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Ensinando Voleibol
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Licenciatura e mestrado em Educação Física pela USP. Professora das disciplinas: Voleibol, crescimento e desenvolvimento; Metodologia científica; e Aprendizagem motora na UNIP e UNICID. Professora dos cursos de PósGraduação da UNIFMU e Gama Filho. Membro do Grupo de Estudo e Pesquisa em Treinamento InfantoJuvenil (GEPETIJ) da EEFEUSP. Atuação em Educação Física Escolar. Ex-técnica de equipes de base de voleibol.
ISBN 978-85-7655-177-5
9 788576 551775
João Crisóstomo Marcondes Bojikian - Luciana Perez Bojikian
Luciana Perez Bojikian
Mais uma vez o ENSINANDO VOLEIBOL chega a uma nova edição. A quarta! Um marco e um momento especiais! Sua organização mudou. Toda a reformulação do ENSINANDO VOLEIBOL é conseqüência da preocupação que tivemos em fazer que os seus conteúdos pudessem continuar a ser úteis, não só aos técnicos que trabalham diretamente com a iniciação do voleibol, mas principalmente à esfera acadêmica em todo o país. É gratificante saber que muitos Cursos de Educação Física adotam sua metodologia, e que ele tem sido referência em inúmeros trabalhos acadêmicos. O Brasil tem o melhor voleibol do mundo, graças, sobretudo, a seus professores e técnicos, que conseguem levar para as quadras conhecimentos adquiridos no mundo acadêmico. Esperamos que o ENSINANDO VOLEIBOL continue a dar sua contribuição neste processo de qualificação do nosso esporte, e que, contribua, especialmente, nas possibilidades da utilização do voleibol como instrumento de educação, colaborando na formação de bons cidadãos.
João Crisóstomo Marcondes Bojikian Luciana Perez Bojikian
Ensinando Voleibol 4ª Edição - Revisada e Ampliada
João Crisóstomo Marcondes Bojikian Licenciatura e mestrado em Educação Física pela USP. Professor de Voleibol da UNIFMU e do Mackenzie. Professor de Treinamento Esportivo na UNIFMU. Coordenador dos cursos de PósGraduação em Voleibol da UNIFMU e Universidade Gama Filho. Instrutor da Comissão de Treinadores da Confederação Brasileira de Voleibol. Técnico da Seleção Paulista Juvenil Feminina de 1997 a 2001. Técnico da Equipe do São Caetano E. C. nas Superligas de 1999 e 2000. Ex-técnico das equipes adultas do Minas Tênis Clube, C. A. Paulistano, Pão de Açúcar E. C., A. D. Hering e São Caetano E. C. Técnico das Seleções Brasileiras Infanto-juvenil e Juvenil Femininas de 1982.
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Instituto Phorte Educação Phorte Editora Diretor-Presidente Fabio Mazzonetto Diretora Executiva Vânia M. V. Mazzonetto Editor Executivo Tulio Loyelo Assistente Editorial Talita Gnidarchichi
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Ensinando Voleibol João Crisóstomo Marcondes Bojikian Luciana Perez Bojikian
4ª edição ampliada e revisada
São Paulo, 2008
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Ensinando Voleibol Copyright © 2008 by Phorte Editora Ltda. Rua 13 de Maio, 596 – Bela Vista – São Paulo – SP CEP: 01327-000 – Brasil Tel/Fax: (11) 3141-1033 Site: www.phorte.com E-mail: phorte@phorte.com
Nenhuma parte deste livro pode ser reproduzida ou transmitida de qualquer forma ou por quaisquer meios eletrônico, mecânico, fotocopiado, gravado ou outro, sem autorização prévia por escrito da Phorte Editora Ltda.
CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO-NA-FONTE SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ B67e 4.ed. Bojikian, João Crisóstomo Marcondes Ensinando voleibol / João Crisóstomo Marcondes Bojikian, Luciana Perez Bojikian. - 4.ed. ampl. e rev. - São Paulo : Phorte, 2008. 184p. : il. Inclui bibliografia ISBN 978-85-7655-177-5 1. Voleibol. 2. Voleibol - Estudo e ensino. I. Bojikian, Luciana Perez. II. Título. 08-0548.
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Prefácio Meus caminhos como técnico de vôlei começaram a ser delineados em 1980. Nesse ano, fui procurar o professor João Crisóstomo e perguntei-lhe se poderia acompanhar, como ouvinte, o curso técnico de vôlei que ele ministrava na Universidade de São Paulo (USP). A resposta foi positiva, e acabei tendo a oportunidade de entrar em um novo mundo. Aprendi desde a organização e planejamento de uma equipe até diferentes técnicas de treinamentos. Depois do curso, o professor João Crisóstomo, mais uma vez, abriu meus caminhos. Fui convidado para ser seu assistente técnico na seleção paulista feminina infanto-juvenil. Naquela época, tinha 26 anos e era levantador do time da Pirelli, em Santo André. Conhecia o vôlei na prática, portanto tinha a visão de
um jogador. Foram dois meses de trabalho em que ele me introduziu no vôlei feminino, até então desconhecido para mim. Nesse período comecei a adquirir uma nova visão de jogo. Passei a descobrir o prazer de comandar treinos, a traçar estratégias e a trabalhar nesta direção: ser um técnico. Quase vinte anos depois, reencontro o professor nas páginas deste livro, que enriquece a literatura esportiva brasileira. Nesta obra, ele mais uma vez mostra a sua generosidade: coloca sua experiência e ensinamentos ao alcance de todos. Esquemas técnicos, armações táticas e toda uma gama de informações sobre como se treinar uma equipe estão nesta obra. Da mesma forma como sempre fez em sua carreira, volta a abrir caminhos para que novos talentos sejam despertados. Meus sinceros agradecimentos, José Roberto Guimarães Técnico de Voleibol Campeão Olímpico
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Prefácio à Quarta Edição Mais uma vez o Ensinando Voleibol chega a uma nova edição. A quarta! Um marco e um momento especiais! Para comemorar muito mais que uma nova edição, Luciana e eu, com a cumplicidade dos companheiros da Phorte Editora, resolvemos apresentá-la com muitas novidades. Sua organização mudou. Agora na primeira parte – Aspectos Gerais do Voleibol – temos os capítulos referentes aos aspectos gerais do voleibol. A importância do estudo do voleibol, seus históricos mundial e nacional, suas regras básicas e a seleção de futuros voleibolistas foram contemplados neste início. Já a segunda – Aprendizagem e Montagem de Equipe –, mais técnica e específica, detém uma metodologia para o ensino do voleibol, o estudo de suas técnicas com as respectivas capacidades motoras mais importantes, além de um breve estudo sobre princípios básicos para a organização de equipes iniciantes. O leitor encontrará nessa seção sugestões sobre como desenvolver praticamente o ensino das diversas habilidades motoras, com muitos exercícios, mas tudo em conformidade com uma teoria sobre a aprendizagem de movimentos, adaptada às características de variabilidade e complexidade próprias do voleibol. Aqueles que acompanham a trajetória do Ensinando Voleibol perceberão que as referências bibliográficas
foram atualizadas para que se tivesse um conteúdo mais moderno e consistente. As apresentações dos quadros e figuras ganharam nova organização, de modo a agilizar a compreensão. A Phorte Editora houve por bem modernizar a sua configuração com uma nova diagramação. Toda a reformulação do Ensinando Voleibol é conseqüência da preocupação que tivemos em fazer que os seus conteúdos pudessem continuar a ser úteis, não só aos técnicos que trabalham diretamente com a iniciação do voleibol, mas principalmente à esfera acadêmica, na qual ele tem sido muito utilizado em todo o país. É gratificante saber que muitos Cursos de Educação Física adotam sua metodologia, e que ele tem sido referência em inúmeros trabalhos acadêmicos. O Brasil tem o melhor voleibol do mundo, graças, sobretudo, a seus professores e técnicos, que conseguem levar para as quadras conhecimentos adquiridos no mundo acadêmico. Esperamos que o Ensinando Voleibol continue a dar sua contribuição neste processo de qualificação do nosso esporte, mas ansiamos também que, com esta nova versão, ele contribua, especialmente, nas possibilidades da utilização do voleibol como instrumento de educação, colaborando na formação de bons cidadãos. João e Luciana
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Aos meus avós, Adalmira Franco de Faria Marcondes, Nóe Faria Marcondes, Eglantinada Siva Bojikian e Isac Bojikian, que muito mais que sobrenomes e uma família, concederam-me princípios e valores morais com os quais norteio minha vida. Aos meus pais, Clovis e Marina que, com amor, coragem e desprendimento, abriram o caminho para que eu pudesse vencer o determinismo social. À Luciana, minha esposa, que se não bastasse me presentear com Pedro e Paula, nossos filhos, tem sido a grande companheira de todas as horas. João
Aos meus pais, Alzira Bastiani Perez e Naylor Alvar Perez (in memoriam), pela formação que me proporcionaram de respeito às pessoas e valorização do trabalho. Ao Pedro e à Paula, filhos e alegrias maiores da minha vida. Ao João Crisóstomo, meu marido, por estar ao meu lado e ser essa pessoa que muito admiro. Luciana
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Agradecimentos Para mim é importante transformar em linguagem escrita sentimentos de gratidão que habitam meu coração desde o início da minha carreira profissional. Portanto, agradeço imensamente aos queridos professores Celso Bandieira, Dagoberto Tadeu Camargo, José Paiano e Tito Lívio, que me ensinaram voleibol e como trabalhar com ele. Também não posso deixar de mostrar a importância dos meus mestres da EEFUSP, João Bosco da Silva e José Frascino, que, ao me levarem para o voleibol, mudaram completamente o rumo da minha vida. Com participação especial em minha formação acadêmica, menciono também o Prof. Dr. Sergio Miguel Zucas, que me mostrou como ninguém a importância de amar a profissão escolhida. O tempo e a distância separam-me dos Srs. Osawa, Kojima e Yamada, técnicos em 1976, quando estive no Japão, das equipes da Yashica, Unitika e Hitachi, respectivamente, mas a gratidão os tornam sempre presentes em meu cotidiano. O carinho e a atenção dedicados me cativarão eternamente. Essa viagem, que foi um marco em minha formação, só foi possível graças à bondade do Sr. Funayama, Presidente da Yashica do Brasil, na época, e antigo técnico da equipe da empresa, além de ter dirigido a seleção japonesa feminina. Agradeço, ainda, à Marina Barros Gaspar, por ter permitido que eu utilizasse suas fotografias para ilustrar este livro. Por fim, meus agradecimentos eternos a todas as atletas com as quais compartilhei, além de derrotas e vitórias, momentos de muito engrandecimento pessoal, e aos meus alunos, que partilharam comigo lindas jornadas de estudos em busca da sapiência. Meu muito obrigado a todos. João
Agradeço a todos os professores e alunos que, de uma forma ou de outra, fizeram parte da minha formação. Aos colegas do grupo Gepetij-EEFEUSP, em especial à professora Maria Tereza Silveira Böhme, pelo conhecimento, companheirismo e amizade. Luciana
Agradecemos à Maria Apparecida Faria Marcondes Bussolotti, nossa querida Titia, que, com muita paciência e carinho, fez não só a revisão do texto, mas deu um formato muito mais objetivo e didático ao Ensinando Voleibol. João e Luciana
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Sumário Primeira Parte – Aspectos Gerais do Voleibol 1. Por Que Estudar Voleibol?, 19 2. O Jogo de Voleibol: Características e Regras Básicas, 23 2.1 Características e Regras Básicas, 23 2.1.1 Arbitragem, 27 2.1.2 Principais Equipamentos, 29
2.2 Habilidades Motoras Específicas do Voleibol, 29
3. Histórico do Voleibol, 31 3.1 Resultados das Competições Mais Importantes no Mundo, 34
4. Seleção e Formação de Futuros Atletas de Voleibol, 37 4.1 Processo de Detecção e Seleção de Talentos, 38 4.1.1 Preparação de Atletas Talentosos - TLP, 38 4.1.2 Avaliação Antropométrica, 39 4.1.3 Aptidão Física, 40 4.1.4 Aprendizagem das Habilidades do Voleibol, 40
Segunda Parte – Aprendizagem e Montagem de Equipes 5. Uma Metodologia para o Ensino do Voleibol, 45 5.1 O Processo Metodológico, 46 5.1.1 Apresentação da Habilidade Motora, 46 5.1.2 Seqüência Pedagógica, 47 5.1.3 Exercícios Educativos e/ou Formativos, 49 5.1.4 Automatização, 49 5.1.5 Aplicação do Fundamento à Mecânica do Voleibol, 50
5.2 A Ordenação do Ensino dos Fundamentos do Voleibol, 51 5.3 O Processo Progressivo-Associativo, 52 5.3.1 O Conjunto das Capacidades Motoras que Compõem o Condicionamento Físico Específico do Grupo I, 54 5.3.2 O Conjunto das Capacidades Motoras que Compõem o Condicionamento Físico Específico do Grupo II, 54 5.3.3 O Conjunto das Capacidades Motoras que Compõem o Condicionamento Físico Específico do Grupo III, 54
5.4 A Preparação Física, 55 5.5 O Planejamento do Ensino do Voleibol, 55 5.6 Plano de Aula, 56 5.7 A Idade Ideal para o Início da Prática do Voleibol, 57 5.8 O Fenômeno da Ansiedade, 59
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6. O Processo de Aprendizagem dos Fundamentos, 61 6.1 Posição de Expectativa (Básica) e Movimentação (Deslocamentos), 61 6.1.1 Apresentação, 61 6.1.2 Seqüência Pedagógica, 64 6.1.3 Exercícios Educativos e/ou Formativos, 64 6.1.4 Automatização, 64 6.1.5 Aplicação, 65
6.2 Toque de Bola por Cima, 65 6.2.1 Apresentação, 65 6.2.2 Seqüência Pedagógica, 67 6.2.3 Exercícios Educativos e/ou Formativos, 68 6.2.4 Automatização, 69 6.2.5 Aplicação, 69
6.3 Manchete, 73 6.3.1 Apresentação, 73 6.3.2 Seqüência Pedagógica, 75 6.3.3 Exercícios Educativos e/ou Formativos, 75 6.3.4 Automatização, 76 6.3.5 Aplicação, 76
6.4 Saque por Baixo, 77 6.4.1 Apresentação, 77 6.4.2 Seqüência Pedagógica, 78 6.4.3 Exercícios Educativos e/ou Formativos, 78 6.4.4 Automatização, 79 6.4.5 Aplicação, 79
6.5 Saque por Cima (Tipo Tênis), 80 6.5.1 Apresentação, 80 6.5.2 Seqüência Pedagógica, 84 6.5.3 Exercícios Educativos e/ou Formativos, 85 6.5.4 Automatização, 86 6. 5.5 Aplicação, 86
6.6 Cortada, 86 6.6.1 Apresentação, 86 6.6.2 Jogador Canhoto, 89 6.6.3 Largada, 90 6.6.4 Seqüência Pedagógica, 91 6.6.5 Exercícios Educativos e/ou Formativos, 91 6.6.6 Automatização, 93 6.6.7 Aplicação, 94
6. 7 Bloqueio, 95 6.7.1 Apresentação, 95 6.7.2 Classificaçao dos Bloqueios, 96 6.7.3 Tempo de Bloqueio, 98 6.7.4 Seqüência Pedagógica, 99
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6.7.5 Exercícios Educativos e/ou Formativos, 101 6.7.6 Automatização, 103 6.7.7 Aplicação, 104
6.8 Defesa em Pé,106 6.8.1 Apresentação, 106 6.8.2 Técnica, 107 6.8.3 Adaptação da Manchete à Defesa em Pé, 108 6.8.4 Aplicação, 109
6.9 Rolamentos, 112 6.9.1 Apresentação, 112 6.9.2 Seqüência Pedagógica (Rolamentos para a Direita), 112 6.9.3 Exercícios Educativos e/ou Formativos, 112 6.9.4 Automatização, 113 6.9.5 Aplicação, 113
6.10 Mergulho, 114 6.10.1 Apresentação, 114 6.10.2 Seqüência Pedagógica, 114 6.10.3 Exercícios Educativos e/ou Formativos, 115 6.10.4 Automatização, 115 6.10.5 Aplicação, 115
6.11 Habilidades Motoras como Recursos, 116 6.12 O Toque como Recurso Defensivo, 116
7. Montagem de Equipes Principiantes, 117 7.1 Sistemas de Jogo, 117 7.2 Formações ofensivas, 118 7.3 Formação para Recepção de Saque em “W” (ou com 5 Jogadores), 118 7.4 Proteção ao Ataque, 121 7.5 Formações Defensivas, 122 7.5.1 Formações Defensivas com Bloqueio Simples, 123 7.5.2 Formações Defensivas com Bloqueio Duplo com o Centro Avançado – “Quadrado” (com Formação do Cone do Bloqueio), 125 7.5.3 Formações Defensivas com Bloqueio Duplo com o Centro Avançado – “Semicírculo” (Sem o Cone do Bloqueio), 126 7.5.4 Formações Defensivas com Bloqueio Duplo com Cobertura do Jogador Correspondente – “Quadrado” (Com a Formação do Cone do Bloqueio), 127 7.5.5 Formações Defensivas com Bloqueio Duplo com Cobertura do Jogador Correspondente – “Semicírculo” (Sem o Cone do Bloqueio), 128
7.6 Sistema 4x2, 129 7.7 Uma Metodologia para o Ensino de um Tópico Tático, 131
Referências, 133
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Primeira Parte Aspectos Gerais do Voleibol
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Capítulo 1 Por Que Estudar Voleibol?
Primeiramente, precisamos justificar as razões que levam os profissionais da Educação Física a estudar voleibol. As explicações surgem pelo fato de o voleibol ser um instrumento usual da Educação Física, tendo nas áreas da saúde, da educação e da competição seus principais campos de atuação. Quando utilizada na busca ou manutenção da saúde, a prática esportiva visa proporcionar um bem-estar físico através do crescimento harmonioso de crianças e adolescentes, e um condicionamento físico que permita às pessoas sentir-se mais aptas e dispostas para suas atividades cotidianas. Mas quando utilizada como forma de lazer, talvez ela preste mais serviço ao bem-estar. É cada vez maior a procura do esporte como uma forma de as pessoas se libertarem de suas tensões e ansiedades causadas pela vida moderna. A atividade física é um investimento
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que trabalhadores, intelectuais ou não, fazem em busca de novas energias que lhes possibilitem manter ou melhorar sua produtividade. Existe atualmente uma conscientização unânime de que as pessoas bem-condicionadas fisicamente e com mentes equilibradas pela relação dever-lazer são mais produtivas e felizes. A prática esportiva, quando bem orientada e planejada, pode contribuir para que seja atingida essa felicidade. O conjunto dos valores pertinentes ao voleibol, na verdade, quando assimilado, atua de forma decisiva no ajuste da pessoa à dinâmica do mundo atual, em que a competição para a realização pessoal ou profissional torna-se cada vez mais acirrada. Na grande maioria dos países, a falta de oportunidades de emprego e a disputa pelas poucas vagas existentes é grande. Nos poucos lugares em que a oferta de emprego é maior, os mais capazes têm as melhores oportu-
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nidades, o que torna a competição também presente neste caso. Algumas pesquisas mostram que nos Estados Unidos a maioria das pessoas que praticaram esporte, no período de sua formação, tem obtido sucesso como profissional ou cidadão. A competição, quando praticada por esportistas de alto rendimento, é a expressão máxima da atividade física. Os profissionais da Educação Física, aliados a outros especialistas correlatos, colocam nesse segmento de atuação todos os seus conhecimentos na busca da excelência da execução técnica e da superação da performance. A competição de alto nível funciona, em muitos campos, como um laboratório de testes para a Educação Física, algo como as corridas de Fórmula 1 funcionam para a indústria automobilística, ou seja, soluções inovadoras que levam à melhora de resultados dos grandes atletas são aproveitadas nas atividades das pessoas comuns. Resultados de estudos avançados de biomecânica, cinesiologia, fisiologia, psicologia do esporte, metodologia do treinamento etc. têm sido constantemente incorporados às aulas de Educação Física ministradas nas escolas e nas atividades físicas de pessoas não atletas. Uma das conseqüências de novas descobertas é que o profissional da atividade física precisa se manter em constante atualização, procurando estar cada vez mais informado e capacitado, sob pena de não ter mais espaço no mercado de trabalho. Pelo que vimos até aqui, o interesse pela atividade física é crescente em nossa sociedade e a procura da prática esportiva é, conseqüentemente, cada vez maior. Nas últimas décadas, o esporte que mais se popularizou foi, sem dúvida, o voleibol. As conquistas internacionais das nossas seleções, o espaço ocupado na mídia, o surgimento de novos ídolos e o sucesso em termos de marketing esportivo tornaram o voleibol um dos esportes mais praticados pelos brasileiros. Seja para lazer, para manter a saúde, ou mesmo para competir de fato, o voleibol é muito procurado. A televisão fez que, independentemente da
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classe social, o brasileiro começasse a se interessar pelo voleibol, a entendê-lo e a praticá-lo. Muitos se indagam por que o voleibol, e não outro esporte, foi o eleito pelos brasileiros nos últimos tempos. A verdade é que o processo de popularização já citado, desencadeado pela Confederação Brasileira de Voleibol (CBV) em parceria com algumas federações, trouxe ao conhecimento do público em geral algumas especificidades do voleibol que entusiasmaram aqueles que gostam do esporte. A atuação coletiva sobrepõe-se à individual. Por não poder ser retida, a bola deve ser passada rapidamente para os companheiros da melhor forma possível. Um bom passe facilita um bom levantamento que, por sua vez, se for de boa qualidade, favorecerá uma boa cortada, e assim sucessivamente. A ação de um praticante depende daquela feita pelo companheiro que o antecedeu, obrigando sempre um a torcer pelo êxito do outro. Cada componente de uma equipe é dependente dos demais, e isso traz um processo de sociabilização natural e obrigatório. A não-retenção da bola faz que as habilidades motoras que compõem o voleibol provoquem um contato muito rápido na bola, pois a condução desta é punida pela regra. Esse toque rápido requer jogadores habilidosos, com mais recursos técnicos e coordenação motora especialmente desenvolvida, além de raciocínio rápido para encontrar a melhor opção de jogada em cada situação. O voleibol é um esporte de situação, ou seja, de momento. Suas características exigem que o praticante tenha uma percepção e compreensão contínua de cada situação do jogo, elaboração da informação recebida e resposta adequada à ação escolhida em questão de segundos. Além do raciocínio rápido e da velocidade de reação, o praticante exercita muito a tomada de decisão com rapidez. Lembramos que um rali (cada parte ativa de um jogo) tem uma média de 4 a 6 segundos para o masculino e de 8 a 10 segundos para o feminino. As situações a serem interpretadas pelos atletas são ricas em variedade, e tanto o praticante quanto
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o espectador se entusiasmam com elas. O interessante está no equacionamento da ansiedade criada em cada lance. Nunca se sabe se o atacante dará uma cortada portentosa ou uma sutil largada, nem se o defensor defenderá de manchete, dará um mergulho ou tomará uma bolada. Cada situação exige uma resposta, tornando o jogo extremamente dinâmico, movimentado e interessante. É um jogo facilmente adaptável a novas situações quando praticado para lazer. Pode-se diminuir ou aumentar a quadra, jogar em um ginásio, em um gramado, na terra ou na areia. A rede pode ser substituída por uma corda e variar quanto à altura. Pode-se jogar 6 x 6, 2 x 2, 3 x 3 etc., e formar equipes mistas de homens e mulheres, mesclando jovens e adultos. Não há idade limite: todos podem praticá-lo de forma recreativa. As regras podem ser adaptadas de acordo com o nível dos praticantes; assim o jogo se torna mais interessante. É um jogo adequado para pessoas pouco acostumadas com a prática da atividade física, pois a rede separa os adversários prevenindo “encontrões” que causam tantas lesões. Como em outros esportes, deve-se, porém, equiparar o nível técnico dos participantes com o intuito de tornar o jogo mais equilibrado e evitar acidentes – uma forte cortada dada por um exímio praticante poderá, por exemplo, levar a “nocaute” um iniciante. Poucos esportes atuam tanto na parte emocional dos praticantes e da torcida como o voleibol. As duas equipes que participam de um jogo partem a cada set em busca do ponto que dará a vitória a uma delas. A cada ponto conquistado, a sobrecarga emocional de todos é elevada. A equipe que se encontra cada vez mais próxima da vitória tornase mais ansiosa por isso, e aquela que está sendo derrotada também eleva seu grau de ansiedade, pelo receio do fracasso. Os mesmos sentimentos acompanham os torcedores dos dois lados. No final dos sets disputados, principalmente nas partidas decisivas, há “adrenalina pura”; Sabe-se que, quando as pessoas não conseguem equacionar bem o fenômeno da ansiedade, o controle emocional do sistema nervoso fica alterado e, por conseqüência, há diminuição
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da capacidade de execução dos gestos técnicos. Pode-se, então, imaginar como é grande o controle emocional daqueles voleibolistas campeões que não costumam falhar em finais de sets e partidas. Outro fator que contribuiu para que o voleibol se tornasse mais praticado é que, com o sucesso obtido pelo esporte junto à mídia e ao marketing esportivo, sua prática passou a ser uma opção profissional, bem como a do futebol. As empresas patrocinadoras querem montar equipes fortes; sendo assim, os bons atletas passam a ser disputados por várias equipes, e têm, portanto, seus salários aumentados. Alguns dos principais jogadores de voleibol recebem tão bem quanto os de futebol. Atletas de outros países, muitas vezes, vêm atuar em nosso País em busca dos bons salários. Temos atletas formados no Brasil atuando em diversos países, conquistando, por meio da prática do voleibol, possibilidades de desenvolvimento cultural, inclusive se beneficiando de bolsas de estudo em universidades estrangeiras. É comum milhares de crianças procurarem os clubes para praticar o voleibol, no intuito de se tornarem atletas profissionais. Na verdade, o que importa a um profissional da atividade física é a conscientização de que o voleibol é um esporte popular, que a sociedade quer praticá-lo e que oferece inúmeras oportunidades de trabalho. Ao professor de Educação Física fica claro que a qualquer momento poderá surgir uma oportunidade de trabalho com esse esporte, portanto ele deve estar preparado. O mercado de trabalho para um professor de Educação Física estreita-se a cada dia. Atualmente, só no Estado de São Paulo, são mais de 140 faculdades inserindo, anualmente, em torno de 10.000 professores no mercado de trabalho. É correto concluir que aqueles que souberem trabalhar com voleibol, seja como lazer, competição ou aprendizagem, estarão aumentando suas chances profissionais. Não é imprescindível ter sido atleta de voleibol; basta ser um professor com uma boa formação para se habilitar nesse “filão” da profissão.
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O mercado não oferece trabalho com voleibol apenas em escolas nas aulas de Educação Física, mas também são cada vez mais freqüentes turmas de treinamento e montagem de equipes nos colégios. Nos clubes, atua-se com iniciação, aperfeiçoamento e competição, sendo muito grande o número de equipes de veteranos e veteranas. As entidades classistas como SESC, SESI e SENAC, a ACM e sindicatos também trabalham com voleibol, bem como empresas e condomínios fechados, que absorvem profissionais da área. O voleibol também pode ser utilizado como um instrumento de educação e inclusão social. Dada a constante utilização do esporte por entidades preocupadas com o atendimento social a crianças e jovens em situação de risco, saber trabalhar com o esporte-educação e como forma de integração social é, além de oportunidade de trabalho, uma forma de contribuição para a sociedade. As oportunidades são muitas, mas os candidatos a elas devem estar preparados, pois a disputa por uma vaga é muito grande. As características e peculiaridades do voleibol aqui citadas, tornam a utilização deste esporte um instrumento de grande potencial para colaborar com os programas de Educação Física, quando estes estão inseridos nos Planos Pedagógicos dos colégios que tenham como objetivo maior a formação de bons cidadãos. Bracht (2001) nos ensina: “O esporte deve estar integrado ao projeto pedagógico da escola”. Se relacionarmos seus ensinamentos aos de Albuquerque (2001), que diz: As crianças não têm presente. Têm apenas futuro. Os alunos estão sempre sendo preparados para o futuro. E no futuro sempre acaba havendo queixas sobre o que foi o passado. Perante a impossibilidade de os preparar para futuro, por que não damos uma chance às crianças de viverem apenas e somente o presente?
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seremos forçados a concordar com Santos (2001): O civismo não se ensina e não se aprende “entranha-se”, isto é, organiza-se e pratica-se no dia-a-dia, de uma forma permanente, consistente e coerente. E é da prática do civismo que resultam a aprendizagem e consciência da cidadania.
Ora, se um Professor de Educação Física quiser dar sua parcela de contribuição para que formemos em nosso País cidadãos mais conscientes, participativos, responsáveis e honestos, faz-se necessário que em suas aulas, para crianças e adolescentes, sejam praticados valores comportamentais, de modo a propiciar aos estudantes crescimento e desenvolvimento, praticando princípios da boa cidadania. A prática de atividades físicas que agreguem equilíbrio emocional, confiança, motivação, perseverança, espírito-crítico e competitivo, melhora da auto-estima, participação, comprometimento, responsabilidade, respeito ao próximo e à coisa coletiva, pensamento crítico, solidariedade e tolerância pode ser de muita valia para que os nossos estudantes cresçam já como cidadãos. Veremos, ao longo deste estudo, que metodologias para o ensino do voleibol, ou mesmo de outros esportes, que estejam comprometidas com os objetivos reais da Educação Física, devem dar oportunidade a todos, não sendo excludentes, e ter a preocupação de espelharem, dentre suas peculiaridades, o Projeto Pedagógico da Escola. A função básica de uma faculdade de Educação Física é a boa formação e preparação de profissionais, tornando com aptos a enfrentar o mercado de trabalho com competência e responsabilidade. Por estas razões, o voleibol é uma das melhores opções; portanto o seu estudo é quase imperioso.
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Ensinando Voleibol
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Licenciatura e mestrado em Educação Física pela USP. Professora das disciplinas: Voleibol, crescimento e desenvolvimento; Metodologia científica; e Aprendizagem motora na UNIP e UNICID. Professora dos cursos de PósGraduação da UNIFMU e Gama Filho. Membro do Grupo de Estudo e Pesquisa em Treinamento InfantoJuvenil (GEPETIJ) da EEFEUSP. Atuação em Educação Física Escolar. Ex-técnica de equipes de base de voleibol.
ISBN 978-85-7655-177-5
9 788576 551775
João Crisóstomo Marcondes Bojikian - Luciana Perez Bojikian
Luciana Perez Bojikian
Mais uma vez o ENSINANDO VOLEIBOL chega a uma nova edição. A quarta! Um marco e um momento especiais! Sua organização mudou. Toda a reformulação do ENSINANDO VOLEIBOL é conseqüência da preocupação que tivemos em fazer que os seus conteúdos pudessem continuar a ser úteis, não só aos técnicos que trabalham diretamente com a iniciação do voleibol, mas principalmente à esfera acadêmica em todo o país. É gratificante saber que muitos Cursos de Educação Física adotam sua metodologia, e que ele tem sido referência em inúmeros trabalhos acadêmicos. O Brasil tem o melhor voleibol do mundo, graças, sobretudo, a seus professores e técnicos, que conseguem levar para as quadras conhecimentos adquiridos no mundo acadêmico. Esperamos que o ENSINANDO VOLEIBOL continue a dar sua contribuição neste processo de qualificação do nosso esporte, e que, contribua, especialmente, nas possibilidades da utilização do voleibol como instrumento de educação, colaborando na formação de bons cidadãos.
João Crisóstomo Marcondes Bojikian Luciana Perez Bojikian
Ensinando Voleibol 4ª Edição - Revisada e Ampliada
João Crisóstomo Marcondes Bojikian Licenciatura e mestrado em Educação Física pela USP. Professor de Voleibol da UNIFMU e do Mackenzie. Professor de Treinamento Esportivo na UNIFMU. Coordenador dos cursos de PósGraduação em Voleibol da UNIFMU e Universidade Gama Filho. Instrutor da Comissão de Treinadores da Confederação Brasileira de Voleibol. Técnico da Seleção Paulista Juvenil Feminina de 1997 a 2001. Técnico da Equipe do São Caetano E. C. nas Superligas de 1999 e 2000. Ex-técnico das equipes adultas do Minas Tênis Clube, C. A. Paulistano, Pão de Açúcar E. C., A. D. Hering e São Caetano E. C. Técnico das Seleções Brasileiras Infanto-juvenil e Juvenil Femininas de 1982.