Apolinário | Oliveira | Silva | Tertuliano
ESTRATÉGIAS PARA O
ENSINO DE NATAÇÃO
Com estilo simples e objetivo, a presente obra fornece aos
o efetivo sucesso no ensino-
professores e técnicos de natação os subsídios teóricos e prá-
-aprendizagem de natação não
ticos para que possam desenvolver um planejamento de au-
se baseia na mera repetição de
las adequado e eficiente, que contemple diferentes formas
exercícios e habilidades aprendidas,
de ensino e de execução dos exercícios e suas combinações,
mas na prática eficientemente
e que respeite as características do nível de habilidade de
de habilidades motoras, dos
planejada e adequada ao nível do
cada aprendiz.
principais exercícios de adaptação
aluno e aos propósitos da aula.
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Estratégias para o ensino de natação
Este livro busca esclarecer que
O professor e o técnico de natação têm nesta obra um valioso guia para conhecimento das estratégias de ensino da natação, das características dos diferentes níveis de aprendizado
ao meio aquático, bem como sugestões de sequência de exercícios Marcos Roberto Apolinário Thiago Augusto Costa de Oliveira Caio Graco Simoni da Silva Ivan Wallan Tertuliano
para aprendizado dos quatro estilos de nado.
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Instituto Phorte Educação Phorte Editora Diretor-Presidente Fabio Mazzonetto Diretora Financeira Vânia M.V. Mazzonetto Editor-Executivo Fabio Mazzonetto Diretora Administrativa Elizabeth Toscanelli Conselho Editorial Educação Física Francisco Navarro José Irineu Gorla Paulo Roberto de Oliveira Reury Frank Bacurau Roberto Simão Sandra Matsudo Educação Marcos Neira Neli Garcia Fisioterapia Paulo Valle Nutrição Vanessa Coutinho
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ENSINO DE NATAÇÃO Marcos Roberto Apolinário Thiago Augusto Costa de Oliveira Caio Graco Simoni da Silva Ivan Wallan Tertuliano
São Paulo, 2016
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Estratégias para o ensino de natação Copyright © 2016 by Phorte Editora Rua Rui Barbosa, 408 CEP 01326-010 Bela Vista – São Paulo – SP Tel./fax: (11) 3141-1033 Site: www.phorte.com.br E-mail: phorte@phorte.com.br Nenhuma parte deste livro pode ser reproduzida ou transmitida de qualquer forma, sem autorização prévia por escrito da Phorte Editora Ltda. CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA FONTE SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ E84 Estratégias para o ensino de natação / Marcos Roberto Apolinário ... [et.al.] ; [ilustração Douglas Docelino]. - 1. ed. - São Paulo : Phorte, 2016. 104 p. : il. ; 23 cm. Inclui bibliografia ISBN 978-85-7655-549-0 1. Natação - Estudo e ensino. 2. Educação física. I. Apolinário, Marcos Roberto. 15-25127 CDD: 797.21 CDU: 797.21 ph2206.1 Este livro foi avaliado e aprovado pelo Conselho Editorial da Phorte Editora. Impresso no Brasil Printed in Brazil
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Agradecimentos Sou eternamente grato a Deus; agradeço também, em especial, à minha família: aos meus queridos e amados pais, Maria Amélia Peres Apolinário (in memoriam) e Pedro Apolinário, à minha esposa, Lilian Matiko Nakajima Apolinário, e ao meu filho, Felipe Ryo Nakajima Apolinário; à Sandra Horigome Nakajima (proprietária da academia Acqua Fitt); à Tania Terumi Nakajima; ao Prof. Me. Sebastião Álvaro Galdino; ao Prof. Esp. Diego Fernando Peña; ao Prof. Esp. Thiago de Souza Caldas; ao Prof. Thiago Augusto Costa de Oliveira; ao Prof. Caio Graco Simoni da Silva; ao Prof. Ivan Wallan Tertuliano; e a todos os grandes amigos da natação. Marcos Roberto Apolinário Meus sinceros agradecimentos: a São Pedro; à minha esposa, Tatiana, e aos meus filhos, João, Theo e Ana Maria; ao Prof. Me. Marcos Roberto Apolinário; a todos os amigos: alunos, atletas, professores e técnicos de natação. Thiago Augusto Costa de Oliveira Agradeço a Deus e a Meishu-Sama, por mais uma oportunidade; a todas as minhas linhagens de antepassados; à minha família, em especial, à minha esposa, Andrezza Castelhano Gomes Simoni, que me orienta e me ilumina todos os dias antes de sair de casa; aos meus dois filhos, Arthur e Pedro, pela oportunidade de estarmos juntos nesta passagem ‒ estou aprendendo muito com vocês; ao Prof. Marcos Apolinário, pela garra e pela dedicação com que trata a natação em nosso País; ao Prof. Thiago Augusto, pela humildade e pela sinceridade transmitida durante os estudos; ao Prof. Ivan Tertuliano, pela busca incansável de conhecimento e de rapidez em suas ideias. Caio Graco Simoni da Silva Agradeço, em primeiro lugar, a Deus; agradeço, também, aos meus pais e irmãos, pela ajuda dada a mim desde o dia de meu nascimento; à minha esposa Cláudia, e às minhas filhas, Luíza e Laura, pela paciência e pelo companheirismo; aos amigos Apolinário, Caio e Thiago, que escreveram esta obra comigo, e a todos os grandes amigos e colegas de piscina, pois, sem eles, isso não seria possível; e, em especial, aos amigos Umberto Cesar Corrêa, Herbert Ugrinowitsch e Afonso Antônio Machado, por acreditarem em meu trabalho e me ajudarem nos momentos de turbulência acadêmica e científica. Ivan Wallan Tertuliano
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Apresentação Apresentamos, nesta obra, de forma sintetizada, alguns subsídios que dizem respeito às estratégias utilizadas no ensino da natação que, consequentemente, poderão complementar, de maneira significativa, a experiência dos professores na elaboração de suas aulas. Grande parte do conteúdo deste livro foi implementada no método de ensino da natação e de atividades aquáticas da Academia Acqua Fitt, de Suzano, e tem proporcionado grandes benefícios no processo ensino-aprendizagem, ou seja, por meio das estratégias de ensino, podem-se minimizar as incertezas existentes por parte de professores e de alunos. O aprendizado dos alunos pode tornar-se limitado, caso os profissionais não utilizem em seus planejamentos os conhecimentos acerca dos diferentes métodos de ensino, dos fatores que são manipulados na aquisição de habilidades motoras e do processo de aquisição da natação, para complementar suas metodologias e, consequentemente, proporcionar um ensino efetivo. Nesse sentido, para oferecer um ensino efetivo de certa habilidade motora de forma organizada, é importante que os professores estejam engajados nas três fontes de conhecimento: experiência prática, estudo acadêmico e prática profissional (Hoffman e Harris, 2002). Segundo Tani (2011), é preciso reconhecer que se torna difícil, em muitos casos, diferenciar um professor com preparação profissional em Educação Física e um leigo interessado e experiente no assunto. O que diferencia, basicamente, o profissional do leigo é o fato de o primeiro dominar os fundamentos teóricos em que se apoiam os seus procedimentos práticos. Em razão disso, serão apresentados neste livro os diferentes tipos de métodos de ensino direto e indireto; os tipos de fatores que são manipulados no ensino de habilidades motoras, como, por exemplo: os tipos de instrução, de prática, de feedback e de estabelecimento de metas; os vários exercícios de adaptação ao meio aquático; o processo de aquisição dos quatro nados culturalmente determinados e suas diversas combinações. Assim, o professor poderá planejar suas aulas, proporcionando aos alunos diferentes formas de ensino, de execução dos exercícios e suas combinações. Além disso, também poderá criar novos exercícios e novas combinações, para enriquecer o desenvolvimento dos alunos durante todo o seu processo de aprendizagem.
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Sumário Parte 1 – Fundamentos e conceitos................. 11 1. Estratégias de ensino. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13 1.1 Métodos de ensino. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15 1.2 Ensino direto. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16 1.3 Tipos de ensino direto. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16 1.4 Ensino indireto. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20 1.5 Tipos de ensino indireto. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21 1.6 Como escolher entre os métodos de ensino?. . . . . . . . . . . . . 23
2. Fases de aquisição de habilidades motoras. . . . . . . . 25 2.1 Características básicas dos alunos na aquisição de habilidades motoras . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27 2.2 Fatores que influenciam a aquisição de habilidades motoras. . 30 2.3 Como escolher entre os fatores que influenciam a aquisição de habilidades motoras?. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42
Parte 2 – Aplicações e avaliação...................... 43 3. Exercícios de adaptação ao meio aquático . . . . . . . . . 45 3.1 Segurança e cuidados no ambiente aquático. . . . . . . . . . . . . . 48 3.2 Descrição dos exercícios básicos e suas variações. . . . . . . . . . 50 3.3 Bloqueio. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50 3.4 Inspiração e expiração. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52 3.5 Ritmo respiratório. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53 3.6 Imersão. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54 3.7 Flutuação dorsal, ventral e vertical . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55 3.8 Sustentação vertical ou diagonal. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57 3.9 Deslize. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59 3.10 Propulsão de pernas ventral, dorsal, lateral e diagonal. . . . . . 60
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3.11 Propulsão de braços. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62 3.12 Cambalhota. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63 3.13 Mergulho. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65 3.14 Combinações de movimentos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 68 3.15 Transformações de movimentos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 70
4. Sequência de ensino para os quatro nados . . . . . . . . 71 4.1 Nado crawl. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 72 4.2 Nado costas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 78 4.3 Nado peito. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 82 4.4 Nado borboleta. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 87
Parte 3 – Considerações finais........................ 91 Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 97 Sobre os autores. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 101
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Parte 1
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Estratégia é a “arte de aplicar os meios disponíveis ou explorar condições favoráveis com vista a objetivos específicos” (Ferreira, 2000, p. 321). Reúne os elementos utilizados nas decisões tomadas com relação à organização do ambiente, à aplicação dos métodos de ensino e à organização das tarefas. Mais especificamente, estratégia diz respeito a como ensinar uma habilidade motora (Freudenheim, Gama e Carracedo, 2003). Uma das sugestões para a elaboração das estratégias de ensino da natação consiste na complementaridade dos conhecimentos teóricos sobre os métodos de ensino e a aprendizagem motora. No que diz respeito aos métodos de ensino, segundo Gallahue e Donnelly (2008), professores hábeis são completamente versados em uma variedade de métodos de ensino que utilizam como base para atender
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às necessidades de seus alunos e aos objetivos específicos da aula. Afinal, ensinar é a capacidade de estar atento e de utilizar as possíveis conexões com o aprendiz em todos os domínios do comportamento humano. Já em relação à aprendizagem motora, uma das finalidades é investigar e esclarecer os fatores que influenciam a aquisição de habilidades motoras (Tani, 2005). À medida que esses conhecimentos se tornam disponíveis, aumentam as possibilidades de sua aplicação no ensino (Tani, 1992). O termo habilidade motora é definido como uma habilidade (ação ou tarefa) que requer a coordenação do movimento do corpo e/ou dos membros para atingir uma meta (Magill, 2000). Assim, o ato de aprender habilidades motoras consiste em uma alteração na capacidade do indivíduo em desempenhar uma habilidade (tarefa), alteração que deve ser inferida como uma melhora relativamente permanente no desempenho, decorrente da prática ou da experiência (Magill, 2000). Contudo, segundo Schmidt e Wrisberg (2001), ainda que a melhora da habilidade requeira repetição, esta, por si só, não garante o aprimoramento da habilidade, mas somente um comportamento mais permanente. Desse ponto de vista, o velho ditado “A prática leva à perfeição” deveria ser alterado para “A prática eficientemente planejada leva à perfeição”, apresentando, assim, a principal finalidade dos professores de natação durante o processo ensino-aprendizagem. Em outros termos, deve-se notar que, para aprender, não basta somente praticar. É necessário que essa prática (um dos fatores que influenciam a aquisição de habilidades motoras) seja apropriada, adequada ao nível do praticante e realizada nas melhores condições (Godinho et al., 2002). Com base nessas informações, o professor poderá planejar cuidadosamente todos os aspectos da aula para maximizar seu impacto, tendo como fundamento o objetivo do aluno (Gallahue e Donnely, 2008). A principal finalidade do processo ensino-aprendizagem deve ser facilitar a compreensão, a percepção e a melhora contínua, bem como, em consequência, favorecer o aprendizado dos alunos.
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1.1 Métodos de ensino Segundo Gallahue e Donnelly (2008), método de ensino é um conjunto de decisões tomadas pelo professor para alcançar os objetivos de uma aula. Nesse sentido, em 1966, Muska Mosston introduziu na área de Educação Física os métodos de ensino direto (ou de reprodução) e indireto (ou de produção). Eles têm como finalidade identificar e descrever alternativas de estilos de ensino-aprendizagem. Em linhas gerais, o método de ensino direto consiste em replicar ideias, movimentos e procedimentos, ao passo que o método de ensino indireto baseia-se na descoberta de princípios, regras e criação de novos conhecimentos e movimentos (Mosston e Ashworth, 2002). Mais adiante, serão apresentados em detalhes os dois métodos, que têm como principal finalidade auxiliar os professores no processo ensino-aprendizagem, sendo aplicados com base nas necessidades dos alunos e nos objetivos específicos de uma aula. Infelizmente, é comum ouvir muitos professores experientes dizerem: “Eu sempre fiz isso, e funciona; então, por que mudar?” “Por que e para que eu preciso aprender a utilizar diferentes estilos de ensino?” Para responder a essas questões, são destacados, a seguir, alguns aspectos relevantes para a utilização dos métodos de ensino: a. Diversidade de percepção: cada pessoa tem sua própria maneira de ser, ver, sentir, reagir. b. Diversidade da população: há diferenças em aspectos culturais, no estilo de aprendizagem (que pode ser auditivo, visual, tátil), nas capacidades em domínios social, motor e cognitivo. c. Objetivos múltiplos da aula: podem ser afetivos, cognitivos e motores (conforme o conteúdo de aula).
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Por isso, o uso dos métodos de ensino por ora apresentados proporcionarão aos professores ferramentas para estabelecer diferentes meios de comunicação com o aprendiz, respeitando, assim, sua individualidade durante todo o processo ensino-aprendizagem.
1.2 Ensino direto Ensino direto (ou de reprodução) consiste em um método tradicional – centrado no professor – que envolve os alunos em processos de raciocínio de baixa ordem, como memória, lembrança, identificação e operação de conhecimento passado e presente. Nesse método, é o professor quem toma a maioria das decisões a respeito do que o aluno vai realizar, como e quando. a. Vantagens: • É eficiente e centrado no objetivo. Há pequena chance de equívocos ou de interpretações errôneas por parte dos alunos. O professor tem total controle da aula. Chega direto ao ponto (aprender a técnica mecanicamente correta para a realização hábil de uma tarefa ou de um movimento). b. Desvantagem: • Tende a promover um aprendizado estereotipado, ou seja, que é sempre o mesmo, sem a participação ativa do aluno.
1.3 Tipos de ensino direto Na sequência, são apresentados os tipos de ensino direto, suas características e exemplos divididos em fases conforme a tarefa, o objetivo, bem como o papel do professor e do aluno na utilização dos métodos de ensino para facilitar a compreensão e, principalmente, sua aplicação.
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1.3.1 Método por comando Sua finalidade principal é que o aluno aprenda a tarefa rapidamente e com exatidão, conforme decisões tomadas pelo professor. Esse método é um processo de réplica, reprodução e duplicação da realização correta da habilidade, sendo a uniformidade e réplica enfatizadas. A seguir, um exemplo das fases de ensino do método por comando: Tarefa: realizar a propulsão de pernas do nado crawl. Objetivo da tarefa: realizar o movimento com as pernas estendidas. Objetivo do método: replicar a execução correta da tarefa. Professor: explica e/ou demonstra a tarefa. Alunos: praticam a tarefa solicitada pelo professor. Professor: fornece orientações extras, correções de erros, comentários gerais sobre os resultados e novas explicações e demonstrações são realizadas, caso necessário. Alunos: realizam novas práticas da tarefa. Professor: fornece novas dicas aos alunos com mais dificuldades. Observações: esse procedimento é realizado repetidamente durante a aula, até que o aluno cumpra o objetivo da tarefa.
1.3.2 Método por prática Segue as mesmas etapas do estilo de ensino por comando em relação ao que deve ser praticado. Entretanto, o professor permite aos alunos um maior poder de decisão sobre a ordem, o início, o intervalo, o ritmo e o fim da prática. Segue um exemplo das fases de ensino do método por prática: Tarefa: realizar uma tentativa de perna de crawl, uma de costas e uma lateral.
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Objetivo da tarefa: realizar a propulsão com as pernas estendidas. Objetivo do método: estimular os alunos a decidir detalhes da tarefa e a fazer perguntas. Professor: explica e/ou demonstra a tarefa. Alunos: decidem a ordem da tarefa, momento de início e de fim, intervalo e ritmo. Professor: observa e fornece feedback aos alunos com mais dificuldades, que são estimulados a fazer perguntas e a solicitar esclarecimentos sobre a tarefa.
1.3.3 Método recíproco Trata-se do ensino entre dois alunos ou dois grupos, o que permite um trabalho com parceiros na aprendizagem de uma nova habilidade. É o tipo de ensino que promove a socialização positiva entre os alunos e deve ser monitorado pelo professor. A seguir, um exemplo das fases de ensino do método recíproco: Tarefa: realizar a propulsão de pernas lateral direita do nado crawl. Objetivo da tarefa: manter a cabeça baixa durante a pernada. Objetivo do método: estimular o ensino entre dois alunos. Professor: explica e/ou demonstra a tarefa, orienta um ou mais alunos (para atuar como miniprofessor), tendo em vista fornecer feedback aos outros alunos (o feedback fornecido pelos alunos é estabelecido previamente pelo professor). Alunos: realizam a tarefa solicitada pelo professor. Aluno (miniprofessor): fornece o feedback aos alunos orientados pelo professor. Professor: observa e orienta o miniprofessor sobre aspectos específicos do movimento de cada aluno.
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1.3.4 Método por autoavaliação ou autoverificação Aqui, os alunos desenvolvem uma consciência a respeito de seu movimento, ou seja, aprendem a observar o seu próprio movimento baseados em critérios específicos que levam à consciência cinestésica. Na sequência, um exemplo das fases de ensino do método por autoavaliação: Tarefa: realizar 25 metros do nado crawl. Objetivo da tarefa: realizar a coordenação dos braços em oposição (vide o Capítulo 4, Sequência de ensino para os quatro nados, p. 73). Objetivo do método: autoavaliar a coordenação entre os braços. Professor: orienta os alunos a realizarem a tarefa e sobre o que deve ser avaliado durante a execução de seu movimento. Alunos: realizam a tarefa e autoavaliam suas performances. Professor: observa o desempenho dos alunos sobre a exatidão da autoavaliação e, posteriormente, oferece um feedback, respeitando as autoavaliações.
1.3.5 Método por inclusão Envolve os alunos nas decisões sobre o conteúdo da aula, a tarefa e o nível de desempenho correto a ser alcançado. A seguir, um exemplo das fases de ensino do método por inclusão: Tarefa: realizar três tentativas de 25 metros do nado borboleta em uma das três opções sugeridas (1ª: com três tempos; 2ª: com dois tempos; 3ª: sem tempo). Objetivo da tarefa: realizar o nado borboleta com três tempos de deslize após a entrada da mão na água. Objetivo do método: envolver os alunos nas decisões sobre a escolha da tarefa. Professor: estimula os alunos a decidir qual tarefa praticar.
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Alunos: decidem qual das três tarefas realizar. Professor: fornece feedback sobre a execução correta da tarefa. Observações: nesse método, o professor precisa considerar o nível de compreensão cognitiva das crianças ao apresentá-las à tarefa.
1.4 Ensino indireto Os métodos de ensino indireto (ou de produção) são centrados nos alunos e desempenham um importante papel na aprendizagem de habilidades motoras, particularmente nos primeiros estágios da aprendizagem de uma habilidade (Gallahue e Donnelly, 2008). Quando o centro da aprendizagem é o aluno, imagina-se que cada um aprenda de forma diferente. Por isso, são estabelecidos objetivos, conteúdos, estratégias e avaliação respeitando o nível e o ritmo de desenvolvimento das crianças (Freudenheim, Gama e Carracedo, 2003). a. Vantagens: • Auxilia as crianças a se envolverem mais no processo de aprendizagem. • Estimula a exploração e a experimentação de movimentos variados. b. Desvantagens: • Consome muito tempo. • É difícil de ser utilizado por parte dos professores. • Há dificuldades no controle da aula. Nesse método, o professor estimula o aluno a participar da descoberta de novos movimentos e a envolver-se em outras operações cognitivas, favorecendo, assim, a descoberta e o desenvolvimento de novos conceitos, bem como de alternativas de movimentos. As crianças podem ser desafiadas a resolver problemas, criar e comparar características da habilidade.
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1.5 Tipos de ensino indireto 1.5.1 Descoberta guiada Nesse método de ensino, os professores preparam uma sequência de questões para ajudar o aprendiz a fazer uma descoberta que requer uma única resposta correta. A seguir, um exemplo das fases de ensino do método por descoberta guiada: Tarefa: realizar a saída de borda submersa com diferentes posições. Objetivo da tarefa: realizar o movimento com o corpo alinhado. Objetivo do método: estimular os alunos a descobrir qual a melhor posição do corpo. Professor: orienta sobre a realização da tarefa, questiona os alunos em relação às diferentes características dos movimentos (qual a posição dos pés, dos braços, do corpo e da cabeça durante a execução do movimento). Alunos: são estimulados a realizar a tarefa com base nessas informações e a responder a cada uma das questões feitas pelo professor. Professor: oferece feedback periódico e orienta os alunos a compararem diferentes posições e a descobrirem a posição correta.
1.5.2 Descoberta convergente Aqui, os alunos são desafiados a encontrar soluções corretas para a tarefa do movimento apresentado pelo professor sem nenhuma pista de direcionamento. O professor oferece feedback ou sugestões aos alunos se necessário, sem dar a solução. Na sequência, um exemplo das fases de ensino do método por descoberta convergente: Tarefa: realizar a imersão profunda e prolongada. Objetivo da tarefa: realizar o exercício sem movimentos de braços e de pernas.
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Objetivo do método: estimular os alunos a descobrir como realizar a tarefa. Professor: orienta a tarefa e desafia os alunos a descobrirem como cumprir a tarefa. Alunos: são estimulados pelo professor a escolherem as possibilidades de execução e a ordem para cumprirem a tarefa. Professor: oferece feedback ou sugestões aos alunos, se necessário (como soltar o ar), sem dar a solução (que, nesse caso, é soltar todo o ar dos pulmões).
1.5.3 Descoberta divergente Nesse método de ensino, o professor envolve as crianças na descoberta e na produção de novas respostas motoras, decide o conteúdo e prepara o problema de movimento para eles. Veja um exemplo das fases de ensino do método por descoberta divergente: Tarefa: realizar a propulsão de pernas submersa. Objetivo da tarefa: realizar a tarefa por 10 metros. Objetivo do método: estimular os alunos a descobrirem variações de propulsão de pernas. Professor: formula perguntas aos alunos sobre variações da tarefa (por exemplo: de quantas maneiras se pode realizar a propulsão de pernas; qual a melhor posição dos braços). Alunos: o principal papel do professor é aceitar todas as respostas dos alunos e verificar se elas, de fato, correspondem à melhor forma de resolver o problema. Professor: oferece feedback para o grupo todo, caso seja necessário. Observações: o objetivo para o uso de qualquer método de ensino indireto é a construção e o uso atencioso de desafios motores que permitam uma variedade de interpretações que permaneçam dentro dos limites dos objetivos da aula (Gallahue e Donnelly, 2008).
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1.6 Como escolher entre os métodos de ensino? Uma das estratégias sugeridas por Gallahue e Donnelly (2008) consiste em planejar as aulas de habilidades motoras combinando os ensinos direto e indireto. No entanto, vale lembrar que o ensino indireto pode ser mais indicado nos primeiros estágios de aprendizagem, pois auxilia as crianças a se envolverem mais no processo de aprendizagem, estimulando a exploração e a experimentação de movimentos variados. Além disso, os objetivos das aulas podem guiar na seleção de um ou mais métodos de ensino para cada aula ou até na mesma aula. Observações: para aplicar os métodos, devemos considerar o nível de habilidade do aprendiz. Nesse caso, o termo habilidade diz respeito à qualidade de desempenho do aprendiz, bem como à sua compreensão cognitiva e emocional.
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exercícios e habilidades aprendidas,
de ensino e de execução dos exercícios e suas combinações,
mas na prática eficientemente
e que respeite as características do nível de habilidade de
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