A Revista da Família Ano XLIV nº 72 JANEIRO | FEVEREIRO | MARÇO 2013
Deus perdeu nas eleições As crianças e a fé
É justo passar nossas crenças para elas?
Filhos
A disciplina ou a educação? Qual a saída?
Síndrome da pós-aposentadoria Discriminação Racial A população negra é a que mais sofre com a violência e a falta de recurso
Evangélicos
Qual é o impacto ético dos evangélicos em nosso país?
Diferentes chamados, muitas faces da
evangelização
120 anos
a serviço do povo do cristão
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A Revista da Família
nº 65 abril/maio/junho, 2011
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OUTRO
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EDITORIAL
O que vamos fazer neste ano? SHEILA DE AMORIM SOUZA
"Orem também por mim, a fim de que Deus me dê a mensagem certa para que, quando eu falar, fale com coragem e torne conhecido o segredo do evangelho. Eu sou embaixador a serviço desse evangelho, embora esteja agora na cadeia. Portanto, orem para que eu seja corajoso e anuncie o evangelho como devo anunciar" (Ef 6.19-20). 2013 chegou! Normalmente, no início de cada ano, renovamos a lista do que vamos fazer, dos alvos e conquistas que almejamos. Proclamar a Cristo está na sua lista? Como Paulo, devemos ver neste novo ano as várias oportunidades que teremos e aproveitar ao máximo todas elas para o cumprimento de nossa principal missão: anunciar o evangelho. Paulo estava preso e não via nisto nenhum empecilho para a sua missão. Hoje, temos tantas e tantas oportunidades para anunciar o evangelho e desperdiçamos. É numa conversa corriqueira, num telefonema que recebemos, numa postagem que lemos nas redes sociais ou durante uma visita que, muitas vezes, deixamos de compartilhar o que Jesus fez e está fazendo em nossa vida. Em novembro de 2012, participamos do Proclame, congresso de evangelização da IPIB (Igreja Presbiteriana Independente do Brasil). Ali, toda a igreja foi desafiada a ter o discipulado como um estilo de vida. Na verdade, é termos uma vida cristã normal, onde o nosso testemunho convide as pessoas, com as quais convivemos, a conhecer a fonte da nossa vida. Nesta edição da Alvorada, trazemos matérias que inspiram a ter um estilo e vida cristã saudáveis, e que nos levem a pensar no quanto podemos fazer pela obra de Deus. São diferentes chamados e muitas faces da evangelização. Podemos usar nossos dons e talentos para anunciar o evangelho como deve ser anunciado. O secretário de evangelização, Rev. César Sória Anunciação, resume como isso pode acontecer. "Seja uma bênção nas mãos de Deus. Seja missionário onde Ele o plantou. Se o missionário for você, a sua igreja toda será missionária também". São pequenos gestos que marcam o nosso dia-a-dia de vida com Deus. A espiritualidade deve se expressar na vida prática. Paulo tinha em mente essa preocupação. Nosso amor pelas pessoas que Deus amou primeiro é que nos impulsiona a viver e fazer a missão. Não esqueçamos que gestos de respeito, brincadeiras saudáveis, simplicidade, autenticidade fazem parte do nosso testemunho de vida cristã. Ouvimos uma música recentemente onde o refrão dizia: "Gestos pra vida, precisamos ter; um beijo, um abraço muito podem fazer; um toque de mão, como Cristo usou, assim Ele gente curou. Gestos pra vida são a receita contra o stress e a dor" (Gestos Pra Vida, Projet'art). Com gratidão a Deus, tenhamos ousadia e sabedoria para viver em comunhão com Ele e com o próximo que encontramos pelo caminho, tornando conhecido o segredo do evangelho. O que você vai fazer neste ano? Boa leitura com Cristo em nós, fazendo a diferença! Sheila alvorada@ipib.org
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SUMÁRIO
7
Poesia
Mães de Joelhos
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Evangélicos
Qual é o impacto ético dos evangélicos em nosso país? A atual ética evangélica e a ética de Cristo: há alguma intersecção?
Dia da Mulher
Mulheres da Bíblia e mulheres reais que desejamos imitar
Fizemos e deu certo
“Sala de Costura Dorcas,” da IPI de Votuporanga
11
Filhos
14
Educação Musical
16
Discriminação Racial
19 28
Poesia
43
Reflexão
46
Melhor Idade
A reeleição de Obama e a confiança humana Síndrome pósaposentadoria: como evitar?
57
Testemunho
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Jovem
A caminho do Congresso Proclame 2012, jovem teve o ônibus assaltado Conectividade jovem
Além da família, da escola e da religião, nossos filhos são também disciplinados e educados pelos meios de comunicação de massa A influência da educação musical num ambiente de desenvolvimento sócio-cultural A população negra é a que mais sofre com a violência e a falta de recurso Restaurando a visão
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8
Família
As crianças de hoje e a fé. Qual é a educação espiritual que se deve dar a elas?
Evangelização
Diferentes chamados, muitas faces da evangelização
44
Internet
Deep Web: mais uma ferramenta sendo utilizada para a destruição do ser humano
Campanha missionária
O mundo espera por você! é a nova campanha da Secretaria de Evangelização da IPIB
30
Reflexão
32
Jesus de Nazaré
Você é um fã ou discípulo de Jesus? Jesus vivenciou o que é ser humilhado, marginalizado, injustiçado, esquecido
40
Deus perdeu nas eleições
Foi nítida a rejeição dos eleitores aos candidatos que se envolveram em temas e valores cristãos na corrida ao cargo executivo
50
52
Dia do Enfermo
O doente e a dor. Podemos fazer mais do que acolher o doente e sua dor. Podemos e devemos trabalhar por seu atendimento no tempo certo
Educação Cristã
Os evangélicos e a pós-modernidade
62
Consciência Ecológica
64
Liturgia
66
Espaço Kids
Ações para o desenvolvimento do Meio Ambiente
Gratidão pelos 120 anos do jornal O Estandarte
História e arte
Alvorada A Revista da Familia
Órgão Oficial da Secretaria da Família da Igreja Presbiteriana Independente do Brasil. Registrado, em 7/11/ 1974, no Instituto Nacional de Propriedade Industrial sob o n° 289 - CNPJ n° 62.815.279/0001-19 - Fundada em 3/2/1968 por Rev. Francisco de Morais, Maria Clemência Mourão Cintra Damlão, Isollna de Magalhães Venosa. Ministério da Comunicação: Rev. Wellington Barboza de Camargo. Secretário da Família: Rev. Alex Sandro dos Santos. Coordenadoria Nacional de Adultos: Ione Rodrigues Martins e Odair Martins. Coordenadoria Nacional do Umpismo: André Lima. Coordenadoria Nacional de Adolescentes: Rev. Rodolfo Franco Gois. Coordenadoria Nacional de Crianças: Rev. Rodrigo Gasque Jordan. Editora: Sheila de Amorim Souza. Revisor: Rev. Gerson Correia de Lacerda. Arte e Diagramação: Seiva D’Artes. Foto capa: Jovens da Verdade. Fotos e ilustrações: Allison de Carvalho, Luciana Abrão, Fotolia, stock.xchng, brusheezy e dreamstimefree. Colaboraram nesta edição: Wanderlei de Mattos Júnior, Daniel Dutra, Fernando Hessel, Leontino Farias dos Santos, Diêgo Lôbo, Tiago Nogueira, Fabiana Lopes de Souza, Emerson Ricardo Pereira dos Reis, Vanessa Sene Cardoso, Naamã Mendes, Sandra Regina Faria, Odair Martins, Ligia Antunes, Zeneide Ribeiro de Santana, Elaine Ribeiro, César Sória, Maurício Silva de Araújo, Wesley Zinek, Eduardo Magalhães, Dorisedson Longo, Luiz Henrique dos Reis, Adilson Souza Filho, Anne Elise, Wag Ishii, Giovani Alecrim, Ivan Marconato, Akila Moreira. Redação: e-mail alvorada@ipib.org - Fone: (11) 2596-1903. Assinaturas na Editora Pendão Real - Rua da Consolação, 2121 -CEP 01301-100 - São Paulo/SP Fone/Fax (11) 3105-7773 - E-mail: atendimento@pendaoreal.com.br. Assinatura anual Individual (4 edições): R$37,00, acima de 10 assinantes R$ 33,00, para receber através do (a) agente ou R$ 55,00, para receber em casa. Número avulso: R$ 9,50. Depósito no Banco Bradesco - Agência 095-7 - Conta Corrente 174.872-6. Tiragem: 2500 exemplares. Os artigos assinados não representam necessariamente a opinião da revista. Permitida a reprodução de matéria aqui publicada, desde que citada a fonte.
POESIA
Mães de joelhos
14 DE MARÇO
DIA NACIONAL DA
Eliete Granja
POESIA
De joelhos dobrados, Quero, Senhor, te pedir Que ilumine meus passos, Não me deixando desistir. Pois muitas vezes as lutas Que tenho de enfrentar Estremecem-me a alma; Parece que vou desabar. Sei que não estou sozinha, Pois sinto tua mão me guiando, Uma hora sorrindo; Outras, chorando. De tudo que já passei, Uma lição pude tirar: Não há vitória sem luta; Não posso atrás voltar. Pois, na verdade, eu creio E posso falar com fé Que mães que marcham de joelhos Vão ver seus filhos de pé.
A Revista da Família
Martinan - Fotolia_com
A Eliete é membro da IPI de Santa Cruz, RJ
nº 72 janeiro/fevereiro/março, 2013
Alvorada 3
DIA DA MULHER
Quero ser como Maria
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VANESSA SENE CARDOSO
Olhando as mulheres da Bíblia, aprendemos com elas, mas são realidades que, às vezes, parecem um pouco distantes de nós. E hoje, no mundo em que vivemos, temos a quem imitar? Exercite a sua memória novamente! Pense em alguma mulher que você conhece. Creio que a resposta é sim. Há pessoas que são verdadeiras cartas vivas.
4 Alvorada
A Revista da Família
“Sede imitadores meus e observai os que andam segundo o modelo que tendes em nós” (Fp 3.17). Lendo a Bíblia, encontramos vários exemplos de homens e mulheres que podemos seguir. Mas hoje a nossa conversa é sobre as mulheres. Vamos relembrar algumas? Comecemos por Eva. Que privilégio ser a primeira mulher com a missão importantíssima de auxiliar Adão a governar a terra. E Sara?! Experimentou o milagre de conceber o filho da promessa na velhice. Raabe, a cananita, teve atuação relevante quando os judeus conquistaram a terra prometida. Mas ela não era uma prostituta?! Pois é, mas esta mulher de “reputação duvidosa” tem lugar de destaque, faz parte da genealogia de Jesus. Temos Rute, a moabita, que, pela cultura da época, seria rejeitada no meio do povo de Israel, mas foi presenteada por Deus com um resgatador, seu marido, que a colocou em posição de honra. E esta estrangeira também foi incluída na árvore genealógica de Jesus. Ester é outro exemplo: salvou o seu povo de ser exterminado. Estas são apenas algumas mulheres e nem chegamos ao Novo Testamento! Não poderíamos deixar de destacar Maria, mulher escolhida por Deus para dar à luz a Jesus, nosso Salvador. Ela foi uma serva através da qual Deus se tornou humano. Realmente foi privilegiada! No Novo Testamento, temos vários outros exemplos: Marta e Maria, irmãs de Lázaro, amigas de Jesus; Dorcas que era “notável pelas boas obras e esmolas que fazia” (At 9.36). Ela era muito amada e as mulheres com quem convivia sentiram tanto a sua morte que Deus, atra-
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vés do apóstolo Pedro, a ressuscitou. Os exemplos não param por aí... A história continua sendo escrita: “Vocês mesmos são a nossa carta, escrita no nosso coração, para ser conhecida e lida por todos. Sim, é claro que vocês são uma carta escrita pelo próprio Cristo... Não foi escrita com tinta, mas com o Espírito do Deus vivo” (2Co 3.2-3). Olhando as mulheres da Bíblia, aprendemos com elas, mas são realidades que, às vezes, parecem um pouco distantes de nós. E hoje, no mundo em que vivemos, temos a quem imitar? Exercite a sua memória novamente! Pense em alguma mulher que você conhece. Creio que a resposta é sim. Há pessoas que são verdadeiras cartas vivas. É sobre uma delas que eu quero compartilhar. A pequena Maria nasceu em 18 de abril de 1915, no interior de São Paulo. Era de uma família portuguesa e muito religiosa. Como grande parte das moças do início do século XX, era prendada e foi preparada para ser esposa e mãe. Aos 19 anos, casou-se. Com ela, levou algumas imagens das quais era devota. Seu marido era cristão e, através do testemunho dele, ela teve um encontro pessoal com Jesus. A partir de então, começou sua caminhada na fé. Deus a abençoou com uma família numerosa. Teve quatro filhos e seis filhas. O primeiro morreu com poucos meses de vida, o que lhe trouxe muita tristeza e dor. Também passou por dificuldades financeiras. O marido foi perseguido e ameaçado no trabalho. Em todos os momentos, porém, não se desgarrou de Jesus. A família foi aumentando. Ela tornou-se a vó Maria. A vida pregou-lhe mais uma peça: seu companheiro ficou muito doente e faleceu. Começou uma
D. Maria e sua neta Vanessa
nova etapa, mas ela sabia onde se derramar nos momentos de fragilidade e, ao mesmo tempo, encontrar forças para sua jornada: aos pés da cruz e nos braços do Pai. Entre tantos desafios que Deus tinha para esta filha, um deles se apresentou quando já estava com mais de 70 anos. Maria havia morado em várias cidades, talvez mais de 30. A maior parte, no Paraná. Mas Deus a chamou para um local distante. Mudou-se para o Mato Grosso do Sul. Lá, abriu a sua casa para receber irmãos e irmãs na fé, e Deus ia acrescentando os que iam sendo salvos. Nasceu uma igreja. Maria teve 21 netos e mais de 30 bisnetos. A partir dos 80 anos, quando lhe perguntavam como era ter aquela idade, dizia: “Tenho canseira, mas não enfado”, numa alusão ao Salmo 90.10. Suas marcas eram a alegria, a serenidade com que enfrentava as diversas situações da vida, a sabedoria conquistada ao longo dos anos na presença de Deus, a doçura, a simplicidade. Era uma intercessora. Amava sem esperar nada em troca porque sabia quem poderia supri-la. Em março de 2011, pouco antes de completar 96 anos, completou a carreira que lhe estava proposta, com perseverança, sempre olhando firmemente para o autor e consumador da sua fé (Hb 12). Com certeza recebeu a coroa! Maria é minha avó. Vi nela as marcas de Jesus. Tenho lido esta carta viva. Posso dizer com toda convicção que ela é digna de ser imitada. Sua vida foi e é uma inspiração. A quem honra, honra (Rm 13.7). A Vanessa, assessora de imprensa, é membro da 1ª IPI de Londrina, PR
A Revista da Família
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Alvorada 5
8 E MARÇO
D
CIONAL
DIA INTERNA DA
MULHER
Só para homens: A complexidade de ser mulher NAAMÃ MENDES
A complexidade de ser mulher é algo tremendamente intrigante. A mulher não nasce do corpo do homem. Segundo a Palavra de Deus, nasce do sono profundo (sonho). Por isso, arranca suspiros e admiração do homem: Que maravilha! É tudo que sonhei! A mulher aponta para Deus. Ela é a glória do homem! O homem tornou-se ligado às coisas da terra, agricultor ou caçador. A mulher tornou-se a responsável por gerar filhos, porque filhos não são gerados apenas geneticamente; são gerados pelos vínculos emocionais. Afinal, só se tem filhos quando se tem útero afetivo e não apenas um corpo. Esta é a razão pela qual as mulheres são mais ligadas às coisas mais importantes da vida. Por isso, demonstra interesse muito mais para as coisas que estão relacionadas com o amor (marido e filhos) do que propriamente para aquilo que está relacionado com a terra: caçar e ganhar dinheiro para sobreviver! As percepções de uma mulher são muito diferentes das 6 Alvorada
A Revista da Família
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que um homem pode ter. Ela é intuitiva. Afinal, carregar um vida durante nove meses, receber pulsões, pedidos invisíveis de afeto da vida que nela está sendo gerada desenvolvem na mulher a capacidade extraordinária para compreender a vida de forma absolutamente diferenciada! Uma capacidade para dedicar-se às coisas que são realmente importantes, tais como amar, abraçar, beijar, intuir, perceber tudo aquilo que vai muito além da capacidade do homem! Infelizmente, a maioria dos homens, dominada pela ignorância e embrutecimento próprio da sua natureza, considera as mais belas características femininas como fraquezas, quando, na verdade, elas, nesse jeito de viver, estão buscando o mais importante na vida: o amor e a demonstração do amor! Por estas e muitas outras razões, os homens e mulheres deveriam aprender a interdependência que Paulo indica nos seus escritos: Cada marido deve amar a sua esposa como ama a si mesmo, e cada esposa deve respeitar o seu marido (Ef 5.33). O Rev. Naamã é pastor da IPIB
FIZEMOS E DEU CERTO
Mulheres da Sala Dorcas e o Rev. Antonio Faria
“Notável pelas boas obras...”
(At 9.36)
SANDRA REGINA FARIA
No dia 4 de dezembro de 2012, foi feito o encerramento anual dos trabalhos da “Sala de Costura Dorcas,” da IPI de Votuporanga. Esse projeto funciona semanalmente há muitos anos em sala anexa ao templo, com mulheres da nossa igreja local, em sua maioria diaconisas. Todas as terças-feiras, no horário das 14h00, iniciam-se as atividades onde se ensina Patchwork, PatchCola, corte e costura, bordado (ponto cruz, macramê, etc.). A pessoa pode levar seu próprio material e aprender trabalhando nele. Quem não tem condições de pagar para fazer uma peça de roupa, basta procurá-las e as irmãs vão ajudar e ensinar a realizar um lin-
do trabalho. Algumas mulheres que foram alunas hoje são voluntárias e excelentes costureiras. Uma irmã da igreja que possui uma tapeçaria com seu esposo sempre doa retalhos de forro de sofá, os quais são transformados em lindos tapetes. Tecidos são doados por outras pessoas e lindas obras são feitas a fim de serem vendidas. O fundo arrecadado tem como propósito comprar outros materiais a fim de manter o trabalho e ensinar outras pessoas. A irmã Arquimínia, diaconisa responsável pelo trabalho, inicia com devocional e oração. Além de ser um aprendizado, torna-se também momento de comunhão, com muito sorriso e alegria. Algumas vêem como A Revista da Família
uma perfeita terapia e o final do dia vem sempre acompanhado de um gostoso cafezinho, seguido de um cântico. O encerramento das atividades anuais se deu com um gostoso lanche servido pelas irmãs a seus convidados. Também foi entregue uma linda lembrança a cada um dos participantes. Deus continue abençoando-as cada vez mais nessa disposição de servir aos outros com seus talentos. Verdadeiras “Dorcas”, “Notáveis pelas boas obras que fazem, no Senhor”. Continuem sendo mulheres que fazem a diferença. O trabalho retorna em fevereiro de 2013. é membro da IPI de Votuporanga,
A Sandra é membro da IPI de Votuporanga, SP
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Alvorada 7
FAMÍLIA Na Europa, apenas 20% dos jovens consideram a religião importante, porém, 71% deles acreditam em Deus, sendo que 41% dizem crer fortemente
As crianças de hoje e a ODAIR MARTINS
Quando estamos em São Paulo e vamos a uma praça de alimentação, são inúmeras as vezes em que nos deparamos com famílias que não oram agradecendo a refeição. Isto também tem ocorrido em nossas casas. Há alguns anos, esta cena era bem comum. Lembro-me que, em minha casa, quando criança, eu e meus 8 irmãos sentados à mesa para a refeição, ficávamos assustados quando não tínhamos nada para comer, ou pouca coisa, e mesmo assim os nossos pais agradeciam por tudo aquilo que Deus dera a nós. Minha mãe dizia: Em tudo dai graças. Esta é a vontade de Deus! Hoje, posso desfrutar da fidelidade de Deus para com meus pais e deles para com Deus, e podemos ver a glória de Deus em nossa vida. Coisa simples que era agradecer pelo alimento, hoje raramente vemos. Este hábito de orar fazia parte do dia a dia das famílias e 8 Alvorada
A Revista da Família
era transmitido de forma natural de pais para filhos. Nos últimos anos, porém, as grandes mudanças estremeceram o território religioso. “Antigamente era preciso praticar uma religião para ser considerado socialmente respeitado. Hoje, não existe essa expectativa, o que liberta as pessoas para buscar uma filiação por interesse e convicção, e não simplesmente por convenção social,” aponta Rodrigo F. de Sousa, teólogo e coordenador da Escola Superior de Teologia da Universidade Presbiteriana Mackenzie, em São Paulo. “Não há mais aquele constrangimento por não mais se participar de um credo” diz Mario Sergio Cortella, filósofo, doutor em educação e professor titular do departamento de teologia e ciência da Pontifícia Universidade Católicade São Paulo. Ele explica que, diferentemente de anos atrás, hoje ninguém repara se o vizinho vai ou não à igreja. A flexibilidade social, a maior quantidade de informações disponíveis, o movimento
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hippie dos anos 60 que combateu os dogmas e as imposições, e a própria legislação brasileira, que instituiu a liberdade de crença, abriram ao cidadão a possibilidade de fazer escolha. A vivência da espiritualidade sem filiação a uma denominação tem sido uma das tendências contemporâneas cada vez mais fortes em todo o mundo. No ano de 2011, foi feita uma pesquisa pelo Instituto Nacional da Juventude e Religião, nos Estados Unidos, que entrevistou 3.290 jovens, de 13 a 17 anos, e concluiu que 75% deles acham que podem crescer espiritualmente, sem serem religiosos. Na Europa, dados diferentes levam a constatação similar. Lá, apenas 20% dos jovens consideram a religião importante, porém, 71% deles acreditam em Deus, sendo que 41% dizem crer fortemente. No Brasil, na falta de estatísticas, vale o que se vê no dia a dia. Está ficando cada vez mais difícil ouvir uma família dizer: Nós somos evangélicos. O pai
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é ateu; a mãe é espírita; os avós são evangélicos e os netos serão o que quiserem. Em tempos de liberdade de escolha como hoje, crescem também as incertezas e os conflitos. A diretora de uma escola de Brasília foi questionada pelos pais dos alunos porque estava realizando orações nas classes no horário de aula. Os gestores da escola responderam que as orações são espontâneas dos estudantes, após o momento de acolhida no início das aulas. No entanto, os pais recorreram à Secretaria de Educação, pois há 180 pais divididos entre o ateísmo e outras religiões. Entre os pais, muitos são contra a atividade de fim religioso. A escola decidiu acolher as orientações da Secretaria de Educação e interromper o momento de agradecimento a Deus que era celebrado diariamente na escola. A reclamação de alguns pais que não concordavam com a prática motivou a suspensão das orações
e, agora, o corpo docente tenta negociar com os responsáveis uma saída para o imbróglio. A escola deve abster-se do momento da oração? As pessoas não estão precisando tanto de mais dinheiro ou mais conforto, mas da presença de Jesus na família. Seu lar pode ter tudo: dinheiro, conforto, saúde, amigos e prosperidade, mas, se Jesus ainda não é o centro da sua vida e do seu lar, está faltando o principal. Só Jesus pode satisfazer a sua alma e dar sentido pleno à sua vida e à sua família. Qual é a educação espiritual que se deve dar às crianças? É justo passar as suas crenças para elas? A Declaração dos Direitos Humanos diz que “cabe aos pais escolher o tipo de educação que darão aos filhos, e isso inclui credos religiosos”. Para muitos educadores, os pais devem falar sobre o que acreditam, reforçando que se trata de uma crença, e não de uma verdade absoluta, deixando os filhos à A Revista da Família
Qual é a educação espiritual que se deve dar às crianças? É justo passar as suas crenças para elas? A Declaração dos Direitos Humanos diz que “cabe aos pais escolher o tipo de educação que darão aos filhos, e isso inclui credos religiosos”. Para muitos educadores, os pais devem falar sobre o que acreditam
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vontade para que, com o tempo, eles assimilem o que faz sentido para eles. No Brasil, existem conflitos religiosos. Portanto, educar é também evitar fanatismo, enfatizando a ética e o bom senso, quando o assunto é fé. Temos que recusar os “self-services” independentemente da nossa idade, evitando confusão. Essa postura de “self-service” consiste em pegar um pouco de cada religião a fim de conseguir graça barata específica, sem um sentimento verdadeiro de fé. Ela deseduca os nossos filhos. Para Cortella, a religião vem sendo tratada como uma espécie de bem de consumo individual, de forma que valores essenciais, como sen-
10 Alvorada
so de comunidade, de lealdade e de transcendência têm se perdido. Enfim, é indispensável criar os filhos com noções de espiritualidade, afirma Cortella: “Ela nos dá a sensação de pertencermos a algo maior, ao magnífico, ao mistério da humanidade, que não se restringe à matéria, ao concreto, que fenece. Isso traz auto-estima para a criança, faz com que se sinta elevada, incentivando-a a reverenciar a vida - a dela e a dos outros -, os valores humanos e a beleza da natureza. Também traz noções de esperança, que combatem o desespero”, da perda do sofrimento e da morte. O Presb. Odair, coordenador nacional de adultos da IPIB, é membro da IPI de Porto Feliz, SP
A Revista da Família
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Hoje, além da família, da escola e da religião, nossos filhos são também disciplinados e educados pelos meios de comunicação de massa (televisão, rádio, jogos eletrônicos, Internet, entre outros)
A disciplina ou educação de filhos? Qual a saída? LEONTINO FARIAS DOS SANTOS
Considerações sobre os termos “disciplina” e “educação” •
Disciplina Seria este o melhor termo para nos referirmos ao processo de formação do caráter dos nossos filhos? De modo geral, é assim que sempre preferimos. A palavra “disciplina” está sempre ligada à idéia de “correção”, “controle”, “exortação”, “frear impulsos”, “impor limites”. De acordo com Caldas Aulete, disciplina está relacionada a instrução, submissão, imposição de autoridade, de método, de regras de conduta. Lembra autoritarismo, de pais, professores, governantes. “Disciplina” nos parece, portanto, um termo inadequado quando se refere à educação do indivíduo na família, na escola e na sociedade.
•
Educação O uso do termo “educação”, porém, além de mais abrangente por envolver o indivíduo de maneira holística, isto é, integral, tem um sentido libertador em relação à formação do caráter, para se saber o que se deve fazer ou não em termos de comportamento, sobre o que é certo e errado, bem e mal. Quem educa evita dizer, por exemplo, “você não pode, porque não pode”, ou “não deve, porque não deve” fazer isso ou aquilo, sem expor a razão de dizer “sim” ou “não”. Quem educa deve ser convincente, sem exageros que se manifestem através de gritos, empurrões, tapas ou qualquer outro tipo de violência. Quem educa evita constrangimentos; quem apenas disciplina atua para controlar e impor limites, com chantagens, excesso de autoridade, com linguagem terrorista, gerando medo, insegurança, traumas. A Revista da Família
Todo mundo disciplina ou educa os nossos filhos na atualidade
Antigamente, a educação básica dos filhos ocorria na família. A educação religiosa e a escolar tinham importante papel na formação das pessoas. Hoje, além da família, da escola e da religião, nossos filhos são também disciplinados e educados pelos meios de comunicação de massa (televisão, rádio, jogos eletrônicos, Internet, entre outros), enfim, com os bens da cultura tecnológica, facilitada e à disposição de grande parte da população, de forma quase que ilimitada, de maneira sistemática e assistemática.
Principais problemas para quem se propõe a educar na atualidade
Algumas questões são pertinentes na educação. Que valores devem ser con-
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Alvorada 11
siderados? Estariam realmente superados os métodos antigos de educar (“com vara”, castigos, imposição de limites)? Quem deveria abordar temas como sexualidade, finanças, usos e costumes, etc.? A formação religiosa deveria ser transferida para a escola, além da família e da igreja?
Problemas que envolvem a família
omar franco
Estes não envolvem apenas a formação dos filhos. Temos que pensar que os pais também deveriam ser educados. Muitos não estão preparados para essa tarefa! Por um lado, porque a vida que levam nem sempre é exemplar; por outro, porque “não têm tempo” para investir nessa educação; é assim que muitos mandam os filhos para “depósitos de crianças”, creches, ou os deixam com pessoas despreparadas com hábitos, usos e costumes nem sempre bons. Tudo isso sem contar com possíveis abusos sexuais praticados contra crianças por membros ou agregados da família. Esta tem perdido o respeito por si mesma e autoridade para lidar com os valores morais que são a base de sustentação do caráter de um indivíduo. Talvez por conta dessa situação, a revolta infantil na família seja freqüente. Há muito tempo as crianças enfrentam os pais na família! Xingamentos e violência física de todos os lados já não são novidades! Quem, hoje, mereceria a “correção com vara”, os pais ou os filhos, diante de tanta desmoralização?
12 Alvorada
A Revista da Família
Problemas relacionados à educação escolar
Diante dos problemas que envolvem a família, a escola ficou sobrecarregada. Hoje, em vários sentidos, ela é responsabilizada pela higiene e saúde, pelo ensino de boas maneiras, pela orientação sexual, pelo tratamento de traumas, pelo equilíbrio emocional, pela administração das neuroses, pela excelência da vida moral da criança. Apesar dos avanços, a escola ainda tem sido autoritária e também guardiã da ordem social. Trabalha ainda com o conceito de “disciplina” e menos com o de “educação”: parte do pressuposto de que “as crianças nada sabem”; pratica certo tipo de “dirigismo”, sem estimular o trabalho independente; pratica a repressão da expressão e a repressão da dúvida, quando baseada no princípio de que ao aluno cabe acatar ordens, sem questionar; deve perguntar pouco para não atrapalhar; tem práticas tradicionais (como um aluno sentado atrás do outro); cópia de longos textos na lousa e até castigos.
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A igreja no contexto da educação
Através da educação ministrada na Escola Dominical, a igreja evangélica no Brasil foi, por muito tempo, uma das instituições mais expressivas na educação de crianças. Inovou ao usar material didático considerado “coisa nova”, para motivar a criança na aprendizagem de doutrinas bíblicas. O uso dos flanelógrafos, fantoches, corais falados, diálogos, jograis, representou avanço didático nas aulas, apesar de seu conteúdo nem sempre contextualizado. Na atualidade, o currículo e a didática das escolas dominicais não atendem às necessidades dos filhos diante dos novos desafios da sociedade. As crianças precisam de parâmetros, de referências seguras à luz de circunstâncias também novas sob as quais vivemos. Desde a infância, vivemos sob características diferenciadas em relação ao passado sob o risco de desamparo, solidão, ansiedade, depressão, crises de identidade, traumas e vivências não resolvidas, capazes de comprometer o bem-estar físico, psíquico, emocional dos indivíduos.
A criança tornou-se vítima do abandono nas ruas de nossas cidades e, de igual modo, do abandono dentro da própria casa. Todo mundo vive “sem tempo” para comer adequadamente, para ouvir e escutar o outro, para amar e ser amado, para educar e ser educado, para aprender e ensinar. Por isso, há momentos em que com raiva se educa e com raiva se aprende; com vara disciplinamos e somos disciplinados. Qual é a pedagogia, em nossas escolas dominicais, para atender a essa situação?
Alternativas para uma educação contextualizada •
A “vara da disciplina” Quando se fala em “disciplina” ou “educação” de filhos, uma das ideias que geralmente ocorre, principalmente entre os mais antigos ou nos círculos mais conservadores, é a de “correção com vara” (Pv 22.15); em outras palavras, correção com um instrumento material de castigo. Entendida literalmente essa terminologia, imagina-se que esse tipo de correção seja, ainda hoje, necessário para que os filhos se tornem obedientes e submissos à autoridade dos pais. Convém, ressaltar, porém, que a “vara da disciplina”, nos termos em que o autor de Provérbios usa, refere-se primordialmente à idéia de “orientação e proteção divinas” e, de maneira figurada, como símbolo de autoridade tanto humana como divina. Não se trata, pois, literalmente, de um instrumento de castigo capaz de ferir o corpo de uma pessoa ou deixar marcas. Um dos mecanismos de defesa da criança, o Estatuto da Crian-
ça e do Adolescente (ECA), por sua vez, também não aceita que se use a “vara da disciplina” para a prática de qualquer violência. O sentido, em ambos, é de orientação e proteção divina e humana, biblicamente válido para ser observado, mas nunca usado ao “pé da letra”. •
A participação da família é insubstituível Apesar de vivermos em uma sociedade em que todo mundo educa nossos filhos, a participação dos pais continua sendo fundamental. Alguns cuidados precisam ser observados. Tanto a família como a escola precisam, juntas, ter um novo olhar sobre a sociedade tecnológica e seus padrões de comportamento. Os educadores precisam estar atentos às situações conflitantes nas relações interpessoais. Muitos dos problemas que afligem o indivíduo hoje relacionam-se com a busca de si mesmo e de como deve situar-se diante do outro. Assim é com a criança que queremos educar, instintivamente impulsionada em seus atos por todo tipo de emoção. Há valores que precisam ser redescobertos para facilitar a educação dos filhos. O amor e a compaixão, nem sempre levados a sério, estão entre eles. Os pais devem assumir o papel de mestres espirituais dos filhos, com exemplos dignos, relevantes, num mundo ameaçador, individualista; a participação ativa na vida das crianças, sabendo ouvir e aprofundar o que ouve (escutando), sem julgar ou condenar os filhos pelo que fazem ou deixam de fazer é fundamental. Muitos dos problemas que comprometem a formação do caráter de-
pendem do comportamento dos pais, de todos os que educam e da cultura da sociedade. É importante o interesse pelo educando e atenção às suas reais necessidades. A desculpa de “falta de tempo” não pode ser obstáculo para que não se dê atenção ao filho. O adiamento dessa atenção para “amanhã”, como se diz, pode tornar-se “tarde demais” para o futuro da criança. O amor e compaixão dão aos filhos segurança, evitam a ansiedade e a depressão, e inibem o desejo de alternativas ao desespero através do uso de drogas, entre outros. Antes que desgraças aconteçam, é bom incentivar a leitura de livros, jornais, revistas, valorizar os recursos da multimídia, com bom senso, para que a construção do conhecimento seja enriquecedora. É preciso ajudar o filho a acreditar e gostar de si mesmo, o que evitará o fracasso pessoal e escolar. Para tanto, convém reforçar o valor de pequenas conquistas e trabalhar com sabedoria as frustrações e possíveis insucessos. Desta forma, sentimentos de medo e dúvida não influenciarão na formação do caráter. Em síntese, que a postura equilibrada do educador seja agir com serenidade, amor, sem ódio, sem gritos ou qualquer tipo de agressividade, para que o educando aprenda a respeitar e confiar. Que os pais não esqueçam o que dizem as Escrituras Sagradas: “Ensina a criança no caminho em que deve andar, e ainda quando for velho não se desviará dele” (Pv 22. 6). O Rev. Leontino, psicanalista, é pastor da IPIB e professor da Faculdade de Teologia de São Paulo da IPIB (FATIPI)
Há valores que precisam ser redescobertos para facilitar a educação dos filhos. O amor e a compaixão, nem sempre levados a sério, estão entre eles. Os pais devem assumir o papel de mestres espirituais dos filhos, com exemplos dignos, relevantes, num mundo ameaçador, individualista; a participação ativa na vida das crianças, sabendo ouvir e aprofundar o que ouve (escutando), sem julgar ou condenar os filhos pelo que fazem ou deixam de fazer é fundamental. Consultório: Rua Pitangueiras, 62, Sala 12 - Metrô Praça da Árvore, São Paulo :: Telefones: (11) 9596-3275 ou (11) 7261-8158 :: www.leontinopsicanalise.com :: www.encontrocomaesperanca.com
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Heriberto Herrera
EDUCAÇÃO MUSICAL
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A
influência da educação musical num ambiente de desenvolvimento sócio-cultural
LIGIA ANTUNES
A música favorece o desenvolvimento intelectual, a atenção, a sensibilidade estética, além de aumentar o repertório cultural do indivíduo. O Projeto Guri cria, neste sentido, um espaço de aprendizagem mais amplo, onde se verifica a exploração do instrumento e/ou da voz, a troca de experiências, a observação mútua entre os alunos e o apoio concedido aos colegas com maiores dificuldades. O Projeto Guri é um projeto sócio cultural que utiliza a música como forma de trabalho para potencializar habilidades e competências de crianças e jovens, em especial os que estão em situações de risco e vulnerabilidade social. Criado em 1995 pela Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo, desde 2004 é administrado pela Associação Amigos do Projeto Guri (AAPG), pessoa jurídica de direito privado, criada em 1997 e qualificada como Organização Social de Cultura – nos termos da Lei Complementar Paulista nº 846/98. Com a qualificação da associação como organização social de cultura, foi firmada, com o poder público, uma relação contratual por meio de instrumento legal próprio – contrato de gestão – que estabelece metas e indicadores que devem ser perseguidos anualmente pela associação. Assim, permitiu-se à AAPG a gestão, o desenvolvimento e a execução do Projeto Guri, que conta ainda com diversos parceiros, patrocinadores e colaboradores, embora o principal mantenedor seja o Governo do Estado de São Paulo. A AAPG, atenta aos desafios da educação para este século XXI, elaborou uma proposta educacional, objetivando o desenvolvimento do indivíduo por meio de um processo de interiorização de valores para estimular a mudança pessoal e social. Para isso, contempla em sua proposta os princípios do Ensino Coletivo da Música, da Educação para Paz e dos Quatro Pilares da Educação. Mas, de modo geral, a educação musical enfrenta diversos problemas nas sociedades modernas atuais, que são
caracterizadas pela velocidade, superficialidade e quantidade de informações disponíveis. O ensino de música encontra dificuldades em se adequar a essa realidade. De fato, em conformidade com a realidade de outros períodos e países, o ensino de música nos moldes tradicionais é lento, árduo e dissociado da realidade contemporânea. Sendo assim, o Projeto Guri tem por premissa oferecer um ensino musical de qualidade, conectado com a realidade social e cultural dos alunos, utilizando-se de ferramentas e teorias artístico-pedagógicas modernas e com vistas à promoção da inclusão sociocultural e a fornecimento de subsídios para a continuação dos estudos em música, se o aluno assim desejar. Para atingir esses objetivos, os alunos desenvolverão atividades de envolvimento direto com música em sala de aula, através de itens ligados à crítica musical tais como: materiais, expressão, forma e valor. Enfim, como educadora do Projeto Guri, posso dizer que estamos realmente engajados no processo de combate à discriminação social, utilizando a música como um recurso facilitador para esse grande desafio, sempre aprendendo com o Mestre dos Mestres, nosso Rei Jesus, que soube com grande sabedoria acolher aqueles que sempre estiveram à margem da sociedade em que Ele viveu. A Ligia é da IPI de Porto Feliz, SP
Estamos realmente engajados no processo de combate à discriminação social, utilizando a música como um recurso facilitador para esse grande desafio, sempre aprendendo com o Mestre dos Mestres A Revista da Família
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VOZ DO CORAÇÃO Já são mais de 35 milhões de pessoas que deixaram de fazer parte do grupo que enfrenta a extrema pobreza no país na última década. E, dos novos membros dessa classe média emergente, cerca de 80% são negros ou pardos.
Dia Internacional pela Eliminação da Discriminação Racial DIÊGO LÔBO
Profundas são as desigualdades sociais que ainda enfrenta a população negra no Brasil. Recentemente, o Brasil ultrapassou o Reino Unido ao se tornar a sexta maior economia do mundo. A rápida ascensão da classe média, aliada a políticas de estímulo ao consumo e produção, entre outras ações do governo, têm contribuído para o crescimento da economia do país. São mais de 35 milhões de pessoas que deixaram de fazer parte do grupo que enfrenta a extrema pobreza no país na última década. E, dos novos membros dessa classe média emergente, cerca de 80% são negros ou pardos. A mobilização da juventude negra no enfretamento da desigualdade Num país onde a maioria da população (51%) declara-se negra, dados como esses são preocupantes e denotam o cenário desafiador a ser superado. Esse caminho passa, obrigatoriamente, pelo combate à desigualdade, em todas as suas formas. Por isso, as organizações e movimentos sociais têm se mobilizado com o objetivo de lutar por justiça social, democracia e paz. Um exemplo disso é o trabalho que vem sendo realizado pela juventude negra no país. Em 2007, cerca de 700 pessoas de 17 estados reuniram-se em Lauro de Frei-
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tas, BA, para realizar o I Encontro Nacional da Juventude Negra (ENJUNE). O objetivo do encontro era promover e articular a participação política e social da juventude negra. Ações como essa têm possibilitado a construção de alternativas na luta contra o racismo e pela promoção da igualdade. Atuando como um amplo movimento, a juventude negra tem demonstrado sua capacidade de organização e mobilização, denunciando o racismo, a discriminação, a violência e a falta de oportunidades impostas pela sociedade. Michel Chagas, da Coordenação Nacional do ENJUNE, destaca a importância do encontro. “A juventude negra se colocou como agente político autônomo para tratar de sua agenda, avançando em sua capacidade de mobilização interna e também de formulação sobre este grupo”. Cinco anos depois da realização do encontro, observam-se avanços concretos, como a maior participação no Conselho Nacional de Juventude, importante instrumento de discussão, formulação e acompanhamento de políticas públicas para a juventude. “Outra ação concreta foi a campanha nacional organizada pelo Fórum Nacional da Juventude Negra contra a violência policial e extermínio que nos tem como principal alvo”, afirma.
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Através de suas mobilizações, esses jovens têm não só articulado um movimento forte, mas também conseguido influenciar a implementação de políticas e ações importantes. “Não tenho dúvidas de que este movimento contribuiu para levar o governo federal a desenvolver o plano de enfrentamento à violência contra a juventude negra, o Juventude Viva, lançado no final de setembro de 2012, que prevê diversas ações voltadas aos jovens, como a adoção do período integral nas escolas estaduais e criação de espaços culturais”, relata Michel. Discriminação de Cunho Religioso Mas falar de injustiça e racismo que vitima a população negra é, também, falar sobre a discriminação de cunho religioso. O Mapa da Intolerância Religiosa, de 2011, reúne casos emblemáticos no país que geraram discriminação e preconceito ocasionando até morte. Segundo esse relatório, “a ignorância e o fundamentalismo são tão fortes e poderosos que, em nome de Deus, se perpetram violências extremas, muitas vezes até contra o próprio sangue”. Ainda há muito que se avançar na busca do ideal de unidade, cooperação e fraternidade em que se baseia o ecumenismo. Mais ainda, no diálogo inter-religioso, pautado pelo relacio-
Retrato das Desigualdades
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CIONAL DIA INTERNA AÇÃO DA PEL A ELIMIN
ÃO DISCRIMINAÇ SOCIAL
Dados da quarta edição do Retrato das Desigualdades de Gênero e de Raça, de 2011, demonstram que essa desigualdade, nutrida por questões sociais, de raça, gênero, religião, entre outros, ainda é muito presente no Brasil. A população negra corresponde a 72% dos 10% mais pobres do Brasil. Desses, mulheres, crianças e jovens são os que mais sofrem com a violência e falta de acesso a recursos, como educação, saúde e lazer. E essas desigualdades tornam-se mais evidentes quando se compara brancos e negros: • Taxa de desemprego: homem branco (5,3%) e mulher negra (12,5%); • Distribuição de renda: mulheres negras recebem, em média, 30,5% do salário dos homens brancos; • Educação: a taxa de escolarização de mulheres brancas no ensino superior é de 23,8%, enquanto, entre as mulheres negras, esta taxa é de apenas 9,9%. No geral, 91% dos jovens negros ainda estão fora do ensino superior; • Programas sociais: 70% das famílias que recebem bolsa família são chefiadas por negros; • Mortes: em 2010, 74,6% dos jovens vítimas de homicídios eram negros; • E não para por aí: brancos vivem mais que os negros; estes são a maioria nas favelas (que abriga 11 milhões de pessoas ou 6% da população brasileira); negros no norte e nordeste têm menos acessos a bem duráveis que qualquer segmento da população.
74,6% dos jovens vítimas de homicídios eram negros
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namento respeitoso com grupos religiosos não cristãos. Em seus 40 anos, a Coordenadoria Ecumênica de Serviços (CESE), entidade ecumênica, formada por igrejas cristãs, tem desenvolvido um papel importante nesse campo, com o objetivo de promover a diaconia e o diálogo entre suas igrejas-membro e outros grupos religiosos. A CESE tem apoiado diversas ações da juventude negra no país, como a realização do ENJUNE. Só nos últimos 15 anos, já apoiou cerca de 500 projetos nessa área, impactando a vida de mais de 550 mil pessoas, mulheres, crianças, homens, idosos,
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quilombolas, vivendo na cidade ou no campo, em todo o país. Segundo Rosana Fernandes, assessora de Projetos e Formação da CESE, “o racismo é um elemento estruturante da nossa sociedade, cuja manutenção é fundamental para a preservação dos privilégios de classe. A CESE acredita que o apoio à luta anti-racista é a garantia do direito a terra, trabalho, saúde e educação para a população negra”. Completa ainda: “Somente com equidade de gênero e raça o Brasil poderá ser um país sem desigualdades”. O Diêgo é da Comunicação da CESE
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Somente com equidade de gênero e raça o Brasil poderá ser um país sem desigualdades
Restaurando a visão ZENEIDE RIBEIRO DE SANTANA
Pergunta óbvia do Mestre ao cego de Jericó: - Que queres que eu te faça? Resposta certeira, objetiva, do cego: - Que eu torne a ver, Senhor! Se a pergunta fosse feita aos “cegos” da atualidade, Talvez respostas diversas pudessem ser dadas: - Ganhar na loteria! - Um emprego rendoso! - Passar no vestibular! - Viajar para o exterior! - Um bom casamento! - Um carro importado! - Que meu time não seja rebaixado! - Viver cem anos! - Me tornar uma celebridade! - Quero… Como se Deus fosse um gênio da lâmpada, Sempre à disposição da sua vontade, Como se fosse obrigado A satisfazer determinações insensatas Ou desejos egoístas de prosperidade… Como se tivesse obrigação de favorecer sempre Os que o vêm como um cofre Ou como um Papai Noel do Ano Todo. Que queres que eu te faça? - Senhor, restaura minha visão Para que eu consiga enxergar Aquilo que tu desejas de mim; Para que eu possa sentir a necessidade do meu próximo, Para que eu possa interagir com as pessoas De um modo sincero e amigo; Para que eu consiga eliminar meu orgulho E ter a humildade de reconhecer que tudo que sou, Tudo que tenho vem de ti. Sobretudo que eu seja grato Pela tua graça que me abençoa, Que me anima e me impulsiona A procurar te servir. Acima de tudo, Senhor, Que eu veja os campos brancos da seara Precisando de trabalhadores; Que eu veja em cada um que cruza o meu caminho Um pequenino teu Que necessita da mensagem da salvação. Por isso, te peço, Senhor, Restaura a minha visão! A Zeneide é membro da 1ª IPI de São Caetano do Sul, SP
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MISSÃO
Diferentes chamados, muitas faces da evangelização Que formosos são sobre os montes os pés do que anuncia as boas-novas, que faz ouvir a paz, que anuncia coisas boas, que faz ouvir salvação, que diz a Sião: O teu Deus reina (Is 52.7)
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DIA NACIONAL DE
MISSÕES
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FABIANA LOPES DE SOUZA
Mesmo sabendo disso, porém, muitos adiam ou desistem dessa obra. O secretário de evangelização da IPIB, Rev. César Soria, diz que falta uma iniciativa de obediência aos ensinamentos de Cristo. “Ele disse ‘Ide por todo o mundo’, mas algumas pessoas vivem em seu próprio mundo particular, com seus amigos, familiares e colegas. E o mais triste é que, nem mesmo neste mundo particular, estamos obedecendo ao ‘Ide’ de Jesus.”, diz. Mas por que não obedecemos ou por que é tão difícil falar do amor de Deus? O Rev. César Soria destaca alguns fatores que são, na opinião dele, inibidores do “Ide” como, por exemplo, uma teologia missiológica equivocada, o exercício da teologia teórica em detrimento da teologia prática, o comodismo e também o cristianismo como expressão de forte religiosidade e não como um relacionamento íntimo com Deus e de encontro com o próximo.
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As palavras de Isaías expressam de forma poética a opinião de Deus a respeito daqueles que se dispõem a falar sobre o seu Reino e sobre a promessa da salvação. Não é à toa que o apóstolo Paulo, ao tratar da importância da evangelização, relembra esses dizeres de Isaías (Rm 10.15). Com a propagação do evangelho não apenas agradamos a Cristo, mas nos tornamos instrumentos do Espírito Santo para a restauração do ser humano. Não há salvação senão por meio de Jesus Cristo e não há outro caminho. A pregação do evangelho é urgente e imperativa. Em todas as partes, ouvimos um clamor de um mundo desesperado, vazio e cada vez mais à beira do abismo. Jesus manda que preguemos o evangelho a toda criatura, que nos dirijamos a todo o mundo. Não há nenhuma exceção e também não há espaço para a procrastinação ou a negligência.
O que falta em nós?
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Para mudar essa realidade, no entanto, é preciso que haja uma transformação de dentro para fora. O cristão precisa crescer espiritualmente, esvaziando-se de si mesmo e enchendo o seu interior com o Cristo vivo. Soria explica, citando Charles Swind, que todo cristão ou igreja precisa ter em sua vida quatro elementos: o estudo da palavra de Deus, a comunhão com Cristo e irmãos, a participação na ceia e constante oração. Para ele, esse quatro pontos, manifestados em Atos 2.42 (“E perseveravam na doutrina dos apóstolos, e na comunhão, e no partir do pão, e nas orações”), garantirão que o cristão desenvolva um genuíno amor a Deus e ao próximo e, consequentemente, um desejo de evangelizar. Trata-se, portanto, de um processo, em que Cristo trabalha em nós para que depois sejamos capazes de trabalhar por Ele. Assim, ele explica que a Secretaria de Evangelização da IPIB tem trabalhado para tratar as igrejas locais, de modo que elas cresçam espiritualmente a ponto de serem luz no mundo. O foco da secretaria é, segundo ele, revitalizar igrejas que estão morrendo, mas também plantar novas em campos ainda não alcançados. “Nosso alvo vai muito além de levar informações sobre missões. Queremos mesmo é contribuir para que cada igreja local se torne, ela mesma, um agente missionário no local onde foi plantada. A partir da igreja local é que a IPIB vai voltar a crescer. Para isto, é necessário que pastores,
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Pastor Paulinho orando com uma criança durante um trabalho evangelístico
conselhos, lideranças e cada membro entendam e se engajem como missionários da IPIB, comprometidos em levar as pessoas de seu círculo de relacionamento mais próximo a um encontro com Jesus”, diz. Neste sentido, cada igreja local precisa ser um agente de transformação dos seus membros, a fim de formar discípulos, mas, ao mesmo tempo, também deve ter um olhar constante para além dos muros da igreja. Ali, do lado de fora, há gente sedenta por ouvir a palavra e buscar a esperança em Cristo. “Como, porém, invocarão aquele em quem não creram? E como crerão naquele de quem nada ouviram? E como ouvirão se não há quem pregue?” (Rm 10.14), questiona o apóstolo Paulo.
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Pastor Paulinho e sua família
As muitas faces do evangelismo
A Revista Alvorada buscou exemplos de evangelismo com métodos diferentes e focos distintos para nos inspirar e nos levar a pensar no quanto ainda podemos fazer pela obra de Deus. Paulo César de Souza, pastor fraterno da IPI Central de Presidente Prudente, é também missionário da Mocidade para Cristo (MPC). Ele está envolvido em dois importantes projetos de evangelização, um voltado para enfermos e outro para adolescentes. O “Operação Alegria” é um deles e é feito em parceria com os irmãos da IPI Central de Presidente Prudente. O projeto leva Cristo, arte e sorrisos para os hospitais da região. O pastor conta que é surpreendente perceber como as pessoas estão desesperadas por uma esperança e querem ouvir o evangelho. Ele conta que, vestidos de palhaços, eles batem às portas dos quartos e são poucas as pessoas que não aceitam que eles entrem. Já com o paciente, os palhaços brincam, levam a alegria por meio da arte e, num segundo momento, pregam a palavra e Deus e oram pela vida do doente, pela cura física e também espiritual. Como missionário do Mocidade Para Cristo, participa de um projeto chamado Escola da Vida. Trata-se de imersão de uma semana em escolas com o objetivo de educar os alunos. O grupo conversa com a diretoria, apresenta o projeto e leva um cardápio com 20 princípios que podem ser
Escola, arte e evangelismo Samuel Lira também é um exemplo entre os cristãos que evangelizam por meio da arte. Em 2006, ele largou sua família e emprego para ingressar no Grupo Emme (Escola de Ministério de Música e Evangelismo), um grupo de música e teatro itinerante do Seminário Bíblico Palavra da Vida. O grupo viaja pelo Brasil inteiro, levando a mensagem da salvação. Todo início de ano, a escola seleciona 24 alunos para se dedicarem ao ministério. Lira foi um dos alunos da turma de 2006 e, a partir de 2007, assumiu a regência musical do grupo. Ele conta que, após a seleção dos alunos durante um retiro vocacional, o grupo fica um mês no Acampamento Palavra da Vida, no Paraná, se preparando para os espetáculos que ocorrerão o ano inteiro. Nesse período, há ensaios e também aulas sobre a Bíblia para que os alunos estejam preparados espiritualmente para a jornada. “Essas aulas começam na primeira semana de março e nós montamos dois musicais nesse período. A nossa rotina de ensaios é intensa.
Tomamos café da manhã às 7h30 e o primeiro ensaio vai das 9h00 às 12h30; paramos pro almoço; voltamos às 14h30 e ensaiamos até as 17h30. Depois do jantar, os ensaios recomeçam às 19h30 e geralmente vão até às 23h00 ou até quando for necessário”, conta Lira. Depois da preparação, o grupo sai para as apresentações evangelísticas em igrejas. São cerca de 120 apresentações por ano, com um recesso em maio e agosto. Durante as apresentações, os alunos são hospedados nas casas dos irmãos das igrejas em que se apresentam e, entre uma apresentação e outra, a casa desses jovens é o ônibus que os transporta. O projeto, que nasceu em 1985, é, ao mesmo tempo, um ministério e uma escola. Cada integrante paga uma mensalidade de R$ 524,00, que é usada para pagar os custos de alimentação durante as semanas de treinamento e também arcar com os custos do figurino, cenário, iluminação, pagamento de profissionais contratados, além dos custos com os veículos do grupo, o que inclui um
O grupo em apresentações evangelísticas em igrejas
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Samuel Lira largou tudo para servir ao Senhor; desde 2007, é regente do Grupo Emme
ônibus que leva os alunos para as apresentações e um caminhão que transporta o cenário e iluminação das peças. Mesmo com a mensalidade, o regente diz que o grupo necessita de doações constantes e depende da livraria itinerante que leva em todas as apresentações para suprir todos os gastos. Para os alunos, é um grande desafio. Afinal, grande parte deles deixa seu trabalho e sua casa, e precisa buscar sustento da igreja ou de amigos para finalizar a jornada, além de enfrentar as dificuldades emocionais que envolvem as saudades da família e da rotina. Apesar das dificuldades de deixar tudo em favor da obra, o regente diz que viver um ano dedicado exclusivamente a Deus traz uma experiência incrível. “Cada turma que chega é uma experiência diferente. Eu sempre digo que dificilmente eles terão um trabalho evangelístico tão intenso de ver vidas se entregando a Deus todos os dias. É maravilhoso. Todas as noites há reconciliação, conversão”, diz Samuel Lira. O grupo aceita doações para que o ministério itinerante não deixe de existir. Você pode conhecer mais acessando o site: http://www. agenciaprogetto.com.br/emme/
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Rev. César, secretário de Evangelização da IPIB, em visita a missão em Moçambique.
abordados durante a semana, envolvendo, por exemplo, discussões sobre drogas, sexualidade, ditadura da moda, bullying, etc. A escola então escolhe quatro princípios para serem trabalhados de segunda a quinta-feira nos intervalos das aulas. Na sexta-feira, no entanto, o dia é voltado apenas para evangelização e para o ensino da palavra de Deus. Para apresentar o evangelho e os temas escolhidos pela escola, o Rev. Paulo Cesar também usa o teatro e a música, e conta que, por meio da arte, ele conquista o direito de ser ouvido. Ele diz ainda que o projeto tem cada vez mais facilidade de entrar nas escolas. “As escolas estão gritando por uma solução porque o governo, os professores e os diretores não sabem o que fazer com os alunos e como fazê-los melhorar e crescer”, diz.
Centros de Treinamento Missionário da IPIB
Você sabia que a IPIB tem um Centro de Treinamento Missionário no Sudeste e outro no Nordeste? Os dois locais oferecem cursos de preparação para missionários com chamado para plantação de novas igrejas e também para líderes que precisem revitalizar igrejas. O CTM Nordeste fica em Natal, Rio Grande do Norte, e o CTM Sudeste, em Campinas, São Paulo. Para mais informações sobre os cursos oferecidos, você pode enviar e-mail ou ligar para: CTM Nordeste (84)3201-6108 – CTM Sudeste (19) 3029-3310 email: ctm@ctmsudeste.com.br | www.facebook.com/ctmnordeste
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Ação Evangelísitica do CTM Nordeste em Pendências, RN
Reconciliação e nova vida A busca pela reconciliação do ser humano com Deus também é um dos objetivos da Missão Sal (Salvação, Amor e Libertação). O trabalho envolve diversos projetos para pregar o evangelho aos excluídos dos centros urbanos, incluindo evangelismo na cracolândia (São Paulo), com moradores de rua, entre homossexuais e em uma comunidade carente em Utinga (Santo André). O Rev. Paulo Cappelletti, mais conhecido como Macarrão, começou o projeto em 1999, quando decidiu trazer moradores de rua para sua própria casa e cuidar deles em todos os aspectos: pessoal, profissional e espiritual. Ele explica que o projeto não é mero assistencialismo, mas que o objetivo é também levar Cristo para a vida dessas pessoas. Macarrão sai às ruas para evangelizar e convida as pessoas que queiram mudar de vida para morar com ele de modo que seja possível acompanhar todo o processo de desenvolvimento. Para ir para a casa, porém, ele explica que a pessoa precisa estar disposta a levar uma vida diferente, fora da prostituição ou da bebida, por exemplo. “Nos primeiros meses que a pessoa está conosco, ela aprende toda a rotina da casa e participa das devocionais diárias. Quando ela começa a ser voluntária nas ações da casa, nós também incentivamos que ela volte a estudar e, depois disso, nós tentamos recolocá-la no mercado de trabalho”, conta Capeletti. Ele explica que o objetivo é que a pessoa se reerga e tenha condições de seguir a vida fora da casa. “Não há um tempo determinado para a pessoa deixar a casa. Não existe uma regra. Depende do desenvolvimento de cada pessoa. Cada um passa por um processo diferente”, diz. Ao morar com essas pessoas, no entanto, ele consegue realmente acompanhar o desenvolvimento
e falar sobre o evangelho pouco a pouco, em meio às refeições, nas devocionais e nos cultos de domingo. Para ele, muitos cristãos estão se esquecendo de pregar aos moradores de ruas, prostitutas, travestis. “Nós temos de nos preocupar com todas as pessoas, inclusive com as que vivem em situação de exclusão. Jesus deixa isso muito claro em João 20.21, quando diz: ‘Assim como o Pai me enviou, eu também vos envio’. Jesus enviou os discípulos para continuar falando. Muitas igrejas estão falando para si mesmas e, por isso, o mundo não se transforma”, explica. Ele conta que todos são considerados iguais na casa onde moram. Sua esposa e seus três filhos também moram com ele no local. Todos ajudam em todas as tarefas, na cozinha, na manutenção, na arrumação, etc. Em meio a essas rotinas é que o evangelho é contado e vivido.
Por meio desse projeto, ele já viu muitas vidas serem transformadas, como moradores de rua que conseguiram voltar a trabalhar e ter uma família, travestis que deixaram a prostituição e a homossexualidade, etc. Outro projeto da Missão SAL envolve o cuidado de 117 crianças na favela do Cigana, em Santo André. “Nós temos uma escola de música e já temos 20 crianças que foram convidadas para tocar em 6 lugares na Alemanha”, diz. Há também um projeto de “adoção” das crianças na parte educacional, para que elas tenham a oportunidade de estudar em escolas boas com princípios cristãos, além de um reforço escolar que funciona de segunda a quinta no local.
O projeto aceita doações em dinheiro, além de roupas e alimentos. Para conhecer mais, acesse: http://www.missaosal.org.br/
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Missões urbanas
ONG Metanóia em visita aos enfermos
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ONG Metanóia na evangelização de crianças
ELAINE RIBEIRO MATTOS
Quem odeia a injustiça? Será que odiamos mesmo? Se a odiamos por que cometemos a injustiça diariamente com o nosso próximo? Deus odeia a injustiça. Ele espera que o seu povo se coloque ao lado dos injustiçados, porque é essa justiça que devemos fazer com nossas mãos e com nossas atitudes. Não tem como ouvir as batidas do coração de Deus, se não amar e servir os pobres e os injustiçados. Jesus foi um deles e serviu entre eles. Muitos não sabem, mas precisamos desesperadamente dos pobres em nossa vida. Eles servem de exemplo para nós e não o contrário. Com eles, aprendemos sobre valores do reino como: generosidade, humildade, submissão, gentileza, a interdependência com os vizinhos, a gratidão, etc. Nós levamos algo de proveito para eles e teremos algo de benefício para a nossa vida. Jesus sempre declarou seu amor especial e seu zelo pelos pobres, pelas viúvas, pelos órfãos e pelos doentes, e deixou claro que nos encontraríamos facilmente com Ele no meio dessas pessoas. Nossa reação ao pobre é uma manifestação daquilo que realmente está no nosso coração (1Jo 3.17). Se Ele é o caminho, que caminhos estamos trilhando se não nos importamos com o próximo? Se Ele é a verdade, por que então estamos ferindo o coração da lei que é toda resumida em dois mandamentos apenas? Se Ele é a vida, que vida é essa onde não se dá a mínima atenção à necessidade do irmão? Quando Deus se revelou a Moisés, o primeiro aspecto do seu caráter que Moisés proclamou foi a misericórdia. Compaixão verdadeira é uma resposta obediente ao Pai de compaixão. Quando estamos andando em intimidade com o Deus
Misericordioso, atos de compaixão são gerados em nossa vida. Compaixão não é um sentimento. Compaixão verdadeira sempre gera ação. Por isso, o cristão que busca intimidade com Deus, mas não está disposto a se envolver numa vida de misericórdia, especialmente para com os pobres e discriminados, com certeza fica frustrado. O trabalho comunitário consiste na aplicação da redenção de Cristo em todas as áreas da vida humana e da criação. Temos de trabalhar para a implantação do Reino de Deus aqui na terra. Essa é nossa missão! Essa é nossa vida! A questão dos pobres é um tema central da Bíblia, pois Deus é o Pai da misericórdia e de toda consolação. Existe um povo não alcançado nas nossas cidades, ao redor das igrejas. São eles: moradores de rua, profissionais do sexo, dependentes químicos, tribos urbanas. Toda esta população é tratada como invisível, como se não existisse... Alcançar essas pessoas é uma responsabilidade nossa. Elas têm o direito de saber sobre “a boa nova”. Jesus nunca fez acepção de pessoas, não julgou pela aparência e nunca foi preconceituoso. Amar é uma escolha. Estar com eles é uma escolha. Não depende de sentir vontade, mas, sim, de ter a disposição de seguir os passos do nosso mestre Jesus Cristo e isso basta. “Abre a boca a favor do mudo, pelo direito de todos os que se acham desamparados. Abre a boca, julga retamente e faze justiça aos pobres e aos necessitados.” (Pv 31.8-9). A Elaine, missionária há 10 anos em tempo integral, diretora da ONG Metanoia “Transformando Mentes”e diretora da Escola de Missões Urbanas em Bauru, é membro da 1ª IPI Bauru, SP elainejocum@hotmail.com
Conheça nossos trabalhos: www.missoesurbanasbauru.com
Trabalho realizado na Comunidade São Manuel - Bauru,SP
Mis. Elaine e seu esposo Rafael durante o Proclame 2012
A Revista da Família
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“O mundo espera por ”
você!
CESAR SÓRIA ANUNCIAÇÃO
“Vão a todos os povos do mundo e façam com que sejam meus seguidores, batizando estes seguidores em nome do Pai, do Filho, e do Espírito Santo e ensinando-os a obedecer a tudo o que tenho ordenado a vocês. E lembrem-se disto: Eu estou com vocês todos os dias, até o fim dos tempos” (Mt 28.19-20). A frase acima é a chamada do cartaz da Secretaria de Evangelização (SE) da IPIB. Aparece também Marcos 16.15: “Vão pelo mundo e anunciem o evangelho a todas as pessoas”. É uma grande verdade! Mas também é verdade que Deus espera por nós! Jesus mandou os discípulos fazerem outros discípulos, e outros, até chegar a nós. E o mandato continua válido até os nossos dias! Para sermos uma igreja segundo o coração de Deus, precisamos fazer a sua vontade, com alegria, disposição e entendimento. A frase “O mundo espera por você” tenta retratar o desejo de Deus em nos tornar uma igreja missional! Mas o que significa ser uma igreja missional? Precisamos entender alguns passos práticos. Eles serão importantes para plantarmos novas igrejas e revitalizarmos igrejas que não têm obedecido ao chamado da Grande Comissão descrita em Mateus 28.18-20. Primeiro, precisamos orar pela causa missionária. Sem oração nada se faz. A oração é a prática do livre acesso ao Pai por excelência. Jesus deu sua vida para que tivéssemos esta liberdade. E, quando a usamos para interceder pelos missionários e suas famílias, certamente o nosso Deus age, pois a oração missionária vai ao encontro da vontade de Deus, sempre. Louvamos a Deus por todos os intercessores dos nossos missionários, em todo o Brasil. Sem dúvida, orar é ajudar na causa missionária, sempre. Segundo, precisamos investir em missões.
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A Revista da Família
Damos graças a Deus por que muitos irmãos cultivam esta santa prática com verdadeira alegria em seu coração. Eles têm sido bênção de Deus para o avanço da obra missionária no Brasil e no mundo, através da IPIB. Que Deus os abençoe ricamente. E que você possa fazer um firme propósito de juntar-se a estes queridos irmãos e irmãs. Mas ainda há o terceiro passo. Algo tão importante quanto orar e investir – na verdade, muito mais importante! Nós devemos fazer missões onde Deus nos colocou – em nossa cidade, em nosso trabalho, em nossa escola, em nossa vizinhança, em nosso lar. Aqui, onde vivo, o missionário sou eu! Esta é a característica de uma igreja missional: ela ora, ela investe, mas ela mesma é um agente missionário onde Deus a plantou! Uma atitude missional é vital para que uma igreja seja revitalizada: Orar missionalmente (pelos missionários e para sermos missionários); Investir missionalmente (nos missionários e para fazermos missões onde Deus nos plantou); e Agir missionalmente, sendo cada um de nós o missionário que Deus colocou na igreja local onde servimos, e a igreja local o ente missionário de Deus na cidade e no campo. Quero convidar você a se juntar a todos os missionários da SE em oração, investimento e ação. Vamos juntos levantar o nosso “Pendão Real” – como sempre cantamos – e declarar para nós mesmos e para todo o mundo: O missionário sou eu! Afinal, o Deus Trino, os céus e o mundo todo esperam por nós. Esperam por você. Seja uma bênção nas mãos de Deus. Seja missionário onde Ele o plantou. Se o missionário for você, a sua igreja toda será missionária também. Toda a glória a Deus. Deus nos abençoe.
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O Rev. Cesar é secretário de evangelização da IPIB
A Revista da Família
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REFLEXÃO
MAURICIO SILVA DE ARAÚJO
Você é um fã ou discípulo de Jesus? 30 Alvorada
A Revista da Família
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“De novo, saiu Jesus para junto do mar, e toda a multidão vinha ao seu encontro, e ele os ensinava. Quando ia passando, viu a Levi, filho de Alfeu, sentado na coletoria e disse-lhe: Segue-me! Ele se levantou e o seguiu” (Mc 2.13-14). Há alguns dias, chegou-me a informação de que o Justin Bieber tem mais de três milhões de seguidores no Twitter o acompanhando em cada detalhe de sua vida. Se ele espirra e posta, esse pessoal fica sabendo; se ele tem um lampejo de pensamento ou vai a um evento e posta, todos ficam sabendo. Há outros famosos sendo seguidos também, como Luciano Huck, com seus mais de seis milhões de seguidores, ou Neymar, o ídolo da garotada e de gente grande, pois o cara joga muito mesmo e tem aprendido a lidar com a fama em sua juventude. Se Jesus vivesse em nossa época, com certeza, ele seria o maior ícone desta febre chamado Twitter, porém também tenho quase certeza que ele não iria ficar postando cada passo de sua vida, pois ele mesmo disse que quem quisesse segui-lo, de verdade, deveria deixar tudo e passar a ser seu discípulo. Foi isso que ele disse a Levi, quando o encontrou: “Segue-me!” Você pode ver que esse negócio de seguidor é muito antigo, e o próprio Jesus convidou a muitos, inclusive a Levi, para serem seus seguidores. Mas precisamos saber que há dois tipos de seguidores! Aqueles que são discípulos
Nossas igrejas hoje estão cheias de fãs e com poucos discípulos. Afirmo isso porque muitos estão entre nós tão somente pelo que Jesus pode fazer e não porque o amam ou porque estejam dispostos a uma entrega total de sua vida a ele. e os que são somente fãs. Jesus tinha esses dois tipos de seguidores e, pasmem, a maioria era somente fã. O seguidor que é fã segue alguém pelo que ele faz, pelo que ele realiza, porque é popular, porque está em evidência. Mas o seguidor ou discípulo é aquele que deixa tudo e passa a servir a Deus com toda sua vida e em qualquer circunstância. Nós vemos este fenômeno acontecendo todo dia com relação a Jesus. Você é um fã ou discípulo de Jesus? Ambos são seguidores! Ambos querem estar perto de Jesus! Ambos falam dele! Acreditam que ele é filho de Deus e salvador, que tem poder, mas a diferença entre um e outro é gritante e total. Nossas igrejas hoje estão cheias de fãs e com poucos discípulos. Afirmo isso porque muitos estão entre nós tão somente pelo que Jesus pode fazer e não porque o amam ou porque estejam dispostos a uma entrega total de sua vida a ele. Quando Jesus peregrinou nas terras da Palestina, multidões o seguiam por onde quer que ele fosse, mas foram poucos que, como seguidores, foram discípulos dele. Fomos chamados para ser seus seguidores. Mas não nos esqueçamos que seguidores discípulos, e não fãs, pois a diferença entre ambos é total. Deus nos abençoe em Cristo Jesus! O Rev. Maurício é pastor da IPI de Jundiaí, SP
1ª IPI de Santo André – 70 anos WALTER MOLINA
70 anos de luta, De provações e vitórias. Nos livros das nossas atas, Registra-se a nossa história. Na Rua Senador Flaquer, Numa casinha modesta, Cristo ali foi exaltado, No meio de muita festa. Alfredo Borges Teixeira Foi o primeiro pastor. Veio enviado por Deus, Trazendo a mensagem do amor. A igreja foi crescendo Como agora a gente vê. Ela é a pioneira Do evangelho no ABC. Muitos pastores queridos Aqui passaram também. Não posso citar os nomes. Posso esquecer alguém. Homens, mulheres e crianças Também de muito valor São chamados até hoje Com as bênçãos do Senhor. E com Deus à nossa frente, Com Jesus, o Salvador, E o Espírito Santo, O fiel consolador, 70 anos de vida É a nossa celebração. E, com a graça de Deus, Nós temos a salvação. Com filhas, netas queridas, A igreja assim cresceu, Anunciando Jesus Cristo, Que por nós na cruz morreu. 70 anos de lutas Gravados em nossa memória. Muitos anos vão passar, Continuando a nossa história. (Esta poesia ficou em 1º lugar no Concurso de Poesias em homenagem ao aniversário da 1ª IPI de Santo André, SP) O Presb. Walter é agente da Revista Alvorada na 1ª IPI de Santo André, SP
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CRISTIANISMO
Jesus © Gino Santa Maria - Fotolia.com
de de
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Nazaré
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Compaixão e identificação sem preconceitos MINDU ZINEK
Em um campo de concentração nazista, uma criança seria enforcada à vista de uma multidão de presos. Quando o carrasco derrubou a banqueta e esticou a corda pendurando a criança pelo pescoço, ela não morreu instantaneamente, mas ficou agonizando por um tempo. Dentre a multidão que assistia, ouviu-se uma voz: - “Onde está Deus?”; e mais uma vez: “Onde está Deus agora?” E eu pensei: “Está aí, sendo enforcado”. Lembrei-me, então, de Cristo na cruz, quando clamou: - “Deus meu, Deus meu, porque me desamparaste?” e alguém poderia pensar “Onde estava Deus?” e a resposta é: “Estava sendo crucificado” (Relato de Elie Wiesel, judeu sobrevivente do campo de concentração nazista, no livro: A Noite). Qual o motivo da atração a Jesus por parte dos sofridos, marginalizados, pecadores, desamparados, enfermos? O motivo é a compaixão e identificação, sem preconceitos. Compaixão é uma palavra que vai além de uma interpretação comumente dos sentidos de pena, dó ou comoção. Compaixão, segundo uma definição de Carlos Mesters, é padecer-com, sofrer-com, morrer-com, e Jesus viveu a plenitude dessa compaixão, tendo como ápice a morte da humanidade na cruz do calvário. E, para que Ele pudesse se identificar com o sofrimento alheio (com-padecer), Ele se entregou ao máximo nos relacionamentos, “assumindo a forma de homem”, “sofrendo as mesmas tentações”, “sendo tachado de comilão e beberrão”. O Jesus de Nazaré vivenciou o que é
ser humilhado, marginalizado, injustiçado, esquecido. E, nessa atitude do mestre por optar viver como pobre entre os pobres, é que eles reconheciam sua divindade como ninguém. “De fato, Deus existe, e é Jesus entre nós” (Mt 11.25). Essa identificação, no entanto, não é exclusividade dos pobres como prega a Teologia da Libertação. Jesus dialoga e se compadece pelos ricos, quando na condição de oprimidos. É o caso do encontro com um dos principais dos fariseus (Jo 3); com o jovem rico (Mc 10.21); e os encontros com publicanos (uma classe rica, porém excluída por serem cobradores de impostos injustos exigidos pelo Império Romano). E hoje? Como se dá essa identificação de Jesus com os pobres? Como os pobres, marginalizados e excluídos recebem a mensagem de Jesus? Acreditamos em um Deus onipresente. Um Deus que está em todos os lugares e se manifesta de várias formas. Mas ainda carregamos a ideia de lugares específicos em que Deus se manifesta. Lugares sagrados como a igreja, por exemplo, ainda denominada de “casa de Deus”. E dificilmente pensamos na manifestação de Deus em lugares tidos como profanos. Acreditamos mais no Jesus bem-aventurado que não se assenta na roda dos escarnecedores do que o Jesus que come com os pecadores e publicanos. E é sobre esse Jesus dos pecadores e publicanos que queremos refletir. O Reino de Deus acontece apesar dos crentes e da igreja. A expansão do evangelho não é papel imprescindível da igreja, dos crentes, das agências de missões ou qualquer outra instituição religiosa, mas são os meios dos quais Deus se utiliza. E assim como Jesus viveu a igreja comendo com pecadores (Mt
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9.10), na casa de prostitutas (Mc 14.3) e ladrões (Lc 19), e de um romano idólatra (Lc 7), ele se mostra hoje nas ruas, presídios, prostíbulos, favelas e outros lugares onde há trevas e escravidão. Não há como falar sobre o Jesus que se manifesta fora das igrejas, sem mencionar experiências do nosso cotidiano. A oportunidade de ter morado cinco meses em um prédio ocupado pelo Movimento Sem-Teto me proporcionou uma experiência com Cristo como nunca antes. Depois de uma semana tentando me adaptar à nova moradia, conheci Dona Maria que morava com seus quatro netos em uma casa de dois metros e meio de largura por três e meio de comprimento. Uma tarde, eu estava passando em frente ao quarto/casa de Dona Maria, no horário de almoço e, ao cumprimentá-la, ela me perguntou: -“Filho, você já almoçou?” Eu não tinha almoçado, mas, quando vi que ela estava tentando repartir um pouco de arroz e ovo frito com as quatro crianças, eu disse: -“Não, mas eu não quero. Muito obrigado”. Ao que ela respondeu: -“Venha almoçar com a gente. A comida é simples, mas Deus nunca deixou faltar. E onde comem quatro, podem comer cinco, seis...” Eu confesso que, se estivesse na situação dela, nunca compartilharia o meu almoço com um desconhecido. Então, eu experimentei naquela tarde a multiplicação do arroz e ovo frito, que foi uma das melhores comidas que já comi. Percebi o sinal de cristianismo em uma casa com várias imagens de santos e vindo de uma senhora que, de cinco palavras que falava, seis eram palavrões, além de fumar como uma chaminé. Não estou fazendo apologia do fumo, palavrões
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Dovile Cizaite
Preconceito é algo que temos, mesmo sabendo que não condiz com a vida cristã, ao mesmo tempo em que temos uma dificuldade enorme de lidar, quer seja o preconceito em relação aos moradores de rua, moradores de favela, homossexuais, negros, deficientes, expresidiários e todos aqueles que socialmente são discriminados e excluídos.
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ou idolatria, mas querendo destacar que nossa predisposição de julgar as pessoas e ambientes nos faz perder oportunidades de perceber como Jesus se manifesta em situações das mais inusitadas. Cito outros exemplos vividos do sinal da presença de Jesus em lugares que parecem ser um verdadeiro inferno. A vida em lugares de morte. A esperança em lugar de sofrimento e solidão. Situações como a de missionários estarem andando nas ruas da Cracolândia e um usuário cair de joelhos e, em prantos, clamar a Deus por perdão, por ter visto o brilho de Cristo na vida dos missionários. Crianças, filhos de prostitutas e traficantes, que vivenciam dentro de casa violência e maus tratos, porém são fortalecidas por Jesus em momentos de brincadeiras e histórias. E, quando compartilham com os pais a história aprendida, levam esse Jesus para dentro de suas casas. Moradores de rua que, mesmo na dependência de álcool, oram todas as noites e agradecem a Deus por qualquer pedaço de pão mendigado. “Eu só estou vivo porque Jesus está comigo e é Ele quem me dá o fôlego de vida” (Antônio, 58) Os travestis que foram prostituídos, quando ouvem um cântico de louvor, se comovem por, naquele momento, serem tocados, abraçados, consolados por Jesus. “Eu sei que Ele cuida de mim” (Rafaela, 23) Esses são alguns dos exemplos que podem ser relatados somente por causa da experiência de vivenciar a igreja nas ruas. São pessoas esquecidas e excluídas, que têm uma sensibilidade enorme para perceber a presença de Jesus no partilhar de um pão, no amparo do filho da amiga usuária, no chorar junto pela perda do barraco que pegou fogo, no rezar junto pelo filho preso. Ou
seja, a percepção de Cristo fora da igreja e apesar dela muitas vezes os afastar por sua rigidez e doutrinas moralistas. Há uma história de um morador de rua que, ao entrar em uma igreja, sentou no banco e as pessoas que estavam ao seu lado saíram. Alguém (não necessariamente o diácono) percebendo o incômodo dos “crentes bem vestidos e cheirosos”, chegou ao morador de rua e o conduziu para fora da igreja. Chegando fora, viu um homem sentado na calçada chorando. E o morador de rua perguntou: -“Não deixaram você também entrar?” O homem respondeu: -“Não”. Então o morador de rua perguntou seu nome, e ele disse: -“Meu nome é Jesus Cristo”. Essa ilustração é para provocar a reflexão sobre a atitude da igreja que acredita ser discípula do homem que andou com os excluídos e marginalizados e que, por contradição, é o público que mais tem se afastado da igreja. Por quê? Geralmente, pela ausência dos mesmos motivos que atraíam os excluídos a Jesus, e que deveriam ser nítidos na igreja e na vida dos crentes: compaixão; identificação, sem preconceito. Já tendo mencionados os dois primeiros, caminhamos para a conclusão, refletindo sobre o último termo. Preconceito é a palavra que quanto mais puder evitar falar nas igrejas melhor. Porque é algo que temos, mesmo sabendo que não condiz com a vida cristã, ao mesmo tempo em que temos uma dificuldade enorme em lidar, quer seja o preconceito em relação aos moradores de rua, moradores de favela, homossexuais, negros, deficientes, ex-presidiários e todos aqueles que socialmente são discriminados e excluídos.
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O pior é quando os crentes buscam legitimar seus preconceitos, comparando com o relacionamento que acreditam Deus ter com os excluídos dizendo: “Nossa atitude deve ser como a de Deus, que ama o pecador, mas abomina o pecado”. Ora, como pode ser isso, se a Bíblia mostra que Deus vê o ser humano justificado através do sangue de Jesus?! Jesus se aproximava desses por serem pecadores, enquanto a sociedade “justa” os excluía. Como diz o teólogo Jürgen Moltmann: Por meio da aceitação dos “pecadores”, dos “publicanos” e das prostitutas, Jesus não justifica o pecado, a corrupção ou a prostituição, mas rompe o círculo vicioso de sua discriminação no sistema de valores dos justos. Com isso também liberta potencialmente os “justos” da coerção da justiça própria, e os “bons” da posse do bem. No entanto, volta-se unilateralmente aos pobres, tomando partido. Ao fazer isso em sua própria pessoa, revela a eles e a seus opressores a justiça messiânica de Deus que, pelo direito da graça, torna injustos justos, maus bons, feios bonitos. Isso é um ataque violento à moral religiosa burguesa. As reações dos “bons” e dos “justos” são tão agressivas porque são atingidos seus “mais sagrados bens” e porque assim eles próprios estão sendo questionados. Deus nos livre de nossa justiça própria! Que naquele dia final possamos ouvir: “Entra no gozo do Senhor porque fui prostituído e me acolheste, estava fumando crack e me deste amparo, morava nas ruas e me abrigaste”. Que seja a nossa oração: “Pai, não me deixe de fora disso que o Senhor está fazendo, restaurando e reconciliando consigo todas as coisas”. O Mindu Zinek é cooperador na congregação da IPI de Vargem Grande, SP, e da Missão CENA.
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COMPORTAMENTO
A atual ética evangélica e a ética de Cristo: há alguma intersecção? WANDERLEY MATTOS JÚNIOR
Sempre que falamos em ética, esbarramos no conceito de moral. Talvez um bom começo para esta reflexão seja considerar brevemente ambas. Resumidamente, a ética tem a ver com o estudo dos valores que fundamentam o comportamento em sociedade. A moral, por sua vez, são as regras, costumes, convenções e tabus pertinentes a cada sociedade. Etimologicamente, a palavra “ética” vem do grego “ethos”, que significa “modo de ser” ou “caráter”, enquanto que a palavra “moral”, vem do latim “morales”, que significa algo “relativo aos costumes”. Assim, para ser ético, acho melhor citar a fonte de onde extraí o conceito acima, até para que você não fique achando que eu me debrucei por dias e dias, e li meia de36 Alvorada
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ÉTICA
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MORAL
zena de livros para chegar a esse conceito resumido, o que não seria moralmente digno – apesar de que conferiria mais “peso” ao meu artigo, se eu simplesmente não dissesse nada! A fonte está em www. significados.com.br. Aliás, num seminário que traduzi sobre plágio no meio acadêmico, há algum tempo, um dos palestrantes abordou a questão do autoplágio como sendo condenável. Ou seja, se você profere uma palestra em que se utiliza de uma mesma palestra de sua própria autoria, na qual você apenas “deu uma mexidinha” para apresentar a outro público, seria condenável que não citasse que a mesma foi reutilizada de outra palestra sua apresentada anteriormente. Caso contrário, ela poderia ser considerada um plágio do próprio autor sobre si mesmo! Moralmente, não haveria problema em alguém utilizar-se da própria palestra num contexto menos formal. Eticamente, porém, no meio acadêmico, tal utilização sem citar a fonte é condenável. Assim, vemos que ser ético, implica num compromisso profundo com seus valores – indepen-
dentemente do conhecimento público de suas posturas. A igreja, mesmo a contemporânea, tem uma preocupação bastante grande com os aspectos morais, julgando atitudes e comportamentos como morais ou imorais. Todavia, quando se trata de ética – que é algo que vai bem além das meras acepções morais disto ou daquilo – a coisa complica. Segundo o IBGE, a população evangélica brasileira cresceu enormemente nos últimos anos, passando de 15% em 2000 para 22% em 2010. Isso parece bom - teoricamente. Mas qual é o impacto ético desse grupo assim chamado “evangélico” em nosso país? Ou seja, quais são os valores que fundamentam as ações e decisões de muitos desse grupo perante a sociedade? Dentro da atual ética evangélica brasileira é possível encontrar pessoas de mãos dadas, agradecendo a Deus pelo dinheiro sujo da corrupção, roubado do contribuinte, como quem agradece o alimento antes do almoço. É possível ver pastores berrando, mentindo e ludibriando o povo em benefício próprio. Assiste-se à venda de todo tipo de quinquilharia religiosa inútil que vem com
Segundo o IBGE, a população evangélica brasileira cresceu enormemente nos últimos anos, passando de 15% em 2000 para 22% em 2010. Isso parece bom teoricamente. Mas qual é o impacto ético desse grupo assim chamado “evangélico” em nosso país?
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poderes mágicos de uma unção que precisa ser renovada a cada determinado número de dias mediante uma pequena contribuição financeira. No atual cenário, um pastor que ganha uma BMW em sorteio interno da própria igreja como “sinal da bênção de Deus” virou fichinha perto da ousadia e criatividade sem limites de líderes evangélicos inescrupulosos. Mas não é apenas na mídia que vemos as aberrações. A ética de muitos “evangélicos” pressupõe a posse, a dominação, a guerra e a arrogância. Beira o fundamentalismo religioso que massacra quem quer que seja porque “Deus tem o melhor para os seus”. Ou seja, a ética evangélica atual em muitos segmentos é a do
tipo “sou filho do Rei e azar de quem não é”. Daí, olhamos para a Bíblia e, mais especificamente, para o evangelho de Cristo – revelação plena de Deus aos seres humanos, segundo a fé cristã. Aí temos um cenário completamente diferente. O que vemos é um ser humano que revela que Deus se importa com os outros independentemente de seu cargo, sua cor, sua cultura, religião ou origem. Vemos um ser humano que coloca o dedo nas feridas dos que necessitam de cura, bem como na cara lavada de religiosos que se sentiam detentores de Deus, quando estavam, de fato, longe dele. Vemos um ser humano pregando o amor, a ajuda ao próximo, o perdão.
Enfim, tudo aquilo que todos já sabem e seriam “bem-aventurados” se praticassem o que sabem! Vemos no evangelho de Cristo uma ética que vai contra as leis de mercado, quando estas desumanizam o próximo. Encontramos uma ética que valoriza o ser humano simplesmente porque Deus também o valoriza, ainda que a lei vigente autorize qualquer coisa que não seja a promoção do ser humano em sua dignidade conferida por Deus. Por isso, pagar um salário miserável e insuficiente – ainda que isso não seja contra a lei vigente no país – é eticamente inaceitável do ponto de vista cristão, porque contraria o valor que Deus dá ao ser humano. Expor e punir
Vemos no evangelho de Cristo uma ética que vai contra as leis de mercado, quando estas desumanizam o próximo. Encontramos uma ética que valoriza o ser humano simplesmente porque Deus também o valoriza, ainda que a lei vigente autorize qualquer coisa que não seja a promoção do ser humano em sua dignidade conferida por Deus.
E S N E P E E PAR 38 Alvorada
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uma pessoa que adultera, ainda que a norma religiosa assim permita, é eticamente impensável, porque coloca os acusadores no papel de juízes justos, sendo eles mesmos tão pecadores quando o acusado! Dizer “Deus te abençoe, viu!” e não fazer nada pela pessoa que necessita é desonrar o Criador, por desonrar a sua criatura. Corromper-se, levar vantagem sobre o outro, achar-se superior, impedir o acesso a Deus, controlar e subjugar outro ser humano, fazer uso de dinheiro ilícito, corromper e deixar-se corromper ou subornar, tudo isso é impensável do ponto de vista da ética de Cristo – e deveria ser impensável em nossa ética também, se somos cristãos – mini-Cristos, no sentido de sermos seus seguidores!
Portanto, o distanciamento ético entre Cristo e o tipo de cristianismo evangélico que vemos eclodindo em nosso país hoje é tão grande quanto fora o distanciamento do judaísmo de seu tempo em relação ao Deus adorado pelos judeus e manipulado pelos sacerdotes. Por isso, é preciso deixar Jesus entrar em nossos recintos éticos e virar as mesas sobre as quais negociamos para baixo a dignidade humana e esparramar as moedas com as quais nos corrompemos em troca de coisas de pouco ou nenhum valor. É preciso deixar que Cristo nos alcance com aquele mesmo olhar que alcançou Pedro após sua tríplice negação do Mestre. O olhar de amor tão intenso e tão
constrangedor, que convence ao mesmo tempo em que cura e perdoa, apaga os erros passados e garante a comunhão presente e futura com o Autor da Vida. É preciso que a igreja dita evangélica se re-converta ao evangelho de Cristo e se re-anime a buscá-lo de todo o coração apenas em resposta ao seu amor, sem ganhar nada em troca, sem barganhar, sem pleitear qualquer tipo de benefício, pois tal amor, por si só, já nos dá tudo de que precisamos para atender às nossas necessidades e para alcançar e abençoar o próximo. E, assim, nos tornaremos verdadeiramente “bem-aventurados”! O Wanderley, intérprete e tradutor, é pastor da IPIB
CD e DVD “O teu amor tocou-me” MINISTÉRIO TUA ALMA VIVERÁ - IPI DE DOURADOS, MS
Há 12 anos, a IPI de Dourados realiza o evento Tua Alma Viverá, que tem como objetivo principal promover uma grande celebração de louvor e adoração. Todos os anos, o evento tem sido um grande sucesso, com participação maciça da igreja e também da comunidade evangélica de toda a cidade. Na busca de alcançar aqueles que não conhecem ao Senhor, bem como para gerar um avivamento na igreja, o Ministério Tua Alma Viverá, sob a liderança do Presb. Paul Stanley Trew, lançou o primeiro CD ao vivo e DVD “O Teu Amor Tocou-me”, com 13 canções inspiradoras que tocam o nosso coração e honram e engrandecem o nome do Senhor Jesus. Mais informações com o Rev. Denis nos telefones (67)
9971-7588 / (67) 3421-6843
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POLÍTICA E RELIGIÃO
DEUS
PERDEU NAS
ELEIÇÕES
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FERNANDO HESSEL
O resultado das urnas pode interferir nos valores cristãos nas futuras gestões Assim podemos definir, numa única manchete, a vontade do povo nas urnas nesta última eleição para prefeitos e vereadores. Agora, cabe a nós descobrimos se realmente a voz do povo é a voz de Deus. Foi nítida a rejeição dos eleitores aos candidatos que se envolveram em temas e valores cristãos nesta corrida ao cargo executivo. Isso se deu principalmente nas capitais, onde muito se analisou e se refletiu sobre o cotidiano das pessoas. É na cidade grande que a moda social se lança; lugar onde os costumes se transformam dando um verdadeiro nó nas organizações eclesiásticas. Parece que discussões sobre aborto, mãe solteira, divórcio, homofobia são absolutamente desnecessárias; tudo em nome da modernidade pregada aos quatro ventos. Infelizmente, aqueles que não aceitam estes temas são automaticamente alijados da sociedade, tornando-se caretas fora de época. Mas, à luz daquilo que prega o verdadeiro cristianismo, sabemos que isso não faz parte da proposta de vida espiritual saudável. Há quem diga que vida espiritual não tem saúde! Se quiserem negar o passado, que destruam logo o pouco que resta da história antiga no Oriente Médio, berço cabal das Sagradas Escrituras. Talvez este seja o grande propósito, por exemplo, do Irã que, para jogar uma bomba sobre Israel, é questão de minutos. O turismo religioso, fora a disputa de território, é a pedra no sapato dos xiitas que não querem ouvir falar sobre Jesus Cristo; e tampouco que esta mensagem de salvação seja disseminada pelo mundo. O radicalismo moderno tem a mesma força desta guerra religiosa que tanto nos indigna quando vemos os ataques de homens-bombas nos telejornais internacionais. A desconstrução de Deus é feita
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Foi nítida a rejeição dos eleitores aos candidatos que se envolveram em temas e valores cristãos nesta corrida ao cargo executivo. Isso se deu principalmente nas capitais, onde muito se analisou e se refletiu sobre o cotidiano das pessoas.
de forma sutil, permitida por nós mesmos, cristãos mais fervorosos. Isso se dá através de concessões muitas vezes inconscientes. Vejamos a disputa eleitoral em São Paulo, o maior colégio do país. Aqueles que, de certa forma, foram apoiados por igrejas foram crucificados nas urnas logo no primeiro turno, mesmo com vultosos investimentos financeiros na campanha. O agora prefeito eleito Fernando Haddad foi quase massacrado em praça pública pelo fato de ter criado um material supostamente didático apelidado de "Kit Gay", quando era ministro da educação. O kit seria destinado a combater a homofobia nas escolas públicas, resultado de um convênio firmado entre o Ministério da Educação (MEC), com recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) e da ONG Comunicação em Sexualidade (Ecos). Ele deveria conter material "educativo" composto de vídeos, boletins e cartilhas com abordagem do universo de adolescentes homossexuais, distribuídos para cerca de 6.000 escolas da rede pública em todo o país no programa Mais Educação. A presidente Dilma Rousseff se viu obrigada a fazer concessões, após diversos
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O fato é que Deus perdeu nas urnas; e cabe à igreja refletir e tentar entender esta sociedade para que a nossa mensagem seja entendida de forma simples e menos arrogante. Acredito que tirar Deus da discussão social é a mesma coisa que rasgar a Bíblia. Ou estou enganado? Estamos falando de um Brasil exportador missionário, um país que cresce na estatística de evangélicos a cada ano. deputados evangélicos e católicos protestarem contra o material didático. Segundo o jornal Folha de São Paulo na época, após a polêmica em torno do assunto, Dilma determinou a suspensão da produção e distribuição do kit e estabeleceu que todo material do governo relacionado a "costumes" passasse por uma consulta aos setores interessados da sociedade, antes de serem publicados ou divulgados. A crítica contra este kit estava correta na campanha eleitoral, mesmo diante dos valores ainda predominantes em nossa sociedade, mas infelizmente perdeu força em favor do baixo nível de campanha. Ou seja, quem defendeu a contrariedade a este projeto foi visto como uma pessoa preconceituosa, intolerante e, por isso, quem abraçou a crítica perdeu votos. Perdeu apoio, inclusive, de alguns setores cristãos. O candidato que atacou o tema foi visto como maldoso e, então, fomos engolidos, dando lugar aos ideais tão criticados por nós cristãos. Um tiro no pé! Podemos dizer que aceitamos estes novos valores e afirmamos nas urnas que concordamos com esta dita evolução humana. É importante dizer que não estamos defendendo partido azul, vermelho, amarelo ou roxo, mas estamos fazendo uma análise crítica de aprovação de ideias e propostas em nossa política, alinhada aos valores cristãos e da família. Então, como defender um ideal sem ser contundente? Este é o desafio: converter até mesmo nós cristãos. É certo também que muitos pastores e apóstolos erraram na dose, até porque sua linguagem gerou dúvidas no grande público pela excentricidade nas pregações. O que estragou nestas eleições foi justamente este envolvimento demasiado de "pop stars cristãos” em que a proposta não era, num pri-
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meiro momento, defender um valor e, sim, a sua própria imagem, aproveitando-se da mídia espontânea gerada nas campanhas políticas. Diga-se de passagem, com o dinheiro do povo! Seria brega ou crime criticar um material com práticas homofóbicas? Pelo que vemos nas urnas, as duas coisas. Mas agora é tarde demais, pois entregamos um cheque em branco para os nossos gestores reafirmarem os novos valores que podem ser despejados e jogados em nosso colo. Resta a esperança dos legisladores contornarem esta situação. Ironia à parte, algumas pessoas defendem que isso é inevitável e que deve acontecer o mais breve possível, pois isto atrasaria o Apocalipse. Não sei também o motivo de tanta pressa, mas fazer o quê? O fato é que Deus perdeu nas urnas; e cabe à igreja refletir e tentar entender esta sociedade para que a nossa mensagem seja entendida de forma simples e menos arrogante. Acredito que tirar Deus da discussão social é a mesma coisa que rasgar a Bíblia. Ou estou enganado? Estamos falando de um Brasil exportador missionário, um país que cresce na estatística de evangélicos a cada ano. Somos pouco mais de 42 milhões de fiéis, conforme o último censo. Sabemos que este crescimento se deve aos ultrapentencostais, mas que, de fato, são tabulados numa mesma planilha para os ditos incrédulos. Rasgando o verbo, somos colocados como farinha do mesmo saco. Agora, evangélico defender valores não cristãos é algo merecedor de estudo aprofundado nas mais importantes cadeiras de mestrado e doutorado.
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O Fernando, jornalista, é da IPI de Palmas, TO
Onde está a nossa
confiança EDUARDO MAGALHÃES
“Assim diz o Senhor: Maldito o homem que confia no homem, e faz da carne o seu braço, e aparta o seu coração do Senhor! Porque será como a tamargueira no deserto, e não verá quando vem o bem; antes morará nos lugares secos do deserto, na terra salgada e inabitável. Bendito o homem que confia no Senhor, e cuja confiança é o Senhor” (Jr 17.5-7). O assunto desta não podia ser outro. Barack Obama foi reconduzido por mais quatro anos à presidência dos Estados Unidos. O mundo falou disso em jornais, noticiários da TV, sites, blogs, Facebook e Twitter. Uma imagem ficou marcada no dia 7 de novembro de 2012: a primeira tuitada de Obama após a vitória mostra o abraço do presidente reeleito em sua mulher Michele. “Com mais de 2,1 milhões de ‘Curtir’, a foto de Barack Obama foi a mais curtida de todos os tempos”, informou o Facebook em sua página dedicada à imprensa. Na manhã da quarta-feira, a foto já havia sido “curtida” mais de 3,2 milhões de vezes e havia sido compartilhada quase 400 mil vezes. São os tempos da rede social. Vi alguns comentários no Facebook sobre a vitória de Obama. Alguns chamaram minha atenção: “Obama é o cara!”, “Graças a Deus, ele ganhou”, “O mundo vai ficar melhor com ele”, “Vai ser bom para o Brasil”… e por aí vai. OK! Obama vai continuar comandando a maior potência econômica do nosso planeta. Também está em suas mãos o maior poderio bélico da terra, suficiente para aniquilar o planeta pelo menos umas 10 vezes. Enalteço o fato de ele ter sido o primeiro negro a assumir a presidência dos Estados Unidos, um
país que por anos - e ainda hoje – tem sérios problemas com a questão racial. Sim, Obama venceu! Mas ele não é Deus! O problema do ser humano é, sempre foi e será confiar no ser humano. Seres humanos são imperfeitos. Seres humanos têm suas paixões, desejos e interesses íntimos que contrariam, muitas vezes, seus próprios amigos. Seres humanos vivem em um mundo carnal, corruptível, materialista. Seres humanos erram o alvo. Seres humanos pecam. O problema de depositar a confiança em seres humanos é que, mais cedo ou mais tarde, eles nos frustram com seus atos. Magoam-nos e acabamos por perder a confiança neles. Jeremias, o profeta chorão, entendeu muito bem o recado de Deus. Ele foi até mais contundente que minhas palavras aqui: “Maldito aquele que confia no homem, principalmente daquele que o afasta de Deus”. Nosso olhar, nossa vida e nossas esperanças devem estar em Deus. Naquele que tudo pode, naquele que é o maior interessado em nosso sucesso pessoal, profissional, sentimental e principalmente espiritual. Existem pessoas que admiro. Gente com história bonita de vida e que me motiva a seguir em frente. Gente que, com seu exemplo, me mostra que posso ir além, que posso conseguir o que quero. Entretanto, confiança mesmo só em Deus! Naquele que sabe o que é melhor para mim, para minha família e para minha vida! Parabéns, Mr. President! Você fez por merecer. Governe bem o seu país. Aprenda a confiar nas pessoas certas, mas saiba que o melhor é confiar em Deus. O Presbítero Eduardo Magalhães é da 1ª IPI de Bauru, SP
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INTERNET INTERNET VISÍVEL
Segundo a UNICEF, cerca de 1,2 milhões de crianças são vítimas de tráfico humano anualmente. Na Deep Web, é possível encontrar tabelas de preço relacionado a este crime. Este é um local intocado pelas autoridades. Neste meio, ninguém se inibe.
O submundo da internet DORISEDSON LONGO
A internet é, sem dúvida, o meio de comunicação mais democrático que existe, pois, através dela, podemos nos comunicar com qualquer pessoa, em qualquer lugar e de diversas formas. Talvez por este motivo é que, ao longo do tempo, vem sendo aprimorada como principal ferramenta de comunicação. Todos sabemos que, para se ter acesso a este mundo, temos de ter equipamentos com mecanismos de navegação de internet ou simplesmente os navegadores. Sabemos também que existem outros meios de acesso, como os e-mails, que trafegam pela internet, porém, em muitos casos, não dependem dos navegadores. São acessados através de clientes de e-mail ou acessados através dos apps dos tablets ou smartfones. Seja por qualquer meio que se
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(ONDE NAVEGAMOS)
SEITAS DROGAS CRACKERS HACKERS
MÁFIAS TERRORISMO CRIMINOSOS ONGS
queira acessar a internet, ela é feita através de um endereço a que se queira ter acesso. O órgão no Brasil responsável pelos endereços de internet é o CGI ou Conselho Gestor de Internet. Existe um conselho gestor em cada país, às vezes mais de um, e este é responsável por manter registrado o chamado domínio, que nada mais é que o endereço. Consequentemente, todo endereço de internet no mundo é indexado e, sendo assim, pode ser encontrado através de um sistema de busca de endereços, os chamados buscadores. Certamente, o mais conhecido é o Google, mas existem outros. Desta forma, “tudo que acessamos” na internet é registrado em nome de alguém e, consequentemente, é possível localizar seu mantenedor, caso necessário. Isto ocorre quando alguém publica, por exemplo, alguma coisa indevida, seja ela uma foto, documento, programa, vídeo ou música. Nesse caso, o dono do endereço é localizado através do CGI, pois todos os dados cadastrais estão livremente disponíveis a qualquer pessoa. Mas existe uma internet que não está registrada nos gestores e, portanto, seus endereços estão desindexados, ou seja, não é possível serem localizados através de um buscador, nem saber os dados do proprietário do endereço através de um local. Esta internet é chamada de Deep Web ou Internet Profunda. Considerada por muitos como o submundo da internet, ela é responsável por mais de 95% do conteúdo da internet. Nesta parte da internet (desconhecida para a grande maioria dos usuários de internet), estão
os endereços das pessoas que preferem não ser identificadas, como grupo de estudos específicos, ou áreas de transferências de arquivos de uma empresa multinacional, que anteriormente era feita por meio de um linha especial. Porém, com a massificação da internet, estas transferências ocorrem por um custo infinitamente menor, mais rápido e com o mesmo sigilo. Por outro lado, por ser um meio restrito, se torna ideal para prática de vários meios ilícitos como, por exemplo, a pirataria. Foi deste meio que surgiram as informações que abalaram as estruturas das grandes potências mundiais, publicados pelo site WIKILEAKS. São documentos que já eram conhecidos por quem navegava pela Deep Web, mas totalmente desconhecidos do grande público. Algumas ferramentas conhecidas da Deep Web (mesmo sendo a parte mais “rasa”) são utilizadas frequentemente por muita gente (mesmo não sabendo do que se trata efetivamente). São os TORRENTS e os P2P (E-MULE e ARES), mas, para um acesso às áreas mais profundas e que possam conter conteúdos mais perturbadores e ilegais, é necessário um navegador mais poderoso que os conhecidos CHROME ou OPERA. Trata-se do TOR, que é um conjunto de ferramentas que se integra ao FIREFOX, possibilitando assim a navegação neste meio. É através do TOR que temos acesso às profundezas da WEB. Como dito anteriormente, por se tratar de um meio exclusivo, nele é possível encontrar frequentemente informações, documentos, imagens, programas e vídeos não apenas ilegais no sentido au-
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toral, mas também ilegal no sentido mais amplo. É neste meio que se encontram os assassinos profissionais promovendo seus serviços, grupos separatistas marcando reuniões secretas, imagens e vídeos de assassinatos como constatação do serviço efetuado, grupos neonazistas distribuindo material de ódio racial, pedófilos solicitando crianças como “mercadorias”, traficantes de seres humanos, venda de armas e drogas, venda de órgãos humanos, parafilias de todos os gêneros imagináveis, dentre inúmeras outras atrocidades. Assim, possivelmente os criminosos relacionados aos desaparecimentos não solucionados pela polícia podem estar agindo através da Deep Web. Segundo a UNICEF, cerca de 1,2 milhões de crianças são vítimas de tráfico humano anualmente. Na Deep Web, é possível encontrar tabelas de preço relacionado a este crime. Este é um local intocado pelas autoridades. Neste meio, ninguém se inibe. Literalmente tudo acontece e o que é mais aterrorizante é que, após o anúncio do governo norte-americano sobre o fechamento dos endereços eletrônicos de compartilhamento de arquivos, iniciado em 17 de janeiro de 2012, praticamente todas as informações que estavam disponíveis na internet indexada foram redirecionadas para a Deep Web, tornando este meio a nova onda da internet. Sendo assim, tenho o dever de informar a todos sobre mais este meio que, infelizmente, está sendo utilizado para a destruição do ser humano. O Doriedson, analista de sistema, é membro da 1ª IPI de Santo André, SP
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MELHOR IDADE
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Síndrome pósaposentadoria: como evitar?
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REV. DANIEL DUTRA
Aos 98 anos, Ella May Stumpe aprendeu sozinha a usar o computador. Cinco anos depois, aos 103 anos, ela havia escrito vários livros, um deles intitulado “Minha Vida”. Muitos na aposentadoria acabam aposentando tudo: sonhos, projetos e até mesmo a fé. Todos nós passamos pelo chamado ciclo da vida: infância, juventude, maturidade e terceira idade. Depois de anos de trabalho e produtividade, chega a hora de se aposentar. Para muitos, “pendurar as chuteiras” pode ser um tormento. A falta de atividade e o tempo desocupado podem levar muitos idosos à depressão e a outras séries de doenças associadas ao mal da ociosidade. Muitos se sentem inúteis e sem serventia. Aposentar-se é uma ideia relativamente nova. Surgiu em países industrializados durante o final do século XIX e início do século XX à medida que a expectativa de vida
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aumentou. A aposentadoria não apenas altera a renda da família, mas também pode causar mudanças na divisão do trabalho doméstico, na relação conjugal e na distribuição do poder. Também existe o que chamamos de preconceito da terceira idade. O Brasil é o 2° país que mais faz cirurgias plásticas e o 3° no ranking em vendas de cosméticos no mundo. Numa sociedade que valoriza os cosméticos e as cirurgias plásticas, é claro que os idosos são desfavorecidos. Devemos resgatar o valor da melhor idade! No Japão, a velhice é marca de status. O salmista afirma: “Na velhice darão ainda frutos, serão cheios de seiva e de verdor” (Sl 92.14). Sem falar que, em alguns anos, devido ao progresso da medicina e estilos de vida mais saudáveis, haverá um aumento da população da terceira idade. Tanto é que as empresas de turismo já vislumbram este mercado. Não há idade para sonhar e tentar novos planos e proje-
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O que podemos fazer? Aos 98 anos, Ella May Stumpe aprendeu sozinha a usar o computador
tos. Winston Churchill assumiu o cargo de primeiro-ministro da Inglaterra aos 66 anos de idade, liderando a frente vitoriosa que barrou o avanço sanguinário de Adolf Hitler durante a Segunda Guerra Mundial. Roberto Marinho, presidente das Organizações Globo, estava com 62 anos de idade quando começou um novo projeto em sua vida, tornando-se um dos maiores empresários de comunicação do mundo. A Bíblia fala que Abraão começou a andar com Deus aos 75 anos de idade e estava com 100 anos quando recebeu em seus braços o filho da promessa: “Sara concebeu e deu à luz um filho a Abraão na sua velhice, no tempo determinado, de que Deus lhe falara” (Gn 21.2). Quando a maior parte das pessoas já pensava em descansar, Abraão estava apenas começando uma gloriosa aventura com Deus: “Expirou Abraão; morreu em ditosa velhice”.
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(Gn 25.8). Moisés estava com 80 anos de idade quando foi chamado por Deus para a maior missão da sua vida, libertar o povo de Israel do cativeiro do Egito. Calebe, aos 85 anos de idade, estava ainda cheio de vigor e sonhos, entusiasmado com os planos para tomar a cidade de Hebrom e conquistar novos horizontes em sua vida. Davi também é um exemplo. Seu exército não permitia que ele saísse para batalha, pois era o conselheiro e aquele que usava sua experiência para orientar o povo: “Nunca mais sairás conosco à peleja, para que não apagues a lâmpada de Israel” (2Sm 21.1517). Ele mesmo diz: “Fui moço e já, agora, sou velho, porém jamais vi o justo desamparado, nem a sua descendência a mendigar o pão” (Sl 37.25). O livro de Provérbios nos ensina o valor deste tempo em nossa vida: “Coroa de honra são as cãs, quando se acham no cami-
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• 1) Aceitar
Esta fase da vida é parte do plano de Deus. A Bíblia registra os desafios desta etapa: “Quanto aos mais atos de Asa, e a todo o seu poder, e a tudo quanto fez, e às cidades que edificou, porventura, não estão escritos no Livro da História dos Reis de Judá? Porém, no tempo da sua velhice, padeceu dos pés” (1Rs 15.23). O livro de Eclesiastes diz: “Lembra-te do teu Criador nos dias da tua mocidade, antes que venham os maus dias, e cheguem os anos dos quais dirás: Não tenho neles prazer” (Ec 12.1). Sabemos que é um momento difícil. Tornamo-nos mais dependentes dos outros e enfrentamos desafios físicos. A velhice pode ser um momento solitário, com filhos espalhados, lidando com a saudade do cônjuge e amigos que já se foram.
• 2) Sonhar
Não há idade para sonhar. O sonho é o combustível da vida.
nho da justiça” (Pv 16.31). Spurgeon nomeia o Salmo 71 de Salmo do crente idoso, mostrando que, ainda na aposentadoria, é possível ser um missionário e evangelista: “Tu és a minha espe-
rança, Senhor Deus, a minha confiança desde a minha mocidade. Não me rejeites na minha velhice; quando me faltarem as forças, não me desampares. Tu me tens ensinado, ó Deus, desde a minha mocidade; e até
agora tenho anunciado as tuas maravilhas.Não me desampares, pois, ó Deus, até à minha velhice e às cãs; até que eu tenha declarado à presente geração a tua força e às vindouras o teu poder” (Sl 71).
Sabemos que é um momento difícisl.outros Tornamo-nos mais dependente dovelhice e enfrentamos desafios físicos. Acom filhos pode ser um momento solitário, ade do espalhados, lidando com a saudm. cônjuge e amigos que já se fora A vida é um grande sonho e viver é a arte de realizar esse sonho. Um sonho dá vigor ao ser humano, aquece o coração, robustece a fé, renova a esperança, restaura as forças e torna possível o impossível. John H. Glenn Jr. decolou do Centro Espacial Kennedy em 29/10/1998, como especialista em carga útil na nave Discovery, e se tornou um pioneiro pelo fato de ter 77 anos e ser a pessoa mais velha que já esteve no espaço sideral. O arquiteto Oscar Niemeyer aceitou fazer um projeto aos 100 anos de idade. Hebe Camargo morreu com 83 anos e até seus últimos dias de vida era influente, ativa e admirada apresentadora de televisão. Billy Graham, apesar da luta com a sua audição, visão e outros problemas de saúde, em sua nona década continuou a fazer o que ele fez com todos os presidentes norte-americanos. Em 2011, ele se reuniu e orou com o presidente Obama e, em dezembro do mesmo ano, se encontrou novamente com o ex-presidente George W. Bush. Embora rara-
mente apareça em público, seu filho Franklin Graham disse que seu pai gostaria de pregar novamente.
• 3) Cuidar-se
Muitas pessoas nesta idade não se alimentam tão bem quanto deveriam. A alimentação deve ser levada a sério, pois dará disposição e vitalidade. Não esquecendo a atividade física, a caminhada é um exercício indicado a todas as idades.
• 4) Envolver-se
Participação na igreja é fundamental. Nesta idade, a sabedoria, o conhecimento bíblico e o tempo livre podem ser de grande valia a qualquer comunidade. O voluntariado e o trabalho em diversos grupos de apoio são indicados. É importante investir tempo nos netos e prepará-los para a caminhada cristã: “Pela recordação que guardo de tua fé sem fingimento, a mesma que, primeiramente, habitou em tua avó Lóide e em tua mãe Eunice, e estou certo de que também,
em ti” (2Tm 2.5).
• 5) Pensar no céu
À medida que envelhecemos, devemos focalizar não só o presente, mas também o porvir: “Deve-se aprender a viver por toda a vida e, por mais que te admires, durante toda a vida se deve aprender a morrer” (Filosofo Sêneca). Conhecemos a Cristo e sabemos que temos “uma herança incorruptível, sem mácula, imarcescível, reservada nos céus” (1Pe 1.4). Pensar no céu é crer que Ele “enxugará dos olhos toda lágrima, já não haverá luto, nem pranto, nem dor” (Ap 21.4). O Rev. Daniel Dutra é psicólogo e pastor da IPI em Rondonópolis, MT
Referências bibliográficas LOPES, Hernandes Dias. Vencendo Gigantes. PAPALIA, Diane E. Desenvolvimento Humano. SPURGEON, Charles H. Esboço Bíblico de Salmos.
www.pastordanieldutra.blogspot.com
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SAÚDE
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O doente e a dor
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REV. LUIZ HENRIQUE DOS REIS
A Organização Mundial da Saúde, em 1990, estabeleceu “que são da maior importância: o controle da dor e outros sintomas, como também os psicológicos, espirituais e sociais”. Observando o ser humano como ser integral, é com justiça que se devem aplicar todos os recursos, paliativos ou curativos, conforme o caso, para que o doente não sofra dores, perturbações, angústias e desesperos de quaisquer ordens. As preocupações continuam mais tarde, com a introdução do conceito de humanização nas comunidades hospitalares e, até mesmo, atribuindo-se aos meios religiosos a responsabilidade pela diminuição das dores provocadas pela culpa, invasoras da alma e geradoras de conflitos íntimos. O Dr. Renée Sebag-Lanoé afirma que “não há paciente para o qual nada se possa fazer, visando minimizar-lhe a dor física e a dor da alma”. Sabemos, contudo, que as estruturas particulares de bom atendimento, no âmbito médico-hospitalar, são acessíveis para uma minoria financeiramente alicerçada. As estruturas públicas promotoras de saúde não são plenamente disponíveis. Há falta de hospitais, equipamentos adequados, medicamentos eficazes, recursos humanos capacitados e suficientes, além do indispensável sentimento cristão para conforto, apoio e ajuda. O Chanceler W. Brandt constatou, em 1972, uma dificuldade ainda presente 40 anos depois: “O sentimento de humanidade precisa sempre do indivíduo particular. Mas a comunidade pode criar condições estruturais e econômicas para ser mais humana, visando proteger os doentes”. Há, nesse conceito, uma opção de atuação sócio-evangelística para as comunidades religiosas. Trata-se da oportunidade de se utilizar noções de liderança, organização e gestão para se diminuir a dor e a sensação de abandono sofrida pelo doente, utilizando-se da base do tratamento de Jesus: “Naquele tempo, um leproso chegou perto de Jesus, e de joelhos pediu: Se queres, tens o poder de curar-me. Jesus, cheio de compaixão, estendeu a mão, tocou nele e disse: Eu quero: Fica curado! No mesmo instante, a lepra desapareceu, e ele ficou curado” (Mc 1.40-42). O desejo de propiciar a cura deve ser maior do que, de fato, curar. Narramos, a seguir, a experiência de uma mulher que viveu a angústia da dor e do abandono. Aos 42 anos de idade, nunca visitara um médico. Percebeu sua barriga inchada, desconforto abdominal e digestão complicada. Iniciou sua jornada em busca de diagnóstico, tratamento e da solução do problema. Depois de visitar o posto
de saúde do bairro durante quatro semanas, conseguiu consulta para noventa dias mais tarde. Nesse meio tempo, sua situação se agravou, precisando ser internada às pressas na Santa Casa de Misericórdia. Dores abdominais insuportáveis a levaram a gritar prolongadamente. Depois de quatro meses, o câncer no estômago foi diagnosticado em estágio avançado. Pouco ou quase nada poderia ser feito para solucionar o problema. Sentiu-se descartada pelos médicos, pois a deixaram sofrendo dores até aquele momento e, depois dele, não lhe ofereceram ajuda para suportar o sofrimento. Nós a conhecemos numa tarde de sexta-feira. Sem uma nítida formação ou experiência religiosa, nos recebeu tranqüila, pois fomos indicados por pessoa de sua confiança. Estimulamos a conversa. Ela ficou à vontade para falar de tudo o que desejasse. Tivemos, depois de seu importante esvaziamento, a oportunidade de lhe falar sobre Jesus. Demonstrou admiração pela figura amiga e fraterna do Senhor, especialmente, quando lhe atribuímos a condição de supremo salvador: “Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei” (Mt 11.28). Confessou, naquela tarde gloriosa, a Cristo como Senhor e aguardava ansiosamente pelas oportunidades de leitura da Palavra e das orações. Foi espiritualmente depositando o fardo de suas dores e dramas nas mãos redentoras do Mestre. O inevitável aconteceu. Sem tratamento efetivo e medicamentos capazes de conter a dor, foi levada às pressas à Santa Casa. O médico ofereceu-lhe alguns medicamentos e a encaminhou de volta ao lar. Correndo ao seu encontro, ouvi linda declaração de fé: "Não poderei dar testemunho em sua igreja da minha cura, como era desejo do meu coração. Contudo, estou em paz e feliz, pois Jesus está me esperando, no céu, de braços abertos. Tenho certeza da graça de Deus e da minha salvação". À noite, recebi o telefonema de que havia se despedido da vida em casa, encolhendo-se de dor, mas tranqüila e confiante na libertação do sofrimento e da dor. Creio que podemos fazer mais do que acolher o doente e sua dor. Podemos e devemos trabalhar por seu atendimento no tempo certo, recebendo o tratamento adequado e a ajuda indispensável, com toques de dignidade e respeito pelos quais clamam nossa humanidade. Contudo, indispensável é a salvação para o doente e apoio fraterno até o final. Fomos chamados e vocacionados por Deus para essa gratificante tarefa. O Rev. Luiz Henrique é pastor titular da IPI Ebenézer, Limeira, SP luiz.reis@creci.org.br
Creio que podemos fazer mais do que acolher o doente e sua dor. Podemos e devemos trabalhar por seu atendimento no tempo certo, recebendo o tratamento adequado e a ajuda indispensável, com toques de dignidade e respeito pelos quais clamam nossa humanidade. A Revista da Família
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EDUCAÇÃO CRISTÃ
Os evangélicos e a pósmodernidade
REV. ADILSON DE SOUZA FILHO
O termo “evangélico”, segundo conceito usual, possui raízes tipicamente do movimento “Evangelical” protestante e é extremamente dependente de suas principais sementes germinadoras conhecidas por puritanismo inglês e pietismo alemão. O puritanismo foi o primeiro movimento de contestação realmente expressivo dentro do protestantismo. Nasceu no período da reforma da Igreja da Inglaterra comandada por Henrique VIII. As tensões foram levantadas principalmente por exilados políticos que retornavam de Genebra, que fi52 Alvorada
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caram impressionados com tamanha ênfase na conduta moral presente no protestantismo genebrino. Também muitos ingleses, retornando de Genebra, depois de influenciados pelos hábitos morais calvinistas, pretendiam que o mesmo acontecesse na Inglaterra. Tanto reformas litúrgicas quanto morais foram tão disseminadas na Igreja da Inglaterra que ela difundiu uma influência total na cultura inglesa nos anos seguintes, especialmente no que se refere à sobriedade, ao autocontrole e à busca incessante de metas espirituais. E estas características morais e espirituais
divulgação
Billy Graham na década de 50
William Franklin Graham
1MA1RÇDOE DIA DA
EDUCAÇÃO CRISTÃ são as mesmas que tornam o puritanismo semelhante ao movimento pietista e, posteriormente, ambos serão modelos de movimentos semelhantes em várias regiões do ocidente cristão. O pietismo alemão surgiu em território luterano em fins do século XVII e contribuiu intensamente para a transformação interna da tradição ortodoxa luterana. O desenvolvimento desta tendência pietista demonstrava uma total necessidade de relação pessoal com Deus, para se combater a burocratização da fé praticada pela ortodoxia. Os pietistas, o principal deles Filipe Jacob Spener, escreve-
ram suas teorias referindo-se sempre a Lutero. Spener demonstrou que todos os elementos dos pietismo já estavam presentes no jovem Lutero e que a ortodoxia se encarregou de afastá-los em favor do conteúdo objetivo da doutrina. Os pietistas achavam que as almas humanas, onde quer que estivessem, deveriam ser salvas por meio da conversão. Assim, começaram o trabalho missionário em terras estrangeiras, coisa que lhes deu perspectivas históricas mundiais. Outro ponto forte do pietismo foi a defesa da ideia de que a igreja não era apenas grupo de pessoas com m A Revista da Família
Nascido em 1918, de origem batista, ficou mundialmente conhecido. Promovia pequenas reuniões evangelísticas em igrejas, escolas e praças públicas. Mas, em 1949, ele organizou sua primeira grande campanha de repercussão nacional, em Los Angeles. Billy Graham cativava os empresários com frases do tipo: “O paraíso é um lugar sem reclamações de sindicatos, sem serpentes, sem fracassos”. Muitos bem-sucedidos empresários americanos se encarregaram de popularizar Billy Graham entre os magnatas. Adotou a postura tolerante para com os cristãos não-fundamentalistas, buscando apoio até mesmo de grupos liberais para suas campanhas. Isso causou ruptura entre os grupos evangelicais, principalmente porque pedira apoio ao Conselho Mundial de Igrejas. No período da década de 50, portanto, já se conheciam, pelo menos, três linhas do protestantismo: a ecumênica, representada internacionalmente pelo CMI, considerada de “esquerda”; a fundamentalista “clássica”, organizada em torno do Conselho Americano de Igrejas Cristãs, considerada de “direita”; e finalmente os evangelicais, oriundos dos círculos fundamentalistas “menos radicais”.
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a finalidade de ouvir a Palavra. Ela se compõe não só de ministros, mas também de leigos. Os leigos devem participar ativamente nas funções sacerdotais em diferentes lugares – às vezes na igreja, mas principalmente em suas casas – dedicando-se à caritas pietatis e sempre sublinhando a questão importantíssima da conversão. O pietismo também influenciou a moral no mundo protestante. No fim do século XVII, a situação na Europa era desastrosa. A Guerra dos Trinta Anos semeara por toda parte dissolução e caos. Os teólogos ortodoxos não fizeram muita coisa para modificar a situação. Os pietistas, ao contrário, procuraram reunir os cristãos individualmente dispostos a aceitar o fardo e a libertação da vida cristã; a santificação era a ideia dominante. A santificação individual envolvia a negação do amor pelo mundo. Os pietistas mais radicais lutavam contra os bailes, o teatro, os jogos, as vestes suntuosas, os banquetes, as conversações superficiais da vida cotidiana, relembrando, assim, a atitude dos puritanos. Os teólogos ortodoxos reagiram firmemente ao ataque dos pietistas. Digladiaram-se em muitos pontos, mas, no final das contas, o movimento pietista mostrou-se superior porque se aliava às tendências da época, distante do estrito objetivismo e do autoritarismo dos séculos XVI e XVII, favorecendo o princípio da autonomia surgido nos dois séculos seguintes. Para o Prof. Antonio Gouvêa Mendonça, em relação ao
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protestantismo brasileiro de missão com os movimentos pentecostais e neo-pentecostais, as igrejas tradicionais de origem missionária não conseguiram inserir-se na sociedade brasileira, mesmo depois de algumas terem se afastado das missões estrangeiras. Sendo igrejas de classe média e propensas à manutenção do discurso lógico-teológico e intelectualizado, não atraem a massa de assalariados pobres. O elemento simbólico, importante em todas as religiões, foi praticamente perdido pelas igrejas tradicionais de origem missionária. Em contrapartida, o movimento pentecostal e neo-pentecostal, ou se quisermos classificá-lo como evangelical, adaptou-se naturalmente à cultura latino-americana, brasileira. De um modo geral, tudo isso tem a ver com outro movimento descrito como pós-modernidade, oriundo da filosofia ocidental. Em linhas gerais, a pós-modernidade tem a ver com a tendência, sobretudo ocidental, de se desconstruir valores sociais sedimentados nas culturas. Tenho dito que a pós-modernidade pode ser comparada à lei da gravidade, pois, sabendo ou não o que significa, você já foi, é ou será afetado por ela. É exatamente isso que temos presenciado em nosso tempo. Uma total relativização dos valores morais, éticos, religiosos, culturais, políticos, econômicos... Ou seja, uma verdadeira revolução social. De modo intenso, temos experimentado – direta e indiretamente – o
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gosto paradoxal do doce e amargo advento da pós-modernidade. Diante disso, uma revisitação histórica aos movimentos evangelicais torna-se tarefa indispensável para que possamos ressignificar os valores desconstruídos de nosso tempo. A tarefa da educação cristã não deve apontar para o único foco da crítica às mudanças ocorridas em nosso tempo; e nem tampouco deve pregar um retorno cego àquilo que a cultura pós-moderna de nosso tempo aboliu. Para tanto, acreditamos que a solução está na necessária leitura sócio-religiosa e teológica da sociedade atual. Nós, pastores e pastoras, oficiais, líderes leigos e todo o povo de Deus, precisamos fazer as leituras adequadas do tempo que estamos vivendo. Sugiro que comecemos nossa tarefa lendo adequadamente o nosso passado “recente”. Dois grandes avivamentos foram os principais responsáveis pela significativa mudança religiosa nos Estados Unidos e, por extensão missionária, o Brasil passa atualmente pelo mesmo processo; a única diferença é que a expressão “avivamento” já caiu em desuso. Porém, os efeitos são os mesmos. De um lado, as igrejas históricas vêm tornando-se irrelevantes para a maioria da população brasileira; do outro lado, multidões se aglomeram nos templos simbólicos dos milagres. Nos movimentos situados entre os séculos XVIII e XIX, ambos enfatizavam a necessidade da experiência religiosa da
Numa palavra, ousamos dizer que a pós-modernidade é um protesto “profético”, na contramão da profecia, contra os interesses escusos de líderes e autoridades que deveriam dar testemunho cristão e não o fazem. conversão como iniciação à vida cristã e o legalismo ético. O primeiro grande avivamento atingiu particularmente os presbiterianos e congregacionais que se estabeleceram no oeste americano. As condições de vida na fronteira do oeste diferiam bastante do leste já colonizado. Tudo ali estava para ser conquistado e construído. Multidões rumavam para lá em busca de vida melhor. Houve uma grande corrida em busca das riquezas minerais e de terras; imperou a lei do mais forte. Aos índios foi negado o direito de propriedade de suas próprias terras. Este contexto é semelhante ao que podemos encontrar na colonização da América Latina. A crise social do oeste norte-americano tornou-se alvo exclusivo dos movimentos avivalistas. O teólogo Richard Niebuhr mostrou que tais características sociais contribuíram decisivamente para o “sucesso” do primeiro avivamento. Nos acampamentos religiosos e nas reuniões políticas convencionais, o discurso lógico não levava vantagem, enquanto que a linguagem de excitamento suscitava entusiástica resposta. Este é o mesmo cenário e contexto que estamos vivendo no Brasil. O primeiro avivamento durou cerca de quarenta anos, declinando após a morte de Edwards, em 1758. O Fundamentalismo é um movimento interdenominacional que floresceu e se desenvolveu nas últimas décadas do século XIX e início do XX, no protestantismo norte-americano.
Carl McIntire, norte-americano, presbiteriano de origem, que fundou nos EUA, em 1941, o Conselho Americano de Igrejas Cristãs. O seu objetivo de fundo era opor-se ao Conselho Federal de Igrejas de Cristo na América. Mais tarde, o próprio McIntire fundou, internacionalmente, um órgão fundamentalista para contrastar com o Conselho Mundial de Igrejas. Um influente grupo dentro dos fundamentalistas, tido como moderado, organizado em torno da Associação Nacional dos Evangélicos do EUA, abandonou o confronto com McIntire e procurou transformar suas igrejas locais a partir da mensagem de conversão (velha, porém, eficiente estratégia de guerra dos avivalistas “evangelicais”). Um ano após a criação desta associação, nasce outra, formada por alguns de seus “ex-líderes”, denominada de “Mocidade Para Cristo,” em 1943. É desta nova associação que o mundo viria a conhecer o “fenômeno” Billy Graham, nome inevitável na história mundial do Movimento Evangelical após a metade do século XX. Portanto, concluímos que a tarefa da educação cristã não se resume apenas ao ensino das Escrituras. Deve passar também pela incansável busca da leitura de nossos passos históricos, procurando entender os tantos movimentos religiosos e culturais que ainda ecoam em nosso tempo. Muitos deles têm soprado um hálito medieval, retrógrado e irrelevante, “financiando”
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ingenuamente a abertura justificável ao advento da pós-modernidade; isto é, milhares de pessoas de nosso tempo estão cansadas de tantos desencontros, escândalos, ganância e opulência patrocinados por denominações cristãs. Como exemplo, vale mencionar que, no último censo, o índice que mais cresceu no Brasil foi o dos a-religiosos; e, em São Paulo, uma pesquisa realizada em março de 2012 mostrou que um número considerável de pessoas que se declaram evangélicas disse não ter igreja fixa, pois, a cada semana, congrega em uma igreja diferente. Bem vindo ao fenômeno da pós-modernidade! Numa palavra, ousamos dizer que a pós-modernidade é um protesto “profético”, na contramão da profecia, contra os interesses escusos de líderes e autoridades que deveriam dar testemunho cristão e não o fazem. Mas é também um balde de água fria sobre as igrejas históricas que se recusam a ler com lentes pós-modernas a sociedade de nosso tempo, esvaziando seus templos. É por isso que nós presbiterianos independentes lutamos tanto para oferecer formação teológica adequada aos nossos pastores e pastoras, para poderem enfrentar com sabedoria todas essas tendências sócio-religiosas da história e da contemporaneidade. Precisamos aprender com o exemplo do grande líder Davi que buscou pessoas capazes de interpretar as mudanças sócio-culturais de sua época: dos filhos de Issacar, conhecedores da época, para saberem o que Israel devia fazer (1Cr 12.32). O Rev. Adilson de Souza Filho é secretário de Educação Cristã da IPIB
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Autenticidade TIAGO NOGUEIRA DE SOUZA
“Não procurem atalhos para Deus. O mercado está transbordando de fórmulas fáceis e infalíveis para uma vida bem-sucedida que podem ser aplicadas em seu tempo livre. Não caiam nesse golpe, ainda que multidões o recomendem. O caminho para a vida – para Deus! – é difícil e requer dedicação total. Tomem cuidado com os pregadores muito sorridentes: a sinceridade deles é fabricada. Eles não perderão nenhuma oportunidade para depenar vocês. Não fiquem impressionados com o carisma. Procurem o caráter. Importa o que os pregadores são; não o que dizem. Um líder de verdade jamais irá explorar as emoções ou as economias do povo. As árvores doentes com seus frutos podres serão cortadas e queimadas. Saber a senha correta – por exemplo, ‘Senhor, Senhor’ – não levará vocês a nenhum lugar. O que se requer é obediência, é fazer o que meu Pai deseja. Posso até ver a cena: no juízo final, milhares vindo em minha direção e se justificando: ‘Senhor, nós pregamos a mensagem, expulsamos demônios, e todos diziam que nossos projetos eram patrocinados por Deus’. Sabem o que vou responder? ‘Vocês perderam a oportunidade. Tudo que fizeram foi me usar para virarem celebridades. Vocês não me impressionam nem um pouco. Fora daqui!”.
Mateus 7.13-23 (A mensagem)
Autenticidade significa: Caráter do que é autêntico, legítimo, verdadeiro. Nesses versos, Jesus pede autenticidade, ou seja, que sejamos legítimos, verdadeiros, que possamos reconhecer o caráter dos nossos líderes. Ultimamente, tenho observado na televisão, nos programas de rádio, nas conversas com outros amigos pastores, na leitura de livros, o atual crescimento do fenômeno evangélico em nosso país. Vendo a maneira como alguns “pastores” têm usado a mídia e como eles expõem o evangelho, noto que versos como esse, em que Jesus estava falando para uma multidão que eram “ovelhas sem pastor”, viriam bem ao encontro desse momento sócio-espiritual que vivemos. Vejo hoje pastores que têm o seu coração corrompido, conscientemente ou não, mas corrompidos na alma, na mente e no coração. Pastores corrompidos na verdade. Pastores corrompidos na relação com o sagrado e com o divino.
Importa o que os pregadores são; não o que dizem. Um líder de verdade jamais irá explorar as emoções ou as economias do povo.
Homens e mulheres cheios de si mesmos, que não conseguem se esvaziar para ser e manter comunhão com outros homens e mulheres. São líderes que fazem uso da fé e do desespero alheios, de modo a poderem alcançar seus próprios objetivos, de maneira que os “fiéis” possam servir aos interesses desses pastores. Pastores que querem difundir a sua visão, seja ela biblicamente distorcida ou não, querendo desenvolver o seu projeto pessoal em busca desenfreada de poder, de dinheiro, de sexo, de imoralidade. São líderes que estão atuando profissionalmente no segmento evangélico, mas cujos corações estão distantes do evangelho de Jesus Cristo. Seus corações estão distantes das mensagens pregadas, dos livros escritos, das palavras proferidas. Pastores ou líderes corrompidos, oportunistas, iludindo o povo. Não é disso que o povo precisa. Não é isso o que Deus quer. Precisamos de pastores cuidadores. Precisamos de pastores que, orientados pela Palavra, guiem as ovelhas, que não são nossas, mas de Deus. Precisamos de pastores que amem as pessoas, independentemente de como elas são e de como elas estão. Precisamos de líderes que estejam dispostos a conduzir, cuidar, abençoar o rebanho de Deus O Tiago é licenciado na IPI de São Bartolomeu, MG
www.tiagonogueira.com.br
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TESTEMUNHO Anne Elise estava a caminho do Congresso Proclame 2012 e o ônibus em que viajava foi assaltado. Ela não conseguiu chegar ao congresso. Segue seu testemunho sobre o cuidado, o amor, a providência e o poder de Deus
ANNE ELISE B. R.
Era uma hora da manhã e estávamos dormindo quando passamos perto de Cristalina, em Goiás. O ônibus parou e acordei achando que tinha quebrado ou que havia algum problema na estrada, quando ouvi alguém gritando: “É um assalto! Mãos na cabeça!” Levaram-nos para uma estrada de terra e começaram a pedir as coisas: máquinas fotográficas, notebooks, celulares, dinheiro, alianças, etc. Jamais passei por isso em minha vida. Tentei esconder meu celular e o dinheiro que tinha no exato momento em que eles começaram a gritar: “Se eu achar algo escondido, vai ter fogo aqui!” Entreguei tudo o que eles queriam. Havia um caminhão ao nosso lado e, mais acima, um ônibus que tinha sido assaltado antes de nós. Em todos os momentos, eu pensava que não havia mais nada a fazer, além de ter fé. Eu me perguntava quando isso iria terminar e o que iria acontecer conosco. Vinha uma paz dentro de mim e um único pensamento: “Fé! Você fala muito em fé! É hora de acreditar!” Eu pensava: “Eu sei que o Senhor não me trouxe aqui para morrer assim! Sei que o objetivo não é esse!” E nisso ficamos até cerca de 4 horas da manhã. Os assaltantes não machucaram ninguém. Pegaram tudo que podiam. Nos deixaram no escuro e com todas as cortinas fechadas. Atiraram em todos os pneus do ônibus, entraram num carro branco e fugiram. Depois que eles saíram, oramos todos juntos. Com muito medo, não sabíamos se ficávamos dentro do ônibus ou se iríamos para a beira da pista buscar ajuda. Resolvemos sair. Não tínhamos a menor noção de onde estávamos nem para onde iríamos; duas pessoas conseguiram ficar com o celular, mas não tinha sinal. Começou a chover e tivemos que voltar ao ônibus. A polícia chegou aproximadamente às 5 horas da manhã. Outro ônibus chegou para nos tirar daquele lugar por volta das 7 horas. Deus me trouxe à memória um pedido que havia feito a ele no sábado anterior a essa semana: “Senhor, dá-me uma experiência contigo...”. E Ele me deu. Quando fui saindo do estado de choque, me senti muito abalada, mas, em todo momento, percebi o cuidado, o amor, a providência e o poder do Senhor em mim. Gostaria muito de estar no Proclame. Estava tão animada! Mas Deus tinha outros propósitos e eu estou aqui somente para servi-lo como ele quiser. Precisamos acordar! Precisamos enxergar! Precisamos da presença de Deus, do quebrantamento de nosso coração, da libertação de nossas próprias certezas, de nossa prepotência! Sem isso, é impossível proclamar! Deus tem o controle de tudo e ele sabe de tudo! Deus é mais poderoso do que imaginamos... A Anne Elise é da IPI de Samambaia, DF
A Revista da Família foto: Allison de Carvalho
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CONEXÃO JOVEM
Uma tendência quase que obrigatória WAG ISHII
“Conectividade” é a expressão que define essa geração de jovens e adolescentes, suas influências e seus comportamentos. Nunca houve na história um tempo onde a disponibilidade das informações em tempo real, entretenimento e interatividade fossem expostos à sociedade de forma tão expressiva e acessível através da internet. Há alguns anos, para ter acesso à internet, era preciso sentar-se à frente de um computador conectado a um cabo de rede telefônica. Para quem não tinha o privilégio do acesso em casa, era preciso frequentar uma lan house. Essa realidade tornou-se um passado distante com a rápida evolução tecnológica da conectividade. Defino “conectividade” como a facilidade ou dificuldade do indivíduo em estar conectado à grande de rede mundial de comunicação. E essa dificuldade tem diminuído a cada hora que passa, a ponto de logo não existir mais. Nossos pais nunca imaginariam que pudéssemos nos manter conectados ao mundo inteiro através de um aparelho eletrônico que cabe no bolso. Isso é
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O músico Tiago Viana
demais! Não existem mais limitações de tempo e distância! Em qualquer lugar que eu vou, estou ligado nos acontecimentos e informando o mundo acerca da minha vida. Como se não bastasse essa evolução desenfreada, lugares públicos como lanchonetes e restaurantes, aeroportos, faculdades, estabelecimentos comerciais e até igrejas entraram nessa onda de conectividade disponibilizando sinal Wifi. Isso se tornou uma tendência quase obrigatória, e creio que falta pouco para ser obrigatória. Para essa geração online, passar um fim de semana num acampamento onde não pega celular, sinal wifi nem sinal 3G, produz a sensação de ser abduzido por um ano da Terra. Facebook, Twitter, Orkut, Flog, Ask, Msn, Instagram são palavras do cotidiano dessa geração, acrescentados de um novo vocabulário como download, upload, online, offline, link, avatar, post, curtir, comentar, compartilhar, twittar... Pesquisas apontam que a grande maioria de jovens e adolescentes acessa diariamente, gastando de 3 a 5 horas por dia nas redes sociais virtuais. Isso demonstra a transformação que
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Há outro tipo de conectividade acessível a todos, mas que está sendo afetada nesta geração. Ela se chama relacionamento com Deus.
a conectividade tem feito no modo de pensar, comportamento, rotina de vida e linguagem dessa geração. O jovem de hoje não pensa como o jovem da geração anterior, não se comunica e nem se relaciona como antes. “Não preciso sair de casa para me relacionar com milhares de amigos, fazer novas amizades, estar em vários lugares ao mesmo tempo e viver atualizado de tudo o que acontece no mundo.” Isso é viver online. Há outro tipo de conectividade acessível a todos, mas que está sendo afetada nesta geração. Ela se chama relacionamento com Deus. Jesus disse em João 4.23: “Mas virá o tempo, e, de fato, já chegou, em que os verdadeiros adoradores vão adorar o Pai em espírito e em verdade. Pois são esses que o Pai quer que o adorem.” Essa foi a resposta de Jesus à mulher samaritana diante de uma dúvida acerca de como se relacionar com Deus. “Onde devemos adorar a Deus?” A mulher limitava sua conexão com Deus a tempo e lugar. Assim também muitos de nós limitamos nosso relacionamento com Deus a apenas o momento A Revista da Família
em que passamos dentro do templo ou em uma programação da igreja. Isso se compara ao que falamos sobre conectar-se em uma lan house. Jesus nos traz o entendimento de que há uma conectividade muito mais poderosa do que a internet, sem nenhuma limitação de espaço e tempo disponível para cada filho de Deus. “Deus é Espírito, e por isso os que o adoram devem adorá-lo em espírito e em verdade” (Jo 4.24). Essa conectividade chama-se Espírito. Não importa onde estejamos nem em que momento. Se conectarmos nossa adoração ao Espírito, estaremos online com o céu, recebendo downloads de seu poder, linkados em sua vontade, curtindo e comentando sua Palavra e compartilhando seu amor ao mundo! Nas próximas edições, estaremos aprofundando neste tema e trazendo lições práticas para que o jovem e o adolescente mantenham sua conectividade online com Deus. O Wag é membro da IPI de Rolândia, PR
wagner@ventoimpetuoso.com.br www.facebook.com/prwagishii
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JOVEM
Princesas & sapos GIOVANNI ALECRIM
A espera pelo príncipe encantado ainda bate no coração de muitas meninas e mulheres. Pelo que tenho acompanhado, a busca do “cara ideal” ainda é um fato. Mas eu quero dizer umas verdades para vocês, meninas. Deixem o sapo no brejo; não adianta beijar; o príncipe encantado não existe. Nós, homens, temos uma série de defeitos que carregamos conosco e que, acreditem, não há “recall” que resolva. Todo homem terá um lado brincalhão, outro galã, outro ogro. Esse, eu sei, vocês não suportam, mas lembrem-se
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da Fiona. Ela preferiu ser ogra – continuem princesas, por favor. Brincadeiras à parte, a espera pelo cara certo, no fim das contas, vale a pena. Sim, esperar vale a pena. A falta de homens tem chamado atenção, mas ainda há aquele solteiro, sério, que quer um relacionamento que vale a pena com uma mulher que vale a pena. No fim das contas, o príncipe encantado é aquele que tem o caráter e a educação que não se aprende nas ruas, nas baladas nem na escola, mas em casa. Mesmo que o príncipe curta uma balada e adore as amizades na rua. O que quero que vocês,
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meninas, entendam é que, tirando os narcisistas, os egoístas, os safados, os problemáticos e os mulherengos, ainda há homens que, mesmo não sendo o Robert Pattison, o Johnny Depp e o Leonardo DiCaprio, ainda assim são homens inteligentes, educados e, acreditem, estão solteiros – só não me perguntem onde eles estão. Existem meninos que se encaixam nesta lista, mas que também esperam a menina certa e o momento certo. Mais que um sonho, estes meninos fazem da decisão de ter um relacionamento uma etapa séria da vida e a encaram como oportunidade para crescimento mútuo. Nós, homens, somos mais racionais, pé no chão – mas quando somos sonhadores, vivemos na estratosfera. Por isso, na maioria dos casos, encaramos e lidamos bem com boa parte daquilo que não consideramos ideal numa menina. Ainda assim, meninas, acreditem, um homem apaixonado faz da sua mulher a mais linda do mundo e luta, como um William Wallace pela Escócia, para preservar o coração da mulher que ama. Portanto, jovens, eu vos
escrevo pedindo apenas paciência e oração. Não andem ansiosos com quem vão namorar, casar e ter filhos. Concentrem-se em olhar bem para a pessoa e ver se ali há o caráter, o coração e a fé de quem ama e segue a Cristo. Tudo que está fora disso, acreditem, só vai trazer tristeza. Lembrem-se daquele sábio cara que escreveu o Eclesiastes, aqui expresso na Tradução Contemporânea: “Jovem, aproveite ao máximo a juventude. Desfrute toda essa força e vigor. Siga os impulsos do seu coração e, se algo lhe parecer bom, corra atrás. Mas não se esqueça que nem tudo é permitido: um dia, você terá de responder a Deus por tudo”. Confiem em Deus! Saibam que a juventude é a fase da experimentação, mas sempre com a ressalva de que nem tudo é permitido e que estamos aqui para desfrutar a plenitude de Cristo em nossa família, amizades e relacionamentos. Pra terminar, lembrem-se que não somos perfeitos. Todos temos defeitos!
E eu escolho você com todos seus defeitos E esse jeito torto de ser. Eu escolho você, destino imperfeito, Todo carne, osso e confusão. Eu escolho você, com todos seus defeitos E esse jeito torto de ser. Eu escolho você, destino imperfeito, Todo carne, osso, pele, boca e coração (Escolho você, Sandy, em princípios, meios e fins)
O Rev. Giovanni, secretário do Portal da IPIB, é pastor da IPI Araraquara, SP
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ECOLOGIA
Ações para o desenvolvimento do
Meio Ambiente
2 2 DE MARÇO
DIA MUNDIAL DA
ÁGUA
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IVAN MARCONATO
Em 1993, a Organização das Nações Unidas (ONU), mediante sua assembléia geral, instituiu que 22 de março foi a data escolhida para que se comemorasse o Dia Mundial da Água nos 198 países que fazem parte da organização. A partir dessa escolha, os países membro passaram a realizar muitas atividades com o objetivo de promover a conscientização das pessoas no que se refere aos problemas de abastecimento, conservação e preservação da água potável e todas as suas fontes. Tais atividades não serviram apenas para instruir as pessoas. Essas diretrizes tomadas pela ONU serviram de parâmetro aos governos, setores privados e também às organizações não governamentais. No ano de 2012, o Dia Mundial da Água teve como tema principal dos debates relacionados assuntos relativos à segu-
rança alimentar. Além de comemorarmos o Dia Mundial da Água, comemoramos também em 21 de março o Dia Internacional da Floresta. As árvores, com o passar do tempo, vêm ganhando cada vez mais importância no intuito de se preservar o meio ambiente e de se manter o equilíbrio ambiental. Uma das formas mais eficientes de se combater os problemas causados pelas constantes mudanças climáticas é plantar e cuidar da preservação das árvores. O Instituto Brasileiro da Floresta possui ações voltadas ao plantio de sementes nativas da Mata Atlântica em todo o Brasil. Além dessa ação, há o programa “Planta Árvore”, que disponibiliza áreas devastadas a fim de que empresas privadas patrocinem ações de reflorestamento. Todas as pessoas que protegem e colaboram com a preservação do meio ambiente podem ser conside-
“Desde 2010, os alunos levam pilhas usadas à escola para que as mesmas sejam descartadas em local adequado” declara o diretor. E mais: Berardi também atua na área da sustentabilidade, envolvendo não apenas os alunos, mas os moradores dos bairros próximos à escola. “Também trabalhamos com reciclagem de óleo de cozinha.” As pessoas podem levar o óleo usado e deixar num local apropriado, próximo à secretaria do colégio. Berardi é, desde 2004, diretor da Escola Estadual Mary Moraes, que fica na super quadra Morumbi em São Paulo.
Uma das formas mais eficientes de se combater os problemas causados pelas constantes mudanças climáticas é plantar e cuidar da preservação das árvores. radas Agentes da Defesa Ambiental. O dia 6 de fevereiro foi escolhido para homenagear este profissional. As pessoas que são chamadas de agentes de defesa ambiental são as que trabalham direta ou indiretamente colaborando para o desenvolvimento do meio ambiente de uma maneira sustentável. O educador e diretor de escola Eduardo Berardi é uma dessas pessoas. A escola em que ele trabalha realiza um movimento interessante, não apenas para quem é aluno, mas para a comunidade. O Ivan, jornalista, é membro da 1ª IPI de São Paulo, SP
SEMEIE UMA VIDA, evento realizado na Escola Estadual Mary Moraes, contou com os alunos das 4ª e 5ª séries. Neste dia também foi realizado o plantio simbólico de uma árvore da espécie Pau Brasil.
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LITURGIA Sugestão de liturgia. para a celebração do 120º Aniversário de fundação do jornal “O Estandarte”, preparada pelo secretário de música e liturgia da IPIB, Rev. Emérson Ricardo Pereira dos Reis
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"Arvorai o estandarte às gentes" Orientações
A presente ordem litúrgica é uma sugestão para comemoração do 120º aniversário do órgão oficial da IPI do Brasil. O “Dia de O Estandarte” é o dia 7 de janeiro, que, em 2013, cairá em uma segunda-feira. O culto pode ser realizado na data mais próxima ao dia 7. Entretanto, considerando o período de férias, também é possível escolher outra data, que seja mais apropriada, para a realização dessa celebração. Como sempre, essa ordem litúrgica, com seus textos bíblicos, com suas leituras e com suas músicas, é apenas uma sugestão, que deve ser adaptada livremente, levando-se em conta as necessidades e as características de cada igreja. Outras músicas, outros textos bíblicos, outras leituras, participações de conjuntos da igreja, momentos de oração, poesias etc., podem ser utilizados, respeitando-se o espírito da liturgia e valendo-se da criatividade. Sugerimos usar como símbolo visual na ornamentação da igreja um estandarte (pendão, bandeira). Especialmente, a bandeira da IPIB poderia ser utilizada nessa ocasião. Também poderia ter lugar especial no espaço litúrgico um cartaz ou bandeira com a expressão bíblica de Isaías 62.10: “Arvorai o estandarte às gentes”. Ambos poderiam ser levados à frente no momento inicial do culto, durante o prelúdio ou no momento em que o oficiante faz a acolhida e anuncia o motivo do culto especial.
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Para o momento da leitura das Sagradas Escrituras, um ou mais textos bíblicos podem ser escolhidos para a edificação do povo de Deus e podem servir de base para a pregação da Palavra. Apresentamos como sugestão os seguintes textos: Isaías 62 (um texto de esperança, onde se encontra o versículo que deu origem ao nome do jornal); Salmo 96 (já utilizado na chamada à adoração e que fala de “proclamar a salvação”, “anunciar a glória de Deus e as suas maravilhas”, missão também do jornal); Lucas 1.1-4 e Atos dos Apóstolos 1.1-5 (o evangelista Lucas escreveu esses dois livros para comunicar a Teófilo o evangelho e para anunciar o que se passava na vida das igrejas; para isto também serve o nosso jornal); João 20.30-31 (João escreveu o seu evangelho para que as pessoas conhecessem os “sinais” feitos por Jesus Cristo e cressem nele; nosso jornal também é texto escrito para anunciar a Jesus); 1 Coríntios 12.12-27 (texto de Paulo que anuncia que a igreja é um corpo formado por muitos membros e que cada membro deve se importar com o outro; O Estandarte nos ajuda a saber o que se passa em nossas igrejas e com nossos irmãos e irmãs; somos um só corpo em Cristo e devemos nos importar com os outros). Se sua igreja realizar culto comemorativo do 120° aniversário de nosso querido jornal, encaminhe posteriormente matéria para publicação em O Estandarte ou na Alvorada!
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Prelúdio (Silêncio e Oração) Acolhida e Chamada à Adoração Oficiante: “Graça e paz vos sejam multiplicadas, no pleno conhecimento de Deus e de Jesus, nosso Senhor” (2 Pedro 1.2). Sejam bem vindos irmãos e irmãs! Hoje celebramos mais um aniversário do jornal O Estandarte! Há 120 anos circulava o primeiro número de nosso jornal. Os presbiterianos brasileiros nunca viveram sem um jornal. O missionário presbiteriano pioneiro no Brasil, o Rev. Ashbel Green Simonton, em 5 de novembro de 1864, fundou o primeiro jornal evangélico no Brasil, a Imprensa Evangélica. O último número da Imprensa Evangélica circulou em 2 de julho de 1892. Fundado pelo Rev. Eduardo Carlos Pereira, pelo Rev. Bento Ferraz e pelo Presb. Joaquim Alves Corrêa, em 7 de janeiro de 1893, O Estandarte surgiu como sucessor da Imprensa Evangélica, dez anos antes de ser organizada a IPI do Brasil. Isto significa que nossa denominação nunca viveu sem esse importante meio de comunicação! Povo: Adoremos a Deus pelo ministério de O Estandarte em nossa igreja, por sua presença em nossa vida! Oficiante: “Cantai ao Senhor, bendizei o seu nome; proclamai a sua salvação, dia após dia. Anunciai entre as nações a sua glória, entre todos os povos, as suas maravilhas” (Salmo 96.2-3).
Cântico: “Cantai ao Senhor” (Hinário Cantai Todos os Povos, 62) • Confissão de Pecados Oficiante 1: A Igreja Presbiteriana Independente do Brasil possui um forte vínculo com o jornal O Estandarte. Na verdade, esse elo existe desde o início de nossa história. A origem da IPI do Brasil está ligada ao jornal. Pelas páginas de O Estandarte se anunciou e se preparou o nascimento de nossa denominação. Hoje, O Estandarte é o órgão oficial da IPI do Brasil. Desse modo, ser presbiteriano independente e ser assinante de O Estandarte são duas faces da mesma moeda! Assinar e ler o jornal significa estar identificado com a denominação, amar nossa Igreja! Oficiante 2: Diante disso, somos chamados à reflexão. A IPI do Brasil possui aproximadamente 100.000 membros. Todavia, o jornal O Estandarte conta apenas com 3.738 assinantes. De nossas 549 comunidades (entre igrejas e congregações), 64 igrejas não possuem agentes de O Estandarte nomeados pelo Conselho; 202 igrejas não possuem nenhum assinante; apenas 19 igrejas têm acima de 30 assinantes (O Estandarte de fevereiro 2011) Oficiante 1: Como é possível ser pastor, pastora, presbítero, presbítera, diácono ou diaconisa da igreja, sem ser assinante de O Estandarte? Como é possível ser presbiteriano independente, sem assinar o órgão oficial da IPI do Brasil, sem saber o que se passa em nossas comunidades, sem tomar conhecimento das decisões oficiais dos concílios de nossa denominação? Igrejas sem agentes e sem assinantes de O Estandarte podem verdadeiramente estar em comunhão com a denominação, conhecer suas decisões oficiais e cumpri-las? Oficiante 2: Assinar, enviar matérias para publicação, orar pelo trabalho que é realizado, ler o jornal
são demonstrações de amor a O Estandarte. Somos, porém, obrigados a reconhecer que não temos amado muito o nosso jornal. Por vezes, não nos interessamos por ele. Ignoramos a sua existência. Desprezamos o seu conteúdo. Não valorizamos aquilo que é produzido. Amar O Estandarte é amar a igreja. No entanto, não temos colocado O Estandarte em nosso coração. Como podemos dizer que amamos nossa igreja, se não amamos O Estandarte? Oficiante 1: Nesta hora, confessemos a Deus os nossos pecados. Pela mediação de Cristo Jesus, busquemos o perdão divino. “Porque não temos sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas; antes, foi ele tentado em todas as coisas, à nossa semelhança, mas sem pecado. Acheguemo-nos, portanto, confiadamente, junto ao trono da graça, a fim de recebermos misericórdia e acharmos graça para socorro em ocasião oportuna” (Hebreus 4.15-16). • • •
Cântico: “Deus Está Presente” (CTP, 43) Oração Silenciosa Declaração de Graça Oficiante: Deus Onipotente, nosso Pai Celestial, que, por sua grande misericórdia, promete o perdão a todos quantos, com sincero arrependimento e viva fé, a ele se convertem, vos perdoe e liberte de todos os vossos pecados, vos confirme e fortaleça em todo o bem, e vos preserve no caminho da vida eterna, mediante Jesus Cristo, nosso Senhor. Povo: Amém.
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Cântico: “Sábio dos Sábios” (CTP, 55) Oração por Iluminação Leitura(s) das Sagradas Escrituras Responso: “Glória ao Pai” (CTP, 458) Proclamação da Palavra Momento de Gratidão e de Intercessão Oficiante 1: Nesta data especial, rendamos graças ao Senhor, nosso Deus, pela existência do jornal O Estandarte. Fundado no século 19, continua cumprindo sua missão no século 21! Povo: Graças, Senhor, porque nosso jornal ultrapassou seu primeiro centenário e já alcança 120 anos! Oficiante 2: Rendamos graças ao Senhor, nosso Deus, porque O Estandarte é instrumento que divulga a todas as nossas comunidades informações, documentos e posicionamentos oficiais da denominação para conhecimento e observância das decisões conciliares. Povo: Graças, Senhor, porque, pelo nosso jornal, somos integrados à Igreja Presbiteriana Independente do Brasil e podemos corresponder a ela com fidelidade! Oficiante 1: Rendamos graças ao Senhor, nosso Deus, porque O Estandarte promove esclarecimentos de temas bíblicos e teológicos e disponibiliza espaço destinado à discussão democrática de ideias. Povo: Graças, Senhor, porque, pelo nosso jornal, somos instruídos e edificados pelas matérias e pelos debates, o que contribui para a formação de nossa consciência e cidadania cristãs. Oficiante 2: Rendamos graças ao Senhor, nosso Deus, porque O Estandarte contribui para o fortalecimento da identidade reformada em nossas igrejas. Povo: Graças, Senhor, porque, pelo nosso jornal, aprendemos sobre a história da igreja, sobre a riqueza da nossa tradição e sobre nossa origem e missão como presbiterianos brasileiros. Oficiante 1: Rendamos graças ao Senhor, nosso Deus, porque O Estandarte divulga informações religiosas e seculares de interesse da IPI do Brasil. Povo: Graças, Senhor, porque, pelo nosso jornal, somos informados sobre o que acontece fora de nossos muros denomi-
nacionais; somos informados sobre os demais sinais do teu Reino no mundo de hoje. Oficiante 2: Rendamos graças ao Senhor, nosso Deus, porque O Estandarte atua como canal de comunicação e divulgação de atividades das igrejas locais e demais instituições da IPI do Brasil. Povo: Graças, Senhor, porque, pelo nosso jornal, podemos saber o que se passa dentro de nossa amada igreja; não ficamos isolados; sentimo-nos um só corpo em Cristo! Oficiante 1: Rendamos graças ao Senhor, nosso Deus, porque O Estandarte cumpre um importante ministério em nossa igreja formando, informando e inspirando os membros de nossas comunidades. Povo: Graças, Senhor, porque,em nosso jornal, podemos ler sobre Bíblia, diaconia, educação cristã, evangelização, história, legislação eclesiástica, liturgia, música, teologia; podemos ler sobre as notícias e as decisões de nossas igrejas, presbitérios, sínodos e assembleia geral; podemos ler sobre os mais diversos acontecimentos na vida de nossos irmãos e irmãs. Tudo isto fortalece a nossa comunhão como Igreja! Oficiante 2: Agora, Senhor, nós te pedimos: abençoa o trabalho do Ministério da Comunicação de nossa igreja. Povo: Oramos, Senhor, pelos responsáveis por esse importante ministério na vida da IPI do Brasil; pelos responsáveis pelo Portal da Igreja na Internet e pela Revista Alvorada que, juntamente com O Estandarte, realizam a obra da comunicação em nossa denominação. Oficiante 1: Nós te pedimos, Senhor: abençoa todos aqueles que trabalham para que O Estandarte chegue mensalmente às nossas mãos. Povo: Oramos, Senhor, pelo diretor, editor e revisor do jornal; pela jornalista responsável pelo jornal; pelos responsáveis pela arte e diagramação do jornal; pelos responsáveis pelo trabalho administrativo e de distribuição do jornal. Oficiante 2: Nós te pedimos, Senhor: abençoa todos os agentes de O Estandarte, espalhados pelo nosso país. Povo: Oramos, Senhor, pelos valorosos agentes em nossas igrejas, que, voluntariamente, coletam novas assinaturas, distribuem mensalmente o jornal para os assinantes e encaminham noticias para a redação do jornal. Oficiante 1: Nós te pedimos, Senhor: abençoa todos aqueles que colaboram com O Estandarte, assinando, lendo, escrevendo artigos, enviando matérias e fotos para publicação, encaminhando cartas motivadoras e críticas construtivas para a melhoria do jornal. Povo: Oramos, Senhor, para que todos os membros de nossa Igreja descubram nosso querido jornal; que ele seja colocado dentro de cada um de nossos lares; que todas as famílias presbiterianas independentes possuam pelo menos uma assinatura de nosso querido jornal; que possamos definitivamente colocar O Estandarte no coração de nossa Igreja! Todos: Oramos em nome de Jesus, nosso Senhor. Amém. •
Envio Oficiante: O nome do jornal, escolhido pelos seus fundadores, há 120 anos, é “O Estandarte”. Estandarte é sinônimo de pendão, bandeira. Estandarte evoca os significados de anúncio, identificação, proclamação, testemunho. Que, ao sairmos daqui, saiamos com o firme propósito de sermos, nós mesmos, um estandarte de Cristo, um estandarte do evangelho, fiéis ao espírito do profeta Isaías: “Arvorai o estandarte às gentes” (Isaías 62.10)! • Hino Oficial da IPIB: “O Pendão Real” (CTP, 412) • Bênção • Poslúdio (Silêncio e Oração)
A Revista da Família
nº 72 janeiro/fevereiro/março, 2013
Alvorada 65
ESPAÇO KIDS
"Era uma vez uma linda menina, muito divertida, que amava brincar e dançar. Seu nome era Maria Flor. Ela tinha oito anos e morava com sua avó. Na escola, sua matéria preferida era informática. Como era muito curiosa, adorava pesquisar e conhecer coisas novas. Cada página que ela abria era uma nova aventura. Um dia, na aula de informática, seu professor pediu para que seus alunos fizessem uma pesquisa sobre o fim do ano. E cada aluno deveria escolher o tema para sua pesquisa. Maria Flor ficou muito, mas muito pensativa, e começou a ter muitas ideias: - Vou pesquisar sobre a árvore de Natal! Não! Vou pesquisar sobre panetone! Não! Já sei. Vai ser sobre o sorvete. Hum... Não!(rsrs)... Não tem nada a ver, mas eu gosto de sorvete. Seu professor aproximou-se dela e disse: - Você está bem, Flor? Ela disse: - Sim, sim. Só estou muito indecisa professor. O professor falou: - Então, pare de pensar com a mente e pense com o seu coração. - Háááá, professor! O senhor me deu uma super ideia. Maria Flor ficou repetindo sem parar: - Coração... coração... coração... Terminada a aula, ela foi para casa. Ela morava em um bairro perto da sua escola em uma casa pequena, mas bem bonita. Chegando à sua casa, já sentiu o cheiro bom da comida da sua vovó, Dona Margarita. Maria Flor entrou falando: - Coração... coração... coração... - Minha neta, o que aconteceu com seu coração? - perguntou sua avó. Maria Flor começou a rir muito e disse:
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A Revista da Família
- Nada, vovó. Logo em seguida, ela contou para sua avó o que tinha acontecido na aula. Ela disse: - Mas, vó, sei que minha pesquisa tem que ter coração. O professor disse. Sua avó respondeu: - Ele quis dizer que as melhores ideias podem ser sobre o que sentimos, não somente o que pensamos. Você se lembra daquele dia em que você comprou um sorvete para a Ana e o Pedro, e você não tinha mais dinheiro para você? Sua decisão foi porque você pensou com o coração. Flor pensou alto: - É mesmo... Com o coração! Já sei, vó! Você abriu meus olhos, ou melhor, meus olhos do coração (risos). Chegou à noite e Maria Flor foi dormir. Como toda a noite, sua avó foi orar com ela e contar uma história para aquecer seu coração. Naquela noite, ela falou sobre o nascimento de Jesus. Dona Margarita apagou a luz e deu um beijo em sua neta, mas Maria Flor não parava de pensar nem um minuto. Virando de um lado para outro, se lembrou da história que sua avó contou. E falou: - Puxa! Que legal! Realmente Deus não se esqueceu de nós. Jesus é o presente de Deus para nós. - É isto, é isto, é isto. Já sei o tema da minha pesquisa: “Presentes para o coração!”. E ela continuou pensando para quem seria este presente, qual seria o presente, quanto custaria este presente, quando, de repente, ela gritou: - Para a vovó, é claro! Ela é a melhor vó do mundo. Depois que meus pais morreram num acidente de carro, minha vó se tornou minha família. Bom, agora vou dormir e amanhã penso em qual será o presente. No outro dia, Flor acordou superfeliz
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e com o tema pronto para sua pesquisa. Tomou seu café e foi para a escola. Chegando à sala de informática alegre, falou com seu professor sobre a pesquisa dos presentes para o coração. O professor elogiou sua idéia. Flor então começou a abrir uma, duas, três, quatro páginas. E as ideias começam a surgir: óculos novos porque o dela estava muito velho; um colar; uma roupa; um sapato; um tênis; um sofá; um celular; um computador; um carro; um sorvete... - Ai... Acho que não, pois não tenho dinheiro. O sorvete é barato, mas minha vó tem diabetes. Bom... Deus deu seu Filho, mas tem um problema. Eu não tenho filho para dar. Eu poderia dar meu cachorro, mas ele já mora com a gente e foi ela que me deu. Foi então que uma idéia apareceu do nada: - Vou montar um cartão e vou pesquisar agora mesmo. Como fazer um cartão barato? Ah... Vou pesquisar... E foi isto que ela fez. Maria Flor encontrou na internet muitas ideias e fabricou um cartão com material que ela tinha em casa. Finalmente, o cartão ficou pronto. Ela fez um embrulho lindo e entregou para a vovó: - Vó, este é meu presente do coração para você! Sua vó começou a chorar e Maria ficou triste porque não entendeu o choro de sua avó. Então, sua avó olhou para ela e disse: - Lindo, lindo, lindo... Adorei meu presente. Minha neta, sou grata a Deus por sua vida. Assim, Maria Flor e Dona Margarita se abraçaram e, juntas, confeccionaram outros presentes do coração para outras pessoas da família e amigos."
1º
carimbo
passo
2º
passo
•
Peça para um adulto esculpir na batata um coração. A batata será o seu carimbo.
arte • •
Dobre a cartolina ou o sulfite no meio. Com a tesoura, você pode fazer detalhes nos cantos do cartão. • Outra opção é dar um formato diferente para ele. • Coloque um pouco de tinta guache num prato pequeno, molhe o seu carimbo na tinta guache e se divirta. • Com o tecido e o papel crepom, você poderá fazer colagens e decorar ainda mais seu cartão.
3º
recado •
passo
Depois que seu cartão estiver pronto (espere a tinta e a colagem secarem!), desenhe ou escreva uma mensagem.
Dicas • •
Você pode pedir para um adulto esculpir outros desenhos em outras batatas! Escreva um versículo bíblico no seu cartão.
Descobertas • • • • • • • • •
ogame e putador, deixar de lado o vide Vamos sair da frente do com fazer algo diferente? s da sua família? Que tal pesquisar os cartõe eles têm de sua família e pergunte se Converse com cada pessoa cartões guardados. um deles. e contar a história de cada Peça para eles te mostrarem a história. s é isso: cada cartão tem um Algo muito legal dos cartõe Por onde começar? , se eles mãe, ou seu avô e sua avó Pergunte para seu pai ou sua eram namorados. guardam cartões de quando l, cartão cartão de alguma data especia Pergunte se eles têm algum . de aniversário ou final de ano um ou is e diferentes, monte um álb lega is ma s tõe car Tire fotos dos ebook! coloque as fotos no seu Fac
Quer conhecer um pouco mais sobre mim? Visite meu site: www.akilaetc.com.br Veja minhas fotos, deixe seu recado e envie uma foto de como ficou seu cartão! Meu e-mail: contato@akilaetc.com.br Meu face e Twitter: akilaetc Telefones: (17) 9744-5600 ou (17) 3022-8988 Um beijo no seu coração, Akila
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120 anos
a serviço do povo do cristão
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ncha a ficha Por favor, pree gue para seu tre en a abaixo, e e seja enviad agente para quefira, a ficha a nós. Caso pr ser enviada rá também pode ra a Pendão Real, pa te en m ta re di mail através de e- pendaoreal.com.br) @ to en ção, (atendim ua da Consola ou correios (R ção – la 2121 – Conso – 01301 -100). São Paulo/SP
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IGREJA __________________________________________________________________________________________________________
PASTOR (A) (
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PRESBÍTERO (A)
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DIÁCONO (ISA) (
_______________________________ 4 Alvorada
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nº 65 abril/maio/junho, 2011
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