DOSSIER Este Suplemento faz parte integrante da edição de “O Primeiro de Janeiro”, Quarta-feira, 25 de Julho de 2007
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Quarta-feira, 25 de Julho de 2007
CRIOESTAMINAL Criopreservação CRIOESTAMINAL: PIONEIRA E LÍDER EM CRIOPRESERVAÇÃO de células estaminais do sangue do cordão umbilical: A Tecnologia ao Serviço da Saúde
“Um seguro de vida biológico”
As células estaminais, que se encontram no sangue do cordão umbilical, têm a capacidade de se diferenciar em diversos tipos celulares, auto-renovar e dividir indefinidamente. Em todo o mundo é hoje prática comum isolar e criopreservar estas células, de modo a que possam ser mais tarde utilizadas no tratamento de doenças ao longo da vida da criança ou familiares, quando compatíveis. Em Portugal, a Crioestaminal foi a primeira empresa a fornecer este serviço. Surgiu no IPN, incubadora de empresas da Universidade de Coimbra, e em quatro anos de actividade, a Crioestaminal já prestou este serviço a mais de 15 mil pais portugueses. Em Maio de 2004, a Crioestaminal foi distinguida pela qualidade do seu projecto, com a atribuição do prémio vencedor do concurso, Jovem Empreendedor, promovido pela Associação Nacional dos Jovens Empresários (ANJE).
Actualmente, a Crioestaminal processa e armazena as unidades de sangue do cordão umbilical nos seus laboratórios de referência no Biocant Park, parque de biotecnologia de Portugal. Em 2006, a Crioestaminal foi distinguida pelo carácter inovador da empresa, com a atribuição do prémio vencedor do concurso, Coimbra Inovação e Excelência, promovido pela Câmara Municipal de Coimbra. Uma alternativa eficaz
As células estaminais do sangue do cordão umbilical apresentam-se como uma alternativa eficaz ao transplante de células estaminais da medula óssea, podendo apresentar várias vantagens. Ao utilizar células estaminais do sangue do cordão umbilical, o risco e desconforto da recolha são menores; a probabilidade de infecção é mais reduzida; a disponibilidade para utilização, quando necessária,
é imediata, não sendo necessário recorrer à difícil procura e espera de um dador compatível. Para além disso, o risco de efeitos secundários, como a rejeição ao transplante, é menor. Foram realizados, em todo o mundo, cerca de 7000 transplantes com células estaminais do sangue do cordão umbilical em doenças hemato-oncológicas. Acresce que as investigações em curso apontam para uma utilização terapêutica mais alargada. Num futuro próximo, estas células indiferenciadas poderão ser utilizadas em doenças que extravasam o foro hemato-oncológico, como por exemplo algumas doenças cardíacas. Estas aplicações vão depender dos avanços da investigação nesta área. Aos pais interessados na criopreservação é fornecido um Kit de recolha do sangue com toda a informação e material necessários para o processo. Este Kit deve ser levado para a maternidade,
para que a recolha do sangue do cordão umbilical possa ser feita pela equipa de parto, imediatamente após o nascimento da criança. A recolha é totalmente indolor e não apresenta qualquer risco para a mãe ou para o recémnascido. Depois de recolhido, o sangue é levado por uma equipa especializada para os laboratórios no Biocant Park, onde são feitos testes de viabilidade, testes bacteriológicos e de contagem celular, que vão determinar se a criopreservação pode ou não ser feita. O relatório destas análises é posteriormente enviado aos pais, não sendo cobrado qualquer valor pelo serviço nos casos, raros, em que o processo é inviabilizado. As células são criopreservadas durante, pelo menos, 20 anos. O custo de adesão ao serviço da Crioestaminal, que inclui o valor do Kit, é de 115 euros. A criopreservação propriamente dita custa 1085 euros.
Director de P ublicações Especiais: José Freitas • Editores: Carla Borges, Carla Marques e Luís Ferraz • Redacção e Publicações Fotografia: Ana Mota, Carla Sofia Silva, Carlos Sousa, Clara Palma, Cláudia Martins, Cristóvão Teixeira, Hélia Faria Gajo, Joana Maganinho, João Costa, Marlene Lima, Ricardo Andrade, Sofia Castro, Sónia Costa e Vera Pinho • Produção Gráfica: Edições Comerciais: Telef. 220105100 • Fax 220105190
João Sousa, Pedro Ribeiro e Rui Bandeira
Foram realizados, em todo o mundo, cerca de 7000 transplantes com células estaminais do sangue do cordão umbilical em doenças hematooncológicas. Acresce que as investigações em curso apontam para uma utilização terapêutica mais alargada. Num futuro próximo, estas células indiferenciadas poderão ser utilizadas em doenças que extravasam o foro hematooncológico, como por exemplo algumas doenças cardíacas
Impressão Centro de Impressão CORAZE (A Folha Cultural) Telefone 256 685 506 FAX 256 673 861
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CRIOESTAMINAL Acaba de ser anunciado o primeiro transplante com células estaminais do sangue do cordão umbilical, criopreservadas num banco privado português.
CRIOESTAMINAL GUARDOU AS CÉLULAS UTILIZADAS PARA TRANSPLANTE EM CRIANÇA DE 14 MESES
Transplante com células estaminais salva bebé A intervenção foi realizada numa criança de 14 meses, cujos pais tinham guardado o sangue do seu irmão na Crioestaminal. O IPO do Porto recorreu às células quando foi diagnosticada à criança uma imunodeficiência combinada severa (SCID). Este é um grupo heterogéneo de doenças raras, caracterizadas por deficiências no sistema imunitário, o que torna os doentes
mais susceptíveis a infecções graves, muitas vezes recorrentes e eventualmente fatais. A solução neste caso passava por um transplante de células estaminais do sangue do cordão umbilical ou em alternativa da medula óssea, que seria bastante doloroso e com riscos para o dador. Alzira Carvalhais, Directora do Departamento de Imuno-Hemoterapia do IPO do Porto, explica que “depois dos pais
da criança nos terem indicado que tinham guardado as células do sangue do cordão umbilical do irmão na Crioestaminal, eu contactei o laboratório, pedi a verificação das condições das células e testei a compatibilidade”. Raúl Santos, director-geral da Crioestaminal, afirma que “é para nós uma grande satisfação poder ver que o nosso trabalho está a contribuir para salvar vidas. Não tínha-
mos dúvidas que mais cedo ou mais tarde iria surgir esta necessidade, e nós accionámos imediatamente todo o processo para que as células estaminais do irmão da criança doente pudessem estar rapidamente disponíveis no IPO”. O sangue do cordão umbilical tem sido utilizado para o tratamento de diversas doenças hemato-oncológicas, tendo sido já realizados mais de 7000 trans-
plantes em todo o mundo. Em Portugal foram já realizados transplantes com células do sangue do cordão, recorrendo principalmente a amostras armazenadas em bancos públicos internacionais, mas nunca antes com células armazenadas em bancos privados – isto é, laboratórios onde os pais da criança decidem pagar pelo serviço de criopreservação das células dos seus filhos.
PROCEDIMENTOS DE RECOLHA DO SANGUE DO CORDÃO UMBILICAL
Abrir o kit médico de recolha de sangue do cordão umbilical fornecido pela Crioestaminal
Retirar o saco estéril de recolha de sangue da sua embalagem e remover a protecção da agulha
Apertar o cordão umbilical com dois clamps e cortá-lo entre eles
Desinfectar o cordão no local onde vai ser introduzida a agulha
Picar o cordão umbilical na área previamente desinfectada
Após a recolha, empurrar o sangue ainda presente no tubo para o interior do saco, remover a agulha e apertar o tubo com a mola e dar pelo menos dois nós
Inverter o saco cuidadosamente, várias vezes, de forma a misturar o sangue com o anticoagulante
Colar o código de barras no saco com sangue e colocá-lo dentro do saco de plástico hermético
Colocar o conjunto anterior dentro da caixa de esferovite, entre os sacos de gel, para o transporte. Colocar o formulário de identificação dentro da bolsa plástica e no interior da caixa. Seguir o procedimento de envio
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CRIOESTAMINAL Em particular, o que pretendemos é expandir o número destas células, isto é, aumentar o seu número em laboratório a partir da amostra inicial que, tipicamente, contém um número muito limitado de células primitivas.
PROF. JOAQUIM CABRAL FALA-NOS DO TRABALHO DE INVESTIGAÇÃO
A pensar no futuro
"Adaptado de NIH/USA" Fale-nos um pouco do trabalho que o seu grupo tem desenvolvido na área das células estaminais.
O trabalho desenvolvido no Laboratório de Bioengenharia de Células Estaminais no Instituto Superior Técnico (IST) visa a expansão (multiplicação) de células estaminais e/ou a sua diferenciação em condições controladas em sistemas de biorreactores, como alternativa aos sistemas tradicionais de cultura como sendo as placas de Petri, por forma a produzir células em número suficiente para uma possível aplicação clínica. As grandes linhas de investigação no IST incluem as células estaminais hematopoiéticas e mesenquimais (humanas) e células estaminais embrionárias e neurais (de ratinho). Quais os objectivos em concreto deste projecto de investigação com células do sangue do cordão umbilical?
Concretamente, no que diz respeito às células do sangue do cordão umbilical, utilizamo-las como fonte de células estaminais hematopoiéticas (embora o sangue do cordão umbilical contenha outros tipos de células estaminais
como sendo mesenquimais). Em particular, o que pretendemos é expandir o número destas células, isto é, aumentar o seu número em laboratório a partir da amostra inicial que, tipicamente, contém um número muito limitado de células primitivas. Por outro lado, também queremos avaliar os efeitos da criopreservação na capacidade de expansão destas células. Já têm resultados promissores?
De facto, podemos considerar promissores os resultados obtidos até agora, os quais resultaram na publicação de artigos em revistas internacionais na área da Hematologia e Bioengenharia. Concretamente, conseguimos estabelecer um sistema de cultura para multiplicar o número de células estaminais/progenitoras hematopoiéticas obtidas a partir do sangue do cordão umbilical utilizando meio de cultura sem soro animal, suplementado com citocinas. Este sistema tem a particularidade de se basear na co cultura das células do sangue do cordão umbilical com células estaminais mesenquimais, também humanas. Estas últimas têm a capacidade de promover a proliferação e sobrevivência das células estaminais hematopoiéticas atra-
vés de mecanismos complexos que envolvem o contacto célulaa-célula, assim como moléculas de sinalização produzidas pelas células mesenquimais que afectam o “destino” das células estaminais hematopoiéticas.
deverá ser transplantada para assegurar o sucesso do transplante.
Quais as vantagens
De facto foram já descritos na literatura ensaios clínicos (fases I-II) que utilizaram células hematopoiéticas expandidas em cultura, combinadas com células não expandidas, obtidas a partir da mesma amostra celular. No entanto, não foi ainda descrito qual o efeito benéfico específico que advém da utilização das células expandidas. Desta forma, diria que talvez só a médio prazo as células expandidas passarão a ter uma utilização mais efectiva.
das células estaminais do sangue do cordão umbilical?
No contexto da transplantação de medula óssea, para reconstituição hematopoiética, as células do sangue do cordão umbilical apresentam como vantagens face às outras fontes – medula óssea e sangue periférico mobilizado – o facto de a sua colheita ser não invasiva, bem como a sua elevada disponibilidade, menor risco de transmissão de doenças infecciosas e menor risco de doença do tipo enxerto contra hospedeiro (do inglês, graftversus-host disease). No entanto, o sangue do cordão umbilical ainda apresenta como desvantagem face às outras fontes o facto de permitir a obtenção de um número relativamente pequeno de células primitivas o que tem limitado a sua utilização a pacientes que na sua maioria são crianças. De facto, tipicamente existe uma dose mínima de células primitivas – aproximadamente 200.000 células CD34+ por quilograma - que
Pensa que, a curto prazo, será possível utilizar clinicamente células estaminais multiplicadas em laboratório?
Quais os principais entraves à investigação?
Por um lado, existe claramente a necessidade de definir como investigação prioritária a área de células estaminais ao nível nacional, quer no domínio da biologia fundamental, quer da bioengenharia, de forma a podermos competir ao nível internacional com os grandes centros de referência que realizam investigação nestas áreas. É de salientar a “ainda” fraca cooperação entre os centros de investigação e unidades clínicas e/ou Bioindústrias.
No contexto da transplantação de medula óssea, para reconstituição hematopoiética, as células do sangue do cordão umbilical apresentam como vantagens face às outras fontes – medula óssea e sangue periférico mobilizado – o facto de a sua colheita ser não invasiva, bem como a sua elevada disponibilidade, menor risco de transmissão de doenças infecciosas e menor risco de doença do tipo enxerto contra hospedeiro (do inglês, graft-versushost disease)
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CRIOESTAMINAL A Crioestaminal ASSOCIAÇÃO VIVER A CIÊNCIA E CRIOESTAMINAL INCENTIVAM INVESTIGAÇÃO NACIONAL é sensível à importância da investigação em Portugal, e como tal, patrocina o prémio em Biomedicina criado pela nização Mundial de Saúde, Associação Viver mata mais de 6 milhões de pessoas por ano em todo o mundo. a Ciência. Com a A primeira edição do instituição deste prémio aconteceu no ano de prémio, no valor 2005, distinguindo Sandra de Macedo Ribeiro, investigadora de 20.000 euros, do Centro de Neurociências e pretende ir-se ao Biologia Celular de Coimbra e encontro do autora do projecto que se centrou nos mecanismos moleculares objectivo desta subjacentes à Doença de Machaassociação que do-Joseph, uma patologia neuno fundo visa rodegenerativa, hereditária e fatal. promover a Para Margarida Trindade, investigação, da Associação Viver a Ciência, mobilizando as “este é um excelente exemplo de uma parceria com o sector priempresas e a vado, uma vez que prima pelo comunidade em seu carácter plurianual. Desta geral em torno forma, a Associação assume um dos compromissos a que se prodeste objectivo. pôs: criar alternativas privadas no O Prémio financiamento da investigação ciCrioestaminal entífica em Portugal”. conta já com a 3ª Entrevista a Hélder edição. Maiato, vencedor
Prémio Crioestaminal em Investigação Biomédica
da 2ª edição Prémio Crioestaminal
O objectivo é perceber como é que as células que se dividem correctamente. Se conseguirmos avançar um pouquinho nesse conhecimento, podemos sentir-nos satisfeitos
encontrado?
A maior dificuldade foi até agora o “desconhecido”, uma vez que estamos a tentar integrar um sistema que não está disponível comercialmente e que envolve vários componentes diferentes, normalmente usados para outro tipo de aplicações. Mas com as pessoas certas, tudo se ultrapassa. Qual o objectivo final desta investigação e quando calcula que será atingido?
O objectivo é perceber como é que as células de dividem correctamente. Se conseguirmos avançar um pouquinho nesse conhecimento, podemos sentir-nos satisfeitos, trata-se de um trabalho de uma vida e com certeza insuficiente... Qual a sua opinião em relação à continuida-
o Prémio Crioesta-
de deste prémio por
minal, qual o balanço
várias edições?
mento?
gal, a qual apresenta inúmeras potencialidades, mas que são muitas vezes constrangidas pela falta de apoio existente.” Em 2006, o Prémio Crioestaminal distinguiu o jovem cientista Hélder Maiato, líder de um grupo de investigação no Instituto de Biologia Celular e Molecular do Porto, pelo projecto sobre mecanismos de divisão celular, com fortes implicações para a saúde humana, em especial para o estudo e tratamento do cancro – uma patologia que, de acordo com a Orga-
ficuldades que tem
ses após ter recebido
realizado até ao mo-
Os investigadores a exercer em Portugal submeteram os seus trabalhos à avaliação de um júri internacional, constituído por 10 conceituados cientistas de países como Grã-Bretanha, Dinamarca, França e EUA. O vencedor da edição deste ano será anunciado no próximo mês de Outubro. Raul Santos, Director-geral da Crioestaminal, refere que “a terceira edição deste prémio permite mais uma vez contribuir para o desenvolvimento da investigação científica em Portu-
Quais as maiores di-
Passados alguns me-
que faz do trabalho
Hélder Maiato, vencedor da 2ª edição Prémio Crioestaminal
nimos agora as ferramentas e condições necessárias para iniciar as experiências propriamente ditas.
É ainda prematuro fazer um balanço quando nos encontramos ainda nos primeiros 4 meses de um projecto idealizado para2 anos...contudo, é possível desde já concluir que uma etapa critica do projecto foi já alcançada: a finalização do próprio sistema piloto de microcirurgia laser. Isto só foi possível devido a vários apoios que temos vindo a ter, um dos quais o do Prémio Crioestaminal, que permitiu manter na minha equipa pessoas chave envolvidas neste processo e a aquisição de alguns componentes que melhoraram significativamente a performance do sistema. Podemos dizer que reu-
No nosso caso foi uma contribuição preciosa. A sua continuidade dará oportunidade a outros investigadores a darem resposta a outros problemas relacionados com a biologia humana. Esta iniciativa é uma excelente forma de associar o nome de uma empresa ou produto a coisas boas em benefício de todos. A Crioestaminal foi das primeiras a perceber isso, precisamos que outras iniciativas se sigam! Qual a mensagem que deixa aos cientistas que trabalham em Portugal?
Em 2 palavras: É possível!
*Helder Maiato, Ph.D.
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CRIOESTAMINAL PRÉMIO CRIOESTAMINAL
“É fundamental que este tipo de prémios continue a existir” “O Prémio Crioestaminal permitiu que a investigação do grupo fosse conhecida para além das instituições científicas onde está a ser desenvolvida. Os nossos projectos passaram a ser conhecidos nas Universidades, criando uma imagem positiva da investigação realizada em Portugal e levando a que alguns recémlicenciados escolhessem o nosso grupo de trabalho para iniciar a sua carreira científica”, referiu Sandra Ribeiro, vencedora da 1ª edição do Prémio Crioestaminal, em entrevista ao jornal «OPJ».
vimento de inibidores de agregação é apenas uma das possíveis abordagens terapêuticas e que outros grupos tentam outras abordagens, como por exemplo o silenciamento do gene que codifica a proteína alterada na doença. Quais as maiores dificuldades que tem encontrado?
Sandra Ribeiro, vencedora da 1ª edição do Prémio Crioestaminal O seu projecto, deno-
sa que será possível?
minado “Aspectos Es-
O processo tem-se
truturais da Doença
desencadeado bem
de Machado-Joseph”,
nesse sentido?
foi premiado já em
Durante estes estudos desenvolvemos um protocolo para induzir a agregação da ataxina-3 normal, e temos fortes indicações de que este processo mimetiza o mecanismo de agregação da proteína expandida na doença. Temos, assim, um ensaio montado para testar compostos com a capacidade de inibir a agregação da proteína, bem como metodologias para identificar em que passo do processo estão a actuar. Se neste processo se identificarem compostos com algum potencial, teremos que passar do tubo de ensaio para modelos celulares, depois para modelos animais, testar a toxicidade dos compostos identificados e só muito mais tarde avançar para possíveis ensaios clínicos. Normalmente os compostos identificados inicialmente sofrem várias modificações para aumentar a biodisponibilidade, diminuir a toxicidade e aumentar a eficácia, num processo que se estende por vários anos de esforços de desenvolvimento, o significa que estamos ainda muito longe de conseguir um fármaco para a doença de Machado-Joseph. Gostaria ainda de salientar que o desenvol-
2005. De que forma a investigação se desenvolveu até hoje?
O projecto tem–se desenvolvido no sentido de identificar os precursores no processo de agregação da proteína alterada por expansão de glutaminas na doença de Machado-Joseph: a ataxina-3. Conseguimos identificar alguns desses precursores da agregação e estamos a tentar esclarecer quais as zonas da proteína fundamentais para o início do processo. Em paralelo, estamos a utilizar células neuronais para avaliar a toxicidade de cada um dos possíveis precursores identificados. Sabemos agora muito mais sobre a proteína, sobre a sua função, estabilidade e agregação, conhecimento fundamental para estudar como todos estes processos fisiológicos podem ser alterados numa situação de doença. O objectivo seria, a longo prazo, contribuir para a concepção de um fármaco que permita tratar a doença numa fase precoce. Para quando pen-
Conseguimos algum reconhecimento a nível nacional e também a nível internacional. Tivemos alguns grupos internacionalmente reconhecidos pela investigação na doença de Machado-Joseph que nos contactaram no sentido de iniciar algumas colaborações no âmbito deste projecto e que poderão trazer excelentes resultados no futuro
Temos tido alguma dificuldade no recrutamento de novos investigadores e bolseiros para estes projectos. Como o projecto se desenvolve numa área com uma forte componente de biofísica e bioquímica de proteínas, embora com possibilidade de obtenção de resultados de elevado impacto, temos geralmente poucos candidatos qualificados.
da investigação realizada em Portugal e levando a que alguns recém-licenciados escolhessem o nosso grupo de trabalho para iniciar a sua carreira científica. Por outro lado, a flexibilidade deste tipo de financiamento permitiu-nos agilizar o estabelecimento de novas colaborações e expandir largamente os objectivos originais do projecto. Tudo isto sem a pesada burocracia imposta pelos projectos financiados por instituições públicas nacionais, onde cada pequena alteração ao plano originalmente proposto implica longos tempos de espera que muitas vezes resultam na desistência por parte de possíveis colaboradores. Qual a sua opinião em relação à continuidade deste prémio por
Qual foi o momento mais importante da investigação até ao momento?
Conseguimos algum reconhecimento a nível nacional e também a nível internacional. Tivemos alguns grupos internacionalmente reconhecidos pela investigação na doença de Machado-Joseph que nos contactaram no sentido de iniciar algumas colaborações no âmbito deste projecto e que poderão trazer excelentes resultados no futuro. Estas colaborações multidisciplinares são fundamentais para o desenvolvimento mais rápido dos projectos de investigação. De que forma o Pré-
várias edições?
É fundamental que este tipo de prémios continue a existir porque permite financiar novas ideias, projectos ambiciosos e arrojados, mas também porque permite aos investigadores financiados a flexibilidade financeira necessária para progredir rapidamente nos seus projectos científicos. E também porque durante o processo de atribuição do Prémio se fala de ciência. Curiosamente, descobri há alguns meses que este Prémio e o tema do projecto seleccionado para financiamento eram conhecidos por alguns investigadores europeus, provavelmente através da comunidade científica portuguesa que trabalha fora do nosso país.
mio Crioestaminal em Investigação Biomé-
Qual a mensagem que
dica beneficiou a in-
deixa aos cientistas
vestigação?
que trabalham em
O Prémio Crioestaminal permitiu que a investigação do grupo fosse conhecida para além das instituições científicas onde está a ser desenvolvida. Os nossos projectos passaram a ser conhecidos nas Universidades, criando uma imagem positiva
Portugal?
Fazer ciência em Portugal é um desafio e implica muita persistência, mas vale a pena. Neste sentido encontrar a maior variedade possível de fontes de financiamento é fundamental. Sandra Ribeiro, Ph.D.
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CRIOESTAMINAL “A esperança de FERNANDO ALMEIDA LOUREIRO, MÉDICO ESPECIALISTA EM GINECOLOGIA/OBSTETRÍCIA que o leque de doenças em que a aplicação das células estaminais como arma terapêutica seja cada vez mais largo parece-me perfeitamente justificada pelas notícias que nos chegam da intensa investigação que em todo o mundo se desenvolve neste campo”, referiu Fernando Almeida Loureiro, médico especialista em ginecologia/ obstetrícia
Decidir de modo esclarecido
As células estaminais são uma arma terapêutica fundamental no combate a um leque crescente de patologias Qual a importância
colheitas.
das células estaminais em Obstetrícia/
Considera que as
Ginecologia?
pessoas se encon-
A importância crescente das células estaminais como arma terapêutica fundamental no combate a um leque crescente de patologias graves implica um papel cada vez mais importante dos técnicos de saúde envolvidos na vigilância prénatal não só porque lhes compete a execução da colheita do sangue do cordão umbilizal durante o parto, como lhes compete a informação e o esclarecimento do interesse da criopreservação para o futuro do recém nascido, de modo a que o casal possa decidir de modo esclarecido.
tram informadas sobre este processo? As grávidas colocam muitas questões sobre as aplicações das células estaminais do sangue do cordão umbilical?
O grau de informação dos casais acerca do interesse da criopreservação das células estaminais do cordão umbilical é, de um modo geral, baixo. Como em outras áreas há muitas notícias, por vezes contraditórias, que suscitam muitas dúvidas e levm à solicitação de infromações por parte dos casais.
Qual ual o papel do obstetra no processo de
O processo de colhei-
criopreservação do
ta do sangue do cor-
sangue do cordão
dão umbilical interfe-
umbilical?
re com a rotina na al-
Como foi atrás referido o papel do obstetra e dos outros técnicos de saúde envolvidos na vigilância prénatal é de primordial importância quer na informação quer na execução das
tura do parto? Existem riscos para a mão ou para o bebé?
A colheita do sangue do cordão umbilical é efectuada durante o trabalho de parto sem
O grau de informação dos casais acerca do interesse da criopreservação das células estaminais do sangue do cordão umbilical é, de um modo geral, baixo. Como em outras áreas há muitas notícias, por vezes contraditórias, que suscitam muitas dúvidas e levam à solicitação de informações por parte dos casais
riscos para o recém nascido – que acabou de nascer e está a ser alvo dos cuidados de neonatalogia logo após o corte do cordão umbilical – nem para a mãe pois a colheita é efectuada no período entre o nascimento e a de quitadura (descolamento e expulsão da placenta e membranas). O sangue do cordão umbilical recolhido para criopreservação das células estaminais é sangue do recém nascido que, após o corte do cordão umbilical, fica retido na parte restante do cordão umbilical e na placenta e que, casa não seja efectuada a colheita, é descartado com a placenta e cordão. Em que medida o futuro da medicina passará pelas células estaminais ?
A esperança de que o leque de doenças em que a aplicação das células estaminais como arma terapêutica seja cada vez mais largo parece-me perfeitamente justificada pelas notícias que nos chegam da intensa investigação que em todo o mundo se desenvolve neste campo.
A importância crescente das células estaminais como arma terapêutica fundamental no combate a um leque crescente de patologias graves implica um papel cada vez mais importante dos técnicos de saúde envolvidos na vigilância prénatal não só porque lhes compete a execução da colheita do sangue do cordão umbilical durante o parto, como lhes compete a informação e o esclarecimento do interesse da criopreservação para o futuro do recém nascido, de modo a que o casal possa decidir de modo esclarecido
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CRIOESTAMINAL Empresa sólida e ÚNICA EMPRESA DE CRIOPRESERVAÇÃO DE CÉLULAS ESTAMINAIS CERTIFICADA PELA QUALIDADE experiente - A Crioestaminal – Saúde e Tecnologia, SA foi a primeira empresa em Portugal a único aberto aos domingos e fe- contratos celebrados com os nosoferecer aos pais riados para garantir que o san- sos clientes. Alem disso, todas as a possibilidade gue do cordão umbilical é pro- amostras criopreservadas no labocessado no mais curto espaço de ratório da Crioestaminal estão de armazenar as tempo e assim garantir que as abrangidas por um seguro que, células células estaminais mantêm todas garante o cumprimento do estaestaminais do as suas características originais. belecido contratualmente com os Kit desenvolvido especifi- seus clientes em caso de dano das sangue do camente para recolha de SCU amostras. cordão umbilical Facilidade de pagamento – – O kit de recolha do sangue do dos seus filhos. cordão umbilical (SCU) desen- A modalidade de pagamento em
Porquê optar pela Crioestaminal?
A Crioestaminal está sediada no Biocant Park
Com a consolidação da empresa e a experiência acumulada ao longo de mais três anos de actividade, a Crioestaminal é, actualmente, uma empresa sólida que conta com a confiança dos mais de 15 mil pais portugueses que optaram por aderir ao nosso serviço e que são clientes muito satisfeitos com os nossos elevados padrões de qualidade. Empresa Certificada - Única Empresa de Criopreservação de Células Estaminais certificada pela Qualidade. Na sequência deste processo a Crioestaminal foi sujeita a um conjunto de auditorias internas e externas a todos os processos da empresa tenho sido Certificada pela norma NP EN
ISO 9001. Garantia de qualidade e segurança - O laboratório de criopreservação de células estaminais do sangue do cordão umbilical da Crioestaminal foi construído tendo em conta os mais rigorosos padrões internacionais. Não foi descurado nenhum aspecto, nomeadamente no que se refere à qualidade e segurança das instalações e dos equipamentos. Ao nível dos equipamentos foi adquirida a tecnologia de ponta no processamento do sangue e no armazenamento das células estaminais, bem como, sistemas topo de gama no tratamento e monitorização do ar atmosférico das sa-
A Crioestaminal tem nos seus quadros profissionais altamente qualificados
las (“Clean Rooms”), controlo de acessos, gravação de imagem (a funcionar 24 sobre 24 horas, 365 dias por ano), sistemas de estabilização de energia, backup energético (que entrará em funcionamento no caso de ocorrer uma falha de energia), enchimento automático dos recipientes de azoto com monitorização contínua e alarme à distância, sistema de detecção de incêndios em fase precoce e muito mais para garantir sempre os mais elevados padrões de qualidade e segurança no nosso serviço. Laboratório de qualidade Para além do cumprimento rigoroso das normas em vigor no que diz respeito à construção, instalação e segurança do novo laboratório, a Crioestaminal conta com uma equipa de profissionais altamente qualificados, doutorados, mestres e licenciados que asseguram o rigoroso funcionamento da sua actividade laboratorial, seguindo as normas e directivas existentes relativas aos procedimentos técnicos de processamento, análise e criopreservação das amostras de sangue do cordão umbilical. O acesso ao laboratório é muito restrito, apenas os funcionários autorizados têm acesso à unidade de criopreservação. Laboratório em funcionamento 7 dias por semana - O laboratório da Crioestaminal é o
volvido pela Crioestaminal foi alvo de uma avaliação da sua conformidade. O kit foi devidamente testado e, para além de ser de fácil utilização para as equipas médicas, está preparado para suportar variações de temperatura durante o transporte para o laboratório após a recolha. Células estaminais armazenadas em duplicado – Após o processamento da amostra de sangue do cordão umbilical, as células estaminais são armazenadas em dois compartimentos distintos do mesmo saco de criopreservação. Deste modo, no caso de ser necessário resgatar uma unidade, pode manter-se um stock de células estaminais que permanece criopreservado para futuras utilizações. Não necessita de fazer análises pós-parto – A Crioestaminal introduziu uma tecnologia de topo nas análises realizadas às unidades de sangue que são diariamente recebidas no laboratório. O sangue do cordão umbilical é analisado por tecnologia de PCR, a melhor forma de garantir sem margem para dúvidas que a unidade não tem qualquer contaminação com HIV I/II, Hepatite B, Hepatite C e CMV. Apesar de serem análises com custos avultados, no seguimento da sua estratégia de aposta na qualidade, a Crioestaminal assume na íntegra estes custos. Desta forma, a mãe não necessita de se preocupar com estas análises após o parto. Segurança para as amostras criopreser vadas – A Crioescriopreservadas taminal tem uma grande solidez financeira que lhe permite assegurar o cumprimento de todos os
várias prestações disponibilizada pela Crioestaminal é a mais vantajosa do mercado e não envolve qualquer tipo de burocracia, os pais apenas têm de optar por um dos diferentes prazos de pagamento disponíveis. Pagamento fácil e cómodo através pagamento de serviços no Multibanco ou NetBanking (Entidade, referência e montante). Aposta na investigação para contribuir para o aumento do leque de aplicações das células estaminais do sangue do cordão umbilical – Não temos uma atitude expectante, a Crioestaminal, faz uma forte aposta na investigação para desenvolver novos produtos e serviços. Actualmente estão em curso alguns projectos de investigação na área da Biomedicina, nomeadamente com o Instituto de Medicina Molecular de Lisboa/IPO Lisboa, com o Centro de Neurociências da Universidade de Coimbra/Biocant e com o Instituto Superior Técnico em Lisboa. A intenção será sempre reforçar esta aposta. Para além disso, no sentido de estimular a investigação de qualidade nesta área, a Crioestaminal, juntamente com a Associação Viver a Ciência, lançou em 2005 a primeira edição do Prémio Crioestaminal de Investigação em Biomedicina. Equipa qqualificada ualificada – A Crioestaminal tem nos seus quadros profissionais altamente qualificados, doutorados, mestres e licenciados na área das ciências da vida. Não é alheio a este facto a elevada satisfação demonstrada por parte dos nossos clientes e da comunidade médica, pelo serviço que prestamos.
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CRIOESTAMINAL “Em situações de SÉRGIO DIAS ABORDA… disfunção vascular o que se pretende é promover a formação adequada de novos vasos sanguíneos (por exemplo no caso da diabetes, ou em doenças cardiovasculares), no caso de existir um crescimento anormal de vasos, o que se pretende é descobrir a base molecular para esse descontrolo, e desse modo procurar controlar a doença (como por exemplo no Laboratório da Crioestaminal certificado caso do Quais os objectivos Qual a importância Cancro)”, Sérgio do projecto de invesdas células progetigação desenvolvido nitoras do sangue do Dias, em em parceria com a cordão umbilical? entrevista ao Crioestaminal? O nosso grupo de injornal «O Primeiro Identificar um perfil de vestigação interessa-se essenciexpressão de genes/proteínas es- almente pelas células precursode Janeiro».
Projecto desenvolvido com a Crioestaminal
pecíficos de células precursoras de vasos sanguíneos. Isto é, tentar definir de forma completa a expressão e função de moléculas envolvidas e essenciais durante o mecanismo de formação de novos vasos sanguíneos. Que tipo de células existem no sangue do cordão umbilical?
Para além das células sanguíneas (comuns a todas as redes sanguíneas), existem células precursoras estaminais, isto é células que podem originar diferentes tipos celulares, consoante os estímulos a que são expostas.
ras de vasos sanguíneos. Estas células, se expostas a condições de cultura apropriadas diferenciam tornando-se células que podem formar a parede dos vasos sanguíneos. Dado que a maior parte das doenças (mesmo as infecciosas) têm uma componente vascular subjacente ou à génese ou à sua patologia (isto é, os vasos são directa ou indirectamente afectados durante o decurso da doença), o potencial terapêutico deste tipo de investigação é enorme. Assim, em situações de disfunção vascular o que se pretende é promover
Sérgio Dias
a formação adequada de novos vasos sanguíneos (por exemplo no caso da diabetes, ou em doenças cardiovasculares); no caso de existir um crescimento anormal de vasos, o que se pretende é descobrir a base molecular para esse descontrolo, e desse modo procurar controlar a doença (como por exemplo no caso do Cancro).
gia vascular (como na retinopatia diabética e em tumores sólidos); 2) por outro lado, células precursoras vasculares do cordão manipuladas de forma a expressarem maiores níveis de outros factores podem ser utilizadas para auxiliar na cicatrização de feridas. Existem actualmente algumas aplicações terapêuticas com cé-
Que resultados já fo-
lulas progenitoras
ram obtidos neste
endoteliais?
projecto e qual a sua relevância?
Recentemente descobrimos a importância de varias moléculas nos modelos indicados acima. Em detalhe, as células precursoras isoladas do sangue do cordão, possibilitaram a identificação de moléculas que: 1) regulam a estabilidade de vasos sanguíneos em situações de patolo-
Estudos mais avançados foram realizados em doentes com problemas cardiovasculares, onde células precursoras vasculares isoladas a partir de cordão umbilical foram utilizadas com algum sucesso na recuperação pós-enfarte, pró exemplo. Muitas outras utilizações estão a ser actualmente consideradas.
Estudos mais avançados foram realizados em doentes com problemas cardiovasculares, onde células precursoras vasculares isoladas a partir de cordão umbilical foram utilizadas com algum sucesso na recuperação pós-enfarte, pró exemplo. Muitas outras utilizações estão a ser actualmente consideradas
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CRIOESTAMINAL A Sociedade SOCIEDADE PORTUGUESA DE CÉLULAS ESTAMINAIS E TERAPIA CELULAR Portuguesa de Células Estaminais e Terapia Celular é quer devem saber que há inves- muito maior. uma associação tigação em Portugal sobre céluA verdade é que quanque pretende dar las estaminais. Penso que, com to mais a ciência vai evoluindo, a criação da SPCETC vamos mais vantagens haverá. a conhecer as conseguir ser mais competitivos células contribuindo para o desenvolComo se desenvolve estaminais e vimento científico e para nos este processo de recandidatarmos, com mais procolha de células? para que servem babilidades de os obtermos, a O que as empresas de ou podem servir mais fundos europeus. criopreservação de células de estas células cordão umbilical fazem é, após Quais são as princia requisição dos serviços, no existentes no pais vantagens do período imediatamente após o nosso armazenamento des- parto, a equipa que o assiste, Rui Reis, presidente da SPCE-TC organismo. Rui tas células através do usando um kit fornecido retiO que são células esmento mais direccionados e sangue do cordão ram as células do sangue do corReis é o taminais? especializados criando um proumbilical? dão umbilical com uma seringa presidente da São células que se po- grama nacional de doutoraHá de facto muitas dis- sendo depois enviadas com breSPCE-TC que dem transformar em todos os mento espalhados pelo país, cussões sobre o que será melhor, vidade para o laboratório de tipos de células. São células conforme as especialidades de o serviço público com a criação criopreservação. nos traça uma indiferenciadas. Estas, trabalha- cada universidade. Os outros de bancos públicos ou o privaperspectiva das com determinados agentes objectivos da sociedade passam do. Das várias discussões, uma Então qual é a princidaquilo que de diferenciação podem dar ori- por educar as pessoas sobre es- é se o interesse justifica o armapal utilização destas tas matérias mas para isso é negem idealmente a todas as céluzenamento. Ora bem, se um dia, células? pretende ser a cessário educar os jornalistas, o bebe tiver um problema, mais Actualmente as células las do corpo humano. sociedade e nos educar o poder político e os tarde pode recorrer às células estaminais são usadas para o tradá uma nova De onde se podem decisores científicos e tecnoló- para uma possível resolução. tamento de crianças pequenas gicos. Queremos tornar as cé- Mas não só para as próprias porque são precisas cerca de três isolar estas células? ideia sobre as Há uma grande confu- lulas estaminais numa área pessoas, também pode ajudar milhões de células por cada quicélulas são na opinião pública porque prioritária de investimento ao um parente directo. No entan- lo de peso. Por isso, é óbvio que estaminais. quando se fala em células nível científico e tecnológico. to, como tudo, há sempre van- não se consegue reunir essa
Acreditar na prevenção
estaminais fala-se sempre em células tipicamente embrionárias que são células obtidas a partir dos embriões, com todo o tipo de problemas éticos que pode acarretar. O que a opinião pública na sabe é que há outros tipos de células, as células do cordão umbilical e há as células estaminais adultas que podem ser obtidas da medula óssea, da gordura, de uma variada origem, estas sem problemas éticos. Qual foi a principal finalidade na criação da SPCE-TC?
Em Portugal, acaba por haver relativamente muita gente a trabalhar em células estaminais. Somos cerca de setenta e cinco pessoas. Íamos a congressos nacionais e internacionais e não nos conhecíamos uns aos outros. Com esta sociedade, será mais fácil partilhar experiências e materiais. De resto, um dos primeiros objectivos é pôr as pessoas a trabalharem em rede e a partilharem os conhecimentos de forma a criar doutoramentos e pós-doutora-
Um outro objectivo é sermos interlocutores disponíveis para o poder político. Não ser um lobby mas antes um interlocutor privilegiado com base científica. Uma vez que somos uma sociedade formada pelos melhores cientistas a investigar nesta área e portanto em vez de serem ouvidos só os comités de ética ou as instituições religiosas, pretendemos que se faça como nos outros países e se ouçam os especialistas científicos quando tal se justifique. Se acharem que devem perguntar algo para terem uma opinião científica, cá estaremos mas não vamos bater de porta em porta para falar nisso. Nós estamos cá para quem nos quiser ouvir.
tagens e desvantagens. Temos de ponderar entre um banco de células privado ou público. É uma questão acreditarmos ou não na necessidade de uma abordagem autóloga. Não é tão caro como se pensa recorrer ao privado já que por mil euros, pagos para assegurar a criopreservação por vinte anos podemos recorrer a este serviço com uma garantia quase total. No entanto, é uma questão de acreditar ou não. Num banco público temos de esperar para que existam células compatíveis. Por outro lado, se tivermos as células num banco privado sabemos que são nossas e por isso há uma maior probabilidade de serem melhor recebidas pelo organismo.
Há expectativas de
Vinte anos é o prazo
expansão da ciência
actual de armazena-
portuguesa, após a
mento possível?
criação da sociedade?
Primeiro penso que vamos aumentar a visibilidade desta área na comunicação social. Acho que isso já está a acontecer e vai certamente ser bom porque muitas pessoas nem se-
Hoje as células podem ser guardadas durante vinte anos porque estamos a estudar esta situação há relativamente pouco tempo. Ninguém me garante que daqui a dez anos não se possam armazenar as células durante um período de tempo
quantidade de células para tratar um adulto. Por esse motivo se trabalha muito no sentido de conseguir multiplicar as células estaminais e transformar um milhão em por exemplo cinco milhões o que vai permitir tratar também os adultos da mesma maneira. Não podemos deixar de salientar que uma das fortes possibilidades actuais é a possibilidade de expansão das células. Que doenças podem ser tratadas com o armazenamento destas células?
Há um sem número de doenças que podem ser tratadas. As mais comuns são a leucemia e os problemas de transplante medula óssea, entre outros. Mas estudam-se as possibilidades de abranger a outros tipos de doenças. Espera-se que algum dia seja possível tratar a doença de Parkinson, Alzheimer, diabetes crónicos, esclerose múltipla, enfarte do miocárdio ou outras doenças que hoje ainda não têm cura. Mas, primeiro é necessário conseguir fazer com que as
células se desenvolvam em laboratório e não apenas mantêlas armazenadas. Para isso, há muitos estudos que nos permitem acreditar que isso venha a ser possível daqui a uns anos. Não se pode estimar daqui a quanto tempo vão estar disponíveis estes desenvolvimentos científicos mas já há experiências em animais com bons resultados. Assim, as pessoas terão sempre de acreditar na ciência e na investigação a este nível. É importante fazer o armazenamento de células estaminais?
Como diz o ditado “Mais vale prevenir que remediar”, ou seja, é melhor ter as células armazenadas do que não ter nada. Com a preservação das células estaminais, ao ter um problema, não tem de esperar, tem as suas células disponíveis... O que mais se pode falar sobre a recolha de células estaminais?
Podemos dizer que é um processo para além do que já é possível hoje, poderá num futuro próximo ser mais proveitoso. A verdade é que nunca sabemos se o será amanhã ou só daqui a vinte anos. Acredito que há doenças sem cura que podem vir a ter solução, uma vez que há muitas experiências com animais com algum sucesso mas tenho a consciência de que ainda há muito para fazer. Todavia muitas destas terapias poderão ser também possíveis com outras células estaminais para além das do cordão umbilical. Como já se começa a conseguir curar algumas doenças através das células estaminais, não há dúvida que quem preservar as suas próprias células pode ter uma importante ajuda. Estamos a falar dum serviço que tem de estar disponível daqui a vinte anos, ou seja, se eu guardei as células e paguei para isso, tenho de ter a certeza que elas vão estar lá. Actualmente o prazo é de vinte anos mas estou certo que esse número pode ser aumentado.
Quarta-feira, 25 de Julho de 2007
CRIOESTAMINAL INICIATIVA INÉDITA PERMITE CONHECER ÚLTIMOS AVANÇOS CIENTÍFICOS NA ÁREA
Cientistas de todo o mundo discutem em Portugal aplicações de células estaminais Muito recentemente reuniram em Portugal alguns dos maiores cientistas internacionais na conferência “Células Estaminais e a Biotecnologia para a Saúde”, numa iniciativa inédita em Portugal que permitiu dar a conhecer os últimos avanços científicos ligados às aplicações de células estaminais.
A reunião foi organizada pela Sociedade Portuguesa de Células Estaminais, pela Crioestaminal, pela Associação Portuguesa de Bioindústrias (APBio) e pelo Biocant Park, no sentido de enriquecer o debate em torno de um tema que tem gerado múltiplas discussões em todo o mundo. Christian Breymann, do Hospital Universitário de Zurique, foi um dos palestrantes principais com um trabalho surpreendente na área da engenharia de tecidos cardiovascular, utilizando células estaminais do sangue do cordão umbilical. Raul Santos, administrador da Crioestaminal, referiu que “a ideia de organizarmos um evento com esta dimensão e qualidade científica, provém da necessidade que detectámos de aumentar o conhecimento generalizado acerca das células estaminais. Existem ainda muitas dúvidas e questões a esclarecer. A Crioestaminal, enquanto laboratório líder nacional em criopreservação de células estaminais do sangue do cordão umbilical, sente que tem a obrigação, enquanto cidadã empresarial e entidade ligada à Saúde e à Investigação, de propiciar espaços de partilha de conhecimentos, garantindo também toda a transparência que o tema merece”. Investigadores como Lino Ferreira, do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (EUA) e Mark Furth, do Instituto de Medicina Regenerativa de Wake Forest (EUA) apresentaram as possíveis aplicações terapêuticas, presentes e futuras, de células estaminais na regeneração de tecidos. Rui Reis, presidente da Sociedade Portuguesa de Células Estaminais e investigador da Universidade do Minho, apresentou a sua perspectiva perante os cerca de 300 profissionais de Ciência e Saúde que participaram nesta conferência, a par dos investigadores Gonçalo CasteloBranco, do Instituto Karolinska (Suécia) e Joaquim Cabral, do Instituto Superior Técnico de Lisboa. A portuguesa e internacionalmente reconhecida Alexandra Capela, do Stem Cells Inc. (EUA), expôs a importância das células neuronais para a Saúde humana futura.
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CRIOESTAMINAL A CRIOESTAMINAL É O PRIMEIRO LABORATÓRIO DE CRIOPRESERVAÇÃO DE CÉLULAS ESTAMINAIS…
…certificado em Portugal A Crioestaminal, depois de ter sido pioneira em Portugal, é agora o primeiro laboratório português de criopreservação de células estaminais do sangue do cordão umbilical a obter a certificação em Gestão de Qualidade ISO 9001:2000, pelo grupo internacional TÜV Rheinland. Num momento em que o laboratório contabiliza já cerca de 15.000 criopreservações, a Crioestaminal mantém-
se líder destacada no seu sector de actividade. Na base da certificação estiveram argumentos como as avançadas tecnologias para o processamento do sangue e armazenamento das células estaminais, sistemas topo de gama para tratamento e monitorização do ar atmosférico das salas – as chamadas “Clean Rooms” – bem como o controlo de acessos e gravação de imagens 24
horas por dia, todos os dias do ano. O laboratório, situado no Biocant Park, está aberto sete dias por semana, com transporte de amostras também aos domingos e feriados a partir das maternidades, dispondo ainda de um back up energético (que entra em funcionamento no caso de ocorrer uma falha de energia), de tecnologias de enchimento automático dos re-
cipientes de azoto com monitorização contínua e sistemas de detecção de incêndios em fase precoce. Raul Santos, Director-Geral da Crioestaminal, refere que “com esta certificação obtemos o reconhecimento da qualidade dos nossos serviços e mostramos aos pais que as células dos seus filhos estão guardadas de forma fiável e segura, tornando todo o processo cada vez mais transpa-
Laboratório de referência em Portugal Portugal tem hoje uma nova referência em ciência e tecnologia da saúde com o novo laboratório para criopreservação de células estaminais da Crioestaminal no Biocant Park, parque de biotecnologia de Portugal. Envolvendo um investimento de 1 milhão de euros em infra-estruturas e tecnologia de ponta, este laboratório irá permitir a criopreservação de células estaminais em território nacional, bem como o desenvolvimento de investigação médico-científica nesta área. Para André Gomes, director do laboratório, “este é um laboratório de topo a nível mundial. Está em condições de acolher células estaminais vindas dos mais diversos países. Actualmente, a Crioestaminal criopreserva unidades de sangue do cordão provenientes de Espanha e Itália e em breve de outros países. Este laboratório constitui uma oportunidade de posicionar o país, através do Biocant, como um pólo de referência na área da biotecnologia”.
rente. É importante elucidar os pais dos procedimentos, bem como das vantagens e limitações inerentes à criopreservação de células estaminais, sendo que, este processo de certificação se revela como mais um passo importante para a diferenciação dos serviços da Crioestaminal”. A Crioestaminal legitima assim a qualidade e segurança dos processos que têm como
objectivo a utilização das células recolhidas no tratamento de algumas doenças ao longo da vida do próprio recém-nascido e dos seus familiares. Considerada muitas vezes como um importante “seguro de vida”, esta prática tem vindo a ganhar um crescente reconhecimento em todo o mundo, principalmente devido aos avanços científicos que se têm verificado.
Capacidade Diferenciação
Capacidade de proliferação
Capacidade de autorenovação
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CRIOESTAMINAL A identificação de SANGUE DO CORDÃO UMBILICAL É UMA FONTE PROMISSORA PARA O TRATAMENTO DE VÁRIAS OUTRAS PATOLOGIAS HUMANAS populações de células pluripotentes no sangue do cordão umbilical com capacidade de diferenciação em Outubro 2006 - Doença rara cursoras musculares de origem huAlguns estudos pré-clínicos regeneração cardíaca após enfarte submetida a um tratamento convencélulas de em modelos animais sugerem que a de miocárdio. Este trabalho vem cional de quimioterapia, sem suces- tratada com células estaminais do mana, o que evidencia o papel das gama de aplicações da terapia ce- reforçar o potencial do sangue do so, antes de efectuar o transplante sangue do cordão umbilical. células do sangue do cordão umbilinhagens nãolular com as células estaminais do cordão umbilical como fonte de cé- autólogo. Agora, mais de dois anos Num artigo da revista Europe- lical na recuperação funcional do hematopoiéticas sangue do cordão umbilical po- lulas para terapia celular em após o transplante a criança man- an Journal of Pediatrics uma equipa músculo nos modelos animais estutem suscitado derá estender-se a outras doenças, cardiologia. tém-se saudável e sem recaídas. de investigadores israelita relatou o dados. Referência: Nishiyama et al, Este caso, publicado na edição de transplante de células estaminais do Referência:Brzoska E, Grabastante interesse como as doenças neurodegenerativas, doenças cardiovasculares (2007) The Significant Cardiomyo- Janeiro da Revista Oficial da Aca- sangue do cordão umbilical numa bowska I, Hoser G, Streminska W, na comunidade entre outras. Embora na actuali- genic Potential of Human Umbili- demia Americana de Pediatras, criança com a doença de Wolman. Wasilewska D, Machaj EK, Pojda científica. dade a utilização clínica do san- cal Cord Blood-Derived Mesen- vem reforçar o interesse nesta fon- A doença de Wolman é uma doen- Z, Moraczewski J, Kawiak J (2006)
Avanços recentes na investigação científica
gue do cordão umbilical se restrinja fundamentalmente a doenças do foro hemato-oncológico, o sangue do cordão umbilical representa uma fonte promissora de células para o tratamento de várias outras patologias humanas. Nota: Os avanços científicos apresentados dizem respeito a sistemas experimentais (Clínicos ou modelos animais). Assim sendo, embora estes avanços reflictam a enorme potencialidade das células estaminais do sangue do cordão umbilical e alguns deles tenham já aplicabilidade clínica, outros poderão demorar anos até serem implementados na Medicina, ou mesmo não encontrar paralelo quando transpostos de modelos laboratoriais ou animais para pacientes humanos. Maio 2007 - Células musculares cardíacas obtidas a partir de sangue do cordão umbilical Para além de células estaminais hematopoiéticas - com a capacidade de diferenciação em células do sistema sanguíneo - o sangue do cordão umbilical contém células estaminais mesenquimais, que podem dar origem a células musculares, células ósseas, entre outras. Um grupo de investigadores japoneses publicou na última edição da revista Stem Cells os resultados de um estudo no qual provam ser possível obter células musculares cardíacas funcionais a partir de células mesenquimais do sangue do cordão umbilical. Os autores sugerem que a população de células mesenquimais existentes no sangue do cordão umbilical possui potencial cardiomiogénico. Diversos estudos em modelos animais têm demonstrado o efeito terapêutico das células do sangue do cordão umbilical em situações de isquémia cardíaca e na
chymal Stem Cells in Vitro. Stem Cells May 10; [Epub ahead of print] Março 2007 - Células estaminais do sangue do cordão umbilical usadas na regeneração da espinal-medula. Um grupo de investigadores norte-americanos estudou a acção das células estaminais do sangue do cordão umbilical em ratinhos com lesões na espinal-medula. Os cientistas transplantaram células do sangue do cordão umbilical humanas em ratinhos, verificando que estas células dão origem a diferentes tipos de células nervosas e contribuem para melhorar a função motora dos animais. A espinal-medula é a principal via de comunicação entre o cérebro e o resto do corpo. Uma lesão na espinal-medula pode ter consequências graves no paciente, incluindo provocar paralisia. Diversos grupos em todo o mundo encontram-se a estudar o papel das células estaminais no tratamento de lesões da espinal-medula, uma abordagem terapêutica que parece ser promissora. Referência: Dasari VR, Spomar DG, Gondi CS, Sloffer CA, Saving KL, Gujrati M, Rao JS, Dinh DH (2007) Axonal remyelination by cord blood stem cells after spinal cord injury. J. Neurotrauma 24(2): 391-410 Janeiro 2007 - T ransplante Transplante autólogo de sangue do cordão umbilical para tratamento de uma criança com leucemia. Uma criança com leucemia foi tratada com células estaminais obtidas a partir do seu próprio sangue do cordão umbilical, criopreservado à nascença. A criança, diagnosticada com leucemia linfoblástica aguda aos três anos de idade, tinha sido
te de células estaminais e a importância crescente de armazenar o sangue do cordão umbilical dos recém-nascido. Referência:Hayani A, Lampeter E, Viswanatha D, Morgan D, Salvi SN (2007) First report of autologous cord blood transplantation in the treatment of a child with leukemia. Pediatrics. Jan;119(1):296300 Dezembro 2006 - V asos sanVasos guíneos produzidos com células derivadas de cordão umbilical. Um grupo de investigadores suíço conseguiu produzir in vitro substitutos de vasos sanguíneos recorrendo a células derivadas de sangue do cordão umbilical. Foram utilizadas estruturas tubulares biodegradáveis, as quais foram cobertas por células isoladas da geleia de Wharton, um tecido obtido do próprio cordão umbilical. Posteriormente estas estruturas foram revestidas com células endoteliais (as células constituintes dos vasos sanguíneos) que haviam sido diferenciadas a partir de células progenitoras do sangue do cordão umbilical. A arquitectura 3D dos vasos sanguíneos sintéticos parece ser muito semelhante à estrutura de vasos sanguíneos nativos, possuindo todas as camadas celulares encontradas nos vasos normais. As propriedades funcionais destes novos vasos deverão ser agora testadas in vivo, recorrendo a modelos animais. Referência: Schmidt D, Asmis LM, Odermatt B, Kelm J, Breymann C, Gossi M, Genoni M, Zund G, Hoerstrup SP (2006) Engineered living blood vessels: functional endothelia generated from human umbilical cord-derived progenitors. Ann Thorac Surg. Oct;82(4): 1465-71;
ça metabólica rara caracterizada pela deficiência de uma lipase lisossomal, uma enzima responsável pela degradação de certos tipos de lípidos no organismo. A ausência desta enzima resulta na acumulação de ésteres de colesterol e triglicéridos nos tecidos, com um efeito altamente nocivo. A doença manifesta-se precocemente levando à morte nos primeiros meses de vida. O transplante alogénico com células estaminais do sangue do cordão umbilical aos 3 meses de idade permitiu repor os níveis normais da enzima, antes da ocorrência de sequelas permanentes. Actualmente, com 4 anos de idade a criança mantém-se saudável e com um desenvolvimento normal. Referência: Stein J, Zion Garty B, Dror Y, Fenig E, Zeigler M, Yaniv (2006) Successful treatment of Wolman disease by unrelated umbilical cord blood transplantation. Eur J Pediatr. Oct 11; [Epub ahead of print] Setembro de 2006 - R egeneRegeneração do músculo esquelético de ratinhos com células do sangue do cordão umbilical humano. Um grupo de cientistas polacos da Universidade de Varsóvia estudou o potencial regenerativo das células estaminais do sangue do cordão umbilical em ratinhos com problemas musculares. As células estaminais isoladas a partir de sangue do cordão umbilical humano foram injectadas directamente no músculo lesado dos ratinhos, participando activamente na regeneração do músculo. As células musculares formadas “de novo” parecem resultar da fusão entre as células humanas injectadas e células preexistentes nos ratinhos. No músculo regenerado foi também detectada a presença de células pre-
Participation of stem cells from human cord blood in skeletal muscle regeneration of SCID mice. Exp Hematol. Sep;34(9):1262-70. Julho 2006 - Estudo sobre a probabilidade de transplante hematopoiético autólogo apresentado em encontro de especialistas. No último Encontro Anual da Sociedade Americana de Hematologia foi apresentado um estudo sobre a probabilidade de um indivíduo vir a necessitar das suas próprias células estaminais para um tratamento futuro. As estimativas foram baseadas em dados sobre os transplantes com células estaminais hematopoiéticas realizados nos EUA entre 2001 e 2003, segundo informação do Center for International Blood and Marrow Transplant Research. Tendo em conta as indicações terapêuticas actuais, a probabilidade de um indivíduo até aos 70 anos recorrer a um transplante hematopoiético com as suas próprias células é de cerca de 1 em 400, enquanto a probabilidade de ser candidato a um transplante hematopoiético, seja ele autólogo ou alogénico (em que dador e receptor são pessoas diferentes) é de 1 em 200. Referência: Marcelo C. Pasquini, Brent R. Logan, Frances Verter, Mary M. Horowitz, and J.J. Nietfeld (2005) The Likelihood of Hematopoietic Stem Cell Transplantation (HCT) in the United States: Implications for Umbilical Cord Blood Storage. Blood (ASH Annual Meeting Abstracts) 106: 1330. Link: http://www.bioe.com news.asp#lungcell Poderá encontrar mais informações acerca de outros avanços recentes, consultando o website www.crioestaminal.pt.
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CRIOESTAMINAL Em entrevista ao jornal «O Primeiro de Janeiro», Ana Teresa Almeida Santos, directora do Serviço de Genética Médica e Reprodução Humana dos hospitais da Universidade de Coimbra e da Clínica Universitária de Genética da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra esclareceu algumas questões inerentes a esta temática que, nos dias de hoje, continua a levantar sérias dúvidas.
CLÍNICA UNIVERSITÁRIA DE GENÉTICA
Diagnóstico e métodos avançados de diagnóstico ção é desenvolvido nesta área? Que outros projectos é que a Clínica Universitária de Genética tem em parceria com o Genelab?
Teresa A. Santos, Prof.ª Dr.ª e directora do serviço de genética médica dos H.U.C. Qual a importância das novas tecnologias de diagnóstico não invasivo no seguimento da grávida e no diagnóstico prénatal?
O seguimento das grávidas baseia-se, além da clínica, em métodos analíticos e na ecografia que permite detectar, já na primeira metade da gravidez, a existência de anomalias fetais ou confirmar a sua inexistência. Efectivamente, a ecografia é ainda hoje o método mais poderoso ao dispor dos médicos obstetras para vigiar o bem-estar do feto e o seu normal desenvolvimento, servindo ainda como auxiliar na realização de técnicas invasivas de diagnóstico pré-natal, como é o caso das que se destinam à colheita de produtos fetais para diagnóstico de anomalias cromossómicas, por exemplo. No entanto, desde há vários anos têm vindo a desenvolver-se novas tecnologias com o objectivo de proporcionar aos casais um estudo mais precoce e menos invasivo da constituição cromossómica do feto, permitindo detectar também situações de
doenças hereditárias verificadas na família. Estas metodologias permitirão num futuro próximo substituir a realização da amniocentese (colheita de células de origem fetal existentes no líquido amniótico) que apesar de ser um método relativamente seguro, tem um risco de perda fetal não negligenciável (0,5 – 1 por cento). Recentemente tem sido, também, difundida a técnica de rastreio bioquímico das aneuploidias (anomalias do número dos cromossomas, designadamente trissomia 21) que consiste no doseamento de hormonas produzidas pelo feto e pela placenta no sangue materno. Este método, associado a uma ecografia detalhada, realizada entre as 11 e 13 semanas finais, permite uma taxa de detecção de anomalias cromossómicas do feto superior a 95 por cento. Trata-se, porém, de uma técnica de rastreio que visa detectar as gravidezes com elevado risco de terem um feto afectado, nas quais estará indicada a realização de uma amniocentese para estudo dos cromossomas. Esta possibilidade reveste-se de grande importância, particular-
A parceria que temos desenvolvido com o Genelab iniciou-se com o aperfeiçoamento do teste de diagnóstico não invasivo do sexo fetal que agora é conhecido como menino ou menina, mas vai estender-se a outras áreas no âmbito do estudo molecular de situações patológicas frequentes
mente nas mulheres grávidas com menos de 35 anos, dado que, apesar de individualmente terem um risco baixo de anomalias cromossómicas do feto, é neste grupo etário que ocorre a maioria dos partos e consequentemente se registam 80 por cento dos casos de recém-nascidos com trissomia 21. Porém, apesar dos grandes progressos já verificados, nomeadamente com a possibilidade de efectuar o rastreio bioquímico (apenas com uma colheita de sangue da grávida) e do enorme desenvolvimento da ecografia com a possibilidade de obter imagens muito precoces da anatomia fetal e mesmo da sua vascularização, os investigadores desejam ir mais longe no conhecimento do feto em desenvolvimento, através do recurso a técnicas cada vez menos invasivas, isto é, evitando a necessidade de puncionar o saco amniótico e invadir o meio ambiente em que se desenvolve o feto. Em que se baseiam estas novas metodologias? Quais a possíveis aplicações? Que tipo de investiga-
As perspectivas de aplicação prática de técnicas não invasivas ao diagnóstico pré-natal têm sido motivo de intensa investigação pelo interesse de que se revestem ao permitirem a realização de um diagnóstico no feto sem recorrer a técnicas agressivas que invadem o meio ambiente em que este feto se desenvolve e, consequentemente, sem incorrerem no risco de lesão ou perda fetal inerentes às técnicas invasivas (amniocentese, biópsia das vilosidades coriónicas e cordocentese). Porém, trata-se de metodologias que apenas permitem obter amostras muito escassas de células de origem fetal, nomeadamente algumas células sanguíneas do feto que circulam no sangue da mulher grávida ou ADN do próprio feto, também existente em concentrações ínfimas na circulação materna e sendo difícil de distinguir do ADN da própria mãe. Assim, a implementação clínica destas técnicas ainda é relativamente restrita, por ser difícil optimizar os procedimentos de separação do material genético fetal do materno. No entanto, há já duas aplicações clínicas em curso, nomeadamente a detecção de sequências do cromossoma Y (apenas existente nos fetos do sexo masculino) que permite identificar os fetos deste sexo mesmo antes da ecografia o revelar. Este teste consiste na detecção, no sangue materno, de sequências específicas do cromossoma Y, que é o cromossoma responsável pela determinação do sexo masculino. Naturalmente, este material, específico do sexo masculino, não existe no sangue da mãe, por isso se for identificado será obrigatoriamente de origem fetal. Este teste é útil em todas
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CRIOESTAMINAL mento do teste de diagnóstico não invasivo do sexo fetal que agora é conhecido como menino ou menina, mas vai estender-se a outras áreas no âmbito do estudo molecular de situações patológicas frequentes.
Genelab lança teste único de detecção do sexo do bebé
Poderemos esperar,
as situações de doenças hereditárias ligadas ao sexo e que apenas se manifestam nos rapazes, como é o caso de algumas distrofias musculares, de algumas situações de atraso mental grave e das hemofilias. Também, na circunstância particular da existência de uma doença hereditária na família, como a hiperplasia congénita da suprarrenal, há necessidade de administrar durante a gravidez tratamentos para evitar o desenvolvimento de anomalias se o feto for do sexo feminino mas não se este for um rapaz. Assim, a realização de um teste deste género permite iniciar mais precocemente um tratamento ou evita a sua administração até que a ecografia tenha demonstrado o sexo fetal, o que normalmente só ocorre depois das 14 semanas de gestação. Porém, esta metodologia de identificação de genes fetais que são diferentes dos da mãe poderá vir a ser útil também noutras situações, designadamente na identificação do grupo sanguíneo fetal, particularmente do factor Rh, já que as gestações de mulheres Rh negativas cujos maridos são Rh positivos se revestem de risco acrescido. O facto de se poder detectar, de forma não invasiva, através da análise do sangue materno, o grupo Rh do feto permitirá identificar quais as gestações que efectivamente envolvem um risco aumentado (aquelas em que o feto for Rh positivo como o pai). Nestas circunstâncias poder-se-á desencadear uma reacção imunitária contra os glóbulos vermelhos do feto levando à sua destruição com consequente anemia e acumulação de substâncias tóxicas para o sistema nervoso central. Com a detecção do grupo Rh fetal podem evitarse medidas destinadas a impedir estas situações se os fetos forem Rh negativo ou implementar desde cedo terapêuticas para neutralizar os anticorpos maternos e evitar os efeitos deletérios sobre o feto ou o recém-nascido. A parceria que temos desenvolvido com o Genelab iniciou-se com o aperfeiçoa-
no futuro, testes não invasivos para detectar, por exemplo, trissomia 21 ou outras anomalias do feto?
Sim, estamos a desenvolver metodologias destinadas a detectar, no sangue materno, a presença de anomalias numéricas dos cromossomas, particularmente da trissomia 21 que é a situação mais frequente. Naturalmente que também a ecografia permite o diagnóstico não invasivo de malformações fetais, cada vez mais precocemente e com maior acuidade, dado o desenvolvimento técnico dos próprios aparelhos que hoje permitem mesmo ver o feto em quatro dimensões, possibilitando um estudo muito detalhado das estruturas fetais.
BASTA UMA PEQUENA AMOSTRA DE SANGUE PARA SABER O SEXO DO BEBÉ A PARTIR DAS OITO SEMANAS DE GRAVIDEZ O conhecimento precoce do sexo do bebé permite intervenções in-útero com maiores taxas de sucesso Em parceria com a Clínica Universitária de Genética da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra, o Genelab desenvolveu um teste inovador para a determinação do sexo do bebé a partir da 8ª semana de gravidez – o meninooumenina. A análise é efectuada a partir de uma pequena amostra de sangue materno, sendo a base desta tecnologia o facto de no sangue materno circularem células fetais e também ADN fetal, a partir do qual é possível determinar o sexo do bebé. Após a colheita de sangue num laboratório de análises clínicas, a amostra é enviada para o Genelab onde é processada e analisada. Esta nova tecnologia, disponível desde Julho de 2006, não se limita a dar resposta à curiosidade dos pais para saberem o sexo do bebé, mas também serve como um diagnóstico médico auxiliar. Em algumas situações em que existe um historial familiar de doenças, como por exemplo a hiperplasia congénita da suprarenal, é importante saber o quanto antes o sexo do bebé, pois quanto mais precocemente se iniciar o tratamento in-útero maior será a probabilidade de sucesso destes tratamentos. Como tal, este diagnóstico apresenta-se também como uma ferramenta de apoio médico. Espera-se que no futuro, exames deste tipo substituam os procedimentos invasivos de diagnóstico, como por exemplo a amniocentese, para detectar anomalias fetais frequentes como a trissomia 21, trissomia 13 e trissomia 18, configurando outras aplicações clínicas de elevado interesse na área do diagnóstico pré-natal.
Qual a importância clínica de conhecer o sexo do bebé precocemente por métodos não invasivos?
Tal como já referi, o conhecimento precoce do sexo fetal permite aos pais ficarem tranquilos quanto ao facto de os bebés do sexo feminino não virem a ser afectados por doenças ligadas ao sexo existentes na família ou, na vertente oposta, iniciarem o mais cedo possível um processo de diagnóstico da alteração (mutação) específica do ADN que apenas existirá em metade dos fetos do sexo masculino. Assim, elimina-se a angústia em 75 por cento dos casos e permite-se uma intervenção ou preparação precoce para a aceitação da doença nos restantes 25 por cento dos casos. Entrevista à Professora Doutora Ana Teresa Almeida Santos
Directora do Serviço de Genética Médica e Reprodução Humana dos Hospitais da Universidade de Coimbra e da Clínica Universitária de Genética da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra
TESTE MENINOOUMENINA – COMO FUNCIONA? O meninooumenina é um teste não invasivo e, por isso, sem riscos para a saúde da mãe ou do feto, que permite saber o sexo do futuro bebé através da análise do sangue da grávida, a partir das oito semanas de gestação. Durante a gravidez há passagem de um pequeno número de células fetais na circulação sanguínea materna, pelo que a partir de uma pequena amostra do sangue materno é possível determinar qual o sexo da criança mais cedo.
SOBRE O GENELAB A Genelab – Diagnóstico Molecular, é uma empresa instalada no Biocant Park em Cantanhede, que se dedica à realização de testes moleculares de diagnóstico, monitorização terapêutica e prevenção no domínio da saúde humana, a com recurso tecnologias de ponta. Sediado no Biocant, em Cantanhede, o Genelab conta com o apoio da Clínica Universitária de Genética da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra e trabalha em parceria com uma rede de laboratórios de todo o país. Genelab – Diagnóstico Molecular - Biocant Park, Núcleo 04, Lote 2, 3060-197 Cantanhede, Portugal Tel +351 231 410 920 Fax +351 231 410 921 Email info@genelab.pt Url www.meninooumenina.pt