DESEMPENHO ESPORTIVO: treinamento com crianças e adolescentes - 2 ed

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O treinamento com crianças e adolescentes é um tema de grande

tomada como parâmetro, o

importância para a área de Educação Física, pois a maior parte dos

preço a ser pago é muito alto:

profissionais que atuam no mercado de trabalho está envolvida com a

excesso de treinamento, es-

iniciação esportiva em escolas, clubes e prefeituras. Atualmente, os

pecialização precoce, lesões e

subsídios teóricos e pedagógicos estão centrados, por um lado, na Edu-

abandono da prática esportiva.

cação Física Escolar, e, por outro, no Esporte de Alto Nível. Nessa

Dessa forma, o aprimoramen-

lacuna teórica é que está inserida essa obra, ou seja, ela discute, por

to teórico sobre o treinamento

meio de diferentes áreas do conhecimento, a formação esportiva de

com crianças e adolescentes

crianças e adolescentes submetidos ao treinamento sistemático.

( e d i t o r ) L U I Z R O B E R T O R I G O L I N D A S I L VA

Caso a categoria adulta seja

Ao elaborar o treinamento de crianças e adolescentes, é fundamental que os profissionais da área de Educação Física se preocupem com a qualidade e a quantidade do treinamento em longo prazo.

DESEMPENHO ESPORTIVO

é de suma importância, fazen-

No entanto, para muitos, o caminho é bem simples; basta visualizar as condições

DESEMPENHO ESPORTIVO

do-se necessário, pois, além de evitar certos equívocos, ainda auxiliará um país a se tornar uma potência olímpica.

Treinamento com

SEGUNDA EDIÇÃO REVISADA E AMPLIADA

Crianças e Adolescentes

( E d i t o r ) L U I Z R O B E R T O R I G O L I N D A S I LVA ISBN978-8576-55-102- 7

9 788576 551027

de treinamento da categoria adulta, tirar uma porcentagem e aplicá-las nas categorias de base.


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Desempenho Esportivo Treinamento com

Crianรงas e Adolescentes

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Instituto Phorte Educação Phorte Editora Diretor-Presidente Fabio Mazzonetto Diretora-Executiva Vânia M. V. Mazzonetto Editor-Executivo Tulio Loyelo Revisor-Científico Pedro Augusto Hercks Menin

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Desempenho Esportivo Treinamento com

Crianças e Adolescentes 2a Edição

Editor

Professor dr. luiz roberto rigolin da silva

São Paulo, 2010

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Desempenho esportivo: treinamento com crianças e adolescentes Copyright © 2006, 2010 by Phorte Editora Ltda.

Rua Treze de Maio, 596 CEP: 01327-000 Bela Vista – São Paulo – SP Tel/fax: (11) 3141-1033 Site: www.phorte.com E-mail: phorte@phorte.com

Nenhuma parte deste livro pode ser reproduzida ou transmitida de qualquer forma ou por quaisquer meios eletrônico, mecânico, fotocopiado, gravado ou outro, sem autorização prévia por escrito da Phorte Editora Ltda.

CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO-NA-FONTE SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ D486 2.ed. Desempenho esportivo: treinamento com crianças e adolescentes / organizador Luiz Roberto Rigolin da Silva. 2.ed. - São Paulo: Phorte, 2010. 632p.: il. Inclui bibliografia ISBN 978-85-7655-102-7 1. Aptidão física em crianças. 2. Exercícios físicos para crianças. I. Silva, Luiz Roberto Rigolin da. 10-0674.

CDD: 613.7042

CDU: 613.71-053.2

12.02.10 22.02.10

017628

Impresso no Brasil – Printed in Brazil

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Editor Luiz Roberto Rigolin

da

Silva

Professor doutor em Educação Física pela EEFE – USP/SP Coordenador do curso de pós-graduação em Treinamento Esportivo – UGF Coordenador do curso de pós-graduação em Iniciação Esportiva – FMU Preparador físico da Seleção Brasileira Infantojuvenil Feminina de Voleibol – 2004 Preparador físico de Voleibol Adulto Feminino – Leites Nestlé, BCN, Flamengo, Finasa

Colaboradores Alessandro Hervaldo Nicolai Ré Professor doutor em Biodinâmica do Movimento Humano pela USP/SP Doutor em Educação Física pela EEFE – USP/SP Angelica Castilho Alonso Mestre em Ciências da Fisiopatologia Experimental pela FMU/SP Fisioterapeuta e Educadora Física Docente do curso de Fisioterapia da UNIB Professora de Educação Física da rede pública estadual de São Paulo Anielle Cristine Agnelo D´Angelo Mestre no Programa de Biologia Celular e do Desenvolvimento pela USP Especialista em Fisiologia do Exercício pela USP Nutricionista pela Universidade São Judas Tadeu Carlos Ugrinowitsch Ph.D. em Ciência do Exercício pela Brigham Young University – USA Professor doutor do Departamento de Esporte, Escola de Educação Física e Esporte da USP Coordenador do Grupo de Adaptações Neuromusculares ao Treinamento de Força – Departamento de Esporte – EEFE – USP/SP Catalina Naomi Kaneta Mestranda em Psicologia Escolar e do Desenvolvimento Humano pelo Instituto de Psicologia – USP/SP Especialista em Psicologia do Esporte pelo Instituto Sedes Sapientia Claudia Perrella Teixeira Professora mestre em Educação Física pela EEFE – USP/SP Professora da Universidade São Judas Tadeu Professora do Centro Universitário Uni Sant’Anna Eduardo Neves P. de Cillo Mestre em Psicologia Experimental pela PUC/SP Professor da PUC/MG Professor do Centro Universitário Newton Paiva BH/MG e responsável pelo Laboratório de Psicologia do Esporte (LAPESP) Consultor em Psicologia do Esporte Emerson Franchini Professor doutor em Educação Física pela EEFE – USP/SP Professor da Faculdade de Educação Física da Universidade Presbiteriana Mackenzie

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João Fernando Laurito Gagliardi Professor doutor em Educação Física pela EEFE – USP/SP Professor de Medidas e Avaliação em Educação Física e Esportes e Estatística e Informática Aplicada a EF e Esporte do Centro Universitário FIEO – Osasco/SP Luciana Perez Bojikian Professora mestre em Educação Física pela EEFE – USP/SP Professora da UNIP e UNICID. Marcelo Massa Professor doutor em Educação Física pela EEFE – USP/SP Professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie e da Universidade São Judas Tadeu Márcia Greguol Gorgatti Doutora em Biodinâmica do Movimento Humano pela EEFEU – SP Coordenadora de natação da Associação Esporte Atitude para pessoas com deficiência Professora adjunta do Departamento de Esporte da Universidade Estadual de Londrina Professora de cursos de pós-graduação da Universidade Gama Filho e da UniFMU Maria Tereza Silveira Böhme Professora titular da EEFE – USP/SP Milena Gomes Perroni Mestre em Ciência do Movimento Humano pela UFRGS Fisioterapeuta do Instituto de Medicina Esportiva (IME) – UCS Docente do curso de Fisioterapia da Universidade de Caxias do Sul – RS Pedro Augusto Hercks Menin Psicólogo (Unesp-Assis) Pedagogo (Instituto de Educação de Assis) Doutor em Educação: Estado, Sociedade e Educação pela USP/SP Mestre em Educação: História e Filosofia da Educação pela PUC/SP Graduado em Pedagogia pelo Instituto Educaional de Assis Graduado em Psicologia pela USP/SP Ricardo Zanuto Doutor e mestre em Fisiologia Humana e Biofísica pelo Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo – ICB/USP. Rodrigo Villar Professor mestre em Educação Física pelo Instituto de Biociências da UNESP – Rio Claro Rômulo Cássio de Moraes Bertuzzi Professor doutor e mestre em Educação Física pela EEFE – USP/SP Professor da Faculdade de Educação Física da Universidade Presbiteriana Mackenzie Rudney Uezu Professor mestre em Educação Física pela EEFE – USP/SP Professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie e do Centro Universitário Uni Sant’Anna Membro do GEPETIJ/EEFE – USP Sâmia Hallage Figueiredo Doutora em Psicologia Experimental pelo Instituto de Psicologia – USP/SP Professora dos cursos de Educação Física e Psicologia do Centro Universitário Nove de Julho/SP Psicóloga das categorias de base da Seleção Brasileira de Voleibol Feminina

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Umberto Cesar Corrêa Professor doutor da EEFE – USP/SP Valdir José Barbanti Professor titular da EEFE – USP/SP Valmor Tricoli Doutor em Ciência do Exercício – Brigham Young University – USA Especialista em Treinamento de Força e Condicionamento – National Strength and Conditioning Association – USA Coordenador do Grupo de Estudos em Adaptações Neuromusculares ao Treinamento de Força – Departamento de Esporte – EEFE – USP/SP Coordenador do Laboratório de Desempenho Esportivo da EEFE – USP/SP Waldecir Paula Lima Pós-doutorando e doutor em Biologia Celular e Tecidual pelo Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo – ICB/USP Mestre em Ciências da Saúde Especialista em Fisiologia do Exercício pela Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo – EPM/UNIFESP

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Sumário Introdução.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15 1 Treinamento Esportivo: Diferenciação entre Adultos e Crianças e Adolescentes .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. 19 Desempenho Esportivo.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21 Bases para Análise de Modalidades Esportivas .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. 24 Periodização Esportiva .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . 44 Considerações Finais.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63 Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65

2 Características de Crescimento e Desenvolvimento.. . . . . . . . . . . . . 71

Desenvolvimento durante a Terceira Infância e a Adolescência.. . . . . . . . . . 75 Crescimento, Proporcionalidade Corporal e Desempenho Motor de Meninos e Meninas na Terceira Infância e na Adolescência .. . .. . .. . .. . .. . 85 Desenvolvimento Motor durante a Terceira Infância e Adolescência .. . . . 90 Considerações sobre o Desenvolvimento Pubertário .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 96 Considerações Finais.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 105 Referências.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 105

3 Fisiologia do Exercício: Crianças e Adolescentes .. . .. . .. . .. . .. . .109 Ajustando ao Tamanho: Entendendo os Princípios da Alometria .. . . . . . . . . . . . . . 112 Criança e Movimento: Levantamentos sobre o Tempo e a Intensidade das Atividades.. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. 114 Exercício Aeróbio.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 114 Exercício Anaeróbio .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 128 Exercício Intermitente de Alta Intensidade .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 132 Força.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 133 Referências.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 134

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4 Adaptações Neuromusculares ao Treinamento Físico .. . .. . .. . .. 137 Adaptações Agudas.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 141 Adaptações Crônicas .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. 152 Referências.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 160

5 Respostas Endócrinas Aplicadas ao Exercício Físico Agudo e Crônico na Infância e na Adolescência, .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .169 Hormônio de Crescimento .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 172 Hormônio Antidiurético.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 176 Hormônios Tireoidianos .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . 179 Cortisol . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 183 Estrogênios .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . 190 Testosterona.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 192 Razão Testosterona Cortisol (T:C) .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 199 Catecolaminas e Glucagon.. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. 208 Insulina.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 213 Leptina.. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. 219 Referências .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . 222

6 Nutrição Aplicada ao Treinamento Esportivo de Crianças e Adolescentes.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .239 Os Nutrientes.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 242 Características Nutricionais de Jovens Atletas .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 251 Hidratação e sua Relação com o Rendimento.. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . 266 Avaliação do Estado Nutricional.. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. 269 Distúrbios Comportamentais Relacionados à Alimentação.. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . 270 Referências .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . 273

7 A Estruturação da Prática na Aprendizagem Motora: uma Análise das Pesquisas com Tarefas do Mundo Real .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 279 Efeitos de Diferentes Estruturas de Prática na Aquisição de Habilidades Motoras.285 Considerações Finais: Variabilidade... nem tanto.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 295 Referências.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 299

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8 Uma Visão Macroscópica da Influência das Capacidades Motoras no Desempenho Esportivo.. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. .307 Capacidades Motoras e Desempenho Esportivo.. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . 311 Habilidades Motoras Esportivas Abertas .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. 313 Habilidades Motoras Esportivas Fechadas.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 315 Treinabilidade das Capacidades Coordenativas.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 317 Treinabilidade das Capacidades Condicionais.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 320 Considerações Finais.. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. 325 Referências.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 328

9 Os Jogos como Instrumento de Aprendizagem e Formação Esportiva de Crianças e Adolescentes.. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. 331 Os Jogos na Motivação da Aprendizagem Esportiva.. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. 340 Jogo como Fator Significativo na Aprendizagem .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. 346 Aspectos Pedagógicos dos Jogos .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. 350 Fatores Socioafetivos.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 352 Fatores Cognitivos.. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. 354 Fatores Psicomotores.. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. 357 Considerações Finais.. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. 361 Referências .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . 366

10 Avaliação Cineantropométrica .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 373 Cineantropometria Morfológica.. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. 376 Componentes Corporais e Saúde.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 376 Componentes Corporais e Performance.. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . 378 Formas de Estimativa de Componentes Corporais .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . 379 Curvas de Crescimento.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 385 Previsão de Estatura Final .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 385 Cineantropometria Funcional.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 388 Sugestões para a Interpretação de Testes.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 392 Referências.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 398

11 A Utilização da Estatística no Treinamento em Longo Prazo .. . 403 Aplicação da Estatística em um Programa de Treinamento Esportivo em Longo Prazo.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 407 Etapas de um Levantamento Estatístico na Avaliação do Treinamento em Longo Prazo.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 407

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Conceitos Básicos.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 408 Estatística Descritiva.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 412 Distribuição Normal.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 420 Relação entre Variáveis.. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . 422 Diferenças entre Grupos.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 425 Análises Multivariadas.. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . 426 Referências.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 428

12 O Talento Esportivo: Reflexões e Perspectivas .. . .. . .. . .. . .. . .. . .429 Talento .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. 431 Estudos do Talento Esportivo: uma Abordagem Crítica.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 434 Reflexões e Perspectivas.. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. 453 Referências.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 458

13 O Fenômeno da Compensação: É Possível Fazer a Detecção e a Seleção de Talentos?.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 467 Materiais e Métodos.. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . 472 Resultados e Discussão .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 478 Conclusões.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 496 Referências.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 500

14 Lesão da Criança no Esporte.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 505 Incidência das lesões .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. 508 Lesões mais Comuns na Prática Esportiva .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . 510 Lesões dos Membros Superiores.. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. 511 Lesões dos Membros Inferiores.. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . 513 Classificação Salter-Harris.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 516 Lesões do LCA no Esqueleto Imaturo .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. 517 Lesões da Coluna Vertebral.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 518 Prevenção.. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. 519 Propriocepção Preventiva.. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . 522 Referências.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 525

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15 Atividades Físicas e Esportivas para Crianças e Adolescentes com Deficiência.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 529 Introdução.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 531 Crianças e Adolescentes com Deficiência Auditiva .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . 533 Crianças e Adolescentes com Deficiência Intelectual.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 537 Síndrome de Down.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 539 Crianças e Adolescentes com Deficiência Visual .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 542 Estratégias de Intervenção.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 548 Crianças e Adolescentes com Deficiência Motora .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 551 Lesão Medular.. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . 553 Paralisia Cerebral.. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . 556 O Esporte para Jovens com Deficiência Física.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 559 Considerações Finais.. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. 559 Referências.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 560

16 Psicossociologia do Esporte na Infância e Adolescência.. . . . . . . . 567 Aspectos Psicossociais da Terceira Infância.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 569 A Adolescência .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. 580 Aspectos Sociais: Pais, Técnicos, Amigos, Público e Mídia.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 585 Considerações Finais.. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. 593 Referências.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 594

17 Aspectos Sociais do Desenvolvimento e da Aprendizagem em Crianças e Adolescentes: Notas Críticas para uma Prática Educativa.. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .597 Desenvolvimento Humano em Sociedade.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 601 Aprendizagem na Sociedade.. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . 604 Rápida História do Enfraquecimento do “Eu” na Sociedade Moderna.. . .. . .. . . 605 O “Eu” Enfraquecido na Educação Escolar e na Iniciação Esportiva .. . . . . . . . . . . 608 Crianças e Adolescentes: Teorias de Desenvolvimento e Aprendizagem.. . .. . .. 610 Piaget e a Gênese do Conhecer .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . 611 Desenvolvimento e Aprendizagem como Processos Histórico-Culturais: a Contribuição de Vygotsky.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 613 A Psicologia Cognitivo-Comportamental e o Mergulho do Conhecimento na História.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 615

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A Prática, ou como Levar o Indivíduo ao Desenvolvimento? .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 617 O Caráter Educativo .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 619 Conclusões.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 622 Referências.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 623

Índice.. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. 627

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Introdução A Educação Física1 é uma área do conhecimento que possui uma base epistemológica muito ampla e diversificada. Ao longo de sua história, foi se fragmentando em compartimentos subdisciplinares cada vez mais especializados, a ponto de se verificar a constituição de subdisciplinas na área de Exatas (exemplo: Biomecânica do Esporte), Humanas/Sociais (exemplo: Psicologia e Sociologia do Esporte) e Biológicas (exemplo: Fisiologia e Bioquímica do Exercício). As subdisciplinas foram influenciadas por áreas mães como a Fisiologia, a Química e a Psicologia. Por conseguinte, muitos métodos e teorias foram importados de outras áreas do conhecimento e aplicados na Educação Física. A influência vertical fez que cada subdisciplina criasse uma base epistemológica própria, já que as áreas do conhecimento em Exatas e Biológicas não produzem conhecimento da mesma forma que as Humanas e as Sociais. Esse contexto fez que a Educação Física passasse a estudar o Esporte Escolar, o Esporte de Participação e o Esporte de Rendimento. Seus objetos de estudo,2 sob uma perspectiva reducionista e particularizada, que ainda é enfatizada pela estrutura acadêmica vigente, na qual a produção intelectual, que também é especializada, têm grande importância. No entanto, o Esporte de Rendimento, por exemplo, é considerado um sistema cujas características técnicas, táticas, antropométricas, de aptidão física e psicológicas interagem o tempo todo formando comportamentos inconstantes e complexos (Martin, Carl e Lehnertz, 2001 p. 29). As pesquisas especializadas, nesse caso, não conseguiriam identificar o quanto uma característica pode influenciar a outra e como essa interação pode alterar, ou não, o de

1 Não será objetivo dessa introdução dissertar sobre as diferentes nomenclaturas utilizadas para designar a área que, inicialmente, se chamou Educação Física. Sendo assim, o termo utilizado nos debates vindouros será similar ao empregado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES): Educação Física. 2 De acordo com Tubino (1987; 1999), o esporte educação é direcionado ao caráter educacional, como uma preparação para o exercício da cidadania; o esporte participação é direcionado ao prazer, ao lúdico e aberto a todas as pessoas; já o esporte de rendimento, é organizado por instituições próprias, com regras próprias e que objetiva a superação na busca de recordes.

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Desempenho Esportivo: Treinamento com crianças e adolescentes

sempenho esportivo de um atleta. Logo, fazendo alusão a Capra (1982), os resultados apresentados por estudos especializados são limitados ou irreais. O impacto da fragmentação e especialização do conhecimento e dos pesquisadores na área de Educação Física foi o distanciamento da complexidade que faz parte de seu objeto de estudo e, consequentemente, das questões que envolvem os profissionais que trabalham com a intervenção na prática, pois tanto na teoria como na prática, o esporte sugere a sinergia indissociável das partes. Verifica-se, então, a necessidade de elaborar o que Domingues (2005) chamou de “inteligência coletiva”. A “inteligência coletiva” seria o resultado das discussões temáticas que vários especialistas, em diferentes áreas do conhecimento, passariam a ter, com o intuito de elaborar novos conceitos e métodos abrangestes e unificadores. A “inteligência coletiva” seria responsável em amenizar o efeito da especialização e fragmentação do conhecimento e passaria a promover a formação de generalistas científicos, que não deixariam de pesquisar o conhecimento específico, mas que, ao mesmo tempo, teriam a noção do todo (Domingues, 2005). Esse livro surgiu dentro do contexto atual da Educação Física, ou seja, limitado pela especialização e fragmentação do conhecimento. Contudo, ao invés de explorar os temas separadamente sem ligação alguma, será elaborado um capítulo temático inicial (treinamento esportivo) que terá a função de integrar o conhecimento gerado nos outros capítulos (inteligência coletiva). O objetivo central da obra é caracterizar o treinamento com crianças e adolescentes por meio de diferentes subáreas do conhecimento em Educação Física, mas, acima de tudo, dissociá-lo do treinamento com adultos. A literatura sobre o tema treinamento esportivo está, em sua maioria, direcionada para o alto nível. Assim, os profissionais que atuam com crianças e adolescentes não possuem subsídios teóricos que possam auxiliá-los na solução de problemas específicos. O caminho, então, é procurar no alto nível respostas incompletas quanto à quantificação e qualificação do treinamento. O resultado, geralmente, é a especialização precoce, a lesão, o abandono e a limitação física, técnica, tática e cognitiva oriunda do treinamento inadequado. Sendo assim, informações condizentes com as características morfológicas e funcionais de crianças e adolescentes, bem como, com as formas corretas de treinamento, seriam fatores determinantes para a formação adequada de um futuro atleta

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Introdução

ou de um indivíduo comum que pratique esporte como atividade física. Ao final dessa obra, anseia-se que o leitor obtenha subsídios teóricos que o auxiliem nessa missão.

Referências Capra, F. O ponto de mutação. São Paulo: Cultrix, 1982. Domingues, I. Em busca do método. In: Domingues, I. (Org.). Conhecimento e transdiciplinaridade II. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2005. Martin, D.; Carl, K.; Lehnertz, K. Manual de metodología del entrenamiento deportivo. Barcelona: Paidotribo, 2001. p. 29. Tubino, M. Teoria geral do esporte. São Paulo: Ibrasa, 1987. _____. O que é esporte. São Paulo: Brasiliense, 1999. (Primeiros Passos).

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1 Treinamento Esportivo: Diferenciação entre Adultos e Crianças e Adolescentes

Luiz Roberto Rigolin da Silva

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Desempenho Esportivo O treinamento esportivo (termo derivado do equivalente em inglês) ou desportivo (termo derivado do equivalente em francês) é um tema muito abrangente e pode até ser confundido com a grande área Educação Física, pois ambos possuem um objeto de estudo em comum: o desempenho esportivo. Os livros mais antigos sobre o assunto (até a década de 1980) priorizavam apenas o treino das capacidades motoras — resistência, força, velocidade e flexibilidade — e a forma de periodizá-las; mas essa menção reducionista tem dado espaço a visões mais abrangentes. Atualmente, o desempenho esportivo pode ser visto como um sistema cujas propriedades1 interagem o tempo todo e quando uma delas é alterada, todas as outras serão influen1 Propriedades do desempenho esportivo e áreas de estudo: Técnica (Biomecânica, Aprendizagem Motora e Controle Motor), Tática (Psicologia-Cognição), Capacidades Motoras (Fisiologia e Cineantropometria), Nutrição (Nutrição), Genética (Biologia-Genética e Sociologia-Ambiente), Psicologia (Psicologia-Emocional), Social (Sociologia), Lesão (Medicina e Fisioterapia).

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Desempenho Esportivo: Treinamento com crianças e adolescentes

ciadas. Como exemplo, cita-se um jogador de basquete que sofreu um entorse de tornozelo e precisará ficar duas semanas em tratamento fisioterápico para se recuperar. Sua condição física, caso tenha que ficar afastado dos treinos, pode ser prejudicada diretamente pela lesão, ao passo que, sua condição técnica indiretamente, (em razão da perda da condição física e da falta de confiança em voltar a utilizar o segmento lesionado). Não obstante, além da interação do sistema é preciso considerar, também, as questões de espaço e de tempo. Sobre o espaço, o sistema é ocupado por uma série de propriedades que são determinantes ou não para as diferentes modalidades esportivas: a tática é determinante em um jogo de futebol, mas não é para uma corrida de 100 metros. Nesse sentido, todas as propriedades que fazem parte do sistema precisam ser treinadas de acordo com o seu nível de importância, porém, mesmo que haja uma hierarquia segundo a exigência do desempenho esportivo, isso não significa que a propriedade não seja determinante: em um momento somente algumas delas podem ser importantes, e, em outro, todas em conjunto. Como exemplo, cita-se um jogador de futebol (atacante), com excelente técnica e tática, mas demasiadamente ansioso e que não possui um acompanhamento psicológico. No campeonato que sua equipe disputou, o primeiro jogo foi contra uma equipe fraca e sua ansiedade não interferiu negativamente em seu desempenho, logo, sua atuação foi perfeita. Entretanto, nas finais, a equipe adversária era do mesmo nível que a sua e, quando o jogo foi chegando aos momentos decisivos, não conseguiu finalizar corretamente uma bola, já que a ansiedade interferiu negativamente em seu desempenho (a técnica e a tática não deixaram de ser determinantes, mas foram influenciadas negativamente pelo excesso de ansiedade). Seu desempenho foi inconstante porque, em alguns momentos, sua atuação foi perfeita, e, em outros, ruim. O ideal é que nenhuma propriedade, determinante para a modalidade esportiva, deixe de ser priorizada. Caso contrário, o efeito do treinamento será minimizado pelas propriedades que não foram enfatizadas e, consequentemente, o desempenho do atleta será prejudicado pela perda do equilíbrio do sistema. Para finalizar a análise do desempenho esportivo é necessário compreender que a treinabilidade de suas propriedades, durante a ontogênese humana, não é a

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Treinamento Esportivo: Diferenciação entre Adultos e Crianças e Adolescentes

mesma (tempo). No que se refere ao metabolismo, por exemplo, a via anaeróbia láctica, em razão de sua relação com a maturação sexual, deve ser enfatizada durante a adolescência e a fase adulta (ver capítulo sobre sistema endócrino, fisiologia e Ratel, Duché e Williams, 2006). Já a via aeróbia e a anaeróbia aláctica podem ser treinadas desde a infância, pois em termos relativos, as crianças são parecidas com adultos nessas duas vias (ver capítulo sobre fisiologia, nutrição em Ratel, Duché e Williams, 2006). No que se refere à coordenação motora, se durante a infância a criança não tiver estímulos variados (para que seu desenvolvimento motor seja eficaz), nas próximas fases de desenvolvimento, ela pode ter problemas para assimilar algumas habilidades motoras inerentes a uma modalidade esportiva específica (ver capítulo sobre crescimento e desenvolvimento). Com relação ao adulto, mesmo que essa fase seja considerada o ápice e a mais estável do desenvolvimento biológico, fazer que um atleta salte mais, ou que diminua o seu nível de ansiedade, requer um planejamento, porque a resposta ao treino de salto e da ansiedade não é similar: ele pode melhorar a altura do salto com alguns dias de treino, mas demorar meses para melhorar o nível de ansiedade. Além disso, depois de algumas semanas de estímulo (especificamente para atletas adultos), algumas propriedades podem estabilizar e até decair, como é o caso da força (Badillo e Ayestarán, 2001). Por isso, o planejamento deve ser diferenciado para cada uma delas. Em resumo, antes que o treinamento seja iniciado, é fundamental entender quais são as características do desempenho esportivo e como elas funcionam: a) Sobre a interação das propriedades: se o desempenho esportivo não for analisado e treinado como um sistema com interações, o acaso será seu principal agente. No entanto, como já aludido na introdução, o alicerce teórico do treinamento esportivo contemporâneo é fragmentado e especializado, ou seja, a ciência ainda não é capaz de oferecer subsídios para uma prática tão complexa. O que se espera no futuro é que uma nova geração de pesquisadores infira que o horizonte de uma área aplicada e ampla como a Educação Física está na compreensão do caos que envolve as relações das propriedades, e não no entendimento da função isolada de algumas delas.

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Desempenho Esportivo: Treinamento com crianças e adolescentes

b) Sobre as questões de espaço e tempo: é preciso analisar cada modalidade esportiva para que seja possível verificar quais são suas características determinantes e, em razão das diferentes fases de crescimento, maturação e desenvolvimento humano e das diferentes possibilidades e objetivos do treino em cada fase, torna-se mister fazer um planejamento em curto ou médio prazo para adultos e em longo prazo para crianças e adolescentes.2 Tendo em vista as inferências sobre as questões de espaço e de tempo, serão apresentadas, em sequência, as formas de se analisar uma modalidade esportiva e de se elaborar um planejamento em curto, médio e longo prazo.

Bases para Análise de Modalidades Esportivas Cada modalidade esportiva precisa ser analisada separadamente para que sejam encontrados parâmetros práticos e teóricos. Apesar de ser desconsiderado, na maior parte dos estudos, o conhecimento sobre a forma em que a prática está alicerçada faz que sejam elaboradas estratégias de atuação levando-se em conta as dificuldades de campo. Antes de iniciar o treinamento esportivo, o profissional deve entender como funciona a “cultura esportiva” que envolve as diferentes modalidades esportivas. Será possível identificar muitos dogmas e mitos que terão que ser levados em consideração, pois já fazem parte do contexto esportivo há muito tempo: velocistas na natação treinam mais a resistência aeróbia do que a anaeróbia; pugilistas correm com plástico embaixo da camisa; atletas de voleibol treinam em dia de jogo; corredores de fundo não realizam treino de força (com pesos); o goleiro, no futebol, faz mais 2 O crescimento inclui aspectos biológicos quantitativos (dimensionais), onde ocorrem hipertrofia e hiperplasia celulares. A maturação pode ser definida como um fenômeno biológico qualitativo, relacionando-se com o amadurecimento das funções de diferentes órgãos e sistemas. Já o desenvolvimento é entendido como a interação das características biológicas individuais (crescimento e maturação) com o meio ambiente ao qual o sujeito é exposto durante a vida (ver capítulo sobre crescimento e desenvolvimento).

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O treinamento com crianças e adolescentes é um tema de grande

tomada como parâmetro, o

importância para a área de Educação Física, pois a maior parte dos

preço a ser pago é muito alto:

profissionais que atuam no mercado de trabalho está envolvida com a

excesso de treinamento, es-

iniciação esportiva em escolas, clubes e prefeituras. Atualmente, os

pecialização precoce, lesões e

subsídios teóricos e pedagógicos estão centrados, por um lado, na Edu-

abandono da prática esportiva.

cação Física Escolar, e, por outro, no Esporte de Alto Nível. Nessa

Dessa forma, o aprimoramen-

lacuna teórica é que está inserida essa obra, ou seja, ela discute, por

to teórico sobre o treinamento

meio de diferentes áreas do conhecimento, a formação esportiva de

com crianças e adolescentes

crianças e adolescentes submetidos ao treinamento sistemático.

( e d i t o r ) L U I Z R O B E R T O R I G O L I N D A S I L VA

Caso a categoria adulta seja

Ao elaborar o treinamento de crianças e adolescentes, é fundamental que os profissionais da área de Educação Física se preocupem com a qualidade e a quantidade do treinamento em longo prazo.

DESEMPENHO ESPORTIVO

é de suma importância, fazen-

No entanto, para muitos, o caminho é bem simples; basta visualizar as condições

DESEMPENHO ESPORTIVO

do-se necessário, pois, além de evitar certos equívocos, ainda auxiliará um país a se tornar uma potência olímpica.

Treinamento com

SEGUNDA EDIÇÃO REVISADA E AMPLIADA

Crianças e Adolescentes

( E d i t o r ) L U I Z R O B E R T O R I G O L I N D A S I LVA ISBN978-8576-55-102- 7

9 788576 551027

de treinamento da categoria adulta, tirar uma porcentagem e aplicá-las nas categorias de base.


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