0 1
M A R Ç O
2 0 1 2
Mercado Nikon D800 Canon 5D Mark III Pentax K5 Silver Hasselblad
B&W
A beleza do PRETO e BRANCO Galeria Imagens que inspiram
Fotografia
Aprender Sistemas de Zonas Usar o Histograma
Objetivas Saber escolher
Paisagem Sónia Guerreiro Arquitetura João Morgado Auto retrato Paula CrisAna Moda e Teatro António Maia Fotojornalismo Luiz Carvalho
Fotografos Edward Steichen Fernando Marques – Formidável
0 1
Sumario 04 Editorial
Galeria 05 Imagens que inspiram
Atualidades 15 Fotografia para onde caminhamos
Fotografia 17 A beleza do B&W
Aprender 20 Sistema Zonas Ansel Adams 24 Dicas interessantes
Novidades 25 Nikon D800 28 Canon 5D Mark III 29 Pentax k5 Silver 30 Hasselblad 31 Tendências
Fotógrafos 32 Edward Steichen 37 Eve Arnold 38 Fernando Marques
Conhecer 39 Concursos e Regras
Entrevistas 42 João Morgado
- Arquitetura
48 António Maia
- Moda e Teatro
57 Luiz Carvalho
- Fotojornalismo
66 Sónia Guerreiro - Paisagem 74 Paula Cristina
- Auto Retrato
Objetivas 80 Tipos e utilizações
Passatempos 89 Dia da Mulher
Eventos 95 António Pedro Vicente 86 João Silva 92 Phocal Website 93 PHOCAL nº 02
Revista do Grupo Phocal Photo Visions – Facebook www.facebook.com/groups/phocalphotovisions/ Edição e Direção da Revista Pedro Sarmento Jorge Manur Periodicidade: Mensal Distribuição On-‐line Opção de compra: www.almalusa.org Contatos: phocal.photovisions@gmail.com WEBSITE: hRp://www.wix.com/phocalphotovisions/facebook
M A R Ç O
2 0 1 2
Editorial Por Pedro Sarmento
Phocal Photo Visions, é um grupo de fotógrafos amadores acompanhados de alguns profissionais, ambos completamente apaixonados por fotografia e que aloja os seus trabalhos na rede social Facebook. O grupo pretende ganhar o seu espaço no meio de um imenso número de Grupos de Fotografia que abundam pela Rede Social sem que para tal deixe de estar atento ao que o rodeia. Pretendemos não ser por isso, apenas mais um Grupo de Fotografia, mas sim criar um espaço onde as pessoas que sentem esta atracão por fotografar possam vir ao final do dia e conversar, não só mas também de fotografia.
pertencendo ao grupo gostam de “Ouvir falar de Fotografia, vendo fotografia” , par[cipando e par[lhando os seus Estados D’Alma. Esta Revista que será uma publicação mensal, abordará temas da atualidade fotográfica em Portugal e no Mundo, falará também das novidades no mercado, e trará ao conhecimento de muitos, nomes que marcaram a fotografia nacional e mundial. Vamos abordar a fotografia nas suas mais diversas vertentes, começando neste número pela Arquitetura, Teatro, a Paisagem e o auto Retrato agora muito em voga, falaremos ainda duma paixão que muitos de nós
Este Grupo nasce da vontade de par[lhar fotografia,
temos e que só está ao alcance de alguns, o
preparar eventos, trabalhar em projetos sólidos e dar
Fotojornalismo.
voz e imagem aos membros do grupo sem nunca
Neste trabalho também divulgaremos exposições não
descuidar um olhar atento ao que se passa fora de
só de membros do Grupo, mas também eventos que
portas.
pela sua importância fotográfica valha a pena visitar, e
O nosso primeiro projeto aqui está já disponível para
faremos ainda referência a passeios fotográficos
todos, o número 01 da Revista PHOCAL.
devidamente pensados e estruturados, juntar a
Um espaço que não sendo uma ideia nova -‐ Revistas
fotografia à natureza e a convivência entre fotógrafos.
existem imensas -‐ é pelo menos um espaço onde
A Phocal Photovisions pode ser adquirida em papel, em
pretendemos que a FOTOGRAFIA seja aquilo de que se
formato Revista ou em formato PDF, através do site da
fala, e pretendemos falar de fotografia mostrando
Alma Lusa h"p://www.almalusa.org/ onde está
fotografia.
alojada.
Divirtam-‐se....... um abraço e boas fotos.
Foto: Sónia Cardoso Sardinha Canon EOS 450D – Tamron 18-‐270
35 mm Exposure 0.01 sec (1/100) Aperture f/11.0 -‐ Focal Length Não realizar este trabalho seria defraudar
a
expecta[va dos nosso membros e de muitos que não
PHOCAL PHOTO VISIONS -‐ 4
Galeria
Imagens que Inspiram
Todos os meses é nesta secção que iremos fazer as nossas exposições (publicar) com as fotos dos membros do Grupo Phocal Photovisions, é uma forma de reconhecer o esforço que todos fazemos, para sempre que temos um tempo vir ao Grupo par[lhar os nossos trabalhos e ao mesmo tempo dá-‐los a conhecer também fora do grupo através desta Revista. Como parAcipar: Enviar para Phocal Photovisions acompanhadas das seguintes informações: Email: phocal.photovisions@gmail.com Nome do Fotografo Titulo da Foto Local onde foi registada Máquina Lente Exif da foto No final apenas uma pequena linha com a seguinte frase: Autorizo a Phocal Photovisions a publicar este trabalho.
PHOCAL PHOTO VISIONS -‐ 5
Imagens que Inspiram
Pedro Sarmento Sozinho no Metro Maia -‐ Março 2012 Pentax K5 Pentax 14 mm F2,8 F8 ISO 100 -‐ 1/125s
PHOCAL PHOTO VISIONS -‐ 6
Imagens que Inspiram
Ana Paula Nunes Not dead yet Baía do Seixal Nikon D90 Nikon 18-‐105 mm F/10 1/200 ISO 200 105 mm
Paula Correia Blue Praia fluvial do Samouco Alcochete Nikon D3100 Nikon 18-‐55 3,5 – 5,6 F/8 ISO 100 -‐ 1/250 s
PHOCAL PHOTO VISIONS -‐ 7
Imagens que Inspiram
Afonso Chaby Rosa Entre as árvores Pateira de Fermentelos – ISO 100 F10 1/250 FáAma Condeço O caminho Praia Dourada -‐ Viana do Castelo Nikon D90 Tamron -‐ 18-‐250 F22 25s; Iso 200
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Imagens que Inspiram
Roseliane De Pace Querido diário Rio de Janeiro Nikon D90, Nikon 18-‐105 F 5.6,1/320s Etã Sobal Costa Entreajuda Outubro 2011 Sagres Nikon D60 Nikon 55-‐300 ISO 200 -‐ F/ 5.3 -‐ 1/800
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Imagens que Inspiram
Marco Costa “Droplet” São Miguel – Açores Canon 7D -‐ Canon 100mm 2.8 Macro USM* ISO 100 -‐ F2,8 -‐ 1/250
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Imagens que Inspiram
Lúcia Neto Há sempre uma saída Casa da Música Porto Canon EOS600D Canon EFS 18-‐135mm ISO 800 -‐F18 -‐1/25s Armando Duarte Bichus Irrekietus Baixo Vouga Nikon D70 Nikon 70-‐300 VR Iso 200, 1/160, F6.3
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Imagens que Inspiram
Helena Miguel Paraíso Canon 500D Canon 18-55 ISO 100 F25 1/8 s
Paula Cristina Malmequer bem Fevereiro 2012 Lisboa Canon500D Iso 200 F13 1/200 s
PHOCAL PHOTO VISIONS -‐ 12
Imagens que Inspiram
PHOCAL PHOTO VISIONS -‐ 13
Laura Sarmento Lobo do Mar Praia de Mira Pentax K20 Pentax 24 – 70 F4 ISO 100 F5,6 1/750 s
Imagens que Inspiram
Jorge Manur Starring Tavira Canon 7D – Sigma 18 -‐ 250 ISO 100 – F22 – 30s
Vítor Rocha "À noite na cidade” Povoa de Varzim Nikon D3100 Nikon AF SDX 18-‐55 VR f 3.5 1/40 ISO 1600
PHOCAL PHOTO VISIONS -‐ 14
Atualidade
Fotografia Para onde caminhamos
O aparecimento da tecnologia digital consolidou defini[vamente a inevitável popularização da fotografia, estando hoje presente em aparelhos mul[funcionais como os smart phones, ou numa barasssima compacta cada vez mais com milhões de mega pixéis
É que a indústria fotográfica global con[nua a expandir-‐se ,e as vendas não param de crescer, n o v o s e g r a n d e s n e g ó c i o s relacionados com a fotografia surgem todos os dias, como sovwares específicos, impressoras e data-‐centers; os serviços
por exemplo, permi[ndo que virtualmente qualquer um possa tornar-‐se “fotógrafo”, ou pelo menos pensar que pode. E é aí que nasce o problema; como qualquer um pode, todos acham que o são. Por outro lado, para muitos a fotografia massificada não é um problema, mas sim uma solução.
também vão muito bem; é só ver o que acontece com os foto-‐livros, scrapbooks e foto-‐produtos, por exemplo. A tecnologia permite câmeras cada vez mais “espertas”, com o reconhecimento de “faces ou de sorrisos”; errar a exposição de uma foto é cada vez menos provável.
A chamada “banalização” da fotografia pode ter sido fator de dificuldade para alguns fotógrafos profissionais, mas pessoalmente não acredito que seja mau para a fotografia. Para o usuário comum, quanto mais gente usar a tecnologia melhor, pois desta forma a concorrência entre os produtores de equipamentos fará inevitavelmente com que os preços caiam
Posto isto, vamos aos fotógrafos profissionais, que tanto
e estes se tornem acessíveis a curto prazo, es[mulando a pesquisa de novos produtos e o aprimoramento daqueles já existentes.
Poucos conseguem entregar trabalhos com a qualidade
reclamam da massificação das imagens. exigida na fotografia comercial, porque para se alcançar A ideia errada que a fotografia profissional esteja este nível é preciso estrutura, não apenas zsica (espaço agonizante é apenas fruto da desinformação e falta de adequado, equipamentos de ponta) mas também comercial estratégia daqueles que inu[lmente reclamam. Nunca a (empresa aberta e legalizada, impostos pagos), e pessoal fotografia foi tão requisitada como agora; as publicações (formação acadêmica e prá[ca, estudo constante, visão de impressas e eletrônicas mul[plicaram-‐se, e a necessidade futuro). de novas imagens é uma necessidade constante, pelo que o fotógrafo tem hoje uma evidência impensável há alguns Quem imagina que se vai destacar nesse mercado cada vez anos, muitos deles até com status de verdadeiras mais compe[[vo apenas com seu “olhar” ou sua “arte”, celebridades. está fadado ao fracasso. Sim, admi[ndo-‐se que o número de fotógrafos também se mul[plicou, parece que a concorrência, é maior, mas essa Vejamos algumas áreas de onde chegam as queixas impressão torna-‐se falsa quando confrontada com a verdadeira essência da fotografia profissional, que é a qualidade. PHOCAL PHOTO VISIONS -‐ 15
Fotografia para onde caminhamos Atualidade
01 Muitos dos publicitários, que antes eram considerados o topo da pirâmide social da fotografia comercial, apesar de
Não basta ser fotógrafo de book ou de desfiles para ser fotógrafo de moda editorial. Quando as limitações se tornam
rápidos em migrar para a tecnologia digital, ressentem-‐se da falta de adaptação às novas mídias, e não conseguem a
aparentes, os menos persistentes desistem, mas os mais atentos acabam por vencer.
mobilidade necessária para u[lizar as novas ferramentas de marke[ng eletrônico adequadamente.
04 Os fotojornalistas e ensaístas documentais de sucesso
Outros não admitem a perda de status para profissionais que
hoje, ou são ou serão mul[mídia. A convergência da
anteriormente eram a base da pirâmide, mas hoje são os que mais faturam e melhor se promovem. E outros,
fotografia está[ca com a imagem em movimento já é realidade nas novas câmeras fotográficas que também
infelizmente, demoraram muito para perceber a radical
gravam vídeos em FullHD; e como vídeo pressupõe som,
mudança de paradigmas imposta pelo digital, e foram atropelados por ela.
roteiro, edição e divulgação on-‐line, o que é impossível de se fazer sozinho (comercialmente), uma equipe para que se
Paradoxalmente porém, a fotografia publicitária con[nua a
dividam as tarefas é necessária.
pagar fotos com números (€) muito interessantes aos
fotógrafos que souberam aproveitar o momento e se
Quem consegue vantagens, nesse caso, são os Estúdios
adaptaram mais rapidamente, integrando 3D, ilustração e tratamento de imagens ao seu arsenal digital.
Fotográficos que apostaram nestas áreas com equipas que se complementam profissionalmente além do domínio da
Esses estão muito bem, obrigado. Há também os que montaram fábricas de imagem, para
tecnologia aliado à formação acadêmica, as várias cabeças pensam, discutem soluções, apresentam alterna[vas e
atender aos deus clientes. Contanto que se garanta uma
acabam conseguindo soluções mais inteligentes para
carteira de clientes razoável (quem tem apenas um grande cliente de repente não tem nenhum), é negócio certo,
problemas fotográficos complicados
apesar de não exigir grande cria[vidade nem possuir
05 Por fim, o chamado “fotógrafo social”, que envolve desde
glamour. Mas é “big business”.
o amador que faz um um trabalho no fim de semana até aos
fotógrafos que desde à anos se dedicam a áreas que
02 Fotógrafos editoriais de revistas queixam-‐se que as grandes reportagens e viagens simplesmente acabaram. Que
movimentam muita gente. Dentro deste universo, a fotografia de casamento foi a que mais cresceu e se
o que se paga por página ou por saída é ridículo. Que a concorrência com os bancos de imagens é desleal.
renovou. Cobra-‐se muito bem. Há equipas que são dirigidas com os mais modernos aparatos tecnológicos. Técnicas de
Sim, aquelas viagens subsidiadas pelas editoras, dos anos
marke[ng, vendas, fidelização são usadas com mestria.
80/90 realmente acabaram. Mas tem muita gente boa que con[nua a produzir e a publicar. A diferença é que a forma
de negociar está diferente, é muitas veze preciso arriscar e ser o próprio fotografo a propor determinado trabalho que ele próprio ensaiou nas suas próprias viagens e assim despertar o interessa dos compradores. Ficar sentado à conta de glórias an[gas acabou. 03 Quanto aos fotógrafos de moda/beleza, a compreensão de que não basta ser bom fotógrafo, mas também entender a moda, a psicologia, a própria sociedade onde se inserem. Direção, cinema e arte acaba afastando os mais novos de uma área que na verdade dá muito trabalho e quase nenhum glamour;
PHOCAL PHOTO VISIONS -‐ 16
Fotografia
a beleza do preto e branco Cinema, Fotografia, Preto e Branco
A beleza da fotografia a preto e branco ultrapassa a lógica e por isso não é possível ser apreciada por todos de forma igual. Incluindo claro aqueles que pouco ou nada apercebem do assunto. Fotos coloridas podem de facto ser muito atraentes, mas não se
a t r a b a l h a r , o s t o n s m o n o c r o m á [ c o s f a z e m d e imagens ou simples momentos banais, raros pedaços de beleza, eventos especiais até, e não raras v e z e s s e r e v e l a m g r a n d e oportunidades fotográficas. Na mente de muitos o p&b está
sempre estiveram interligados
pode negar que o B&W tem uma m a g i a e s p e c i a l , c a p a z d e transformar simples fotos em imagens realmente inspiradoras. Num mundo onde o excesso de informação visual é notório, e onde as cores são u[lizadas de forma exagerada muitas vezes por mo[vos de puro marke[ng, o B&W mantêm charme e muitos s e g u i d o r e s n ã o s ó e n t r e fotógrafos mas também entre os apreciadores de fotografia, sejam eles com ou sem conhecimentos do meio.
associado aso filmes mas o avanço da tecnologia digital deu-‐ nos outras vantagens e tornou o B&W mais acessível permi[ndo fazer de imagens a cores serem conver[das em tons de cinza e melhoradas com o uso de sovware em computador. Para muitos, fotografar em filme ainda que seja um prazer que não querem por nada deixar de poder Usufruir, a realidade é que o digital liberta os fotógrafos do uso de químicos prejudiciais ao ambiente para obter boas cópias
"A luz é a substância do filme e é
Fotografar a P&B é uma forma de fotográficas . Fotografar a p&b expressão arss[ca na opinião de t e m a l g u n s s e g r e d o s e muitos e não só uma Técnica c o n h e c e n d o -‐ o s é p o s s í v e l fotográfica. Não importa o tema perceber o fascínio que ele tem que se esteja sobre tantos de nós. Foto: Afonso Chaby Rosa Canon EOS 5D Mark II 0.013 sec (1/80) f/10.0 ISO 100
desde os primórdios, e numa Revista sobre fotografia citar Frederico Fellini é de todo conveniente:
porque a luz é, no cinema, ideologia, sentimento, cor, tom, profundidade, atmosfera, narrativa. A luz é aquilo que acrescenta, reduz, exalta, torna crível e
aceitável o fantástico, o sonho ou, ao contrário, torna fantástico o real, transforma em miragem a rotina, acrescenta transparência, sugere tensão, vibrações. A luz esvazia um rosto ou lhe dá brilho... A luz é o
primeiro dos
efeitos especiais, considerados como trucagem, como artifício, como encantamento, laboratório de alquimia, máquina do maravilhoso. A luz é o sal alucinatório que, queimando, destaca as visões..." Federico Fellini
PHOCAL PHOTO VISIONS -‐ 17
a beleza do preto e branco
Cenas Urbanas: Captar a vida, o quo[diano das nossas cidades em tons
Retrato: Retrato é um tema perfeito
Neste [po de fotografia a p&b a
monocromá[cos é um projeto interessansssimo. As nossas cidades
para aprofundar o B&W e produzir fotos fantás[cas, podemos começar
direção da iluminação e o [po que escolhermos definirão as formas e o
estão repletas de possibilidades fotográficas e comportam diversos
pelos filhos, amigos e parentes e é portanto uma área onde mo p&b se
resultado final.
subtemas:
destaca. Depois destas experiências
Pessoas, arquitetura, transportes, entre outros.
com familiares e amigos pode-‐se sempre par[r para outras aventuras,
como os modelos ou pessoas na rua.
Podemos explorar esses assuntos separadamente ou, então, agregá-‐los
Convêm usar Flash de preenchimento para evitar sombras indesejáveis, ou
num projeto que ajude a revelar os traços da vida, da cultura e da história
em alterna[va escolha dias nublados ou locais protegidos dos raios de sol.
dos locais .Quando se trata de registar
cenas urbanas, o P&B é capaz de transmi[r um charme especial e uma
drama[cidade maior às suas fotos. Os contrastes arquitectónicos, sociais e
culturais dos centros urbanos
possibilitam uma experiência sem igual para quem procura novas
perspec[vas fotográficas.
Arquitetura: Explorando este tema consegue-‐se através das texturas dos
m o n u m e n t o s o u d a s n o v a s tendências modernas por exemplo
com tubagens ou edizcios espelhados
e construir imagens tremendamente belas das suas formas.
Nu ArvsAco: Nada como fotografar o corpo humano dando-‐lhe um toque
A pedra em B&W é qualquer coisa de
ainda mais sensual aliado à arte
fantásAco onde o o fotógrafo pode
fotográfica. As curvas do corpo humano são um infinito tema de
explorar o elevado contraste de algumas cenas e a interação da luz
exploração fotográfica e assumem-‐se como uma interessante forma de
com os variados materiais e elementos arquitectónicos, para construir
expressão arss[ca e sensual. Pode recorrer-‐se a fontes de luz mais duras
imagens de forte impacto visual.
como flash de estúdio para efeitos
Para quem gosta de fotografar pessoas, nada melhor do que cidades
mais dramá[cos ou apenas a fontes mais suaves como a luz de uma janela
com vida intensa.
com tons mais amenos .
PHOCAL PHOTO VISIONS -‐ 18
a beleza do preto e branco
Paisagem: Um passeio pelo campo ou junto à praia, um céu estrondoso a B&W é uma grande foto garan[da. Sem a ajuda das cores que se espalham pelos mais belos cenários naturais, para fotografar paisagens em P&B, a busca de lugares e condições de luz especiais é ainda mais necessária. Nuvens e água são elementos que ajudam a equilibrar as fotos, contrastando com as áreas mais escuras das imagens que pretendemos captar. No campo, linhas curvas e suaves funcionam par[cularmente bem e, para evitar que o céu fique mal nas suas imagens, é melhor usar filtros coloridos, polarizadores ou graduados com densidade neutra. Estes filtros podem ser u[lizados separadamente ou em conjunto para gerar efeitos mais dramá[cos nas suas fotos de paisagens em P&B. Além de cenas panorâmicas, há muitos detalhes na natureza (em pedras e plantas, por exemplo) que possibilitam uma infinidade de texturas e formas para explorar em tons mono cromá[cos. Foto: Jorge Manur
Foto: Pedro Sarmento O P&B representa um mundo à parte e um grande desafio na aprendizagem e à prá[ca dos princípios técnicos e arss[cos fotográficos. Um desafio em que é preciso saber definir e explorar as nuances existentes entre o branco e o preto, entre a luz e a sombra. Entretanto, a fotografia a b&w não se limita apenas a isso. Ansel Adams criou o famoso Sistema de Zonas para facilitar a compreensão do comportamento das cores e dos tons quando reproduzidos através de matrizes cinzentas, mas ele próprio afirmava não haver uma forma defini[vamente precisa e concreta de visualização prévia em P&B.
Foto: Paula Correia
Aliar o conceito à prá[ca é o melhor método de desenvolver a técnica e, mais ainda, uma intuição visual capaz de conduzir o olhar do fotógrafo de modo que consiga chegar o mais próximo possível do que pretende com suas fotos.
PHOCAL PHOTO VISIONS -‐ 19
a beleza do preto e branco
Emanuel Pereira Aparício Canon EOS 450D Canon EF-‐s 18-‐55mm Velocidade 1/320 Abertura f/8 ISO 100
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Aprender
Sistema de Zonas – Ansel Adams
Compreendendo o Sistema de Zonas A sua ideia era bastante simples e i n o va d o ra : c r i a r u m a n o m e n c l a t u ra adequada para a luz. Adams era músico e sua vontade de transpor para a fotografia os tons de cinzas como notas musicais, deram origem à sua metodologia, que estabelece relações entre os vários valores de luz do objeto e suas respectivas escalas de densidades, registadas pelo negativo. Em resumo, uma tecnologia inovadora. De baixo custo, que oferece ao fotógrafo a possibilidade de
registar, no papel fotográfico, os valores de luz desejados diante do tema a ser fotografado. O que são “Zonas”? Na natureza percebemos visualmente uma ampla variação de brilhos, incapazes de serem registadas pelo filme fotográfico. Este diferencial se restringe nos negativos, a principio, em 10 tons diferentes que variam do preto até o branco da superfície do papel.
PHOCAL PHOTO VISIONS -‐ 21
Sistema de Zonas – Ansel Adams A diferença de amplitude de tons pode ser controlada mediante utilização do método do sistema de zonas. O processo consiste em compreender todas as características dos materiais fotográficos e manipulá-las com o propósito de se produzir imagens o mais semelhantes possíveis da verdade Além da virtude de facilitar o registo da imagem metodicamente correta, este sistema possibilita a criação de outras, segundo o olhar e a interpretação da luz de cada autor. Conhecendo cada característica do processo, poderemos manipular seu respectivo resultado final. Obtemos, assim, cada tipo de efeito, satisfazendo uma opção estética. Entretanto, é necessário ter conhecimento de como alterar o processo padrão, objetivando o resultado desejado. O primeiro passo deste trabalho é a “visualização da cena”: o fotógrafo deve exercitar um trabalho intelectual. Raciocina, sente e produz por meio de seu intelecto criativo, padrão cultural e experiência de vida, todos os elementos envolvidos no ato de criação da fotografia. Podese dizer que é a habilidade de se antecipar à imagem final em branco e preto ou mesmo em cores, antes de fotografá-la. O devido controle das características do processo fotográfico permite ao fotógrafo explorar seu universo criativo. Para isso, é fundamental a compreensão e utilização de cada etapa. Deve-se evitar todo tipo de automação, não só das câmeras, mas também dos processos e tempos fornecidos pelos fabricantes, já que estes dados são obtidos pela média, tornando impossível a busca de resultados concretos, se permanecermos fixos apenas aos tempos médios fornecidos. O conceito dos Tons. A definição de zonas foi estabelecida de uma maneira sistemática, já que o filme reproduz uma infinidade de tons de forma linear. O espectro tonal do filme foi dividido em dez zonas e para cada uma destas zonas foi atribuída uma definição de como ela deveria ser representada na ampliação final.
Vamos simplificar o conceito original de Adams: Zona Tons Observações: 0/- 5.0 – Preto máximo do papel fotográfico. Preto puro. I /-4.0 – Tom percebido com o preto, levemente diferenciado do –3.0. II/- 3.0 – Cinza escuro, limite entre o visível e invisível de texturas. III/- 2.0 – Primeiro tom de cinza escuro. IV /-1.0 Cinza Intermediário. V 0 Cinza médio padrão. Índice de reflexão 18%. VI/ +1.0 Cinza claro. VII/ +2.0 Tom de cinza mais claro, com percepção definida das texturas. VIII/ +3.0 Último tom de cinza claro, onde as texturas não são mais reconhecidas. IX/ +4.0 Branco máximo do papel fotográfico. Branco puro. Podemos ainda subdividir esta escala em 0.5 ou até 0.3 pontos, limite de percepção dos filmes profissionais ou das câmaras digitais DSLR. Inicie, fotografando uma placa de isopor branca, com luz difusa, sem sombras. Faça a leitura da luz , procurando sempre manter o fotômetro em 5.6 e variando a velocidade. Exponha corretamente, seguindo fielmente a leitura do fotômetro. Obteremos assim valor “0”, Zona V (Cinza médio 18%). A partir disto vamos abrir +1 ponto (f4). Assim, obteremos o cinza claro Zona VI. Agora vamos abrir mais um ponto (f2.8), obtendo +2.0, l ao cinza mais claro, Zona VII. Abrindo mais um ponto (f2), teremos +3.0, ou seja, último tom de cinza, Zona VIII. Por fim, abrindo o último ponto (f1.4), + 4.0, atingiremos o branco puro, sem textura, Zona XIX. Partindo da leitura normal do fotômetro f/ 5.6 (cinza médio), proceda do modo inverso, fechando de um em um ponto até atingir – 5 ou Zona 0 e pronto! Teremos toda a escala real de tons que o filme negativo preto e branco ou colorido profissional consegue registar.
PHOCAL PHOTO VISIONS -‐ 22
Sistema de Zonas – Ansel Adams
Sempre que expomos o filme com a fotometria em 0, teremos o padrão cinza médio, também u[lizado pelos
A par[r deste tempo determinamos os outros tempos de revelação para deslocarmos uma zona clara para mais clara
fabricantes para aferirem seus respec[vos fotômetros e a vasta gama de sensibilidade dos filmes.
(+1,0) ou para mais cinza (-‐1,0).
Para o teste descrito acima, consideramos velocidade fixa e
Um exemplo clássico deste fato é quando “puxamos um filme”, de ISO 400 para ISO 800, e efetuamos a “super-‐
revelação normal, previamente corrigida.
revelação adequada”.
O obje[vo deste teste é compreender o modo como o
Notamos ní[da perda da escala de cinzas. Das 10
nega[vo reproduz os vários tons conforme descrito. Mas
tonalidades originais, poderemos cair para 8, ou 5 tons.
lembre-‐se, ainda estamos a dar o nosso primeiro passo. A nossa próxima variável após a exposição é o controle do
Caso contrário, reduzindo a sensibilidade para 200, com a
tempo, temperatura e agitação do revelador.
devida compensação na revelação, poderemos a[ngir 12 a14 tons dis[ntos.
A revelação é uma das várias ferramentas para se obter
definição das zonas claras. Para cada aumento de densidade no nega[vo, responsável pelo aumento de um determinado
Estes tempos devem ser determinados sub e super revelando o filme, com tempos médios de 25%, dependendo
tom claro teremos o equivalente de 1/3 de zona na região das zonas escuras.
do [po e a[vidade do revelador.
Lembre-‐se: para o nega[vo cada valor tonal é uma
Na prá[ca, isto representa que em determinado filme com revelação normal de 10 min., se revelado por 12 min.,
informação. Como notas musicais. E dependendo de como compomos estes tons teremos maior conteúdo informa[vo
provavelmente uma área exposta em cinza médio, (0) Zona V ,irá aparecer como +1 Zona VI enquanto nas áreas escuras
e esté[co em nossas imagens.
a variação será desprezível.
Esta é a grande diferença entre projeto e “acidente
Existem outros fatores que influenciam a determinação de
fotográfico”. Introduzimos apenas alguns métodos de como calibrar nega[vos. O processo ainda con[nua com a devida
zonas que com a prá[ca serão melhores compreendidos.
aferição do ampliador, papel fotográfico, respec[vo processamento.
Com estes dois fatores já apresentados podemos
compreender a expressão declarada por Minor White, logo após aprender com o próprio Ansel Adams como u[lizar seu
No caso da fotografia digital, aferição do fotômetro, das configurações do menu da câmera, espaço e perfil de cores
método.
como calibragem do LDC, monitores, histogramas, parâmetros, uso adequado do Photoshop etc.
“Expor para as baixas luzes e revelar para as altas luzes”.
O sistema de zonas não serve apenas para registar o tema
Referencias :
fotografado com a “máxima fidelidade possível”. Com a aplicação deste método podemos representar uma
1)The Nega[ve, Ansel Adams – New York Graphic Society, Boston, 1980.
determinada região de qualquer tonalidade, dependendo da interpretação desejada.
Fotografia em Preto e Branco, a Base da Fotografia Prof. Dr. Enio Leite – Editora Focus Escola de Fotografia, São Paulo, SP. Agosto 1994.
Para isto teremos de manipular o filme por meio de sub-‐ revelações ou super-‐revelações. Quando fazemos o teste do
Fotografia digital – Aprendendo a fotografar com qualidade. Prof. Dr. Enio Leite, Editora Viena, São Paulo, SP, Maio 2011
filme determinamos uma revelação normal (0).
PHOCAL PHOTO VISIONS -‐ 23
Aprender
Dicas interessantes
As câmeras digitais estão cada vez mais poderosas e atraentes, mas nem sempre o fotógrafo conhece as técnicas necessárias para [rar boas fotos. Ter conhecimentos é essencial e por isso vamos falar de algumas coisas simples que todos devemos saber, e é aprendendo de forma simples que todos poderemos compreender que afinal fotografar bem não é um bicho de sete cabeças. Use melhor a luz para obter fotos fantás[cas A luz do dia é um recurso precioso, e ela esgota-‐se se a usarmos com consciência ou não. Por isso, ela é essencial para a fotografia. Mas como [rar melhor proveito disso? Veremos alguns segredos para [rar vantagem
Se [ver dúvidas, [re a foto com o flash ligado para ver o resultado. Se não gostar do que viu, tente novamente com o flash desligado. E enquanto o flash é geralmente usado em situações de pouca luz, ele também pode ser muito ú[l para fotos externas em pleno dia. Por exemplo, pode usar o
na sua foto, a divisão entre luz e sombra será parecida com a linha que divide o dia e a noite na lua. As atuais câmeras digitais possuem um maior alcance de exposição do que o olho humano, por isso elas tendem a exagerar na divisão entre luz e sombra.
da luz natural nas suas fotos digitais. Saiba quando usar o Flash O recurso ao flash sempre foi mal compreendido. Se tem um flash embu[do na câmera, ele só consegue iluminar um objeto até cerca de 4 metros de distância. Se for [rar uma foto a algo que está mais longe do que isso, o melhor a fazer é desligar o flash e deixar a câmera calcular a exposição com a luz disponível. C o m o c o r r i g i r p r o b l e m a s d e iluminação
seu flash como luz de enchimento para eliminar sombras causadas pelo sol. Evite também os contrastes b e r r a n t e s e s o m b r a s . M u i t o s fotógrafos [ram fotos ao meio-‐dia e não há horário pior para fotografar do que esse. Se olhar através do viewfinder da câmera e vir uma leve sombra no objeto que pretende fotografar , saiba de uma coisa: Esse [po de gráfico é usado para representar a quan[dade rela[va de
Se puder, desloque o mo[vo para debaixo de uma árvore, atrás de um prédio ou qualquer lugar onde você possa fugir da luz do sol. Isso fará reduzir a média de contraste naquilo que pretende fotografar..
É possível melhorar fotos com problemas de exposição u[lizando o
informação armazenada em cada canal de cor. Noutras palavras, mostra
histograma do seu editor de imagens
a quan[dade de pixéis claros e escuros
M u i t o s f o t ó g r a f o s a m a d o r e s
numa determinada imagem. O lado
acumulam uma quan[dade de
esquerdo do gráfico representa a
imagens digitais que ficaram escuras demais. Isso ocorre quando o flash
parte escura (sombras) da sua foto; no lado direito está a parte iluminada. Na
não tem potência suficiente para
parte central, encontramos as
iluminar toda a cena, ou porque o fundo da imagem era claro demais,
informações referentes aos meios-‐ tons.
causando subexposição do objeto principal.
O que precisa saber: as informações precisam estar distribuídas por todo o
Felizmente, é possível corrigir algumas
gráfico e não apenas numa parte dele.
dessas falhas no computador, usando a função histograma do sovware de
Se exis[r uma concentração de pixéis no extremo esquerdo ou direito, isso
edição de imagens. Algumas câmeras digitais também trazem esse recurso;
indica uma imagem sub exposta (esquerda) ou sobre exposta (se à
vale a pena explorá-‐lo. Histogramas,
direita).
podem parecer assustadores mas não
são d complicados de perceber.
PHOCAL PHOTO VISIONS -‐ 24
Novidades
Mercado - Nikon d800 e d800E
A 7 d e F e v e r e i r o a N i k o n a n u n c i o u a t ã o
No interior da máquina há um
esperada D800 com um sensor
n o v o s i s t e m a d e
de 36 Megapixéis Full Frame. Esta nova máquina DSLR high-‐
processamento, o EXPEED 3, que a Nikon apresenta como
end parece promissora em
mais rápido e eficiente do que
muitos aspectos.
a geração anterior.
Primeiro de tudo, é de se notar que há uma enorme
Na lista de caracterís[cas destaca-‐se ainda o sistema
d i f e r e n ç a e m t e r m o s
focagem automá[ca de 51
de sensores se compararmos com a sua antecessora, a
pontos, o monitor LCD de 3,2 polegadas, a porta USB 3.0 e
Nikon D700 com "apenas" 12 Mpixeis.
as duras ranhuras para cartões (SD e Compact Flash).
Quase 4 anos depois, a Nikon D800 dá cabo da D700,
De acordo com o comunicado da Nikon, a D800 vai estar
m a s t a m b é m t o d a s a s o u t r a s D S L R s n o
ainda disponível numa versão especial, denominada D800E,
m e r c a d o c o m
equipada com um «filtro ó[co
impressionante sensor Full
que com propriedades an[-‐
Frame de 36 Mpixeis
distorção removidas com vista
Além de fotos cheias de
a facilitar as imagens mais ní[das possíveis».
pormenor, a Nikon garante
que a D800 é capaz de impressionar também os
A A t l a n t P h o t o I m a g e , representante da Nikon em
profissionais do vídeo, graças ao seu modo de gravação Full
Portugal, adianta que o preço para o mercado nacional,
HD (1080p) a taxas de 35, 25 e
deverá rondar os 2.900€.
30 fotogramas por segundo (fps).
Sendo a D800E mais barata e deverá chegar cerca de um
No modo 720p, a velocidade
mês depois da D800
máxima aumenta para 60fps. No modo de vídeo é possível u[lizar a saída HDMI para t r a n s m i [ r v í d e o n ã o comprimido para gravadores externos.
PHOCAL PHOTO VISIONS -‐ 25
Mercado - Nikon d800 e d800E
PHOCAL PHOTO VISIONS -‐ 26
Mercado - Nikon d800 e d800E
Alguns dados Técnicos Resolução: 36,15 Mp Tamanho do Sensor: 24,0 x 36,0 Pixel Pitch : 4,8 Frame Rate: 4 a 6 Latitude de ISO: 560 -25.600 View finder type Optical Monitor pixel: 921000 Maximum format image video 1920 x 1080 / 30 fps
A N i ko n D 8 0 0 é u m a câmera nova um icôn que será certamente muito popular para nos próximos anos, bem como o D700 o tem sido. Este é um m o m e n t o emocionante
m u i t o para
a
fotografia digital. A D800 tem algumas semelhanças com a nova Nikon D4, juntamente com a familiaridade reconfortante da D700, e apresenta a sua própria singularidade com o seu sensor de 36MP i n c r í ve l . A N i ko n t e m proporcionado ao fotógrafo a possibilidade de escolher entre dois modelos, uma com low-pass filter outra sem (D800E)
PHOCAL PHOTO VISIONS -‐ 27
e
Mercado - Canon 5D Mark III
A Canon 5D Mark III agora é oficial, deixamos aqui algumas especificações já conhecidas do equipamento que já se encontra em pré-venda
Available Colours – Black Megapixels – 22MP Sensor Size and type – CMOS 36 x 24mm ISO/Sensitivity – 100 – 25600 Autofocus Points – 61 points Lens Mount – Canon – Big surprise there. LCD Size – 3.2″ Liveview – Yes Viewfinder – Optical TTL Min Shutter Speed – 30 sec Max Shutter Speed – 1/8000 sec Continuous Shooting Speed – 6 fps Self Timer – 10 sec, 2 sec Metering – Center-weighted, Spot, Evaluative, Partial Video Resolution – Full HD 1080 Memory Type – Compact Flash/ SD Connectivity – USB 2, HDMI, Mic Input, Wireless (optional) Batte ry – LP-E6 Battery Type – Lithium-ion Charger – Includes Li-Ion Charger File Formats – AVI, RAW, H.264, MOV, MPEG-4 Dimensions – 152 x 116 x 76mm Box Contents: - Battery Pack LP-E6 - Battery Charger LC-E6 - AV Cable AVC-DC400ST - Interface Cable IFC-200U - Eyecup Eg - Wide Strap EWEOS5DMKIII - CR1616 Lithium Battery+
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Mercado - Pentax k5 Silver
E n q u a n t o a N i k o n e a C a n o n s e v ã o atacando uns aos outros, a n u n c i a n d o e l a n ç a n d o D S L R ´ s c o m especificações do outro mundo, a Pentax por outro lado, com o sucesso da K5 teve (com especificações que nas Nikon e nas Canon s ó a p a r e c e m e m equipamentos muito mais dispendiosos, como sejam as grandes performances em ISO’s altos) está muito virada para o lançamento de de câmeras em edição limitada. Além da já anunciada a n t e r i o r m e n t e P e n t a x 6 4 5 D R e d , a Pentax acrescenta ainda uma outra à sua lista de edição limitada: a edição de K-‐5 prata. Esta edição limitada da P e n t a x K -‐ 5 d i s p o n í v e l a p e n a s c o m 1.500 unidades em todo o mundo, vem acompanhada p o r u m a f a n t á s [ c a O b j e c [ v a D A 4 0 milímetros F2.8 XS ultra-‐ fi n a d e s e n h a d a por Marc Newson, uma lente que está considerada a mais fina “unifocal” do mundo. Trará ainda a úl[ma versão de firmware Versão 1.13
PHOCAL PHOTO VISIONS -‐ 29
Mercado - Hasselblad
hasselblad assinou um contrato com a adobe, e passará a fornecer o adobe lightroom com suas câmeras" O acordo entrará em vigor em 12 de Março,
com
os
novos
clientes
Hasselblad H4D a receber "uma cópia totalmente
funcional
do
software
Adobe Photoshop Lightroom, sem custo adicional", diz a Hasselblad. Chris Russell-Fish, diretor de vendas e marketing da Hasselblad a c r e s c e n t a : " I n t e g r a r a plataforma Adobe com a Hasselblad é um passo inovador. Mudar plataformas é sempre um desafio para o o pouco tempo disponível que o s f o t ó g ra f o s e o p e ra d o r e s d i g i t a i s possuem, mas agora todos os usuários podem ter a excelência de um arquivo de imagem Hasselblad casado com a funcionalidade e facilidade de uso da Adobe Lightroom. "
De acordo com Russell-Fish a empresa continuará a apoiar o Phocus, acrescentando que "este novo acordo é sobre a possibilidade de oferecer diferentes opções aos nossos clientes.” "Lightroom tem a vantagem da familiaridade com fotógrafos, operadores digitais e entusiastas em todo o mundo, e o Phocus ainda oferece algumas ferramentas altamente especializados e continua a ser um elemento integrante da nossa linha de câmeras, Multi-Shot bem como a nossa aplicação Phocus Mobile, que permite a conectividade sem fios para o iPod Touch, iPhone e iPod.
PHOCAL PHOTO VISIONS -‐ 30
Mercado - Tendências
Os fabricantes de câmeras vão-‐nos bombardeado anúncios de novos produtos neste primeiro t r i m e s t r e d e 2 0 1 2 . O s i s t e m a d e câmeras compactas parece ser a nova tendência, com a Olympus, Fujifilm, Pentax, Canon a revelarem os modelos OM-‐D E-‐M5, X-‐Pro1, K-‐01, e G1X, respec[vamente. Na segmento das DSLR, a Nikon anunciou recentemente a D800 e D800E. A l é m d i s s o a N i k o n t a m b é m está supostamente para lançar mais três DLSRs nos próximos meses. Março 2012: 05– Canon Powershot G1X 20 – Fujifilm X-‐Pro1 22 – Nikon D800 29 – Pentax K-‐01
A Canon, anunciou o a tão aguardada 5D Mark III e a 5DX,e anunciou ainda três novas l e n t e s : a C a n o n E F 2 4 -‐ 7 0 m m f / 2.8L II USM, Canon EF 28 f/2.8 IS USM e a Canon EF 24 f / 2,8 IS USM. Quanto á Sony revelou-‐nos a sua nova lente f/4.0G 500mm. Aqui ficam as datas de esperadas dos equipamentos que se encontram anunciados
Abril 2012: 10– Olympus OM-‐D E-‐M5 12 – Nikon D800E 17 – Canon EF 24-‐70mm f/2.8L II USM 23 – Sony 500mm f/4.0G Junho 2012: 17 – Canon EF 28 f/2.8 IS USM e Canon EF 24 f/2.8 IS USM
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Edward Steichen
Fotografos Em 1941, com 62 anos, famoso e com uma carreira notável, o fotógrafo Edward Steichen (1879-‐1973) largou o glamour da moda e foi fotografar a Segunda Guerra Mundial. Steichen é o que podemos chamar de mestre. Notabilizou-‐se como um dos grandes nomes da fotografia mundial não apenas pela sua obra fotográfica. Junto com outro clássico, Alfred S[eglitz (1894-‐1946), fundou a publicação Camera Work (1903), a Gallery 291 (1905-‐1917), espaço em Nova York que apresentou alguns dos principais nomes daarte moderna aos
americanos, e o Photo Secession, grupo de fotógrafos inspirados na “Secessão”, movimento arss[co de Viena que empunhava a bandeira do an[-‐ academicismo. Esses três eventos foram importantes não apenas para a consolidação da fotografia, mas para a arte de maneira geral, no começo do século 20. Steichen nasceu no Luxemburgo e cresceu nos Estados Unidos. Em 1923, tornou-‐se chefe de fotografia da editora Condé-‐Nast, ficando à frente de publicações como Vanity Fair e a Vogue durante quinze anos. Na Segunda Guerra Mundial, alistou-‐se por vontade
própria e tornou-‐se diretor do departamento de fotografia da M a r i n h a . S e r v i u n o P a c í fi c o , fotografando o conflito e o quo[diano da tropa. Em 1945, ganhou um Oscar com o documentário The FighAng Lady, sobre as batalhas aéreas. Aos 67 anos, quando voltou da Segunda Guerra, Steichen tornou-‐se diretor do departamento fotográfico do Museu de Arte moderna de Nova York, o MoMA. O seu trabalho foi emblemá[co e pioneiro nessa área. Foi o primeiro curador de fotografia da ins[tuição e um dos seus grandes marcos foi a exposição Family of Man em 1955.
Pilotos comemoram após vitória contra os japoneses nas ilhas Marshall – 1943. (Edward Steichen/George Eastman House/Ge{y Images)
PHOCAL PHOTO VISIONS -‐ 32
Edward Steichen
Tripulação escuta os pilotos após vitória contra os japoneses nas ilhas Marshall – 1943. (Edward Steichen/ George Eastman House/Ge{y Images)
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Edward Steichen
Jovem marinheiro durante a campanha no Pacífico – 1944. (Edward Steichen/ George Eastman House/ GeRy Images)
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Edward Steichen Aviões americanos durante a Segunda Guerra Mundial – 1943. (Edward Steichen/ G e o r g e E a s t m a n House/Ge{y Images)
Navio sendo atacado por bombas – 1944. (Edward Steichen/ G e o r g e E a s t m a n House/Ge{y Images)
PHOCAL PHOTO VISIONS -‐ 35
Edward Steichen
Fuzileiros tomam café após dois dias de combate no Atol de Enewetak nas ilhas Marshall – 1944. (Edward Steichen/George Eastman House/GeRy Images) h{p://en.wikipedia.org/wiki/Edward_Steichen
PHOCAL PHOTO VISIONS -‐ 36
Eve Arnold
Eve Arnold, que nasceu em Filadélfia em 1912, filha de emigrantes russos, começou por trabalhar para a revista Life nos anos 1940, considerada uma época de ouro para o fotojornalismo. Na década de 1950 foi a primeira mulher norte-‐americana a entrar na pres[giada agência Magnum , depois de ter chamado a atenção de Henri Car[er-‐Bresson com um trabalho sobre moda em Harlem. Ficou célebre por um conjunto de retratos da atriz Marylin Monroe, em par[cular na rodagem do filme "Os desajustados" ("The Misfists"), de 1961, e que deram origem a um livro, mas também de Joan Crawford e Elizabeth Taylor.
A eles juntam-‐se ainda retratos de outras figuras públicas, como Jacqueline Kennedy, Malcolm X e Margaret Thatcher. Pobreza fotografada De origem humilde, Eve Arnold também quis documentar a pobreza, mas também as minorias e os marginalizados. As mulheres foram também um dos grandes temas da obra fotográfica de Eve Arnold. "Eu já fui pobre e quis documentar a pobreza; eu perdi uma criança e andava obcecada com o nascimento; eu estava interessada em políAca e queria saber como é que ela afeta as nossas vidas; eu sou uma mulher e queria saber mais sobre as mulheres", disse uma vez a autora, citada pela Associated Press. Consagrada pela Rainha Eve Arnold mudou-‐se para Londres na década de 1960, trabalhou para o Sunday Times, e foi uma das primeiras fotojornalistas norte-‐americanas a trabalhar na China. Era membro da Sociedade Real de Fotografia e foi nomeada mestre de fotografia pelo Centro Internacional de Fotografia, em Nova Iorque. Em 2003 foi nomeada oficial da Ordem do Império Britânico pela rainha Isabel II, morreu em Londres aos 99 anos a 5 de Janeiro de 2012.
PHOCAL PHOTO VISIONS -‐ 37
Fernando Marques “Formidavel”
Fernando Marques conhecido de todos como “Formidável”, foi um dos mais emblemá[cos fotógrafos de Coimbra, no século XX. Fernando Marques, cauteleiro de profissão, nasceu em Setembro de 1911 em Coimbra, cidade onde viveu até à morte em 1996. Durante os seus mais de 80 anos de vida, vagueou por outras paragens, em Portugal e no estrangeiro, mas foi Coimbra — as suas gentes, os seus lugares, os seus objetos, os seus acontecimentos — que lhe arrebatou os instantâneos que para sempre o colocaram no podium da fotografia. Não por acaso, numa reportagem publicada na revista do semanário “Expresso”, três anos após a sua morte, recorda o vereador Mário Nunes, Pedro Dordio chamava-‐lhe “o cronista de Coimbra” no século XX. “A um homem assim, não podia escapar a importância de um fenómeno chamado futebol, que se enraíza defini[vamente na cidade, está a República a dar os seus primeiros passos.
Ainda por cima, o Formidável adorava a modalidade e, como confessava o filho, José Alexandre Marques, era um louco pela Académica”. Perto do coração a sua Académica, onde admirava especialmente os seus jogadores, recorda ainda Mário Nunes. “De Toni, que conheceu quando, ainda muito novo, se transferiu do Anadia para a Briosa, transportava sempre uma fotografia na carteira — ‘É para estar mais perto do coração’, costumava explicar aos amigos”. Publicou fotos suas em vários jornais despor[vos e nacionais, desde “A Bola” ao “Record”, mas também o “Diário de Noscias”, “Jornal de Noscias” ou a ex[nta “Época”. Da imprensa de Coimbra destacam-‐se, sobretudo, o “Diário de Coimbra” e o “Despertar”. Era membro da Associação Internacional de Imprensa Despor[va (AIPS) e o sócio número 2 do Clube Nacional de Imprensa Despor[va (CNID).
Fernando Marques esteve também em grandes provas internacionais nomeadamente, no europeu de França (1984) e no Mundial do México (1986), con[nuando a ser uma das figuras mais vistas nos estádios de Portugal, enquanto a saúde o deixou. O seu espólio fotográfico (mais de mil fotografias), foi cedido pelo CNID à Câmara Municipal de Coimbra. Na altura do seu falecimento, um grupo de colegas encontrava-‐se em prepara[vos para uma grande festa de homenagem, que perpetuaria a sua memória na cidade de Coimbra e no País. Por seu lado, também o CNID elaborava uma proposta para a atribuição da Medalha-‐ de-‐Bons-‐Serviços Despor[vos ao "Formidável".
PHOCAL PHOTO VISIONS -‐ 38
Fotografia
Concursos
Existem para todos os gostos e possibilidades. Profissionais ou amadores; analógicos ou digitais; com câmaras
fotografia, seja um mero aficionado que tem nesta aAvidade um passatempo entre outros. Como é óbvio, vencer é sempre
elaboradas de grandes objecAvas e com máquinas descartáveis; com prémios simbólicos ou monetários
algo especial, mas correndo o risco de cair no cliché, nos concursos de fotografias o que é verdadeiramente
bastante apelaAvos. E sobretudo, dedicados a todos os temas imagináveis. O mundo dos concursos de fotografia é
importante é parAcipar: com isso estará a mostrar a outros interessados a sua visão única da realidade e dos temas em
uma ópAma forma de exercitar a sua faceta de fotógrafo,
questão, as suas técnicas e a sua perícia.
seja você um fanáAco por Para que se possa dedicar aos concursos, deixamos aqui algumas informações úteis. Os objec6vos No que diz respeito aos concursos pontuais e únicos, estão habitualmente relacionados com um evento ou uma campanha de promoção de um determinado tema. Podem ser organizados por uma marca que pretende divulgar um
mas que normalmente inclui uma inscrição prévia. Nesta inscrição poderá já ser pedida a informação detalhada de quantos trabalhos planeia submeter, que [po de suporte e equipamento u[lizará. Nalguns casos, pode também ser um requisito que as
novo equipamento, por uma associação que pretende sensibilizar a população para um dado tema, ou por uma Câmara Municipal que tem como objec[vo promover o município, o seu património ou a sua cultura. O que importa reter é que um concurso não se encerra em si mesmo, não está limitado à beleza fotográfica mas sobretudo àquilo que esta permite dar a conhecer. E esse é um nobre papel que você poderá assumir. Os temas
fotografias a submeter sejam [radas num período específico – por exemplo, entre a inscrição e o fim do prazo. Em relação a esses parâmetros, uma vez mais variam também com a natureza de cada concurso. Muitos dos eventos são patrocinados ou mesmo organizados por grandes marcas relacionadas com a fotografia (como é o caso da Canon, Nikon, Fujifilm e Epson). E nesses casos, o mais provável é ser obrigatório o uso de equipamento da marca organizadora, ou mesmo de um modelo e/ou lente específicos.
Neste capítulo não existe limitação. Os concursos são muitos e variados, e existem para todos os gostos. Uns podem ser de tema livre – nesses casos poderão estar mais direcionados para faixas etárias específicas, ou para usos concretos de equipamentos selecionados. Outros poderão ser tão específicos como uma localização exata, um grupo de pessoas ou uma espécie animal. Muitos concursos incluem mesmo diversas categorias, sendo as mais habituais “paisagens”, “pessoas” e “animais”. Se por um lado, um apaixonado por fotografia acaba por se deixar conquistar por qualquer tema – fala mais alto o desafio de fotografar algo – por outro poderá selecionar à par[da um tema pelo qual sinta uma ligação mais pessoal, ou pelo qual tenha um conhecimento mais profundo. Sobretudo se for um estreante por estas andanças.
outros casos poderão exis[r outro [po de limitações, como por exemplo a obrigatoriedade de usar exclusivamente preto e branco (ou cor), ou de poder par[cipar apenas com película ou com digital. É também importante que tenha estes aspectos em consideração, para poder escolher especificamente as condições em que se sente mais à vontade, ou aquelas em que quer trabalhar por algum mo[vo – porque não aproveitar um concurso deste [po como o pretexto ideal para melhorar a sua técnica com um suporte específico? Os premiados serão escolhidos por um júri que incorpora várias personalidades. Por norma inclui um ou vários representantes da en[dade organizadora, mas também alguns profissionais do mundo da fotografia. No que diz respeito aos vencedores propriamente ditos,
Como funciona um concurso de fotografia? Apesar de serem às dezenas, uns regulares e outros pontuais, todos os concursos de fotografia regem-‐se por princípios gerais e procedimentos comuns. Haverá sempre um prazo, que se pode limitar apenas à data de entrega dos trabalhos,
existem diversos escalões. Um concurso pode premiar os melhores trabalhos seguindo o meio mais habitual de 1º, 2º e 3º classificado. Mas pode também ser mais extenso, sobretudo no caso de concursos que recebem várias centenas de inscrições. Nesses são u[lizados escalões, como por exemplo do 4º ao 10º classificado, podendo premiar até ao 50º!
PHOCAL PHOTO VISIONS -‐ 39
Fotografia
Concursos
Em concursos limitados a poucos trabalhos premiados, é ainda comum haver menções honrosas para trabalhos que apesar de não terem chegado à vitória, são também dotados de uma qualidade ímpar. Por último, e não menos importante, existe sempre um regulamento cuja leitura atenta é tão fundamental como os trabalhos com que participará. Os prémios - O mais habitual nos Concursos de Fotografia (sobretudo os amadores) é que os prémios sejam atribuídos em material fotográfico. Os valores podem ir desde os €500 até aos €5000, e incluem muitas vezes a exposição do ou dos trabalhos vencedores – o que nalguns casos pode até ser mais importante do que o valor material da vitória! Principais Concursos de Fotografia em Portugal Prémio Reflex Uma co-organização BES e Associação CAIS, o Prémio Reflex nasceu apenas em 2007, mas promete vir a tornar-se um dos principais acontecimentos na fotografia nacional. Em 2008 foi denominado ao sugestivo tema “Sons, Odores e Sabores do Mundo”, no âmbito do Ano Europeu do Diálogo Intercultural. O primeiro prémio, monetário e material, ultrapassa os €1800, e inclui ainda a publicação da fotografia vencedora na capa da Revista CAIS. Novo Talento FNAC Fotografia Um evento já habitual (que abrange ainda a literatura), a iniciativa Novos Talentos FNAC tem na sua vertente fotografia um exigente desafio para os mais ambiciosos fotógrafos. A participação implica a entrega de um portfólio com 20 a 30 fotografias, originais, em suporte papel e digital, e com tema livre. O prémio é igualmente ambicioso: uma máquina fotográfica e um computador, ambos topo de gama, assim como a exposição dos trabalhos vencedores nas FNACs nacionais e internacionais.
BES Revelação A par de outras iniciativas culturais no âmbito da fotografia do Banco Espírito Santo, como o BES Photo, o BES Fotojornalismo, Reflex e o BESart, o BES Revelação é já um dos mais importantes concursos de fotografia, já a roçar o Profissionalismo. De tema livre, está limitado a jovens até 30 anos de idade, numa lógica de lançamento e divulgação de mais valias para o futuro da fotografia em Portugal. A recompensa passa por uma exposição numa das mais conceituadas casas de arte nacionais: nada mais nada menos que a Casa de Serralves, no Porto. National Geographic International Photography Contest Naquele que é talvez o mais conceituado concurso de fotografia amadora do mundo, em nenhum outro caso faz tanto sentido falar em prestígio como prémio final. Composto por diversas categorias temáticas (gentes, paisagens e animais), os finalistas de cada uma recebem como prémio uma impressora, mas mais importante que isso, avançam para a participação no Concurso Internacional da National Geographic, à escala mundial. E com direito a publicação das fotos na revista, como não poderia deixar de ser (o que só por si já seria gratificação suficiente). Maratona Fotográfica de Lisboa Um concurso com uma longa tradição – já se realiza há mais de 15 anos – consiste num formato original: uma autêntica maratona de 24 horas ao longo das quais vão sendo fornecidos outros tantos temas p a ra o s p a r t i c i p a n t e s f o t o g ra f a r e m . Pretende-se com isto estimular a interpretação criativa da capital. O concurso tem diversas categorias (preto e branco, cores e digital), com os prémios máximos a chegarem aos €2000.
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Concursos
Concurso de Fotografia Corroios Já na sua 11ª edição, o Concurso de Fotografia de Corroios (Almada) é um evento des[nado a fotógrafos amadores ou profissionais, sem tema definido e com um prémio de €500. Concurso Nacional de Fotografia
Pra[camente todas as Câmaras Municipais, através dos respec[vos pelouros culturais, patrimoniais ou da juventude, organizam concursos que estão perfeitamente ao seu alcance – muito em voga são concursos dedicados aos centros históricos das cidades. Além desses, são também muitas as organizações culturais que também o fazem – a stulo de exemplo, o INATEL tem vários um pouco por todo o país.
Realizado desde 2006, o Concurso Nacional de Fotografia é uma organização da Câmara Municipal da Póvoa de Varzim, des[nado a jovens fotógrafos com idades entre os 15 e os 35 anos. Existem seis áreas temá[cas: auto-‐retrato, fotojornalismo, grafismo, paisagem urbana, viagens/férias e cartaz (em que a fotografia vencedora será escolhida para o cartaz da próxima edição do evento). Existe um prémio único para cada categoria, no valor de €450 (e €250 na categoria cartaz). Além destes concursos que acabámos de enumerar, existem dezenas de outros que providenciam desafios igualmente
Estes concursos pontuais podem muitas vezes pecar por falta de divulgação, mas se consultar a agenda cultural do seu município, dificilmente lhe escaparão. Paralelamente, existem também alguns websites na Internet onde pode par[lhar os seus trabalhos – destacamos por exemplo o Olhares, o Sapo Fotos (onde existem habitualmente passatempos que premeiam as melhores fotos de um dado tema) e o Canal Foto. Este úl[mo organiza frequentemente concursos temá[cos, ainda que sem prémio material, mas com um outro que não é menos importante: o reconhecimento público.
aliciantes, ainda que os prémios finais possam ser bem mais modestos.
Que mais pode um fotógrafo amador querer? Fonte: h{p://omeuolhar.com/arAgos/ concursos-‐ fotografia-‐tudo-‐o-‐que-‐precisa-‐saber Créditos Imagem Licença: CC A{ribuAon-‐NonCommercial 2.0 Autor: fensterbme
PHOCAL PHOTO VISIONS -‐ 41
Fotografia
Arquitetura – João Morgado
Igreja da Boa Nova – Estoril Fotografia João Morgado
Biografia
João Morgado nasceu em Cascais em 1985 2012 Representado pela principal agência internacional de fotografia de arquitetura – VIEW Pictures, Londres 2011 Paralelamente à atividade fotográfica, desenvolve workshops de fotografia de arquitetura em Lisboa, Cascais e Porto 2010 Funda a empresa ‘João Morgado – Fotografia de Arquitetura’. 2008-2010 Orador em conferencias sobre fotografia de arquitetura na Universidade Lusíada de Lisboa, Fnac Coimbra e Pecha Kucha. 2008 Os seus trabalhos fotográficos foram premiados em diversos concursos fotográficos em Portugal 2007 Inicia a sua atividade na fotografia de arquitetura colaborando regularmente com diversos ateliers nacionais e internacionais. 2005-2009 Participa em diversos workshops de arquitetura em Itália, Suíça e Holanda e trabalhou com AAArchitects (Rotterdam) e Wiel Arets Architects (Maastricht). 2003-2008 Mestrado Integrado em Arquitetura pelo ISCTE – Lisboa
PHOCAL PHOTO VISIONS -‐ 42
Arquitetura – João Morgado
Pedro Sarmento – João, a fotografia começou na tua vida como? Tinhas alguém na família que te desse um empurrão
JM – Comecei a fotografar arquitetura de um ponto de vista bastante pessoal e documental todas as obras que visitava.
ou par6u de 6 começares a clicar? João Morgado – As primeiras fotografias de arquitetura
Era um processo de aprendizagem intrinsecamente ligado à
ainda durante a faculdade, despertaram-‐me a curiosidade.
arquitetura que a pouco e pouco fui mostrando a amigos e
Ainda assim, só no fim do curso de arquitetura é que percebi
arquitetos. Em 2007 surgiu o primeiro convite para
que seria muito redutor ficar fechado dentro de um atelier
fotografar três obras a serem publicadas num anuário de
confinado, a uma determinada linguagem arquitectónica. O gosto pela fotografia de arquitetura adensou-‐se no ateliê
arquitetura.
de Wiel Arets (em Maastricht, na Holanda), onde [ve
PS – Tiveste formação em fotografia, aprendeste com
oportunidade de fotografar os projetos mais recentes do gabinete.
amigos, ou consideras-‐te um auto didata que conseguiu a6ngir um patamar de qualidade indiscuQvel??
PS – A tua primeira máquina qual foi? Ainda a guardas ?
JM – Nesse aspecto, penso que a formação em arquitetura desempenha um papel bastante mais relevante no meu
JM – Ainda guardo o meu primeiro esquadro. A máquina
trabalho.
fotográfica surgiu depois.
Aprendi fotografia com a prá[ca e com a constante procura
PS – Começaste a fotografar arquitetura apenas em 2007, até então fotografavas como qualquer outro fotografo
de materializar determinada imagem ou enquadramento.
amador, ou seja fotografavas tudo o que vias, ou sen6as-‐te mais inclinado para determinados assuntos.
PHOCAL PHOTO VISIONS -‐ 43
Casa CM -‐ Porto, PT Fotografia João Morgado
Arquitetura – João Morgado
Conservatória de São Vicente -‐ São Vicente Fotografia João Morgado Escritórios Fraunhofer – Porto Fotografia João Morgado
PHOCAL PHOTO VISIONS -‐ 44
Arquitetura – João Morgado
PS – Quando em 2007 começaste a fotografar arquitetura
PS -‐ Arquitetura versus Fotografia. Achas inevitável um
estavas quase no fim do teu curso superior, foi porque de
arquiteto querer ser um bom fotografo ou não vês nisso
facto te dá gozo, ou porque sen[ste que seria uma
uma regra pelo conhecimento que tens do que se passa no
necessidade profissional?
mercado.
JM – Quando terminei o curso superior já fazia fotografia de
JM – Não necessariamente. A maioria dos arquitetos sente-‐
arquitetura para diversos gabinetes, mas nessa altura
se bastante ‘formatado’ a determinados ângulos e pontos de
pensava que poderia conjugar a profissão de arquiteto com a
vista que surgem durante o processo de projeto. Enquanto
fotografia. Durante uma reportagem, um dos meus clientes
fotografo de arquitetura tenho a vantagem de ter um certo
disse-‐me que naturalmente teria que optar e não [ve
distanciamento desse processo e conseguir captar o edizcio
dúvidas, em mais tarde, apostar na fotografia de arquitetura.
de outra forma.
PS – Qual é a principal fonte de inspiração para o teu
PS – Consideras a fotografia de um edihcio ou estrutura
trabalho, já agora quer como arquiteto quer como
uma arte cria[va, tendo em conta que o mesmo assunto
fotografo, porque pessoalmente considero que as duas
fotografado por pessoas diferentes pode transmi[r
áreas são duas forma de arte, não sei se concordas
emoções diferentes?
comigo?
JM – Da mesma forma que um edizcio projetado por
JM – Tenho o privilegio de trabalhar diariamente com
diferentes arquitetos transmite diferentes emoções, a
diversos arquitetos que me inspiram de diferentes formas,
fotografia é da mesma forma uma arte cria[va.
não só com as suas obras, mas com todas as suas
referencias. Acabo por absorver um pouco de tudo.
PS – Dos teus trabalhos fotográficos , qual consideras o
mais marcante e porquê?
PS -‐ Quais foram os teus primeiros trabalhos de fotografia
JM – Há vários trabalhos que me marcaram de formas
de arquitetura ainda te recordas?
diferentes, mas a Casa H em Maastricht do arquiteto Wiel
JM – O Museu do Farol de Santa Marta em Cascais dos Aires
Arets foi uma obra que me marcou bastante. A reportagem
Mateus; o Fluviário de Mora do atelier Promontório e a
prolongou-‐se durante vários dias devido à neve e
fábrica Inapal Metal em Palmela do atelier Menos é Mais.
temperaturas de 20 graus nega[vos, e que acabou por se
tornar parte da própria reportagem.
PS – Uma boa parte do sucesso da fotografia é pelo
controle da luz. Qual a melhor luz para o seu trabalho?
Tens alguma hora do dia que gostes mais de trabalhar? JM -‐ Há que saber interpretar um edizcio, as suas formas e
espaços, e saber trabalhar a luz do ponto de vista de um arquiteto. Gosto de trabalhar as todas as horas do dia, de
forma a captar as diferentes formas como a luz incide no
edizcio e gera espacialidades dis[ntas.
Escola Secundária de Rainha D. Leonor Lisboa
Fotografia: João Morgado
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Arquitetura – João Morgado
PS – Num capítulo mais técnico, que material u[lizas
PS – Trazes sempre o material pronto a u[lizar na mala do
habitualmente no teu trabalho? E na tua opinião vês
carro, ou já te arrependeste de ter ido a qualquer lado e
alguma vantagem nesses equipamentos que escolheste em
não teres a máquina con[go?
relação a outros existentes no mercado ou foi apenas uma
JM – Como ando sempre em viagem, tenho sempre com as
escolha como outra qualquer?
máquinas comigo. Procuro estar sempre atento para não
perder oportunidades fotográficas.
JM – A escolha do equipamento é um processo bastante
lento que se vai moldando ao processo de trabalho do
PS – Para terminar João Morgado, em termos fotográficos,
fotografo e que difere de pessoa para pessoa.
haveria alguma outra área que gostasses de trabalhar
como fotografo, fotojornalismo, moda, desporto etc??
Não existe um ‘setup’ definido. Geralmente u[lizo duas
máquinas (uma de fotograma completo que me permite [rar
JM – Apesar de já ter sido contactado para reportagens de
par[do da grande angular e uma com sensor APS-‐C para
produto e moda, é apenas a arquitetura que me mantém
explorar pormenores, detalhes e texturas), mas acaba por
ligado à fotografia.
depender bastante do [po de obra que se vai fotografar.
Hotel Zenden -‐ Maastricht, NL Fotografia João Morgado
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Arquitetura – João Morgado
Estoril Sol Residence -‐ Estoril, PT Fotografia João Morgado Casa H -‐ Maastricht Fotografia João Morgado
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Fotografia
Teatro & Moda – António Maia Biografia: António Maia nasceu no Porto em Julho 1975. Desde sempre a fotografia o fascinou pela capacidade que tem de registar o momento que jamais será vivido novamente. Capta detalhes e na simplicidade traduz devaneios interiores. As suas obras são marcadas por um registo muito próprio carregado de senAr. Nas suas descobertas com o olhar, procura referências, faz poesia através das imagens, e quando deambula extrai um senAr que une à inspiração criando assim novas fotografias.
Quanto ao seu percurso na fotografia, em 1996 é aliciado por um pequeno clube de fotografia que exisAa nos seus tempos de estudante, o primeiro contacto com o laboratório, com o papel, com os químicos, e com as impressões foram um incenAvo para que esta paixão durasse até hoje. Depois de uma longa paragem, em 2007 retomou a sua paixão na era digital, onde efetuou uma breve passagem pelo InsAtuto Português da Fotografia (IPF), sendo esta, uma experiência igualmente enriquecedora. Sempre parAcipou em Encontros Fotográficos, e em variadíssimas exposições. Atualmente encontra-‐se em parceria na realização de projetos e eventos ligados à fotografia à poesia ao cinema e ao Teatro
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Teatro & Moda – António Maia
Pedro Sarmento – António esse fascínio pela fotografia começou quando?
PS – Começaste ainda no analógico ou já és apenas do tempo do digital. Como vês a grande alteração que o digital
António Maia – Desde muito cedo! Ainda criança registava com uma pequena Yashica oferecida pela minha mãe todos
veio trazer à fotografia, nomeadamente com o imenso mar de “novos fotógrafos” que nascem todos os dias?
os momentos familiares. Embora na altura fosse um pouco mais dizcil, pois as
AM – Como referi anteriormente já registava momentos com uma analógica, mas mais tarde já em 2000 adquiri com
revelações eram muito dispendiosas, dai as revelações
algum esforço a minha primeira analógica semi profissional,
serem mais escassas.
uma Minolta que ainda hoje guardo religiosamente. Foi com ela que comecei a pra[car as breves noções que
PS – Tinhas alguém que em miúdo apreciasse ver fotografar
[nha adquirido num clube de fotografia que frequentava
em casa por exemplo ou nasceu-‐te essa necessidade que hoje tens de perpetuar momentos se calhar únicos?
nos tempos de estudante, e para além disso alguma experiência de laboratório.
AM – Eu diria quase como um reflexo condicionado! O fascínio que [nha por desfolhar um álbum de fotografias,
Quanto à era digital, na minha opinião sem dúvida que veio
de pegar e clicar numa máquina fotográfica parecia quase
facilitar de todo a prá[ca de fotografar, trazendo de
como que uma ligação que [nha com este mundo fantás[co que é a fotografia! Por um simples click eternizar um
imediato muitos mais entusiastas a esta arte.
momento que jamais será vivido!
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Teatro & Moda – António Maia
Modelo: Andreia Gomes Fotografia: António Maia Flashes & Companhia
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Teatro & Moda – António Maia
PS – No que te diz respeito a “concorrência” afecta-‐te no teu
PS – A par6r de determinado momento da tua vida como
dia-‐a-‐dia, sentes-‐te de alguma forma prejudicado por esta
fotógrafo começaste a enveredar por outros caminhos,
nova onda de “fotógrafos” muitos a fazer de borla aquilo que
nomeadamente a poesia com parcerias contribuindo com
devia ser pago como trabalho que é?
fotos tuas na publicação de livros. Como surgiu a
AM – Esse é um assunto delicado a meu ver pela simples razão
oportunidade e como te sentes nesse campo? Tens de fazer
de haver espaço para todos, na minha opinião se alguém quer
determinada foto para determinado trabalho ou o/a poeta
seguir esta profissão deverá se valorizar instruindo se e na
u6liza uma foto tua para escrever determinado poema?
altura certa assumir se na dita concorrência cobrando como
AM – A escrita também foi sempre algo que me fascinou, e
qualquer serviço na a[vidade pública. O equipamento
porque não aliar as duas artes?
fotográfico é um inves[mento que devemos a longo ou se
Em 2010 a escritora Renata Pereira Correia, lançava o seu 3º
possível a curto prazo rentabiliza-‐lo. Não me sinto para já
livro “ Janela da Alma” e convidou me para dar o rosto da capa
prejudicado com isso mas atento a algumas coisas e propostas
à sua obra, neste caso tendo que fotografar o que o livro
que observo e que sinceramente me incomodam mas não me
descrevia, foi sem dúvida um desafio que me deu um enorme
vão ainda [rando o sono. Em suma prefiro dizer que cada vez
gozo.
mais acredito no meu trabalho!
Mais tarde “Indivisíveis Emoções” uma antologia em livro de
uma tertúlia que mensalmente reside na Casa Barbot em Vila
PS – Começaste a fotografar com que equipamento?
Nova de Gaia e onde também constam alguns dos meus
Depreendo que depois desse já terás evoluído várias vezes
poemas, e mais recentemente o livro “Fusão de Sen[dos “da
com a chegada constante de novos equipamentos que por
minha autoria e da Renata Pereira Correia onde neste caso em
vezes respondem também a novas necessidades de trabalho.
algumas situações trocamos de papéis.
AM – Ao longo destes anos tem sido muitas as aquisições de
equipamento.
PS – Depois dás um salto, eu diria qualita6vo, passando dos
Conservador que sou tenho man[do tudo desde o início, não
simples passeios fotográficos e dos livros para o cinema,
sen[ndo a necessidade de trocar mas sim de adquirir extras
nomeadamente sendo o fotógrafo oficial do Fes6val de
que cada vez mais me exige ter esta a[vidade.
Cinema de Braga, como é que surgiu isso e desse projeto o
que é que te ficou, que experiencia 6raste daí?
PS – Tu quando fotografas e começaste como muitos de nós
AM – Fui contratado para fazer a reportagem do 8º fes[val em
em grupos de amigos. Em passeios fotográficos, como é que
2010, e no fim convidado para fazer parte deste projeto que já
te sentes? És uma pessoa a quem a fotografia por exemplo
conta com 9 edições e que vem em crescendo nestes úl[mos
diverte? Dá-‐te gozo transformar em imagem para a vida
anos.
aquilo que tu e só tu através da tua máquina conseguem
Uma experiência bastante enriquecedora e mo[vante, pelo
criar?
que me fui apercebendo nestas duas úl[mas edições onde
AM – Es[ve ligado a alguns projetos nomeadamente passeios
reina a vontade de acreditar em projetos credíveis.
fotográficos como referes, e na altura um pouco mais folgado,
O Bragacine é assim mesmo um fes[val independente com
a fotografia realmente diver[a me imenso onde a par[lha de
fundos limitados que se realiza na Universidade do Minho e
conhecimentos e o convivo eram uma constante. O gozo é total
ainda muito jovem que é tem vindo a prestar um enorme
quando conseguimos registar aquela imagem que sempre
serviço à sé[ma arte, trazendo grandes nomes do cinema
ambicionamos, é um momento único e eterno.
nacional e internacional homenageando os ao longo destes 9
anos.
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Teatro & Moda – António Maia
PS – Mais tarde surgem alguns eventos para os quais és convidado a fotografar e o Teatro. António como é isso, de estar ligado através da fotografia, a eventos como a poesia, o cinema e o teatro? Essa diferença de áreas tornou-‐te um fotografo mais maduro para além da experiencia adquirida? AM – Sem dúvida amadurece, pelas experiências e desafios que me tenho confrontado nestas áreas. Estas diferenças de áreas acabam se por interligar o com a experiência ob[da nestes campos no fim acaba tudo por se conjugar! PS – Com estes trabalhos mudou de alguma forma a tua maneira de ver a fotografia? És mais exigente con6go mesmo no resultado final dos teus trabalhos? AM – Irei sempre ver a fotografia como tenho visto até aqui, como um parar do tempo seja ela da natureza que for. Sou um inconformado por natureza e o meu principal crí[co.
Modelo: Vânia Moreira Fotografia: António Maia Flashes & Companhia
PS – Outra questão, tens estado muito ligado à moda e aos chamados “Books” fotográficos, inclusive formaste uma
equipa os Flashes & Companhia para te acompanhar nesses trabalhos. Para 6 a moda é aquilo que mais gostas de fazer e
porquê? AM – Na minha opinião este [po de trabalhos requer alguns
condimentos que não estão só à altura do fotógrafo, dai ter a
ajuda de uma equipa competente e capaz onde desde os assistentes de produção e de luz à make-‐up são
Modelo: Rita Moreira Fotografia: António Maia Flashes & Companhia
importansssimos para o resultado final. A moda é um campo que recentemente me tem fascinado e onde tenho apostado, mas mais pelo lado comercial do que pelo simples book , mas não ponho de maneira alguma de parte esse [po de proposta.
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Teatro & Moda – António Maia
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Modelo: Andreia Poliquezi Fotografia: António Maia Flashes & Companhia
Teatro & Moda – António Maia
PS – Para as pessoas perceberam o trabalho de um fotógrafo e não pensem que se esgota no momento do clik, depois de uma sessão f o t o g r á fi c a q u a n t o tempo passas na edição e respec6va publicação do teu trabalho? E já agora antes dessa sessão c o m o s ã o o s p r e p a r a 6 v o s , l o c a l , equipamento, tarefas de cada um dos membros dos Flash’s & Cª etc?? A M – E s s a é u m a pergunta que realmente é importante para que as p e s s o a s s a i b a m o desgastante que é a p a r t e d a edição! ...muitas horas gastas para exibir no fim o resultado pretendido. Os prepara[vos dessas sessões com os Flashes & C o m p a n h i a s ã o m e [ c u l o s a m e n t e preparados. Reunimos para achar uma temá[ca se o cliente nos puser à vontade para isso, ou
Musical Cinderela XXI – Teatro Rivoli Encenação: Elenco Produções Fotografia: António Maia
Musical Annie – Teatro Rivoli Encenação: Filipe La Féria Fotografia: António Maia
mesmo quando o mesmo expõe as suas ideias transformamos o seu pedido no resultado idealizado
PS – Quando terminas um desses trabalhos o que te
PS – Além destas áreas que já falámos existe alguma outra
apetece fazer a seguir? AM – Agradecer à equipa e aos modelos pelo seu
área da fotografia que te apeteça “espreitar”? AM – Sempre adorei o espaço rural para fotografar, é um
desempenho e entrega, que se reflete no resultado do nosso trabalho , e aquilo que apetece a todos, é começar
nicho nesta área que me fascina! Os retratos dessas pessoas que falam vivências passadas
naturalmente a planear o trabalho seguinte... voltar a
outrora, um ambiente nostálgico que sempre me ca[vou.
fotografar portanto.
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Teatro & Moda – António Maia
Musical Annie – Teatro Rivoli Encenação: Filipe La Féria Fotografia: António Maia Musical Annie – Teatro Rivoli Encenação: Filipe La Féria Fotografia: António Maia
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Teatro & Moda – António Maia
PS – Por exemplo a paisagem, muitos fotógrafos adoram paisagem. Pensando no Mundo que conhecemos vês assim por exemplo 3 locais onde darias tudo para não perder a oportunidade de os poder fotografar? AM – As paisagens nunca foram o que mais me seduz em fotografia, contudo vou seguindo trabalhos de outros fotógrafos que me prendem alguns segundos o olhar. Por exemplo em Portugal eu que sou um apaixonado pela minha Cidade natal, o Porto esse é sem duvida um local que me fascina e que sempre que posso registo com muita emoção! Também o alto Douro, pela beleza das suas escarpas que contrastam com rio e o céu, o ainda o Alentejo pelas suas contagiantes tonalidades e densas planícies que são uma delícia para o olhar de qualquer fotógrafo! Agora também existem outros locais por esse mundo fora fabulosos mas há de facto um local no Mundo que não perderia a oportunidade caso surgisse que é a Amazónia, pela beleza do local, o povo que a habita os costumes, as cores etc, um local mágico penso para qualquer fotografo. PS – Voltado aos fotógrafos e à par6lha de trabalhos, com vês as redes sociais no trabalho de um fotógrafo? AM – As redes sociais são sem dúvida uma excelente maneira de dares a conhecer o teu trabalho, se as soubermos usar com fundamento, ou seja não precisamos de despejar lá tudo o que fazemos, sou a p o l o g i s t a d a c l á s s i c a e x p r e s s ã o “Quan[dade não é Qualidade”. PS – És um u6lizador dessas plataformas, para podermos seguir o teu trabalho onde o podemos fazer? AM – www.antoniomaiafotografia.pt.vu www.flashesecompanhia.pt.vu www.olhares.com/omaiato
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Fotografia
Foto Jornalismo – Luiz Carvalho Biografia: Luiz Carvalho, tem 57 anos, nasceu em Lisboa e aos 17 anos já colaborava na revista Observador e em 1978 começou a colaborar com regularidade na Imprensa. Primeiro de Janeiro, Tal & Qual, O Jornal, Grande Reportagem, foram alguns dos vtulos por onde passou. Foi correspondente da Sipa Press de Paris nos anos 80 e colaborou nessa altura também com a AP de Lisboa e em 1985 fundou a agência Scoop. Foi admiAdo no curso de cinema do Conservatório de Lisboa, 1974, mas acabou por seguir design e acabar o curso de arquitetura na ESBAL, 1979.
Já expôs os seus trabalhos fotográficos individualmente no Palácio da Ajuda, no Arquivo Municipal de Lisboa, no Palácio da Rainha ( Barcelona), Biblioteca Almeida Garre{ ( Porto) e noutras galerias de arte. Algumas das suas fotos suas fizeram parte de uma exposição organizada por Lorenzo Melro sobre fotógrafos europeus ( 1982) onde figuravam MarAn Parr da Magnum e José Rodrigues, Prémio Pessoa. Luiz Carvalho publicou o livro “Portugueses” e “ Lisboa e Lisboetas”. Foi professor de fotojornalismo na Universidade Autónoma entre 1997 e 2007 e habitualmente faz palestras sobre fotografia em universidades e organiza work-‐shops sobre fotojornalismo e mulAmédia. Já foi editor mulAmédia e de fotografia no Expresso, fotojornalista, e agora é colaborador do semanário Expresso. É diretor dos cursos de fotografia e fotojornalismo na LIGHTSHOT, na Lxfactory, Lisboa. É autor e realizador do programa FOTOGRAFIA TOTAL na TVI24. 11 de Março de 1975 -‐ Lisboa Fotografia: Luiz Carvalho
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Foto Jornalismo – Luiz Carvalho
Pedro Sarmento– Luiz como é isso de aos 17 anos já ter o bichinho do jornalismo e da fotografia? Fotografar foi algo que te habituaste a ver na família, 6veste alguém que te entusiasmasse nesta área? Luiz Carvalho – Inspirei-‐me nas fotografias de família que o meu pai fazia. Mais tarde o livro “Gente” do Gageiro foi o que me decidiu a ser fotógrafo. PS – A tua vida estudan6l leva-‐te em sen6do opostos, querias ser fotografo, foste para cinema, seguiste design e acabaste Arquiteto. Ter percorrido estas áreas como é que te ajudou na tua formação como fotografo? LC – A minha formação em arquitetura foi determinante para a minha constante preocupação na forma. Quer na fotografia, quer em televisão que agora estou a realizar. PS -‐ A tua vontade de ser jornalista, a tua paixão pela fotografia e a tua inspiração e m H e n r i C a r 6 e r -‐ B r e s s o n , f o i determinante para chegares onde hoje te encontras, onde és um reconhecido fotojornalista?
FáAma 1977 Fotografia: Luiz Carvalho
LC – Si. Primeiro o Gageiro, como disse, depois o Henri Car[er-‐Bresson, a MAGNUM e toda aquela geração de fotógrafos que conheci na exposição The Family of Man. PS -‐ Falando de fotografia, és um b&w convicto ou para 6 a cor tem muita importância no teu trabalho? LC – Ao princípio era o preto-‐e-‐branco. Hoje lido bem com a cor e por vezes prefiro-‐a mesmo. Devemos pensar na cor com intenção gráfica e não como mero adorno. Mas consnuo a achar o preto-‐e-‐branco a expressão mais sinté[ca na fotografia.
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Foto Jornalismo – Luiz Carvalho
Museu Gulbenkian -‐ 1978 Fotografia: Luiz Carvalho
Santa da Ladeira – 1980 Fotografia: Luiz Carvalho
Foto Jornalismo – Luiz Carvalho
P S – Q u a n d o c o m e ç a s t e a f o t o g r a f a r u s a s t e m u i t o o analógico e agora o digital, encontras uma “ferramenta amiga” de trabalho. Como era an6gamente fotografar, correr para revelar o trabalho, correr o risco de ter falhado aquele momento especial e agora o digital poder ver no imediato aquilo que captaste. Tens alguma saudade do tempo do analógico?? LC -‐ Saudades tenho pela relação mais envolvente com a fotografia. Isto é: tudo era um parto com dor. Sofria a revelar, a imprimir e até a pagar caro os produtos! Mas sempre foi um sistema que me cansava. Detesto trabalho de c o z i n h a e s e m p r e a c h e i o laboratório uma cozinha onde se [nha de trabalhar para comer. Claro que foi um tempo único. Sen[a-‐me um artesão. PS – Como fotojornalista e sabendo que já viajaste “longe e perto da vista” e aqui uso uma expressão tua, certamente tens momentos marcantes na tua vida, queres falar aqui de um ou dois desses momentos, e até se
Caxinas – 1980 Fotograza: Luiz Carvalho
possível juntando o testemunho fotográfico desses momentos.
LC -‐ Grande momento: o 25 de Abril. Eu um puto a fotografar aquela festa com uma NIKON F e uma 50mm e uma Beaulieu super8 ao ombro. Outros momentos: os refugiados curdos em 1991 no Iraque, a África portuguesa no início de 90 e a independência de Timor. Mas houve muitos mais que agora era longo citar. As primeiras fotos do nascimento dos meus filhos André e David.
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Foto Jornalismo – Luiz Carvalho
25 de Abril de 1974 Fotografia Luiz Carvalho
Foto Jornalismo – Luiz Carvalho
Semana Santa em Vila Verde Braga – 1977 Fotografia: Luiz Carvalho
Foto Jornalismo – Luiz Carvalho
Alentejo 1980 Fotografia: Luiz Carvalho PS– Já viajaste por esse Mundo fora sempre de máquina preparada para qualquer momento e estou a lembrar-me por exemplo de Índia, Cuba, China, Angola, Paris, Nova York. Destes locais por onde passaste e testemunhaste “bocados de vidas” tens algum que te tenha marcado de forma que o tenhas memorizado para além de em fotografia na tua memória para sempre LC - Cuba deixa-me uma enorme saudade e vontade de voltar. A Índia é uma experiência para lá de tudo. Paris e Nova Yorque deixam-me inquieto e feliz.
LC - A América do Sul que não conheço. Atravessar a América pela 66 de Harley e Leica M9 ao pescoço. PS– Todos os fotógrafos sonham fazer “a foto” da sua vida, quantas “fotos” da tua vida gostarias de fazer. LC - As fotos da minha vida são aquelas do início. Quando vagueava com a minha M4 e a 35 summicron carregada com TRI-X. Acreditava que iria um dia ser fotógrafo porque a minha vontade o fazia merecer. Deus não se esqueceu de mim. E acreditava que o Mundo seria melhor e o país também. Neste dois pontos enganei-me.
PS– O Mundo é “largo” costumo eu dizer, Luiz terás certamente destinos que gostarias de visitar a titulo profissional como foto jornalista, poderias dar-nos dois ou três exemplos de países que te “chamem” e porque?
PHOCAL PHOTO VISIONS -‐ 63
Foto Jornalismo – Luiz Carvalho
PS– Luiz recentemente surgiu na tua vida mais um desafio, a Televisão com um programa dedicado à fotografia que fazes em parceria com a jornalista Fernanda Pedro, “FOTOGRAFIA TOTAL” que tanto quanto sei é pioneiro em Portugal. Como surgiu a ideia? LC - Pioneiro em Portugal e tanto quanto sei no Mundo. Quero fazer televisão e cinema desde os 17 anos. Ao longo dos anos sempre filmei em vídeo, fiz mesmo documentários e curtas em super 8. Nunca pude desenvolver essa faceta profissionalmente pois era incompatível em tempo com o meu trabalho de fotojornalista no Expresso e, mesmo antes de 89, com a minha vida de arquiteto e jornalista. O ano passado fiz uma série de curtas reportagens para o Expresso e a SIC sobre portugueses. Esta proposta do Fotografia Total tinha sido apresentada à SIC Notícias mas não mostraram interesse. Foi o José Alberto Carvalho que apoiou o projeto com muito entusiasmo. Disse-me: “ quero que a fotografia tenha espaço com dignidade na TVI24”. Temos tido toda a liberdade editorial e estética para fazer o programa. Estou muito feliz e vamos continuar com a segunda série. PS– Achas muito importante que a fotografia tenha também um lugar de destaque nas Televisões? Não achas que o vídeo relegou um pouco a fotografia para 2º plano sendo que as duas áreas se complementam? LC - Não acho. Nem gosto muito da palavra vídeo. Pois é conotado com uma linguagem muitas vezes estereotipada e formatada. O que
numa linguagem convergente entre a fotografia e o cinema. Uma estética fotográfica com a edição e a realização do cinema. Com a revolução que Steve Jobs fez nos macs ao permitir uma convergência total entre fotografia, vídeo, áudio...tudo mudou. Mas não se trata de fazer também vídeo, tratase de uma nova linguagem com novas ferramentas. PS– Como é que é pensar um programa de televisão sobre fotografia?? Acredito que seja muito trabalhoso o planeamento, formalizar os convites de participação etc, Dá-te tanto gozo como fotografar??’ LC - Dá-me um gozo enorme sendo que a fotografia está sempre presente. Quando estou a filmar estou a usar a câmara com que fotografo, as mesmas objectivas e a mesma atitude. Não estou com uma absurda betacam a filmar. O planeamento não me dá muito trabalho. Tenho tudo na cabeça, pois já ando a pensar nisto há anos e sei sempre o que quero fazer e como. O que me dá muito trabalho é a edição. E o que me tira do sério é o som.
está a acontecer é que agora temos de pensar
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Foto Jornalismo – Luiz Carvalho
FesAval de Jazz de Cascais – 1973 Fotografia: Luiz Carvalho
PS– Vi todos os vossos programas, não te vou pedir que par6cularizes mas pessoalmente gostava de salientar a
PS– Para terminar Luiz, que mensagem gostarias de deixar a todos aqueles que sonham fazer da fotografia o sonho da
fotografia do António Barreto porque a sigo há algum tempo e a vossa homenagem a Eve Arnold uma
sua vida profissional.
fotojornalista das primeiras que o mundo conheceu. Como é que vês o panorama fotográfico em Portugal. Estamos
LC-‐ Que tenham um objec[vo sincero, pessoal, que traduza a sua forma de ver o Mundo em todos os aspectos. Que
bem servidos de fotógrafos e de fotojornalistas em
estudem e vejam tudo o que se fez de referência na história
Portugal?
da fotografia e do fotojornalismo. Escolham mestres e inspirem-‐se neles. Sejam ousados,
LC -‐ Temos excelentes fotojornalistas. Infelizmente cada vez
afirma[vos e não tenham preconceitos com a técnica.
mais marginalizados nos jornais onde trabalham. Estou a pensar na excelente equipa do JN e do Público e na
Não abusem dos efeitos do Photoshop. Trabalhem muito e não estejam à espera que lhes peçam coisas para irem
nova geração da LUSA, para não falar do Expresso ( sou suspeito!) onde con[nua a haver fotógrafos de primeira
fotografar. Esqueçam que chegarão a algum lado com um emprego num jornal.
água.
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Fotografia
Paisagem – Sónia Guerreiro Biografia: Sónia Guerreiro nasceu em Lisboa, em Dezembro de 1979. A fotografia sempre foi um dos seus principais interesses, arte à qual se tem vindo a dedicar com mais intensidade nos úl[mos anos. Considera a fotografia “uma representação intemporal do seu estado de espírito”. É, simplesmente, “uma forma de estar”. E isso revela-‐se em cada imagem que apresenta, cada qual é quase como um BI seu. A par do seu projeto de fotografia de autor que pode ser visto no seu site em www.soniaguerreiro.com, Sónia realiza workshops one-‐to-‐one, e está neste momento a desenvolver outros projetos fotográficos em variadas áreas. Uma das novidades é a organização de Passeios Fotográficos.
Os seus trabalhos têm sido merecedores d e destaque e de reconhecimento nacional e internacional, tendo sido nomeada como finalista no Photography Masters Cup – Interna[onal Color Awards e nos Black and White Spider Awards. Para além de várias menções de relevo em revistas e livros da especialidade, já realizou várias exposições, cole[vas e individuais.
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Paisagem – Sónia Guerreiro
Pedro Sarmento – Sónia, um dia 6raste uma fotografia e ficaste “viciada” ou 6veste antecedentes na família, por
PS – Com todas as possibilidades e facilidades que o digital nos trouxe, nomeadamente poder ver na hora se
exemplo, que te fizeram correr esse caminho da fotografia. Sónia Guerreiro -‐ Sabes Pedro, na minha família sempre
necessitas ou não de repe6r um determinado disparo...... por exemplo... achas que a magia do ver nascer a foto
houve material fotográfico disponível para suscitar curiosidade nessa matéria.
desapareceu ou é algo em que nem pensas? SG -‐ Acho que depende muito da forma como se encara a
Venho de uma família que [nha o hábito de registar todos
expressão “ver nascer uma foto”. Para mim, que trabalho
os momentos importantes, e por isso a máquina fotográfica andava sempre connosco. Foi assim que começou. Ainda
em digital, a imagem nasce muitas vezes na minha cabeça. Imagino algo e vou à procura do local onde possa a
hoje tenho a primeira máquina da família.
concre[zar, ou simplesmente saio para fotografar e ela
PS – Começaste ainda no tempo do analógico ou já és
revela-‐se aos meus olhos. Muitas vezes, em fotografia de paisagem, a imagem nasce numa pesquisa e apenas se
“cliente” do Digital desde sempre. SG -‐ Eu comecei no tempo do analógico, mas muito novinha.
revela em inúmeras visitas a um mesmo local. Quando chego de uma sessão, faço a minha “revelação digital” sem
Na altura estudava e não havia grandes recursos para as
manipulação. Não sou muito adepta disso. Finalmente o
revelações. Foi com o digital que tudo foi levado mais à séria.
derradeiro tributo ao nosso trabalho é vê-‐la impressa. Por isso, neste contexto, na minha opinião há sempre magia
associada a ver uma imagem nascer!
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Paisagem – Sónia Guerreiro
Paisagem – Sónia Guerreiro
PS – És decididamente uma fotógrafa de paisagem, começaste logo aí ou saltaste um pouco até encontrar a “tua área” favorita? SG -‐ Acho que todos nós quando começamos temos dificuldade em encontrar o que nos move. Eu andei sempre perto da paisagem, dos espaços e das gentes. Nunca me afastei muito dessa linha. Atualmente faço outros trabalhos em áreas dis[ntas da fotografia da paisagem mas que me apaixonam igualmente. PS – Como fotógrafa de natureza quais são as tuas preocupações ambientais quando estás em campo? SG -‐ Tenho o máximo cuidado para não deixar mais do que pegadas e deixar os locais intocados, sempre que possível, de forma a mostrar a natureza através das minhas imagens tal como ela se encontra. Acho isso muito importante, senão mesmo essencial, para a entendermos como um recurso finito e que como tal merece ser preservado o máximo possível. PS – Existe algo de “zen” nas tuas imagens. Para 6, fotografar representa o q u ê ? M a i s u m a f o t o , m a i s u m enquadramento, ou és tu bem con6go mesma, é a tranquilidade que consegues a6ngir? SG - Para mim a fotografia é uma representação intemporal do meu estado de espírito, uma forma de estar. Para mim uma imagem, nunca será mais uma a somar a outras tantas que já fiz. Todas elas têm de encerrar qualquer coisa de especial. Tento sempre que possível que elas transmitam emoções. Para isso é necessário equilíbrio. Equilíbrio esse que busco na natureza. PS – Quando fotografas tentas captar apenas aquilo que vês de acordo com a tua maneira de ver ou preferes captar aquilo que outros também possam ver através da tua fotografia? SG - De forma geral, tento evitar a mera captação de imagens, à qual designo por registo fotográfico. Para mim é muito mais importante interpretar as cenas e transpô-las para um conceito de acordo com a minha visão, o que se traduzirá numa imagem final. Quando apresento um trabalho final, concentrome em transmitir sensações, emoções e o espírito do lugar. Penso que só assim se consegue tocar os outros, lá dentro, onde muitos evitam ir porque às vezes simplesmente não sabem o que procurar.
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Paisagem – Sónia Guerreiro
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Paisagem – Sónia Guerreiro
PS – Projetos? Conta-‐nos aquilo que te vai na alma e na cabeça para o teu futuro em termos fotográficos.
Contudo não há bela sem senão e a polí[ca de privacidade deles tem sido sempre duvidosa quanto à publicação de
SG -‐ Este ano tem sido repleto de novidades. O site www.soniaguerreiro.com foi renovado. Tem novas imagens,
conteúdos, razão pela qual u[lizo sempre o meu site como referência para a publicação de novos trabalhos.
novos conteúdos e também o logó[po foi alterado. Novos desafios requerem mudanças.
PS – És das pessoas que também se preocupam com os
No início do ano fui também convidada para fazer parte da Natugrafia.com, a única associação de fotografia de
direitos de autor e os perigos que as redes sociais acarretam?? Temos observado imensos casos de quebra na
Natureza em Portugal. Neste momento faço parte dos
u6lização de meios áudio visuais de vários autores , de que
corpos sociais da mesma e estamos a preparar toda uma série de a[vidades e inicia[vas que serão divulgadas a seu
forma isso te preocupa? SG -‐ Essa questão será sempre o “calcanhar de Aquiles” do
tempo.
fotógrafo. Na medida do possível tento proteger as minhas imagens e os conteúdos que produzo da forma que posso
A nível pessoal, comecei a fazer os passeios fotográficos mais
nomeadamente através da colocação de marcas de água nas
formalmente este ano, começando com o do Alqueva, que se vai realizar de 30 de Março a 1 de Abril de 2012.
imagens.
Ao longo do ano, vão seguramente haver mais novidades,
Outra coisa que faço religiosamente é colocar imagens online sempre com resolução com qualidade de visualização
mas para já, ficamos por aqui. Para quem quiser manter-‐se a
apenas. Por vezes tenho-‐me deparado com pessoas que
par das novidades, é ir consultando o site ou a minha página no Facebook.
colocam as suas imagens diretamente da máquina e acho isso verdadeiramente contraproducente, pois em termos
PS – Redes Sociais....... achas que vieram de uma forma
prá[cos significa que as ditas podem ser u[lizadas em qualquer lado sem controlo.
muito clara ajudar fotógrafos que estão a tentar dar-‐se a
conhecer? SG -‐ Ajudar sim, de forma muito clara, depende da
De tempos a tempos faço pesquisas para ver por onde andam a ser distribuídas as minhas imagens, mas é
perspe[va e da rede social que se u[liza. As redes sociais têm-‐se revelado muito importantes como forma de
complicado chegar a todo o lado. É com alguma frequência que as vejo serem u[lizadas sem autorização. Penso que isso
comunicar, conhecer e fazer-‐se conhecido, quando u[lizadas
nunca se vai poder evitar a 100%.
com responsabilidade.
PS – Uma das vertentes a que te dedicas é a organização de
No meu caso, há apenas pouco tempo que recorro, por exemplo, ao Facebook para dar a conhecer os meus
passeios fotográficos, onde levas fotógrafos a lugares que a maioria não conhece, aliado por norma a fins de semana de
trabalhos e posso dizer que até à data o retorno tem sido
grande convivo e sã camaradagem. Como é para 6
muito bom, passando por convites para escrever ar[gos para revistas, par[cipar em publicações internacionais, entre
organizar tudo isso? SG -‐ Sim, já organizo passeios fotográficos há algum tempo,
outras.
embora só apenas este ano esteja a fazer a divulgação dos mesmos publicamente.
O úl[mo caso é o da revista Mambo, que é uma revista de fotografia Espanhola, que começou por surgir no Facebook e
Quem viaja comigo já sabe o que esperar. Nas palavras de
neste momento já publicou em papel o seu primeiro
alguns par[cipantes “muitas aventuras e desafios”, “mas
número, para o qual fui convidada a par[cipar com algumas imagens.
sempre com profissionalismo e qualidade”.
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Fotografia de Paisagem – Sonia Guerreiro
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Fotografia de Paisagem – Sónia Guerreiro
O que tento fazer nestes passeios, para além do óbvio, que será levar os participantes a conhecer lugares de inegável beleza paisagística, natural ou humanizada em alturas propícias a bons registos fotográficos, é fazer com que alarguem os seus horizontes, superem dificuldades, fujam à rotina, e acima de tudo estimular a sua criatividade. Por isso, os passeios têm em média um máximo de 8 a 10 participantes dependendo dos locais. Considero um número ideal para maximizar a experiência fotográfica e dar atenção a todos. PS – Desses passeios, ficam-te amizades para a vida, já aconteceu? SG - Claro. Conheci muitas pessoas através do mundo da fotografia, algumas mesmo sem qualquer ligação direta ao meio, cujas amizades se mantêm salutares até hoje. PS – De todos os lugares onde foste fotografar queres eleger digamos dois que nunca mais esqueças.... e já agora se quiseres concretizar o porquê… SG - Que injustiça... Só posso dizer dois??? É
que cada um tem caraterísticas tão distintas.... Em território nacional, as paisagens mais memoráveis são as da Costa Vicentina, por serem rudes, selvagens, inesperadas e pela minha sempre presente ligação ao Mar. Ao invés, mais para terra e mais para o Centro, temos a Serra da Estrela, com a sua eterna paisagem de montanha. Pelo ar que se respira, pela calma, pela tranquilidade, pelo cheiro da terra e pela liberdade. PS – Gostas de voltar a um local onde já fotografaste?? Sempre que voltas encontras algo de novo que não tinhas visto antes? SG - Sim, frequentemente volto a lugares já fotografados e encontro sempre algo de novo. A paisagem, mesmo quando tem elementos fixos está em permanente mutação. Por vezes, um simples detalhe de luz altera toda a magnitude da mesma. Por isso, volto várias vezes ao mesmo local, em diferentes alturas do ano, com condições climatéricas diferentes.
A - A tua galeria de imagens é maioritariamente de Portugal. Qual é o local que ambicionas fotografar um dia ... no Mundo. SG - Bem, há dois anos estive no Cambodja. Se há lugar no mundo para o qual quero viajar novamente é sem dúvida para lá. Pode parecer estranho, querer voltar a um local já viajado, mas é preciso que lá se tenha estado para compreender a simplicidade das gentes, os séculos de história gravados nos rostos, e as paisagens edificadas sobre o rio Mekong, entre tantas outras coisas que fizeram desse local mais uma viagem de alma.
PS – Para terminar duas perguntas
B - Em fotografia diz-se que todo o fotografo um dia fará a ”sua melhor foto”... queres desenvolver...? Sim, creio que haverá sempre uma melhor foto... Para alguns. Para mim há um conjunto de imagens que fazem parte de um plano maior. Interligam-se entre si e são indissociáveis, pelos momentos que encerram, pelas sensações e emoções que despertam. Umas sem as outras não fariam sentido, é como um puzzle. Várias imagens que tenho compõem a minha melhor
simples…
fotografia.
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Paisagem – Sónia Guerreiro
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Fotografia
Auto Retrato – Paula Cristina
Biografia: Paula Brasil, tem 34 anos e vive em Alfornelos (Colina do Sol). Tinha um mês de idade quando a sua família começou uma nova vida deixando para trás o sopé da nossa maravilhosa Serra da Estrela, e desde aí cresceu a ver todos os dias a imponente montanha da Ilha do Pico, é Açoriana (jorgense) de corpo e alma embora nascida na Covilhã. É uma pessoa simples que gosta de coisas simples, é assim também que encara a fotografia que desde cedo a caAva, apesar de só há poucos anos ter percebido as proporções que esta paixão estava a assumir na sua vida. Pode afirmar sem reservas que não passa um dia sem que faça algo relacionado mesmo que não seja fotografar. Pediram-‐me para escrever um ar[go sobre auto-‐retrato (autorretrato segundo o novo acordo ortográfico), acho que o Pedro Sarmento não sabia bem no que se estava a meter, mas como gosto de escrever… pensei e porque não? Sem qualquer pretensão e com poucos conhecimentos de técnica fotográfica vou falar um bocadinho sobre este tema. Em primeiro lugar gostava de fazer um breve enquadramento histórico. “Auto-‐retrato (pré-‐Ao 1990: auto-‐retrato), muitas vezes é definido em História da Arte, como um retrato (imagem, representação) que o ar[sta faz de si mesmo, independente do suporte escolhido. Mais recentemente, no século XX, dificilmente encontra-‐se ar[sta, renomado ou não, que não tenha procurado produzir o seu. Seja ou não este produto, reconhecido no campo arss[co como inserido nesta categoria. É comum encontrar-‐se em textos referentes ao autor retrass[ca, a afirmação de que a produção de auto-‐ retratos é presente na an[guidade clássica. Cita-‐se constantemente o escultor Fídias, do século V a.C., o qual teria deixado no Partenon, em Atenas, sua imagem esculpida; antes, no An[go Império Egípcio, um certo Ni-‐ ankh-‐Phtah, teria deixado sua fisionomia gravada em monumento; ou ainda, considera-‐se eventualmente, que em culturas pré-‐literárias já havia quem os produzisse. O mesmo é dito a propósito do período medieval, época na q u a l p r o c u r a m -‐ s e a u t o -‐ r e t r a t o s ( e a l g u n s a fi r m a m e n c o n t r a r ) e m m a n u s c r i t o s des[nados aos mais variados propósitos: em iluminuras religiosas, principalmente.” Fonte: Wikipédia Feitas as apresentações passo a falar na primeira pessoa e desculpem-‐me a forma simplista e pessoal como vou escrever, mas só assim consigo exprimir-‐me e afinal é mesmo pessoal ou não se tratasse de auto-‐retrato, espero não me perder pois facilmente começo a divagar. Voltando ao inicio de tudo acho que o bichinho da fotografia começou mesmo pelo auto-‐retrato, e desde aí sempre houve esta ligação in[ma.
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Auto Retrato – Paula Cristina
Regra geral o auto-‐retrato incide o foco sobre o rosto, quase sempre em primeiro plano, em que o semblante do
Antes de fotografar projeto na minha cabeça a história que desejo contar ou as sensações que pretendo transmi[r/
retra[sta/retratado raramente se manifesta num momento
causar, pode ser saudade, melancolia, serenidade,
de felicidade.
liberdade, sensualidade, rebeldia, enfim tanta mas tanta
coisa o limite é a imaginação e visualizo na minha cabeça
Em geral, a visão do ar[sta sobre si próprio é sombria, angus[ada, melancólica, assumo a minha própria
essa imagem. De seguida e antes de passar à execução, repenso todos os aspectos da concre[zação da minha ideia,
dificuldade em sorrir nas fotos, mas tenho arriscado e tento
o que devo e como devo usar, só depois passo à prá[ca. No
quebrar com estas “quase regras”, cada vez faço mais
cenário onde vou fazer a fotografia, seja num ambiente fechado ou ao ar livre, monto o tripé, faço o
retratos com cortes inesperados e tento sorrir e sabem o que descobri… gosto de me ver a sorrir! Existem várias formas de auto-‐retrato, os mais comuns são em estúdio com um ambiente estudado, o retrato espontâneo e o retrato em ambiente natural. Independente do ambiente a maioria dos que faço é estudada e preparada.
enquadramento, [ro uma ou duas fotos de teste e ajusto o que for necessário. Para ser mais fácil colocar-‐me no ponto certo, tento marcar a minha posição por um elemento presente na composição, seja um objecto ou uma referência como um arbusto, etc. Por fim é só programar o temporizador e/ou disparador, acelerar até ao local e posar, entre cada disparo avalio sempre o resultado para corrigir tanto a pose, como o enquadramento.
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Auto Retrato – Paula Cristina
Na edição, uso programas de acesso gratuito, simples de utilizar e bastante intuitivos, como o paint.net e o picasa, este último porque é também uma excelente forma de ter as fotos organizadas. Maioria das vezes 95% das fotos vão para o lixo, considero-me bastante exigente e se tiver dúvidas ponho de lado, também acontece não conseguir a fotografia que quero… por vezes nem perto do que tinha idealizado, acho que para qualquer fotógrafo, amador ou profissional, existe uma invariável insatisfação, uma busca constante da imagem perfeita. Nesta parte de finalização tento que a foto fique acima de tudo ao meu gosto, se necessário faço corte, se houver elementos que desarmonizem tento retocar e melhorar a composição,
gosto muito de preto e branco mas vejo para cada foto, para cada história o que melhor se adapta e transmite o que idealizei. Conheço muitos fotógrafos que me falam da dificuldade de se retratarem numa imagem por diversas razões: primeiro que tudo porque não gostam de se ver (é o que quase toda a gente diz), porque é bastante difícil preparar a composição e colocar-se na melhor posição para conseguir o enquadramento correto ou porque não conseguem ser criativos num auto-retrato e o resultado final acaba por parecer foto “tipo passe”… são apenas algumas. Aliás é fácil constatar que a maioria dos fotógrafos quando retratados pelos colegas ou até por si próprios surgem sempre protegidos pela Segurança da sua máquina que oculta o rosto, porque é desse lado que se sentem mais confortáveis, do lado de lá da câmara.
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Auto Retrato – Paula Cristina
Divagando um pouco sobre esta última constatação, certa vez uma fotógrafa disse-me a propósito duma fotografia minha, que os v e r d a d e i r o s fotógrafos, os “profissionais” não gostam de se ver nas fotografias e dificilmente se deixam fotografar, para ser franca posso dizer que não gosto que me fotografem e as raras vezes que aconteceu nunca fiquei entusiasmada com o resultado, mas contudo gosto de me ver nos autoretratos, caso contrário não representavam uma percentagem tão grande no “espólio” que já vou tendo. Ainda sobre essa afirmação eu não me considero uma fotógrafa, felizmente creio que sou muitas coisas mais e que representam muito mais na minha vida, a fotografia é mais uma forma que descobri de ser feliz. Talvez não seja bem uma fotógrafa, mais uma encenadora e em cada auto-retrato ensaio uma cena, que algumas vezes retrata uma vivência pessoal outras é puramente ficcionada.
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Auto Retrato – Paula Cristina
Acho que cada fotógrafo tem o seu cunho pessoal que imprime a cada trabalho, como uma marca de água invisível que o dis[ngue dos demais, sinto isso no trabalho de vários amigos e julgo que as minhas fotos também já vão tendo a minha marca, sobretudo os auto retratos. Outro amigo disse-‐me o que o auto-‐retrato é a cultura do “eu”, após refle[r sobre isso explico doutra forma, que pode
visto pelos outros, a sua imagem na sociedade nas suas várias vertentes, também envolve alguma interiorização e reflexão e por isso toca o género autobiográfico. Para mim é acima de tudo uma forma de expressão e libertação, eu que sou uma pessoa bastante terra à terra, quando escrevo ou quando fotografo liberto-‐me, recrio as minhas fantasias e solto as minhas emoções de forma
ser também o alimento do ego, não é preciso vergonhas em admi[r que se gostamos do que vemos certamente vamos sen[r-‐nos melhor connosco próprios . Além de que, pode parecer estranho para muitos, mas o auto-‐retrato é um bom exercício para o auto conhecimento, revela muito sobre o indivíduo (ao próprio) sobre a forma como se vê a si mesmo e sobre a forma como pretende ser
intensa e muito român[ca até. Gostava de terminar convidando todos a experimentarem o auto-‐retrato, não tem inconvenientes até porque não temos plateia, não temos interlocutor, somos apenas nós e a nossa câmara… aquela que já conhecemos tão bem. Cumprimentos fotográficos e muitos cliques felizes.
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Fotografia A maioria das pessoas que pretendi iniciar-‐se na fotografia compram um kit DSLR. O kit nada mais é do que corpo da câmera + lente. É possível comprar só o corpo da câmera, da mesma forma que é possível comprar só a lente. Em geral, as marcas fazem o conjunto com uma lente 18-‐55mm
Objectivas – Saber o que comprar
Objec[vas em todas as marcas que são des[nas a trabalhos específicos e para tal é preciso conhecer o mínimo sobre elas. Em caso de dúvida nada como pedir ajuda a quem sabe mais do que nós ou consultar uma loja da especialidade. A objec[va é uma das partes mais importantes da fotografia.
óp[ca da imagem. As lentes das câmaras fotográficas podem ser divididas em 7 grupos que são caracterizados essencialmente pela distância focal e pela luminosidade com que conseguem trabalhar. Essa distância focal têm várias opções e e s s e n ú m e r o p o d e v a r i a r
ou quando muito uma 18-‐105mm. A É um disposi[vo óp[co composto por normalmente entre os 8mm e verdade é que essas lentes de kit não um conjunto de lentes u[lizado no 200mm, mas temos ainda as 300mm e são suficientes para fotografar todos processo de focalização ou ajuste do as 500mm. A distância focal resulta da os [pos de fotografia que quereremos foco da cena a ser fotografada. A lente medida em milímetros entre o pano fazer depois de algum tempo de é responsável pela angulação do do filme e o ponto onde a imagem é experiências fotográficas. Para isso câmaras fotográficas podem ser inver[da depois de entrar na câmara existe uma enorme variedade de enquadramento e pela qualidade escura. Lente micro Aplicação: Estas lentes são especialmente Lente olho de peixe muitos Aplicação: Estas lentes são indicadas para indicadas para fotografias de temas pequenos, os quais são ampliados pelas lentes. situações onde é necessário capturar uma Distorção: Por apresentar profundidade de grande área do espaço ou ambiente. Com campo muito reduzida, a perspectiva da características de uma grande angular mais fotografia é perdida na desfocagem. poderosa, é capaz de abarcar um ângulo até 180 graus. Imagem: Maior que o objecto fotografado. Distorção: Provoca grandes distorções na Lente macro Aplicação: Estas lentes são indicadas para fotografias de temas de pequena dimensão onde é necessário um grande detalhe. Pode focar objetos a pequenas distâncias, e assim de proporciona ao fotógrafo a possibilidade
imagem.
fotografar detalhes minúsculos de objetos, p e q u e n o s i n s e c t o s , p l a n t a s o u m i c r o organismos. Distorção: Apresenta profundidade de campo muito reduzida e distorções. que o Imagem: Um pouco maior ou menor
se tem pouca distância para fotografar em
objecto fotografado.
Distorção: Apresenta distorção da imagem.
Imagem: Menor que o objecto fotografado.
Lente grande angular Aplicação: Estas lentes são mais apropriadas para fotos de paisagens ou em ocasiões em que recintos pequenos, como por exemplo salas em que precisamos enquadrar o máximo de área possível. Uma outra característica destas lentes é proporcionar grandes profundidades de campo, desde pequenas distâncias até ao infinito. Imagem: Menor que o objecto fotografado.
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Objectivas – Saber o que comprar Fotografia
Lente zoom Aplicação Este tipo de lentes não é mais do que uma lente que permite variar a distância focal, e por consequência, variam o campo abrangido e o tamanho da imagem. Devido à sua versatilidade e conveniência, as objectivas zoom são talvez as mais populares de todas. Como uma lente zoom tem uma distância focal variável de maneira contínua, ela pode substituir todas as lentes fixas compreendidas entre as suas distâncias focais máxima e mínima. Distorção: Depende da distância focal. Imagem: Depende da distância focal.
Lente normal Aplicação: Estas lentes produzem uma imagem com perspectiva que se aproxima da visão normal, em que a proporção dos assuntos enquadrados não sofre ampliação nem redução perceptível. Distorção: Semelhante à do olho humano. Imagem: Menor que o objecto fotografado. Lente teleobjetiva Aplicação: Estas lentes de grandes distâncias focais são apropriadas para fotografar a longa distância. Distorção: Quanto maior é a distância focal, maior é a desvalorização da perspectiva e o achatamento da imagem. Imagem: Menor que o objecto fotografado.
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Objectivas – Saber o que comprar
É portanto a maior dúvida de quem está a começar. Porque razão existem tantas? Uma só não bastaria? Porque algumas são tão caras? A peça mais importante de sua câmera é a lente. A escolha da obje[va é de extrema importância, já que determina os resultados possíveis em termos de enquadramento, foco, ni[dez e condições de exposição viáveis. A lente define a “personalidade” da câmera. A melhor caracterís[ca das câmeras compactas atuais é a possibilidade de experimentar múl[plos comprimentos focais numa única lente zoom, sendo trivial um fator de zoom de 4x ou 5x. As Delors oferecem algo a mais: a possibilidade de trocar a obje[va a qualquer momento por outra com caracterís[cas muito diversas. Como a tendência de todos os fotógrafos é especializar-‐se numa determinada área, ninguém coleciona todas as centenas de obje[vas que existem. Até porque as lentes podem custar muito mais que os corpos! A construção das obje[vas é um processo fantas[camente complexo, que usa materiais exó[cos e ainda precisa ser feito à mão e isso explica os preços elevados. Por isso, saiba escolher bem porque as suas obje[vas poderão durar mais que a sua câmera.
O que comprar primeiro? Note que as lentes fixas obrigam o fotógrafo a a mexer-‐se Se acabou de comprar uma DSLR, é quase certo que ela veio mais para encontrar o enquadramento ideal, e isso com um kit com uma obje[va zoom autofoco estabilizada, proporciona um excelente exercício cria[vo; as zooms que atualmente costuma ser uma 18–55mm f/3.5–5.6 e nos podem es[mular a composição preguiçosa... modelos mais caros, outra com um pouco mais de alcance. É uma obje[va para uso geral, que não é muito para grande-‐ angular nem muito telefoto. Mas esse bem é o principal problema, a questão nas lentes de Kit é que são pouco luminosas ou seja , não permite aberturas muito grandes. Serve para a maioria das necessidades de uso geral, como passeios, viagens, retratos sociais etc. Não faz tudo, mas o que faz, faz bem. Por que falam tanto da 50mm? Antes de surgirem as lentes autofocos, a obje[va que vinha em kit com as câmeras era a fixa de 50mm f/1.4 O seu comprimento focal era “normal”, isto é, produzia um ângulo de cobertura considerado natural para a visão humana. A 50mm era, portanto, a lente fixa mais versá[l possível para câmeras de filme de 35mm. Ainda hoje, esta é uma das obje[vas mais barata de todas e, sabendo usá-‐la produz resultados extraordinários, graças à elevadíssima ni[dez em todas as aberturas e a possibilidade de trabalhar em aberturas grandes, o que a habilita para situações de b a i x í s s i m a l u z o u p a r a p r o d u z i r o f a m o s o efeito boque (fundo desfocado). Porém, nas câmeras com sensores de dimensões APS-‐C e DX– que hoje são a enorme maioria das digitais para entusiastas profissionais –, a 50mm é menos versá[l do que era nas câmeras de filme, porque o ângulo de cobertura fica mais estreito: ela torna-‐se mais ou menos equivalente a uma 75mm. Para obter um ângulo de cobertura comparável ao da clássica 50mm numa câmera APS-‐C ou DX, é preciso usar uma 35mm. Ela também é acessível e vale o inves[mento. PHOCAL PHOTO VISIONS -‐ 82
Objectivas – Saber o que comprar
Teles, grande-‐angulares, macro...? Outra lente ú[l para todos os fotógrafos é uma tele Objec[va, ou seja, zoom com comprimentos focais mais longos para a aproximação maior a assuntos distantes. Nesse campo há opções sem fim. Para pessoas normais, com orçamentos também normais, o usual é uma 70–200mm, 55–250mm ou similar. Atendem a muitas situações e produzem imagens lindas com pouco esforço. Não pense que uma lente Canon série L ou Nikon série ED os modelos topo de linha são a única coisa que o poderá fazer fará feliz. Após algum tempo com um produto básico, poderá verificar nas suas fotos as distâncias focais e aberturas que mais usa e então adquirir outra obje[va que se encaixe melhor nas suas preferências. Seja como for, quando [ver duas zooms, evite que as suas escalas de comprimentos focais se sobreponham muito. Duas lentes, uma na câmera e outra na mochila, é o máximo que a maioria dos fotógrafos leva a campo. A relação matemá[ca entre a distância focal da full-‐frame e uma que produza a mesma cobertura noutro sistema é chamada de “fator de de mul[plicação”. Assim, o APS-‐C tem fator de 1,5x; o DX, de 1,6x; os Pentax 14mm F2,8 sistemas Quatro Terços, de 2x; quase todas as compactas, de 4,73x. Fica claro pelos números, que a dimensão de sensor APS-‐C da Canon não é idên[ca à DX da Nikon, resultando em números um pouco diferentes, embora na prá[ca eles sejam tratados como iguais. Os Quatro Terços, assim como as câmeras compactas, usam sensores com proporção 4:3 e não 3:2. Por isso, a medida do sensor pela diagonal é uma forma de evitar distorções que aconteceriam se apenas a medida horizontal ou a ver[cal fosse usada. No outro extremo da escala temos as grande-‐angulares, que se prestam muito a fotos de paisagens e arquitetura, além de produzirem uma esté[ca peculiar: enquanto uma teleobje[va “achata” a perspec[va da cena, a grande-‐angular a “es[ca”, enfa[zando as distâncias. As olho-‐de-‐peixe (fisheye) são um caso à parte, pois possuem cobertura muito ampla; elas projetam a cena de maneira tal que todas as linhas retas que não passam pelo centro óp[co ficam curvas. Como uma olho-‐de-‐peixe pode ser extremamente cara, você pode, por uma fração do preço, obter um adaptador olho-‐de-‐peixe e rosqueá-‐lo na sua obje[va, como se fosse um filtro. A qualidade da imagem é fraca, mas vale o experimento.
Tamron 70-200 F2,8
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Nikon 8mm F3,5
Objectivas – Saber o que comprar Quanto às lentes macro, note que algumas lentes zoom trazem “função macro”, que serve para poder focar mais de perto. Uma lente macro dedicada serve também para fazer retratos, apresentando nitidez fora do normal. Mas o preço também costuma ser fora do normal.
Sigma 150mm Macro
Original ou de terceiros? Para muitos fotógrafos o habitual é comprar objetivas da mesma marca da câmera, mas existem em cada categoria objetivas de terceiros, sendo as marcas mais p o p u l a r e s S i g m a , T a m r o n e T o k i n a , frequentemente com um custo mais baixo. As objectivas de terceiros nunca são cópias diretas das lentes da marca original, portanto é bom comparar as tabelas de especificações e ler comentários de outros utilizadores desses produtos antes de decidir-se pela sua aquisição. O que é compatível e o que não é? Se resolver, por qualquer motivo, mudar de sistema DSLR vai precisar vender a câmera e as lentes e comprar tudo de novo de outra marca, já que elas não são compatíveis umas com as outras, mesmo tendo as mesmas especificações. Isto acontece com Canon, Nikon, Sony, Pentax etc. Existem alguns adaptadores de baioneta de terceiros para usar as lentes de uma marca em noutra mas são soluções parciais podem deixar algo a desejar.
A l é m d i s s o, h á a l g u n s p r o b l e m a s n a compatibilidade entre lentes e máquinas mesmo dentro da mesma marca. A Canon EOS aceita lentes do seu padrão de baioneta, chamado EF. Mas as EOS que usam sensor APS-C (toda a série Rebel, mais a 7D e desde a 20D até a 50D) podem também usar uma classe de lente derivada da EF, chamada EF-S, que em geral é mais compacta e leve. Muitas delas têm o seu elemento posterior (o vidro mais interno) mais recuado dentro da câmera que as EF. Por isso, uma lente EF-S não pode ser usada em câmeras full-frame (EOS-1Ds e EOS de filme), pois colidiria com o espelho. Na prática isso não é um problema, pois quem usa uma EOS-1Ds acaba por adquirir também as lentes “premium” da Canon, que são as EF. Na Nikon e na Pentax , um dos grandes atrativos das marcas é a possibilidade de usar numa DSLR’s novas centenas de modelos de lentes mais antigas, inclusive as de câmeras de filme. Existe, porém, um detalhe importante: Na Nikon as câmeras D40, D60, D3000 e D5000 necessitam objetivas AF-I ou AF-S (que possuem motor de foco interno) para fazer autofoco. Pode ainda assim usar nessas câmeras outras objetivas, mas terá que fazer o foco manualmente, usando a função de telêmetro eletrônico (Electronic Rangefinder) da câmera. Na Pentax há que ver se as lentes são para baioneta K ou mas existem imensas lentes PRIME PENTAX que funcionas em qualquer DSLR nova, apesar de apenas em Foco Manual. Os sistemas Quatro Terços (Four Thirds) e Micro Quatro Terços (Micro Four Thirds) da Olympus e Panasonic têm a seguinte diferença: as câmeras Quatro Terços são DSLRs completas, enquanto as Micro Quatro Terços são câmeras sem espelho, o que permite montar a objetiva muito mais perto do sensor. Objetivas Quatro Terços podem ser instaladas em câmeras Micro Quatro Terços através de um adaptador “oficial”
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Eventos Centro Português de Fotografia Coleção de Câmaras Fotográficas António Pedro Vicente Organizada por grupos [pológicos (ou “famílias”), a exposição inicia-‐ se com exemplares raros de câmaras de guerra spicas, percorrendo, em seguida, o longo período das câmaras de campo (em madeira) e das câmaras de estúdio, verdadeiras obras-‐primas da marcenaria da transição do século XIX-‐XX. São apresentados câmaras e visores estereoscópios num percurso histórico-‐evolu[vo, desde os primeiros exemplares às “descartáveis” atuais.. O mesmo esquema de apresentação é seguido no caso das câmaras de fole, compreendendo exemplares raros, de grande valor esté[co e em magnífico estado de conservação. O período de grande vulgarização da prá[ca fotográfica amadora pode avaliar-‐se pela seleção de umas dezenas de “Caixotes”, de vários materiais e países. Também a época do fotojornalismo é revisitada, com uma bela coleção de câmaras 35mm, destacando-‐se as Leicas e um grande número de imitações desta câmara mí[ca. O mesmo acontece, no caso das câmaras de objec[vas gémeas, com as Rolleis e suas inúmeras imitações, e nas médio formato com a Hasselblad e seus sucedâneos. Uma sala é inteiramente dedicada ao império Kodak. Despertam sempre par[cular interesse do público as coleções de câmaras de espião e as miniaturas e subminiaturas. Na cela que abrigou Camilo Castelo Branco, mostra-‐se uma seleção de câmaras especiais, destacando-‐se a EscopeRe de Darier e a Ermanox, bem como a câmara u[lizada por Tavares da Fonseca nos seus extensos levantamentos aéreos de Portugal. Mostram-‐se ainda exemplares de “jumelles”, câmaras de corpo rígido e instantâneas, percorrendo a história da Polaroid. O Núcleo Museológico apresenta ainda uma variedade de materiais e equipamentos fotográficos: flashes, exposímetros, químicos e equipamento de laboratório.
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João Silva - Centro Português de Fotografia “João Silva - Afeganistão” 7 de Janeiro a 25 de Março " A história ensina, àqueles que lhe queiram dar ouvidos, que qualquer guerra liderada por uma força estrangeira no Afeganistão não pode ser ganha. Por isso, não é surpreendente que o cliché “cemitério de impérios” se aplique frequentemente àquele país. Referindo-se à desastrosa Segunda Guerra Anglo-Afegã, Rudyard Kipling, escreveu: Quando fores ferido e abandonado nas planícies do Afeganistão, E as mulheres saírem para esquartejarem aquilo que resta, Combatentes da Aliança Oriental a bordo de um tanque dirigem-se para a linha da frente. nas montanhas de Tora Bora. 12 de Dezembro de 2001. © João Silva
Volta-te, escarnecendo, para a tua espingarda e rebenta os miolos E parte para o teu Deus como um soldado. Visitei pela primeira vez o Afeganistão no Outono de 1994, quando grassava uma guerra civil entre facções Mujahedin depois da retirada das forças soviéticas, cinco anos antes. O mundo com o qual me deparei, enquanto desempenhava uma tarefa que me tinha sido atribuída, agarrou imediatamente a minha imaginação e, até hoje, ainda não me largou.
Nessa altura, a capital, Cabul, fragmentava-se em feudos controlados por líderes militares cujas
do Vale de Panjshir. Fotografar Massoud foi algo fascinante, quase beatífico, porque este
forças Mujahedin, bem armadas, estavam a reduzir grande parte da cidade a escombros.
simplesmente ignorava a máquina fotográfica, tornando-a invisível sem nunca lhe negar a
Milhares de civis fugiam para campos de refugiados que se avolumavam no vizinho
entrada. Fotografei as suas sessões de planeamento e os seus momentos de oração.
Paquistão e aqueles que não conseguiam fugir, ou escol hi am fi car, estavam sujei tos a bombardeamentos diários, a violações dos
Consegui uma imagem de Massoud a dirigir um combate de artilharia por detrás de um enorme
direitos humanos e à fome.
par de binóculos. As forças de Massoud
Enquanto fotografava a pura selvajaria dessa guerra pensei, ingenuamente, que entendia o
avançavam lentamente em direção a Cabul, trocando rajadas de fogo de artilharia e mísseis
que Kipling queria dizer, mas não fazia a mínima ideia. Com a minha curta tarefa terminada,
com os seus inimigos mortais. À medida que as forças Mujahedin se aproximavam da capital, as
deixei o Afeganistão para fotografar outras
pequenas cidades iam-se transformando em
guerras e a vida noutras zonas de África. Não regressei até 1999, desta vez no âmbito de uma
linhas da frente dos combates, com os habitantes a serem forçados, uma vez mais, a
tarefa para o jornal The New York Times. Nesses cinco anos, o Afeganistão tinha-se
abandonarem as suas casas com receio de serem mortos. As férteis planícies de Shomali,
alterado sob muitos aspectos, mas a guerra
emolduradas à distância por majestosas
continuava a ser uma constante. O tirânico governo Talibã controlava grande
montanhas cobertas de neve, transformaram-se numa terra de ninguém.
parte do país com uma mão de ferro, protegida
Quaisquer forças que tentassem atravessar a
pela luva da retórica islâmica. No extremo norte,
planura aberta ficavam expostas ao fogo inimigo
Ahmad Shah Massoud, o líder espiritual e militar que outrora era chamado de “Leão de Panjshir”
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João Silva - Centro Portugues de Fotografia
Esta guerra, que passava quase despercebida, passou a ser notícia de primeira página no mundo inteiro pouco depois dos ataques terroristas contra o World Trade Center, na cidade de Nova Iorque, a 11 de Setembro de 2001. Depressa se tornou evidente que o Afeganistão seria novamente invadido por uma força estrangeira e os meios de comunicação
dia começou de forma bastante rotineira, a fumar um ou dois cigarros durante um briefing de preparação para uma missão de patrulha, que eu ia acompanhar, de um pelotão 41D ao distrito de Arghandab, na província de Kandahar.
social de todo o mundo invadiram as suas fronteiras.
capacetes dos soldados enquanto se trabalha, tentar não fazer desvios demasiado grandes em relação ao percurso para não se pisar uma mina, ou caminhar até ao momento em que alguém dispara contra nós, que é quando as verdadeiras
No final de 2001, centenas de jornalistas convergiram em direção ao leste do Afeganistão
Partimos e adaptei-me à rotina de patrulha que me era familiar: olhar para as traseiras dos
para observarem e fazerem o registo das colunas de pó que se erguiam dos locais onde centenas de aviões de guerra dos Estados Unidos tinham largado cargas explosivas sobre posições Talibãs, no cimo de uma montanha com vista para Tora Bora. Algures, naquelas cavernas, estava escondido Osama Bin Laden.
imagens surgem. As fotografias de combate que estava a tirar nessa manhã eram o oposto do emocionante.
A aproximação à montanha era controlada pelos combatentes Mujahedin locais, agora aliados dos
Eram enfadonhas e eu sabia-o. Talvez isso explique o facto de eu ter continuado a tirar
Estados Unidos, que faziam um bom trabalho mantendo à distância as hordas dos meios de comunicação social. Alguns de nós faziam
fotografias depois de o meu pé ter tocado numa mina – porque, lá no fundo, eu sabia que não tinha nada.
investidas a diversos locais ao longo da montanha para fotografar árvores com cicatrizes de guerra, cadáveres e cavernas vazias. Havia pouco para documentar além disso e muito menos, certamente, a fotografia que traria fortuna: a do próprio Bin Laden.
Aprendi, no entanto, que o tempo mudou algumas coisas acerca do Afeganistão. Ao contrário dos soldados de Kipling, eu não fiquei abandonado à mercê das facas das mulheres afegãs.
A guerra no Iraque desviou a minha atenção do Afeganistão até 2006, quando os Talibãs afirmavam de novo a sua presença e a atividade cinética da guerra parecia, por vezes, consumir ambos os países. Saltei entre os dois até 2010 quando, com a guerra no Iraque a acalmar, decidi regressar exclusivamente ao Afeganistão.
Eram fotografias normais, do quotidiano, de soldados a baterem terreno, daquelas que já pouco se fixavam nas mentes dos que as viam.
Um médico tratou das minhas feridas até ao momento em que o helicóptero de evacuação médica aterrou por perto e me levou até um lugar seguro. Estou vivo. João Silva Centro Médico Militar Walter Reed
Esse regresso foi temporariamente interrompido na manhã de 23 de Outubro de 2010.
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João Silva - Centro Portugues de Fotografia Breve nota biográfica João Silva tem trabalhado como fotógrafo, em regime de exclusividade, para o The New York Times desde o ano 2000. Silva associou-‐se ao Times em 1996 como fotógrafo freelancer e rapidamente passou a ser o fotógrafo do jornal na África do Sul Em 2000, Silva foi co-‐autor do livro “The Bang-‐Bang Club” e publicou “Na Companhia de Deus” em 2005. J o ã o S i l v a t e m d e s e n v o l v i d o e x t e n s o s t r a b a l h o s e m p a í s e s d e todo o mundo, nomeadamente na Geórgia, Líbano, Israel, Iraque, Afeganistão, Paquistão, Somália, Sudão, Angola e nos Balcãs.
Nota da Phocal: O repórter português João Silva conAnuou a fotografar depois de ter ficado ferido, quando pisou uma mina no Afeganistão. Segundo um porta-‐voz do New York Times , jornal para o qual trabalha, o fotógrafo conAnuou a disparar a máquina fotográfica enquanto o punham na maca e lhe administravam morfina. Bill Keller, editor execuAvo do diário norte-‐americano, revela que, para quem conhece João Silva, isto não é surpresa. João Silva foi transferido para a Alemanha e está estável, apesar de lhe terem amputado as pernas por altura dos joelhos. O fotógrafo e a sua colega Carlo{a Gall viajavam com uma unidade da Divisão Aerotransportada 101. • NoAcia Expresso 24/10/2010
Um medico do exército britânico observa Bashir Ahmad, com 2 anos, ferido no abdómen após um ataque aéreo. A criança foi tratada no hospital local de Kandahar, mas o seu pai levou-‐a até à base britânica, em Sangin, pois a sua saúde [nha-‐se deteriorado. Fotografia: João Silva
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Passatempos
Dia da Mulher
Fotografia: Paula Cristina
Fotografia: Maria Lázaro
Fotografia: Paula CrisAna
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Dia da Mulher
Fotografia: Afonso Chaby Rosa
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Dia da Mulher
Fotografia: 1988 Pedro Sarmento
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Plataformas
PHOCAL WEBSITE
O Phocal Photovisions está a crescer como Grupo e está a crescer na qualidade dos trabalhos par[lhados pelos membros. O nosso website é mais um projeto colocado ao serviço de todos os membros e no qual estamos a trabalhar de forma a criar uma plataforma visualmente agradável e tecnicamente funcional, aqui fica uma Print da página inicial, uma das que quase diariamente vai mudar de visual com as úl[mas publicações dos membros.
Fotografia: 1988 Pedro Sarmento
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