Segunda Edição Revisada e atualizada
Manual de lazer e recreação O mundo lúdico ao alcance de todos
Todos os diferentes jogos e brincadeiras aqui descritos atendem às características dos diferentes perfis de jogadores, a fim de garantir o pleno sucesso da atividade.
Tiago Aquino da Costa e Silva (Paçoca) Kaoê Giro Ferraz Gonçalves
Tiago Aquino da Costa e Silva (Paçoca) / Kaoê Giro Ferraz Gonçalves
Esta obra deixa evidente que um bom recreador se faz com estudos, pesquisas e horas de atividades práticas, daí pretender constituir-se em fonte de consulta permanente para todos os recreadores que almejam desenvolver um bom perfil profissional.
Manual de lazer e recreação
O
brincar e o jogar têm um papel fundamental no processo de desenvolvimento humano, da infância à chamada melhor idade, criando a oportunidade da vivência de momentos simbólicos e da convivência com regras. Manual de lazer e recreação foi elaborado para servir de instrumento acadêmico aos profissionais do Lazer, da Educação, da Educação Física e aos demais interessados. Não é um manual somente de atividades; apresenta, também, os conceitos de lazer e recreação, o histórico dos tipos de brincadeiras e jogos, as características dos jogadores e do recreador, bem como as áreas de atuação profissional. Incluem-se jogos tradicionais, jogos e brincadeiras circenses, jogos teatrais, jogos cooperativos, rodas e brincadeiras cantadas, gincanas e matroginástica, além de uma série de atividades próprias para diversos ambientes. A grande experiência profissional que os autores têm nas diferentes áreas de atuação do recreador torna a leitura desta obra prazerosa e altamente enriquecedora.
VEJA MENSAGEM DO AUTOR
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Manual de lazer e recreação
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Instituto Phorte Educação Phorte Editora Diretor‑Presidente Fabio Mazzonetto Diretora Financeira Vânia M. V. Mazzonetto Editor-Executivo Fabio Mazzonetto Diretora Administrativa Elizabeth Toscanelli Conselho Editorial Francisco Navarro José Irineu Gorla Marcos Neira Neli Garcia Reury Frank Bacurau Roberto Simão
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Segunda Edição Revisada e atualizada
Manual de lazer e recreação O mundo lúdico ao alcance de todos
Tiago Aquino da Costa e Silva (Paçoca) Kaoê Giro Ferraz Gonçalves
São Paulo, 2017
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Manual de lazer e recreação: o mundo lúdico ao alcance de todos Copyright © 2010, 2017 by Phorte Editora
Rua Rui Barbosa, 408 Bela Vista – São Paulo – SP CEP: 01326-010 Tel./fax: (11) 3141-1033 Site: www.phorte.com.br E-mail: phorte@phorte.com.br
Nenhuma parte deste livro pode ser reproduzida ou transmitida de qualquer forma, sem autorização prévia por escrito da Phorte Editora Ltda.
CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ S578m Silva, Tiago Aquino da Costa e Manual de lazer e recreação : o mundo lúdico ao alcance de todos / Tiago Aquino da Costa e Silva (Paçoca), Kaoê Giro Ferraz Gonçalves. - 2 ed., rev. e atual. - São Paulo : Phorte, 2017. 336 p. : il. ; 28 cm. Inclui bibliografia ISBN: 978-85-7655-663-3 1. Recreação – Orientação profissional. 2. Jogos. 3. Brincadeiras. 4. Lazer. I. Gonçalves, Kaoê Giro Ferraz. II. Título. 17-42181 CDD: 790.069 CDU: 793
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Este livro foi avaliado e aprovado pelo Conselho Editorial da Phorte Editora.
Impresso no Brasil Printed in Brazil
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Agradecimentos
Quando se chega ao término de um trabalho
Ao Daniel e à Sandra, pessoas que aprendi a
como este livro, para o qual foram dedicadas longas
amar, e, assim, ganhei novas pessoas em minha fa-
horas de pesquisas e debates, chegamos à conclu-
mília.
são de que inúmeras pessoas foram importantes na concretização deste sonho.
À minha esposa, Mérie, que esteve e sempre estará ao meu lado, compartilhando meus sonhos
Agradeço, primeiramente, a Deus, pelo envio de
com muita dedicação e compreensão, e à nossa tão
energias positivas nos momentos mais difíceis
amada filha, Maria Flor, que chegou para encantar
de minha vida.
nossa vida.
Aos meus avós, Abdenago (in memoriam) e Maria
Aos mestres, que se dotaram de singular habili-
(in memoriam), Rubens (in memoriam) e Helena;
dade ao dizer as palavras certas nos momentos cer-
aos meus pais, Geraldo e Marlene; e aos meus
tos, proporcionando força e motivação. Aos meus
irmãos, Diogo Aquino, Marília Costa e Nina
amigos docentes, que, nas conversas nos corredores
Cristina, que me ensinaram os valores de família e
e na sala dos professores, sempre ajudaram com pa-
de cidadania, e ainda continuam a fazê-lo. Agradeço
lavras de incentivo.
a todos da minha família pelas palavras de confiança e de positividade.
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Um especial abraço aos professores Moacyr da Rocha Freitas e Georgios Stylianos Hatzidakis, que me proporcionaram a oportunidade do sonho de ser docente universitário. Ensinaram-me, em poucas palavras, os valores de confiança, responsabilidade e crescimento profissional.
Pautarei meus agradecimentos em três grandes colunas que me alicerçam. Primeiramente, agradeço a Deus, em cuja sabedoria procuro a luz para guiar meus caminhos. À minha família, na qual busco apoio e força em todos os momentos.
Aos meus eternos e queridos alunos, dos quais
Aos mestres, professores e amigos, que contri-
sempre me lembrarei com muito orgulho e satisfa-
buíram em minha formação e sempre incentivaram
ção. Um GRANDE mestre é feito por GRANDES
o projeto de escrever este livro, esperando que, com
alunos.
seu conteúdo e sua beleza, contribua muito para a
Por fim, ao meu amigo Kaoê Gonçalves, pela
leitura, o estudo e a pesquisa sobre recreação e lazer.
parceria e pelas horas de conversa para a elaboração deste manual.
Kaoê Giro Ferraz Gonçalves
Façamos dos nossos sonhos objetivos para toda a nossa vida. E, assim, um dia, tudo desejado se tornará realidade.
Tiago Aquino da Costa e Silva (Paçoca)
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Apresentação
Este manual foi elaborado para servir de instru-
sobre as pessoas que as rodeiam e sobre o mundo
mento acadêmico aos profissionais que atuam no
em que estão inseridas. Oportunizam-se a manipu-
âmbito do Lazer, da Educação e da Educação Física,
lação e a exploração de objetos, a comunicação com
bem como aos demais interessados. Após ministrar,
outras crianças e com adultos, a participação em
por anos, cursos e palestras em diversas universi-
atividades com regras e em grupos, e o desenvolvi-
dades, sentimos a necessidade de um material que
mento de valores morais, éticos e cívicos.
aproximasse o conteúdo teórico dos grandes pes-
As brincadeiras, os brinquedos e os jogos popu-
quisadores às necessidades práticas dos recreadores.
lares no Brasil sofreram influências indígenas, dos
O brincar e o jogar têm um papel fundamen-
portugueses e dos africanos. Entender e conhecer
tal no processo de desenvolvimento humano, da
essas manifestações populares nos faz perceber a
infância à chamada melhor idade, criando a opor-
miscigenação de povos e suas influências na forma-
tunidade da vivência de momentos simbólicos e da
ção do ser humano.
convivência com regras.
Também é fundamental entender o sujeito
É por meio das brincadeiras e dos jogos que
que participa dos jogos e das brincadeiras para o
as crianças ampliam seus conhecimentos sobre si,
desenvolvimento pleno das atividades propostas.
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Com isso, caracterizamos as diversas faixas etá-
Esperamos que a leitura deste manual seja fei-
rias (3 a 6 anos, 7 a 12 anos, adolescentes, adultos
ta, antes de tudo, de forma lúdica, proporcionando
e idosos), bem como as pessoas com deficiência.
alegria e prazer, e que contribua para a sua formação
Adequar diferentes jogos e brincadeiras às caracte-
profissional.
rísticas dos jogadores é imprescindível para a obtenção de sucesso.
Você, caro leitor, irá se deparar com a Nina e o Luiz durante a leitura deste manual. Eles são per-
Apresentamos os diversos tipos de jogos, cada
sonagens fundamentais, pois o acompanharão du-
um com suas especificidades e características: jogos
rante toda a leitura, apresentando-lhe os jogos e as
tradicionais, jogos e brincadeiras circenses, jogos
brincadeiras dos capítulos.
teatrais, jogos cooperativos, rodas e brincadeiras cantadas, gincanas e matroginástica. As atividades devem ser adequadas e adaptadas às diversas áreas de atuação. Com a leitura, você, leitor, perceberá as inúmeras oportunida-
Nina e Luiz são as crianças responsáveis por trazer ao livro a alegria, a simpatia e, acima de tudo, a dinâmica das atividades. Seja bem-vindo e desfrute deste manual, ao lado de Nina e Luiz!
des mercadológicas da recreação e do lazer, o que se dá pela necessidade de ocupação do tempo livre das pessoas de forma prazerosa, produtiva e saudável. O recreador, então, passa a ser fundamental para que essa estrutura aconteça com sucesso. Ter o perfil profissional para um bom recreador exige estudos, pesquisas e horas de atividades práticas. No Capítulo 9, você encontrará um repertório de brincadeiras e rodas cantadas e, acessando o QR Code abaixo, poderá ouvir algumas das músicas apresentadas. O conteúdo está disponível também na página do livro no site da Phorte Editora (<www.phorte.com.br>).
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Prefácio
Há quase duas décadas, o Departamento de Pós-Graduação e Extensão em Educação Física das
cursos de extensão em Recreação e Lazer. A maioria daqueles projetos faz parte deste livro.
Faculdades Metropolitanas Unidas (FMU), aten-
A aderência aos cursos foi impressionante, de
dendo à demanda de mercado e apontando para
forma que, a partir de solicitações dos participantes,
novas tendências, oferece cursos aos profissionais e
foi criado o curso de pós-graduação em Recreação
aos graduandos em Educação Física, com o objeti-
e Lazer, em que, evidentemente, o Paçoca foi um
vo, sobretudo nos cursos de extensão, desenvolver
dos docentes.
áreas e/ou temas não contemplados pela matriz cur-
É gratificante observar sua trajetória de suces-
ricular dos cursos de graduação, além de oportuni-
so, inicialmente, como aluno da graduação e, em
zar a descoberta de “novos talentos” acadêmicos.
seguida, auxiliando profissionais de renome, como
Nesse contexto, conheci o Paçoca, por inter-
os Professores Mauricio (já citado), Alberto Klar e
médio do Prof. Me. Mauricio Duran Pereira, quan-
William Urizzi de Lima (Natação e Atividades
do ele o auxiliava durante um curso de extensão em
Aquáticas) e Pedro Luis Valverde e Vinícius Cavallari
Recreação Aquática. Após observá-lo naquele e em
(Recreação e Lazer), referências nacionais em suas
outros cursos, convidei-o a apresentar projetos de
respectivas áreas. Em busca de voos mais altos,
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Paçoca desenvolveu e ministrou seus próprios cur-
para a publicação de seus estudos, que soma esta
sos e, com Kaoê, abriu uma empresa de atividades
obra ao seu vasto catálogo.
recreativas e coordena vários eventos.
Agradeço a honra e o privilégio de prefaciar este
Kaoê, parceiro inseparável, é quem traz o Paçoca
livro e convido o leitor a participar efetivamente
para a “Terra” e, com a alegria, a disposição e o com-
desta obra, que passa a ser referência em sua área de
prometimento iguais aos de seu amigo, é o contra-
conhecimento.
ponto da “dupla”. A organização dos temas deste livro tem o seu “dedo”.
Sem “brincadeira”, é um livro que deve ser “levado a sério”!
A sequência natural seria transformar as experiências e o sucesso dos cursos e da participação em
Prof. Moacyr da Rocha Freitas
congressos e eventos nacionais e internacionais em
Coordenador Acadêmico do Departamento de
livro. Daí a importância da Phorte Editora, pioneira
Pós-Graduação e Extensão em Educação Física da
no incentivo aos profissionais da Educação Física
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UniFMU
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Prefácio
Ao ser convidado para escrever o Prefácio des-
Este livro difere de outros manuais de recrea-
te livro, senti-me extremamente honrado, pois ser
ção, não mostra apenas as atividades e pronto; ele
convidado a prefaciar uma obra como esta é uma
começa com conceitos de recreação e lazer, trata da
responsabilidade enorme.
criança, dos jogos, dos brinquedos e das brincadei-
Fiquei me perguntando duas coisas: como pre-
ras e chega ao recreador.
faciar um livro escrito pelo Paçoca e pelo Kaoê?
Paçoca e Kaoê nasceram recreadores; é impos-
Será que o livro terá bexigas coloridas enfeitando
sível ficar perto dos dois e não se sentir alegre. Por
a capa? Pois me lembrei, então, da apresentação do
isso, ao ler a segunda parte do livro, sobre Organiza‑
TCC dessa dupla, na Faculdade de Educação Física
ção recrerativa dos jogos e das brincadeiras, tenha certeza
da UniFMU. Apesar de terem temas diferentes, o
de que eles já brincaram e jogaram todas as ativida-
Paçoca sobre natação e o Kaoê sobre judô, ambos fa-
des descritas.
lavam de algo muito mais importante: o lúdico. Não
A terceira parte do livro é uma forma de com-
preciso dizer quais foram os dois únicos painéis de
partilhar com os leitores a experiência profissional
apresentação de TCC com bexigas enfeitando sua
que ambos têm nas diferentes áreas de atuação do
volta.
recreador.
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Este livro deve ser lido por todos: recreador, professor, pai, mãe, enfim, por todos aqueles como eu, o Paçoca e o Kaoê, pois... “A gente gosta de brincar de circo Dar cambalhotas, fazer palhaçada A gente adora imitar os bichos Como é bom brincar” (O Circo – Xuxa) Prof. Me. Mauricio Duran
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Sumário
Parte 1 As quatro peças fundamentais do lazer e da recreação: conceituação, jogadores, atividades e recreadores, 15 1 Conceitos fundamentais: lazer, recreação e ociosidade, 19 2 Características dos jogadores: entendendo as faixas etárias e analisando as características psíquicas, motoras e socioafetivas, 27 3 Jogo, brincadeira e brinquedo: conhecendo o universo lúdico, 41 4 O recreador: perfil e formação profissional, 51
Parte 2 Organização recreativa dos jogos e das brincadeiras: os diferentes jogos e suas respectivas características, 55 5 Jogos tradicionais: resgatando as brincadeiras e os jogos populares, 59 6 Jogos e brincadeiras circenses: manifestação lúdica da cultura corporal, 79 7 Jogos teatrais aplicados ao lazer: do improviso ao riso, 117 8 Jogos cooperativos: com o outro, eu também ganho, 137 9 Rodas e brincadeiras cantadas: vivências transformadoras, 145 10 Gincanas: conjunto de provas motoras e cognitivas, 155 11 Matroginástica: a dança recreativa que envolve a família, 159
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Parte 3 Áreas de atuação e coleção de atividades por ambiente, 163 12 Acampamentos e acantonamentos: fazendo a alegria da garotada, 169 13 Meios de transporte (recreação a bordo): pela terra, pelo céu e pelo mar, 191 14 Buffets e casas de festas: transformando o sonho em realidade, 203 15 Clubes e espaços esportivos: vestindo o uniforme do clube, 219 16 Condomínios residenciais: animação e entretenimento a todo vapor, 233 17 Empresas e espaços de negócios: fazendo parte do mundo corporativo, 241 18 Associações filantrópicas: a recreação como função social, 263 19 Hospitais: humanização lúdica, 273 20 Colônias de férias: recreação e natureza, 277 21 Hotéis: viajar, atender e hospedar, 281 22 Spas e espaços de saúde: motivação por meio dos momentos lúdicos, 295 23 Escolas e espaços de ensino: jogando e aprendendo, 303 24 Piscinas e parques aquáticos: o prazer de brincar na água, 313 Referências, 325 Bibliografia consultada, 333 Sobre os autores, 335
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Parte 1
As quatro peças fundamentais do lazer e da recreação Conceituação, jogadores, atividades e recreadores
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Quando começamos um capítulo de conceitua-
parte, fundamental e imprescindível para o enten-
ção, declaramos que as afirmações e as conclusões
dimento deste Manual. E qual a relevância de es-
foram baseadas nas pesquisas relatadas por grandes
tudarmos as características de cada indivíduo que
pensadores e estudiosos aliadas às nossas práticas e
participa de alguma atividade recreativa? É preciso
aos nossos estudos como recreadores e professores
analisar as características cognitivas, motoras e so-
universitários/escolares. Acreditamos que estudar
cioafetivas de cada faixa etária, pois, assim, é pos-
e entender as quatro peças fundamentais do lazer e
sível adequar a formação do jogo/brincadeira às
da recreação (conceituação, jogadores, atividades
necessidades de satisfação de quem pratica.
e recreadores) é proporcionar conhecimentos im-
Entre e mergulhe no mundo da leitura deste
portantes à organização e à realização de qualquer
Manual! Sejam bem-vindos ao mundo do lazer e
atividade, seja ela recreativa ou educativa.
da recreação!
O que é lazer? E recreação? Como tudo isso surgiu? São perguntas respondidas ao longo desta
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1 Conceitos fundamentais Lazer, recreação e ociosidade
É fundamental compreender os conceitos fundamentais que envolvem o lazer e a recreação.
espanhol, não se encontra lazer, mas ocio ou tiem‑ po libre (Pimentel, 2003).
Nesse sentido, é muito comum nos depararmos
A permissão, a liberdade e a espontaneidade
com inúmeros profissionais que atuam no mer-
são características do lazer, propiciando estados
cado do entretenimento e que não sabem concei-
psicológicos positivos.
tuar a sua respectiva área de atuação.
Lazer é entendido como cultura vivenciada no tempo disponível, e sua principal recompensa é a satisfação provocada pela situação ou pelo
1.1 O lazer
momento (Marcellino, 1995). Camargo (2006) acrescenta que o lazer é um tempo, um espaço
Lazer é uma palavra originada na forma in-
e uma prática social. É um tempo quando temos a
finitiva latina de lic re, que significa “o permiti-
pausa do trabalho e das demais obrigações; é es‑
do”. O francês loisir dá origem à expressão inglesa
paço quando temos o conjunto de intervalos dos
leisure, utilizada para designar “tempo livre”. Em
territórios urbano e rural voltado à expressão lú-
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20
Manual de lazer e recreação
dica dos indivíduos, demarcado pelo trabalho; e,
Após apresentadas diversas definições, enten-
por fim, é prática social quando assume a forma de
demos que lazer é a preparação e a ação psicoló-
uma atividade prazerosa.
gica em realizar determinada tarefa no seu tempo
Para Parker (1978, p. 11), o lazer é tempo li-
livre, com caráter de espontaneidade e livre-ar-
vre de trabalho e de outras obrigações, e também
bítrio, em participação individual ou coletiva, na
engloba atividades que se caracterizam por um
busca de momentos prazerosos e alegres, que
sentimento de (relativa) liberdade.
apresentem resultados positivos na formação in-
O fato de não haver um consenso geral sobre o que seja o lazer indica que é um assunto crivado de julgamentos de valor e preferências.
tegral do indivíduo. As experiências de lazer foram divididas em categorias por Dumazedier (1980), e esse critério
Percebemos que o lazer está inserido no tempo
foi completado por Camargo (1986) e Schwartz
livre das pessoas, sendo o tempo destinado a ações
(2003), que estabeleceram sete interesses culturais.
escolhidas de forma espontânea pelo indivíduo.
São eles: virtuais (Schwartz, 2003); sociais, artísti-
O lazer permite desenvolver ao máximo as qualidades intrínsecas de cada um, convertendo-se
cos, intelectuais, manuais e físicos (Dumazedier, 1980); e turísticos (Camargo, 1998).
em uma necessidade básica por si mesma, da
Por fim, as experiências de lazer devem ser
qual deriva uma série de atividades de grande
significativas, positivas e de modo tal que possam
importância para a realização do ser humano
gerar uma satisfação tanto pessoal quanto coletiva.
(Ansarah, 1996). As características do lazer são liberdade de escolha e busca de um estado de prazer e espon-
1.2 A recreação
taneidade, e suas funções traduzem a busca de equilíbrio mental (psicológica), a integração e a
A recreação surgiu de forma natural e espon-
socialização (social), e a manutenção de um bom
tânea, por meio dos divertimentos e das brinca-
estado de saúde (terapêutica), segundo Awad
deiras infantis, estendendo-se mais tarde à vida
(2004). Para Dumazedier (1973, p. 34), lazer é:
adulta. Na era dos primitivos, conhecida como a era dos “homens das cavernas” e do início da
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Um conjunto de ocupações às quais o
civilização humana, quando homens já produ-
indivíduo pode entregar-se de livre vontade,
ziam objetos e guardavam alimentos para sua
seja para repousar, seja divertir-se ou ainda
sobrevivência, a recreação era baseada nas reu-
para desenvolver sua informação ou forma-
niões para comemorações religiosas ou na con-
ção desinteressada, sua participação social
quista de uma caverna ou de alimentação. A era
voluntária ou sua livre capacidade criadora
dos primitivos foi caracterizada pelo início de
após livrar-se ou desembarcar-se das obriga-
uma comunicação. Já a recreação, na era grega,
ções profissionais, familiares e sociais.
buscava a harmonia e a perfeita integração entre
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Conceitos fundamentais
corpo e espírito: corpo são e mente sã. Por sua
Para Cavallari e Zacharias (2001), recreação
vez, no Império Romano, as pessoas se diver-
é o fato, ou o momento, ou a circunstância que
tiam assistindo a tragédias, mortes e guerras e
o indivíduo escolhe espontaneamente, por meio
observando-as, como a batalha entre gladiado-
do qual satisfaz seus anseios voltados para o lazer.
res e animais ferozes. Na Idade Média, o pen-
Para Barbanti (2003), recreação é atividade
samento era tido como exclusivamente voltado
de natureza diversa que proporciona prazer e
para o bem da alma, e não do corpo. Participa-
divertimento. Recrear vem do latim recreare, que
va-se de torneios de jogos e lutas, mas somente
significa restaurar, renovar, reanimar. A recreação
os nobres eram praticantes. No Renascimento,
envolve atividades lúdicas, como brincadeiras, jo-
surge a recreação com objetivo educacional,
gos e divertimentos, sendo uma atividade física
quando temos o aparecimento da liberdade em
ou mental que os indivíduos fazem para satisfazer
ação dada à criança, baseado na ciência e nos
as necessidades psíquicas, físicas ou sociais.
21
grandes filósofos (Ferreira, 2006).
Ir viajar ao hotel A → LAZER.
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Atividades realizadas no hotel A → RECREAÇÃO.
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22
Manual de lazer e recreação
Finalizando a coletânea de autores sobre a tal
divertimento (prazer e alegria) e independe
definição, para Rodrigues e Martins (2002), recrea-
da cultura, da época e da classe social, as ati-
ção é o desenvolvimento espontâneo e agradável
vidades lúdicas fazem parte da vida da criança,
do ser humano em seus momentos não compro-
pois o jogo está presente na formação do pen-
metidos, objetivando a satisfação das necessidades
samento, na descoberta de si, do outro e dos
psicológicas, espirituais e fundamentais de descan-
objetos que a rodeiam. (Huizinga, 1971, p. 42)
so e de entretenimento. A recreação pode ser encarada de três maneiras, quanto ao comportamento e à forma de participação do praticante:
A recreação, portanto, quando sistematizada com sapiência poderá ser meio para a educação não formal, bem como ação apropriada para a di-
§§ Passiva: indivíduo participa como espectador.
versão.
§§ Ativa: o praticante participa de forma direta, com atuação em jogos e brincadeiras. §§ Mista: além de observar, a pessoa tem par-
1.3 O tempo livre
ticipação ativa. Para a contemplação das necessidades psicoA recreação deve ser entendida como um
lógicas, físicas e psíquicas priorizadas no lazer, a
momento ou situação que proporciona alegria e
recreação é o meio utilizado para a satisfação de
prazer, que busca satisfazer as vontades e os dese-
tais anseios. Para isso, é preciso estar num tempo
jos alcançados pelo lazer.
específico. Tempo total é todo o tempo que uma
É importante, na prática das atividades re-
pessoa tem, ou seja, todas as horas de uma vida,
creativas, ter-se o lúdico como meio norteador
todos os dias do ano. Esse tempo se subdivide em
e condutor para a participação significativa, pois
três partes, que não têm obrigação de mesma du-
essas expressões são atuantes como diversão, en-
ração entre elas (Cavallari e Zacharias, 2001).
tretenimento e educação.
Tempo de trabalho é o tempo que uma pessoa
Para Pimentel (2003), o lúdico é o estado de
utiliza direta ou indiretamente em razão de sua pro-
espírito que leva a pessoa a se divertir de maneira
dução, o que implica compromisso, responsabilida-
espontânea, indicando ações prazerosas, com
de, obrigação e, até mesmo, retorno financeiro.
equilíbrio dos mundos interior e exterior.
Tempo de necessidades básicas vitais é todo o tem-
Lúdico é tudo aquilo que leva uma pessoa
po utilizado para realização de atividades sem as
somente a se divertir, a se entreter, a se alegrar, a
quais um ser humano não vive ou não tem boas
passar o tempo, sendo um momento espontâneo
condições de sobrevivência. Esse tempo pode ser
e estimulado (Cavallari e Zacharias, 2001).
dividido em quatro grandes grupos: sono, alimentação, necessidades fisiológicas e higiene.
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A ludicidade tem caráter abrangente.
Tempo livre é o tempo total de uma pessoa,
A origem da palavra é grega – ludus – que
extraindo-se o tempo de trabalho e o tempo de
significa brincar. O jogo está vinculado ao
necessidades básicas vitais.
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Conceitos fundamentais
23
Pieter Bruegel (1560): quadro com 84 atividades lúdicas.
1.3.1 Tempo total
Giani Totti (1975) fornece a visão de que o tempo do cotidiano está dividido em cinco partes:
O tempo total também pode ser chamado de tempo do cotidiano e assume, segundo alguns auto-
§§ o tempo desocupado, involuntário;
res, características específicas.
§§ o tempo de trabalho ou de produção propriamente dito; §§ o tempo fisiológico, necessário para co-
Tempo total
mer, dormir, tomar banho, entre outros; §§ o tempo cultural, dedicado à formação, ao ensino, à educação, à escola;
Tempo de trabalho
Tempo de necessidades básicas vitais
Tempo livre
§§ o tempo livre propriamente dito.
Tempo total.
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24
Manual de lazer e recreação
Tempo do cotidiano Tempo do cotidiano
Tempo desocupado
Tempo de trabalho
Tempo fisiológico
Tempo cultural
Tempo livre
Tempo do cotidiano.
Já Ansarah (1996) menciona que o tempo
Por fim, para Acerenza (1991 apud Ansarah,
do cotidiano é especificado em um tempo re
1996), o tempo livre que o ser humano tem pode
gido pela obrigatoriedade e um tempo dito livre.
ser dividido em três categorias: tempo livre após o
É neste último que as definições de lazer consi-
trabalho, tempo ocupado por distrações e outras formas
deram a ocorrência de atividades denominadas
de entretenimento, como cinema, teatro, música,
arbitrárias.
leitura, esporte etc. Tempo livre de fim de semana é
O tempo livre é dado como o tempo dispo-
quando se pode optar entre a recreação em clu-
nível para a realização do lazer e assume papel
bes e em parques e o turismo, com viagens para
fundamental para a prática recreativa, portanto é
campo ou praia, hotéis etc. Tempo livre de férias é o
imprescindível o seu entendimento; é o tempo
tempo livre de duração prolongada; oportunidade
de não trabalho, que sobra depois do trabalho,
de realizar uma viagem, por exemplo.
das necessidades orgânicas e das obrigações sociais, sendo caracterizado como tempo disponível (Pimentel, 2003). Para Waichman (1997), o tempo livre apresenta algumas características específicas, como:
Tempo livre só começa onde cessa o trabalho determinado pela necessidade e finalidade exterior, pela sua natureza, situa-se além da esfera de produtividade propriamente dita. Somente se pode considerar
§§ sobra após o trabalho;
tempo livre aquele que permite o desenvol-
§§ fica livre das necessidades e das obrigações
vimento das qualidades humanas. (Marx,
cotidianas;
1996, p. 170)
§§ empregamos no que queremos;
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§§ parte do tempo destinada ao desenvol-
Após a contemplação e a definição de vários
vimento intelectual e físico do homem,
autores e pesquisadores, definimos o tempo total
como fim em si mesmo.
do indivíduo em tempo do cotidiano, dividido em
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Conceitos fundamentais
três partes, que não necessariamente têm a mesma
Para Pimentel (2003), ócio é o mesmo que
duração, sendo importante o equilíbrio entre elas.
lazer, em língua espanhola. Para os gregos, era
O tempo de produção/obrigação é o tempo
contemplar a vida sem precisar preocupar-se com
destinado, direta ou indiretamente, à sua produ-
as questões materiais; por exemplo, ficando sem
ção de trabalho e/ou de estudos, assumindo carac-
fazer nada, negando a produção.
terísticas como compromisso, responsabilidade e
Ócio é nada a fazer de forma lúdica, positiva e
busca constante de resultados; por exemplo, o
opcional, podendo ser opção de lazer (Cavallari e
advogado que está na audiência em determina-
Zacharias, 2001).
do fórum defendendo uma causa criminalista e o
Para Laloup (1966), o ócio favorece no ho-
aluno que está na escola com o objetivo de pro-
mem sua potencialidade ativa e liberdade, de
duzir conhecimento.
acordo com sua própria existência moral.
25
Tempo de necessidades básicas vitais é o tempo destinado às práticas essenciais à vida humana: sono, alimentação, necessidades fisiológicas e hi-
1.4 Considerações
giene. E, por fim, o tempo livre é o tempo que resta,
Finalizamos este capítulo com a preocupação
uma vez finalizado o tempo de produção/obriga-
de que o profissional de lazer e recreação deve ter
ção e atendidas as necessidades fisiológicas, sendo
informações dos conceitos fundamentais envol-
tempo enriquecedor para desenvolvimento das
vidos na sua ação profissional, e isso decorre de
qualidades intrínsecas de cada um.
estudos constantes. Pela presença do jogo não estar vinculada a nenhuma etapa da cultura, a nenhuma forma
Tempo do cotidiano
de concepção do mundo, todo sujeito consegue imaginar a realidade e a imersão do jogo. Todo o abstrato pode ser negado: direito, beleza, verda-
Tempo de produção e obrigação
Tempo de necessidades básicas vitais
Tempo livre
de, bondade, espírito, Deus. O que é sério pode-se negar; o jogo, não. (Huizinga, 1971)
Tempo do cotidiano.
O ócio Precisamos ter o entendimento do conceito de ócio para completarmos os conceitos fundamentais de lazer e recreação.
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Segunda Edição Revisada e atualizada
Manual de lazer e recreação O mundo lúdico ao alcance de todos
Todos os diferentes jogos e brincadeiras aqui descritos atendem às características dos diferentes perfis de jogadores, a fim de garantir o pleno sucesso da atividade.
Tiago Aquino da Costa e Silva (Paçoca) Kaoê Giro Ferraz Gonçalves
Tiago Aquino da Costa e Silva (Paçoca) / Kaoê Giro Ferraz Gonçalves
Esta obra deixa evidente que um bom recreador se faz com estudos, pesquisas e horas de atividades práticas, daí pretender constituir-se em fonte de consulta permanente para todos os recreadores que almejam desenvolver um bom perfil profissional.
Manual de lazer e recreação
O
brincar e o jogar têm um papel fundamental no processo de desenvolvimento humano, da infância à chamada melhor idade, criando a oportunidade da vivência de momentos simbólicos e da convivência com regras. Manual de lazer e recreação foi elaborado para servir de instrumento acadêmico aos profissionais do Lazer, da Educação, da Educação Física e aos demais interessados. Não é um manual somente de atividades; apresenta, também, os conceitos de lazer e recreação, o histórico dos tipos de brincadeiras e jogos, as características dos jogadores e do recreador, bem como as áreas de atuação profissional. Incluem-se jogos tradicionais, jogos e brincadeiras circenses, jogos teatrais, jogos cooperativos, rodas e brincadeiras cantadas, gincanas e matroginástica, além de uma série de atividades próprias para diversos ambientes. A grande experiência profissional que os autores têm nas diferentes áreas de atuação do recreador torna a leitura desta obra prazerosa e altamente enriquecedora.
VEJA MENSAGEM DO AUTOR
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