Divisão de Ensino de Química da Sociedade Brasileira de Química (ED/SBQ) Departamento de Química da Universidade Federal de Ouro Preto (DEQUI/UFOP)
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Uma Análise das Concepções dos Alunos de uma escola do Ensino Médio sobre a Importância do PIBID no Ensino de Química Lidiane Borges Dutra Muniz (IC)*, Adelaine Alves da Silva (IC), Anny Carolina de Oliveira (IC), José Gonçalves Teixeira Júnior (PQ) - lidianedutra75@hotmail.com Faculdade de Ciências Integradas do Pontal – Universidade Federal de Uberlândia Palavras-Chave: PIBID, concepções dos alunos, Ensino de Química. RESUMO: O presente trabalho foi realizado no âmbito do PIBID (Programa Institucional de Bolsa de
Iniciação à Docência) com o apoio da CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) em uma instituição da rede pública estadual de ensino de um município no Triângulo Mineiro. O trabalho apresenta resultados da aplicação e análise de um questionário aplicado a alunos da 1ª série do Ensino Médio com objetivo de verificar a opinião desses sobre a atuação do projeto na escola, bem como a importância das atividades realizadas por bolsistas e suas percepções sobre as aulas de química. Os resultados evidenciam aspectos importantes dos estudantes da Instituição de Ensino sobre as ações do PIBID na escola, indicando que o projeto possibilita integrar professor-aluno-universidade em busca de uma melhoria no ensino escolar.
INTRODUÇÃO O Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID) é um programa viabilizado pelo Ministério da Educação (MEC) e fomentado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). Este visa a promoção de ações de iniciação à docência aproximando os licenciandos, ao contexto escolar, ou seja, ao seu futuro campo de trabalho. Nesse sentido, Scheibe (2010, p. 996, apud PAREDES; GUIMARÃES, 2012, p. 266) afirma que o PIBID integra “um grande movimento nas políticas públicas com vistas a suprir a defasagem de formação e de valorização do trabalho docente”. Dessa forma, o projeto tem como um de seus objetivos principais: Inserir os licenciandos no cotidiano de escolas da rede pública de educação, proporcionando-lhes oportunidades de criação e participação em experiências metodológicas, tecnológicas e práticas docentes de caráter inovador e interdisciplinar que busquem a superação de problemas identificados no processo de ensino-aprendizagem. (BRASIL, 2013, p. 2)
Neste sentido, o programa tem adquirido uma grande importância em nível nacional, estando ligado a ações que buscam atender à formação de professores, colaborando para a melhoria dos cursos de licenciatura e, como consequência, contribuindo para elevar a qualidade da educação básica. Bizzo (2009, p.69) afirma que é importante “criar situações onde os estudantes possam refletir sobre seus próprios conhecimentos, comparando-os com os dos colegas, sendo convidados a procurar por explicações diferentes e perceber que pode não existir plena compatibilidade entre elas”. Assim, o PIBID possibilita aos licenciandos uma série de experiências vivenciadas na escola, atribuindo importância à formação dos futuros professores e à carreira docente, além de possibilitar aos bolsistas colocar em prática as aprendizagens do curso de graduação. XVII Encontro Nacional de Ensino de Química (XVII ENEQ) Ouro Preto, MG, Brasil – 19 a 22 de agosto de 2014.
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Algumas pesquisas têm sido conduzidas a fim de compreender as contribuições do programa para a formação docente e para a instituição de ensino (STANZANI, BROIETTI, PASSOS, 2012; AMARAL, 2012; SÁ, 2013; dentre outros), mas poucos estudos se direcionam compreender a visão dos estudantes das escolas da rede pública de ensino em que o PIBID atua. Tendo em vista a grande importância do PIBID na escola, este trabalho teve como objetivo verificar a opinião dos alunos de uma escola pública, em relação à atuação dos bolsistas, analisando a importância das atividades realizadas e como são as aulas de química. O objetivo deste é fazer uma análise crítica e reflexiva da atuação dos bolsistas no ambiente escolar. METODOLOGIA Durante a vivência dos bolsistas do projeto na escola observou-se a importância de buscar informações sobre as concepções dos alunos em relação ao trabalho desenvolvido pelos pibidianos e sua influência nas aulas de Química. Por isso, considerando a importância de identificar as concepções dos estudantes em relação à presença dos bolsistas na escola, bem como a participação dos alunos e a relevância das atividades realizadas e suas percepções sobre as aulas de Química, foi aplicado um questionário contendo três questões discursivas e uma de múltipla escolha a alunos da 1ª série do Ensino Médio em uma escola, parceira do PIBID, na cidade de Ituiutaba - MG. Na primeira questão, o estudante é questionado sobre o papel dos bolsistas PIBID no âmbito escolar – esta era uma questão discursiva onde o aluno teria a liberdade de expressar suas ideias. Na segunda questão, de múltipla escolha, o aluno selecionava as atividades que participou durante o ano de 2013, e na terceira questão, ele expressaria suas impressões sobre as atividades em que participou. Por fim, o aluno foi interrogado sobre sua visão das aulas de Química, principalmente no que diz respeito à ação do PIBID nestas aulas. A aplicação do instrumento de coleta de dados foi realizada em sala durante as aulas de Química, deixando claro que a identidade dos alunos seria preservada visto que não era necessária a sua identificação. Participaram da aplicação do instrumento de coleta de dados, 133 alunos, do total de 212 alunos matriculados na 1ª série do Ensino Médio no turno matutino, entre os meses de novembro/dezembro de 2013. A metodologia de pesquisa empregada neste trabalho é de caráter quantitativo e qualitativo, pois faz um estudo enfocado na descrição, análise e criação de categorias para as concepções dos alunos. Os questionários respondidos foram lidos e as respostas agrupadas por classes. Os gráficos criados representam as categorias, possibilitando compreender as respostas que foram mais constantes. RESULTADOS E DISCUSSÃO Para a análise dos dados não foi levado em consideração as diferenças entre as turmas e nem dos professores regentes. Durante a análise das respostas, verificouse que foi comum que um mesmo aluno, ao responder determinada pergunta, contemplasse duas ou mais categorias. Por isso, os resultados obtidos serão apresentados e discutidos separadamente e, a soma das categorias em alguns momentos são superiores a 100%. XVII Encontro Nacional de Ensino de Química (XVII ENEQ) Ouro Preto, MG, Brasil – 19 a 22 de agosto de 2014.
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Em sua opinião, porque o PIBID está na sua escola? O objetivo desta questão era compreender se os alunos tinham conhecimento da presença dos bolsistas do projeto na escola bem como a função desempenhada pelos mesmos. Ao analisar as respostas dadas pelos estudantes observou-se que alguns atribuíram a atuação do PIBID na escola a motivos distintos, como mostra a Figura 1.
Figura 1: Concepções dos estudantes quanto ao objetivo da presença do PIBID na escola.
Foi observado que 72,9% dos estudantes do grupo pesquisado atribuem como principal função dos bolsistas do PIBID o auxílio aos alunos no desenvolvimento das atividades escolares proporcionando, por exemplo, horários de monitorias em contra turno a fim de solucionarem dúvidas que possam surgir durante as aulas, como observado nas falas dos alunos: (A2) “Para nos ajudar a desenvolver o conteúdo escolar”; (A52) “Para complementar o ensino”; (A37) “Para ajudar mais o aluno, se não aprender na sala eles estão aqui para nos ajudar” e, (A84) “Para melhorar o nosso aprendizado, pois o que talvez nós não conseguirmos aprender dentro de sala, na monitoria nós conseguimos”. Essas respostas tem relação direta com o quarto objetivo do PIBID que é inserir os licenciandos no cotidiano de escolas da rede pública de educação, proporcionando-lhes oportunidades de criação e participação em experiências metodológicas, tecnológicas e práticas docentes de caráter inovador e interdisciplinar que busquem a superação de problemas identificados no processo de ensino-aprendizagem (BRASIL, 2013, p. 2).
Tem relação também com o sétimo objetivo “contribuir para que os estudantes de licenciatura se insiram na cultura escolar do magistério, por meio da apropriação e da reflexão sobre instrumentos, saberes e peculiaridades do trabalho docente” (BRASIL, 2013, p. 3). Assim, percebe-se nas respostas da maioria dos estudantes, que dois importantes objetivos do PIBID tem sido alcançados, pelo menos no que se refere à inserção dos bolsistas no ambiente escolar e nas atividades de ensinoaprendizagem. Do total, 15,8% dos alunos afirmaram que o PÌBID é um projeto pelo qual o aluno auxilia o professor no desenvolvimento das atividades propostas pelo mesmo em XVII Encontro Nacional de Ensino de Química (XVII ENEQ) Ouro Preto, MG, Brasil – 19 a 22 de agosto de 2014.
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seu plano anual. Essas características podem ser associadas aos três primeiros objetivos do programa, que são: “incentivar a formação de docentes em nível superior para a educação básica”; “contribuir para a valorização do magistério” em “elevar a qualidade da formação inicial de professores nos cursos de licenciatura, promovendo a integração entre educação superior e educação básica” (BRASIL, 2013, p. 2). Já 15,0% dos estudantes alegaram que o projeto tem a finalidade de que o bolsista melhore sua formação acadêmica devido à observação das aulas do professor, conforme evidenciado nas falas abaixo, como pode ser observado nas falas a seguir: (A5) “Para ganhar conhecimento com os professores” e, (A103) “Para ter experiência de como é dar uma aula”. Essas falas estão diretamente relacionadas ao quinto objetivo do programa: “incentivar escolas públicas de educação básica, mobilizando seus professores como co-formadores dos futuros docentes e tornando-as protagonistas nos processos de formação inicial para o magistério” (BRASIL, 2013, p. 3). É importante destacar que os estudantes percebem e valorizam os saberes dos seus professores. Neste caso, os bolsistas não estão na escola para levar os conhecimentos da universidade, mas para aprender com os professores que atuam na escola. É uma importante mudança de foco. Um total de 8,3% dos alunos afirmaram que o PIBID era o mesmo que o estágio, que o discente do Ensino Superior precisa realizar para concluir sua graduação, como sugerido pelo aluno A9: “para poder fazer um estágio”. É importante destacar que na página do Ministério da Educação, o PIBID é descrito como um programa que “oferece bolsas de iniciação à docência aos alunos de cursos presenciais que se dediquem ao estágio nas escolas públicas1” (grifo nosso). Assim, a confusão entre PIBID e estágio é compreensível. Somente 1,5% dos alunos acreditam que o projeto em questão objetiva a avaliação do ensino prestado pela escola. Os estudantes A13 e A96, respectivamente, afirmaram que os bolsistas estão presentes na escola “para avaliar os professores” e “para melhorar o ensino”. Essas concepções são errôneas, uma vez que não é função dos bolsistas avaliar o trabalho do professor de Química. Algumas respostas (4,5%) foram enquadradas na categoria Outros, como por exemplo, A59 “para trabalhar”. Por fim, 2,3% dos alunos disseram que não sabem o motivo da presença dos bolsistas na escola e 3,0% não responderam a essa questão. O único objetivo que não foi identificado nas falas dos estudantes foi o sexto: “contribuir para a articulação entre teoria e prática necessárias à formação dos docentes, elevando a qualidade das ações acadêmicas nos cursos de licenciatura”, que entendemos ser dificilmente perceptível para os alunos do Ensino Médio. Portanto, verificou-se que a maioria dos alunos responderam conforme os objetivos do programa. No entanto ressalta-se a importância de levar ao conhecimento dos estudantes que os bolsistas não possuem apenas um objetivo principal, mas sim uma gama de metas a serem cumpridas dentro do projeto. Você participou de alguma atividade realizada pelos bolsistas PIBID? O intuito dessa questão era de analisar quais atividades tinham maior participação dos alunos. Ao serem questionados se já participaram de alguma atividade com o grupo de bolsistas do PIBID atuantes na escola, 82,7% dos alunos responderam que já haviam se envolvido em diferentes ações, como mostra o gráfico, representado na Figura 2. 1
http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=233&Itemid=467. Acesso em junho de 2014. XVII Encontro Nacional de Ensino de Química (XVII ENEQ) Ouro Preto, MG, Brasil – 19 a 22 de agosto de 2014.
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Figura 2: Participação dos alunos em atividades realizadas por bolsistas PIBID.
Do total de sujeitos pesquisados, 43,6% se referiram à participação nas atividades de monitoria, oferecidas pelos bolsistas no período contraturno e, 45,9% tiraram dúvidas referentes ao conteúdo com bolsistas do projeto durante as aulas, ministradas pelos professores de Química. Acreditamos que, tanto a monitoria, quanto os momentos de interação direta com os alunos, em sala de aula, possibilitam ao licenciando: Vivenciar a prática do ensino de Química, atuando principalmente nos problemas de aprendizagem apresentados pelos alunos, em recuperação paralela. O licenciando deve fazer o planejamento desse trabalho em conjunto com o professor supervisor, considerando os temas químicos em que a aprendizagem se apresenta mais problemática. (TEIXEIRA JÚNIOR; EPOGLOU, 2013)
Os jogos didáticos foram citados por 14,3% dos alunos. Passoni e colaboradores (2012, p. 206) apontam que essas atividades lúdicos são práticas educativas que possibilitam a “construção do conhecimento de forma mais efetiva”, favorecendo que os estudantes desenvolvam diferentes habilidades como a socialização, o raciocínio, a criatividade e a comunicação; além de melhorar sua autoestima, sua responsabilidade e também a autonomia. Já Lima e colaboradores (2013, p. 1) afirmam que a utilização de jogos lúdicos nas aulas de Química são importantes instrumentos que auxiliam no processo de ensino-aprendizagem. Por isso, uma das atividades desenvolvidas pelos bolsistas PIBID, do subprojeto Química, foi a confecção de inúmeros jogos didáticos, como o QuiBingo (COSTA; MORAES; TEIXEIRA JÚNIOR, 2011) – relacionado aos símbolos dos elementos e às propriedades periódicas; o “Dominó das Ligações” (OLIVEIRA; MACEDO; TEIXEIRA JÚNIOR, 2011) – utilizado para trabalhar conceitos de ligações iônicas e covalentes, e a “Caxeta das Funções Inorgânicas” (OLIVEIRA; MACEDO; TEIXEIRA JÚNIOR, 2012) – que trabalhava a diferenciação entre as funções inorgânicas, dentre outros que foram aplicados às turmas da 1ª série do Ensino Médio. Já as atividades experimentais foram lembradas por 38,3% dos alunos. Tais atividades (determinação da temperatura de ebulição, indicadores ácidos e bases, dentre outras) foram realizadas no laboratório de Ciências da escola utilizando-se em XVII Encontro Nacional de Ensino de Química (XVII ENEQ) Ouro Preto, MG, Brasil – 19 a 22 de agosto de 2014.
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sua maioria materiais alternativos, em função da pouca ou nenhuma quantidade de alguns reagentes e vidrarias necessários para o desenvolvimento de atividades práticas com todo o grupo. Outras atividades experimentais foram realizadas em sala de aula, em função do número de alunos ser superior ao que comportava o laboratório, o que não impossibilitou a realização dessas ações. Para Salvarego e Laburú (2009, p. 16) “uma aula experimental não está associada a um aparato experimental sofisticado, mas à sua organização, discussão e análise, que possibilitam interpretar os fenômenos químicos e a troca de informações entre o grupo que participa da aula”. A participação de minicursos foi assinalada por 3,8% dos alunos que responderam ao questionário. Apesar do pouco número de alunos que afirmaram participar desse tipo de ação, no ano de 2013, os bolsistas PIBID ofereceram os minicursos de Química Ambiental, Álcool – abordagem química e histórica, Química na agricultura, Química do corpo humano e Química dos cosméticos, durante as comemorações do dia do Químico. Do total de alunos pesquisados, 17,3% responderam que nunca participaram de quaisquer ações desenvolvidas pelos bolsistas do projeto na escola. Não houve citação dos alunos sobre outras atividades realizadas pelos bolsistas, como palestras, por exemplo. O que você acha das atividades trazidas pelos bolsistas PIBID? Sobre as ações realizadas na comunidade escolar os alunos foram questionados sobre as suas impressões e afinidades. Os resultados obtidos são apresentados na Figura 3.
Figura 3: Percepções dos alunos a respeito das atividades realizadas pelo projeto.
A partir do levantamento de dados para essa questão observou-se que 61,7% dos alunos classificaram como positivas (boas, interessantes, legais, dentre outros) as atividades realizadas pelos bolsistas. Do total, 21,8% julgaram que as ações desenvolvidas ajudam na compreensão do conteúdo de Química, uma vez que relacionam a teoria com a prática e o seu cotidiano, como descrito nas falas dos alunos (A10) “bem interessantes, pois ajudam no desenvolvimento do aluno”, (A72) “muito importantes, pois ajudam a entender melhor a matéria” e (A18) “bom, pelo que eu participei foi de jogos educativos no computador que eles nos levaram e foi muito legal por que você joga e sem querer usa a matéria explicada pelo professor”. XVII Encontro Nacional de Ensino de Química (XVII ENEQ) Ouro Preto, MG, Brasil – 19 a 22 de agosto de 2014.
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Observou-se que atividades aplicadas pelo projeto envolvendo o uso de computadores, sistemas multimídia e práticas experimentais que são bem aceitas por parte dos alunos uma vez que fogem da rotina escolar e os trazem para o avanço tecnológico ao qual estão inseridos no seu cotidiano. Segundo Pinheiro (2012, p. 175) é importante “formar professores que saibam lidar com essas ferramentas em sala de aula”. Já 6,0% dos alunos atestaram não terem participado de quaisquer atividades desenvolvidas no âmbito do PIBID na escola. E, 3,8% dos alunos não responderam e 3,0% tiveram sua resposta enquadrada na categoria Outros, sendo apáticos às atividades desenvolvidas pelos bolsistas. Como você vê hoje as aulas de Química na sua escola? A última questão do instrumento de coleta de dados objetivou conhecer as percepções dos alunos sobre as suas aulas de Química após a inserção do projeto na instituição de ensino. Para tanto, as impressões foram categorizadas e estão apresentadas na Figura 4.
Figura 4: Impressões das atuais aulas de Química na escola.
Do total de alunos que responderam à pesquisa, 74% deles classificaram as aulas de Química como interessantes, boas ou legais. 7,5% afirmaram que as aulas de Química são importantes para a formação do indivíduo enquanto cidadão atuante no espaço em que vive. Representam esta categoria as falas dos alunos A64 “muito necessária, pois sem a matéria de química não vamos muito longe” e A132 “importante porque elas ajudam a entender ou compreender muitas coisas do nosso dia a dia”. As dificuldades em relação à disciplina também foram mencionadas por 13,5% dos estudantes: A51 “Muito complicadas”, A16 “acho difícil, mas prestando atenção se aprende” e A101 “vejo como um desafio”. Por isso, o apoio que os bolsistas do projeto prestam aos alunos também foi mencionado por 12,0% deles. O sujeito A18 ainda disse que “são um pouco complicadas, mas temos como tirar nossas dúvidas” e por fim, o A4 relata que “a Química se torna mais fácil com a ajuda do PIBID, eu vejo a Química de outra forma desde que comecei a aprender, é muito interessante. Principalmente com a aula de experimentos”.
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Como a grade horária nas escolas de Minas Gerais possuem apenas duas aulas de Química por semana, o pouco tempo disponível para o estudo desta Ciência foi citado por 4,5% dos sujeitos pesquisados, observado nas falas dos alunos A19 “nas aulas de Química não dá para explicar tudo, explica resumido. Na aula do PIBID eles tiram as dúvidas”. Este aluno se refere às atividades de monitoria desenvolvidas pelos bolsistas, uma vez que no subprojeto não há momentos de regência pelos licenciandos. O aluno A20 afirma que “bom, são aulas interessantes e ótimas o ruim é que têm poucas aulas, o que prejudica” e A87 “uma aula bem explicada com a ajuda dos alunos do PIBID, com exemplos mais fáceis de entender a matéria”. A ausência de respostas a essa pergunta representou 6,0% do total de sujeitos pesquisados e 5,3% dos alunos foram indiferentes. CONSIDERAÇÕES FINAIS Como já verificado em inúmeras pesquisas, o PIBID tem possibilitado aos bolsistas, a aproximação da realidade da prática docente. Os licenciandos passam a compreender a importância da relação professor-aluno, impossibilidades que possam influenciar no desenvolvimento do seu trabalho (como ausência de laboratórios de ciências ou de informática) bem como a utilização de metodologias alternativas de ensino buscando solucionar as adversidades presentes no cotidiano escolar. Entretanto, poucas investigações têm focado nas impressões dos estudantes da Educação Básica que participam dessas ações. Na pesquisa aqui apresentada, a partir da análise dos questionários foi possível verificar que os alunos apreciam os momentos em que estes são convidados a participar ativamente do processo de ensino-aprendizagem. De acordo com Teixeira Júnior (2011, p. 79) as práticas realizadas pelos bolsistas do projeto, em sua maioria atividades lúdicas e experimentais, despertam bastante interesse dos estudantes, “fazendo com que participem mais das aulas, consigam perceber as inúmeras relações da Química aprendida em sala de aula com seu cotidiano e, assim, aumentem o interesse”. Por fim, observa-se a importância que o Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID representa para a escola e para a melhoria das aulas de Química, como foi destacado pelos estudantes que participaram dessa investigação. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AMARAL, E. M. R. Avaliando Contribuições para a Formação Docente: Uma Análise de Atividades Realizadas no PIBID-Química da UFRPE. Química Nova na Escola, v. 34, n. 4, p. 229-239, 2012. BIZZO, N. Ciências: fácil ou difícil? São Paulo, Ed Biruta, 2009. BRASIL. Ministério da Educação. Universidade Federal de Uberlândia. Regimento Interno do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID/UFU. Uberlândia: 2011, 13f. BRASIL. Ministério da Educação. Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior. Regulamento do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência. Portaria nº 096, de 18 de Julho de 2013. Brasilia: 2013. 24f COSTA, R. M. A.; MORAES, C. A. TEIXEIRA JÚNIOR, J. G. QUIBINGO: Um jogo didático para utilização da Tabela Periódica elaborado por bolsistas PIBID-Química da FACIP/UFU. In: Anais do I Simpósio Mineiro de Educação Química, Viçosa, 2011. XVII Encontro Nacional de Ensino de Química (XVII ENEQ) Ouro Preto, MG, Brasil – 19 a 22 de agosto de 2014.
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