

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Maria Osmarina Marina Silva, ou simplesmente Marina Silva, é por si só um verdadeiro testemunho. Nascida em 8 de fevereiro de 1958, em Breu Velho, no Seringal Bagaço, AC, teve dez irmãos, dos quais, três morreram. A mãe faleceu quando Marina tinha apenas 15 anos, o que tornou a vida ainda mais difícil. A menina acordava às 4 horas da madrugada, cortava gravetos, pegava seringuins, acendia o fogo, preparava o café, uma salada de banana perriá com ovo, e ia trabalhar. Aos 16 anos, contraiu hepatite. Seu histórico ainda incluiria malária e leishmaniose. Deixou a floresta com a permissão do pai, para se tratar na capital Rio Branco. Como queria ser freira e a avó dizia que freira não podia ser analfabeta, aprendeu a ler e a escrever no Mobral, trabalhando como empregada doméstica para se sustentar. Naquele tempo, não podia imaginar que cursaria a Faculdade de História e faria pósgraduação em psicopedagogia. Antes, porém, Marina se inscreveu em um curso de liderança rural

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e conheceu o líder seringueiro Chico Mendes, com quem fundaria, em 1984, a Central Única dos Trabalhadores (CUT), no Acre. Filiada ao PT, foi vereadora e deputada estadual, e chegou ao Senado com apenas 36 anos. Uma das primeiras vozes a defender a importância do governo brasileiro assumir metas de redução das emissões de gases que provocam o efeito estufa, tornou-se ministra do Meio Ambiente em 2003, a convite do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Sairia de lá cinco anos depois, inconformada por enfrentar dificuldades para dar continuidade à política tão necessária de defesa do meio ambiente. Os desacordos também fariam que deixasse o PT e fosse para o PV, sigla pela qual disputou a presidência, obtendo a terceira colocação e

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Na campanha eleitoral, a senhora falou sobre “investir nos jovens” e “recuperar sonhos e utopias”. Isso tem a ver com a sua própria experiência? Marina: As utopias são como o motor que impulsionam o barco da vida para frente. Cada um vai tendo a sua experiência de vida. Algumas pessoas não dão combustível para o motor. Elas se transformam em seres tão pragmáticos, achando que, assim, vão mais longe e alcançarão melhor seus objetivos, mas se esquecem de alimentar o motor da utopia, que empurra o barco para a frente. E ficam apenas olhando para a popa, para a frente do barco, como se fossem os objetivos, mas deixando o rio lhes levar. Eu prefiro colocar as utopias como a energia que impulsiona o barco da minha vida para frente a descer a correnteza de qualquer jeito, empurrada pelo pragmatismo que me governa em lugar de governar a vida pelos princípios e por aquilo que se almeja.

cerca de 20 milhões de votos. Apesar da ascensão, nunca se deixou seduzir pelo sucesso. Sempre foi uma lutadora, mulher de uma causa. Mas, nesse meio tempo, descobriu uma causa ainda maior pela qual lutar: o Evangelho de Jesus Cristo. “Sempre fui religiosa. Mas, quando parecia não haver solução para mim, doente que estava, encontrei o Deus da bênção”, afirma ela. Curioso! Marina não se converteu porque foi curada! Essa bênção veio somente mais tarde, depois que Deus lhe mostrou que deveria tomar um remédio experimental. Porém, percebendo o cuidado divino com sua vida, entregou tudo ao Senhor e tornou-se membro da Assembléia de Deus.

Falando um pouco sobre os tempos no seringal, pouca gente compreende a real dimensão daquilo que a senhora passou por lá. O que mais ficou marcado em sua memória dessa época? Marina: A minha convivência com a minha família e com a floresta, que era o lugar de onde tirávamos todo o nosso sustento. Era a nossa indústria natural. Tirávamos os peixes, os frutos. Todos os nutrientes vinham da roça de subsistência. Ficou o entendimento de que a nossa vida e a nossa proteção de❯❯

Aliás, garante ela, o futuro a Deus pertence. Ela até gostaria, mas ainda não sabe se vai disputar novamente a presidência em 2014. Por hora, dedica-se a dar aulas, palestras e à criação do Instituto Marina Silva, instrumento pelo qual pretende levar adiante, de modo apartidário, sua luta em defesa do meio ambiente. Para falar sobre isso, suas experiências e motivações, Marina deu um tempo em sua carregada agenda para falar com Alvorada. E, apesar de magra e aparentemente frágil, mostrou-se gigante em suas declarações: “Os evangélicos devem tomar uma posição. É muito difícil amar o Criador, sem respeitar a criação”.

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Quanto mais informação e quanto mais mobilização, maior será a possibilidade de que as pessoas transformem a consciência em atitude. Mas é fácil ter o discurso; difícil é ir para a prática.

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ao longo do caminho. E consigo ver isso claramente quando identifico na Bíblia tudo aquilo que eu falo em relação ao desenvolvimento sustentável e ao meio ambiente, como sendo algo que já estava ali, como princípio, como valor, como ordenança. Então, eu sinto gratidão. Gratidão por, como diz a Palavra, ir aprendendo no caminho.

pendiam da floresta, assim como a nossa segurança, em todos os sentidos: econômico, social e ambiental. Aprendi a ter um grande amor pela natureza. Aprendi também com as pessoas com as quais eu convivia. Ficou presente esse aprendizado. Foi uma verdadeira escola. Ao mesmo tempo, a força e a influência da minha avó, assim como a firmeza da minha mãe, mesmo tendo morrido tão jovem. Ela era uma mulher firme e determinada. A leveza do meu pai, a relação dele que, mesmo sendo uma pessoa simples, tinha um profundo respeito pelas mulheres, pela minha mãe e pela minha avó. Somos sete filhas mulheres, sendo que o segundo filho homem morreu com sete dias de nascido. Mesmo vivendo na floresta, só fui descobrir o machismo quando fui para a cidade. Como vivíamos isolados, e meu pai sempre foi um profundo respeitador do caráter feminino, e minha mãe uma mulher sábia e forte, sempre achei que os homens e mulheres eram iguais. Depois, na cidade, na periferia onde morei, aos 16 anos, eu vi que as mulheres obedeciam e os homens mandavam, que havia coisas que os homens podiam fazer e as mulheres não. Eu achava isso muito estranho. É uma lembrança forte.

Na adolescência, seu sonho era tornar-se freira. No entanto, a senhora virou uma evangélica convicta. Quando pensa nessa mudança, o que passa por sua mente? Marina: Que Deus foi cuidando de mim ao longo do caminho. Eu devo a minha fé cristã ao esforço da minha avó, que era católica praticante. E, lá na floresta, sem ter pastor, padre, hospital, escola, ela me passou os rudimentos da fé cristã. E isso foi uma bênção na minha vida. Eu tinha o sonho de ser freira, e ela dizia que freira não podia ser analfabeta. Foi assim que acabei estudando. E hoje sou cristã evangélica. Tenho uma relação de respeito e amizade com todos os meus irmãos católicos. Para mim, é muito cara essa primeira experiência, sobretudo dos valores na política, que são oriundos da teologia da libertação, que forjaram um caráter muito consistente na ética. Leonardo Boff, Clodovis Boff, Dom Moacyr Grecchi são referência para mim. Vejo que Deus foi cuidando e levantando pessoas

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Quando olhamos para sua biografia, inevitavelmente, vemos seu compromisso ético, sua alfabetização somente aos 16 anos e sua luta contra doenças como a contaminação por metais pesados, a malária e a leischmaniose. Quais são suas motivações pessoais? Marina: Você tem uma causa, uma visão. Você não precisa ter uma motivação pessoal específica. Tudo o que você faz acaba sendo parte da causa. O que te motiva é fazer aquilo que seja o melhor, o mais justo e importante para se viver. Se você pode fazer isso como professor, como professor é que você vai fazer. Se você é um ministro de estado, vai tentar fazer o mesmo. O que me motiva é o propósito em si de que chegamos à “era dos limites” e os limites do planeta precisam ser respeitados.

As acusações de frear o desenvolvimento econômico por conta das licenças ambientais ainda a incomodam? Marina: O que me incomoda é a falta de compreensão que as pessoas têm desse encontro entre ecologia e economia. Elas acham que é impossível sobrepor economia e ecologia. E não se trata disso. Trata-se de integrar as duas coisas. Esse discurso de que os esforços para que os empreendimentos sejam integrados à responsabilidade social e ambiental atrapalham o desenvolvimento refere-se a um desenvolvimento a qualquer custo, a qualquer preço. E há um custo muito alto, quando essas questões não são adequadamente tratadas. Isso é que o me incomoda. Mas não a taxação em si sobre mim ou minha equipe. As pessoas não percebem que, ao dizerem isso, estão se denunciando completamente analfabetas para o que está acontecendo no mundo. Principalmente quanto à ameaça das mudanças climáticas e aos graves problemas que nós já estamos vivendo como conseqüência. É só olhar os desastres que estão acontecendo no mundo e no Brasil. Todo ano a gente paga um preço alto por essa falta de compreensão.

O que está fazendo agora? E quais são seus planos para o futuro? Pretende candidatar-se em 2014?

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Marina: Estou voltando para as minhas atividades na sociedade civil. Durante 16 anos, eu fiquei como senadora. Foi consciente a decisão de não concorrer a um terceiro mandato no Senado. Isso iria ficar parecendo um emprego, sem criticar aqueles que estão lá há mais tempo. Mas chegou o tempo de encerrar essa contribuição no Senado. Eu queria ter a experiência de voltar para a sociedade novamente. Tendo passado por uma campanha presidencial, depois de debater os temas, em especial da economia integrada à ecologia, e da receptividade que teve todo esse tema, cada vez mais eu tenho clareza de que é fundamental o envolvimento nessa agenda de mobilização e de educação para a sustentabilidade. Estou criando o Instituto Marina Silva para cuidar dessa agenda. Será um trabalho que não terá vínculo partidário, mas, no meu entendimento, será benéfico para a sociedade e para todas as pessoas que queiram se envolver com o grande desafio de uma nova forma de encarar os desafios de como atender as nossas reais necessidades, legítimas necessidades, sem comprometer os direitos, também legítimos, daqueles que ainda não nasceram. Não vou me colocar a priori no lugar de candidata. Não quero fazer dessa questão da candidatura uma cadeira cativa nesses próximos quatro anos. Eu quero trabalhar pelo projeto. Junto com o partido e junto com os diferentes segmentos da sociedade, de uma forma não-partidária. Para mim, as eleições e o processo político compõem um elemento dessa agenda de grande transformação de que o Brasil e o mundo precisam. Não é o único ponto, mesmo que importante. Temos que nos dedicar a todas as frentes. Se, chegando em 2014, essa frente da política institucional for algo a que, porventura, eu sinta um chamamento legítimo, de que novamente deva contribuir, aí é uma decisão para a qual peço a Deus que me dê sabedoria para fazer a escolha correta. Mas não ficarei ansiosa para que eu seja a candidata. Assim como fui a candidata que representou essa proposta em 2010, é possível que surja outro nome para representar essas idéias. Quero estar aberta para aquilo que seja o melhor. Não significa que o melhor seja você o candidato.

No segundo trimestre de 2011, temos datas como o 15/4 (Dia Nacional de Conservação do Solo); 19/4 (Dia dos Povos Indígenas); 22/4 (Dia do Planeta Terra); 22/5 (Dia Mundial da Biodiversidade Biológica); 5/6 (Dia Mundial do Meio Ambiente). Qual a importância delas? Mais mobilização em torno destes temas, por parte da mídia, das igrejas e do governo, ajudariam de alguma forma?

Marina: Com certeza ajuda porque uma boa parte das mudanças que precisa acontecer no Brasil e no mundo diz respeito a um processo de tomada de consciência das pessoas. Para mudar de atitude, é necessário primeiro mudar a visão. Sem mudar a visão, você vai continuar repetindo as mesmas atitudes errôneas de tratar o planeta como se ele tivesse recursos naturais infinitos. Nós já chegamos à “era dos limites”. Hoje, destruímos a biodiversidade numa velocidade muito maior do que destruíamos antes. Isso vai ter graves conseqüências para o equilíbrio do planeta, principalmente nas atividades econômicas, como é o caso da agricultura. A perda de biodiversidade vai nos levar a uma grande perda de produtividade. Principalmente pela destruição dos agentes polinizadores, como indicam vários estudos. Quanto mais informação e quanto mais mobilização, maior será a possibilidade de que as pessoas transformem a consciência em atitude. Mas é fácil ter o discurso; difícil é ir para a prática. Agora, é quase inevitável que as pessoas, ao se depararem com esse dado da realidade da escassez dos recursos naturais, acabem por quebrar o círculo vicioso de uma mente cauterizada, que trata a natureza como se ela fosse, por um lado, a nossa despensa, dando tudo o que necessitamos, e, por outro, como se ela fosse o lixo, que vai agüentar tudo o que descartamos e jogamos nela, sem nenhum cuidado em relação às conseqüências.

Como a senhora vê a participação das igrejas evangélicas na defesa do meio ambiente? Marina: Vejo como uma questão de coerência. Sempre digo que é muito difícil dizer que se ama o Criador sem respeitar a criação. E as pessoas, ao longo da história, foram corretamente procurando amar e glorificar a Deus por Ele mesmo, mas a grande obra de criar as condições para que a vida pudesse acontecer e continuar acontecendo aqui na terra foi ficando para um plano secundário. A Bíblia claramente nos dá isso como uma ordenança, quando diz que Deus colocou o ser humano no jardim para cultivar e guardar. Ou seja, para usar os recursos naturais de modo geral, mas fazendo isso com cuidado. Cuidado no sentido de cultivar. Você extrai e vai fazê-lo de uma forma que a natureza continue se recuperando e se regenerando. Nós fomos dominando a terra e tudo o que nela há, sem essa dimensão do cuidado que está em Gênesis 2.15.

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CONSCIÊNCIA ECOLÓGICA

DE 5 JUNHO

DIA MUNDIAL DO

MEIO AMBIENTE

O

cristão ecológico

JOSÉ ANDREZ NUNES

Quatro meses. Esse foi o período que uma comunidade ficou isolada num dos afluentes do Rio Negro que, junto com o Rio Solimões, forma o Rio Amazonas. Quatro meses em que barcos e canoas não entraram ou saíram, dificultando a vida de seus moradores. Quatro meses que a população pisa em lama ao invés de navegar nas águas do rio. Nessa comunidade, há um tra-

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balho missionário da IPI do Brasil, através do Programa Amazônia. É conhecida como comunidade Lago do Cacau. O Rio Amazonas, que deságua no oceano Atlântico, sofre o que chamamos de vazante todo ano. Esse fenômeno da natureza ocorre nos meses de agosto a novembro. Mas, desde 2005, essas vazantes têm gerado secas preocupantes. Em muitos municípios, foi decretado estado de emergência no ano de 2010, devido ao iso-

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Na prática Mas não podemos ficar somente no discurso. Devemos agir. Como? Primeiramente, cultivando o hábito do consumo

responsável. Isso significa adquirir algo que seja feito de forma ética, respeitando o valor do equilibrio ecológico, sem agre-

dir ou explorar seres humanos, animais e meio ambiente. Já que todos somos consumidores, atentemos para estas dicas:

Favoreça produtos recicláveis, reutilizáveis ou orgânicos.

Não desperdice água e energia elétrica. Use produtos elétricos que consomem menos energia.

Evite ou boicote produtos que estão associado a procedimentos predatórios.

Alimente-se com produtos produzidos sem pesticidas e agrotóxicos. Se não encontrar no supermercado que freqüenta, sugira ao gerente.

lamento, dificultando a chegada de barcos com suprimentos. No Amazonas e no mundo, a crise ambiental e climática tem feito vítimas. Veja o caso recente ocorrido no Rio de Janeiro. Somente agora o mundo acordou para essa realidade. Mas ainda há muito que se deve discutir a respeito desse assunto. Como devemos agir individualmente para “salvar” os rios, o clima, as florestas? O que sabemos é que todos somos chamados à responsabilidade para com a natureza, inclusive os cristãos.

Corrigindo nossos conceitos

Como você responderia a alguém que acusasse o cristianismo de responsável pelo desrespeito à natureza? Talvez, você franzisse a testa e dissesse: “O quê?”. Aconteceu. Colocaram o cristianismo no banco dos réus, sob acusação de crer que “é da vontade de Deus que o ser humano explore a natureza para suas próprias finalidades”. O “delito” do cristianismo foi adotar o pensamento dualista grego. O dualismo identificava a fonte do caos e do mal como parte da criação de Deus, a saber, a matéria. A criação foi dividida em duas partes: a espiritual (superior e boa) e a material (inferior e ruim). A conseqüência disso é que, se o mundo é ruim, então a meta da vida religiosa é suprimir e fugir dos aspectos materiais da vida.

Em contraste com os gregos, a Bíblia apresenta o mundo material, a princípio, como bom, considerando que, tendo sido criado por Deus, reflete seu caráter bom (Gn 1.31). A Bíblia não identifica o mal com a matéria, mas com o pecado do ser humano, que torce e distorce a criação de Deus originalmente boa. O apóstolo João usa uma palavra comum, mas com sentidos diversos que nos ajuda a compreender como deve ser nosso relacionamento com o mundo. Em 1Jo 2.15, o apóstolo nos exorta a não amar o mundo. A aplicação da palavra neste verso é usada num sentido ético, ou seja, a ordem das coisas que estão alienadas de Deus, conduzidas pelo pecado e orquestrada pelo reino satânico. Já em Jo 3.16, mundo significa a humanidade, objeto do amor de Deus, pelo qual enviou seu Filho para salvação. O mundo natural é o teatro da história humana, que sofre com os dramas e erros cometidos pela humanidade. Começou lá no Éden. O pecado de Adão trouxe trágicas conseqüências para a terra (mundo criado), como maldição, cardos e abrolhos (Gn 3.17,18). Cardos e abrolhos na Bíblia são referência a algo abandonado, sem cuidado ou cultivo. Sua maldição permanece, se assim ela continuar, descuidada. Mas, se receber cultivo e cuidado por parte do ser humano, ela será abençoada (Hb 6.7-8).

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E Paulo, em Romanos 8.19-22, fala da criação num estado decadente, por causa do pecado humano, mas que espera ser libertada ou redimida da corrupção. A imagem é de algo que se degrada a cada dia como em decomposição, até que chegue o dia em “florescerá como o narciso” (Is 35.1). Segundo Paulo, a terra sofre, enquanto sofremos, e será restaurada, quando formos restaurados (Rm 8.23). Dessa forma, o mundo natural está completamente ligado a nós! Baseados nessa compreensão, somos desafiados a viver num relacionamento de cuidado com o planeta Terra. Esse é o Mandato Cultural defendido pelos teólogos reformados, segundo o qual todos somos mordomos ou administradores das coisas de Deus. E Ele é dono de toda a terra (Lv 25.23). A sensibilidade para a necessidade de uma ecologia cristã pode começar a partir de nossos hábitos. Não haverá preservação do meio ambiente natural, sem uma conscientização por meio da educação ambiental, tanto na vida secular, quanto mais nas igrejas. Nossa prática de fé reflete nossa espiritualidade. Tornemo-nos, pois, assim cristãos ecológicos. O Rev. José Andrez é pastor na IPI Cidade Nova e congregações Presbiteriais Amatari e Canaçari, AM

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REFLEXÃO

Dando valor

a quem ainda vale

Ainda não aprendemos muito bem a valorizar e extrair re-significação da s experiências de quem já viveu, já se doou, já cuidou no passado e qu e, hoje, requer e merece te r o cuidado de alguém, da igreja, do pastor mai s jovem, a valorização de sua história, o ouvir de suas experiências, a opor tunidade de sentirse vivo e reconhecido 14 Alvorada

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14 DE JUNHO

DIA DO PASTOR JUBILADO

WANDERLEY DE MATTOS JÚNIOR

Dizem que o brasileiro não tem memória, nem a nutre. Acho que é verdade. Por exemplo: poucos são os que lembram os nomes dos vereadores e deputados para os quais votaram na penúltima eleição. Basta perguntar e você verá! Mas não é só na política que a memória do brasileiro é curta; também temos pouca memória histórica: não conservamos os nossos monumentos como deveríamos; não mantemos as belíssimas construções antigas; desvalorizamos os marcos do passado e mal nos lembramos dos que foram heróis e causaram impacto em seu tempo, afetando positivamente o nosso presente. Parece que, na igreja, acontece a mesma coisa. Tal como os antigos edifícios de singular beleza arquitetônica e importância histórica são impiedosamente derrubados para dar lugar a construções modernas de gosto duvidoso, tendo em vista a exploração imobiliária – ou seja: resultado, lucro, ganho –, aqueles que foram ícones no passado logo são substituídos pelos novos, que apresentam melhores resultados. E, assim, enterramos a memória e, junto com ela, as pessoas, antes mesmo que elas morram de fato. No início deste ano, minha caixa de entrada foi vigorosamente inundada por diversos e-mails trocados entre alguns colegas pastores da IPI acerca da querida viúva de um conhecido pastor já falecido. Os e-mails contavam, cheios de emoção, o estado desolador em que ela se encontrava, internada em uma clínica, já não mais alegre e exuberante como fora; pelo contrário, irremediavelmente afetada por fortes medicamentos, dependente dos outros e quase sem memória, exceto a dos hinos que embalaram sua alma de outrora, aos quais ainda podia acompanhar. Tais e-mails geraram comoção e ação. Pastores foram visi-

tá-la, idéias surgiram, ações concretas foram e ainda serão tomadas como resultado. Tudo isso porque alguém se lembrou do que esta viúva fora no passado e, por amá-la e por amar seu marido, pastor, decidiu mobilizarse, e isso gerou ações concretas em favor desta mulher, mas tendo em vista também outras, que possam estar em situação mais – ou menos – semelhante. Talvez esta seja a história do pastor que, de maneira quase invisível, se assenta num dos bancos da sua igreja, quieto, quando antes era um reconhecido comunicador. Talvez esta seja a história da esposa de um pastor que já se foi, vivendo sozinha agora, sem ter alguém que a apóie, ouça e incentive. Talvez esta seja a minha ou a sua história daqui a 30, 40 ou 50 anos, quando já não formos mais proeminentes oradores, capazes empreendedores ou reconhecidas esposas de disputados pastores. Então, estaremos jazendo no esquecimento, sem que nossa experiência e história sejam mais solicitadas. A cultura ocidental, em especial a brasileira, ainda não descobriu bem o valor de quem já foi – quase que só sabe reconhecer o valor de quem é. Ainda não aprendemos muito bem a valorizar e extrair re-significação das experiências de quem já viveu, já se doou, já cuidou no passado e que, hoje, requer e merece ter o cuidado de alguém, da igreja, do pastor mais jovem, a valorização de sua história, o ouvir de suas experiências, a oportunidade de sentir-se vivo e reconhecido, quer por um jovem estranho que se converta em futuro amigo-ouvinte ou por um conterrâneo dos tempos de então, com quem as memórias sejam partilhadas e boas gargalhadas de lembranças do fundo do baú sejam evocadas e deliciosamente saboreadas. Há um espaço que ainda carece ser preenchido de maneira mais adequada. O de quem A Revista da Família

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or Descubra quem é o past jubilado ou a viúva de pastor ao qual – ou aos çoar quais – você pode aben o com sua vida e faça diss um ministério de amor, o da renovação e manutençã isto memória do Corpo de Cr

já foi. Há um ministério que pode despertar vocações: o de puxar uma cadeira, sentar-se ao lado e ouvir histórias de épocas que já não existem mais (exceto na rica lembrança dessas pessoas!). Certamente a exuberância e espontaneidade do jovem causarão benefícios a quem um dia já viveu, mesmo que em outros tempos e contextos, a mesma juventude que parece ser eterna e imutável aos que a detém. Nos últimos 12 meses, estive em alguns cultos de jubilação de colegas pastores. Ouvi os testemunhos, vi as homenagens, analisei o comportamento dos colegas ao serem oficialmente “aposentados”, percebi como a disposição frente à nova condição varia de pastor para pastor. Porém, em todos os casos, constatei demonstrações de amor e gratidão, testemunhos da importância de sua vida e ministério na vida das ovelhas, vi homenagens às esposas, o reconhecimento do seu papel e o iniciar de uma nova fase na vida, que pode, sim, ser muito boa, desde que o pastor se prepare consciente e adequadamente para isso. A igreja tem o privilégio de ser um organismo vivo, composto por membros que exercem as mais diversas funções. Do mesmo modo como aprendemos novas habilidades motoras ou cognitivas ao praticar um novo esporte ou falar um novo idioma, a igreja tem a grande possibilidade de desenvolver novas habilidades, tais como a de abraçar, acolher, cuidar, visitar, ouvir, perguntar, participar, rir, interessar-se, envolver-se, interagir, convidar, comungar, adotar, enfim, amar pastores jubilados e viúvas de pastores – desde que se disponha a isso. Pode ser uma ação individual, pode ser um programa diaconal, pode ser uma iniciativa departamental ou conciliar, pode ser um programa oficialmente implantado pela Assembléia Geral, não importa. O importante é redescobrir o valor das pessoas que já valeram – e ainda valem muito – e, assim, lançar luz, alegria e esperança no futuro que nos aguarda! Descubra quem é o pastor jubilado ou a viúva de pastor ao qual – ou aos quais – você pode abençoar com sua vida e faça disso um ministério de amor, renovação e manutenção da memória do Corpo de Cristo . O Rev. Wanderley, tradutor e intérprete, é pastor da IPI do Brasil

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Uma melodia

CARTAS

Milhões de flores nos esperam nos jardins; As searas, os campos, breve, estarão floridos; Aves voam alto, nos folguedos divertidos; Vislumbra-se, ao longe, a imensidão dos confins... Da casa da colina, o riacho coleia o monte. Suas águas cristalinas refletem o sol poente... Nuvens brancas contrastam o azul do horizonte; A noite veste o véu, a terra dorme contente... Ouve-se, nas alturas, mavioso coral. Louva e entoa o seu canto angelical. Parece que essas vozes aos céus vão subindo... De repente, a melodia fica quase inaudível. Transforma-se num sussurro: doce... Incrível! Anjos fazem sinal: Jesus estava ouvindo! Laercio Borsato membro da 1ª IPI de Poços de Calda, MG www.sonetos.com.br

Recebi a última revista e, no domingo, depois do almoço, me sentei para “desfrutá-la”. Comecei pela capa, linda, que já mexeu comigo. Como vou gastar este grande presente? Que eu saiba viver cada dia de maneira que agrade o doador. Que ele me ajude a ser fiel e obediente ao seu mandar! O editorial está excelente. Continuei na reflexão e gostei muito. O meu cálice foi enchendo a cada página. O “Não deixe para amanhã”, tão oportuno para os adiadores. O hoje, que é nosso, e tantas vezes jogamos fora! Se não gastarmos com sabedoria o hoje, não teremos o que relembrar, quando o inverno chegar, e o futuro também será perdido. Fui lendo página por página e louvando a Deus pelos seus autores. Gostei de conhecer o Delosmar. Que exemplo para os que estão desanimados diante dos desafios da vida! Que trabalho maravilhoso o do Rev. Gessé! Que exemplo de obediência ao “ide” e ao “andar em amor”! Deus o abençoe! Quando cheguei à última página, o meu cálice transbordava de alegria e gratidão pelas mensagens que tanto tocaram o meu coração. Por último, estava na Santa Casa, acompanhando o marido (há 64 anos), quando encontrei no corredor os Doutores da Alegria. Um deles correu ao meu encontro. Alegre, me abraçou carinhosamente. Quem era? Um amado irmão, num trabalho muito necessário e feito com todo amor e sabedoria. Vi a reação dos doentes que esperavam ser atendidos. Fez bem a todos a presença daquele grupo, naquele lugar, naquela hora. Aprendi muito sobre eles no “Evangelismo Criativo”, publicado também na revista. Ruth de Campos Santos, diaconisa emérita da IPI Central de Presidente Prudente, SP

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SECRETARIA DA FAMÍLIA

Realidade e possibilidade na

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vida familiar

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Atualmente, muitas famílias têm sucumbido por causa da ambição humana. No afã de ser bem sucedida em áreas diversas, a família tem sido tratada de maneira relapsa.

ALEX SANDRO DOS SANTOS

Definitivamente, edificar uma família não é simples. Casar-se e ter filhos pode ser considerado fácil para muitos, mas solidificar a família não é a mesma coisa. A vivência cristã exige humildade nos relacionamentos, devoção a Deus e respeito aos ciclos da própria vida. Diante destas exigências, muitas pessoas encontram grandes dificuldades para uma espiritualidade saudável. Todos que desejam cumprir os propósitos de Deus vêem este quadro se complicar ainda mais quando, além de administrarem a si próprios, precisam harmonizar sua vida com a dos demais membros da família. Controlar o orgulho próprio é difícil. Mas proporcionar um ambiente em que a humildade seja valorizada pelos filhos e cônjuge é muito mais. Exercitar os hábitos de diariamente ler a Bíblia, dialogar com Deus por meio da oração, semanalmente ir à igreja para edificação exigem um elevado controle da agenda pessoal

e uma batalha contra a procrastinação. Ao tentar transportar esses hábitos para o núcleo familiar, depara-se com as dificuldades de orar e estudar a Bíblia em conjunto. Se muitos têm dificuldades em aceitar as mudanças que ocorrem, pois passam por fases diferentes (estética, idade, profissão, valores), sabemos que este processo de mudança se atenua quando temos, debaixo de um mesmo teto, pai, mãe, filhos e irmãos, que enfrentam outras mudanças (e tudo ao mesmo tempo). Biblicamente, o relato da queda mostra uma crise na família (Gn 3). Adão e Eva não eram apenas homem e mulher, mas, sim, marido e esposa. Sendo assim, instalou-se no Éden uma crise na instituição familiar. Os conflitos e as tensões geradas no ato da desobediência não estão focados apenas na ação individual, mas na fragilidade de uma família. Quando a serpente induziu a esposa e o marido ao erro, fez surgir a natureza pecaminosa. Esta natureza só pode ser modificada através do senhorio de Jesus Cristo. Desta forma, a graça de Deus

revelada em Jesus deve ser vivida individualmente e em família. A crise que teve início no Éden afetou o relacionamento dos irmãos Caim e Abel (Gn 4), também se manifestou nas ações dos patriarcas (Gn 12 – 50) e continua até hoje. Contudo, essas tensões podem ser superadas. A superação é possível através da ação do Espírito Santo de Deus no ser humano. Esta é a ação divina que auxilia a família a superar suas fragilidades e que concede forças para o cumprimento dos deveres e responsabilidades instituídos por Deus. A plenitude do Espírito deve ser alvo da nossa espiritualidade, conforme o apóstolo Paulo orientou aos irmãos da Igreja de Éfeso (Ef 6), fazendo um paralelo entre o relacionamento conjugal e o exemplo de Cristo com a igreja e, ao mesmo tempo, exortando acerca do relacionamento entre pais e filhos. Somente movidos pelo Espírito Santo, conseguiremos praticar em nossa família o que Paulo nos orienta. Membros da família devem aten-

À minha neta Anna dorme qual um anjo do Senhor! Sobre o travesseiro de rósea cambraia, Acaricia seu rosto encantador A brisa macia da tarde que desmaia. Vejo da janela, no jardim, uma flor Sobrepondo a moita duma samambaia: A rosa vermelha contrasta o verdor... Um sabiá gorjeia, do cedro, em atalaia!

Quanta alegria ao vê-la despertar e tê-la Na tranqüilidade! Essa princesa é a estrela Mais linda e brilhante que meu Deus já fez... Quanta maravilha! Dádivas do Pai eterno! Cuidou de nosso anjo no ventre materno, Deu-lhe inteligência e total lucidez! Laercio Borsato

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der ao chamado de Deus para que sejam uma bênção aos seus familiares. No chamado de Deus direcionado a Abrão, quando este estava em Ur dos Caldeus, há uma palavra do Senhor que ecoa até hoje. Deus o chama para ser uma bênção. O imperativo é este: “Sê tu uma bênção!” (Gn 12.2). Ser uma bênção é transmitir a graça de Deus a outras pessoas. Deus afirma que através dele “serão benditas todas as famílias da terra” (Gn 12.3). A promessa e o chamado a este

homem necessariamente passavam pela edificação de uma família. Desta forma, para ser um canal da graça para todas as demais famílias, necessariamente ele deveria sê-lo primeiramente para a sua. Abrão (Abraão), Sarai (Sara), Isaque, Hagar, Ismael, Quetura, Zinrã, Jocsã, Medã, Midiã, Isbaque e Suá (Gn 25.1-2) estavam longe de ser uma família perfeita, mas foram alvos da graça e misericórdia de Deus. Mesmo diante das dificuldades e

Comportamentos e sentimentos não resolvidos em nossa espiritualidade provocam grandes impasses em nosso lar.

Relacionamentos e seus CRISTINA SILVA SOUZA

Certa vez, me perguntaram: -Como você explica o fato de o homem não querer se casar? Foi uma pergunta bem direta. Parei para refletir e vieram à minha mente outras questões: - Por que as pessoas se separam? - Por que viúvos e separados não se casam novamente? - Por que filhos saem da casa dos pais e moram sozinhos? Cada questão daria um longo estudo. Grosso modo, vamos pensar como um todo e, para refletir, faço um novo questionamento: -O que faz com que os relacionamentos se tornem vazios e as pessoas se isolem cada vez mais umas das outras? Levanto três possibilidades: • Medo • Valores • Busca de prazer As pessoas sentem medo de sofrer; não confiam uma nas outras. “Prefiro ficar sozinha a correr o risco de sofrer” (relato de uma jovem de 37 anos, solteira). Casais não convivem bem, não se suportam. “Ele não faz nada em casa, nem me elogia” (relato de pacientes casadas). Pais não confiam em seus filhos e vice-versa (drogas, AIDS, gravidez 20 Alvorada

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precoce são fantasmas nestas relações). Homens não confiam em mulheres (acreditam que elas estão “liberais” e independentes demais). Mulheres não confiam em homens (segundo elas, eles não têm atitudes e nem postura). Estas queixas são comuns no atendimento clínico, tornando os relacionamentos cada vez mais caóticos. Este caos vem acontecendo porque as pessoas estão perdendo valores éticos e morais. Hoje, tudo pode; tudo se faz sem peso na consciência e sem culpa. Nos dias atuais, a mentira virou “omissão”; traição virou “experiência”; sexo virou “necessidade básica”. Com estes conceitos, as pessoas mudaram seus valores e foram se perdendo umas das outras e, o pior, se perdendo. Refletindo sobre a busca do prazer, vemos que as pessoas estão à procura de um prazer incondicional e vale tudo para obtê-lo. É uma busca pela paixão. Paixão pelo trabalho, pela família, pelo relacionamento, etc. E, quando acaba a paixão, acaba tudo. A paixão é o primeiro momento que vivemos na relação com o outro. É o momento do encantamento, da fantasia, dos sonhos. Vamos imaginar um jovem que inicia um curso universitário. Num primeiro momento, ele se encanta com o ambiente da

faculdade, com os novos colegas, com os professores, com as matérias. Consegue se imaginar trabalhando depois de cinco anos e exercendo a profissão. Está apaixonado. É um momento em que ele e a faculdade são um só e formam uma simbiose. Não dá para se ver sem aquela realização. Algum tempo depois, acaba o encanto inicial. Ele percebe que tudo é natural e normal; os colegas não são tão legais assim; a faculdade tem seus defeitos. Enfim, perde-se o encanto. O jovem começa a perceber que ele é um e a faculdade é outra. Quando chega este momento, ocorre um vazio e o jovem acha que está no curso errado e sai da faculdade. Este fenômeno pode acontecer em muitos outros âmbitos da vida, como no emprego, no namoro, no casamento, nas amizades, etc. A terceira fase deste fenômeno seria o equilíbrio. O jovem, ao perceber que é um e a faculdade é outra, poderia resgatar a paixão do primeiro momento, vivendo com equilíbrio e maturidade. Mas o que se busca é o êxtase deste primeiro momento, a paixão em tudo e, quando acaba a paixão, tudo muda também. É neste momento que se percebe o vazio e o indivíduo espera que outra pessoa ou outra coisa preencha o vazio que há em sua mente e em seu coração, causando angústia, insatisfa-

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dos desafios, o equilíbrio que individualmente é necessário para uma vida familiar saudável é possível. Contudo, faz-se necessário uma tomada de decisão por parte dos membros da família. Decisões individuais, mas também coletivas. Neste processo, é importante reconhecer falhas e ter disposição para mudanças. Quando essas decisões forem tomadas e houver, na prática cotidiana, ações que colaborem para o amadurecimento da instituição familiar, o con-

vívio será mais harmonioso. Afirmo ser necessária uma mudança pessoal, pois são as ações do dia-a-dia que geram as crises familiares e são elas que também ajudam a resolvê-las. Comportamentos e sentimentos não resolvidos em nossa espiritualidade provocam grandes impasses em nosso lar. Atualmente, muitas famílias têm sucumbido por causa da ambição humana. No afã de ser bem sucedida em áreas diversas, a família tem sido tra-

tada de maneira relapsa. Precisamos tomar muito cuidado para não construirmos uma boa reputação focada apenas nos relacionamentos profissionais e, inconscientemente, deixarmos que a estabilidade na família seja abalada. Influenciar pessoas é importante, mas é necessário lembrar que a nossa influência deve ser cristã, e esta começa dentro de casa. O Rev. Alex Sandro, pastor da 1ª IPI de Machado, é o secretário da família da IPI do Brasil (pralexsantos@bol.com.br)

ção e infelicidade. Mas isso não é possível. Ninguém completa ninguém. O preenchimento da alma, tão esperado, requisitado, aguardado, só vem de uma forma: pelo amor. Não é um amor qualquer, entre homem e mulher, entre amigos ou entre irmãos, mas o amor do nosso grandioso Deus. Quando vivemos em Cristo Jesus, todo o nosso ser é preenchido. Toda a angústia, a carência afetiva, os pesares e as mágoas são preenchidos por seu amor. Todos os nossos temores podemos entregar no altar do Senhor, que nos atenderá. “Descansa no Senhor e espera nele, não te irrites por causa do homem...” (Sl 37.7). Quando se vive sem Cristo e, depois, se passa a crer nele, é possível discernir claramente um divisor. Depois de Cristo, há uma transformação real em nossa vida. As angústias da alma são abrandadas e acalmadas, e os fardos ficam leves. Se você crê em Deus, freqüenta a igreja, participa, serve e, ainda assim, se encontra neste “vazio”; se isto ocorre com você, então é o momento de rever sua fé, rever seus comportamentos e sua vida enquanto cristão. Procure ajuda, fale com seu pastor ou um amigo de confiança, leia a Bíblia e ore. “E, prontamente, Jesus,

Sanja Gjenero

s fantasmas

estendendo a mão, tomou-o e lhe disse: Homem de pouca fé, por que duvidaste?” (Mt 14.31). “Vigiai e orai para que não entreis em tentação; o espírito, na verda-

de está pronto, mas a carne é fraca” (Mt 26. 41). A Cristina, psicóloga, é membro da IPI da Freguesia do Ó, São Paulo, SP

Cristina Silva Souza ❯ Psicóloga ❯ IPI da Freguesia do Ó ❯ Fone: 3976-3838 ❯ Email: uilcris@hotmail.com

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COORDENADORIA DOS ADOLESCENTES

o d n e c les

Ado RODOLFO FRANCO GOIS

A adolescência é um dos momentos mais estratégicos da vida. Energia, impulso, descobertas, aventuras, decisões que trarão resultado para toda a vida ainda por vir. Os adolescentes são alvos estratégicos da mídia que encontra, nesta faixa etária, o público consumidor do presente e do futuro. Enquanto isso, muitos pais e líderes não os enxergam como um potencial, mas uma bomba; não como um investimento, mas um prejuízo. 22 Alvorada

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Ser adolescente é um grande desafio

Içami Tiba diz que a adolescência é um “segundo parto”. Se, no primeiro parto, existe o rompimento do vínculo umbilical, o que já é um trauma para mãe-bebê, no segundo parto, também um trauma acontece, na busca de autonomia comportamental, quando o adolescente tenta caminhar com pernas próprias, sem estar totalmente preparado para esta tarefa, apesar de apresentar transformações biológicas visíveis, que sinalizam as mudanças que estão acontecendo. Já Contardo Caligaris fala sobre o “mito da felicidade obrigatória”, em que os mais novos idealizam a adolescência como a idade a ser conquistada e os mais velhos

sonham com a fase que já passou. O desafio da adolescência é corresponder às expectativas de terceiros, sentindo-se, por isso, impedido de encontrar respostas para as próprias expectativas e questionamentos.

Ser adolescente é inevitável

Todos passam pela adolescência. Mais cedo ou mais tarde, isso vai acontecer. Apesar de ser uma classificação recente em aspectos psico-sociais, isso é fato incontestável. Saltar, abortar, omitir, roubar a adolescência é um crime contra o ser humano. Isso em níveis psico-sociais, visto que anatomicamente o corpo responde por si mesmo nas transformações e mudanças que acontecem naturalmente.

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Ajudar o adolescente a ser adolescente é uma missão

Enquanto pais e igrejas não compreenderem isso, conflitos se tornarão guerras, quando poderiam ser um caminho para a paz e a realização. Cuidar integralmente do ser humano é permitir que o seu relacionamento com Deus seja vivido intensa, verdadeira e profundamente em cada fase da sua existência. Por isso, torna-se necessário uma reavaliação de métodos e princípios para o cuidado com adolescentes na família e na igreja.

O desafio da adolescência é corresponder às expectativas de terceiros

Impacto X Entusiasmo

Muitas vezes, consideramos que o comprometimento dos adolescentes se dá a partir de eventos entusiastas e divertidos, “somente”. Gastamos tempo e energia pensando no que fazer de novo para manter adolescentes entusiasmados. Se desejamos ajudar o adolescente a ser adolescente, sem dúvida o entusiasmo fará parte das atividades, programas e métodos de trabalho. Porém, mais importante que o entusiasmo é o impacto. O entusiasmo é volátil, variável e instável. O impacto é permanente, pois marca a vida, a mente e o coração do adolescente para o estilo de vida que ele vai adotar. O entusiasmo é uma grande estratégia, quando tem o objetivo de impactar o adolescente. Aproveite e use essa energia como recurso, mas não como um fim em si mesmo.

Adolescente gosta de estar no meio da “massa”, principalmente quando ele percebe que está entre “iguais”. Ao mesmo tempo, o adolescente não confia em qualquer um. Desconfiado, esconde seus dilemas e, muitas vezes, sente-se só no meio da multidão. Não precisamos nos atemorizar por não termos um enorme grupo de adolescentes, apesar de não podermos ignorar isso. No entanto, investir no relacionamento pessoal com pessoas que compartilhem a fé, compreendam os dilemas, tenham tempo e atenção para escutá-los será muito mais valioso para a formação e para o coração do adolescente. Apesar de, muitas vezes, desejar se esconder na multidão, ter um grupo de confiança, mesmo que pequeno, dará ao adolescente a segurança para investir na sua identidade em Cristo.

Em janeiro de 2011, encontro reuniu mais de 1.000 adolescentes em Maringá, PR

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Quantidade X Relacionamentos

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Capacitação X Entretenimento

A adolescência é um dos momentos mais produtivos da vida. O adolescente produz em todo tempo. Mesmo sem saber, está produzindo, observando, analisando, decidindo, executando. A capacidade de processar a informação, no entanto, nem sempre é tão veloz quanto à de assimilá-la. Por isso mesmo, muitos se enganam quando pensam que o adolescente só quer diversão. O que falta, muitas vezes, é coragem para descobrir o que eles necessitam e o que eles desejam aprender. Quando pais e líderes subestimam este potencial de interesse dos adolescentes perdem, de fato, a oportunidade para transformar o seu interesse em aprendizagem. Desenvolva temas interessantes, atividades criativas, projetos

envolventes que não visem apenas o entretenimento, mas os capacite para viver como adolescentes para a glória de Deus. Eles precisam que alguém acredite que eles podem servir ao Senhor sendo quem são. Estes princípios têm sido utilizados pelo TeenStreet Brasil (TSBr), ministério da Operação Mobilização, uma agência missionária presente em mais de 120 países e com mais de 6.000 missionários nos campos. O TSBr tem como propósito trabalhar com a igreja para ajudar o jovem e o adolescente cristão a ter uma amizade verdadeira com Jesus, refleti-la diariamente no seu mundo e influenciar a sua geração. Os adolescentes têm sido impactados, descoberto relacionamentos, encontrado capacitação e transformado sua realidade local de forma positiva, impulsionando a igreja para a evangelização, serviço, missões e o cumprimento do seu chamado.

TeenStreet Brasil (TSBr), ministério da Operação Mobilização, uma agência missionária presente em mais de 120 países e com mais de 6.000 missionários nos campos.

Como Paulo disse a Timóteo que não permitisse que ninguém desprezasse a sua mocidade, encerro por aqui alertando para que ninguém despreze a adolescência de sua igreja/família, pois fazer isso é desperdiçar um enorme potencial para transformar o mundo. O Rev. Rodolfo, casado com Daiane, pai da Letícia, é diretor pastoral do TeenStreet Brasil, pastor auxiliar da IPI Liberdade, Maringá, PR, e coordenador nacional da CNA Teens TIBA, Içami. Adolescentes: quem ama, educa! São Paulo, Integrare Editora, 2005, p.31 CALLIGARIS, Contardo. A Adolescência. São Paulo, Publifolha, 2010

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FAMÍLIA

26 DE JUNHO

DIA

INTERNACIONAL DE COMBATE ÀS DROGAS

Os reflexos das drogas na família: a co-dependência 26 Alvorada

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ELENI RODRIGUES MENDER RANGEL

Há cerca de 20 anos, quando comecei a trabalhar com dependência química (DQ), o seu conceito como doença começava a ganhar espaço e o olhar sobre o dependente químico também começava a mudar. Felizmente, hoje, o preconceito contra o dependente químico se reduziu significativamente e já é muito comum, mesmo em programas de TV, igrejas, empresas e outras instituições, observar o tema sendo abordado segundo essa perspectiva. Também já se reconhece hoje a fundamental importância da participação da família no tratamento. Mas, certamente, este é um desafio que ainda temos de superar. O fato é que as famílias tendem a resistir à participação no tratamento, quando percebem que isso significa efetivamente tratar-se. Afinal, quem está doente é outra pessoa! Se essa doença for curada, se a pessoa deixar de usar drogas, todos os nossos problemas estarão resolvidos. Afinal, éramos uma família perfeita até isso acontecer. Mas o que é co-dependência? Para ilustrar, gostaria de lembrar a letra de uma canção relativamente antiga, mas que muitos certamente conhecem: “Ronda”, de Paulo Vanzolini. Diz assim a canção: “De noite, eu rondo a cidade a te procurar, sem encontrar. Em meio de olhares, espio, em todos os bares, você não está. Volto pra casa, abatida, desencantada da vida. O sonho alegria me dá; nele você está. Ah! Se eu tivesse quem bem me quisesse, esse alguém me diria: Desiste! Essa busca é inútil! Eu não desistia. Porém, com perfeita paciência sigo a te buscar, e hei de encontrar bebendo com outras mulheres, rolando dadinho, jogando bilhar. E, nesse dia, então, vai dar na primeira edição: ‘Cena de sangue num bar da Av. São João’”. Observemos a letra. Esse comportamento parece familiar? Quem já fez algo parecido? A protagonista se sente compelida a buscar o dependente no meio da noite, por lugares perigosos, talvez mal freqüentados, como se ele precisasse ser resgatado. Ela é como uma heroína que o busca para salvá-lo do perigo iminente. Volta frustrada. Não o encontrou e reconhece, mesmo quando alguém tenta lhe mostrar que tal atitude não ajuda, que jamais desistirá. Acalenta o sonho. No sonho, ele está e, provavelmente, é do jeito que ela gostaria que fosse. Benditos sejam os sonhos! Apesar dos insucessos, ela volta e mantém a mesma atitude. Diz a canção: Com perfeita paciência... Não será com perfeita co-dependência? Para sua surpresa, ela não o encontra em perigo, mas se divertindo, gastando dinheiro e traindo-a com outras mulheres. E a canção termina em cena de sangue.

O que caracteriza a co-dependência? A co-dependência é caracterizada por sentimentos de ansiedade, angústia e compulsividade obsessiva em relação a tudo que diz respeito ao dependente. Se o dependente vive em função da droga, o co-dependente vive em função do dependente. Há um permanente conflito de sentimentos e a respeito do que fazer. Desde a descoberta do problema, a família é assaltada por profundos sentimentos de culpa, e se pergunta: “O que fizemos de errado? O que devemos fazer para ajudar?” Certamente, todos nós acertamos e erramos como pais. Quando algo dá errado, tendemos a nos culpar. Porém, quando as coisas dão certo, o mérito é todo deles (dos filhos). Se for um cônjuge, as coisas não são muito diferentes. O fato é que sempre tendemos a crer que somos os únicos e absolutos responsáveis pelo que está acontecendo. Isso nos leva ao medo. Como lidaremos com isso? E se não tivermos sucesso dessa vez também? O que vai acontecer com o dependente? O que será de nossa família? Então, decidimos que faremos o possível e o impossível para ajudar nosso familiar a superar a dependência química. Se não procurarmos ajuda especializada, provavelmente nosso comportamento nos levará justamente à direção oposta, pois, em geral, a ajuda é levada ao extremo, de maneira compulsiva, piorando o problema, perpetuando a dependência e mantendo a irresponsabilidade do dependente. A co-dependência é caracterizada por algumas fases: negação, depressão, negociação ou barganha, raiva e aceitação. Elas não acontecem necessariamente nessa ordem e nem são estáticas. Pode-se ir e vir, oscilar entre elas infinitamente, se não rompermos com o domínio da co-dependência. No anseio de “ajudar”, o co-dependente desenvolve uma atitude facilitadora. A facilitação é caracterizada pela minimização, controle, proteção, por assumir responsabilidade e fazer pactos com o dependente. Nessa tentativa de ajudar, o co-dependente assume ora o papel de salvador (lembram-se da canção?), ora de vítima, ora de perseguidor. Uma mesma pessoa pode assumir cada um desses papéis em diferentes momentos, assim como, num determinado momento, cada membro da família pode assumir cada um dos diferentes papéis. Identificar essa dinâmica inconsciente exige sempre ajuda.

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O co-dependente vive em função do dependente químico. Isso significa que ele vive tentando controlar as emoções dos outros, mas não sabe o que fazer com seus próprios sentimentos. A raiva pode evoluir para sentimentos de ressentimento e amargura, e a tristeza pode evoluir para a depressão, o que certamente só agravará o quadro.

Assim, fica evidente que a família também precisa de ajuda. Também precisa de tratamento. Aqui está um de nossos maiores desafios: levar a família a aceitar a necessidade de tratamento, mesmo que o dependente ainda não o tenha aceitado. Em geral, quem procura ajuda é a família, mas ela espera que o outro, o dependente, mude, que ele se trate para que tudo possa voltar ao normal. A dependência química é uma doença emocionalmente contagiosa e, uma vez que fomos contaminados, temos de nos tratar. Se não o fizermos, estaremos contribuindo para a manutenção de atitudes e comportamentos que poderão levar o dependente químico à recaída ou jamais levá-lo a aceitar que precisa de ajuda. Como afirmamos no início, o co-dependente vive em

www.amorexigente.org.br www.al-anon.org.br www.naranon.org.br

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A Presba. Eleni, psicóloga, é membro da 3ª IPI de Santo André, SP

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Sites onde encontrar ajuda gratuita:

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função do dependente químico. Isso significa que ele vive tentando controlar as emoções dos outros, mas não sabe o que fazer com seus próprios sentimentos. A raiva pode evoluir para sentimentos de ressentimento e amargura, e a tristeza pode evoluir para a depressão, o que certamente só agravará o quadro. Percebe-se, então, que a co-dependência merece tanta atenção e cuidado quanto a dependência química, uma vez que, se não pudermos romper com a dinâmica que perpetua a dependência química, a chance de recuperação dos envolvidos no processo será drasticamente reduzida. Portanto, se você tem um familiar dependente químico, saiba que o melhor que você pode fazer por ele é tratar-se.

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ORAÇÃO rava seu sobrinho Ló. Moisés, em batalha do povo de Israel contra Amaleque e seu exército, posicionouse diante do povo, no cume do monte, em oração intercessória. O próprio Jesus, antes de morrer na cruz, gastou um bom tempo em oração pelos seus discípulos. Oração que se tornou conhecida como a “oração sacerdotal”. Queremos que você interceda pela igreja e por todo aquele que precisa de ajuda tanto material como espiritual. Você não imagina como nos fortalece a oração de intercessão, sabendo-se ou não que estão orando por nossa vida. É muito especial ser alvo de oração. Mas afirmo que isso é tão bom quanto orarmos pelas pessoas que nos cercam. Comece a interceder por sua família, amigos, colegas de trabalho, pastor, igreja, irmãos. Comece a se engajar nesse movimento de oração. A vida cristã e a oração não podem ser um monumento, mas, sim, um movimento. Independentemente de campanha de jejum e oração, temos o dever de interceder uns pelos outros. Nas leituras que fizemos no livro de Atos, não conseguimos perceber Pedro com medo, nervoso ou tenso. Sabe por quê? Ele estava coberto em oração. O inimigo tem roubado isso da igreja, inculcando que apenas os pastores podem ou devem orar pelas pessoas. Que coisa interessante! Não era o “pastor” Pedro quem estava intercedendo pela igreja, mas era a igreja que estava em oração diante de Deus. Creia no que estamos ministrando, torne-se um intercessor e se maravilhe com a ação de Deus.

GILBEAN FERRAZ

Pedro, então, ficou detido na prisão, mas a igreja orava intensamente a Deus por ele (At 12.5). Você já ouviu falar sobre poder de intercessão? O que é isto? Existe mesmo? Será que não é coisa apenas de doutrina pentecostal? Intercessão é de Deus. Leia com calma o versículo acima. A intercessão pelos santos é um dos aspectos da vida de oração que devemos exercer em Cristo Jesus. É importante frisar que nosso intercessor é Jesus Cristo, pois a Bíblia diz que ele é o nosso mediador com Deus, que não existe outro que possa fazer isto no universo (1Tm 2.5). Porém, todo cristão em vida compartilha o ministério de intercessão. É um tanto complexo entender este princípio, mas, sendo colocado em prática, percebe-se logo de início o resultado. Na história bíblica, Pedro estava na prisão por pregar o evangelho e servir a Deus. Isso foi o estopim para a igreja se colocar em oração diante de Deus. Diz o texto bíblico que eles oravam intensamente a Deus. Estavam pedindo com fé, insistentemente, com perseverança. Esses são todos os ingredientes fundamentais para a oração de intercessão. Uma das primeiras coisas que aprendemos em nossa caminhada com Deus foi sobre a importância de orarmos por outras pessoas. Mas orar até que aconteça aquilo que estamos esperando de Deus para o bem daquela vida. A intercessão é uma prática muito antiga. Abraão intercedeu junto a Deus pelo povo de uma cidade que estava condenada pelo próprio Senhor Deus, onde mo-

O Rev. Gilbean é pastor da 2ª IPI de São José do Rio Preto, SP

O poder da

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istas res Ump e íd L e a em ro d Encont to é Vid s o ri n C l o ie t n m Da pamen am ao i o jove o Acam dos que estav e jovem! n , P S , Conhec t ré to rão des u, mas em Ava squece ão só e (ENLU), e n e e s u is q a reio a. eira jam 2009. C sua vid la fogu a e á u t q s e a d o redor eja com flita e v re , ia e L UMPI er! ional da dor nac Ebenéz a n e rd oo ima, c

André L

o d o h n u m e t Tes

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inha oal da classe da m que meus pess ho foi la Ac ue e. Aq ad . id s ajudou irmãos de ais res- irmã no m m “Caros leitores, ta ia ui er m qu vi o e nã vez qu ntar um pais em a primeira ei qu Fi . m de em Cristo, vou co se da o ili m ab ela, co vida. Não pons eus comida e m os é at org pouco da minha os ve rig ta ab pre, ficou com mui intenção dois inha mãe nuntenho nenhuma M . cedo de os ía an sa is i se pa eu nha. M com isso. te en m so r; ita vis de ganhar nada m tarde. i me casa e chegava be pouco da ca fo is um r se la fa de o is er po qu De Só pai. esperá-lo anto eu o meu Eu era obrigado a qu u o so e ca a vid se i ha min esquenmeu pa egar em casa e sso Se- anos, ch no ã lo pe irm o ha ad in us sou novamente e m a comida. Quando m eles. tar a su co a av nhor. or m la ie ia antes, levava no dia Graz , mo- eu dorm la ie br Nasci em 1983, Ga ã, irm tra . As dificuldades na mater- A ou parte uma surra or (p tia a 16 de setembro, um m co as que, em al, em São rava com eram tant ou fic i pa nidade Leão 13 eu M i). , eu tive que ir i já tinha de pa mo- guns meses i fu e da ar Paulo, SP. Meu pa gu da minha ha até com o sapato a minha a min e ã irm ha in m duas filhas com m ele, la. Com o irmã para a esco eiro filho rar co rc te de o a is er po Eu De . . ãe m posa meçou a tinha a sua es tempo, meu pai co já ãe a m o, ha ívi in nv M co . ais. dele tempo de pancar mais e m tro casa- um ou a me me es eç m co que dois filhos de ou i le se de eu sa s rra go que eu espo coi- Algumas su as e to neui mento. Então, lo m a er r ta o is nã nado no maltra eles merecia, po do an qu uim nasci, fui abando am , ar as or M pi inho”. parar em sas rdeu nhum “anj pe e El o . ad m hospital, indo ra nc ra pa pa era es s meses se se be- tas vezes, a ou eç . m do co um abrigo com trê ba o, r bê o empreg pelo fato dele esta a os am eç m co eu e ec ar ber demais Num belo dia ap es. Corsa faca em lá passar necessidad r uma mulhe s, ze ve s tra ou inha mãe. taram a luz; lando que era a m eu s, ze ve s ra água. Muita o sabia se era ve ida em Como nã m co i r di pa pe eu ir m de os tinha peram nte da dade, es fre em n, co he e ec qu cr uma ar. Depois amos. Lá, cheg ela, nos falou casa onde moráv ela versou com tig a um m va da mãe. Ela eles me que era a nossa ã, irm ha in M . pa e todos os cheia de so ficou indo lá quas , ha on rg ve m até que sempre co finais de semana, r; di pe lá ir s do meio mandava eu chegaram as féria de a di pe eu vou, outras vezes, o, quando nos le na minha do an rta ra a po pa em ã, irm rta po minha vez, o eu e a rta Ce o. m es m rua

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A Re Revi Revista vist sta a da F Fam Família amíl ília ia

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gou uma colega nossa (Priscila) e falou que, na igreja dela, teria um lanche. Eu e os moleques fomos lá. A partir daí, conheci algumas pessoas que começaram a trabalhar na minha vida. Comecei a freqüentar a IPI do Parque Ipê. Até o meu pai e a minha irmã passaram a ir à igreja. O pessoal da igreja começou a ajudar a minha família, como a missionária (Vita) que, muitas vezes, me levava, com minha irmã, para a casa dela. Outras vezes, a igreja fazia doação de mantimentos para a nossa família. Mesmo assim, infelizmente, meu pai não parava de beber. Os irmãos da igreja até foram atrás de uma clínica, mas ele não quis. Até que, um dia, meu

Dorothy Brucks

casa dela. Ficamos as férias toda com ela. Parecia que já sabia o que estava por vir. Meu pai foi nos buscar e, depois de duas semanas, ficamos sabendo que ela faleceu em um acidente de carro. Parecia que ela sabia que tudo isso iria acontecer! Muitas pessoas lamentam, mas eu não. Eu agradeço sempre a Deus por permitirme conhecer Alzira Maria Ribeiro (minha mãe). Puxei tudo dela: a cor da minha pele, o jeito brincalhão, sempre sorrindo. Realmente, ela era a minha mãe. Depois de sua morte, as coisas começaram a piorar novamente. Até que, num belo sábado, enquanto jogava bola na rua com os meninos, che-

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pai sumiu de casa, abandonando a minha irmã e a mim. Minha tia (por parte de pai) foi nos buscar para morarmos na casa dela, mesmo não tendo condições do nos receber, pois também passava por dificuldades. Logo, ela arrumou uma casa para a minha irmã trabalhar e eu fiquei em sua casa. Isso causou incômodo a seu marido, que acabou me maltratando bastante, até que, um dia, eles brigaram porque ele não queria que eu ficasse morando lá. Falei para a minha tia que iria voltar a casa onde morara com meu pai, pois perto da minha antiga casa tinha a família da Dona Fabian. Liguei para ela, que me disse que eu poderia ficar por lá, me acolhendo prontamente. Depois de um tempo, eu comecei a brigar muito com os filhos dela, pois eu era um adolescente muito revoltado. Acabei indo para um abrigo, a antiga Febem Raposo Tavares, que atualmente é mantida por uma instituição chamada Rainha da Paz (instituição Católica). Lá também havia menores infratores junto com os menores carentes. Foram dias difíceis. Conheci alguns adolescentes que são meus amigos até hoje. Nos finais de semana, a família da D. Fabian ia me buscar para ficar com eles o final de semana e, com isso, eu também participava das programações da igreja. Aquela unidade (abrigo) estava fechando. As coisas lá não estavam indo muito bem. Então, me transferiram para outro abrigo e não tive tempo de avisar ninguém para onde estava indo (ninguém da família da D. Fabian). Já em outro abrigo, com outros menores carentes, depois de algumas semanas, consegui finalmente entrar em contato com a D. Fabian, que começou novamente a vir me

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buscar para passar os finaiss de semana com sua família. Passassaram-se os anos. Eu freqüentava ava mais a igreja e, aproveitando ndo as oportunidades, as férias esvos. colares, criamos laços afetivos. sses A minha própria família, nesses vários anos em que morei no abrigo, poucas vezes foi me vindo: sitar. Sempre fiquei pensando: ntePor que isso tinha de acontenha cer comigo? Por que a minha nte? mãe morreu tão subitamente? nos Quando eu completei 18 anos icar de idade (idade limite para ficar ércino abrigo), alistei-me no exérciorar to e fui chamado. Tentei morar com a minha irmã durante uns nte, dois meses, mas, infelizmente, ndo não deu certo. Acabei morando ado no quartel, pois tinha acabado uito de entrar. Não passou muito mou tempo e D. Fabian me chamou para morar com ela e sua família. Dois anos depois, conheci a Mônica (minha namorada, com quem em breve me casarei). Comecei a participar do grupo de louvor da igreja; em seguida, da Coordenadoria Local da UMPI. No ano passado, fui chamado para fazer parte da Coordenadoria Regional da UMPI do Presbitério São Paulo e estou também à frente de um projeto (que agora se transformou em Ministério de Esporte e Lazer – MEL). Assim, passei e passo ainda por provações. Só que, agora, eu sei que Deus sempre esteve, está e estará comigo. Tudo o que passei teve um propósito. Então, hoje eu falo: “Se você tem um problema, diga pro seu problema que você tem um Deus maior”. Eu sei que Deus colocou as pessoas da IPI do Parque Ipê, a D. Fabian, o Osmar, o Renan, o Jean, o Edgar (família da Fabian), a Mônica e outras pessoas na minha vida. Foi para que essas pessoas transformassem o que eu era antes no que eu sou hoje.”

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Daniel e Mônica

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FIQUE POR DENTRO DAS DATAS DOS ENCONTROS UM DELES PODE

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SER PERTO DE VOCÊ A Revista da Família

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A VOZ DO CORAÇÃO

JOEL CHAGAS LIMA

Esta data, que foi instituída em 2000, tem um significado especial, uma simbologia que nos remete à reflexão sobre o assunto importantíssimo e marca a oficialização da luta contra o abuso e a exploração sexual de crianças e adolescentes pela Lei Federal 9970/2000. O dia faz alusão a um crime ocorrido no Espírito Santo, há 27 anos (1973), em que Araceli Cabrera Sanches, à época com 8 anos, foi seqüestrada, drogada, estuprada e assassinada por filhos da alta sociedade de Vitória, ES. A respeito da violência sexual contra criança e adolescente, pode-se afirmar que é um problema mundial e tem exigido dos diversos segmentos, inclusive a igreja, o pensar formas de enfrentamento desta cruel forma de violação de direitos. Tal violência diz respeito tanto às situações de abuso sexual fora como dentro da família. O conceito de violência sexual contra criança e adolescente é relativamente novo e se fortaleceu com a promulgação da Lei 8069, de 13 de julho de 1990 – Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). São diversas as compreensões sobre o tema. Destaco a abordagem de Eva Faleiros (2000). A autora conceitua a violência sexual contra crianças e adolescentes, “afirmando que sempre se manifestou em todas as classes sociais de forma articulada ao nível de desenvolvimento civilizatório da sociedade. Desta forma, é necessário entendêla em seu contexto histórico, econômico, cultural e ético...”. A história social da infância nos mostra como as crianças e os adolescentes foram vitimados por diversas formas de violência. Porém, 34 Alvorada

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no contexto social em que se inserem, prevalece uma cultura de dominação e de discriminação social, econômica, de gênero e de raça, que se estabelece de duas formas: a estrutural, em função da precária situação sócio-econômica das famílias das quais grande parte das crianças e adolescentes se origina; e a violência doméstica, que inclui a modalidade do abuso sexual intra e extra familiar, sendo um fenômeno complexo difícil de ser definido,

que coexiste paralelamente. É preciso ressaltar as conseqüências dessa violência. Crianças e adolescentes violentados sexualmente poderão sofrer desde danos físicos (lesões físicas gerais, lesões genitais, gravidez, DST/AIDS, disfunções sexuais) até danos psicológicos (sentimento de cul-

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O conceito de violência sexual contra criança e adolescente é relativamente novo e se fortaleceu com a promulgação da Lei 8069, de 13 de julho de 1990 – Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).

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pa, autodesvalorização, depressão, medo da intimidade quando adulto, tendência à prostituição, tendência suicida, problema com a personalidade e identidade). Podem ser vários os distúrbios decorrentes da violência, inclusive as marcas da desumanização e da coisificação de seres humanos em desenvolvimento. Porém, o paradigma de sociedades de direitos (dos contratos) rompe com os padrões e exige uma nova postura que envolva a proteção e o respeito aos direitos da criança e do adolescente, a exemplo do que ocorreu no Brasil, com a promulgação do ECA e a construção de uma rede de proteção em favor desse público: Centros de Defesa da Criança e do Adolescente (CEDECA); Conselhos de Direitos; Secretaria Nacional de Proteção dos Direitos da Criança e do Adolescente; Varas Especializadas; Promotoria de Justiça da Infância e da Adolescência; Delegacias Especializadas de Crianças e Adolescentes Vítimas, com o objetivo, dentre outros, de oferecer atendimento especializado e coibir tais práticas. A sociedade e os órgãos governamentais têm procurado agir para tentar resolver ou diminuir os casos que envolvam tais tipos de violência. Entrando na experiência da execução do serviço de uma vara especializada (16ª da Infância e da Juventude da Comarca de Aracaju, SE) nos casos que envolvem violência sexual, ficam claras as seqüelas e as dificuldades do tratamento, acompanhamento e recuperação de crianças vítimas. Isso porque a ação não é unilateral, mas depende de uma conjunção de fatores e ações, inclusive da disposição da criança ou do adolescente vítimas. Irei relatar somente um caso de uma criança (A.S.P.), atualmente com 16 anos (Veja o Box). Diante de tal exposição, somos provocados a pensar: Será que só a intervenção do Estado, por seus órgãos de proteção, resolve? Que tipo de contribuição podemos prestar como igreja de Deus para ajudá-los? 36 Alvorada

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"A minha mãe me trancou num quarto com o namorado dela" O primeiro contato com ela (A.S.P.) ocorreu no serviço de ronda, às 1h40 da madrugada, na orla da Atalaia, em um local onde há a prática de programas sexuais. A referida adolescente, à época com 11 anos, quando foi abordada e a encaminhada a uma instituição de acolhimento, deu a seguinte informação: “A minha mãe me trancou num quarto com o namorado dela. Eu apanhei e fui forçada a manter relação sexual com ele. Após a relação, ela me disse: Agora, vá ganhar dinheiro”. Hoje, ela tem 16 anos e a encontramos sempre em áreas de exploração sexual comercial (prostituição), pelas constantes evasões. Nas conversas que temos, nota-se uma adolescente triste, endurecida, sofrida, desesperada e viciada em craque. No último contato com A.S.P., quando viu o carro da ronda da 16ª Vara, ela correu em nossa direção totalmente drogada, nos abraçou e desabou a chorar dizendo: “Me ajude, por favor”, apesar das várias intervenções feitas em seu favor.

A igreja é um grupo social específico, que tem como objetivo maior a glorificação e o gozo da presença do Senhor. Isso é muito bom, mas pode levar à compreensão de que estamos alheios aos problemas sociais. Tal omissão ocorreu durante décadas. A luta era sempre relacionada a questões “espirituais” e ficamos fora de algumas questões relevantes. Shedd afirma: “A injustiça social destaca-se como inimigo principal tanto dos homens como de Deus. Deve ser combatida ferozmente, com todas as armas de que dispomos. Entre a mais poderosa, encontra-se a religião”. Nesse momento, faço referência ao profeta Jeremias 3.21: “Quero trazer à memória aquilo que nos pode gerar esperança”. Nós somos o único grupo social que pode destacar principalmente o aspecto ético e espiritual desse problema, dentro de uma concepção que não nasce somente da compreensão humana, mas da de Deus, que a torna visível pela sua Palavra e pode ser concretizada com a promoção da vida, com a inclusão da igreja nesses processos, gerando esperança.

Essa é uma tarefa essencial que se articula a partir do horizonte do Reino de Deus, do Shalom, decorrência natural do mundo ordenado em justiça. As promessas escatológicas devem se transformar em esperança criativa. Nós não somos apenas os intérpretes da justiça, mas podemos ser colaboradores no tempo presente e no futuro, cuja força, tanto na esperança como na realização, é Deus. Precisamos revisitar os textos bíblicos a partir de novas perspectivas e com novas preocupações, que nos levem a propor uma ação pastoral relacionada com a Justiça, o Shalom e o Reino de Deus, tendo como eixo a relação entre cidadania e dimensão pública da fé. Não devemos entender a igreja como grupo social isolado ou fora de contexto histórico. A igreja tem tarefa social, cultural e política extremamente inserida no mundo. Todo cristão deve se conscientizar de que a Bíblia não nos permite acompanhar com indiferença a miséria dos que são oprimidos, violentados por impiedosos, dominadores, avarentos. A paz é fruto da justiça. O evangelho inaugura, muito an-

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tes da rede de proteção criada pela sociedade humana, um projeto de vida e vida plena, com dignidade. Crianças, adolescentes, homens, mulheres (a raça humana) são o objeto da graça, da misericórdia e do amor infinito de Deus Pai. E, como objeto da graça e do amor de Deus, a instituição que foi criada para proclamar o novo projeto, projeto de vida, tem a responsabilidade de se inserir na discussão com

propositura sobre um assunto tão importante para a sociedade brasileira, com particularidades e autoridade que outros grupos não possuem, exercício de voz profética contra estruturas de dominações, contra omissões, contra não priorização de políticas públicas voltadas para nossas crianças e adolescentes, denunciando os abusos, e, acima de tudo, reafirmando que a violência, seja qual for a modalidade, é pecado contra Deus. Paulo, em Efésios 3.2-4, ressalta que, pela igreja, a multiforme sabedoria e graça de Deus são conhecidas. O apóstolo também trabalha o princípio de que nós somos o bom perfume de Cristo (2Co 2.14 e 15). Deus condena todo tipo de violência, pois é uma negação da vida, cheira mal, é feia, oprime, deprime e exala a morte. Pela palavra, nós somos desafiados a dizer que crianças A Revista da Família

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e adolescentes têm lugar prioritário no coração de Deus. Deus não exclui e não violenta; ao contrário, inclui, ama e estende a mão. Nós somos aqueles que, pela palavra, geramos esperança, exaltamos a vida e reconstruímos a história daqueles que foram tocados por dementes, doentes e pecadores. Digamos às nossas crianças que, em Jesus, há a possibilidade de reconstrução dos valores, das emoções, da dignidade, do afeto e da vida, e vida plena em Jesus, o Cristo de Deus. O Presb. Joel, licenciado em Ciências Sociais, pós-graduado em Ciências da Religião, coordenador do serviço de Fiscalização da 16ª Vara da Infância e da Juventude de Aracaju (20 anos de Serviço Público), é membro da IPI de Aracaju, SE

Fontes CASTRO, Clovis Pinto. Por Uma Fé Cidadã. São Paulo: Loyola, 2000. BRASIL – Estatuto da Criança e do Adolescente – Lei Federal nº 8.069/90, Imprensa Oficial, CONDECA, 2000. FALEIROS, Eva T. Silveira. Repensando os conceitos de violência, abuso e exploração sexual de crianças e adolescentes. Brasília: Thesaurus, 2000. ALMEIDA, João Ferreira. Bíblia - Versão Atualizada. São Paulo: Editora Cristã, 2008. nº 65 abril/maio/junho, 2011

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A VOZ DO CORAÇÃO

Saúde) a d l ia d n u M nização ulher A OMS (Orgae a violência contra a m já reconhec ave problema de saúde como um gr pública.

Quebrando o silêncio

por amor

EZEQUIEL LUZ

No livro “3.096 Dias”, a austríaca Natascha Kampusch relata a violência a que foi submetida. Ela foi seqüestrada aos dez anos, pelo também austríaco Wolfgang Priklopil, e permaneceu no cativeiro até conseguir fugir de forma espetacular. Do seqüestro, em 2/3/1998, até a fuga em 23/8/2006, foram mais de 8 anos, ou 3.096 dias. Dai o título de sua autobiografia. Em uma entrevista à Folha, Kampusch afirma que, no porão da casa de Priklopil, passou por longos períodos quase sem comer, era obrigada a realizar tarefas domésticas seminua e foi agredida violentamente, mas não revelou o grau dos abusos sexuais que sofreu. Diz também que, nos primeiros meses de sua fuga, ela 38 Alvorada

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passou por uma adulação histérica, mas depois passou a sofrer gozação e desprezo. “Fui rotulada de ingrata, ouvi que tentava ganhar dinheiro com a situação. [...] Só amam a vítima, quando se sentem superiores a ela.” A OMS (Organização Mundial da Saúde) já reconhece a violência contra a mulher como um grave problema de saúde pública. As conseqüências dos abusos não só afetam a felicidade e a saúde individual como o bem estar de comunidades inteiras. Embora o fator que desencadeia a violência geralmente seja atribuído ao álcool, às drogas ilegais e ao ciúme, a raiz de tudo está na maneira como a sociedade valoriza o papel masculino. Os homens são mais fortes e superiores e, assim, muitas vezes os maridos, namorados, pais, irmãos, chefes e ou-

tros homens acham que têm o direito de impor suas vontades às mulheres. Esta valorização do papel masculino pode ser facilmente percebida na educação das crianças. Enquanto os meninos são estimulados a valorizar a agressividade, a força física, a dominação e a satisfazer seus desejos, inclusive os sexuais, as meninas são valorizadas pela beleza, delicadeza, sedução, submissão, dependência, passividade e o cuidado com os outros. Infelizmente, mesmo contrariando princípios bíblico-teológicos, a igreja também pratica o mesmo tipo de valorização. Sendo assim, não é de se estranhar que também existam casos de violência contra a mulher entre os membros das comunidades evangélicas. Recentemente, postei em

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meu blog um texto sobre a violência contra a mulher e recebi o seguinte comentário anônimo: “Eu namorei um pastor da IPI que, nas brigas em que se sentia ofendido ou acuado, me agredia fisicamente, além das agressões verbais e psicológicas durante todo o namoro. E sempre tudo foi culpa minha, pois, se eu não reclamasse das coisas erradas que ele fazia, não seria agredida, pois a desculpa dele sempre foi esta, pois eu tinha de ser submissa a ele” (sic). Como a igreja deve lidar com casos dessa natureza? Como tratar a vítima e o agressor? Como trabalhar para restaurar o relacionamento, o amor e a confiança, destruídos por anos e anos de silêncio? Gostaria muito de oferecer alA Revista da Família

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A felicidade da mulher não pode ser uma concessão masculina

estará demonstrando amor a você mesmo e ao próximo. Agora, se você for procurado por alguma vítima de agressão ou agressor, não faça nenhum julgamento. Demonstre amor ouvindo, e ouvindo com atenção concentrada. Seja qual for a situação, procure agir com base na compaixão e no amor. Quebrar o silêncio e falar é um princípio bíblico encontrado no Salmo 32.3-5 e Tiago 5.16, que ajuda a curar causas e efeitos da violência contra a mulher. Mas a quebra do silêncio deve ser feita por amor. O Rev. Ezequiel é pastor da Congregação Presbiterial de Dourados, MS

É ob pre su jet cis ap gir o, a o d qu rop a a nim izer e r ria co a n efl çã isi l ou ão ita o fic q à i a i e a açã ual ma ma tri o qu ge ge ste do er o m d m za se ut a e s po r, a ro mu em r n im ele lhe elh ão ora me r f an ser lid nto ruta ça al ad q , de gué e d ue De m a us

Shlomit Wolf

gumas práticas pastorais para o problema da violência, mas sinceramente não sei o que fazer. Um dos grandes entraves para qualquer ação solidária é o silêncio tanto da vítima quanto do agressor. Os dois precisam de ajuda pastoral e psicológica, mas ambos se calam por vergonha e medo. A Bíblia fala do amor em três dimensões: amor a Deus, ao próximo e a si mesmo. Portanto, deixo aqui um apelo, especialmente para as vítimas: Quebrem o silêncio por amor a Deus, ao próximo e a si mesmas. Procurem, confiando na direção de Deus, um irmão, pastor, presbítero ou algum líder que inspire confiança e compartilhe sua dor. Assim você

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SÉRGIO ANDRADE

Não sou pessimista. Deixo de lado a negatividade para enfrentar a dolorosa realidade estampada pela mídia. Opto por uma postura aberta e consciente sobre a violência que atinge milhares de mulheres em nosso país. Confesso que este tema, em sua recorrência, parece cansar e anestesiar ouvidos e olhos das pessoas que estão ao meu redor. A Lei Maria da Penha, por sua relevância, pode ter provocado na coletividade um sentimento ilusório e constante: está tudo resolvi-

do. Dizem alguns que a violência contra as mulheres segue firmemente para o fim. Será? Nas inúmeras vezes que escrevi sobre este assunto, voltei minhas intenções para o público feminino ou às lideranças religiosas, na sua maioria formada por homens. Neste artigo, volto o meu coração especificamente para os homens, com o objetivo ousado de propor algumas reflexões sobre muito do que aprendemos a respeito de

nossos papéis e do comportamento que devemos assumir nas relações estabelecidas com as mulheres. Aprendemos, por exemplo, que somos fortes. Também nos disseram, ao longo dos anos, que somos líderes e que a nossa vontade deve ser respeitada e mantida. Seja através da altura da voz ou da força física, assimilamos que temos o direito de sobrepor, inclusive, os direitos das mulheres. Gritos, tapas, beliscões, ironias, anedotas e humilhações, muitas das quais públicas, fazem parte de um cardápio diário de medo e subserviência pro-

postos por nós. O que importa é que a vontade masculina seja concretizada. Aprendemos ainda que temos o direito de gozar a vida em sua plenitude. Nossas escolhas e atitudes devem acontecer nesta perspectiva. Palavras como liberdade, desejo, poder, conquista e vitória são companheiras-cúmplices de tudo aquilo que escolhemos fazer. A mente, o corpo, o sonho, o ideal, a carreira, o presente e o futuro das mulheres pertencem a elas; isto, é claro, se não ferirem nossos interesses em busca da realização pessoal. Com os homens, a última palavra. Finalmente, recebemos ainda mais informações sobre nossos papéis masculinos. Colocaram em nossas mentes que as mulheres gostam destas “verdades” e “apreciam” as regras do jogo colocado sobre a mesa desde os tempos antigos. Já sabemos! É isto que elas esperam de nós: domí-

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nio, força e liberdade para o que pretendemos fazer e ser. Para que as violências contra as mulheres terminem, nós homens precisamos mudar a maneira pela qual encaramos a vida (Rm 12.2). Necessitamos, urgentemente, rever aquilo que nos foi concedido como verdade. Temos que perder o que aprendemos para descobrir algo totalmente novo e repleto de respeito e equidade (Jo 8.32). Precisamos reconhecer que a vontade é inerente ao ser humano e que ninguém, a partir de qualquer justificativa, deve usar a força para anular e submeter o outro. A felicidade da mulher não pode ser uma concessão masculina. Antes, um direito de quem é ser humano e traz consigo a dignidade de viver. Precisamos aceitar que os papéis, que nos foram dados como naturais para a formação de nossas identidades de gênero, podem e devem ser reavaliados. Liberdade, desejo e poder são palavras dispostas também às mulheres. São elas proprietárias de seus corpos, sonhos, profissões e futuros. Primeiras, segundas ou últimas palavras devem ser resultado de diálogo, compreensão e razoabilidade em qualquer relação que pretenda refletir direitos e deveres de ser mulher e homem. Por fim, somos instados a derrubar mitos historicamente presentes na sociedade. É preciso dizer não à imagem da mulher fruta, objeto, animal ou qualquer outro elemento que sugira a coisificação do ser, a imoralidade da apropriação e a tristeza por não ser alguém que reflita a imagem e semelhança de Deus (Gn 1.27). Que façamos dos novos aprendizados um compromisso pela vida! O deão Sérgio é coordenador políticopedagógico da Diaconia, organismo com representação da IPI do Brasil

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SAÚDE

Câncer de

Mama

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IAL DIA MUND AO TE DE COMBA

CÂNCER

RUTH DE CAMPOS SANTOS

No dia 26/3/2002, o Dr. Dauto Campos, meu irmão, me operou de câncer de mama. O diagnóstico precoce foi uma bênção. Estava capsulado e não precisei de quimioterapia agressiva, mas somente oral e preventiva. Hoje, sou “boca no trombone” para a mulherada fazer o auto-exame e/ou mamografia para evitar sofrimentos e gastos. De vez em quando, minha filha pedia: “Mamãe, ‘fulana’ descobriu que está com câncer. Escreve uma cartinha para ela!” Um dia, escrevi esta e ela tirou cópias. Fui declamar para as mulheres do grupo “Amigas do Peito” e levei uma cópia. Agora, aquelas que são operadas recebem do grupo um kit e, junto, vai a carta. Outro dia, uma querida irmã da igreja, recém operada, falou que foi uma bênção ler a mensagem. O Dauto, que já escreveu na Revista Alvorada, é meu irmão caçula. Fui pajem dele. Imagine a alegria que sentiu, e me deu, quando, em vez de dar orientações a respeito do que deveria fazer no pós-operatório, ele me disse: “Estava capsulado. Tirei tudo. Você está livre!” São 9 anos de gratidão pela bênção tão grande. Os pastores, as coordenadorias de adultos e as igrejas precisam alertar as mulheres para se cuidarem mais nesta área. A Ruth é membro da IPI Central de Presidente Prudente, SP

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Prezada amiga, Soube o sufoco que está passando e sei o quanto é difícil enfrentar esta batalha. Por isso, pensei em mandar-lhe esta carta. Se pudesse, gostaria de conhecer você, conversar, oferecer meu ombro para descansar, estender minha mão para ajudar todas que passam por este calvário. Quanto aconteceu comigo, já tinha 75 anos. Não é idade de risco, mas aconteceu e foi uma luta. Minha família ajudou muito, muito mesmo! Ninguém comentava, mas todos oraram por mim. Alguns até choraram. A operação foi um sucesso e, depois de 5 anos de quimioterapia oral, estou ótima. Não me canso de agradecer a Deus a grande bênção que recebi. Ele dá a chaga e Ele mesmo cura! Nunca tomei posse da doença. Para mim, ela ficava, pelo menos, um metro longe. Tomei posse das promessas de Deus: “Nunca te abandonarei...”; “Estou com você todos os dias”, 24 horas por dia, porque Ele não cochila, nem dorme. Tive a fé que remove montanha, desânimo, tristeza, dúvida, raiva. Tendo fé, vamos ter também esperança e aprenderemos a descansar em Deus. “Descansa no Senhor e espera nele”. Ele renovará a nossa força, coragem, paciência, tudo que precisamos para vencer. Jesus nos convida: “Vinde a mim todos o que estão cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei”. Também está escrito: “Lançando sobre ele (Deus) toda a vossa ansiedade, porque Ele tem cuidado de (vocês) vós!” Ficamos muito ansiosas. Não dormimos bem. Precisamos colocar nossos fardos de preocupações nas mãos de Deus para ajudar na recuperação e na cura de nossas enfermidades. Precisamos agradecer a Deus pelos médicos que tratam de nós com tanto carinho, pelos remédios que tomamos, pelas enfermeiras atenciosas. Precisamos agradecer pelos avanços da medicina no tratamento da doença, que é vencida pelos que seguem o tratamento prescrito. Nunca desanime! Nunca desista para ser uma vencedora! Deus abençoe você e sua família, fortalecendo a fé, a esperança e o amor de todos – Este é o desejo de quem está solidária neste tempo de provação. O abraço fraterno e amigo.

Apologia à Mulher CARLOS MORAIS E SILVA

Mulher! “O seu valor muito excede o de finas jóias”, Diz a Sagrada Escritura. Ser mulher é virtude, é primazia, É ter fibra, é dignidade, É a essência do amor perfeito, Principalmente, Quando gera vidas – dádivas dos céus. Ou, pelo simples fato de ser mulher, Merece respeito, carinho e admiração. Sendo jovem, esplende beleza; Casada, é a estrela do lar; Ao ser mãe, exerce a sublimidade, A magnitude e o doce encanto De conceber e doar vidas, Sendo esta, com certeza, A sua maior nobreza, Afluindo para si O privilégio da maternidade. Mulher, presente de Deus! Mulher, a felicidade do homem! Mulher, a grandeza universal! Senhor, salva a mulher! O Presb. Carlos é da 1ª IPI de Fortaleza, CE

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SAÚDE

Cuidar: o principal remédio ESTER LEITE LISBOA

Shlomit Wolf

O Dia Mundial da Saúde, criado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), é comemorado no dia 7 de abril desde 1948, com a preocupação e o propósito de manter o bom estado de saúde das pessoas do mundo, bem como alertar sobre os principais problemas que podem atingir a população. Segundo a OMS, “saúde é o mais completo estado de bemestar físico, mental e social, e não a simples ausência de doença. Ou seja, uma pessoa saudável não é aquela que não está doente, mas a que tem o corpo e a mente funcionando em harmonia, desempenhando os papéis que cabem a cada um e proporcionando o máximo de bem-estar, disposição e vitalidade”. Mas o que as nossas igrejas têm a ver com isso? As igrejas estão presentes nas mais longínquas cidades e nos bairros mais distantes, que não têm acesso à saúde, à educação e à moradia. Há muitos lugares que não possuem um Posto de Saúde ou uma Unidade Básica de Saúde, mas contam pelo menos com uma igreja. As igrejas estão onde o poder público ainda não chegou. O papel das igrejas na socie-

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7DE ABRIL

IAL DA

DIA MUND

SAÚDE

dade é de tão vital importância que, recentemente, o Ministro da Saúde, Alexandre Padilha, convocou as lideranças religiosas para assumirem junto com o governo a campanha de prevenção da dengue, gesto inovador e desafiador. “O mosquito da dengue vive no dia-a-dia das pessoas, das comunidades, dos bairros... As lideranças religiosas têm o papel fundamental de juntar as pessoas, mobilizá-las, de ajudar as pessoas a tomar consciência de seus hábitos. Para enfrentar todos os problemas de saúde é muito importante a participação das lideranças religiosas, sobretudo no combate à dengue”, destacou o ministro Alexandre Padilha. “Precisamos que, no culto, na missa, no encontro religioso, nas atividades e nos shows, essas lideranças reforcem junto aos fiéis a necessidade de cuidar tanto da nossa saúde quanto da nossa casa e da nossa comunidade”, completou. No decorrer destes anos, atuando como assistente social na área de saúde, mais especificamente com HIV /AIDS, aprendi que, quando um doente é aceito por si mesmo, por sua família, parceiro, amigos, sua qualidade de vida é muito melhor. Adquire, assim, maior resistência às infecções, possibilitando, dessa forma, uma existência mais longa e produtiva. Quando o doente sente-se rejeitado, seu tempo de

sobrevivência é mais curto e sua qualidade de vida é lastimável. Já foi provado cientificamente que a reação do sistema imunológico ou de defesa se fortalece quando a pessoa é tratada com aceitação e afeto. Um estudo internacional, publicado no Journal of Neuroscience, em 2001, realizou ressonância magnética no cérebro de religiosos no exato momento da oração. “Ficou atestado que a leitura do Salmo ativa áreas cerebrais relacionadas ao sistema imunológico, o que protege o corpo humano de várias doenças”. Cuidar das pessoas, oferecer acolhimento, amor e solidariedade são fatores fundamentais ao longo do tratamento, tarefas essas para as quais a igreja/comunidade deve capacitar seus membros. Acreditar que a medicina caminha de costas para a religiosidade não é uma verdade brasileira. Para o presidente do Conselho Federal de Medicina, Roberto D’Ávila, independentemente de qualquer que seja a sua própria crença religiosa, o profissional médico deve respeitar e conversar sobre a religiosidade do paciente. Se o profissional adotar essa postura, D’Ávila acredita que a mistura de oração e tratamento convencional só pode ser positiva.

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Uma pessoa saudável não é aquela que não está doente, mas a que tem o corpo e a mente funcionando em harmonia, desempenhando os papéis que cabem a cada um e proporcionando o máximo de bemestar, disposição e vitalidade

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Mas o que as igrejas podem fazer? Como podem contribuir? Por vezes, a imobilidade engessa e não permite enxergar as possibilidades. Pois bem, aí vão algumas dicas: 1) Saneamento básico, fundamental para a saúde de uma população, a partir de participação em conselhos comunitários de bairros e municípios, para garantir que a água tratada chegue até as nossas casas e as redes de esgotos estejam devidamente encanadas.

é doente m u o , d o n Qua si mesm r o p o t , acei família por sua , amigos, sua o parceir e de vida é d a d i l qua elhor m o t i mu

2) Campanhas de vacinação: assumindo-se como um ponto de vacinação, principalmente as igrejas que estão em locais onde o poder público não está, garantindo ações de prevenção a doenças e epidemias já erradicadas no país. 3) Promoção da participação de suas lideranças em associações de bairro, a fim de buscar informações sobre as dificuldades enfrentadas, principalmente as ligadas à saúde, realizando discussões e reflexões sobre os temas, buscando soluções para os problemas sociais, de saúde e ambientais, garantindo, assim, o desenvolvimento social e econômico da comunidade. 4) Garantir a saúde e cuidar das pessoas que freqüentam as igrejas também é dar condições dignas de vida, de moradia e de trabalho. O trabalho para sustento da família com uma alimentação saudável é uma ferramenta de promoção de dignidade.

Para nó s Dia Mu cristãos, o ndial d a Saúd pode pe e ser reco r feitamente n o Dia M hecido como undial do Cuidar. A é o mel final, cuidar hor rem édio!

5) Assumir a igreja como espaço seguro para dividir as inquietações e angústias, principalmente as relacionadas às doenças como AIDS, que têm o peso da moral, que discrimina, isola e estigmatiza as pessoas que vivem e convivem com HIV/AIDS. Um dia, visitando um hospital na cidade de Jacareí, SP, conversei com uma das integrantes do projeto Mandacarinho. (Este projeto realiza visitas regulares de palhaços com a finalidade de levar alegria e distribuir sorrisos aos pacientes.) Ela me disse: “Um dia, o próprio médico receitou no prontuário do paciente: Doses de Mandacarinho, diariamente”. Para nós cristãos, o Dia Mundial da Saúde pode perfeitamente ser reconhecido como o Dia Mundial do Cuidar. Afinal, cuidar é o melhor remédio! A Ester é assistente social, assessora do Programa Saúde e Direitos de KOINONIA - Presença Ecumênica e Serviços

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, pessoas o, s a d r a nt Cuid colhime de a r e c e eda ofer solidari amor e es r são fato ntais ao longo e m a d refas fun ento, ta is m a t a r t ua do ara as q essas p comunidade / a igreja acitar seus p deve ca s o membr

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Disfunção erétil: como tratar? Os tratamentos disponíveis são diversos para cada caso e melhoram muito a qualidade de vida sexual de quase todos os homens e casais LÍSIAS NOGUEIRA CASTILHO

Em artigo anterior (edição 63), assinalei que há cerca de 25 milhões de brasileiros com algum grau de disfunção erétil, que pode ser definida, imprecisamente, como a incapacidade persistente de o homem atingir e/ou manter a ereção peniana o suficiente para a penetração ou para o término do ato sexual de modo satisfatório. Esses 25 milhões de brasileiros têm mais de 18 anos de idade, mas concentram-se da meia idade para cima. Cerca de metade dos homens com 60 anos ou mais têm disfunção erétil. Os tratamentos disponíveis são diversos, devendo ser individualizados para cada caso. O mais importante a assinalar é que atualmente os tratamentos existentes podem melhorar muito a qualidade de vida sexual de quase todos os homens, de quase todos os casais. Os tratamentos podem ser administrados por urologistas, sexólogos, psicanalistas e outros profissionais, eventualmente em colaboração. Os tratamentos com drogas ingeridas uma ou duas horas antes do ato sexual (Viagra, Cialis, Helleva, Levitra, Vivanza, Suvvia e alguns outros) são muito eficazes para a maioria dos casos de disfunção erétil leve ou moderada. Para os casos de disfunção severa, ou impotência sexual, os me-

dicamentos nem sempre correspondem às expectativas dos pacientes e de seus médicos. Desde o lançamento do Viagra, em 1998, a abordagem do paciente com disfunção erétil mudou e ficou muito mais fácil. Os medicamentos mencionados de fato são bons e seguros, já devidamente testados no mundo todo há mais de uma década. Outras moléculas são aguardadas pelo mercado, com resultados ainda superiores, num futuro próximo. Medicamentos injetados no próprio pênis têm resultados muito bons e são especialmente indicados para aqueles pacientes que não respondem aos medicamentos como o Viagra e seus congêneres, ou que têm contraindicações para seu uso. Esses medicamentos são injetados pelos próprios pacientes, depois de um treinamento rápido, em seus corpos cavernosos penianos, agem poucos minutos depois e têm riscos muito baixos para a saúde. Seu uso já tem algumas décadas no mercado internacional e as drogas podem ser adquiridas em farmácias comuns. Tais medicamentos não dependem da libido, ou desejo sexual, uma vez que a ereção é promovida independentemente da vontade de o homem ter atividade sexual. As próteses penianas cirúrgicas são elementos de silicone, de diversos modelos, implantadas por urologistas A Revista da Família

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nos homens que não aceitam outros tratamentos ou que não respondem mais a eles. É o caso típico do homem diabético, que responde por algum tempo aos medicamentos de uso oral, depois passa para os injetáveis e, finalmente, recorre à prótese peniana como a solução definitiva para seu caso. As próteses existentes atualmente são de alta tecnologia, relativamente baratas, de fácil colocação e com poucos riscos de complicações. Outros tratamentos, como psicanálise, reposição hormonal, terapia de casal, administração de antidepressivos, uso de aparelhos a vácuo para promover ereções penianas, etc., fazem parte do arsenal moderno para o tratamento da disfunção erétil. O que não se pode esquecer é que a função sexual masculina não se resume a uma boa ereção. Isso é um reducionismo sexista, que vem primordialmente da cultura norte-americana. Sexo é muito mais do que uma ereção peniana satisfatória, muito mais do que um coito. Sexo é relacionamento. Sexo é vida. E como tal deve ser encarado pelo médico e seu paciente. O Dr. Lísias é Professor Livre-Docente da Faculdade de Medicina da USP e Diretor Clínico do Instituto do Radium de Campinas www.momentosaude.com.br lisiascastilho@gmail.com http://www.eptv.com/blogs/maissaude

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Glaucoma

Apesar de grave, a doença tem tratamento PRISCILA DADONA

Doença silenciosa

Sintomas como sensação de arcos coloridos, visão embaçada e, quando a pressão sobe repentinamente, pode ocorrer um avermelhamento nos olhos acompanhado de dor e até vômito. A dor pode aparecer quando a pessoa tiver uma crise.

Dra. Ana Luisa Hofling

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Silencioso e sem dor. Assim é o Glaucoma, uma das doenças mais graves do sistema ocular e uma das principais causas de cegueira irreversível. No Brasil, a estimativa é que 985 mil pessoas sofram desta doença. Embora seja grave e sem cura, se for tratado, o glaucoma pode ser controlado. Pela definição médica, o glaucoma é uma doença que afeta o nervo óptico (neuropatia óptica progressiva), que também pode estar associada ao aumento da pressão intra-ocular, ou seja, dentro dos olhos. É importante salientar que a elevação da pressão não é sinônimo da doença. “Pressão intra-ocular normal também não afasta a doença”, afirma o Dr. Gustavo Mansur Castro, médico assistente do Serviço de Retina da Faculdade de Medicina do ABC (FMABC) e membro da Academia Americana de Oftalmologia. Segundo a Dra. Ana Luisa Hofling-Lima, oftalmologista do Hospital 9 de Julho e professora titular da Unifesp, em casos mais avançados, pode haver sintomas como sensação de arcos coloridos, visão embaçada e, quando a pressão sobe repentinamente, pode ocorrer um avermelhamento nos olhos acompanhado de dor e até vômito. A dor pode aparecer quando a pessoa tiver uma crise. Foi exatamente numa crise como esta que Diva do Nascimento descobriu que tinha glaucoma. Numa noite, Diva, aos 37 anos, acordou com dor forte nos olhos a ponto de ser internada. “Fui operada pela primeira vez e descobri que tinha

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a doença.” A cirurgia, de acordo com Dra. Ana Luisa, é uma forma de controlar a pressão dos olhos, pois o médico faz uma pequena fístula para escoar o líquido acumulado nos olhos. “Mas não é um resultado permanente”, garante. No caso da Diva, a cirurgia realmente não obteve resultados, o que a levou para a sala de cirurgia mais seis vezes. Hoje, aos 72 anos, ela não enxerga com o olho direito e tem menos que 30% de visão no esquerdo.

Como saber se temos a doença

A boa notícia em relação ao glaucoma é que, se diagnosticado precocemente, tem tratamento. Muitos danos causados pelo glaucoma podem ser evitados, se buscarmos logo um tratamento apropriado. O Dr. Castro garante que consultas anuais e completas com o oftalmologista são o primeiro passo. No consultório, o médico faz a medição da pressão ocular – que nada tem a ver com a pressão arterial – e avalia as estruturas e do nervo óptico. A Dra. Ana Luisa acrescenta que os exames complementares, como campo visual e tomografia de coerência ótica, que detecta se há alguma má formação do nervo dos olhos, não são complicados e mostram resultados importantes para o médico detectar a doença. “Conseguimos acompanhar mesmo que o paciente não consiga dizer o que sente.” O Dr. Gustavo alerta que não basta somente medir o grau dos óculos (refração), pois este exame não detecta a presença de glaucoma.

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Quanto mais precoce o diagnóstico, melhor. Mas é preciso manter o tratamento rígido e constante Mulheres na mira

Diva enxerga com menos de 30% da visão

Tratamento Muitas pessoas podem ficar cegas por causa do glaucoma, porque são diagnosticadas de forma muito tardia. “Visto que o glaucoma é assintomático nas fases iniciais, somente é percebido pelo indivíduo quando a doença já se apresenta numa fase muito avançada”, pondera o Dr. Gustavo. De acordo com ele, não há como evitar a doença e, sim, tratá-la precocemente com colírios, laser e cirurgia. “Raramente há perda de visão significativa, não interferindo com a qualidade de vida do indivíduo”, afirma o médico. Embora tenha um glaucoma irreversível, Diva faz tratamento periódico para não perder o pouco de visão que lhe resta. Atualmente, ela usa 4 colírios diferentes e faz visitas ao médico a cada três meses.

São indicados para casos como o da Diva vários tipos de colírios, alguns bem baratos e outros mais caros. O uso é de uma gota por dia. Para quem mora no Estado de São Paulo, o governo dispõe estes medicamentos gratuitamente na Secretaria do Estado. Para ter acesso, basta fazer um cadastro e enviar o pedido médico. Muitas vezes, a entrega dos remédios é feita em casa. “A pessoa não percebe a perda de visão que é lenta, mas não tem volta, pois a célula nervosa não tem substituição e nem regressão. Quanto mais precoce o diagnóstico, melhor. Mas é preciso manter o tratamento rígido e constante”, enfatiza a Dra. Ana Luisa. De acordo com a médica, alimentação e estilo de vida não interferem na pressão ocular. A Revista da Família

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Segundo a doutora, a doença atinge mais as mulheres, pessoas de ascendência africana, pessoas acima dos 40 anos, míopes e os que tenham históricos da doença na família. Há alguns casos em que, na velhice, por conta da catarata, o cristalino dos olhos aumenta de volume e a pessoa pode apresentar um quadro de glaucoma. No entanto, a médica diz que este caso pode ser resolvido com uma cirurgia. “Existem, na literatura, casos de pessoas que usam medicamentos que ajudam na elevação da pressão dos olhos, como os remédios antidepressivos”, completa a médica. Como a doença é considerada uma anomalia dos olhos, existem casos de glaucoma congênito, em que a criança nasce com a doença. Indicativo disso é quando a criança tem os globos oculares aumentados e grande sensibilidade à luz. A Priscila, jornalista, é membro da 1ª IPI de São Paulo, SP Fontes http://www.ibc.gov.br/?itemid=118 http://www.abrag.com.br/

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NUTRIÇÃO

8DE MAIO DIA DAS

ERIKA GUIMARÃES

MÃES

Sempre achei que amamentar era importante. Eu fui amamentada, vi minhas irmãs amamentarem e, quando chegou a minha vez, ou melhor, a vez do meu filho, eu fiz questão de amamentar. Théo mamou desde o primeiro dia de vida. Durante os seis primeiros meses, cumpri à risca o ritual da amamentação exclusiva e em livre demanda, e construí, com isso, uma relação de amor e cumplicidade com meu filho, além da enorme contribuição do meu leite para a sua saúde. Mas eu não vou mentir: amamentar é lindo, mas é difícil. Dói, requer disposição, disponibilidade e muita fé no seu leite. Aliás, eu sempre tive a convicção de que o meu leite era o melhor alimento do mundo para o meu filho, embora muita gente tenha tentado me convencer do contrário: médicos, familiares, amigos, desconhecidos (além das empresas que produzem leite em pó que, volta e meia ‘tentam’ me convencer de que o leite delas é melhor do que o meu. Não é mesmo! E cá entre nós, a frutinha amassada e o arroz com feijão que eu faço, também são muito superiores aos que elas oferecem em práticos potinhos!).

Por que eu

amamento? 50 Alvorada

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Poderia amamentar por mais tempo

Théo, recém nascido e com 1 ano e 10 meses, com a mamãe Erika

Qualquer pessoa que tenha interesse pelo tema e que vá atrás de um pouquinho de informação a respeito vai ver que o leite materno é o alimento mais completo para os nossos filhos. Existem estudos que começam a relacionar o surgimento, cada vez mais freqüente, de doenças crônicas, como hipertensão e diabetes, à falta de amamentação. Além dos óbvios problemas de saúde que a não-amamentação pode acarretar, estudiosos discutem o impacto que sua falta pode trazer à espécie humana a longoprazo, inclusive do ponto de vista evolutivo. E isso faz todo sentido. Afinal, por mais “racionais” que sejamos, ainda fazemos parte do Reino Animal (Homo Sapiens, pertencentes à Classe dos Primatas, Ordem dos Mamíferos) e estamos sujeitos às mesmas modificações dos demais seres vivos. Nosso corpo foi preparado para parir e para amamentar e, por conseguinte, para receber o leite materno como alimento fundamental para a nossa formação. No entanto, a nossa sociedade não tem uma cultura de amamentação. É raro ver uma mulher em local público, com seu peito de fora, confortável em amamentar seu filho. Amamentar é ótimo, desde que seja escondido e, de preferência, que se dê o peito apenas a um recém-nascido.

Se o filho ou filha tem mais de seis meses e ainda mama, logo alguém virá perguntar: “Essa criança ainda mama?” Isso quando não lhe sugerem dar um complemento porque o leite materno é fraco. Outro absurdo. Não existe leite fraco, pouco leite, leite que não sustenta e leite que não desce. Existe médico que não incentiva e não encoraja a amamentação e mulher (ou família) mal informada, pouco disponível e pouco preparada para tal. Afinal, sendo bem franca, amamentar é dor e delícia ao mesmo tempo! Há alguns minutos, enquanto amamentava o meu filho, esse texto me veio como uma necessidade. Sentei aqui para escrevê-lo com uma intensidade que eu não pude controlar. Eu me devia isso. Há tempos venho querendo falar sobre esse tema para outras mulheres, amigas, pais, mães, futuras mães e não-mães convictas. Quero, definitivamente, levantar a bandeira do parto e da amamentação como um dos grandes temas da minha militância (junto com a pauta da conservação ambiental). E eu espero que a minha experiência e o pouquinho que eu aprendi, desde que o Théo chegou na minha vida, possam incentivar e sensibilizar outras mulheres a encarar o desafio da amamentação como algo primordial na relação mãe-filho.

O Théo sempre mamou. Até os seis meses, exclusivamente. Assim que começou a comer, passamos a revezar amamentação com alimentação, tranquilamente. A partir de um ano, o “mamá” passou a ser reservado apenas para os momentos de sono e assim chegamos até aqui. Há cerca de um mês, eu viajei e avisei o meu filho de que ele ficaria uma semana sem mamar. Ele ficou ótimo, sem crises, em paz, numa boa. Eu disse a ele que, se ele não quisesse mais, ele não precisaria voltar a mamar. Mas, quando nos reencontramos, esse foi o primeiro pedido que ele me fez, e eu o atendi, sem culpas, sem crises. Agora, estou me preparando para levar a amamentação até o Théo completar dois anos (em abril). Por que tanto tempo? Porque se você pegar qualquer caixa de leite longa vida ou lata de leite em pó, vai ver uma advertência do Ministério da Saúde recomendando amamentação por até, pelo menos, dois anos de vida. A Sociedade Brasileira de Pediatria e a Organização Mundial da Saúde assinam embaixo dessa recomendação. Esse time de especialistas e estudiosos sobre amamentação não recomenda isso à toa, não é mesmo? E continuo amamentando não apenas porque eu gosto, mas porque o meu leite ainda contribui para a nutrição e o fortalecimento da imunidade do meu filho. Eu poderia seguir amamentando por mais tempo e muitas mulheres, bravamente o fazem (se quiser ler mais sobre isso, acesse http://matrice.wordpress.com). Essas mulheres merecem a minha admiração. Eu já pensei e repensei sobre isso inúmeras vezes. E cheguei à conclusão de que dois anos será o nosso tempo. Acho que escrever esse texto, de alguma maneira, faz parte de um ritual, de começar a me desligar da delícia que é amamentar.

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A Erika é bióloga e mora no Rio de Janeiro, RJ nº 65 abril/maio/junho, 2011

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mães s a e o ç n e b a s eu

JULIANA ARAUJO

“Quando uma mulher está para dar à luz, ela fica triste porque chegou a sua hora de sofrer. Mas, depois que a criança nasce, a mulher fica tão alegre, que nem lembra mais do seu sofrimento” (Jo 16.21). Ventre acolhedor, nove meses a esperar o fruto da união de corpos: fez-se mãe. Outrora foi filha a cuidar dos mesmos deveres domésticos: comida, casa, família, trabalho... Não é como as mães do passado, já, muitas vezes, esquecidas a cuidar: marido, casa, filhos; hoje, tem profissão: desde a mais simples à de mais alto escalão. É a mesma mãe? Mudam-se os tempos, a vida... tão poucas donas Marias, o amor permanece o mesmo!

Amor é estado de graça, de doação! Ensinar, disciplinar, educar... Primeiros cuidados, coração atento à espera do inesperado: sms ou telefonema. Madrugadas infindas das cólicas dos primeiros meses de vida, depois de nove meses de espera. Seu seio alimentou; amparou; acolheu as lágrimas do primeiro amor do filho. Mãe: todas iguais e apenas mudam o endereço? Mãe... Mãezinha: preceptora, amiga, conselheira, apaziguadora! Mãe! A Juliana é membro da IPI de Bela Vista, Osasco, SP

P ara minha mãe LAERCIO BORSATO

Mamãe mostrou-me a primeira borboleta! Estava do meu lado, observando-a voar... Meus primeiros passos, tombos e piruetas Foram para ela algo espetacular! Mostrava-me o sol, estrela, lua, cometa: Obras de meu Deus, Senhor da terra e mar... Ministrava modos, costumes, etiqueta; Em dado momento, como devia me portar, 52 Alvorada

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Na igreja, na rua, na escola, na sociedade, Com vizinhos, colegas,ou nova amizade... Conhecia o mundo, “meu desconhecido!” Por crer no amor supremo, ao certo previa: Se não soubesse tudo, Deus lhe proveria Bem maior conhecimento que dos entendidos! Laercio Borsato, membro da 1ª IPI de Poços de Calda, MG www.sonetos.com.br

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RECEITA

a d a s s a a d a Coc UZA A DE SOUZA E SO MARIA APARECID

Ingredientes • 6 ovos sas de açúcar • 40 colheres ra anteiga • 1 colher de m l • 1 pitada de sa eijo ralado • 100 gr de qu coco fresco lado ou 2 copos de ra co co de gr 0 • 20 ite • 2 copos de le trigo peneirada sas de farinha de ra es er lh • 10 co te os demais inModo de fazer o açúcar, acrescen m co os ov os te ra misturar. Bata levemen último, somente pa r po ite le o o nd margarina; gredientes, deixa te uma forma com Un . os uc po s ao te a margaColoque a farinha e passe novamen a ig te an m l pe pa depois de depois, forre com urar. Desinforme do é at o rn fo em se rina para untar. As frio. São Paulo, SP e A. E. Carvalho, regação de Cidad ng Co da é ria Ma A

Sheila Amorim

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VOZ DO CORAÇÃO

Adoção

Histórias de amor e de coragem

MARCOS STEFANO

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entro dos campos de futebol, a carreira de Adhemar Ferreira de Camargo Neto, hoje com 38 anos, foi marcada por títulos e muitos gols. Com boa visão de jogo e um forte chute de esquerda, ele fez fama atuando pelo São Caetano e jogou durante anos no exterior. Porém, uma das maiores batalhas de sua vida não foi travada dentro das quatro linhas nos estádios do Brasil, da Alemanha, da Coréia do Sul ou do Japão. Aconteceu quando ele e a esposa Aline, 34, estiveram em um abrigo infantil há alguns anos. O casal fazia companhia a uma amiga de Aline, que adotaria uma menina de lá. “Já tínhamos dois filhos, a Ayeska, que está agora com 16 anos, e o Kaynan, de 14, mas um menino nos chamou a atenção”, lembra Aline. O pequeno Nikolas era apenas um recémnascido. Não tinha mais do que dois quilos, mas marcou profundamente a vida do casal. “Quando o peguei em 54 Alvorada

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meus braços, ouvi Deus falar comigo: ‘Este é o seu filho’. Foi um susto, mas conversamos e decidimos tentar a adoção”, conta Adhemar. Já no Fórum, eles foram atendidos por uma assistente social, que lhes deu duas notícias. Uma boa e outra má. A boa era que o garoto, diferentemente da maior parte das crianças que estavam no abrigo, poderia ser adotado. A má, que outros casais haviam procurado a Justiça para adotá-lo, mas depois desistiram. “Por quê?”, questionou, curiosa, Aline. “O Nikolas é soropositivo. Tem o vírus HIV”, informou, pesarosa, a mulher. “Você só conhece o que significa preconceito, quando ele vem bater à sua porta”, explica o ex-jogador. Ainda assim, a decisão de Aline e Adhemar foi firme: “Não tem problema. Queremos que ele seja nosso filho”. “Sabíamos que seria um desafio. Mas, hoje, temos a consciência de que não estamos fazendo caridade a nenhum coitadinho. Ele é que nos ajuda, a nós e aos irmãos, coroando a família com alegria”, conclui Aline. nº 65 abril/maio/junho, 2011

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A chegada de uma criança sempre provoca grandes expectativas. Como será a sua personalidade? Qual palavra aprenderá primeiro? De que maneira começará a andar? Mas, junto com a alegria de uma nova vida em casa, vêm também as responsabilidades. Se isso é verdadeiro no caso de filhos biológicos, imagine daqueles que são adotados. Crianças que, muitas vezes, quando chegam, já sabem andar, falar e comer por conta própria; que dizem espontaneamente do que gostam ou não gostam. E, muitas vezes, vêm traumatizadas pela precoce experiência do abandono. A história de Adhemar e Aline não é uma exceção no Brasil de hoje. Mais de 28 mil casais e cerca de 5.400 crianças estão inscritos no Cadastro Nacio-

nal de Adoção e esses números não param de subir. Diferentemente do que muitos pensam, adotar não é tão difícil assim. Mas quem adota deve estar preparado para superar as barreiras do passado, vencer as ilusões de uma convivência perfeita e sem problemas, e construir a felicidade no dia a dia com amor e paciência. “Adotar não é difícil. O sistema brasileiro não é muito complicado nem burocrático. Mas cada caso demanda um estudo específico e um preparo adequado dos pretendentes”, afirma Adalberto de Camargo Aranha Filho, juiz titular da Vara Central da Infância e da Juventude de São Paulo. Não são apenas casais que podem ado-

28 mil casais

e cerca de 5.400 crianças estão inscritos no Cadastro Nacional de Adoção

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tar uma criança. Solteiros, desde que maiores de idade, também. Para tanto, os interessados devem procurar a Vara da Infância e da Juventude mais próxima de sua casa. Lá, com acompanhamento de psicólogos e assistentes sociais, é realizada a habilitação e as pessoas entram num cadastro que, entre outras informações, traz o perfil da criança que desejam adotar. Quando chegar a vez e houver crianças disponíveis com o perfil desejado, começa a fase da aproximação. Os futuros pais conhecem o histórico do menino ou da menina, vão ao abrigo para um primeiro encontro e passam a fazer visitas periódicas. Em seguida, são liberados passeios e finais de semana para que a nova família se conheça melhor. Mesmo quando houver a autorização para a criança morar com os pais, ainda é necessário um tempo chamado de estágio de convivência, para ver se tudo está certo. Somente depois disso, a guarda definitiva é dada. Parece complicado, mas Adalberto garante que cada etapa é essencial. “A ruptura com a família natural é a

última alternativa. Primeiro, tentamos reabilitar os pais biológicos, que muitas vezes não têm condições financeiras para criar a criança ou são viciados em bebida ou drogas. Se isso não dá certo, procuramos a família por extensão, como avós e tios. Trabalhamos para causar o menor trauma nas crianças. A adoção não é algo que deva ser aplaudido, mas feito como necessidade”, explica ele. Se não for dado o tempo certo para cada etapa e quem adotar não receber o devido preparo, as chances de incompatibilidade e devolução da criança multiplicam-se. Ainda assim, na Vara Central, ele faz todo o possível para tornar o processo o mais rápido possível. O objetivo é fazer com que os pequenos sejam amados e cuidados por uma família que lhes dê condições dignas de vida. “Não há dor maior do que a de entrar num abrigo e ouvir a meninada pedir: ‘Tio, arruma um pai pra mim’. Nem alegria que se compare à que senti quando ouvi a declaração de um pai adotivo: ‘Sempre soube que meu filho estava por aqui. Apenas demorei um pouco para encontrá-lo’.”

Para o juiz Adalberto, o objetivo é fazer com que os pequenos sejam amados e cuidados por uma família que lhes dê condições dignas de vida.

“Ele segurou a minha mão e pediu que não deixasse que ela o levasse”

Quando o peguei em meus braços, ouvi Deus falar comigo: ‘Este é o seu filho’

Ivone e Luiz Fernandes, membros da IPI de Porto Feliz, SP, já eram pais biológicos de três crianças, Wanderson, Wasni e Simone, quando conheceram Jorge Augusto. Recém-nascido, ele estava desnutrido e bem mal-cuidado. A mãe deixava o bebê com uma vizinha, que também não tinha preocupação com ele. Aos seis meses, a criança já havia passado por três internações, ficando entre a vida e a morte. Comovida, Ivone decidiu cuidar da criança. Conseguiu a ajuda de um amigo pediatra, recuperou a saúde do pequeno e, junto com Luiz, decidiu adotá-lo. “Foi um desafio

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Abaixo os mitos

Ieda e Iuli quando bebês, com Luiz e Ivone, e durante a formatura

Mônica Natale de Camargo, do GAASP, lista alguns dos maiores mitos sobre adoção e explica porque precisam ser desfeitos: preciso de um grupo de apoio. 1 Não Pensar dessa forma pode ser equivocado e cobrar um alto preço. Quem vai adotar deve saber que precisa estar preparado na cabeça e no coração. Para isso, é preciso tempo e instrução. Boa vontade e altruísmo não bastam. Não vou adotar filhos de 2 alcoólatras e prostitutas, pois tal pai, tal filho. Defeitos de caráter não são genéticos. Você pode fazer a diferença na vida da criança de acordo com os valores e exemplos que transmitir a ela. Se a criança não for pequena 3 não vou adotá-la, pois não conseguirei formá-la. É verdade que, quanto mais velha a criança, mais terá hábitos e manias a serem corrigidos. Mas

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o mesmo vale também para filhos biológicos. Todos precisam de educação e disciplina e, quando são crianças, podem ser moldados pelo amor. Se não contarmos, a criança não saberá que foi adotada. Por lei, a criança tem o direito de saber de sua adoção. Baque maior do que saber desde cedo da verdade é saber que os pais adotivos mentiram para ela e que não pode confiar neles. Toda criança adotada prefere conhecer e voltar para os pais biológicos. Toda criança quer conhecer sua história. Mas, estatisticamente, quase nenhuma, quando sabe que tem pais biológicos ou os conhece, quer voltar para eles. Em geral, esses meninos e meninas foram parar em abrigos por falta de cuidados e carinho e encontraram esses elementos essenciais com suas novas famílias.

Foi um desafio para nós, pois estava grávida de minha quarta filha, Áquila. Mas Deus nos deu um amor muito forte

Jorge no período escolar (acima) e com a mãe Ivone e uma das irmãs, Áquila

para nós, pois estava grávida de minha quarta filha, Áquila. Mas Deus nos deu um amor muito forte pelo Jorge Augusto”, diz Ivone. Quando o menino completou três anos, Ivone viveu uma situação inusitada. Jorge pediu para conhecer a outra mãe. “Acho que também era um plano de Deus. Fiquei preocupada, mas, logo que chegamos, ele se agarrou em mim. Segurando minha mão, pedia que não deixasse que ela o levasse embora para longe de mim e de seus irmãos. Aquilo aumentou minha fé e me deu convicção A Revista da Família

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de tudo que estava sentindo”, conta ela. Convicção que fez aumentar a família. Hoje, Jorge está com 34 anos e continua com o mesmo amor. Mas, em 1995, Luiz e Ivone conheceram as gêmeas Ieda e Iuli. Abandonada pelo marido, a mãe biológica pediu que o casal cuidasse delas, coisa que continuam fazendo até hoje. As duas meninas vão com freqüência à casa da mãe biológica, mas consideram o ato uma visita. Sua família está em casa, ao lado de Luiz, Ivone, Wanderson, Wasni, Simone, Jorge e Áquila.

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Adoção à brasileira

O tempo médio de espera para a adoção em varas como a de Adalberto é de dois anos. Mais ou menos o tempo médio que um casal leva para ter um filho biológico, desde a decisão de ter filhos, passando pelas tentativas de engravidar, pelo período gestação, até o nascimento da criança. Mas, em alguns casos, pode ser muito mais longo. Tudo depende do perfil de criança que as pessoas desejam. Se for menina, branca e recém-nascida – o sonho de grande parte daqueles que procuram a Justiça pela primeira vez – a espera pode levar mais de uma década. Essa dificuldade faz com que muitos casais tentem burlar os cadastros, procurem diretamente as mães biológicas ou mesmo falsifiquem documentos. Essas mesmas práticas são adotadas por quadrilhas que comercializam crianças com o exterior. Tais práticas, como deixa claro o juiz, são crimes previstos no Código Penal. Em 2009, o Brasil deu um passo importante para combater esses tipos de ilegalidade, tornar mais fácil todo

o processo e ainda encarar o drama do abandono. Ao entrar em vigor, a nova Lei Nacional de Adoção unificou em todo o país as exigências para os candidatos a pais adotantes. Também aperfeiçoou e organizou normas já existentes sobre o tema, mas que estavam espalhadas em diversos dispositivos do Código Civil e do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Agora, tudo está reunido na lei, que se tornou uma parte do ECA. Outra mudança importante foi o estabelecimento de um prazo máximo de dois anos para a permanência da criança em abrigo, sem a destituição do chamado poder pátrio – sem o qual ela não fica livre para a adoção. Até então, as crianças ficavam por tempo indeterminado nos abrigos, à espera de que, em algum momento, houvesse solução para sua família biológica. A solução não chegava e o tempo passava. Mas, quanto mais velha ela fica, mais difícil é encontrar quem a queira. Uma pesquisa recente da Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB) descobriu que pelo

“Tive endometriose e não podia engravidar” Vivemos felizes, como uma família normal. Sabemos que esse é o chamado de Deus para a nossa vida

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Quando se mudaram para Tabatinga, AM, por causa do trabalho do marido, oficial do exército, no Hospital Militar da cidade, José Rodrigues Neto e Darley não sabiam o que o futuro lhes reservava. “Logo descobri que tinha endometriose, uma doença que faz com que o endométrio, a camada que normalmente reveste internamente o útero, apareça fora dele. Com isso, também recebi a notícia que não poderia engravidar”, lembra Darley. O casal passou por momentos difíceis, mas continuou confiando em Deus e acalentando o desejo da paternidade. E foi no trabalho, quando

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menos 80 mil crianças vivem em instituições de apoio ou abrigos espalhados pelo país. Dessas, menos de 8 mil estão aptas para a adoção. Após a destituição da tutela familiar, a criança também tem a possibilidade de ter seu nome colocado no Cadastro Nacional de Adoção, criado pela nova lei. Mais do que uma simples lista, esse cadastro funciona como um verdadeiro banco de dados, reunindo perfis de candidatos à adoção e de interessados em adotar. Antes dele, quem queria adotar passava por um processo de seleção em sua comarca, no máximo, em seu estado. Se surgisse uma criança em outra unidade da federação, tinha de enfrentar novo processo. Agora, quem aceita fazer a inscrição nacional, consegue passar por cima da enorme burocracia. Ainda que a lei precise sair do papel e ser implementada mais efetivamente no cotidiano – dois anos depois, o número de adoções feitas com base no Cadastro Nacional é pequeno – o avanço já conquistado é inegável. E não somente para vencer a moro-

sidade, mas para oferecer esperança para crianças com mais idade que estão em condições de serem adotadas e não encontram interessados. Elas podem ser beneficiadas pelas restrições que a legislação impôs à adoção internacional. Em geral, a adoção de brasileiros por pessoas de outros países é incentivada apenas quando a criança tem mais de sete anos e não há perspectivas de encontrar alguma família por aqui. Outros beneficiados são os grupos de irmãos. A Justiça prima por não separá-los, mas é fato que interessados em adotar todos são raridade. Para eles, a adoção internacional passa a ser a opção. “Infelizmente, nossa nação ainda não formou uma cultura de adoção. O perfil dos pretendentes é de gente branca e classe média. Muitos não podem ter filhos e querem adotar crianças parecidas com eles. Já os pretendidos são em sua imensa maioria crianças pobres, negras ou pardas. Não são poucas que vêm com problemas e deficiências”, observa o juiz Adalberto. Ele lembra que muitos dos pais ado-

Neto visitava os ribeirinhos, levando alimentos, leite e fraldas para a população mais pobre, que tiveram contato com uma grávida. A mulher disse que não poderia ficar com a criança, não teria condições. “Tentamos dissuadi-la, convencê-la a tentar, mas não teve jeito. Estava muito consciente”, conta Neto. A pequena Nathália nasceu em maio de 2003, no Hospital Militar. E, logo, Neto e Darley foram comunicados que a criança poderia ser adotada. Era um presente de Deus para eles. Mas não o único. Em 2008, já transferido para Boa Vista, RR, o casal conseguiu adotar outro recém-nascido, Pedro Henrique, de uma forma bem parecida com a qual se tornaram pais de Nathália. Mais uma vez, o contato direto evitou filas e burocracia, e os dois

tornaram-se pais pela segunda vez. Mas a família ainda não estava completa. Quatro meses depois, quando o casal e as duas crianças já se preparavam para voltar para sua cidade de origem, Porto Feliz, no interior paulista, conheceram a menina Naemelly e sua mãe. A mulher não tinha condições de cuidar da pequena, nascida em setembro de 2008, e o casal lhe deu ajuda. Mas a mãe biológica insistiu e o agora subtenente e sua esposa decidiram adotá-la como filha. “Vivemos felizes, como uma família normal. Sabemos que esse é o chamado de Deus para a nossa vida”, comemora Darley.

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tivos sequer têm coragem de contar a verdade para as crianças, com medo de que elas prefiram voltar para os pais biológicos. “Nunca escondemos a verdade do Jorge”, lembra a dona de casa Ivone Fernandes. Mesmo com três filhos biológicos, ela e o marido, Luiz Fernandes, acabaram adotando o pequeno Jorge Augusto. “Com apenas seis meses de vida, ele esteve internando por três vezes, entre a vida e a morte, por causa dos maus tratos da mãe, que não lhe dava comida. Começamos a tomar conta dele e, depois, o adotamos”, conta Ivone, que freqüenta a IPI de Porto Feliz, no interior de São Paulo. Aos três anos, no entanto, Jorge quis conhecer a mãe biológica. “Fomos lá. Mas, ao chegarmos, ele se agarrou a mim. Não queria que a outra mãe o tomasse de mim e de seus irmãos. A adoção estreita laços e as novas famílias são tão ou mais sólidas que as antigas. Precisamos vencer o medo”, receita ela, ao lado do filho, hoje com 34 anos, mas o mesmo carinho.

José e Darley com os filhos do coração: Pedro Henrique, Naemelly e Nathália

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Direito de ter pais A prática da adoção é velha. O conceito surgiu ainda na Antiguidade e foi praticada por hindus, persas, egípcios e hebreus. Nessas sociedades, a família era a instituição base da sociedade, o que impunha a necessidade de filhos homens para se tornarem herdeiros e sucessores. O próprio Moisés, antes de se tornar o libertador de Israel e receber as Tábuas da Lei, foi adotado pela família do faraó egípcio. Antes dele, na Babilônia, o Código de Hamurabi já trazia oito artigos sobre o tema. Um deles previa que o filho adotivo que dissesse aos pais adotivos que eles não eram seus pais teria a língua cortada. Posteriormente, em Roma, a adoção virou recurso político e César adotou seu sobrinho Otávio para que se tornasse seu sucessor no comando do império. Com a Revolução Francesa, o parentesco por meio da adoção foi finalmente consagrado como ato jurídico. Desde então, a prática se aperfeiçoou e ultrapassou fronteiras. A ponto de, após a Segunda Guerra Mundial, que produziu milhões de órfãos pelo mundo, a adoção internacional se tornar não somente regular como bem-vinda. Atualmente, tornou-se lugar comum dizer que a adoção é um gesto

de amor. O que poucos mencionam é que não basta apenas ter boa vontade e se imaginar com um filho nos braços para que a adoção dê certo. É preciso toda uma preparação para a mente e para o coração. Quando a criança ingressa no convívio de sua nova família, aparecem diversos problemas. Primeiramente, na forma de conflitos. Se eles já acontecem com os filhos biológicos, não será diferente com os adotados. Com o agravante de que a maior parte das crianças tem mais de dois, três anos de idade e divide um passado marcado por abandono, violência, miséria e mesmo abuso sexual. “Muitos casais adotam para realizar seus sonhos. E querem que as crianças se adaptem a suas idealizações. Costumo dizer que não é preciso negar o sonho, mas trazê-lo para perto da realidade”, ensina Mônica Natale de Camargo, 45, presidente da organização não-governamental Grupo de Apoio à Adoção de São Paulo (GAASP). Crianças têm direitos e não são apenas objetos de desejo dos adultos. Apesar de recente, essa concepção move a adoção nos dias atuais. E exige uma adaptação dos futuros pais. É para diminuir problemas de convivência, auxiliar na adaptação das crianças e orientar as famílias durante todo o processo que o GASSP foi

Infelizmente, nossa nação ainda não formou uma cultura de adoção. O perfil dos pretendentes é de gente branca e classe média. Muitos não podem ter filhos e querem adotar crianças parecidas com eles. Já os pretendidos são em sua imensa maioria crianças pobres, negras ou pardas.

Naemelly, Pedro Henrique e Nathália

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criado em 2002. Atende cerca de 150 pessoas por mês, oferecendo apoio jurídico e psicológico na forma de palestras e acompanhamento de casos, antes e depois da adoção. O sucesso da empreitada e a confiabilidade do trabalho realizado conquistaram a simpatia do Judiciário paulista. Diversos juízes recomendam que os interessados, antes de adotarem, passem por cursos da entidade, em uma parceria que vem dando bons frutos. “Um dos mitos que procuramos desfazer é o de que é difícil adotar. Quando as pessoas reúnem todos os documentos, podem conseguir uma criança em até seis meses”, garante Mônica. Mas, para isso, em muitos casos, esses casais precisam flexibilizar o perfil pretendido. “Na adoção, você faz um bem para si, mas, sobretudo, para a criança. Falta entender isso. Quando as pessoas admitem mudar a postura, aceitam crianças com mais idade ou outra cor de pele. No ano passado, depois de participarem de nossos cursos, 40% dos pretendentes fizeram essas mudanças”, diz Mônica, que dirige a ONG ao lado do marido Alberto. Casados há 20 anos, durante 12 tentaram ter filhos biológicos. Usaram técnicas modernas para tentar engravidar, mas nada deu certo. Em 2003, partiram para a adoção. O primeiro a chegar foi o xará do pai,

Em 2009 entrou em vigor a nova Lei Nacional de Adoção que unificou em todo o país as exigências para os candidatos a pais adotantes

Alberto, um esperto garoto que hoje tem seis anos. Mais recentemente, repetiram a experiência, e adotaram a pequena Bruna, de pouco mais de um ano. Essa experiência faz com que Mônica aconselhe com propriedade. Mesmo incentivando os casais a colocarem o bem estar dos pequenos acima do deles, ela defende que nenhuma adoção deve ser feita apenas por altruísmo. Ou seja, por melhor que a pessoa esteja economicamente, apenas a bondade e o desejo de “salvar” o adotado da situação desfavorável em que se encontra não justificam a decisão de aumentar a família. O compromisso deve ser muito maior. Por outro lado, os pais devem ter o cuidado de não manter expectativas irreais em relação aos filhos adotivos. “Isso costuma acontecer com casais inférteis, que não podem gerar os próprios filhos. É um erro pensar que a criança adotada substituirá a biológica que não veio. Assim, quando um casal não consegue ter filhos de modo natural, recomendamos que dêem um tempo antes de tentar adotar. Façam um luto simbólico da criança que não veio. A que chegará pela adoção será outra. E a adaptação à nova criança não é simples. Elas gostam de testar os adultos e exigem dedicação”, previne ela. Toda preocupação tem sentido.

Mônica, Alberto (filho), Alberto e Bruna

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Ter filhos pode ser a mais nobre experiência concedida por Deus aos seres humanos, mas o que acontecerá quando a criança vier é sempre uma incógnita. Ainda mais em casos de adoção. Não dá para saber de antemão o que a vida vai reservar para ambos os lados, mas as dificuldades podem ser transformadas em momentos maravilhosos. O Rev. Assir Pereira e sua esposa Dayse que o digam. Durante seis anos, o casal tentou ter filhos biológicos, mas não conseguiu. Alertados pelos médicos, optaram pela adoção. “Foi uma decisão até natural para nós. Tivemos o exemplo que veio de casa. Minha mãe, D. Altina, e meu pai, ‘seu’ José, criaram outros 13 filhos, além de nós quatro biológicos. Em nenhum momento, consideramos nossos filhos como adotivos. Eles foram gerados em nosso coração e isso é o mais importante de tudo”, diz, emocionado, o Rev. Assir. Nos anos 70, quando isso aconteceu, as adoções costumavam ser mais difíceis. Mas não para o casal, que explica não ter tido problemas com filas nem com critérios de preferência. Eles acreditam que realmente o sistema brasileiro aperfeiçoou-se bastante, 62 Alvorada

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Creio que, desde o começo, Deus nos abençoou e dirigiu. Isso fez a diferença

mas criticam o excesso de burocracia e a falta de informações sobre o status dos postulantes nos cadastros, o que pode levar a uma desconfiança em relação ao processo. “Creio que, desde o começo, Deus nos abençoou e dirigiu. Isso fez a diferença”, conta o Rev. Assir. Primeiro, foi com Denise. Quatro meses antes de seu nascimento, a mãe já tinha decidido entregar a criança para adoção. Com a ajuda de uma diaconisa da IPI de Presidente Prudente, SP, eles puderam vivenciar como quaisquer pais toda a expectativa da chegada da menina. Com Eduardo, dois anos depois, a experiência se repetiu, mas com o apoio de outra diaconisa, dessa vez de Osvaldo Cruz, também no interior paulis-

A família da Dayse e Rev. Assir reunida em Poços de Caldas, MG

ta. Mas, nesse segundo caso, quando foram ao hospital buscar Eduardo, receberam do médico um duro conselho. “Ele nos disse para desistirmos, pois o menino teria má-formação e encontraria dificuldade para andar. Mas respondemos ao médico que aquele era o filho que Deus havia nos preparado. Da mesma forma como se tivesse nascido da minha barriga, não o deixaria no hospital”, diz Dayse. Quis a providência divina que os prognósticos não se confirmassem. Eduardo foi uma criança perfeita e, hoje, já está com 32 anos, é casado e já deu o neto Gabriel ao Rev. Assir e à Dayse. Denise, 34, também casada, deu outros quatro netos ao casal: Lucas, 15, Milena, 10, Nicole, 7, e Vitória, de 2 anos. Uma família normal, como qualquer outra, que enfrenta lutas e desafios, mas que aprendeu a crescer com eles e ser muito feliz. Especialmente por causa da adoção, que também deu oportunidade para testemunharem por diversas vezes essa experiência, mesmo em programas de TV. “Como bons presbiterianos que somos, podemos dizer que aprendemos o significado de ser eleitos por Deus”, finaliza Dayse.

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Filhos do coração

Elas ainda falam ZENEIDE RIBEIRO DE SANTANA

Denise

Hoje com 34 anos, é casada e tem quatro filhos: Lucas, 15, Milena, 10, Nicole, 7, e Vitória, de 2 anos

Eduardo

Hoje está com 32 anos, é casado e tem um filho: o Gabriel

Colaborou: Ione Rodrigues Martins, Coordenadora Nacional de Adultos

Mães falam! E como falam! - Cadê o nenezinho da mamãe? - Coma tudo! - Calce os sapatos! - Não se esqueça do agasalho! - Guarde os brinquedos! - E o banho? Já tomou? - Não deixe a toalha molhada na cama! - Deus abençoe! - Já fez a lição? Estudou para a prova? - Hora de levantar! Não vá chegar atrasado! - Mastigue direito! - Escove os dentes! - Leve o agasalho! - Que Deus acompanhe! - Estudou a lição da Escola Dominical? - Tome o xarope! - Com quem você vai sair? - Não chegue tarde! - Não se esqueça de que Deus é nosso Pai! - Não acha que é cedo para namorar? - E o agasalho? Está levando? - Claro que estou feliz! Que mãe não se alegra com a formatura de seus filhos? - Noivado? Tem certeza? Peçam a direção de Deus. - Chorando, eu? Imagine... - Casamentos sempre emocionam... - Só quero orar por vocês. Sogras não devem interferir. - Um neto? Que alegria! - Vocês estão cuidando de tudo? - Cadê o nenezinho da vovó? Pois é... Mães falam! E como falam! Acima de tudo, elas amam e se preocupam com tudo. Nem desconfiam que não precisam falar tanto. Desse amor a gente entende... Mas, um belo dia, contrariando a nossa vontade, elas partem, vão embora. E, no fundo de nossa saudade tão doída, suas palavras ainda ecoam em nossos ouvidos: - Deus te abençoe! E aqui ficamos chorosos, saudosos da sua fala... A Zeneide é membro da 1ª IPI de São Caetano do Sul, SP

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PÁSCOA

ODAIR MARTINS

Q

uando falamos ou escrevemos sobre a morte, logo temos a impressão de que falaremos ou escreveremos sobre derrota, quando, na realidade, é sobre a vitória. A morte nos traz vitórias. Quando nos deparamos com situações de morte, falamos o que queremos. A morte nos leva à liberdade e faz com que vejamos a vida de outra forma. O que deixamos de fazer ou o que deveríamos ter feito. 64 Alvorada

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“Onde está, ó morte, a tua vitória?” Está na vida que vivemos. No que deixamos de fazer, falar ou como amamos o próximo. Assim, vemos a vitória da vida sobre a morte. Ficamos tristes quando perdemos um ente querido, mas devemos ter a certeza que o mesmo Deus da vida é aquele que da morte produz vida. Seria terrível a vida aqui, sem a morte e ressurreição de Jesus. A vitória na cruz de Cristo, a sua ressurreição para a vida e a vida em abundância são para todos nós que estamos mortos para

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Paixão em Três Atos o mundo, mas vivos para Deus. Provavelmente, não existe uma única pessoa no mundo que não tenha ouvido falar a respeito da morte e ressurreição do nosso senhor Jesus Cristo. Naquele tempo, quando os fatos de sua morte e ressurreição foram amplamente divulgados, seu sentido e sua essência espiritual surgiram como mistério da sabedoria de Deus, de sua justiça e amor infinitos. Os maiores pensadores, com impotência, se inclinaram perante o mistério inconcebível da salvação. Não obstante, os frutos espirituais da morte e ressurreição do salvador são acessíveis à nossa fé e sensíveis ao nosso coração. Graças à capacidade que nos foi dada de percebermos a verdade em Jesus Cristo, somos convencidos de que o filho encarnado de Deus morreu voluntariamente na cruz para a purificação dos nossos pecados e ressuscitou para nos dar a vida eterna. Sobre esta convicção se baseia toda a nossa fé. Na Páscoa, celebramos a vitória da vida sobre a morte. E não se trata de uma morte qualquer, mas de morte na cruz. Que vitória é esta? O nosso inimigo não pára de lutar para nos derrotar. Seu desejo é que estejamos mortos para a vida de amor, paz ou alegria. E que sejamos mortos pelas guerras, pelas religiões, pelas igrejas, pelo poder, pelo dinheiro nos afastando de Cristo. Quando adoramos as coisas deste mundo, a

morte nos derrota e ficamos decepcionados com a vida e não damos glória a Deus todos os dias pela vitória na cruz, porque valorizamos mais a vida terrena do que a vida eterna. Esquecemos que nossa passagem por aqui é para ganharmos a vida eterna e, por isso, o apóstolo Paulo escreveu: “Se a nossa esperança em Cristo só vale para esta vida, nós somos as pessoas mais infelizes deste mundo” (1Co 15.19). Na epístola aos Hebreus, lemos sobre o significado da morte e ressurreição de Jesus Cristo com os festejos da Páscoa dos hebreus e notamos a indicação de Deus nos acontecimentos, a respeito dos quais o autor escreve detalhadamente. Então, a perseverança dos crentes nasce da comunhão com Deus, da fé nele e da consciência do que o espera. A cruz como altar cristão e a ressurreição do Grande Pastor são as bases da ação divina. Estes acontecimentos históricos da Páscoa estimulam o crente à ação. A ação está em participarmos do sacrifício de Jesus, uma vez que somos reconciliados com Deus. Esta reconciliação será manifesta na participação da ceia do Senhor, da comunhão no seu corpo e sangue. Unidos com ele, seremos unidos também entre nós. E o Espírito Santo pode unir os membros deste corpo entre si e nos livrar da morte eterna.

A Morte (Lucas 23.44-49)

A tarde vinha sugando o dia, O sol se punha em esplendor. Na cruz um homem, porém, morria E nessa morte mostrava amor. Na hora nona do mesmo dia, Chorava o amigo e o seguidor. O que a promessa já nos dizia Agora vinha em forma de dor.

O Sepultamento (Mateus 27.57-61)

Lá no madeiro crucificado, Em plena noite ainda se via, Porém, sozinho não foi deixado, Alguém ao rei seu corpo pedia. Cristo na pedra foi sepultado Pela bondade de um discípulo, Com sais e cheiros foi preparado. Era o fim de mais um capítulo.

A Ressurreição (João 20.1-18)

E, na manhã do terceiro dia, Em que a morte só trouxe dor, Então fremente gritou Maria, Cheia de espanto: ”Vi o Senhor!”. Contando a todos a Boa Nova, Ficou gravada aquela visão, Do Cristo vivo, como uma prova, Que confirmava a ressurreição. A Lídia é membro da IPI de Piracicaba, SP

O Presb. Odair, coordenador nacional de adultos, é membro da IPI de Porto Feliz, SP

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LÍDIA SENDIN

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REFLEXÃO

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DE MDAAIO

O ABOLIÇÃ RA NO TU ESCRAVA

BRASIL

o ã ç i l o b A o ã s i v i d da

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EVANDRO RODRIGUES

“A fim de que todos sejam um; e como és tu, ó Pai, em mim e eu em ti, também sejam eles em nós; para que o mundo creia que tu me enviaste” (Jo 17.21). “Cainã, filho de Enos; Enos, filho de Sete; e este, filho de Adão” (Lc 3.38). Em sua preciosa obra “Projetos de Esperança”, o Dr. Milton Schwantes trata da diferença entre as genealogias contidas na Bíblia e as genealogias dos povos vizinhos a Israel. Nos textos mesopotâmicos, as genealogias desembocam nas dinastias, acentuando a figura real. Essas dinastias descenderiam diretamente dos deuses. Ao contrário, a genealogia bíblica aponta para o lavrador Adão, frágil e pe-

cador. Aponta para a família que se relaciona com a terra e com os animais. Dessa forma, a genealogia bíblica ensina que, para Deus, não há castas; que o projeto de Deus não inclui a dinastia, a dominação, a segregação racial e social. O projeto de Deus é de um sistema (Reino dos Céus) onde todos são iguais, apenas exercendo papéis diferentes. Aliás, a palavra escolhida na versão grega do Antigo Testamento para traduzir o termo hebraico q(e)hal (assembléia) é “igreja” (no grego, ekklesia). No mundo grego, os participantes de uma assembléia possuíam o mesmo status; não havia maior ou menor, melhor ou pior; antes, eram todos cidadãos com as mesmas prerrogativas e importância.

Até o final do século XIX, estudiosos usavam a nomenclatura “raça” para diferenciar os povos. Utilizava-se até mesmo o termo “raça primitiva” para designar povos cuja tecnologia parecia inferior aos olhos do pesquisador. O conde inglês Joseph A. de Gobineau propôs a existência de três raças: brancos, negros e amarelos. Para ele, os brancos possuíam moralidade e inteligência superiores, o que explicaria a expansão imperialista inglesa. Mais tarde, suas idéias iriam influenciar Adolf Hitler e grupos de supremacia branca, como a Ku Klux Klan. Após a Segunda Guerra, a ciência abandonou o conceito de “raça”. Percebeu que esse conceito não divide os grupos ou povos por conta de fatores biológicos – já que,

EDUARDO CARLOS PEREIRA Em tempos em que missionários norte-americanos e líderes presbiterianos viam a escravidão como um “mal menor”, Eduardo Carlos Pereira ecoou um discurso inconformado. No jornal Imprensa Evangélica (atual O Estandarte) publicou um texto antológico, conclamando os cristãos à luta anti-escravagista, denunciando a incompatibilidade entre a fé cristã e a política reinante. As palavras de Adolpho M. Corrêa traçam o perfil deste corajoso líder protestante: “Na qualidade de brasileiro, Eduardo Carlos Pereira

pugnou pelos grandes ideais da Pátria. Seu intenso desejo era a liberdade dos escravos. Desde jovem, lutou em favor dos oprimidos e, em especial, daqueles que tinham sua liberdade cruelmente cerceada, e que sofriam os horrores da escravidão [...] Fez-se ouvir seu brado, alto e enérgico, corajoso e forte, numa atitude nobre e vibrante, contra os males sofridos pelos escravos, na defesa dos nossos humildes irmãos”. Porém, de que valia tal liberdade, já que, socialmente, nada foi feito na República nascente para que os negros fossem inseridos

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na sociedade? Os notáveis da época também cuidaram para que não houvesse um desastre econômico com o fim da escravidão. Em 1824, a Constituição, em seu Artigo 5º, já assegurava total liberdade de culto a todos que não professassem a fé católica. Essa lei não tinha apenas um caráter liberal e iluminista, mas principalmente um propósito comercial de fomentar a incursão de estrangeiros europeus – em grande parte, protestantes – para o trabalho nas lavouras, substituindo a mão-de-obra escrava.

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biologicamente, toda a humanidade constitui uma única raça – mas distingue os grupos e pessoas por aspectos puramente sociais, ainda que, supostamente, tente se basear em aspectos biológicos. Adota-se a terminologia “etnicidade”, tendo esta apenas um significado social. “A etnicidade refere-se às práticas e às visões culturais de determinada comunidade de pessoas que as distinguem de outras”. Desta forma, podemos concluir que a humanidade constitui uma grande e única família, usufruindo e cuidando do lar que Deus proveu: o planeta Terra. Toda divisão e segregação é produto da vaidade, do orgulho e do pecado humano. O leitor deve recordar que, em pleno século XX, a humanidade testemunhou um capítulo horrendo de sua história, motivado por sentimentos xenofóbicos e nacionalistas na Alemanha. A eugenia nazista (projeto para purificação da raça) esterilizou milhares de pessoas por

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todo o país. Acreditava-se que, diminuindo ou eliminando a mistura racial entre o povo, seria possível obter uma “raça pura”, superior. O projeto sacudiu o mundo, ocasionando a nefasta 2ª Guerra mundial, que culminou na morte de 50 milhões de pessoas, dentre elas quase 6 milhões de judeus. O desejo de purificação também não poupou negros, ciganos, homossexuais e pessoas com deficiências. Se, para alguns, os números são exagerados, a pergunta que devemos fazer é: “Onde estava a igreja”? Em um país protestante, poucos teólogos e pastores tiveram coragem de enfrentar o regime. Ao saber do propósito de Hitler de invadir a Polônia, o papa apenas pediu: “Se vai invadir a Polônia, poupe ao menos os cristãos”. Ao chegarmos ao mês de maio, não poderíamos deixar de lembrar a vergonhosa prática escravagista, que sempre foi vista como algo natural, até mesmo na era cristã. Teologias foram elaboradas, justificando a su-

perioridade de uma “raça” sobre outra. A galinha dos ovos de ouro da campanha colonialista era o tráfico de escravos. Homens brancos, católicos e protestantes, negociavam seres humanos nas praças, como mercadorias. No Brasil, até o final do século XIX, a grande força que movia a economia era a força do escravo negro. Surrava-se um escravo no sábado e, no domingo de manhã, ia-se à missa participar da Eucaristia. No início do século XIX, manter escravos tornou-se cada vez mais difícil, já que a proibição do tráfico, em 1850, tornou o preço pouco atraente. Assim, em 1888, após mais de 300 anos de luta abolicionista, foi promulgada a Lei Áurea, que tornou os negros definitivamente livres. Dentre as vozes abolicionistas do final do século XIX, não poderíamos deixar de citar o Rev. Eduardo Carlos Pereira, professor por excelência, gramático e líder dos “independentes” que fundaram, em 1903, a nova denominação presbiteriana, a nossa IPI do Brasil.

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No dia 6 de junho, inicia-se a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos. Nossa oração não deve consistir em pedidos pela unidade. Antes, precisa ser uma oração de confissão, de arrependimento, pois cada um de nós encontra-se em estado de culpa por conta da divisão. Fizemos de Jesus a cabeça de um corpo mutilado. Oremos. Mas, também, ajamos, para que, um dia, sejamos um.

Lançando um olhar sobre a história da igreja, é fácil detectar o quanto a influência cultural dividiu os crentes. Diferenças entre o clero e os “leigos”, diferenças entre homens e mulheres, diferenças entre ricos e pobres, bem como as diferenças étnicas marcaram indelevelmente a caminhada dos cristãos. Ao invés de denunciar e combater os males causados pela segregação social, a igreja adotou-a. Já tivemos igrejas nos EUA que não admitiam negros. Membros da Ku Klux Klan cantavam alegremente no coral, nos cultos de domingo, após perseguir e humilhar homens, mulheres e crianças – muitos deles também cristãos – durante a semana, pelo simples fato de serem negros. Hodiernamente, testemunhamos o surgimento de novas denominações que afirmam ter resgatado a “pureza do evangelho”. Por todo lado, surgem grupos cristãos que se julgam superiores por terem dons, dinheiro ou “a verdadeira teologia”. Os cismas denominacionais são justificados pelos cristãos por conta de “diferenças teológicas”. Revestem a divisão até mesmo de piedade, dizendo que isso é fruto da “mul-

tiforme graça de Deus”. Não se dão conta que as causas da divisão são sociais: racismo, machismo, feminismo, pobreza e riqueza causam a celeuma. Como afirma Richard Niebuhr: “O denominacionalismo representa, assim, o fracasso moral do cristianismo. A menos que a ética da fraternidade supere o divisionismo do corpo de Cristo, será inútil esperar que vença o mundo. Mas, antes que a igreja possa superar sua divisão fatal, deve aprender a reconhecer e admitir o caráter secular de seu denominacionalismo”. Basta olhar para o princípio do denominacionalismo norte-americano para percebermos que o divisionismo da igreja tem como ponto fundante a questão étnica. Com as missões para a Ásia e África, o problema étnico na igreja ganhou contornos mundiais. Na lógica de mercado em que vivemos, mais uma vez a igreja está padronizada secularmente: igreja de pobre, igreja de rico, igreja da cura, igreja do estudo, igreja showgospel, igreja balada, igreja de jovem, igreja de velho. Cabe ao crente-consumidor escolher. No dia 13 de maio, o Brasil coA Revista da Família

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memora o fim da escravidão. Teoricamente, a abolição iguala seres humanos negros e brancos. Mas, como cristãos, quando comemoraremos o fim das barreiras alçadas? Quando aprenderemos a olhar para outro não como ameaça, mas como indivíduo igualmente alvo do amor de Deus, cheio de potencialidades para a construção de um mundo melhor? Como o Rev. Eduardo Carlos Pereira, quando denunciaremos a incompatibilidade da nossa fé com a situação vigente? No dia 6 de junho, inicia-se a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos. Nossa oração não deve consistir em pedidos pela unidade. Antes, precisa ser uma oração de confissão, de arrependimento, pois cada um de nós encontra-se em estado de culpa por conta da divisão. Fizemos de Jesus a cabeça de um corpo mutilado. Oremos. Mas, também, ajamos, para que, um dia, sejamos um. O Evandro, graduando em Teologia pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, professor da Escola Dominical, é membro da IPI de Vila Brasilândia, São Paulo, SP evandro_enops@hotmail.com

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COMEMORAÇÃO Fotos:divulgação

ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO DA SOCIEDADE BÍBLICA DO BRASIL

O ano de 2011 marcará uma conquista especial para a causa da Bíblia no País. A SBB alcançará, no primeiro semestre, a inédita marca de 100 milhões de Escrituras produzidas – Bíblias e Novos Testamentos. O expressivo número é contabilizado desde setembro de 1995, quando a Gráfica da Bíblia, instalada na Sede Nacional da SBB, em Barueri, SP, foi inaugurada. A partir de então, a unidade representou um verdadeiro divisor de águas na produção, encadernação e distribuição de literatura bíblica no Brasil. E, hoje, constitui-se no maior centro produtor de Bíblias do mundo. Para celebrar esse feito, a SBB está programando um grande culto de ação de graças, a ser realizado em 10 de junho, no Ginásio Poliesportivo José Corrêa, no centro de Barueri. Nesta data, também será comemorado o 63ª aniversário da SBB. “Esse é um momento especial de agradecimento e oração a Deus. Todos esses exemplares foram distribuídos a milhões de pessoas, que tiveram a oportunidade de ter seu coração semeado

Transformando com

vidas

a Palavra de

Deus Empenhada em levar a Bíblia a todas as pessoas, a Sociedade Bíblica do Brasil (SBB) comemora seu 63º aniversário com o alcance da marca inédita de 100 milhões de Bíblias e Novos Testamentos produzidos. A principal celebração será um grande culto de ação de graças aberto a todos os cristãos.

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com a Palavra que transforma vidas. As igrejas cristãs contribuíram para o alcance dessa marca e, por isso, convidamos seus representantes e membros para se juntarem à SBB nesse dia festivo”, diz o secretário de Comunicação e Ação Social da SBB, Erní Seibert. Muito mais do que um recorde mundial, o alcance dessa marca tem um significado especial. “Ter uma Bíblia é ter acesso aos mais altos valores que podem nortear a vida de uma pessoa e da sociedade. Dessa forma, a marca de 100 milhões de Escrituras produzidas significa que 100 milhões de pessoas podem ter esse verdadeiro tesouro que é a Palavra de Deus em suas mãos”, diz o diretor executivo da SBB, Rudi Zimmer. Segundo ele, a abundância de Bíblias é um fenômeno dos tempos modernos, já que, até a época da descoberta do Brasil pelos portugueses, quem quisesse ter uma Bíblia precisava copiá-la à mão. A dificuldade em se ter o Livro Sagrado em larga escala perdurou até o surgimento da primeira Sociedade Bíblica, a Sociedade Bíblica Britânica e Estrangeira, em 1804. Até então, não havia uma produção sistematizada de Bíblias para

alcançar o mundo inteiro. “Imaginar a quantidade de gente impactada com 100 milhões de Bíblias emociona. Esse feito significa renovar com entusiasmo o compromisso da SBB de semear a Palavra para todos. Continuaremos aumentando a produção bíblica para atender a essa crescente sede da população por Escrituras”, afirma Celio Emerique, gerente geral da Gráfica da Bíblia. Entidade sem fins lucrativos, de natureza filantrópica, assistencial, educativa e cultural, a SBB tem por finalidade traduzir, produzir e distribuir a Bíblia, um bem de valor inestimável, que deve ser disponibilizado a todas as pessoas. Além disso, por seu caráter social, desenvolve programas com o objetivo de promover o desenvolvimento espiritual, ético e social da população brasileira. Fundada em 1948, construiu sua trajetória com base na missão de “promover a difusão da Bíblia e sua mensagem como instrumento de transformação espiritual, de fortalecimento dos valores éticos e morais, e de incentivo ao desenvolvimento humano, nos aspectos espiritual, educacional, cultural e social, em âmbito nacional”.

63ª aniversário da SBB

Culto de ação de graças, em 10 de junho, no Ginásio Poliesportivo José Corrêa, no centro de Barueri A Revista da Família

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Edições especiais A Gráfica da Bíblia tem excelência reconhecida além das fronteiras nacionais, permitindo que a SBB exporte para mais de 100 países das Américas, África, Ásia e Europa. De suas instalações saem exemplares em português, espanhol, inglês, francês, árabe e até em ioruba, idioma falado em países africanos. Entre os públicos beneficiados pelas publicações da SBB destaca-se o deficiente visual. Graças à Imprensa Braile, implantada na Gráfica da Bíblia desde 2002, esse segmento tem acesso ao texto integral das Escrituras Sagradas em braile. Integrada à Gráfica da Bíblia, a Imprensa Braile é formada por modernos equipamentos importados da empresa norueguesa Braillo, especializada em insumos para impressão em braile. Sempre atenta à sua missão, a SBB já participou de projetos destinados à tradução de partes das Sagradas Escrituras para tribos brasileiras, como Kaigang e Kaiowá. Também produziu o Novo Testamento em Sranan Tongo, língua falada no Suriname. Em 2004, lançou a Bíblia em Guarani Mbyá, a primeira completa, traduzida, editada e impressa no Brasil e, em 2007, publicou o Novo Testamento Xerente.

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MISSÕES

Uma nova campanha missionária CESAR SÓRIA DE ANUNCIAÇÃO

O nosso Deus não deseja que lhe apresentemos números, mas vidas; não espera de nós muitas obras realizadas, mas que todas sejam feitas com grande amor;

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A Revista da Família

Neste último mês de março, realizamos a nossa campanha missionária. Todo ano é realizada a Campanha Nacional de Missões da Secretaria de Evangelização da IPI do Brasil. Neste ano, o nosso slogan foi: “Missão possível - Viver o evangelho”. Lindo tema. Eu creio que realmente é possível viver o evangelho. É possível alcançarmos o alvo financeiro estipulado (R$ 120 mil). Por isso, minha gratidão a Deus pela vida de cada pessoa que aderiu à campanha e uniu forças com a Secretaria, para o progresso do reino de Deus, através da nossa amada IPI do Brasil. Quero também aproveitar este espaço para lançar o que proponho que seja a segunda parte desta campanha: “Missão possível - Viver o evangelho”. Trata-se não de uma campanha de arrecadação financeira, mas de uma arrecadação de corações! A igreja é, em sua natureza, missionária. Faz parte do nosso DNA. Portanto, uma igreja que não evangeliza e não faz missões está morta tanto para Deus quanto para a sociedade em que está inserida. Então, estou lançando este desafio a todas as nossas igrejas locais espalhadas pelo nosso imenso Brasil: sermos nós os evangelistas. Em outras palavras, o corpo de Cristo

deve ser o agente missionário e evangelístico da nossa igreja. Lembre-se: um dos períodos em que a nossa igreja mais cresceu foi aquele em que nossos irmãos e irmãs (não somente os pastores) viviam com a intenção de evangelizar, proclamar as boas novas com a vida, com amizade, com graça. Foram nossas famílias que fizeram isto acontecer. E, ainda hoje, nas nossas igrejas que crescem, é assim que funciona. Muda uma estratégia aqui, outra ali, mas a essência é o povo de Deus trabalhando para promover o reino de Deus. O nosso Deus não deseja que lhe apresentemos números, mas vidas; não espera de nós muitas obras realizadas, mas que todas sejam feitas com grande amor; ele não espera que façamos algo extraordinário e que nos seja pesado demais, apenas obediência e confiança, convicção de chamado. Quando cantamos o Hino Oficial da IPI do Brasil, sobre o pendão real que Deus nos entregou, é sobre isto que cantamos. É assim que viveremos: firmes até morrer. O evangelho na prática e em palavras. Este deve ser o nosso anseio, nossa esperança e nossa fé. Esta é realmente uma missão possível: viver o evangelho, alcançar vidas, obedecer ao chamado de Deus! Que Ele nos abençoe ricamente. O Rev. Cesar é o secretário de evangelização da IPI do Brasil

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