A Revista da Família
Al
Ano XLIII nº 69 ABRIL | MAIO | JUNHO 2012
Alvorada 44 anos Gratidão e uma linda festa para celebrar o aniversário da revista
Pedofilia
Temas ligados à sexualidade raramente são discutidos na igreja
O perigo da dependência alcoólica
Hipertensão Mata 300 mil pessoas por ano
Oração
Diariamente, às 12 horas, mães de todo o Brasil oram pela conversão e santificação dos filhos
Inversão de valores
A vulgarização na música está mudando radicalmente o comportamento de uma geração
Álcool e direção No Brasil, vítimas de acidentes de
Uma pesquisa sobre drogas revela que 90% dos adolescentes já consumiram álcool, 44% maconha e 10% cocaína
trânsito pode chegar a 50.000 por ano
EDITORIAL
Grandes coisas para nós SHEILA DE AMORIM SOUZA
"Ó Senhor, nosso Deus, tu tens feito grandes coisas por nós. Não há ninguém igual a ti" (Sl 40.5). Quando nasci, meus pais já eram membros da IPIB. Foi aqui que aprendi a amar a Deus e o seu filho, Jesus. Ainda adolescente, lembro-me, como se fosse hoje, do trabalho das mulheres da minha igreja, na Vila Santa Maria. Elas tinham um entusiasmo que envolvia a igreja. Também lembro da minha mãe recebendo a Revista Alvorada. Nas datas especiais, sempre tínhamos uma em mãos para alguma leitura ou jogral. De lá pra cá, muitas coisas aconteceram em minha vida. Só não poderia imaginar que, um dia, seria a editora desta revista que manuseei por muitos anos e que participaria de uma linda festa em comemoração aos seus 44 anos. Que festa linda! Conheci e reencontrei pessoas maravilhosas que amam nossa igreja, amam nossa revista e, principalmente, amam a Deus e não se cansam de trabalhar pelo seu reino. Abracei-as e meu coração se alegrou em fazer parte desse momento histórico. Agradeci a Deus a oportunidade de estar ali com pessoas admiráveis. Agradeço de forma muito especial à equipe guerreira que me ajudou a enfrentar desafio tão grande. Encorajo você a reviver um pouquinho dos momentos tão especiais que tivemos. O que vimos e vivemos foi maravilhoso. Nesta edição, publicamos algumas fotos do evento. As demais estão na página de relacionamento da revista (facebook). Veja e curta! Outro ministério que começou no mesmo ano em que surgiu a Alvorada, e tem obedecido à missão dada por Deus, é o Círculo Mães em Oração. Diariamente, às 12h00, mães de todo o Brasil oram pela conversão e santificação dos filhos. E, por falar nas mães, maio está aí. Comemore essa importante data ao lado das grandes homenageadas do dia, as mães. “Ainda existem mães excelentes que devotam prioridade ao amor, carinho,
afeto, dedicação e fidelidade a Deus quanto à educação de seus filhos, preparando-os para a sociedade”, afirma o Rev. Adilson Souza Filho. Atualmente, mães e pais estão tendo um trabalho redobrado com a educação e proteção dos filhos. Fatos terríveis são constatados diariamente. Vocês sabiam que 12% dos sites de pornografia infantil na internet exploram crianças de 0 a 3 anos de idade? O Rev. Wanderley Mattos Junior alerta para que a igreja, por meio de seus pastores e líderes, com equilíbrio e bom senso, atue orientando, acolhendo, debatendo e oferecendo alternativas para tratar disso. Outras inversões de valores são semeadas por músicas que estão entre hits de sucesso. “Com letras sensuais e eróticas, são uma exploração do corpo da mulher. E esta exploração está mudando radicalmente o comportamento de uma geração. O Brasil é campeão mundial em cirurgias plásticas e em tratamentos estéticos”. Frente a essa realidade, é estritamente necessária uma mobilização para o cumprimento do papel da igreja e dos pais como educadores e protetores dos filhos, da criança e do adolescente, das mulheres, enfim, do ser humano. Drogas, álcool e direção de automóveis é outra reflexão que devemos fazer acompanhada por ações para ajudar na prevenção e tratamento do dependente químico. Muitos jovens morrem por causa da bebida alcoólica, pais negligenciam seus familiares e passam grande parte do tempo nos bares e, depois, pegam seus automóveis e causam tragédias. No Brasil, 35.000 pessoas por ano são vítimas de acidentes de trânsito. Para o Rev. Alex Sandro dos Santos, secretário da Família, essas pessoas estão em busca de significado para a vida, algo que só encontrarão em Cristo Jesus. Não podemos dimensionar a ação de Deus. Busquemos ao Senhor que tem feito grandes coisas por nós. A Ele a honra e a glória!
Sheila awlvorada@ipib.org
SUMÁRIO
3
Reflexão
4
Alvorada - 44 anos
8
Oração
Alvorada e eu. Uma experiência sobre respeitar a velhice
O evento reuniu pessoas de várias cidades
A igreja perseguida
Cristãos se reúnem às escondidas em casas ou na zona rural, sempre com muito cuidado e em rodízio, para não parecer um ajuntamento
39 41
Finanças
Casais em conflitos financeiros podem acabar com os casamentos
Pais e Filhos
As crianças de hoje são mais argumentativas
46 56
A história e missão do Círculo Mães em Oração
11
Dia das Mães
20
Inversão de valores
22
Drogas e Adolescência
28
PMs de Cristo
30
32
Saúde pública
A igreja pode assegurar processos contínuos de melhoria na saúde de sua comunidade
Hipertensão
Doença invisível responsável por cerca de 300 mil mortes por ano
Reflexão e poesias para homenagear as mães
O perigo da vulgarização da música
O contato com as drogras tem começado mais cedo. Pesquisa revela que adolescentes já se embriagam aos 13 anos
A profissão de fé de Policiais Militares em São Paulo
18 Pais e Filhos
Pelas redes da pedofilia. Cresce a exposição de crianças em sites de pornografia
36
Doméstica, você conhece os seus direitos?
Em missão
A manifestação de Deus em uma civilização “pagã”. Uma viagem a cidade de Cusco revela sua grandiosidade em beleza natural e sua história que é muito rica, porém triste e misteriosa
Dia da Empregada Doméstica
38
Previdência Social
Pastores e os direitos previdenciários
24
Álcool e direção
Pedestres, ciclistas e passageiros que, sob efeito do álcool, arriscam igualmente as suas vidas nas vias públicas
42
Educação
44
Consciência Ecológocia
Educação e Família é uma parceria possível
As sacolas plásticas são as grandes vilãs contra o meio ambiente? Por que estão sendo retiradas dos estabelecimentos?
52
O Desmame Natural
A interrupção do aleitamento materno é fortemente influenciado por fatores socioculturais
60
Faça você mesmo
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Receita
Pequenas modificações podem deixar o banheiro mais bonito. Rodapés dão estilo a sua sala.
Use sua criatividade e faça um delicioso arroz com tudo
Alvorada A Revista da Familia
Órgão Oficial da Secretaria da Família da Igreja Presbiteriana Independente do Brasil. Registrado, em 7/11/ 1974, no Instituto Nacional de Propriedade Industrial sob o n° 289 - CNPJ n° 62.815.279/0001-19 - Fundada em 3/2/1968 por Rev. Francisco de Morais, Maria Clemência Mourão Cintra Damlão, Isollna de Magalhães Venosa. Ministério da Comunicação: Rev. Wellington Barboza de Camargo. Secretário da Família: Rev. Alex Sandro dos Santos. Coordenadoria Nacional de Adultos: Ione Rodrigues Martins e Odair Martins. Coordenadoria Nacional do Umpismo: André Lima. Coordenadoria Nacional de Adolescentes: Rev. Rodolfo Franco Gois. Editora: Sheila de Amorim Souza. Revisor: Rev. Gerson Correia de Lacerda. Arte e Diagramação: Seiva D’Artes. Foto capa: Chrisharvey_dreamstimefree. Fotos e ilustrações: Allison de Carvalho, Fotolia, stock.xchng e dreamstimefree. Colaboraram nesta edição: Wanderlei de Mattos Júnior, Odair Martins, Adilson Souza Filho, Antonio Carlos M. Ferreira, Evandro Rodrigues, Dulce Vieira Franco de Souza, Alex Sandro dos Santos, Maria Emília Conceição, Daniel Dutra, Laércio Borsato, Elaine Gomes, Eliana Costa, Wesley Zinek, Evandro Luchini, Sandra Regina M. Vilhagra Faria, Ademir S. de Almeida, Marcos Inhauser, Mariana Rodrigues Martins, Edi Gomes Ferreira, Regismeire Viana Lima, Elsa Regina Justo Giugliani, Fabiana Lopes de Souza e Roberto Costa. Redação: e-mail alvorada@ipib.org - Fone: (11) 2596-1903. Assinaturas na Editora Pendão Real - Rua da Consolação, 2121 -CEP 01301-100 - São Paulo/SP Fone/Fax (11) 3105-7773 - E-mail: atendimento@pendaoreal.com.br. Assinatura anual Individual (4 edições): R$37,00, acima de 10 assinantes R$ 33,00, para receber através do (a) agente ou R$ 55,00, para receber em casa. Número avulso: R$ 9,50. Depósito no Banco Bradesco - Agência 095-7 - Conta Corrente 174.872-6. Tiragem: 2500 exemplares. Os artigos assinados não representam necessariamente a opinião da revista. Permitida a reprodução de matéria aqui publicada, desde que citada a fonte.
REFLEXÃO
Alvorada e eu ZENEIDE RIBEIRO DE SANTANA
Alvorada é a revista da família da IPIB e completou 44 anos. Participei de um chá comemorativo desse aniversário, por sinal, muito gostoso e bem organizado. Algumas pessoas, a maioria senhoras, foram homenageadas por ter colaborado com a revista nessa trajetória. Nesse momento, veio-me à memória um fato ocorrido há pelo menos quatro décadas. Minha mãe foi assinante da Alvorada desde sempre. Lembrei-me de uma vez em que estava folheando a revista e, quando vi a foto de um grupo de senhoras, quase todas idosas, comentei, com toda a inconsequência e irreverência da juventude: “Quanta gente velha! Se fossem somar as idades, daria
vários séculos!” Minha mãe apenas suspirou e disse que aquelas mulheres pareciam desgastadas porque, com certeza, deveriam ter trabalhado duramente para cuidar da casa, do marido e dos filhos; apesar disso, se a foto fora tirada na igreja, significava que também trabalhavam para o Senhor. Aquelas palavras, ditas calmamente, valeram mais que um sermão, uma bronca ou uma repreensão irada e foram uma lição preciosa que me acompanhou pela vida afora. Pensei nas minhas avós tão dedicadas ao trabalho e à família, na minha própria mãe, dona de casa, mas que costurava o dia todo para ajudar no orçamento e que também era diaconisa prestativa, visitadora e assídua nos ensaios do Coral da IPI de Itapetininga,
SP. Aprendi a respeitar a velhice, a dar valor à experiência de vida e ao que as pessoas fazem com essa experiência. Por isso, procurei ensinar o mesmo aos meus filhos e sei que eles também ensinarão seus filhos a cumprimentar carinhosamente e a dar atenção aos idosos. Tudo isso me passou pela cabeça naquele momento do chá e, quando vi um rapaz fotografando tudo, sorri intimamente com um pensamento que me ocorreu: “Só faltava publicarem uma dessas fotos na Alvorada!” Então, se um jovem me visse com minhas irmãs e outras senhoras, com certeza diria: “Quanta gente velha!” E seria bem feito para mim.
Aprendi a respeitar a velhice, a dar valor à experiência de vida e ao que as pessoas fazem com essa experiência. Por isso, procurei ensinar o mesmo aos meus filhos e sei que eles também ensinarão seus filhos a cumprimentar carinhosamente e a dar atenção aos idosos.
A Zenaide, professora aposentada, é membro da IPI de São Caetano do Sul, SP
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Alvorada 3
GRATIDÃO
Participantes de São Caetano do Sul
Presba. Isva, Lila, Presbas. Umbelina e Dicla (na frente), Tirza, Presbas. Miriam e Noemi
Alvorada 44 anos Uma festa e muitos reencontros
4 Alvorada
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A caravana que veio de
mais longe,Votuporanga
SHEILA DE AMORIM SOUZA
O aniversário de 44 anos da Revista Alvorada, celebrado na IPI do Cambuci, São Paulo, SP, no dia 4/2/2012, foi marcado pela alegria do reencontro de muitos irmãos que vieram de várias igrejas de São Paulo e até mesmo de outras cidades como Sorocaba, Votuporanga, Espírito Santo do Pinhal, São Caetano do Sul, São Bernardo do Campo, Santo André, Votorantim, Machado, Osasco e Porto Feliz. A caravana de Votuporanga enfrentou mais de 6 horas de viagem para compartilhar momentos de grande alegria. Foi emocionante rever e conhecer algumas das lideranças que conduziram a Revista Alvorada em anos passados.
Fotos: Allison de Carvalho - bywa
lly@gmail.com
Poesia pelo Presb. Daltro
A cantora Tamara
A cantora Jussara Nunez
Além de muita confraternização, compartilhamos de momentos de adoração, comunhão e edificação. A programação foi feita com muito carinho e, de uma forma especial, buscou atender a todos que participaram. A partir das 15h00, foi servido um delicioso Chá Colonial, regado a muita música, poesia, arte, comunhão e adoração. Em seguida, foi celebrado o culto de ação de graças. A volta da comemoração do aniversário da Alvorada teve um gosto de recomeço da união que movia a IPIB nestas ocasiões. Todos os momentos foram marcantes e, para nos despedirmos na convicção de que teremos outras celebrações, deixamos uma reflexão do prega-
dor do culto, o Rev. Gerson Correia de Lacerda: “Agradecemos porque já recebemos de Deus”. A todos os que trabalharam e participaram, direta ou indiretamente, o carinho da Alvorada e o clamor para que as bênçãos do Senhor os acompanhem. “Agradeçam a Deus, o Senhor, anunciem a sua grandeza e contem às nações as coisas que ele fez. Cantem a Deus, cantem louvores a ele, falem dos seus atos maravilhosos” (Sl 105.1-2).
Participantes e colaboradores
A Sheila é editora da Revista Alvorada
O Rev. Rubens Cintra Damião foi o primeiro jornalista da Alvorada
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Fotos: Allison de Carvalho - bywally@gmail.com
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Tudo caprichado M Muitas coisas lindas foram preparadas com carinho pela nossa querida Cinira Furtado Nascimento e uma equipe que ela coordenou. Detalhes como o jogo americano, a decoração, os brindes e um lindo painel com revistas Alvorab das fizeram grande diferença. As mulheres se esmeraram na preparação dos comes e bebes servidos no Chá Colonial. Entre essas coisas gostosas foi servido um Bolo de Maçã, preparado pela Marina Gaister. Tome nota da receita e experimente fazê-la. Se você esteve na festa de Alvorada, já sabe que é delicioso.
Bolo de Maçã Ingredientes - 2 xícaras de chá de farinha de trigo - 2 xícaras de chá de açúcar - 1 xícara de chá de óleo - 3 ovos - 3 maçãs picadas - 1 colher de sopa de pó Royal - 1 colher de sobremesa de canela em pó Modo de fazer Numa tigela, peneirar todos os ingredientes secos. No liquidificador, bater os líquidos (óleo, ovos e as cascas das maçãs). Em seguida, misturar aos ingredientes secos delicadamente. Quando tudo estiver muito bem misturado, colocar numa assadeira untada com manteiga e farinha. Polvilhar por cima açúcar e canela, e levar ao forno por 50 minutos em temperatura média (isto pode variar de forno para forno). Costumo sempre servir este bolo com um chá C de frutas. Fica maravilhoso! de Qualquer dúvida, crítica ou ameaça... Estou à disposição! Beijos, queridas! Até breve! Marina Gaister (assessora da CNA e membro da 1ª IPI de André, ASanto Revista daSP Família nº 69 abril/maio/junho, 2012
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ORAÇÃO
Círculo Mães em Histórico
Oração
O Círculo Mães em Oração é uma sociedade de cunho estritamente espiritual, constituída de mães cristãs, em plena comunhão com suas igrejas (evangélicas tradicionais), com a finalidade de orar diariamente, às 12h00, pela conversão e santificação dos filhos das associadas. Este trabalho teve início em 12/5/1968, com 5 mães, e foi organizado em 29/5/1971, pelas irmãs Rachel de Mello Pinto (1ª Igreja Batista de Santos, SP), Dalcy Coimbra Gabriel e Alexandrina Coimbra (Igreja Metodista Central de Limeira, SP), Dirce de Mello e Maria Aparecida Lobo e Mello (Igreja Presbiteriana Jardim de Oração de Santos, SP). A administração é realizada por uma diretoria nacional (presidente, vice-presidente, tesoureira, 1ª e 2ª secretárias) eleita de três em três anos durante a realização do Congresso Nacional. Cada Estado tem uma diretoria subordinada à diretoria nacional. Mensalmente, na última sextafeira do mês, acontecem em todo o país reuniões de oração do Círculo. As reuniões são realizadas após consentimento do pastor, Conselho ou autoridade da igreja. O Círculo Mães em Oração não tem denominação eclesiástica e atende ao convite de qualquer igreja evangélica tradicional. O movimento iniciou, sem nenhum acordo prévio, com 3 denominações: Presbiteriana do Brasil, Batista e Metodista.
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Congressos
Já foram realizados vários congressos nacionais e estaduais (SP e RJ). Eles ocorrem todos os anos de forma alternada (nacional e estadual).
Nosso compromisso
1. Orar diariamente, às 12h00, pela conversão e santificação de nossos filhos. 2. Freqüentar na medida do possível as reuniões de oração da última sexta feira do mês. 3. Participar dos congressos e reuniões especiais
quando convocadas.
Estatuto
Todo trabalho que não é organizado tende a desaparecer com a pessoa que o realiza. E foi pensando nisso que se resolveu organizar em sociedade autônoma com um estatuto social.
Palavra da Presidente Nacional
Maria das Graças Miranda Deus colocou o Círculo de Mães em Oração em minhas mãos no ano de 1988, quando fui eleita vice-presidente nacional. Em 1990, assumi a presidência nacional por motivo de enfermidade da presidente e fundadora, nossa amada irmã Maria Aparecida Lobo e Melo, que já se encontra na glória do Senhor. Tenho aprendido em todos esses anos na diretoria nacional deste ministério a glorificar o nome de Deus, pois Ele é grandioso em nos ouvir e responder conforme o seu querer, que é o melhor para todos nós, como diz sua palavra em 1 Crônicas 16.25: “Grande é o Senhor e mui digno de ser louvado”. E, em todas as lutas e tribulações que temos que passar, devemos orar e esperar com perseverança no Senhor, pois devemos confiar na palavra do Senhor que diz: “Grandes coisas fez o Senhor por nós, e por isso estamos alegres” (Sl 126.3). Convido a todos vocês que estão conhecendo este trabalho a participar conosco do próximo Congresso Nacional, de 11 a 16/9/2012, na Colônia de Férias do Sesc, em Caldas Novas, GO. Inscrição através do telefone (13) 3317-1746 / (13) 9722-5040 ou por e-mail: gracinha.cmo@ bol.com.br
Privilégios
Uma das alegrias declarada pelas sócias do Círculo Mães em Oração é o de saber que, mesmo após a sua morte, o Círculo continuará orando por seus filhos, além do agradável e bom relacionamento com irmãs de diversas denominações que oram juntas. Muitas orações já foram respondidas e toda glória é dada a Deus.
Hino Oficial
“Senhor, eu preciso de ti”
Moto
“Quanto a mim, longe de mim, que eu peque contra o Senhor, deixando de orar por vós, antes vos ensinarei o caminho bom e direito” (1Sm 12.23). A Revista da Família
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Palavra da Presidente Estadual (SP)
Roseli de Lucci Brito
Conheci o Círculo de Mães em Oração no ano de 2000, quando era coordenadora de oração na Igreja Metodista em Itaberaba. Após tomar conhecimento, o pastor permitiu a implantação do trabalho em nossa igreja, confiando a mim essa responsabilidade. No mês de maio, ocorreu o primeiro culto do Círculo de Mães em minha igreja, quando fui eleita. Em setembro, fui ao congresso pela primeira vez, sendo eleita vice-presidente do Estado de São Paulo. Participei dos congressos nos anos posteriores e, em 2003, fui eleita presidente do Estado de São Paulo. O primeiro congresso como presidente foi no ano de 2004, depois em 2007, 2010 e o próximo será em 2013. É simplesmente maravilhoso estar em um lugar com mais de 500 mães que oram por nossos filhos. E hoje não são apenas mães, pois temos grande e crescente número de pais também participando e orando junto com suas esposas pelos filhos. E dessa forma, graças a Deus, o trabalho tem crescido anualmente. O último congresso estadual do Rio de Janeiro foi maravilhoso. O que mais me chamou a atenção foi que, no momento de oração da manhã, às 6h00, momento opcional, o centro de convenções ficava lotado de irmãs buscando a presença do Senhor. Foi muito edificante perceber o anseio e a busca cada vez maior da presença de Deus. Costumo dizer que é um pedacinho do céu... Todos os anos no mês de maio, temos um lindo e edificante encontro regional no Rio de Janeiro com a presença das três diretorias, onde se reúnem por volta de 300 irmãs comprometidas com a obra e crescimento deste trabalho, além de muita oração e louvor. Nos cultos locais, cada igreja possui uma coordenadora para dirigir o trabalho e as reuniões ocorrem todas as últimas sextas-feiras do mês, com louvor, palavra e testemunhos. No término, todos escrevem seus pedidos de oração em papeis já distribuídos no início do culto e, em seguida, são recolhidos e ali oramos. Logo depois, cada mãe leva um pedido para casa, adotando assim durante um mês um filho ou filhos de oração, com responsabilidade no compromisso assumido, pois cada mãe conta com nossas orações, seguindo o nosso moto. Também oramos pelos filhos das mães que já partiram para a glória do Senhor. É muito lindo, precioso e importante saber que nossos filhos sempre terão mães orando e intercedendo por eles. O melhor que fazemos pelos nossos filhos é orar. Querida irmã, você que se interessou e quer conhecer melhor ou implantar o nosso trabalho em sua igreja, sempre sob o consentimento de seu pastor ou Conselho, fale conosco! roselibrito.cmo@uol.com.br
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É simplesmente maravilhoso estar em um lugar com mais de 500 mães que oram por nossos filhos. E hoje não são apenas mães, pois temos grande e crescente número de pais também participando e orando junto com suas esposas pelos filhos.
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Presidente Estadual do Rio de Janeir
ito Ximenes Vera Lucia de Br bolo de compromissím o
Vejo este trabalho com as mulheres, so, amor, lealdade e esperança para eza que as cert quer sejam cristãs ou não. Temos idas por ouv s são nossas orações em favor dos filho po em tem um Deus e sabemos que nunca houve rio como hoje que orar pelos filhos fosse tão necessá em dia. trabalho que O Círculo de Mães em Oração é um s biológicas, mãe por só pode ser frequentado não coração ou seu em mas por aquelas que adotaram que já não s here espiritualmente os filhos das mul amor e de de estão mais entre nós. É um trabalho mulheres que se compromisso social por parte de eles trilhem o preocupam com filhos e desejam que caminho do bem na sociedade. Deus, que é Temos certeza que a Palavra de iões, tem sido de sempre esplanada em nossas reun educar as criano com grande ajuda e orientação de mos. O nosso vive ças e jovens no mundo em que estejam preocudesejo é que as mulheres não só issional de seus padas com a vida material ou prof dia colocando a filhos, mas que estejam a cada emos e cremos vida deles diante daquele que sab tê-los como cique pode guardá-los, guiá-los e man s. Deu so nos dadãos do bem: o senhor
1M3AIODE
Flores para minha mãe
DIA DAS
MÃES
LAERCIO BORSATO
Nesta manhã alegre, quando a aurora Mostrava seus raios brandos, sorridentes Do sol, que banhava além várias vertentes, Porém não detinha a luz que vemos agora! Em minha infância, sempre a campo afora, Para os folguedos, saia com ares contentes! Hoje espectros do passado, inda presentes, Trazem-me a saudade e punge e devora!... Quando regressava olhando a paisagem, Subia numa árvore e, no alto da ramagem, Colhia uma flor! Meu verdadeiro encanto! Levava à mamãe que, envolta na lida, Dava-me um beijo, feliz, agradecida... Ao lembrar, sinto rolar copioso pranto! O Laercio é membro da 1ª IPI de Poços de Caldas, MG
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DIA DAS MÃES
Mãe excelente ADILSON DE SOUZA FILHO
O grau de excelência é algo que agrada a todos, porém, nem todos lutam para conquistá-lo. Pensando na excelência como nota, como resultado de uma avaliação, então devemos perguntar: Quem dá a nota para as mães? Acho que não devem ser os filhos, pois, na imensa maioria, todos darão nota de excelência. Acho que a nota deve ser dada pela sociedade, pois todos nós somos gerados para ela. Todos nós sabemos que ser mãe não é apenas gerar biologicamente um filho. Poderíamos aqui listar todos aqueles itens que costumeiramente ouvimos sobre o que é ser mãe; mas não é o caso de repetilos agora. Tenho dito que a sociedade é o reflexo daquilo que é o conceito de família. O ideal humanista, sonhado no período da Alta Idade Média, era baseado numa sociedade bela e educável, solidária e pacífica. Todas essas virtudes eram engendradas primeiramente nos ideais da família. Infelizmente, vivemos tempos em que o modelo de educação familiar virou um mito, ou seja, há muitos rituais como propostas de educação de filhos, contudo, poucos, ou
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A Revista da Família
quase nenhum, conseguem atingir o alvo, que é o próprio mito. Recente pesquisa realizada em escolas de todo o Estado do Paraná, depois de ouvidos vários estudiosos do comportamento humano e ainda pedagogos, apontou que a constante agressividade, bem como vários sintomas de delinqüência infantojuvenil, são consequência da falta de afetividade, devida à ausência da mãe. Há psicanalistas que afirmam que crianças desprovidas da amamentação maternal apresentam grau ainda mais elevado de carência afetiva. Na maioria das vezes, sonhamos matricular nossos filhos nas melhores escolas. Na verdade, tenho dito que esse é um paliativo que encontramos para tentar diminuir nossa dor de consciência por passar tão pouco tempo com nossos filhos, por causa das excessivas jornadas de trabalho. A sociedade de nosso tempo vem nos mostrando os resultados alarmantes de termos terceirizado a educação de nossos filhos que, biblicamente, é dever inalienável dos pais. É preciso dizer que graves problemas sociais que temos presenciado em nossa sociedade passam por todas as classes sociais; aliás, a delinqüência não tem classe social. Há de-
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linquentes favelados que assaltam nos faróis; há "riquinhos" que queimam índio; outros que atropelam inocentes ao dirigirem embriagados; há outros que assassinam friamente os pais... Portanto, não podemos mascarar as faces da delinquência, que podem se manifestar nas escolas públicas, municipais, estaduais, mas também nas de alto padrão econômico. Certa vez, quando era ministro da Saúde, José Serra disse, numa entrevista, que a maioria dos problemas sociais pelos quais passa o Brasil origina-se dos problemas morais. O então ministro disse ainda que todo ano 900 mil adolescentes grávidas vão para a fila do SUS procurar auxílio. Contudo, preferimos culpar os políticos pelas crises sociais que, a rigor, originam-se das crises morais. Certamente existe mãe excelente, mesmo diante de quadro social tão assustador. É verdade que a função da mãe não é apenas a da educação de filhos; esta responsabilidade não é apenas dela. Porém, na maioria das famílias, é a mãe quem passa mais tempo com os filhos. É inegável que os filhos têm dependência maior das mães, pois, desde o útero materno, já aprendem a confiar e depender da segurança, carinho e afeto maternos.
Graças a Deus, a sociedade brasileira não vive apenas de exemplos negativos. Ainda há grandes referenciais familiares, de pessoas honestas, cidadãs, solidárias, justas e, sobretudo, de pessoas tementes a Deus. Estes referenciais da sociedade mostram que ainda existem mães excelentes que devotam prioridade ao amor, carinho, afeto, dedicação e fidelidade a Deus quanto à educação de seus filhos, preparando-os para a sociedade. Mãe com grau de excelência é aquela que não mede esforços para, simplesmente, realizar o grande sonho da maternidade. É aquela que abdica de todos os seus projetos profissionais. É aquela que não teme a mudança física de seu corpo. É aquela que vê como dádiva divina o dom da maternidade. Portanto, o Dia das Mães é sempre especial. Parabéns a todas as mamães! Vocês são simplesmente excelentes!
Ainda existem mães excelentes que devotam prioridade ao amor, carinho, afeto, dedicação e fidelidade a Deus quanto à educação de seus filhos, preparando-os para a sociedade
O Rev. Adilson, pais de dois filhos, pastor da IPI de Vila Moinho Velho, São Paulo, SP, é o secretário de Educação da IPIB
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Alvorada 13
VOZ DO CORAÇÃO
Podemos fazer
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ANTONIO CARLOS M. FERREIRA
“A mãe parou ao lado do leito de seu filhinho de 6 anos, que estava doente de leucemia. Embora o coração dela estivesse pesado de tristeza e angústia, ela era muito determinada. Como qualquer outra mãe, ela gostaria que ele crescesse e realizasse seus sonhos. Agora, isso não seria mais possível, por causa de leucemia terminal. Junto dele, tomou-lhe a mão e perguntou: - Filho, você alguma vez já pensou o que gostaria de ser quando crescesse? - Mamãe, eu sempre quis ser um bombeiro! A mãe sorriu e disse: - Vamos ver o que podemos fazer. Mais tarde, naquele mesmo dia, ela foi ao Corpo de Bombeiros local e contou ao comandante dos bombeiros a situação de seu filho e perguntou se seria possível o garoto dar uma volta no carro dos bombeiros, em torno do quarteirão. O comandante, comovido, disse: - Nós podemos fazer mais que isso! Se você estiver com o seu filho pronto às sete horas da manhã, daqui a uma semana, nós o faremos bombeiro honorário, por todo o dia. Ele poderá ir para o quartel, comer conosco e sair para atender às chamadas de incêndio. E, se você nos der as medidas dele, nós conseguiremos um uniforme completo: chapéu com o emble14 Alvorada
A Revista da Família
ma de nosso batalhão, casaco igual ao que vestimos e botas também. Uma semana depois, o bombeirochefe pegou o garoto, vestiu-o com o uniforme de bombeiro e o escoltou do leito do hospital até o caminhão de bombeiros. O menino ficou sentado na parte de trás do caminhão e foi até o quartel central. Parecia-lhe estar no céu... Ocorreram três chamados naquele dia na cidade e o garoto acompanhou todos os três. Em cada chamada, ele foi em veículos diferentes: no tanque, na viatura dos paramédicos e até no carro especial do chefe dos bombeiros. Todo o amor e atenção que foram dispensados ao menino acabaram comovendo-o tão profundamente, que ele viveu três meses a mais que o previsto. Uma noite, todas as suas funções vitais começaram a cair dramaticamente e a mãe decidiu chamar ao hospital, toda a família. Então, ela se lembrou da emoção que o garoto tinha passado como um bombeiro. Pediu à enfermeira que ligasse para o chefe da corporação e perguntou se seria possível enviar um bombeiro para o hospital, naquele momento trágico, para ficar com o menino. O chefe dos bombeiros respondeu: - Nós podemos fazer mais que isso! Nós estaremos aí em cinco minutos. Mas faça-me um favor. Quando você ouvir as sirenes e vir nº 69 abril/maio/junho, 2012
as luzes de nossos carros, avise no sistema de som que não se trata de um incêndio. É apenas o corpo de bombeiros vindo visitar mais uma vez um de seus mais distintos integrantes. E também poderia abrir a janela do quarto dele? Obrigado! Cinco minutos depois, uma viatura e um caminhão com escada chegaram no hospital. Estenderam a escada até o andar onde o garoto estava e 16 bombeiros subiram. Com a permissão da mãe, eles o abraçaram, seguraram e disseram que o amavam. Com voz fraquinha, o menino
O que é preciso, sem dúvida, é estar sempre pronto a ir além, não para surpreender, muito menos para impressionar, mas para demonstrar amor e vivêlo pelas nossas atitudes.
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olhou para o chefe e perguntou: - Chefe , eu sou mesmo um bombeiro? - Sim, você é um dos melhores - disse ele. Com estas palavras, o menino sorriu e fechou seus olhos para sempre.” E você, diante do pedido de seus pais, irmãos, filhos, parentes e amigos, o que tem feito? Muitas vezes acabamos nos ocupando tanto com as coisas superficiais, desnecessárias, coisas que podem ser adiadas, e nos limitamos a dizer não para aqueles que precisam de nós. Infelizmente, a maioria de nós deixa de lado o importante, o necessário, o principal, para viver o trivial, o cotidiano. Muitas vezes dizemos não, pelo simples fato de querermos sempre estar acomodados, sossegados, sem preocupações. O que é preciso, sem dúvida, é estar sempre pronto a ir além, não para surpreender, muito menos para impressionar, mas para demonstrar amor e vivê-lo pelas nossas atitudes. Lembra-se de quando seu filho lhe pediu uma atenção, mas você estava ocupado demais? Lembra-se de quando sua mãe lhe pediu uma ajuda, mas você queria tanto ver aquele programa na televisão e, além de dizer, não ainda gritou com ela? Lembra-se de quando seu amigo lhe telefonou lhe pedindo uma atenção, mas seus compromissos o impediram de fazer isso? Que tal dizer a partir de hoje: Eu posso fazer mais que isso! “Eu afirmo a vocês que isto é verdade: quando vocês fizeram isso ao mais humilde dos meus irmãos, foi a mim que fizeram” (Mt 25.40). O Rev. Antonio, criador no ministério Zequinha e sua Turma, é pastor da IPIB
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ESTUDO
A cura do menino e o nosso exemplo de
fé
Mc 9.14-29
ELIANA COSTA
O livro de Marcos
Endereçado aos gentios em geral e aos cristãos romanos em particular, preocupa-se mais em narrar os feitos de Jesus. Suas palavras acompanham suas ações. Em Marcos, existe um detalhamento maior da situação narrada.
O texto em questão
Após a passagem da transfiguração no monte, onde estava com Pedro, Tiago e João, ao descer Jesus se aproxima dos discípulos, rodeados por uma grande multidão e disputados por alguns escribas.
O que cada um queria: •
Os discípulos Queriam expulsar os demônios do rapaz, mas não puderam. Faltoulhes preparo espiritual. Jesus chama sua atenção. E eles questionam Jesus do por que não puderam expulsar os demônios do menino. Jesus os ensina. •
Os escribas Religiosos. Pouco se fala sobre eles no texto porque pouco eles fa-
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zem. São espectadores. Esperavam para ver o que ia acontecer. •
A multidão Disputava com os escribas, queria uma resposta dos discípulos. Mas a multidão não deve ser desprezada. •
O pai Aflito, tinha um objetivo o qual nada nem ninguém impediriam de alcançar: a cura do seu filho. Tinha o foco na sua maior necessidade, no seu maior desejo: ver o seu filho curado. Na disputa, a atenção para o jovem é desviada por interesses próprios. Mas o pai não desiste do seu filho. •
O filho Quem era aquele jovem? Era considerado como um louco, doente. Para o pai, o seu único filho. Para o mundo, ele não existia, a não ser quando incomodava. Acometido de um espírito maligno que o tornou surdo e mudo, tinha ataques que se assemelhavam a crises de epilepsia. Era lançado no fogo e na água para ser destruído (Mt 17.15). Estava definhando. Sua aparência não era das melhores. Quando Jesus o cura, ele é dado como morto. Sua nova vida foi gerada por Cristo (Mt 17.18).
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•
Jesus Em Marcos, Jesus é o servo sofredor, o Messias que no texto está na Galiléia a caminho de Jerusalém, onde será entregue à morte. A caminho da morte, Cristo segue curando, libertando, consolando, fazendo milagres. Muitos, inclusive os discípulos, só compreenderão o seu propósito messiânico após o seu cumprimento na cruz. A sua resposta, o seu ensino de fé é: “Tudo é possível ao que crê”.
Há dois pontos fortes no texto
A necessidade da cura do menino, centrada na figura do pai como exemplo de fé e de não desistir do seu filho. A missão dada aos discípulos e a nós de fazermos as suas obras e obras maiores ainda. Estamos preparados? Somos persistentes? Não desistimos fácil, nem com o passar dos anos? Estes são os nossos desafios. Deus, em Cristo Jesus, nos ajude e nos guie. A Eliana, professora, é membro da IPI de Fazenda Grande do Retiro, em Salvador, BA
POESIA
Monólogo
Mãe
CARLOS MORAIS E SILVA
Mãe, Ó mãe! Desperta! Desperta para a vida! Solta essa vassoura, Tira o avental. Vem conversar comigo; Eu tenho algo importante para te dizer. Olha, mãe, escuta: Eu te amo muito, Tu sabes disso, mãe! Eu te amo tanto!
E também sei que tu me amas. Quando eu era pequenino... Lembro: O meu pratinho de barro, As roupinhas de retalhos, Que tu alinhavavas à luz da lamparina; Os tamanquinhos de madeira branca. E eu ficava feliz. Quando me tornei adolescente, Tu te orgulhavas de mim, E dizias: “Este é o meu amado!” Ajeitava meus caderninhos, costurados à mão, E me encaminhavas à escola de dona Risalva. Quando jovem... E se me lembro... E quanto!... Levava-me à Escola Dominical. Agora que sou homem feito, Lembro-me de tudo isso, Com grande nostalgia. Ei, mãe, acorda! Parece que está dormindo?! Ah! Já sei... Deixou a nossa casa, Para ir morar no céu... Ai, mãe, como eu choro... Tenho saudades de você!... Sê feliz, aí juntinho de Deus! Sua bênção, mãe! O Presb. Carlos é membro da 1ª IPI de Fortaleza, CE
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VOZ DO CORAÇÃO
Pelas redes da WANDERLEY DE MATTOS JÚNIOR
Talvez você seja como eu. Certos assuntos passaram tão distantes ao longo da sua formação que você nem se dá conta de sua grande importância e de que podem estar acontecendo ao seu redor. Em 1994, tive o privilégio de morar na Irlanda do Norte por alguns meses e pregar em diversas igrejas e presbitérios da Igreja Presbiteriana de lá, com a qual a IPI mantinha parceria na época. Foi a primeira vez que vi algum tipo de preocupação com cuidados relativos a assédio sexual infantil. Disseramme que, ao final de uma programação com crianças e adolescentes na igreja, os adultos que fossem dar carona aos menores de volta para suas casas tinham sempre de garantir que pelo menos dois adultos ficassem o tempo todo no carro, para evitar problemas, especialmente quando apenas uma criança restasse no carro. À época, aquilo me pareceu um grande exagero. Todavia, a alienação era minha. Soube de um pastor que teve de enfrentar um caso de assédio sexual infantil em sua própria comunidade. Uma menina de menos de um ano estava sendo molestada pelo pai – membro da igreja. Talvez você se escandalize com isso, se espante e se pergunte: Como isso pode acontecer dentro da igreja?! Bem, é preciso lembrarmos que a
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DIA NACIONAL
SO DE COMBATE AO ABU L E EXPLORAÇÃO SEXUA DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
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pedofilia Os temas ligados à sexualidade raramente são abertamente discutidos na igreja, sem a presença dos dogmas e das regras de “pode” ou “não pode” igreja é um mero recorte da sociedade, em que traumas, taras, desvios, inclinações, fantasias e ocorrências de todos os tipos podem acontecer, mas com uma diferença esperada: o desejo de quem está lá, de todo coração, de caminhar da melhor forma possível diante de Deus e da sociedade, buscando resolver seus problemas ou, pelo menos, tentando aprender a dominar seus impulsos, por mais complicados que alguns deles possam parecer. E aqui, vale lembrar o convite de Jesus: Quem não tem pecado, pode pegar a pedra... O pastor a que me referi foi extremamente hábil na condução e orientação do caso, mostrando ao molestador (o pai) o que aquilo significava e como ele precisava buscar ajuda especializada e graça em Deus. A pedofilia é crime e é considerada como desvio sexual pela Organização Mundial de Saúde. Mas o que é pedofilia? Entende-se, dentre tantas compreensões, que a pedofilia é o interesse sexual preferencialmente por crianças abaixo da idade da puberdade, quando a sexualidade ainda não está aflorada, pelo menos não plenamente. Um adolescente (que já tem sua sexualidade desenvolvida) também pode ser, ele mesmo, considerado pedófilo, caso seu interesse se dê por crianças que ainda não chegaram à puberdade. Nas diversas culturas e países, existem leis que se referem à idade
em que um adolescente pode começar a se relacionar sexualmente com um adulto, desde que haja seu consentimento deste para isso. No Brasil, o limite etário é de 14 anos. Todavia, há inúmeras meninas muito mais novas que estão se prostituindo ou sendo levadas à prostituição com 10, 11 ou 12 anos, bem como aquelas, de idade até menor, e mesmo crianças de colo, que são expostas em fotos erotizadas ou pornográficas, muitas vezes sem seu consentimento ou conhecimento dos pais, por redes de organizações de pedofilia na internet. Certo deputado brasileiro afirmou que, no Brasil, 12% dos sites de pornografia infantil na internet exploram crianças de 0 a 3 anos de idade. Há um projeto de lei que visa à regulamentação da internet no Brasil (PL 2126/2011). O artigo 11° diz que os dados dos sites consultados devem ser guardados, em sigilo, por até um ano. Mesmo assim, a dificuldade em coibir e punir os crimes de pedofilia na internet é muito grande. Fora da internet também há casos polêmicos. Um fotógrafo brasileiro lançou um livro (e peço licença para não citar o nome do livro nem do fotógrafo, a fim de não fazer propaganda do mesmo) com fotos eróticas de meninas a partir dos 12 anos de idade. No site de uma grande rede de livrarias americanas em que o livro é vendido, a declaração do fotógrafo é a de que “as fotos são tratadas com um erotismo sutil,
em que um lampejo de sua sexualidade que ainda está desabrochando é capturado por suas lentes e, depois, elas são devolvidas ao seu estado de inocência”. Isso mostra como há sempre a possibilidade da exploração sexual infantil e da pedofilia serem tratadas de maneira “poética”, tentando suavizar o peso de suas ações – o que, em si, já é uma aberração, não levando em conta os danos que tal exploração e erotização causam ao desenvolvimento normal destes meninos e meninas. O certo é que há muito o que se fazer no combate à pedofilia, tanto na internet quanto fora dela. Na verdade, os temas ligados à sexualidade raramente são abertamente discutidos na igreja, sem a presença dos dogmas e das regras de “pode” ou “não pode”, como se a sexualidade humana fosse tão simples como a prescrição de uma aspirina, que você pode ou não pode tomar quando tem dor de cabeça! Parte da saúde sexual de uma sociedade vem da possibilidade da discussão franca e aberta dos temas concernentes às práticas sexuais desta comunidade, com todas as suas possibilidades, boas ou ruins, socialmente aceitas ou não. A Bíblia está repleta de casos onde a sexualidade humana (por vezes ligada a atrocidades diversas) é explicitada sem qualquer censura. É, portanto, primordial que nos voltemos sem rodeios, censuras e falsos moralismos para a Palavra,
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FIQUE ATENTO
O perigo da v
12% dos sites de
pornografia infantil na internet exploram crianças de 0 a 3 anos de idade. Há um projeto de lei que visa à regulamentação da internet no Brasil (PL 2126/2011).
O Rev. Wanderley , tradutor e intérprete, é pastor da IPIB
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vendo o que ela relata e buscando na revelação bíblica diretrizes para uma relação mais sadia com a tão complexa sexualidade humana. Hoje, com as infinitas possibilidades que a internet traz, as fantasias sexuais mais secretas podem ser exploradas e vivenciadas, ainda que virtualmente, sem os aparentes “riscos” da realidade. O que não se pode esquecer, contudo, é que os “riscos” não são apenas o de ser pego, mas o de envolver-se em um terreno perigoso para o próprio usuário e sua família e, em alguns casos, o terreno criminoso e obscuro da pedofilia na internet. Eu não faço ideia do que aconteceu com aquele pai que teve uma abordagem sexual com sua filhinha pequena. Minha esperança é a de que ele tenha se tratado e superado tal dificuldade. Mas, tal como ele, pode haver tantos outros, assediando ou sendo assediados, quer no mundo real, quer no virtual, inclusive dentro de nossas igrejas. Com relação a estes, a igreja, por meio de seus pastores e líderes, com equilíbrio e bom senso, deve agir, caso a caso, orientando, acolhendo, debatendo e dando alternativas para tratar disso, visando à libertação e à vida plena que existe em Jesus.
As letras sensuais e eróticas são uma exploração do corpo da mulher. Esta exploração está mudando radicalmente o comportamento de uma geração.
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a vulgarização da música DANIEL DUTRA
"Ai Se Eu Te Pego" é uma canção do cantor brasileiro Michel Teló que atingiu, em 12/9/2011, a primeira posição no Brasil, chegando também à primeira posição na Espanha, Holanda e Itália, deixando para trás grandes nomes da música mundial. Também detém o recorde de visualizações do You Tube, com mais de 100 milhões de acessos. Até na linguagem dos sinais, a música já foi traduzida. O mundo da música é democrático. Vários são os ritmos, os estilos e os assuntos tratados nas letras. Fala-se de tudo, para todos os públicos, para diversas idades e diversas classes sociais. Dentre os principais temas, está a sexualidade. Antes, tabu e, agora, banalizada. Estamos vivendo um tempo em que a maioria das pessoas não se importa com o conteúdo da letra, devendo somente o ritmo ser envolvente e contagiante. No Brasil, estamos no ápice do sertanejo universitário, onde as letras falam de relação sem compromisso, bebidas e farras. Por exemplo, “o novo sucesso” de Michel Teló diz: “Vou te esperar na minha humilde residência, pra gente fazer amor, mas eu te peço só um pouquinho de paciência, a cama tá quebrada e não tem cobertor” (Humilde Residência). Muito disso começou em 1991 com a música "Na Boquinha da Garrafa", com o grupo Gera Samba, depois estourando com a música "É o Tchan", em 1996. Dançarinas entravam nos programas televisivos e dançavam com uma garrafa no palco. As crianças na inocência
também já colocavam um shortinho para imitar o que estava sendo passado na televisão. É claro que essa exagerada exposição da sexualidade tem influência nas crianças e adolescentes. As letras sensuais e eróticas são uma exploração do corpo da mulher. Esta exploração está mudando radicalmente o comportamento de uma geração. Por exemplo, o Brasil é campeão mundial em cirurgias plásticas e em tratamentos estéticos. Milhões de reais são movimentados por conta da indústria da beleza. Esta expectativa do corpo perfeito e, diga-se de passagem, inatingível, traz insatisfações, angústias e problemas emocionais nas mulheres brasileiras. Sem falar no famoso Funk Carioca que desrespeita a mulher ao dizer que “tapinha não dói” ou que legal são as "cachorras", depreciando o valor conquistado com luta e suor pelas mulheres no decorrer da história. Muitos adolescentes e jovens passam horas do dia assistindo a MTV (Music Television), deixandose alimentar por pornofonia e incentivos a práticas sexuais. Alguns videoclipes blasfemam contra o nome de Deus como é o caso de Judas, da cantora Lady Gaga. O videoclipe remonta à história de Jesus e seus discípulos, mas com uma teologia um tanto confusa e liberal. É montado um cenário de Jerusalém e a festa acontece num lugar inusitado chamado capela elétrica. Neste lugar, é permitida uma liberdade sexual como o lesbianismo. Podemos nos perguntar: de quem é a culpa? A culpa é do compositor, da gravadora ou do merca-
do? Precisamos entender que esse produto vulgar é feito porque tem um público para consumir este produto. Por exemplo, o Big Brother Brasil está no ar sob críticas, mas com certeza tem um público que dá ibope para este tipo de entretenimento. “Apanhai-me as raposas, as raposinhas, que devastam os vinhedos, porque as nossas vinhas estão em flor” (Ct 2.15). Tomando o texto de Cantares como referência, identificamos essas raposinhas com situações aparentemente pequenas, atitudes que muitos julgam ser de valor insignificante e assim pensam que elas não oferecem nenhum perigo. Por que será que a Palavra de Deus nos exorta a perseguir as raposinhas? Não deveríamos nos preocupar com as grandes raposas e considerar as pequeninas como inofensivas? Caçar raposas grandes é fácil, porque rapidamente as identificamos. As raposinhas são coisas aparentemente inúteis podendo trazer um grande prejuízo moral e espiritual: “Há, sem dúvida, muitos tipos de vozes no mundo; nenhum deles, contudo, sem sentido” (1Co 14.10). Temos que estar atentos à vulgarização da música secular, pois a sociedade e a família correm perigo. Deus nos ajude a discernir os tempos e a buscarmos uma vida santa, pura e agradável a Deus: “Quanto ao mais, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é honesto, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se há alguma virtude, e se há algum louvor, nisso pensai” (Fp 4.8).
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O Rev. Daniel é pastor da IPI de Rondonópolis, MT nº 69 abril/maio/junho, 2012
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PAIS E FILHOS
Drogas e
adolescência uma reflexão para os cristãos!
Segundo os institutos de pesquisa sobre o abuso de drogas, 90% dos adolescentes já consumiram álcool em algum momento de suas vidas, 44% maconha e 10% cocaína. Ratifica-se também que a idade média para o primeiro contato com o álcool é de 13 anos e que a embriaguez é vivenciada por 40% dos adolescentes.
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DIA NACIONAL
LÍCIA VASCONCELOS DE ALMEIDA
As causas do uso e abuso de substâncias químicas são geradas por múltiplos fatores biopsicossociais: pressão social dos amigos, grande exposição na mídia, desestruturação familiar, depressão, transtorno de ansiedade, distúrbio do sono, crise de identidade da adolescência, traumas psíquicos, dentre outros fatores. Corrobora-se também que o uso abusivo do álcool e outras drogas gera inúmeras consequências negativas: alterações no sistema nervoso central, lentificação do pensamento, tremores, náuseas, fraqueza muscular, gastrite crônica, queda no rendimento escolar e/ou profissional, dificuldade no relacionamento familiar, afetivo e social, depressão, ansiedade, dependência física e psicológica e aumento da susceptibilidade ao suicídio e aos acidentes de trânsito. Diante desses dados e informações, é válido questionar e refletir o que os cristãos têm feito em sua práxis social e espiritual para prevenir, socorrer, cuidar e evangelizar os adolescentes e jovens da atualidade. Será que falta informação, discernimento, coragem ou motivação dos cristãos em relação a atitudes que deveriam ser efetivadas no auxílio emocional, social e espiritual de milhões de jovens e adolescentes? É preciso, então, termos consciência de que o Senhor Jesus ordena que sejamos evangelistas. Devemos ir a todo o mundo e pregar o evangelho a toda criatura (Mc 16.15). É importante ressaltar também que existem inúmeras ações que podem ser desenvolvidas em termos de prevenção e tratamento do dependente químico: campanhas educativas em escolas, igrejas, ONGs e comunidades; formação de grupos de apoio e orientação familiar e, caso necessário, estímulo ao tratamento psicológico e psiquiátrico. Entretanto, as principais atitudes de um cristão consistem em estar em constante oração, pregando o evangelho de Jesus Cristo e testemunhando a todo o tempo a fim de que corpo, alma (mentes e emoções) e espírito sejam restaurados por nosso bom e misericordioso Deus, através do agir do seu Santo Espírito. A Lícia, umpista da IPI de Aracaju, SE, é psicóloga e especialista em psicodrama, psicomotricidade e arteterapia
O perigo da dependência alcoólica ALEX SANDRO DOS SANTOS
Degustação e dependência são temas importantes quando o assunto é alcoolismo. Muitos são instigados pelo doce sabor do vinho suave. Há aqueles que apreciam o vinho seco, julgando que os que o preferem são os verdadeiros degustadores. Todos os gostos são atendidos quando o assunto é bebida alcoólica. Alguns preferem a sensação no paladar do amargo da cerveja acompanhada de um delicioso churrasco ou simplesmente de um bate papo no final do dia (apesar de alguns já começarem o dia assim!). Temos os adeptos às doses de pinga feitas em um conhecido alambique, regada a piadas na porta do boteco. Os “doutores” preferem o whisky, assentados à mesa do clube com os amigos que se sentem melhores por consumirem uma bebida cara. Contudo, o que pode agradar ao paladar de muitos e trazer aceitação social para sustentação do ego também pode produzir tragédias irreparáveis. O ser humano conseguiu produzir o álcool, que passou a dominá-lo. É raro encontrar um alcoólatra que confesse sê-lo. Ele sempre julga ter domínio sobre a bebida. O álcool tem escravizado muitas pessoas. O ser humano tornou-se refém de sua própria criação. Hoje o álcool domina homens e mulheres, adultos e adolescentes, ricos e pobres, religiosos e não religiosos. O alcoolismo é uma doença da qual a maioria dos enfermos alega não ser vítima, pois, segundo eles, podem parar assim que desejarem. Alguns amigos afirmavam categoricamente que bebiam apenas socialmente, mas tornaramse dependentes do consumo do álcool. Todos podem fazer um teste se está no mesmo caminho. Quando vamos a uma festa de crianças ou a algum casamento onde a bebida alcóolica não é servida, qual é o nosso sentimento? Ficamos indignados, ansiosos e descontentes? Quando estamos na companhia de pessoas que não bebem e sentimos constrangimento em beber A Revista da Família
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na frente delas, despistamos essas pessoas o mais rápido possível ou ficamos tranquilos? Quanto tempo conseguimos ficar sem ingerir bebida alcóolica? Ao responder essas questões conseguimos descobrir se estamos ou não dominados pelo vício. No jornal Agora São Paulo, do dia 06/12/11, foi realizada uma pesquisa informando que morrem 47 pessoas por dia no Brasil com doenças relacionadas ao consumo do álcool. As doenças provocadas no organismo humano em decorrência do abuso e da dependência da bebida alcoólica não são poucas. Enganam-se aqueles que pensam que seus problemas são decorrentes apenas do uso excessivo, porém simplesmente uma pequena dose ocasiona a perda de reflexos e da memória. O álcool é uma substância depressora do sistema nervoso central. Aqueles que bebem experimentam no primeiro momento a euforia e, em seguida, a depressão. Assim, muitos continuam fazendo seu uso porque anseiam pela primeira manifestação do seu consumo e ignoram a segunda. Não podemos negar que cada pessoa reage de forma diferente ao ingerir bebida alcoólica. Isto se deve ao fato de que o metabolismo humano reage de maneira diferente. Além dos problemas físicos ocasionados pelo alcoolismo, não poderíamos nos esquecer dos problemas familiares. As famílias são afetadas através de acidentes de trânsito, agressividade, desemprego, decadência social, financeira e moral. Há pessoas que não são alcoólatras, mas são vítimas do mesmo jeito por conviverem com quem bebe. Sinto-me limitado para tratar de um assunto de tamanha complexidade no meio cristão. Digo isso porque, quanto ao alcoolismo, acredito que todos nós consideramos essa prática como um mal para o indivíduo, sua família e também para a sociedade, mas, quanto ao uso da bebida alcoólica encontraremos bastante divergência. Contudo, gostaria de fazer menção ao fato de que só se torna um alcoólatra quem começa a beber. A dependência só ocorre após a degustação. A dependência do álcool pode ocorrer a qualquer
Álcool e direção
ODAIR MARTINS
Notícias de acidentes de trânsito com vítimas fatais envolvendo o uso de álcool são freqüentes. Mas, apesar de a maioria da população saber da relação entre as altas taxas de mortalidade no trânsito e o consumo dessa substância, ainda persistem muitas dúvidas sobre o uso de álcool por motoristas, principalmente sobre seus efeitos no organismo e os riscos que se corre
Muitos jovens morrem por causa da M bbebida alcoólica, pais negligenciam seus familiares e passam grande parte do tempo nos bares e feridas são abertas por causa da violência proveniente do seu uso 24 Alvorada
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ao dirigir embriagado. A destreza e outras habilidades necessárias para direção, como a tomada de decisões, são prejudicadas muito antes dos sinais físicos da embriaguez começaram a aparecer. Isso porque, já nos primeiros goles, o álcool atua como estimulante e pode deixar as pessoas temporariamente como uma sensação de excitação. No entanto, as inibições e a capacidade de julgamento são rapidamente afetadas, aumen-
Pedestres, ciclistas e passageiros, sob efeito do álcool, arriscam igualmente as suas vidas nas vias públicas
O número oficial de mortos no Brasil vítimas de acidentes de trânsito não passa dos 35.000 por ano, mas na realidade esse número pode chegar a 50.000
tando a probabilidade de se tomar decisões equivocadas. O tempo de reação e reflexos também sofre alterações, comprometendo ainda mais as habilidades necessárias para o ato de dirigir. Em altas doses, a bebida alcoólica pode também causar sonolência ou até mesmo ocasionar a perda da consciência ao volante. A demora em compilar dados e a forma como são notificadas até mesmo pelos estados e municípios comprometem o resultado final
das estatísticas. Por exemplo, o número oficial de mortos no Brasil vítimas de acidentes de trânsito não passa dos 35.000 por ano, porém sabe-se que são contados apenas aqueles que morrem no local do acidente, não há um acompanhamento. Mesmo que a vítima morra na ambulância a caminho do hospital, ela não será contabilizada. Muitos acreditam que esse número passe dos 50.000 mortos por ano.
Os pedestres também causam acidentes Estudo patrocinado pelo Ministério da Saúde analisa a associação entre o consumo de álcool e os acidentes de trânsito nas cinco regiões brasileiras. Pesquisa inédita desenvolvida pelo Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira (Imip) em parceria com o Centro de Prevenção às Dependências (CPD) e patrocínio do Ministério da Saúde e Prefeitura do Recife, aponta a existência de fatores ‘invisíveis’ que contribuem para os altos índices de acidente de trânsito do País. Desenvolvido em seis capitais brasileiras (Recife, Manaus, Fortaleza,
Brasília, São Paulo e Curitiba), o estudo mostra que pedestres ciclistas e passageiros também são responsáveis pelos acidentes de trânsito e alerta para a necessidade de políticas públicas de educação voltadas a esses outros agentes, desconstruindo a idéia de que apenas os condutores dos veículos são responsáveis pelos acidentes e, portanto, devem ser alvos de campanhas educativas e medidas punitivas pelo estado. Intitulada ‘Consumo de Álcool e os acidentes de trânsito’, a pesquisa foi divulgada durante o lançamento do Pacto Nacional pela Redução
momento. Portanto até mesmo o que alguns poderiam considerar um consumo dentro da normalidade é um risco. A Bíblia Sagrada tem relatos de pessoas que fizeram uso de bebidas fermentadas. Por exemplo, a história de Noé que abusou dessa bebida a ponto de arrancar suas próprias roupas e só soube do que seu filho Cam fez quando alguém lhe comunicou os fatos (Gn 9.21). Este valoroso personagem bíblico foi marcado por uma cena de descontrole e esquecimento. Apesar da fermentação natural ter um teor alcoólico menor do que as bebidas destiladas que encontramos hoje no mercado, não deixavam de produzir efeitos semelhantes. É verdade que atualmente, com a produção em série da bebida por parte das indústrias e também com o incentivo a seu consumo na mídia, a sua ingestão aumentou consideravelmente, aumentando também as tragédias. As narrativas que abordam esse assunto nos fazem caminhar na ideia de quanto menor a sua ingestão melhor. As palavras de Paulo quanto ao uso de bebidas fermentadas me dão a impressão de que ele está tratando de um hábito que precisa ser transformado. Ele incentivou os cristãos a não se embriagarem com o vinho, mas a encherem-se do Espírito Santo (Ef 5.18); deu conselho a Timóteo para que bebesse apenas um pouco de vinho com propósitos medicinais devido às suas frequentes enfermidades (1Tm 5.23); orientou sobre a necessidade de que os presbíteros não fossem dados ao vinho (1Tm 3.3) e foi específico ao aconselhar as mulheres para que não fossem escravizadas pelo vinho (Tt 2.3). Não podemos ser simplistas e culpar um produto pelos erros oriundos da natureza pecaminosa do ser humano. Na realidade cultural e social em que vivemos, onde muitos jovens morrem por causa da bebida alcoólica, pais negligenciam seus familiares e passam grande parte do tempo nos bares e feridas são abertas por causa da violência proveniente do seu uso, estou convencido de que a abstinência do uso de bebida alcoólica deve ser vista como uma medida espiritual e preventiva. Contudo, não podemos mudar o foco de que o maior problema não está na bebida fermentada, mas no ser humano que busca nela, ou no cigarro, nas drogas, no dinheiro, algo que só encontrarão em Cristo Jesus: significado para a vida. O Rev. Alex, pastor da 1ª IPI de Machado, MG, é o secretário da Família da IPIB
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de Acidentes no Trânsito – Pacto pela Vida, no Ministério das Cidades, em Brasília. Promovido pelo Ministério da Saúde e Ministério das Cidades, marca o compromisso brasileiro com o Plano da Década de Ação de Segurança no Trânsito 2011-2020, promovido pela Organização Mundial da Saúde (OMS). De acordo com a coordenadora geral da pesquisa, Ana Glória Melcop, é um equívoco pensar o consumo de álcool apenas sob a perspectiva dos condutores de veículos. No estudo - que analisou 1.248 vítimas de acidentes de trânsito nas seis capitais selecionadas, contemplando as cinco Regiões do País - o atropelamento apresentou a segunda maior freqüência entre os acidentes registrados em Manaus, Brasília e São Paulo; enquanto no Recife e em Curitiba, a queda foi a segunda forma de acidente mais freqüente. Nas faixas etárias mais extremas, o atropelamento foi o acidente mais freqüente, atingindo cerca de 52% das vítimas com 60 e mais anos e 47% das vítimas com idade até 9 anos. A legislação brasileira atual
está correta em punir severamente os motoristas que dirigem com determinado nível de alcoolemia. Entretanto, é necessário considerar os outros atores do trânsito (pedestres, ciclistas e passageiros) que, sob efeito do álcool, arriscam igualmente as suas vidas nas vias públicas. O atropelamento é uma das principais causas de morte no trânsito e, na maioria das vezes, é o pedestre que está alcoolizado e se coloca em situação de risco por não ter condição de avaliar a distância e a velocidade dos veículos, e também pela falta de equipamentos de segurança e de orientação adequada, observa Melcop . Para realizar o estudo, pesquisadores ficaram de plantão durante sete dias, em 2008, nos principais serviços de emergência e nos Institutos Médicos Legais (IMLs) das seis cidades selecionadas, escolhidas por apresentarem os maiores números absolutos de acidentes de trânsito nas suas respectivas regiões, segundo dados do Ministério das Cidades. Embora o tipo de acidente predominante na pesquisa para o conjunto das cidades tenha sido a colisão (34,1%), os altos
índices de queda (21,7%) e atropelamento (20,5%) chamaram a atenção dos pesquisadores para a atual negligência em relação a esses agentes. “A Lei Seca foi um passo essencial e vem salvando muitas vidas. Mas é preciso mais. Precisamos pensar em novas estratégias, pois ainda há muitas pessoas se ferindo e morrendo por causa da bebida no trânsito”, afirma Melcop. Além de identificar esses fatores até então tidos como de pouca influência no número geral dos acidentes de trânsito, e a necessidade de maior atenção pelo Poder Público para essa questão, a pesquisa também traçou um perfil dos acidentados no sistema viário brasileiro, no qual prevaleceram os homens (74,2%), jovens (entre 20 a 29 anos), com escolaridade média (até o 2º grau ou médio), solteiros (55,4%), morenos ou pardos (56,5%), e na sua maioria desempregados ou desocupados, seguidos por estudantes, motociclistas e ciclistas de entregas rápidas. Os motociclistas constituíram a maior proporção das vítimas (40,1%). Na segunda posição, ficaram os pedestres e os ciclistas.
Ao longo da história, o ser humano sempre arruma desculpas e, quando falamos sobre álcool no meio do povo de Deus, muitos citam a história do primeiro milagre de Cristo narrado no evangelho de João 2.1-11, a transformação da água em vinho. Muitos utilizam levianamente dessa passagem bíblica para justificar que o consumo do álcool não contraria a palavra de Deus. Ao ler o versículo dez do capítulo segundo, fica claro que o vinho produzido por intermédio do milagre de Jesus foi servido após todo o vinho reservado para a festa ter sido consumido, quando todos haviam bebido fartamente. Desta forma, devemos acreditar que era fermentado e que o primeiro milagre do Deus encarnado que tanto admo-
estou para os perigos da embriaguez foi fornecer mais ou menos 500 litros de bebida aos convidados que já haviam se fartado de beber para que se embriagassem ainda mais? O apóstolo Paulo coloca os bêbados junto dos ladrões e dos adúlteros. Poderia Jesus compactuar com o consumo de álcool? É interessante falar sobre a bebida servida na Ceia do Senhor. Nem Mateus, nem Marcos, nem Lucas falam da bebida fermentada. Os três utilizam a expressão (fruto da vide). O vinho não fermentado é o único (fruto da vide) sem fermentação e, portando, sem álcool. O alcoolismo está entre as obras da carne, segundo escreveu Paulo em Gálatas 5.19-21. Também podemos
ler em Gálatas que pelo menos 13 das 16 características listadas são encorajadas pelo uso excessivo de álcool: prostituição, impureza, lasciva, feitiçaria, inimizades, porfias, emulações, ira, pelejas, dissensões, inveja, homicídios e glutonarias. Quase sempre essas são manifestas nos ambientes onde há uso excessivo de álcool, levando a pessoa a diversos outros vícios, removendo as inibições naturais e deixando a pessoa livre para praticar coisas degradantes. Outra passagem bíblica que é explorada por quem defende o consumo das bebidas alcoólicas, está em 1 Timóteo 5.23: “Já que muitas vezes você tem ficado doente do estômago, não beba somente água, mas beba também um pouco de vinho”. Contudo, estas pessoas
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Em relação ao consumo de álcool pelos motoristas, a prevalência de alcoolemia positiva entre os acidentados no conjunto de cidades foi de, aproximadamente, 27%. A alcoolemia positiva se dá quando o teor ultrapassa 0,2g/l de sangue. Fortaleza foi a cidade que registrou o maior índice (36,5%) e Brasília o menor (16,3%). Os homens apresentaram prevalência uma vez e meia maior que as mulheres. E, para quem pensa ser 'típico' dos jovens a imprudência na hora de combinar álcool e direção, uma surpresa: as maiores prevalências em relação à faixa etária foram verificadas entre 50 e 59 anos (32,6%) e entre 40 e 49 anos (32,4%). O estudo também formatou uma série de recomendações a serem adotadas pela sociedade e pelo Poder Público. Entre elas está o maior investimento na formação dos agentes de trânsito, a priorização da formação do pedestre, uma melhor avaliação das condições dos veículos e das vias, a integração das políticas públicas e o comprometimento da sociedade, entre outras” (Informações do Ministério da Saúde)
não observam o que diz 1 Timóteo 3.3, quando Paulo aconselha a Timóteo, sobre o comportamento daqueles que aspiram ao episcopado: “Não pode ser chegado ao vinho, nem briguento, mas deve ser pacífico e calmo”. O álcool é responsável pela perda de milhares de vida todos os anos com tragédias familiares, acidentes de transito, brigas, entre outros tipos de confusões. Alcoolismo não é doença, mas transforma suas vitimas em pais, filhos, amigos, esposas e maridos em doentes. “Não ande com gente que bebe demais” (Pv 23.20).
Alguns destaque revelado no estudo do consumo de álcool e os acidentes de trânsito A pesquisa analisou 1.248 vítimas de acidentes de trânsito em seis capitais (Recife, Manaus, Fortaleza, Brasília, São Paulo e Curitiba), das cinco Regiões do País. 1.
Não é só os jovens que combinam álcool e direção • Adultos de 50 e 59 anos (32,6%) • Adultos de 40 e 49 anos (32,4%)
2. Perfil dos acidentados Homens (74,2%), jovens (entre 20 a 29 anos), com escolaridade média (até o 2º grau ou médio), solteiros (55,4%), morenos ou pardos (56,5%), e na sua maioria desempregados ou desocupados, seguidos por estudantes, motociclistas e ciclistas de entregas rápidas. Os motociclistas constituíram a maior proporção das vítimas (40,1%). Em seguida, pedestres e depois ciclistas. 3. • • •
Tipos de acidentes com maior índice Colisão (34,1%) Queda (21,7%) Atropelamento (20,5%)
O Presb. Odair, da IPI de Porto Feliz, SP, é da Coordenadoria Nacional de Adultos da IPIB
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CRISTIANISMO
PMs de Cristo
A profissão de fé de Policiais Militares em São Paulo ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO
Os PMs de Cristo constituem um grupo de abnegados policiais militares cristãos que se organizam voluntariamente como entidade missionária para levar a mensagem de Cristo, seus princípios e valores, visando alcançar e valorizar o policial militar como figura humana. O grupo nasceu de modo informal há 20 anos, dentro da Academia do Barro Branco, escola de Oficiais da Polícia Militar de São Paulo. No local, durante anos, os cadetes, oriundos das mais diversas cidades do interior de São Paulo, sentiam necessidade de compartilhar com irmãos de fé suas dificuldades e experiências pessoais com Deus e, então, começaram a se reunir semanalmente, para um momento devocional com louvor, oração e reflexão bíblica. A iniciativa se consolidou e, em 1992, inspirados na história bíblica de Neemias (homem que mobilizou as famílias de Israel para a reconstrução dos muros de Jerusalém), cerca de 40 policiais militares, das mais diversas denominações evangélicas, se uniram para oficialmente fun-
Reconhecimento Cristo, e dos PMs de presidente , sidente ha re -p oc R ce vi el Terra, Cap. Jo o Ten. Cel.
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dar a “Associação dos Policiais Militares Evangélicos do Estado de São Paulo”, conhecida hoje como PMs de Cristo. “O Policial Militar, como herói anônimo diuturnamente enfrenta o perigo e a morte para cuidar e proteger a sociedade, mas quem cuida do policial? O objetivo dos PMs de Cristo é cuidar do cuidador. Apesar de, na vida profissional, enfrentar as mais adversas situações, como criminosos, perigo, sol, frio e chuva para salvar a vida do próximo, como qualquer ser humano, o policial militar também está sujeito às mesmas fragilidades e necessidades inerentes a todos, como medo, cansaço, estresse, conflitos interiores, etc”, explica capitão Joel Rocha, presidente dos PMs de Cristo SP. A associação entende que, independentemente da condição ou autoridade que o policial possa exercer, como ser humano, ele tem um vazio do tamanho de Deus em seu interior. Em todas as suas ações voluntárias, os PMs de Cristo buscam assistir emocional e espiritualmente o policial militar, a fim de que este possa desfrutar
Pioneira e de caráter singular, a Associação PMs de Cristo conquistou o respeito e o reconhecimento do Comando da Polícia Militar, bem como das mais expressivas lideranças religiosas e seculares, pelos significativos serviços prestados à sociedade. Em 2003, os PMs de Cristo foram homenageados na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo. Em sessão solene, receberam a Medalha Mérito Comunitário da Polícia Militar.
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Caravana dos PMs de Cristo no Congresso da União dos Militares Cristãos Evangélicos do Brasil
de uma vida equilibrada e, assim, desenvolver sua atividade profissional norteada por princípios éticos, valores morais e cristãos universais que são desejados por toda sociedade. “Sabemos que, independentemente da confissão de fé particular, toda a sociedade organizada deseja um policial à semelhança de Cristo, que seja, como o Mestre, íntegro, honesto, servidor, companheiro, amigo, corajoso, etc”, observa o capitão Joel. A atuação de capelania dos PMs de Cristo ocorre de muitas formas, como em reuniões semanais dos núcleos, chamadas de 'Momentos com Deus', que congregam capelães voluntários, militares e civis, em quartéis da PM. Estes encontros servem para fortalecer e encorajar os policiais em sua jornada profissional. Outra forma de atuação é o projeto Ronda de Valorização da Vida (Ronda Missionária), no qual capelães voluntários realizam visitas às unidades policiais, prestan-
do apoio e socorro aos policiais necessitados e com problemas pessoais, inclusive aos internos no Hospital da Polícia Militar e no Presídio Romão Gomes. Quando necessário, encaminham o caso a profissionais de psicologia e a outros órgãos parceiros. A entidade promove ainda cultos de ação de graças por ocasião de aniversários de unidades policiais, formaturas de cursos e outros eventos especiais. Realiza, também, palestras de qualidade de vida e prevenção ao uso de drogas, e mantém-se firme no seu propósito de oração. Toda terceira sexta-feira de cada mês, os PMs de Cristo estão unidos em vigília na sua sede. Os encontros ocorrem das 22h00 às 2h00, com a participação de dezenas de policiais militares, seus familiares, amigos e líderes evangélicos das animadas noites de oração e louvor, que se encerram sempre com um delicioso café e muita comunhão. A reunião é aberta a visitantes, que são bem-vindos.
Na busca de cooperação e integração com outros policiais e organizações similares no Brasil e no mundo, a entidade participou, em 1995, da “1ª Conferência Internacional de Policiais Cristãos”, em Londres, Inglaterra, realizada pela CPA (Christian Police Association) e, a cada ano, tem marcado cada vez mais presença nos diversos eventos promovidos pela União de Militares Cristãos Evangélicos do Brasil (UMCEB) e pela Associação Internacional de Militares Cristãos (AMCF).
Parcerias Os PMs de Cristo, em parceria com a Rádio TransMundial, lançaram o Pão Diário personalizado para a Polícia Militar. Por ser de baixo custo e grande impacto, o livro devocional se tornou, pela sua aceitação, uma ótima ferramenta de evangelismo e tem sido ofertado a policiais militares por iniciativa de igrejas locais, conselhos de pastores, empresários, etc. O investimento se traduz em excelente oportunidade de participação e responsabilidade compartilhada da igreja na causa da segurança pública. Além da Bíblia personalizada com a logomarca da PM, os PMs de Cristo atuam em parceria com a Sociedade Bíblica do Brasil e, em 2011, firmaram acordo de cooperação
com os Gideões Internacionais do Brasil, para a distribuição de 100 mil Novos Testamentos para toda a Polícia Militar. O Comando Geral da Polícia Militar tem apoiado as iniciativas dos PMs de Cristo que, por sua visão, caminham alinhados com a visão institucional de trabalhar pela valorização da figura humana do Policial Militar. A Associação dos PMs de Cristo desenvolve sua missão em parceira com a comunidade cristã evangélica e continuamente está à disposição para trabalhar em conjunto pela construção de uma visão de Reino que possibilite desfrutarmos de uma sociedade com profissionais de segurança e autoridades constituídas que tenham temor a Deus.
Diretoria dos PMs de Cristo com o Comandante Geral da PM SP
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EM MISSÃO
A manifestação de Deus em uma civilização “pagã” WESLEY ZINEK
Conta a história que a cidade de Cusco (Qosqo) foi fundada no ano de 1.100 d.C. Segundo a mitologia, iniciou com um casal de filhos do Sol (Inti). Os Incas, também denominados Quechuas, foram crescendo e sendo conhecidos como um povo de um impressionante desenvolvimento na agricultura, arquitetura, engenharia, astronomia, ciência, o que é notório até hoje nos museus e sítios arqueológicos. A vida social dos Incas estava intimamente ligada à sua vida religiosa. Muitas são as construções de templos sagrados como Tambomachay – templo da água; Saqsayhuaman – templo dos céus e dos raios; Q’enqo – templo de adoração a Pacha Mama (mãe
terra); Ollantaytambo – templo da colheita e dos animais que representavam as etapas da vida: o Condor (mundo superior); o Puma (mundo terreno); e a Serpente (mundo inferior, porém não maligno). O templo considerado pelos Incas como o mais importante e o umbigo do mundo é o templo dedicado a Inti, o deus sol, que é o templo de Qorikancha. E o mais conhecido, Machu Picchu, uma espécie de centro sagrado onde havia templos da lua, da colheita, do sol e a casa dos sacerdotes e nobreza. Todas as construções, estátuas e adereços eram feitos com muito ouro e prata, porém, para eles, metais preciosos não tinham valor financeiro. Então, no ano de 1531, quando havia um conflito
Vale Sagrado dos Incas
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entre dois irmãos da nobreza Inca, os espanhóis aproveitaram o clima tenso e ocuparam as terras dos Incas, matando o povo em larga escala, muitas vezes com a acusação de serem idólatras e destruindo os templos para construir igrejas sobre as ruínas. Houve muita morte, destruição e dominação. O catolicismo foi imposto como religião oficial e o espanhol como idioma. Quem hoje visita Cusco e se depara com um povo humilde, alegre, hospitaleiro e atencioso não tem como imaginar o seu passado marcado pela tristeza, que, por incrível que pareça, ainda carrega marcas desse histórico. A vida religiosa dos cusquenhos, por exemplo, é bem confusa por causa do sincretismo. A maioria se denomina católica, porém, presta reverência e adoração a Pacha Mama e a Inti, o deus sol, assim como acreditam na reencarnação, mas com certa indefinição. E essa indefinição religiosa, para eles, significa uma indefinição de identidade, até porque, há 300 anos, sua vida religiosa norteava toda a vida social. A vida não tinha significado sem a concepção religiosa. Mas como pode Deus se manifestar em uma civilização que adora o deus sol ou a terra? Não seriam eles um povo idólatra?
Cusco é uma cidade peruana com aproximadamente 300.000 habitantes. E mesmo sendo uma cidade pequena possui uma ótima infra-estrutura que atende a necessidade da população cusquenha e do mundo todo. Isso porque é uma cidade turística com 75% de sua economia sendo girada pelo turismo. E o motivo da atração de tantos turistas é a grandiosidade de sua beleza natural e uma história que é muito rica, porém triste e misteriosa.
O fator Melquisedeque Enquanto eu caminhava pelo vale sagrado dos Incas, e contemplava aquelas montanhas que atingiam as nuvens e preenchiam todo o horizonte, eu me sentia uma formiga rodeado por aqueles paredões rochosos. Quando eu visualizei Machu Picchu e as cores do céu contrastando com os raios do sol que iluminavam de forma muito especial os picos, eu pensei: “Não é possível que o povo Inca não tenha te conhecido, Deus, vivendo diante da extraordinária beleza da tua face”. Então, me lembrei de um livro chamado O Fator Melquisedeque, do renomado missionário transcultural Don Richardson. No livro, o autor diz que todos os lugares na face da terra existem sinais de Deus, e isso é uma preparação para o evangelho. No primeiro capítulo do livro, Richardson narra a fascinante trajetória espiritual de Pachakuteq, o rei mais importante que o povo Inca teve. Foi ele quem levou o império Inca ao apogeu. “Da mesma forma que Epimênides, Pachakuteq era um daqueles exploradores espirituais que, nas palavras de Paulo (At 17.27), buscou, tateou e encontrou um Deus muito superior a qualquer ‘deus’ popular de sua própria cultura. Ao contrário Estátua do rei Inca Pachakuteq
Mis. Wesley em Machu Picchu
de Epimênides, Pachakuteq não deixou o Deus que descobrira na categoria de ‘desconhecido’. Ele o identificou pelo nome...”. Chamou-o de Wirakocha, o criador soberano de todas as coisas. Isso se deve não somente à tradição oral, mas a uma descoberta feita em 1575 por um sacerdote espanhol chamado Cristobel de Molina e Yamqui Salcamaygua Pachacuti, um cronista índio, que descobriram hinos incas que poderiam ser comparados com os mais belos Salmos. Este documento dizia que Pachakuteq, ao contemplar a forma com que uma nuvem poderia encobrir os raios do sol, começou a questionar o poder do deus sol. E se lembrou que seu pai, Hatun Tupac, tinha dito que Wirakocha - Deus criador onipotente - lhe aparecera em um sonho. Pachakuteq, então, convocou uma reunião com os sacerdotes do sol em Qorikancha para provar que o sol era apenas a criação de um Deus superior. E dizia o hino: “Ele é antigo, remoto, supremo e não-criado. Também não necessita da satisfação vulgar de uma consorte. Ele se manifesta como uma trindade quando assim o deseja... Caso contrário, apenas guerreiros e arcanjos celestiais rodeiam a sua solidão. Ele criou todos os povos pela sua ‘palavra’ (somA Revista da Família
bras de Heráclito, Platão, Filo e do apóstolo João!), assim como todos os huacas (espíritos). Ele é o destino do homem, ordenando seus dias e sustentando-o. É, na verdade, o princípio da vida, pois aquece os seres humanos através de seu filho criado, Punchao (o disco do sol, que de alguma forma se distinguia de Inti). É ele quem traz a paz e a ordem. É abençoado em seu próprio ser e tem piedade da miséria humana. Só ele julga e absolve os homens, capacitando-os a combater suas tendências perversas”. Por intermédio de Pachakuteq, hoje, os descendentes dos Incas têm o conhecimento de um Deus criador, porém falta-lhes o conhecimento do Cristo. Não um cristo carrasco que foi introduzido “goela abaixo” pelas espadas dos espanhóis, mas um Cristo que sofreu juntamente com milhares de vítimas Incas e que hoje oferece a oportunidade de ressurgir e, assim como Neemias, reconstruir os muros da adoração ao Deus criador Wirakocha. O Wesley (Mindu) é missionário da congregação da IPI de Vargem Grande, SP, e missão CENA Fonte RICHARDSON, Don. O Fator Melquisedeque: o testemunho de Deus nas culturas através do mundo. 2. ed. São Paulo: Vida Nova, 1998.
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DE 3 JUNHO
CRISTIANISMO
DIA DE ORAÇÃO PEL A IGREJA
PERSEGUIDA
A Igreja
Perseguida Os cristãos se reúnem às escondidas em casas ou na zona rural, sempre com muito cuidado e em rodízio, para não parecer um ajuntamento. Por isso, o número de participantes não deve ser além de 10 ou 15 pessoas. Dependendo do lugar da reunião, os cânticos devem ser bem entoados em baixo volume para não serem ouvidos pelos vizinhos
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EVANDRO LUCCHINI
Conheci Mustafá (uso o codinome por questões de segurança) em outubro de 2000, quando em viagem para um dos países mais fechados ao Cristianismo no oeste africano. Foi lá que me contou seu testemunho e a história de conversão que já havia acontecido 10 anos antes. Falou-me que, após apenas duas semanas de sua conversão, envolvido pela alegria da salvação, criou coragem para contar aos três melhores amigos sobre Jesus e porque havia renunciado à fé islâmica para abraçar definitivamente o evangelho de Cristo. Alguns dias depois, estes amigos o convidaram para uma viagem. Pegaram um táxi e foram adentro do deserto do Saara pela única estrada asfaltada do país naquela época e Mustafá ia junto a uma das portas do banco traseiro. Passados mais de 50 km, num ato rápido e violento, os amigos abriram a porta com o carro em alta velocidade e o empurraram para fora. Com ossos quebrados e várias escoriações, foi deixado ali. Socorrido por alguns viajantes, foi levado em um camelo até o vilarejo mais próximo. Dias depois, ao regressar, recebeu o recado de seus amigos: “Isto aconteceu para você saber que nunca deveria ter deixado a nossa religião”. Mustafá nunca pode denunciar seus amigos às autoridades, pois, se o fizesse, a polícia saberia das razões daqueles jovens e a perseguição só aumentaria. Quando o conheci, ele era um dos presbíteros de sua pequena igreja que se reúne às escondidas na capital daquele país de maioria absoluta muçulmana. Mustafá é um bom exemplo do que acontece em boa parte do mundo com aqueles que fazem parte do que tem sido chamado de “A Igreja Perseguida”. Uso aqui o termo igreja como usado no Novo Testamento para descrever pessoas e não prédios, gente e não instituição, organismo vivo e não organização. A palavra grega para igreja é ekklesia, usada para se referir a um grupo de pessoas que confessam Jesus Cristo como Senhor e Salvador, congregam em comunhão, partilham dos sacramentos, da adoração e evangelismo. Comumente usamos “igreja” para descrever prédios e templos, todavia este uso não tem sentido aqui. “Igreja Perseguida” refere-se, portanto, aos cristãos que vivem em um ambiente onde a fé em Cristo é proibida, desprezada e considerada uma traição aos valores culturais e religiosos da maioria. São nossos irmãos em Cristo que têm a nossa fé, mas não a nossa liberdade. É inacreditável que 70% da população mundial viva em países onde não há liberdade religiosa.
Encontramos a Igreja Perseguida em cerca de 50 países de maioria muçulmana, budista ou hindu. Olhando o mapa mundi, podemos apontar para o extremo leste asiático, em países como Coreia do Norte, Indonésia, Malásia, Brunei, Vietnam, Mianmar, passando pela Ásia Central, em países como Paquistão, Afeganistão, Uzbequistão, Tajiquistão, Kirguistão, Kazaquistão, Azerbaijão, passando pelo Oriente Médio, nos países como Jordânia, Síria, Palestina, Líbano, Turquia, assim como na Península Arábica, como Iraque, Irã, Arábia Saudita, Emirados, Kuwait, Iêmen, Omã, dentre outros. Chegamos ao Norte da África, como Mauritânia, Marrocos, Líbia, Tunísia, Argélia, Egito. Mas não podemos deixar fora da lista a América Latina com Cuba e Colômbia. A intensidade da perseguição é muito variada nesta enorme lista de países. Em alguns, pode haver prisão, apedrejamento, chibatadas em praça pública e até morte e outros (perda de emprego, rejeição completa pela comunidade, expulsão da família e perda de direitos de herança). Na maioria deles, os cultos públicos são proibidos e a igreja não pode possuir propriedades, nem muito menos se constituir em pessoa jurídica. Evangelismo agressivo ou intencional é considerado crime, já que proselitismo é proibido por lei. Em alguns países, a perseguição é velada, enquanto que, em outros, é aberta, agressiva e pública. Os cristãos se reúnem às escondidas em casas ou na zona rural, sempre com muito cuidado e em rodízio, para não parecer um ajuntamento. Por isso, o número de participantes não deve ser além de 10 ou 15 pessoas. Dependendo do lugar da reunião, os cânticos devem ser entoados em baixo volume para não serem ouvidos pelos vizinhos. Eu mesmo já participei de cultos assim e a experiência foi marcante. Nos anos da guerra fria, ouvimos falar dos países que estavam atrás da “cortina de ferro”, expressão usada para descrever países sob o domínio da União Soviética, onde o cristianismo era proibido. Muitos leram o livro “O Contrabandista de Deus” do Irmão André. A situação política foi alterada naquela região, mas, em muitos países daquela região, a falta de liberdade ainda persiste. Posso exemplificar com histórias recentes de um país da Ásia Central. Em um dos vilarejos no interior deste país, uma família teve o cano de água da casa cortado pelos vizinhos, quando descobriram que eram cristãos. Ficaram dias sem água, até conseguirem recursos para colocar uma nova ligação. O pior é que o evento nem mesmo pode ser denun-
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ciado às autoridades, pois, se o fizessem, a perseguição passaria a ser oficial e, consequentemente, muito pior. Também recentemente, no mesmo país, uma mulher cristã que tem uma banca na feira foi presa. A polícia queria ouvir dela informações que incriminassem o líder cristão do vilarejo. Sem ter razões para prendê-la e forçá-la a falar, a própria polícia colocou um exemplar do vídeo Jesus em sua bancada. Por “estar com material cristão”, foi presa imediatamente e torturada por horas, pois não revelou o nome do líder. Só foi libertada ao pagar uma multa altíssima por ter material cristão em sua banca. Há também a história recente de um crente que teve que ir à justiça para poder enterrar seu pai, pois como cristão não possui o direito de usar o cemitério do vilarejo. Foi dito a ele que somente poderia realizar o sepultamento se negasse a fé em Cristo e declarasse sua crença em Alá e Maomé. Resolutamente, disse que não negaria sua fé e isso lhe custou muito maior sofrimento. Poderia contar muitas outras histórias de pastores que estão presos e outros que foram mortos, de mulheres que foram estupradas na prisão e famílias inteiras que tiveram que deixar suas casas e mudar para outras regiões.
Como posso me envolver?
Para o Rev. Evandro Lucchini, é importante a conscientização de que somos membros do mesmo corpo. Somos parte da mesma igreja de Cristo. Não há uma igreja livre e outra perseguida. Devemos nos unir aos que sofrem.
Ao ler este artigo, você pode ter pelo menos duas reações distintas. Alguns reagirão com indiferença. Afinal de contas, a igreja perseguida está tão distante de nossa realidade que não nos afeta. Há outra reação possível e desejável. Oração intercessória, compaixão, mais conscientização através de mais informações farão parte da reação de muitos. Neste caso, sugiro o site http://www. portasabertas.org.br/ onde poderão encontrar notícias recentes e a lista dos 10 países onde a perseguição é mais intensa. Em inglês http://www.persecutedchurch.org/. Organize em sua igreja o Dia Internacional de Oração pela Igreja Perseguida. Aumentaremos assim a consciência de nossos membros quanto à situação dos irmãos nestes países. Somos membros do mesmo corpo. Somos parte da mesma igreja de Cristo. Não há uma igreja livre e outra perseguida. Devemos nos unir aos que sofrem, atendendo ao desafio de Paulo: “Se um membro padece, todos os membros padecem com ele” (1Co 12.26) O apóstolo Pedro também nos alerta: “Resistam-lhe, permanecendo firmes na fé, sabendo que os irmãos que vocês têm em todo o mundo estão passando pelos mesmos sofrimentos” (1Pd 5.9). O Rev. Evandro é vice-presidente da Agência Missionária CCI-Brasil, cujo foco é a plantação de igrejas entre povos não alcançados (especialmente árabes, curdos, turcos e ciganos); com sua esposa Jane, dedica-se ao cuidado pastoral de missionários, sendo pastor da IPIB há 28 anos e pastor auxiliar da IPI Central de Presidente Prudente, SP, há 19 anos.
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PAZ VERDADEIRA MARIA EMÍLIA CONCEIÇÃO
Nem sempre a paz É ausência de guerra, Pois a paz verdadeira Nasce no coração. Essa paz verdadeira Não precisa de tratado Nem de acordo. Ela nasce do amor E excede a todo entendimento. E a todo momento Podemos sentí-la. É a compreensão Entre os povos De qualquer nação. Essa paz É verdade, É luz. Ela se fez numa cruz E seu nome É JESUS!
ORAÇÃO A oração é o DDD do céu Discagem Direta a Deus, Se tudo está mal, se a vida está ruim, Se os problemas não consegue resolver, Ligue para Deus com o joelho no chão, Humildemente, confiantemente De todo coração... E Ele te ouvirá. Fale a verdade Com sinceridade. Conte suas mágoas, tristezas e decepções, Fale sem medo, despeje sua alma, Fale com a emoção, Mas pense com a razão. Deus é bom pai, Com certeza te atender Ele vai. Mas, se a resposta não vier Do jeito e da maneira que você quer, Tenha uma certeza: Mesmo que não seja o que pediu, Não se entristeça, nem se espante. Deus é assim... Quer sempre o melhor Pra você e pra mim...
Maria Emília, contadora de histórias, professora, poetisa e nas horas vagas palhaço, é membro da 2ª IPI de Anápolis, GO
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PRESTAÇÃO DE SERVIÇO
Doméstica , você conhece os seus direitos?
2AB7RIDLE
ADA DIA DA EMPREG
da acreditam que o valor do ser humano é medido pelos bens que possui. É importante lembrar também daquelas que, trabalhando fora e dentro de casa, foram humilhadas, agredidas e abandonadas por seus companheiros e tiveram que ser pai e mãe de seus filhos, carregando sobre o ombro a responsabilidade pela educação e sustento do lar. Vocês são vencedoras! No Brasil, as leis trabalhistas com relação ao trabalho doméstico alçaram importante avanço no que diz respeito aos direitos dos trabalhadores. Há ainda muito a ser feito. Preocupa, porém, o alto índice de desconhecimento da lei, tanto por parte dos trabalhadores quanto por parte dos empregadores. Vale lembrar que os contratos de trabalho doméstico são regidos por legislação própria, e não pela CLT. Fique atento! Empregada doméstica, você conhece todos os seus direitos? Empregador, você conhece e tem cumprido com todas as suas obrigações? Falando a cristãos,
EVANDRO RODRIGUES
“Ele te declarou, ó homem, o que é bom e que é o que o Senhor pede de ti: que pratiques a justiça, e ames a misericórdia, e andes humildemente com o teu Deus” (Mq 6.8). Ao iniciar o presente artigo, quero parabenizar todas as empregadas domésticas do nosso país. Mulheres que, na maioria dos casos, não tiveram outra opção na vida a não ser a opção de ser forte! Contam-se aos milhares os casos daquelas que deixaram sua terra natal e rumaram aos grandes centros urbanos, em busca de uma sobrevivência mais digna. Submeteram-se a um trabalho pesado e desgastante. Melhor foi a sorte daquelas que encontraram patrões humanos, justos e capazes de reconhecer todo o trabalho a eles dedicado. Pior, porém, foi a sorte daquelas que precisaram submeter-se a empregadores cruéis, desonestos, maliciosos e tacanhos, que ain36 Alvorada
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DOMÉSTICA
precisamos ainda observar se essa relação entre patrão e empregado tem sido justa, do ponto de vista do evangelho. Mesmo fazendo tudo dentro da lei, você considera que a remuneração e os benefícios que oferece aos empregados são adequados? Jesus disse que, se nossa justiça não exceder em muito à dos escribas e fariseus (cumpridores da lei até nos menores detalhes), jamais entraremos no reino dos céus. Seja generoso! No modelo social em que vivemos, em muitas casas, os empregados domésticos fazem mais do que simples tarefas. Muitos pais, por trabalharem prolongados períodos, acabam deixando os filhos, a maior parte do tempo, por conta de empregados e educadores. Reconheça a importância dessas pessoas em seu dia-a-dia! Lembre que, independentemente da posição social, em Jesus Cristo, somos irmãos, não cabendo em nossas relações a exploração e a discriminação. Empregado, seja fiel e responsável com as tarefas que lhe são
Direitos e deveres dos trabalhadores domésticos Vamos analisar, de forma resumida, os principais direitos e deveres com relação aos trabalhadores domésticos:
confiadas. Use o tempo e os objetos com sabedoria, e desempenhe seu trabalho com dedicação. Para exigirmos direitos, precisamos cumprir com as obrigações. Caso considere sua relação de trabalho injusta, converse abertamente com seu empregador e busque um acordo satisfatório. Parabéns a todas as empregadas domésticas! Homens e mulheres de proeminência lembram-se com carinho de pessoas que trabalharam em suas casas, fazendo mais do que preparar refeições ou limpar móveis. Ensinaram-lhes, com palavras e exemplos, valores como dedicação, paciência e doçura. Valores estes que os bancos da faculdade ainda não conseguem reproduzir. Vocês são graduadas na escola da vida. O Evandro, membro da IPI de Vila Brasilândia, São Paulo, SP, professor da Escola Dominical e teólogo, é técnico contábil •
1. Remuneração - Nenhum empregado doméstico pode receber valor inferior ao salário mínimo federal. Nos estados brasileiros onde há o salário mínimo estadual, o piso não é o salário mínimo federal, atualmente R$ 622,00, mas o salário mínimo estabelecido pelo governo do estado. 2. INSS - É obrigação do empregador recolher o INSS mensalmente. O empregado deve possuir número de inscrição no PIS. Caso não possua, deve ser feita sua inscrição na Previdência Social como Contribuinte Individual. O empregador deve recolher 12% sobre o salário registrado em carteira e descontar 8%, 9% ou 11% do salário do empregado (conforme tabela de contribuição disponível no site da Previdência). Assim, o empregador deve somar o valor descontado mais os 12% que é de sua responsabilidade e preencher a GPS com código de recolhimento 1600, efetuando o pagamento até o dia 15 do mês subsequente. A GPS pode ser adquirida em papelarias ou pelo site da Previdência. É importante lembrar que sobre férias e 1/3 também incide o INSS. 3. FGTS - O empregador não é obrigado a recolher o FGTS. Caso faça a opção de recolhimento, deverá estar inscrito no INSS através do CEI (Cadastro Específico de Informações). O valor a ser recolhido é de 8% sobre a remuneração do empregado, efetuado até o dia 7 do mês subsequente, através de guia específica denominada GFIP, adquirida em papelaria e apresentada na Caixa Econômica Federal. O FGTS deve ser recolhido também sobre o 13º salário e férias. 4. Outras obrigações e direitos - Registro em carteira; férias anuais de 20 dias mais 1/3; 13º salário; aviso prévio; licença maternidade; repouso semanal remunerado, de preferência aos domingos; vale-transporte; aposentadoria e auxíliodoença. 5. Não tem direito - Férias proporcionais na rescisão; estabilidade à gestante; hora-extra; saláriofamília; seguro-desemprego.
Obs.: Para dúvidas com relação à legislação, escrever para: evandroalpha@hotmail.com)
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Alvorada 37
FINANÇAS
Pastores e os direitos
previdenciários
SANDRA REGINA M. VILHAGRA FARIA
Ao mesmo tempo em que está havendo maior conscientização em nosso meio presbiteriano independente, com um aumento de inscritos na Previdência Social, vemos, por outro lado, alguns Conselhos tímidos em relação às contribuições previdenciárias de seus pastores. Ainda é comum se ouvir frases como: “Quando eu tiver idade, procuro o INSS para me aposentar” ou “Ainda sou jovem para contribuir, vou esperar mais um pouco”. E até a frase: “Deus é fiel e não vai me desamparar na velhice”. Creio totalmente na provisão de Deus e no ensino de sua Palavra que diz que devemos provisionar (Pv 21.20 e Tg
4.14). Lembre-se: Ninguém é saudável suficiente para não adoecer de repente ou mesmo tão jovem que não venha a morrer cedo. Imagine a situação financeira do pastor e sua família num caso de doença que o incapacite para a vida diária, acidentes ou até uma invalidez. São infortúnios que podem acontecer em qualquer época ou idade. Se ele não estiver segurado pela Previdência Social enquanto estiver saudável, nada poderá ser feito depois do ocorrido. Veja no box informações da Comunicação Social da Previdência para os pastores e pastoras. São orientações básicas bem resumidas. A Sandra, trabalha na Previdência Social, é membro da IPI de Votuporanga, SP
Imagine a situação financeira do pastor e sua família num caso de doença que o incapacite para a vida diária
Pastores podem se inscrever na Previdência Social Contribuir para o INSS dá direito a benefícios como auxílio-doença e aposentadoria De São Paulo, SP – Pastores e outros ministros de confissão religiosa podem se inscrever e recolher mensalmente para a Previdência como contribuinte individual. Essa categoria é utilizada porque, nesse caso, não há vínculo de emprego. O religioso que se inscrever deve recolher 20% sobre a renda declarada. Essa renda
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deve ser de no mínimo R$ 622,00 e no máximo de R$ 3.916,20. Com isso, ele terá direito a benefícios como auxíliodoença, aposentadoria, pensão para os dependentes e, no caso das mulheres, salário-maternidade. Os religiosos também podem recolher com alíquota reduzida de 11% do salário mínimo. Nessa situação, o contribuinte pode receber todos os benefícios previden-
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ciários, menos a aposentadoria por tempo de contribuição. O valor do benefício, nesse caso, será limitado a um salário mínimo. Para efetuar a sua inscrição, os pastores podem ligar para o telefone 135 ou acessar o site www.previdencia.gov.br. Outra opção para se inscrever é se dirigir a uma agência da Previdência Social. (ACS/SP)
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Casais em conflitos financeiros ADEMIR S. DE ALMEIDA
Quantos casais neste exato momento estão em crise conjugal por questões financeiras, vendo como única alternativa encarar um divórcio ou algo parecido? Casais que um dia ouviram “até que a morte os separe” e, agora, estão prestes a ouvir “até que as finanças os separem”. Lidar com finanças não é fácil. Há casais que baseiam sua união e alegrias em um único pilar chamado dinheiro. Alguns se realizam; outros se frustram nesta área. Parece que as finanças, de forma geral, têm ocupado relevante importância nos relacionamentos. É impressionante observar como a questão financeira motiva, desmotiva, une e separa a vida de milhares de pessoas. Mas por que será que muitos casais estão em conflito nesta área? Existem casais que têm a liberdade de discutir os mais diversos assuntos, menos ao que diz respeito ao dinheiro. Há esposas que não têm sua segurança no esposo, mas, sim, na quantidade de dinheiro que têm no banco. Muitas se sentem mais felizes por terem uma linda casa, bem mobiliada, do que pela família que construíram. Há também esposos cuja maior motivação não é mais a companhia da esposa e dos filhos, mas, sim, o quanto eles podem lucrar em cada negócio. Parece que a questão financeira, em tese, tem substituído os verdadeiros e mais importantes valores para que vivamos em paz e harmonia uns com os outros. Isto acontece com você e seu cônjuge? O problema não é somente o dinheiro em si, mas como muitos casais lidam com ele. Como você administra suas finanças? Você manuseia o dinheiro como sendo também de seu cônjuge ou como sendo somente seu? O grande problema que tem levado muitos ao abismo não é o dinheiro, mas, sim, o amor ao dinheiro. A Bíblia diz que esse é um amor efêmero, egoísta e sem limites. Paulo sabia muito bem disso quando escreveu: “O amor ao dinheiro é a raiz de todos os males. Algumas pessoas, por cobiçarem o dinheiro, desviaram da fé e se atormentaram com muitos sofrimentos” (1Tm 6.10). Os males desse “amor” são
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O egoísmo é uma forte raiz que coopera para a destruição e desgraça nos relacionamentos
Os brinquedos estimulam o raciocínio e a capacidade argumentativa. Mais que ordens verticais, os pais aprenderam a dialogar e a explicar aos filhos o porquê das coisas.
os mais diversos: subornos, roubos, traições, mortes, corrupção, etc. Se você se encontra em crise conjugal por questões financeiras, peça a Deus ajuda e sabedoria para salvar seu casamento. Há uma frase relevante do Rev. Adão Carlos Nascimento que vale a pena enfatizar: “O maior bem do esposo, aqui na terra, é sua esposa; o maior bem da esposa é o esposo”. Você tem vivido este princípio em seu casamento? Você manuseia o dinheiro como sendo também de seu cônjuge ou como sendo somente seu? Uma das frases que mais me marcou do tempo em que namorei minha amada esposa foi: “Tudo que é meu é teu”. Este princípio de vida tem marcado e motivado meu relacionamento conjugal a cada dia. Como é bom e maravilhoso você poder se sentir aceito, amado e realizado pelo seu cônjuge. Você tem vivido esta experiência em seu casamento? Um dos valores que precisamos construir e preservar a cada dia em nossos relacionamentos é a cumplicidade. Ela deve existir em todas as áreas de uma união conjugal. Há casais que são cúmplices somente na cama, mas, nas finanças e em outros aspectos, a nota é zero. E, por falar em sexo no casamento, certa vez alguém disse que o sexo não começa na cama; ele é concluído ali. Para um relacionamento sexual saudável e satisfatório, ambos precisam cultivar os princípios do amor. Amor que também deve permear a parte financeira que, infelizmente, tem sido a precursora de muitas desavenças e crises entre casais. Converse francamente com seu cônjuge sobre este assunto. Que a cumplicidade financeira venha a reinar em seu casamento. O egoísmo é uma forte raiz que coopera para a destruição e desgraça nos relacionamentos. Jesus é o maior interessado em restaurar todas as áreas de seu casamento. A Bíblia fala muito sobre finanças. Eclesiastes 5.10 diz: “Quem ama o dinheiro jamais dele se farta; e quem ama a abundância nunca se farta da renda; também isto é vaidade”. Quer ser farto e abençoado? É simples! É só não amar o dinheiro. Que seu amor venha a ser a Deus, em primeiro lugar, depois ao cônjuge. Que sua família seja alicerçada nos eternos valores que somente Jesus tem para oferecer. O Ademir é missionário na IPI de Parque dos Pássaros, em Areado, MG (www.blogmissionarioademir.blogspot.com)
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PAIS E FILHOS
Argumentativo MARCOS INHAUSER
Meu neto Thiago tem seis anos. Ele é um formigão: adora doces. Há alguns meses, por recomendação médica, começou-se a controlar a quantidade de açúcar diária. A mãe dedicou-se à árdua tarefa, restringindo a dieta. Todos os dias ele pede bala e ela diz que não vai dar para o bem da saúde dele. Dia destes, ele perguntou à mãe: -Quando eu crescer, eu vou casar. E, quando eu casar, vou ter filho? -Sim, você poderá casar e ter filho. -Quando eu tiver filho, eu vou dar duas balas todos os dias para ele! A mãe percebeu a alfinetada do filho e retrucou: -Quando você tiver seu filho, você vai se preocupar com a saúde dele e também vai se preocupar com o que ele come e quanto come, especialmente em se tratando de doces. -Mas eu vou dar duas balas para ele todos os dias! -Aí, você não estará preocupado com a saúde dele. -Mas eu vou estar preocupado com a felicidade dele também e, por isto, vou dar duas balas todos os dias. Não é a primeira vez e nem sou o único a ser surpreendido com as afirmações dos filhos e netos. Isto faz parte da história da humanidade. No entanto, tenho para comigo, no que penso sou secundado por muitos outros, as crianças de hoje estão mais “inteligentes”, mais rápidas no gatilho e mais argumentativas.
Há algumas possíveis explicações para isto. A própria expressão “dar à luz” tinha um significado original diferente daquele que hoje damos. Ela se referia ao dia em que a criança, depois da quarentena em quarto escuro no qual era mantida logo após o nascimento, era trazida à luz. Isto era, em alguns casos, quarenta dias depois do nascimento. A criança era confinada e, de certa forma, engessada nas fraldas, faixas e cueiros. Parece que era proibido se mexer, espernear, sentir a liberdade, depois de meses encerrado na bolsa uterina. Justificava-se dizendo que devia ser enfaixado para que a coluna “endurecesse”. As exposições aos estímulos externos eram mínimas. Seu mundo, no mais das vezes, era viver no “chiqueirinho”. Houve uma mudança drástica no nascimento, cuidado, educação e oportunidades. Elas estão mais livres e soltas; seus pais saem a passear com elas logo nos primeiros dias de vida, ouvem música, veem televisão, vão às escolinhas, interagem com outras crianças; aboliu-se o chiqueirinho; acessam o celular, IPhone, Ipad, games. Os brinquedos estimulam o raciocínio e a capacidade argumentativa. Mais que ordens verticais, os pais aprenderam a dialogar e a explicar aos filhos o por que das coisas. Eles aprendem e argumentam. E nós nos surpreendemos e ficamos de queixo caído.
O Rev. Marcos é pastor da Igreja Menonita
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Alvorada 41
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EDUCAÇÃO Uma série de artigos serão publicados no intuito de aproximar, realmente, a família da escola e de todo o processo de aprendizagem dos nossos filhos.
Educação e Família
uma parceria possível
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MARIANA RODRIGUES MARTINS
Conversar sobre educação, qualidade, ensino, professores, entre outras coisas, nem sempre é tarefa fácil. Nessa área permeada por bons e maus profissionais, a família nem sempre faz parte do cotidiano escolar do filho, que dirá da escola que fica no bairro, do município, do estado e até mesmo do país. A iniciativa da Revista Alvorada em aproximar informações e reflexões sobre o ensino, a aprendizagem e a educação das famílias é louvável e de grande importância neste cenário. A partir deste, uma série de outros artigos serão publicados no intuito de aproximar, realmente, a família da escola e de todo o processo de aprendizagem dos nossos filhos. Para iniciar nossa conversa, vamos responder uma questão que
incomoda muito a professores, diretores e pais: Como a família pode participar da escola? A resposta a esta questão está intimamente ligada à relação e ao convívio de pais e filhos. Minutos importantes e relevantes para a vida escolar de seu filho devem ser priorizados através de pequenos diálogos e perguntas como: Tem lição de casa hoje? Como foi sua aula? A professora explicou o quê? Perguntas estas, que, necessariamente, aguardam respostas pacientemente dos filhos. Outra atividade importante a ser realizada pela família é estar atenta ao material que o aluno leva à escola. Por vezes, dar uma espiadinha no caderno do filho pode ser algo revelador. Outras participações mais ativas também podem ser observadas pela família. A presença dos pais / responsáveis em reuniões de pais,
a participação no Centro de Pais e Amigos da Escola e na Associação de Pais e Mestres, bem como nos Conselhos de Escola e de Classe contribuem significativamente para uma gestão democrática do ensino e um outro olhar para a qualidade da educação. Algumas ONGs, acreditando na transformação que uma educação de qualidade pode proporcionar, incentivam a participação dos pais como vemos nos cartazes acima. Esperamos contribuir enquanto igreja na educação dos nossos filhos não apenas de forma superficial, mas com empenho e dedicação, para que a educação do nosso país inteiro seja realmente inclusiva e de qualidade. A Mariana, professora, atualmente diretora na Escola Municipal Vereador Carlos Roberto de Oliveira, é membro da IPI de Porto Feliz, SP
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CONSCIÊNCIA ECOLÓGICA
DE 5 JUNHO
DIA MUDIAL DO
MEIO AMBIENTE
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Será este o grande mal? EDI GOMES FERREIRA
O acordo para retirar as sacolinhas plásticas dos mercados contribuirá em quanto e como para que os bueiros sejam menos poluídos? Os sacos para lixo (que serão comprados e não são biodegradáveis) não terão a mesma função das sacolinhas plásticas, no sentido de que estas cumprem a função de acomodar o lixo doméstico? Outra pergunta ainda deve ser feita: a quem este acordo beneficia inicialmente?
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Sacola
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Vivemos em uma época de conscientização em todos os sentidos: política, religiosa, social e ambiental. Devemos viver conscientes do mundo e das situações que nos cercam. Algumas dessas situações nos surpreendem pela eficácia, outras pela urgência e outras pelo absurdo. Recentemente fomos surpreendidos e submetidos ao acordo (e não lei) entre a APAS (Associação Paulista de Supermercados) e as prefeituras e o Governo do Estado de São Paulo com referência à extinção das sacolinhas plásticas de supermercados. Este acordo tem como slogan as chamadas do tipo: “Salve o Planeta” ou “Vamos tirar o planeta do sufoco” ou ainda “Planeta verde” ou coisas do tipo. Para um observador um pouco mais cauteloso, as medidas para “tirar o planeta do sufoco” ou “salvar o planeta” requerem mudanças mais estruturais. Temos que perguntar: o acordo para retirar as sacolinhas plásticas dos mercados contribuirá em quanto e como para que os bueiros sejam menos poluídos? Os sacos para lixo (que serão comprados e não são biodegradáveis) não terão a mesma função das sacolinhas plásticas, no sentido de que estas nº 69 abril/maio/junho, 2012
cumprem a função de acomodar o lixo doméstico? Outra pergunta ainda deve ser feita: a quem este acordo beneficia inicialmente? Pense! De acordo com os slogans, somos convencidos de que eu, você e o planeta seremos beneficiados (mesmo tendo que comprar sacolas retornáveis). E, por último, as redes de supermercados terão uma economia de milhões de reais anuais. Quando pensamos em conscientização ambiental, temos que pensar em curar a ferida e não somente limpar o sangue que escorre. Quando falamos em mudanças estruturais, nos referimos a ações como:
a) Uma coleta de lixo eficiente •
O lixo teria que ser coletado separadamente de forma eficaz e inteligente. Há pessoas que separam e até lavam as embalagens recicláveis para depositar nos recipientes, mas, infelizmente, as coletas são feitas de forma não-seletiva. Isto agride o meio ambiente. O governo, as prefeituras e a APAS deveriam promover e divulgar estas informações para que mais pessoas aderissem a esse modo de coleta.
?
plástica b) Incentivo às empresas de reciclagem
• Uma empresa que trabalha com matéria-prima reciclada, ao fornecer nota fiscal de venda, é obrigada a recolher o IPI (Imposto sobre Produto Industrializado), mesmo sabendo que o produto já foi tributado antes da reciclagem pelo mesmo imposto. Isentar essas empresas do IPI seria uma forma de “Salvar o Planeta”. Poderíamos citar outros exemplos mais.
c) Observar as regulamentações internacionais
• As sacolas brasileiras, por exigência das grandes redes de supermercados, são mais finas e menores para um rendimento maior em milheiro. As sacolas internacionais são mais grossas e maiores, possibilitando menos quantidade e mais robustez por unidade. Isto faria com que o consumidor usasse menos sacolas e as descartasse com maior quantidade de lixo por unidade. Para uma melhor conscientização ambiental é necessária a leitura de Gênesis 1.28 a 30. Deus dá orientações para o ser humano cuidar de tudo como um mordomo e com o entendimento de que o cuidado é ação e manutenção. © picsfi ve - Foto
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O Edi é seminarista na Congregação de Cidade A. E. Carvalho, da IPI de Cidade Patriarca, São Paulo, SP
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SAÚDE
Saúde Pública no Brasil:
A igreja deve se envolver?
A igreja pode se envolver a fim de assegurar processos contínuos de melhoria da saúde da população. Há varias sugestões do que as igrejas locais podem fazer como liderança e também através dos seus vários departamentos específicos
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REGISMEIRE VIANA LIMA
Ao longo dos últimos anos, o perfil de doenças e causas de mortes mudou no nosso país. Se, antes, as doenças carências (causadas pela falta de uma quantidade suficiente de uma vitamina específica por um período de tempo prolongado) e infecciosas, provenientes da falta de saneamento e dificuldade de acesso amplo e gratuito aos sistemas de saúde, eram as campeãs, atualmente as doenças crônicas não transmissíveis como hipertensão, diabetes, obesidade, câncer e causas de morte relacionadas à violência ocorrem em maior freqüência. Desde o final dos anos 80, com a criação do Sistema Único de Saúde (SUS), o Brasil tem procurado alcançar todos os brasileiros com ações de saúde de forma gratuita e integral, priorizando aqueles que mais necessitam, apesar de todas as deficiências que sabemos ocorrer no país inteiro. A expectativa de vida aumentou, a mortalidade infantil diminuiu e outros indicadores de saúde mostram excelentes avanços que o país conquistou. Mesmo assim, o saneamento básico no país ainda é precário, a disponibilidade de água potável não chega a todos os lares e o esgotamento sanitário é deficiente nas regiões carentes do país. A equidade apregoada pela legislação ainda não se concretizou. Assim como o Brasil tem desigualdades sociais, elas também são encontradas nas ações de saúde. Mas o que a igreja tem a ver com tudo isso? Que olhar devemos ter para a realidade da saúde do país ou de qual lugar vamos verificar as nuances que compõem esse quadro? Não vamos permanecer apenas como meros espectadores. Por certo, este não é o nosso lugar, mas, sim, como instituição atuante e transformadora da realidade. Uma das formas principais de enfrentamento aos problemas encontrados pelo sistema de saúde atualmente é a estratégia saúde da família, que atua nas comunidades e bairros com equipes de profissionais que assumem responsabilidades por aquela população residente nas áreas ao redor das unidades básicas de saúde. As ações de saúde são então baseadas no perfil daquela comunidade. As relações são mais próximas e o local de atuação não se restringem apenas à unidade de saúde, mas também às residências e ao ambiente como um todo e deve contar com apoio das diversas instituições de sua área de abrangência.
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Alvorada 47
A igreja pode então se envolver a fim de assegurar processos contínuos de melhoria da saúde da população. As causas que determinam alguém ter saúde ou doença vão desde estilo de vida, disponibilidade de alimentos, educação, saneamento, meio ambiente em que ela vive, acesso aos serviços de saúde, redes sociais de proteção e renda, entre outros. Podemos ajudar interferindo em qualquer um desses determinantes, realizando ações de forma contínua e aliadas a outros setores da comunidade. Veja no box, ao lado, as varias sugestões do que as igrejas locais podem fazer como liderança e também através dos seus vários departamentos específicos, com o objetivo de mostrar verdadeiro amor, altruísta e prático, assim como aprendemos com o nosso mestre Jesus Cristo. Outras coisas podem ser feitas, mas quero que vocês as descubram, no contato com as unidades básicas de saúde. A idéia é estender a mão, dar o ombro e caminhar juntos. Os desafios são inúmeros. Mas, cá com meus botões, eu não imagino ninguém melhor na face da terra pra ajudar o outro do que nós, cristãos inundados do amor que vem do Deus todo poderoso. A Regismeire, nutricionista, mestre em Saúde Publica, doutoranda em Nutrição em Saúde Pública pela USP, é membro da IPI da Cachoeirinha, em Manaus, AM
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Sugestões para ajudar a saúde de sua comunidade •
Entrar em contato com a direção da unidade básica de saúde da área onde a igreja esta inserida, conhecer suas necessidades, colocando-se à disposição para parcerias.
•
Muitas unidades de saúde não têm espaços para palestras e reuniões, e os espaços sociais da igreja podem servir às ações de educação em saúde para os usuários do serviço.
•
Como participantes da comunidade, podemos fazer parte dos conselhos de saúde que toda unidade básica de saúde deve ter. Esses conselhos discutem os problemas de saúde da comunidade, planejando ações de enfrentamento dos mesmos.
•
Destinar parte das cestas básicas de alimentos para demandas provenientes do serviço social das unidades de saúde.
•
As ações de combate às doenças crônicas com esportes, caminhadas, oficinas de alimentação saudável e campanhas de vacinação podem ser feitas nas igrejas. A alimentação saudável passa pela valorização dos alimentos tradicionais e regionais no lugar dos alimentos processados industrialmente. Então, que tal as senhoras oferecerem pequenos cursos com as receitas da vovó?
•
Muitas gestantes em regiões carentes precisam de transporte tanto para realizar exames como até para chegar à maternidade. Alguns irmãos podem se colocar à disposição para essa importante tarefa que pode contribuir com para a diminuição da mortalidade materna, que é alta em nosso país.
•
As senhoras da igreja podem ajudar as ”novas mamães” com apoio e incentivo ao aleitamento materno dos seus bebês. Essa ação tem salvado vidas em muitos lugares. Conversem com a enfermeira e vejam o que podem fazer em relação a isso.
•
Geralmente os homens e os jovens não comparecem com freqüência desejada às unidades de saúde. A igreja pode ser esse elo de ligação tanto no que diz respeito a trazer informação para esses grupos como também incentivando que os mesmos cuidem de sua saúde.
•
As demandas provenientes dos lares visitados pelos profissionais de saúde, tais como problemas conjugais, lares desfeitos, entre outros, podem resultar em visitas pelos pastores e ministério diaconal.
•
A expectativa de vida aumentou bastante no nosso país, mas a idéia é viver esse número de anos a mais com qualidade. Começar um grupo de idosos na igreja e abrir as ações para as pessoas da comunidade é bem importante, pois, independentemente da idade, as pessoas são mais saudáveis quando são apoiadas pela família ou por grupos de apoio incluindo entre esses a igreja. Grupos de visita aos idosos enfermos para consolo e acompanhamento são bem importantes.
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Desejos Estaremos à beira do colapso de nosso sistema da saúde? O que faremos sem nossos hospitais? Para onde vão os milhões da saúde? Há quanto tempo não é reajustada a tabela do SUS?
DULCE VIEIRA FRANCO DE SOUZA
“Muita saúde para o senhor, a senhora e sua família!” - Achava estranha esta saudação, este desejo que faziam a meus pais. Criança, imaginava que podiam desejar outras coisas melhores. Também não valorizava quando outras senhoras idosas elogiavam a pele bonita de minha mãe. Naquela época, não sabia que a pele é o retrato da saúde geral, o relatório do sono. Não sabia que nenhum creme, barato ou caro, pode lhe dar tônus, vigor, cor ideal, elasticidade. Revela também a alma. “O coração alegre aformoseia o rosto”, diz Provérbios. Agora, na casa dos 50, com 30 anos de casamento é que entendi o que é o desequilíbrio da saúde. Por circunstâncias diversas, dentro de um ano, devo ter passado uns 100 dias dentro de meia dúzia de hospitais, como acompanhante de vários parentes chegados. Já basta para valorizar a saúde! Tempos atrás, quando minhas cunhadas estavam tendo bebês ou minha mãe fazia cirurgias eletivas, também fiz companhia. Não havia, naquela época, o slogan “saúde é direito de todos”, mas quem conseguia adentrar um hospital lá encontrava um sistema estruturado. Percebia-se o vínculo dos médicos, enfermeiros e administração com a instituição. Eram Casas de Caridade. Volto agora décadas depois. Mudaram
as necessidades de meus familiares. Mudaram as instituições. Com raras exceções, percebe-se a crise no sistema da saúde. Em alguns casos, mesmo para os melhores cartões de plano de saúde, não há vagas. Filas, horas de espera! Pressão, quase briga para entrar! Os médicos, para sobreviver, trabalham em vários hospitais. Quase não dormem. Também os enfermeiros. Vínculo? Para sobreviver, os hospitais se endividam. Não se sabe a razão, mas também é difícil renovar autorização do CNAS (Conselho Nacional de Assistência Social). Este atraso na renovação gera multas milionárias. Estaremos à beira do colapso de nosso sistema da saúde? O que faremos sem nossos hospitais? Para onde vão os milhões da saúde? Há quanto tempo não é reajustada a tabela do SUS? Partos em casa, chás, emplastos, compressas, banhos, remédios caseiros foram ficando para trás. Quando fiz Odontologia Social, na faculdade, havia um empenho para se combater estas práticas. Eram consideradas desvios do sistema de saúde. Conseguiu-se o intento e o Sistema Particular ou Público não suporta a demanda. Um dia destes, recebi de presente um livrinho em que há um relato sobre o parto normal. Lá é dito que, como cultura, ele precisa ser preservado. Arara azul, mico estrela, jacu-rei, parto normal! Andar, amamentar,
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Alvorada 49
coisas biológicas, normais precisam de prescrição médica. Claro que às práticas antigas, milenares, cultura da humanidade, somaramse superstições, contaminações. Ao se tentar corrigir os erros, matou-se a nossa cultura da saúde. Li em um livro de geopolítica de meus filhos no colegial sobre o leite em pó. Para aumentar o mercado deste, os profissionais de saúde da época foram convencidos a ‘vender o peixe”de que o leite materno era fraco. No Brasil, onde a higiene era melhor, o resultado não foi tão grave como na África, onde gerou uma mortandade. Como complementação alimentar é louvável; como substituição, ato criminoso. Capitalismo selvagem e perverso. Coisa do passado? Como cirurgiã dentista frequentei cursos, palestras e congressos onde os ministradores, geralmente professores de nossas melhores faculdades, evitavam falar de marcas comerciais. As pesquisas eram isentas, feitas com dinheiro público bem aplicado. Nossos pesquisadores, cérebros proeminentes, ficavam por aqui. Depois de um certo tempo, como boa mineira, comecei a desconfiar: Crer ou não crer? Claro que a ciência caminha, mas é possível “falar muita mentira falando só a verdade”. Já ouvi: “Hitler dobrou a renda ‘per capta’, reduziu a inflação a 25%, sonhava em ser artista, etc”. Lendo o livro “Provisão divina para sua saúde”, comecei a ver sentido nas instruções de Deuteronômio. Muitas regras eram de sobrevivência para atravessar o deserto. Entre outras coisas não havia esgoto. Todo cuidado deveria ser tomado
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para não adoecer. Prevenção. A Bíblia nos instrui. Estamos debaixo da graça, não da lei, mas ela nos serviu de “aio” (guia). Muitas coisas tinham e têm uma razão de ser. “Não adulterarás” (Ex 20.14). Sem adultério, teríamos necessidade de tanta creche, conselho tutelar, menor abandonado? Indo de Botelhos, sul de Minas, para Dracena, oeste de SP, fiquei impressionada com o número de presídios novos. Indo daqui para o norte de Goiás, fiquei impressionada com o número de hospitais fechados, vidraças quebradas. Inversão de valores? Governamental? Familiar? Abandono de valores, princípios? Um dia destes, ouvi de um psiquiatra evangélico: “Não há comprimido que resolva uma vida que deu errado. Para muita coisa, o único caminho é o perdão. Só Deus na vida para um recomeço!” Visão de um ser humano integral, corpo, alma e espírito. Creio na Bíblia como regra de fé e prática. “Amados, acima de tudo, faço votos por tua prosperidade e saúde, assim como é próspera a tua alma” (3 Jo 2). Clamo por entendimento. Saúde! Paz! A Dulce é membro da IPI de Botelhos, MG
Indo daqui para o norte de Goiás, fiquei impressionada com o número de hospitais fechados, vidraças quebradas. Inversão de valores? Governamental? Familiar? Abandono de valores, princípios?
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SAÚDE
O desmame natural © Denys Kurbatov - Fotolia.com
O ser humano é o único mamífero em que o desmame (cessação do aleitamento materno) não é primariamente determinado por fatores genéticos e instinto, sendo fortemente influenciado por fatores socioculturais.
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Há evidências de que o não amamentar segundo as expectativas da espécie pode ter repercussões negativas ao longo da vida dos indivíduos. Assim, a não amamentação ou amamentação sub-ótima pode favorecer o aparecimento de doenças alérgicas, diversas doenças do sistema imunológico, alguns tipos de cânceres, obesidade, diabete e doenças cardiovasculares
ELSA REGINA JUSTO GIUGLIANI
Hoje, ao contrário do que ocorreu por pelo menos dois milhões de anos, ao longo da evolução da espécie humana, a mulher opta (ou não) pela amamentação e, influenciada por múltiplos fatores, decide por quanto tempo vai (ou pode) amamentar. Muitas vezes, as preferências culturais (não amamentação, introdução precoce de outros alimentos na dieta da criança, amamentação de curta duração) entram em conflito com a expectativa da espécie. Algumas consequências dessa divergência já puderam ser observadas, como desnutrição e alta mortalidade infantis, sobretudo em áreas menos desenvolvidas. Porém, as consequências em longo prazo ainda não são totalmente conhecidas, já que transformações genéticas não ocorrem com a rapidez com que podem ocorrer mudanças de hábitos. Começam a ser mostradas evidências de que o não amamentar segundo as expectativas da espécie pode ter repercussões negativas ao longo da vida dos indivíduos. Assim, a não amamentação ou amamentação sub-ótima pode favorecer o aparecimento de doenças alérgicas, diversas doenças do sistema
imunológico, alguns tipos de cânceres, obesidade, diabete e doenças cardiovasculares, além de interferir negativamente no desenvolvimento oro-facial. Provavelmente, com o aparecimento de novas pesquisas nessa área, outros males serão relacionados com os hábitos “modernos” de alimentação infantil, mas alguns aspectos dificilmente podem ser quantificados, especialmente os relacionados com a psiquê humana. Atualmente, em especial nas sociedades ocidentais, a amamentação é vista primordialmente como uma forma de alimentar a criança, sob o controle total dos adultos. Assim, perdeu-se a percepção da amamentação como um processo mais amplo, complexo, envolvendo intimamente duas pessoas e com repercussão na saúde física e no desenvolvimento cognitivo e emocional da criança, além de repercussões para a saúde física e psíquica da mãe. Hoje, em muitas culturas “modernas”, a amamentação prolongada (cujo conceito varia de acordo com a “convenção” da época e do local) frequentemente é vista como um distúrbio interrelacional entre mãe e bebê. Perdeuse a noção de que o desmame não é um evento e, sim, um processo, que faz parte da evolução da mulher
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como mãe e do desenvolvimento da criança, assim como sentar, andar, correr, falar. Nesta lógica, assim como nenhuma criança começa a andar antes de estar pronta, nenhuma criança deveria ser desmamada antes de atingir a maturidade para tal. Em harmonia com esta linha de pensamento, o Dr. William Sears, um antigo pediatra, recomendava: “Não limite a duração da amamentação a um período pré-determinado. Siga os sinais do bebê. A vida é uma série de desmames, do útero, do seio, de casa para a escola, da escola para o trabalho. Quando uma criança é forçada a entrar em um estágio antes de estar pronta, corre o risco de afetar o seu desenvolvimento emocional”. Essas palavras sábias podem ter pouco respaldo em sociedades individualistas, que tendem a acelerar o processo de independentização do ser humano, substituindo o seio por métodos de autoconsolo como chupetas, paninhos, mantinhas, ursinhos, etc. Segundo diversas teorias, o período natural de amamentação para a espécie humana seria de 2,5 a 7 anos. Atualmente, a Organização Mundial da Saúde recomenda aleitamento materno por 2 anos ou mais, sendo exclusivo nos primeiros 6 me-
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ses. Apesar dessa recomendação, muito poucas mulheres no Brasil amamentam por mais de 2 anos. As razões para a não amamentação prolongada variam desde dificuldade em conciliar a amamentação com outras atividades, até crença de que aleitamento materno além do primeiro ano é danoso para a criança sob o ponto de vista psicológico. Uma parcela de mães, apesar de demonstrar desejo em continuar a amamentação, sente-se pressionada a desmamar por profissionais de saúde, seus maridos, parentes, vizinhos e amigos. Para a manutenção do paradigma que sustenta a afirmação de que amamentação prolongada não é natural, foi necessário criar vários mitos tais como o de que uma criança jamais desmama por si própria, que a amamentação prolongada é um sinal de problema sexual ou necessidade materna e não da criança, e que a criança que mama fica muito dependente. Algumas mães, de fato, desmamam para promover a independência da criança. No entanto, é importante lembrar que o desmame provavelmente não vai mudar a personalidade da criança. Além disso, o desmame forçado pode gerar insegurança na criança, o que dificulta o processo de independentização. O desmame pode ser agrupado em quatro categorias básicas: abrupto, planejado ou gradual, parcial e natural. Sob a ótica de que o desmame é um processo de desenvolvimento da criança, parece razoável afirmar que o ideal seria que ele ocorresse naturalmente, na medida em que a criança vai adquirindo competências para tal. No desmame natural, a criança se autodesmama, o que pode ocorrer em diferentes idades, em média entre dois e quatro anos, e raramente antes de um ano. Costuma ser gradual, mas às vezes pode ser súbito, como, por exemplo, em uma nova gravidez da mãe (a criança pode estranhar o gosto do leite, que se altera, e o volume, que diminui). A mãe também participa ativamente no processo, sugerindo passos quando a criança estiver pronta para aceitá-los e impondo limites adequados à idade.
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Sinais indicativos de que criança pode estar pronta para iniciar o desmame: • Idade maior que um ano • Menos interesse nas mamadas • Aceita variedade de outros alimentos • É segura na sua relação com a mãe • Aceita outras formas de consolo • Aceita não ser amamentada em certas ocasiões e locais • Às vezes dorme sem mamar no peito • Mostra pouca ansiedade quando encorajada a não amamentar • Às vezes prefere brincar ou fazer outra atividade com a mãe ao invés de mamar É importante que a mãe não confunda o autodesmame natural com a chamada “greve de amamentação” do bebê. Esta ocorre principalmente em crianças menores de um ano, é de início súbito e inesperado, a criança parece insatisfeita e em geral é possível identificar uma causa: doença, dentição, diminuição do volume ou sabor do leite, estresse e excesso de mamadeira ou chupeta. Essa condição usualmente não dura mais que 2-4 dias.
Algumas vantagens do desmame natural • Transição tranqüila, menos estressante para a mãe e a criança • Preenche as necessidades da criança até elas estarem maduras para o desmame • Fortalece a relação mãe-filho • Ajuda a mãe a ser menos ansiosa com relação aos estágios de desenvolvimento de seu filho O desmame abrupto é desencorajado, pois, se a criança não está pronta, ela pode se sentir rejeitada pela mãe, gerando insegurança e muitas vezes rebeldia. Na mãe, o desmame abrupto pode precipitar ingurgitamento mamário, bloqueio de ducto lactífero e mastite, além de tristeza ou depressão, por luto pela perda da amamentação ou por mudanças hormonais. Muitas vezes a mulher se depara com a situação de querer ou ter que desmamar antes de a criança estar pronta. Nesses casos, o profissional de saúde, em especial o pediatra, deve respeitar o desejo da mãe e ajudá-la nesse processo.
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Algumas vezes, o desmame forçado gera tanta ansiedade na mãe e no bebê, que é preferível adiar um pouco mais o processo, se possível. Fatores que facilitam o encorajamento do bebê para o desmame • Mãe segura de que quer (ou deve) desmamar • Entendimento da mãe de que o processo pode ser lento e demandar energia, tanto maior quanto menos pronta estiver a criança • Flexibilidade, pois o curso é imprevisível • Paciência (dar tempo à criança) e compreensão • Suporte e atenção adicionais à criança – mãe não deve se afastar neste período • Ausência de outras mudanças ocorrendo: Ex.: controle dos esficteres • Sempre que possível, desmame gradual, retirando uma mamada do dia a cada 1-2 semanas. A técnica utilizada para fazer a criança desmamar varia de acordo com a idade da mesma. Se a criança for maior, o desmame pode ser planejado com ela. Pode-se propor uma data, oferecer uma recompensa e até mesmo uma festa. A mãe pode começar não oferecendo o seio, mas também não recusando. Pode também encurtar as mamadas e adiá-las. Mamadas podem ser suprimidas distraindo a criança com brincadeiras, chamando amiguinhos, entretendo a criança com algo que lhe prenda a atenção. A participação do pai no processo, sempre que possível, é importante. A mãe pode também evitar certas atitudes que estimulam a criança a mamar, como, por exemplo, não sentar na poltrona em que costuma amamentar. Algumas vezes, o desmame forçado gera tanta ansiedade na mãe e no bebê, que é preferível adiar um pouco mais o processo, se possível. A mãe pode, também, optar por restringir as mamadas a certos horários e locais.
As mulheres devem estar preparadas para as mudanças físicas e emocionais que o desmame pode desencadear, tais como: mudança de tamanho das mamas, mudança de peso e sentimentos diversos tais como alívio, paz, tristeza, depressão, culpa e arrependimento. Já se avançou muito na valorização do aleitamento materno nos últimos tempos. A recomendação da duração da amamentação passou de 10 meses na década de 30 para dois anos ou mais nos dias de hoje. Atualmente, fala-se em desmame natural como a forma ideal de desmame, sem especificar uma idade mínima ou máxima para que esse processo ocorra. Apesar desse avanço, ainda estamos longe de encararmos o desmame como um marco do desenvolvimento da criança. Para chegarmos a este estágio, faz-se necessário entender e enfrentar as circunstâncias que, segundo Souza e Almeida, “ultrapassam a natureza e desafiam a cultura e a sociedade”. A Elsa, pediatra, professora da Faculdade de Medicina da UFRGS, presidente do Departamento de Aleitamento Materno da SBP, é especialista em Aleitamento Materno pelo IBLCE (International Board of Lactation Consultant Examiners)
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SAÚDE
É uma doença que causa cerca de 300 mil mortes por ano
Hiperte A inimiga invisível
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DIA
NACIONAL DE E PREVENÇÃO E COMBAT À
HIPERTENSÃO
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nsão FABIANA LOPES DE SOUZA
Ela chega sem avisar, ataca quem menos espera e, muitas vezes, só se descobre que ela existe quando já é tarde demais. Essa inimiga invisível chamada hipertensão é uma doença que causa cerca de 300 mil mortes por ano, segundo a Dra. Frida Plavnik, da Sociedade Brasileira de Hipertensão. Ela é a principal causa de derrames e doenças do coração, que matam duas vezes mais que o câncer, três vezes mais que acidentes e seis vezes mais que infecções, incluindo a Aids. A pesquisa mais recente feita pelo Ministério da Saúde mostra que a proporção de brasileiros com hipertensão passou de 21,6% em 2006 para 23,3% em 2010. Em entrevista à Revista Alvorada, a Dra. Frida Plavnik explica que o grande problema da doença é que, na maioria dos casos, ela é uma doença assintomática, que não se mostra o tempo todo, que não incomoda, mas que pode trazer uma cadeia de problemas. Os problemas começam quando os vasos pelos quais o sangue flui se contraem, obstruindo a passagem e, consequentemente, aumentando a pressão. Um exemplo comum dado pela Sociedade Brasileira de Hipertensão é o de uma mangueira conectada a uma torneira ligada. Se colocarmos o dedo na ponta da mangueira e impe-
Você sabia que...
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dirmos a passagem da água, a pressão lá dentro vai aumentar. É exatamente isso que acontece quando o coração bombeia o sangue e os vasos não dão livre passagem. “A forma correta de fazer o diagnóstico da doença é pela medida da pressão no consultório. É recomendável que, pelo menos uma vez ao ano, se faça uma medida de pressão. Se estiver alta, é bom fazer uma segunda medida para ver se ultrapassa novamente a faixa de 14 por 9”, indica a doutora, afirmando que a Sociedade de Hipertensão recomenda que todos os médicos, independentemente da especialidade, meçam a pressão dos pacientes para que, se houver esse problema, o diagnóstico seja feito o quanto antes. A doença não tem cura, mas pode ser controlada se diagnosticada a tempo, com medicação e hábitos de vida mais saudáveis. Frida explica que a pressão alta, muitas vezes, se dá por características genéticas que, somadas a um mau hábito de alimentação e à falta de exercícios físicos, agravam o caso. Dependendo da situação, o tratamento pode ser não medicamentoso, em que o especialista vai apenas pedir ao paciente que faça uma adequação nos hábitos de vida, incluindo uma alimentação saudável, com comidas frescas, sem muitos condimentos e gordura. “Por outro lado, se o pacienA Revista da Família
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• A pressão considerada normal é aquela que, na média, é igual ou inferior a 12 por 8. • O dia 26 de abril é o Dia Nacional de Combate e Prevenção à Hipertensão. O dia foi instituído pela Lei nº 10.439, de 30/4/2002. O objetivo de conscientizar a população sobre a prevenção e controle da doença. • No ano passado, foi assinado pelo ministro da Saúde, Alexandre Padilha, e pelas associações que representam os produtores de alimentos processados um termo que estabelece um plano de redução gradual na quantidade de sódio presente em 16 categorias de alimentos, começando por massas instantâneas, pães e bisnaguinhas. Cerca de 40% do sal é composto de sódio. • O documento define o teor máximo de sódio a cada 100 gramas em alimentos industrializados. Algumas metas devem ser cumpridas pelo setor produtivo até 2012 e aprofundadas até 2014. • No caso das massas instantâneas, a quantidade fica limitada a 1.920,7 miligramas (ou 1,9 grama), até 2012. Isso representa uma diminuição anual de 30%.
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te precisar tomar uma medicação, é importante que faça conforme orientado. O organismo não se acostuma com o remédio. É preciso tomar a vida toda”, alerta a doutora. Ela explica que os órgãos alvos da hipertensão são o coração, rins, cérebro e a vasculatura de um modo geral. “O coração, por exemplo, é um músculo e, com a pressão alta não controlada, ele acaba sofrendo uma hipertrofria (aumenta o tamanho). Esse processo tem um limite e chega um momento que a pessoa acaba sofrendo um enfarto, podendo ter insuficiência cardíaca, etc”, explica. Ela diz que é comum também que a hipertensão cause derrame cerebral, já que a obstrução do fluxo de sangue pode gerar o rompimento de um vaso e uma hemorragia. O problema também pode afetar a visão e até mesmo o funcionamento dos rins. Para prevenir a hipertensão, não existe mágica. É preciso acompanhar regularmente e evitar ao máximo comer comidas gordurosas e com alto nível de sal, além de fazer exercícios regulares.
Hipertensão na vida real Roseli Viana, membro da IPI de Engenheiro Goulart, sentiu na pele essa inimiga. Só descobriu que vivia com ela aos 37 anos, durante uma
Manuel, em 2004, teve um derrame nos olhos exatamente por conta da pressão alta. Ele conta que a visão foi voltando pouco a pouco, mas nunca ficou normal novamente.
consulta médica na sua primeira gravidez. “Eu já tinha pressão alta, mas não sabia; por isso, não controlava”. Como era gestante, Roseli precisou tomar um medicamento especial e fazer um acompanhamento constante com um cardiologista. Mesmo assim, um mês antes do nascimento do seu filho, ela passou uma noite internada no hospital por conta da hipertensão. “Na segunda gravidez, também tive que ficar internada. Tive o mesmo problema, mas não me sentia mal. O problema é que você acha que está tudo bem”, explica. O nascimento do segundo filho teve de ser adiantado por causa da
Roseli só descobriu a hipertensão aos 37 anos, durante uma consulta médica na sua primeira gravidez. “Eu já tinha pressão alta, mas não sabia; por isso, não controlava” 58 Alvorada
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pressão e, até hoje, com os filhos, já com 10 e 12 anos, Roseli vai ao cardiologista regularmente e diz que evita comida muita salgada e comer em lugares estranhos em que ela não sabe como o alimento é preparado. Quem também foi surpreendido com a doença foi o diácono da IPI de Cidade Patriarca, Manoel Ferreira. Em 1996, quando ele estava no trabalho começou a sentir uma forte dor na nuca. “Procurei o ambulatório da empresa e, para minha surpresa, a minha pressão estava 18 por 12”, explicou Ferreira, que disse que nunca havia desconfiado da doença. Com o alerta, ele começou a fazer um tratamento para pressão. Mesmo assim, Ferreira continuou tendo períodos de desconforto, com alta da pressão. Na época pesava 130 kg e, durante um dia de passeio no shopping com a esposa, passou mal novamente e percebeu que os pés estavam inchados. A esposa aconselhou que fossem para o pronto socorro e, dessa vez, a pressão alta trouxe um alerta ainda maior. Ele precisou ficar internado por 12 dias, tamanha a gravidade da situação. “O médico me disse que eu deveria ir para a UTI não porque eu estava morrendo, mas, sim, porque eles precisavam acompanhar a mi-
Principais complicações da hipertensão Acidente Vascular Cerebral
Perda de Visão
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Danos dos vasos sanguíneos
© Alila - Fotolia.com
Ataque Cardíaco
Insuficiência Renal
Pesquisa mostra que a proporção de brasileiros com hipertensão passou de 21,6% em 2006 para 23,3% em 2010 nha pressão com aparelhagem para o coração, fazer eletrocardiograma, realizar exames e me manter em uma dieta especial. Quando minha pressão baixou para 15 por 9, dias depois, eu fui para o quarto”, contou Ferreira. Com o susto, ele passou a se cuidar melhor, encontrou uma médica em quem confiava e passou a fazer uma dieta e caminhadas. Depois, quando perdeu a médica, por conta de mudanças em seu plano de saúde, Ferreira diz que desanimou, deixou de seguir à risca as orientações
e, em 2004, teve um derrame nos olhos exatamente por conta da pressão alta. Ele conta que a visão foi voltando pouco a pouco, mas nunca ficou normal novamente. Hoje, com 61 anos, o diácono da IPI de Patriarca toma remédios para controle da doença, mas diz que nem sempre segue as recomendações médicas como deveria, mas, sempre que sente algum desconforto, acaba voltando a ter hábitos melhores.
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• Nos pães de forma, o acordo prevê redução do teor máximo de sódio para 645 miligramas, até 2012, e para 522 miligramas, até 2014; enquanto que, nas bisnaginhas, o limite será de 531 e 430 miligramas, nas mesmas datas. Essas metas estabelecidas correspondem a uma redução de 10% ao ano. • Novas metas de redução de sódio devem ser estabelecidas para outros produtos, segundo o Ministério. • O consumo individual de sal no Brasil foi de 9,6 gramas diários, segundo a Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) 2002/03. O total representa quase o do dobro do recomendado pela Organização Mundial de Saúde. • O Sistema Único de Saúde (SUS) oferece gratuitamente todas as classes de medicamentos necessários para o controle da hipertensão arterial. O Programa Aqui Tem Farmácia Popular também ampliou a gratuidade de medicamentos para hipertensos. Hoje, são mais de 15 mil farmácias e drogarias conveniadas ao programa.
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• Pelo programa, a população tem acesso a 24 tipos de medicamentos para hipertensão. – Fonte: Ministério da Saúde
A Fabiana é jornalista
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FAÇA VOCÊ MESMO
Decoração com estilo “E o enchi do Espírito de Deus, dando-lhes destreza, habilidade e plena capacidade artística” (Êx 31.3)
ELAINE GOMES
Após tantos acontecimentos empolgantes, como festas e férias, estamos de volta, com a intenção de deixar o nosso lar o mais aconchegante e confortável possível, não nos esquecendo de que as sensações também nos norteiam nesta tarefa. Fique atento para as sensações que sua casa causa em você. É um ótimo exercício para entender o nosso ambiente e descobrir nosso estilo, um assunto para próxima edição. A Elaine, designer de interiores, formada pela FMU em 2006, trabalha com projeto e execução de móveis há 15 anos; é presbítera da 1ª IPI do Jardim das Oliveiras, SP elaine@cristianeschiavoni.com.br
Banheiro e lavabo Vamos falar de um pequeno espaço da casa, mas de grande importância: banheiros e lavabos. Normalmente, eles não recebem muita atenção, porque são sempre muito objetivos, têm sua forma determinada pela função, o que os tornam um ambiente necessário, porém sem maiores atrativos. O que podemos fazer em curto prazo, sem custos elevados e com um resultado significativo, é uma simples troca. A troca dos espelhos comuns e, muitas vezes, de tamanho tímido por espelhos longos, grandes, que podem ser redondos, quadrados ou retangulares, na posição vertical ou horizontal (para posicioná-los procure sempre um alinhamento, um ponto de amarração), que deixa o ambiente sempre sofisticado. É uma ótima opção. E não se preocupe com o novo tamanho. O objetivo é dar a “sensação” de amplitude; 60 Alvorada
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Mesa Eucarística
Ainda no clima de Páscoa, gostaria de chamar sua atenção para a mesa da Ceia do Senhor. Qual a sensação que temos sobre a exposição dos elementos da Ceia? A Ceia é um momento do culto no qual rememoramos o sacrifício de Jesus. Logo, deve remeter à contrição e ao quebrantamento. Mas também à festa e à alegria. Para tanto, a mesa precisa falar sobre isso e expor mais claramente este significado de celebração. Particularmente, desejo ver vida sobre a mesa. Podemos começar pela cor. Explore as cores litúrgicas. Acrescente objetos à mesa que enfatizam a presença dos elementos, como um lindo cálice, cachos de uvas vistosos, pães em forma de broas ou baguetes e um arranjo de trigo ou rosas. A Ceia do Senhor fala sobre o sentimento cristão e esses acréscimos contribuem para enriquecer essa apresentação. Deus abençoe a todos e a tudo o que as suas mãos fizerem. Sejam felizes em Cristo e na salvação que Ele nos dá!
Rodapés
Já nas salas de estar e jantar um pequeno detalhe que realça e que tem feito grande diferença em decorações afins são os rodapés. De várias alturas, de madeira ou poliuretano, têm sido a opção de muitos para a substituição dos tradicionais rodapés de piso frio. Deixará a sala elegante, podendo ser usado no piso frio e no piso de madeira. Quem comercializa são empresas especializadas em acabamentos de rodapé e roda-teto. Os ins-
taladores normalmente são carpinteiros ou marceneiros. Para esta opção, deve-se estudar a sua decoração atual para não errar, embora seja uma dica que se encaixa em vários contextos. Para as casas mais antigas, onde temos piso de taco, tacão ou assoalho, conserve assim. Esses pisos se transformaram em clássicos da decoração. Hoje em dia, há empresas especializadas em restaurar esse tipo de material. Então, conserve e restaure.
em alguns casos, em que o espelho não ocupará toda a parede, pode-se usar espelho com moldura. A Revista da Família
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RECEITA
Arroz com tudo na panela de pedra Esta receita é do Roberto Costa, jornalista, membro da 1ª IPI de Campinas, SP. Foi anotada da sua página de relacionamento (Facebook). Ele diz que o segredo é a criatividade. Muito prática e saborosa, quem comeu o 'arroz com tudo' avaliou como ótimo, comentou o 'chef'. Nesta receita foi utilizado: arroz água sal óleo alho tomate seco cebolinha salsinha orégano pimenta do reino manjericão. Mas pode usar o que tiver na geladeira. Os ingredientes foram todos cozido numa panela de pedra. Use sua criatividade.
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É TEMPO DE ESTUDAR A PALAVRA O QUE É A BÍBLIA?
POR QUE LER A BÍBLIA?
A Bíblia é um livro especial. A palavra Bíblia significa livros. Portanto, a Bíblia é um conjunto de livros. A Bíblia está dividida em dois grandes blocos: o Antigo Testamento e o Novo Testamento.
Recomendamos a leitura da Bíblia adotada pelos Cristãos Reformados ao redor do mundo, com 66 livros, sendo 39 do Antigo Testamento e 27 do Novo Testamento. Existem diversas traduções que preenchem esse requisito: João Ferreira de Almeida Revista e Atualizada, João Ferreira de Almeida Revista
Porque a Bíblia nos mostra o agir de Deus ao longo da história, revelando sua vontade e como podemos viver sendo pessoas melhores, agradando a Deus e servindo ao nosso próximo.
QUAL BÍBLIA DEVO LER?
IA TODA
L EU JÁ LI A BÍB
e Corrigida, Nova Versão Internacional, Nova Tradução na Linguagem de Hoje. A nossa recomendação é que você escolha uma destas traduções para a leitura e siga nela até o fim. Qualquer dúvida em relação a qual tradução da Bíblia escolher, converse com o(a) pastor(a) de sua Igreja.
AMENTE? , P RECISO LER NOV
Por que não? Proponho uma experiência enriquecedora: se você já leu a Bíblia na tradução João Ferreira de Almeida Revista e Atualizada, que tal ler na Nova Tradução na Linguagem de Hoje? Ou qualquer outra tradução, será uma experiência enriquecedora para sua fé!
COMO LER A BÍBLIA?
Não há um método certo, ou uma maneira correta para ler a Bíblia. Por se tratar de um livro considerado sagrad o , propomos a você uma expe- riência de fé: Converse com Deus antes de ler. Ore pedindo que ele esclareça em sua mente e coração o que você vai ler.
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Em seguida, procure na sua Bíblia as leituras propostas para o dia. Leia atentamente, anote o que você não entender e grife o que te chamar atenção. Lembre-se de procurar um(a) pastor(a) ou pessoa mais experiente na fé para tirar suas dúvidas.
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Ao final, ore novamente, agradecendo a Deus pela oportunidade de ter acesso à sua palavra. Aproveite para orar por pessoas e situações que você se recorde.
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Você pode seguir esse roteiro de três maneiras: sozinho, com sua família ou com amigos. O importante é que ao final de um ano, você conclua a leitura de toda a Bíblia.
COMO LOCALIZAR UMA REFERÊNCIA NA BÍBLIA?
Toda Bíblia possuí um índice que leva ao início de cada livro. Todo livro é dividido em capítulos, e os capítulos em versículos. Quando você ver, por exemplo, a referência Lucas 8.25, vá até o índice de sua Bíblia, localize o livro de Lucas. Vá até a página inicial do livro, localize o número maior 8, referente ao capítulo e o número menor 25, referente ao versículo. Pronto, você chegou a Lucas 8.25.
PACTO DE ORAÇÃO Toda semana, acompanhe o motivo de oração do Pacto de Oração da Secretaria de Evanwww.ipib.org gelização. Aproveite o momento de oração, ao final das leituras, para orar pelos missionários de nossa Igreja Presbiteriana Independente do Brasil.
ACESSE WWW.IPIB.ORG E BAIXE O ROTEIRO DE LEITURA DA BÍBLIA 64 Alvorada
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