Ponto Norte

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Ano Um | Ponto Sete | Um euro | 2 de Maio de 2013

A cozinheira Diva que “é” arquitecta e engenheira a fazer iguarias em Amarante /p19

‘‘

houve

O último fabricante de concertinas /p10 Mesquita Machado acredita que GNRation é ferramenta para o mercado de trabalho /p23

www.pontonorte.pt

Director Alfredo Barbosa

um excesso de prudência do lado da despesa [nas contas

da Câmara do Porto]

RUI RIO, presidente da Cânara do Porto

explo- escra- misesão vatura rável GABRIEL O PENSADOR É CABEÇA DE CARTAZ DA QUEIMA DAS FITAS DO PORTO /p24

DE DESEMPREGADOS NA ÁREA METROPOLITANA DO PORTO

Vila Nova de Gaia destrona o Porto /p6

NOS ESTÁGIOS NÃO REMUNERADOS

Grande reportagem do Ponto Norte /p8

Autoridade da Concorrência /p13

é impotente, incompetente e ineficiente - revela estudo da Universidade Portucalense

José Guilherme Aguiar é candidato a Gaia com apoios fortes e baralha contas /p23

CONTRA

OS PARTIDOS E A LISBOA POLÍTICA

INVESTIMENTO PARA A INVESTIGAÇÃO

Acusa Jorge Gonçalves, vice-reitor da UP /p4

Os candidatos independentes de Gondomar e Amarante, Fernando Paulo e Pedro Barros, fustigam a realidade partidária e o centralismo - e defendem a regionalização /p2


Hotel Infante de Sagres Indepen-

dentes com sala cheia

A Tertúlia Ponto Norte, à semelhança das anteriores, realizou-se num das salas de conferência do Hotel Infante de Sagres, no Porto. O debate que juntou os independentes Pedro Barros, candidato a Amarante, e Fernando Paulo, pretendente a Gondomar, atraiu uma plateia que praticamente encheu o espaço. Foram muitos os que quiseram ouvir os pontos de vistas destes dois responsáveis que, pelo facto de serem independentes e se movimentarem fora do circuito dos partidos, suscitaram a atenção geral. E as respectivas intervenções, de tão ricas, mais apelativas se tornaram para a assistência.

A ambição dos independentes em

Gondomar e Amarante

Fernando Paulo é vice-presidente da Câmara de Gondomar, tem experiência autárquica de 20 anos e apresenta-se como candidato a Gondomar à frente de um movimento independente que no passado teve Valentim Loureiro, que não pode candidatarse por exceder o número de mandatos, como figura principal.

Pedro Barros, de Amarante, e Fernando Paulo, de Gondomar, mostraram-se contrários à lei de limitação de mandatos, que consideram um revés para uma escolha democrática transparente. “A população tem que escolher livremente”, resumiu o segundo

Pedro Barros, pelo contrário, estreia-se nas lides políticas e tem como objectivo eleger-se presidente da autarquia de Amarante à frente de um movimento, também ele, de cidadãos fora dos partidos. Para o desencantado Pedro Barros, “a política passou a ser encarada como uma profissão”. Uma candidatura feita por pessoas Equipa pe-

quena e convicta

Amarante e Gondomar unidos contra os partidos e contra Lisboa A favor da regionalização urgente, críticos em relação ao centralismo de Lisboa. Assim se mostraram os candidatos independentes às câmaras de Amarante e Gondomar. Independentes porque, confessaram, deixaram de confiar nos partidos

P

edro Barros estreia-se nas lides políticas e tem como objectivo elegerse presidente da Câmara Municipal de Amarante, à frente de um movimento independente. Fernando Paulo é vice-presidente da Câmara de Gondomar, tem experiência autárquica de 20 anos e apresenta-se como candidato à autar-

tou Pedro Barros. Que foi secundado por Fernando Paulo: “Os partidos têm que se renovar. Deixaram de conseguir fazer com que as pessoas neles se sintam requia de Gondomar, também na posição presentados, que deve ser a sua função”. de líder de um movimento de fora dos Ambos se mostraram contrários à lei de partidos, que no passado teve Valen- limitação de mandatos, que consideram tim Loureiro, que não pôde agora avan- um revés para uma escolha democrática çar por impedimento da lei, como transparente. “A população tem “A figura principal. Apesar da dique escolher livremente”, resupolítica ferente experiência política, miu Fernando Paulo. passou a ser ambos surgiram na TertúA regionalização também encarada como lia Ponto Norte, realizada uniu os candidatos. “Há uma profissão. Os partidos julgamterça-feira, no Hotel Infanmuito que devia estar imse donos da te de Sagres, no Porto, com plementada”, disseram. Críconsciência dos ideias que os aproximam. O ticos da “ineficácia da Juneleitores” facto de serem independenta Metropolitana e das comutes ajuda, claro. E, por isso mesmo, nidades intermunicipais”, deixase uniram nas críticas fortes dirigidas ao ram claro que é nestes tempos de crise sistema. que “mais se vê como a capital concentra “A política passou a ser encarada como em maior número o que deveria ser geriuma profissão. Os partidos julgam-se do- do pelos meios locais”. nos da consciência dos eleitores”, apon- /Pedro Emanuel Santos

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Fernando Paulo apresentou durante a tertúlia parte da sua equipa. O número dois é Joaquim Castro Neves, actual vereador da Câmara Municipal de Gondomar. O número três será Cristina Castro, que goza de grande proximidade entre o eleitorado. Adolfo Sousa e Jorge Ascensão ocupam, respectivamente, o número quatro e o número cinco da candidatura independente de Fernando Paulo. “Estas são as nossas estrelas, as nossas medalhas e é com elas que queremos ganhar as eleições”, afirmou em relação a todas as pessoas que apoiam a sua candidatura à presidência da Câmara Municipal de Gondomar.

“É um projecto de comunidade” A preocupa-

ção é com Gondomar “Estamos na rua, em

contacto com as pessoas”, afirmou Fernando Paulo. Para caracterizar a sua candidatura como independente à Câmara Municipal de Gondomar, o ainda vereador diz que “é um verdadeiro projecto de comunidade”. Em relação aos projectos para o concelho, disse que o objectivo é “manter o que está bem, mas melhorar o que for possível”. Apostar mais no desenvolvimento sócio-económico e na principal marca diferenciadora da região: Gondomar, Capital da Ourivesaria. Para além disso, pretendem renovar a malha urbana do concelho.

Nome da Tertúlias secção PontoNorte Infante Sagres /2

Diana Ramos Ferreira Emanuel Rocha

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“Os partidos julgam-se donos da consciência dos eleitores”, apontou Pedro Barros

“Há muito que [a regionalização] devia estar implementada”, disseram os convidados Pedro Barros e Fernando Paulo criticaram a “ineficácia da Junta Metropolitana e das comunidades intermunicipais”


Fernando Paulo –

Gondomar

Fernando Paulo foi o escolhido pelo movimento independente Valentim Loureiro – Gondomar no Coração, para liderar a candidatura à Câmara de Gondomar em 2013. Tem sido o braço direito de Valentim, que, por razões legais, já não pode voltar a candidatar-se. Assume funções na autarquia como vereador há cinco mandatos o que perfaz “20 anos de casa e 24 como autarca”. Os apoiantes do homem forte de Gondomar mostraram-lhe o seu apoio e confiaramlhe a continuidade do projecto começado pelo Major. Desde cedo que esclareceu que o movimento “não tomará a iniciativa de contactar os partidos políticos”, mas admitiu “abertura para qualquer coligação proposta”. O seu objectivo, se ganhar, é “envolver a população no projecto de desenvolvimento do concelho”, garante. /Susana Ferrador

MAR MAI,, 02 28

Fernando Paulo assegurou na Tertúlia Ponto Norte ter uma “grande estima pelo major”, mas, ainda assim, “somos pessoas diferentes, com ideias diferentes”

2013

/3 PONTONORTE Diana Ramos Ferreira Emanuel Rocha

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“Temos que ser comedidos naquilo que prometemos”

Candidatura apresentada sábado Pedro Barros já tem o seu projecto a rolar há algum tempo. Porém, falta oficializá-lo perante os cidadãos amarantinos, aqueles que se propõe governar nos próximos quatro anos. A apresentação da candidatura independente deste empresário de 51 anos realiza-se este sábado, dia 4, às 15h30, na Casa da Portela (o antigo GAT), na Rua Miguel Pinto Martins. Uma oportunidade para Pedro Barros revelar o que o move para a presidência da Câmara de Amarante.

Pedro Barros –

“Tenho a melhor equipa do mundo”, afirma com convicção Pedro Barros, que está a formar listas constituídas unicamente por cidadãos de fora do espectro partidário

OPINIÃO

Pedro Barros O

candidato low cost Uma

candidatura independente obriga a esforços extra a que as listas dos partidos não estão sujeitas. Desde logo é necessária a recolha de assinaturas, que já está feita. E também há apertados rigores financeiros. Para embarcar nesta aventura que pretende “ser um projecto de esperança num concelho que perdeu importância regional e que tem muito para dar e desenvolver”, Pedro Barros elaborou um orçamento do qual não pretende desviar-se um só cêntimo. “Irei gastar apenas 30 mil euros. E exijo transparência total. É um dos meus princípios”, garante. /P.E.S.

Fora das amarras partidárias Cem por cento

independente Pedro

Barros orgulha-se de estar a formar listas constituídas unicamente por cidadãos de fora do espectro partidário. E de todas as proveniências políticas, “desde simpatizantes do PSD a comunistas”. Elementos que, garante, “não se revêem” nos partidos tal e qual eles estão actualmente e, claro, em nenhuma das candidaturas adversárias. Pedro Barros encontra-se ainda a ultimar as listas que vai apresentar à Câmara e à Assembleia Municipal. Irá, também, propor candidatos em todas as freguesias do concelho de Amarante. “Tenho a melhor equipa do mundo”, afirma com convicção. /P.E.S.

Amarante

Tem 51 anos, é ex-militante do PSD e gestor de empresas. Licenciado em Direito. Apresentou a sua candidatura independente à Câmara Municipal de Amarante e disse desde o primeiro momento reunir apoios de personalidades da sociedade civil, do CDS ao Bloco de Esquerda. “São pessoas que, como eu, acham que é necessário encontrar uma alternativa para Amarante, com novos projectos, políticas e protagonistas”, afirmou. Sob o slogan “Renovar por Amarante”, Pedro Barros disse ainda ser possível “trazer para a política gente nova” e “pessoas que não estão enfeudadas aos partidos”. O candidato tem já operacionais três grupos que trabalham, junto da sociedade civil, no diagnóstico do concelho e nas soluções que integrarão o programa da candidatura, que será apresentado no dia 30 de Junho. /S.F.

Alfredo Barbosa

Director Editor

alfredobarbosa

@pontonorte.pt

O poder político ignora o povo A “anexação

“Não posso apresentar-me agarrado ao major Valentim Loureiro” Fernando Paulo tentou mostrar que não é “o filho adoptivo” de Valentim Loureiro. Durante a tertúlia, estiveram em cima da mesa os 120 milhões de dívida da Câmara

O

candidato independente às próximas eleições em Gondomar, Fernando Paulo, afirmou durante a Tertúlia Ponto Norte/Hotel Infante Sagres que não tenta “fazer nenhuma demarcação de Valentim Loureiro”. Assegurou ter uma “grande estima pelo major”, mas, ainda assim, “somos pessoas diferentes, com ideias diferentes”, afirmou. Por esse mesmo motivo, o candidato à Câmara de Gondomar explicou que não se pode apresentar “agarrado a Valentim Loureiro”, até porque tem uma “equipa renovada e com

novos projectos para Gondomar”. Ainda assim, garante que “não chega prometer, é preciso explicar como vamos desenvolver os nosso projectos. Temos que ser comedidos naquilo que prometemos”. No que respeita às tão polémicas contas da Câmara Municipal, Fernando Paulo revelou que estão “estabilizadas”. O candidato independente afirmou que o pagamento “a todos os fornecedores é feito a 55 dias”. Apesar dos 120 milhões de euros de dívida, garantiu que esta está “completamente controlada”. No total, 55 milhões são relativos a uma dívida à EDP que foi renegociada e vai ser paga em 60 anos. As habitações sociais tiverem um custo de 50 milhões e os últimos 15 milhões são relativos a pequenas obras desenvolvidas pela autarquia. /Diana Ramos Ferreira

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de freguesias em Amarante”, como lhe chama Pedro Barros, “não foi um processo simpático”. O descontentamento existe em muitos outros sítios de Portugal onde se desenvolve uma maioria silenciosa. Teme-se que ocorram problemas sérios no acto eleitoral, para além de todas as contestações jurídicas. O poder político – como tem acontecido em diversas situações – ignorou o povo. E continua indiferente. A arrogância e a displicência conduzem o país para situações que podem ser de extrema gravidade. Sócrates ensinou a Platão que aquilo que não pode ser controlado não deve ser ordenado. Disraeli defendeu que todo o poder se baseia na confiança. Um executivo holandês explicou que os jogos de poder matam uma organização. Se se pretende paralisar Portugal, o caminho que está a ser seguido é certeiro.


Pode ser replicado exemplo da Holanda

É possível ter alta rendibilidade ao longo do ano no Campus Agrário de Vairão na produção animal, vegetal, hortícola e frutícola. Como? “Criando um centro de competências em ambiente controlado”

Este objectivo poderá ser atingido, segundo Jorge Gonçalves, através do controlo, nomeadamente de dióxido de carbono, luminosidade e humidade, com tecnologia de construção de estufas, utilizando as plantas mais adequadas e apoio no crescimento das culturas, que se concretizará em maior rendimento. Está “a mudar a forma como a agricultura é vista “ e “o problema da terra arável deixará de pôr-se”. É necessário um local “para testar tecnologia, para formar pessoas, e também para aqueles que já estejam na agricultura”. É preciso “testar técnicas, materiais, serviços de apoio

para análise, num ambiente do tipo Loja do Cidadão para os empreendedores”. É fundamental “reunir conhecimento e defendê-lo e esta região tem condições para se fazer isto sem agressões ambientais”. A convicção do vice-reitor da UP é estimulada pelo exemplo da Holanda que “em 0,5% de terreno fértil produz 22% do sector agro-alimentar do país”. Jorge Gonçalves não tem dúvidas de que “a agricultura é o futuro com vectores diferentes e os resultados podem ser alcançados muito rapidamente”. Existe “um bom acolhimento da CCDRN, mas não chega. É preciso que venha apoio do quadro comunitário não executado”, o que leva Jorge Gonçalves a declarar: “Estamos a fazer o trabalho necessário com assessores internacionais que têm vindo cá de forma muito generosa”.

A Holanda “em 0,5% de terreno fértil produz 22% do sector agroalimentar do país

Alfredo Nome da Barbosa secção

Entrevista /4

Diana Ramos Ferreira

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Jorge Gonçalves fala de grandes mudanças que são precisas

Pedido de milhões atrasa Campus Agrário de Vairão em cinco anos Há um projecto que o vice-reitor Jorge Gonçalves gostava de deixar de pé antes de ir embora: o Campus Agrário de Vairão, em Vila do Conde. Mas a Universidade do Porto (UP) chegou a pensar abandoná-lo

E

ste campus “sofreu o impacto da reestruturação do Ministério da Agricultura e ficou descapitalizado”, explica Jorge Gonçalves, para quem a decisão de ficar “envolveu algum risco”, mas foi motivada pelo “reforço das componentes de veterinária e segurança alimentar”, “pressupondo uma parceria com o Laboratório Nacional de Investigação Veterinária (LNIVE), que está instalado num dos edifícios mais bonitos das ciências”. O LNIVE está lá “com grande investimento

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gação, desenvolvimento e inovação da universidade portuense espera que “o secretário de Estado da Administração e da Investigação Alimentar dinamize o campus”, confirmando “a importância reconhecida pela ministra do sector”. “A e uma característica da agriculAté agora, no entanto, “a DirecDirecçãotura radicalmente diferente do ção-Geral do Património tem Geral do Património Alto Douro e Trás-os-Montes”. criado problemas a partir da tem criado Falta de coordenação do Comércio”, porque problemas a Praça Têm-se verificado, porém, “di“avaliou mal os terrenos”. Inpartir da Praça ficuldades da administração compreensivelmente, na opido Comércio” central em tomar decisões” e a nião do vice-reitor da UP, eles UP “anda há cinco anos a procu“são caríssimos”. “Pediram mirar modelos de relacionamento, tendo lhões como se fôssemos um parceio mesmo patrão – o Estado”. O maior obstá- ro privado”, observa Jorge Gonçalves, culo radica em “falta de coordenação”. Ago- que alude a um “atraso de quatro a cinco ra, o responsável pelos sectores da investi- anos” na realização do projecto.

“No caso concreto do Norte, a região deve encontrar formas de reforço e não de desaparecimento [de pólos]. É preciso reforçar a rede. Pode existir complementaridade entre a UTAD, UP e a Universidade do Minho (UM)”, segundo Jorge Gonçalves A UP “anda há cinco anos a procurar modelos de relacionamento, tendo o mesmo patrão – o Estado”. O maior obstáculo radica em “falta de coordenação”


Campus Agrário de Vairão Mais

de quatro metros mil quadrados O Campus Agrário

O vice-reitor da UP sorri (apesar de tudo) ao futuro

MAI,, 02 MAR 28 2013

de Vairão situa-se em Vila do Conde. Foi inaugurado em Maio de 1994 e a UP instalou-se ali em 1996, com as licenciaturas em Medicina Veterinária e Ciências Agrárias. Desde Janeiro de 1997, encontram-se lá também os laboratórios do ICETA (Instituto de Ciências e Tecnologias Agrárias e Agro-Alimentares) da UP. O projecto é de autoria do Gabinete GALP (Arquitectos J. Carlos Loureiro e L. Pádua Ramos) e ocupa uma área bruta de 4.144 m 2. A construção deste edifício foi promovida pelo IDARN (Instituto para o Desenvolvimento Agrário da Região do Norte), resultando de uma parceria da UP com a Direcção Regional de Agricultura de Entre Douro e Minho, a Comissão de

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Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte e outras universidades e entidades ligadas à agricultura da região.

Vairão foi maiata Museu

galardoado pela UNESCO

Estão também instalados na freguesia de Vairão os serviços da Direção Geral da Agricultura de Entre Douro e Minho e o Museu Agrícola de Entre Douro e Minho, instituição galardoada pela UNESCO em 1991. Vairão fez parte do concelho da Maia e foi integrado no de Vila do Conde pela divisão administrativa de 1836.

Existe uma perseguição sucessiva à autonomia da universidade. Uma perseguição ideológica. (…) a UP dispõe de outras fontes de receitas, que provêm, designadamente, de mecenas

/5 PONTONORTE 2

Diana Ramos Ferreira

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O edifício da Reitoria, imponente e promocional, na Praça dos Leões

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Jorge Gonçalves quer concluir o projecto de Vairão

«Pode existir complementaridade entre a UTAD, a UP e a Universidade do Minho (UM). É necessário resolver as fragilidades e encontrar as melhores soluções. É preciso uma agenda aberta e contribuições exteriores. Para que não haja um exercício introspectivo e de canibalização. A CCRN, as associações de municípios e as associações empresariais podem dar contributos nesse sentido A agricultura é o futuro com vectores diferentes e os resultados podem ser alcançados muito rapidamente”

É preciso evitar canibalização entre universidades

lidades e encontrar as melhores soluções. É A Universidade do Porto (UP), atrapreciso uma agenda aberta e contribuições vés do seu vice-reitor Jorge Gonçalexteriores. Para que não haja um exercício ves, considera-se um bom exemplo introspectivo e de canibalização. A CCRN, as de gestão. Com o modelo de fundaassociações de municípios e as associações ção, dá boa resposta às avaliações empresariais podem dar contributos nesse internacionais, beneficia de receitas sentido. próprias e deseja contribuir para A UP recebe subsídios do Estado para evitar o desaparecimento de pagar salários? Sobram outros pólos na região Não, não recebe. O financiamento “a vontade

provém de outras fontes porque do desafio e a A autonomia universitária tem nos impuseram limitações de fideterminação em criar condições nanciamentos externos. vindo a ser coarctada… para os É pior do que isso – observa o As propinas dos alunos chegam? investigadores Não, vice-reitor da UP –. Existe uma não chegam. Mas a UP disda UP” perseguição sucessiva à autonopõe de outras fontes de receitas, mia da universidade. Uma perseguique provêm, designadamente, de meção ideológica. cenas. Como qualifica o investimento para a inves- A UP cumpre as suas obrigações com os seus tigação? alunos? É miserável. Somos culpados de quê? De“Não havia necessidade…” fendemos o modelo fundacional. Há avalia- A UP é uma instituição que assume as suas dores externos reconhecidos internacional- responsabilidades perante os alunos, que mente. pagam taxa. Algumas universidades poderão desaparecer? O despacho do ministro das Finanças no que O desaparecimento de pólos universitários se refere às despesas perturbou o funcionanão era bom para o país. E, no caso concreto mento da universidade? do Norte, a região deve encontrar formas de Claro que sim. Percebeu-se a motivação, mas reforço e não de desaparecimento. É preciso não havia necessidade. Na UP não encarámos reforçar a rede. Pode existir complementari- bem essa decisão, pois, como disse antes, não dade entre a UTAD, UP e a Universidade do recebemos subsídio para pagar salários. TeMinho (UM). É necessário resolver as fragi- mos as nossas próprias fontes de receita.

Investimento ridículo comparado com Wageningen Perceber o que se faz de melhor no estrangeiro para o poder replicar na UP foi o que levou o vice-reitor Jorge Gonçalves a uma visita à Universidade de Wageningen. Então, obteve um diagnóstico “muito favorável”, que apontou, no entanto, dois aspectos problemáticos inter- relacionados: “Dispomos de um investimento ridículo em Vairão, comparativamente

com esta universidade holandesa, e temos, por isso, dificuldade em chegar ao seu nível no que se refere a recursos humanos”. Sobram “a vontade do desafio e a determinação em criar condições para os investigadores da UP”. Pelo oitavo ano consecutivo, a Universidade de Wageningen foi agraciada com o título de “Melhor universidade da Holanda” pelo “Keuzegids Universidades 2013”, guia de escolha de estudo publicado pelo Centro de Informação da Educação Superior (Choi) Nesta universidade holandesa desenvolve-se o maior programa de estudo nominal de Ciências de Plantas.


Nome da Dossiê

secção /6

Emanuel Rocha

1º de Maio sempre emprego nunca mais?

No Dia do Trabalhador, o Ponto Norte confere a explosão do número de desempregados, na AMP, e verifica que mais de metade deles sobrevive sem subsídio. A UGT diz que a situação não melhorará tão cedo, a USP-CGTP acha que vai piorar Manuel Almeida

M

manuelalmeida@pontonorte.pt

enos de metade dos inscritos nos centros de emprego da Área Metropolitana do Porto (AMP) recebe subsídio de desemprego, revelam o Instituto Nacional de Estatística (INE) e o sítio Pordata. No final do ano passado, das 137.396 pessoas registadas, 62.082 usufruíam daquela subvenção. Ou seja, somente 45% dos inactivos recenseados são apoiados. Os valores do INE confirmam uma dura realidade: o crescimento imparável do número de desempregados, dos desem-

pregados sem apoio social e do desemprego de longa duração. Um fenómeno que vem de longe, antes mesmo do início da crise, que começou a sentir-se mais dolorosamente a partir de 2011, após a derrota de José Sócrates [ler, ao lado, “Desemprego: Gaia destrona o Porto”]. Falando ao Ponto Norte, João Torres, coordenador da União de Sindicatos do Porto (USP-CGTP), considera que esta situação resulta da política do Governo, “que tenta criar na opinião pública a ideia de que só está desempregado quem quer” e que “a melhor forma de combater a malandrice é reduzir o valor do

sulta “da insensibilidade social deste Governo e de uma política que empurra para a miséria milhares de portugueses”. O Executivo de Passos Coelho, prossegue, “procura pressionar para a aceitação de um qualquer emO prego e para a manutenção Governo de baixos salários”. “tenta criar Duro nas críticas, Torres na opinião pública a ideia culpa ainda as “opções de que só está políticas que privilegiam desempregado o sector financeiro, em quem quer” detrimento dos sectores subsídio de deprodutivos, a destruição do semprego e liminosso aparelho produtivo, detar o acesso à prestação social”. signadamente da nossa agriculPara João Dias da Silva, presi- tura, das pescas e da indústria, dente da UGT-Porto, “houve de nomeadamente com a integrafacto, nos últimos tempos, uma ção na UE e no euro”. deterioração clara dos apoios Pessimista, o líder da UGT deixa sociais ao desemprego”, que ainda um aviso aos Portugueclassifica como “algo muito ne- ses: “A curto prazo, não persgativo”, mas que espera “seja pectivamos que a situação meconjuntural e ultrapassado”. Es- lhore”. Mais pessimista ainda te responsável explica que a si- está o coordenador da USP : “A tuação que o País vive resulta da manutenção deste Governo só conjugação de dois factores: “O pode piorar a situação, como é sistema sofre com a conjuntu- bom de ver passados dois anos ra desfavorável e acaba por in- de exercício, em que a seguir a fluenciá-la também”. tantos sacrifícios só se ‘oferece’ Já João Torres acha que tudo re- mais… sacrifícios”.

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João Dias da Silva diz que “é necessária uma inversão da situação”. Pelos vistos, muitos portugueses concordam com ele

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O que propõem UGT e USP João Dias

da Silva - “A UGT

defende que uma sociedade em que não se investe no emprego e no desenvolvimento tem sérios problemas. É necessária uma inversão da situação. Se houver mais emprego, haverá mais descontos, logo mais verbas para o sistema de apoio social”.

João Torres - “A

USP propõe, em primeiro lugar, a renegociação da dívida pública, nos montantes, prazos e juros e medidas governamentais que taxem as transacções, mais-valias e dividendos financeiros, e se combata a fraude e evasão fiscais. Mas também entende que só a mudança de política e de Governo criará as condições para travar e inverter o rumo de desgraça nacional”.

Pobreza ou emigração? Eis a questão João Dias da Silva responde com três questões: “Mas abandonar o País em que circunstâncias? E para resolver quais problemas? E os problemas de quem? Aqui ao lado, em Espanha, por exemplo, a situação também é muito complicada”. Para João Torres, o problema tem que ser colocado ao contrário. “Os trabalhadores estão condenados é a lutar contra esta política e este Governo, sob pena de serem condenados à pobreza e à emigração”, declarou ao Ponto Norte


OPINIÃO Manuel Almeida / Chefe de Redacção

Esta cura que nos mata O cancro é democrático, afecta qualquer um, independentemente da classe social, do nome de família, da filiação partidária, das cunhas MAR MAI,, 02 28 2013

/7 PONTONORTE

O desemprego é um cancro. Porque nos consome, porque nos rouba a dignidade, porque mata. Ambos nos agridem física e espiritualmente e, vezes de mais, deixam marcas profundas, perenes. Mas são diferentes. Enquanto o tratamento do cancro tende a evoluir no bom sentido – os médicos e os cientistas parecem cada vez mais perto de encontrar uma cura -, o desemprego é uma epidemia, uma pandemia em crescendo. O de-

semprego está fora de controlo, histérico. Mais assustador, porém, é que sempre que o doutor Gaspar entra em acção, e ele tem a mania de entrar em acção, parece que a coisa piora. Como a maioria já percebeu, os tratamentos do doutor Gaspar estão a matar o paciente. Que é como quem diz: o País. Há outra grande diferença entre o cancro e o desemprego. O cancro é democrático, afecta qualquer um, independentemente da classe social, do nome

de família, da filiação partidária, das cunhas. Quanto ao desemprego, é classista, racista e sexista, entre outros defeitos mais. É pena, pensarão alguns, não podermos exportar cancerosos como estamos a exportar desempregados (mais uma diferença). Mas talvez um dia lá cheguemos, mantenhamos a esperança. A verdade é que já estamos a impingir doentes a Espanha e Cuba. Será agora uma questão de não deixar que regressem. Como é também uma pena que o desemprego não seja tratável com um comprimido, um xarope ou até por quimioterapia. Porque está visto que, enquanto dependermos dos “brainstormings” do doutor Gaspar, vamos dizer mal da nossa vida.

Metropolitana do Porto baixou o número de desempregados nos últimos 15 anos: Matosinhos. A população inactiva caiu de 12.297 para 11.853 pessoas, segundo o INE.

13,75 por cento foi quan-

to diminuiu o desemprego, em Felgueiras, nos últimos cinco anos, segundo o IEFP. 91 por cento foi quanto aumentou o desemprego, no mesmo período, no conjunto dos 12 municípios do Tâmega e Sousa.

O DESEMPREGO EM NÚMEROS

Gaia é a capital do desemprego,

na AMP. Há 15 anos, era o Porto. Mas foi em Matosinhos que o número de inactivos mais cresceu de 97 para cá. Os concelhos contíguos à Invicta juntam quase 100 mil desempregados, mas Santo Tirso (7.000) e Feira (9.800) também registam números elevados

17,5 por cento foi em quanto estabilizou a taxa de desemprego, em Fevereiro de 2013, em Portugal, segundo o Eurostat.

Emanuel Rocha

38,2 por cento é a taxa de

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desemprego jovem no nosso país, o terceiro pior índice da zona euro.

Só Gaia, Porto e Gondomar têm 65 mil desempregados registados – o desemprego está a provocar revolta

Dos três concelhos da AMP com maior número de inscritos nos centros de emprego, Gaia é o que tem mais gente sem subsídio (12.500, que correspondem a 38,8% dos recenseados). Somente dois em cada cinco gaienses recebem apoio social. Seguem-se o Porto (7.331 40,5%) e Gondomar (6.779 - 44,7%). De 2001 para 2012, ocorreu uma subida dramática de desempregados sem subsídio. Matosinhos é o caso mais extremo: passou de 134 para 6.674, um aumento de mais de 4.800%.

1 concelho apenas da Área

244,3 milhões de euros

Desemprego a prazo baixou em três concelhos O número de de1

Desemprego: Gaia destrona o Porto Vila Nova de Gaia é, de longe, o concelho da Área Metropolitana do Porto (AMP) com mais desempregados registados (32.194), tendo roubado o primeiro lugar que o Porto (18.000). Gaia é também folgadamente o concelho com mais desempregados sem subsídio de desemprego (12.500), seguido da In-

victa (7300), de acordo com últimos 15 anos, houve uma dados INE/Pordata. descida no número de deNa AMP, três concelhos - Vi- sempregados, de 12.300, em la Nova de Gaia, Porto e Gon- 1997, para 11.853, em 2012. domar – somam 65 mil Pela negativa, salta à visdesempregados, ta Santa Maria da Percentualquase metade do Feira, que foi, no mente, Feitotal de toda a mesmo período, ra, Azeméis e S. região. Mas há João da Madei- o município onmais quatro que ra são o trio onde de se registou estão acima da a mais violenta mais aumentaram os desemfasquia dos noexplosão de depregados ve mil inactivos: sempregados, que Matosinhos, Maia, saltaram de 2.384 Santa Maria da Feira e Vapara 9.788. Dois vizinhos longo. – Oliveira de Azeméis e São Matosinhos destaca-se pela João da Madeira – complepositiva de todos os restan- tam o trio dos concelhos ontes membros da AMP, por de mais aumentou o número ter sido o único onde, nos de desempregados. /M.A.

sempregados com um ano ou menos de inactividade cresceu na AMP, nos últimos 15 anos, de 35.800 mil para 73.900, segundo dados INE/Pordata. Os desempregados registados há mais de um ano aumentaram, entre 1997 e 2012, de 42.600 para 64.500, de acordo com a mesma fonte. Em geral, o desemprego a mais longo prazo aumentou na Área Metropolitana. Mas em concelhos como Santo Tirso, Matosinhos e Porto o número baixou, contrariando a tendência regional e nacional. Em Vila Nova de Gaia, o número de desempregados registados nos centros de emprego a mais de um ano disparou de 7.900 para 17.400, o mais notável agravamento na AMP.

é o ritmo mensal de pagamentos de subsídios de desemprego em Portugal.

491,25 euros foi o valor

médio do subsídio de desemprego pago em Março passado, o valor mais baixo desde Novembro de 2010.

852 desempregados esta-

vam inscritos no centro de emprego, em 2012, no município de Vale de Cambra. É o valor mais baixo da Área Metropolitana do Porto (AMP).

1257,66 euros é o valor

máximo do subsídio de desemprego desde 1 de Abril do ano passado; o mínimo é de 419,22 euros.

32.193 desempregados

estão registados em Vila Nova de Gaia, em 2012. É o valor mais elevado da AMP.

77.336 era o número de

inscritos nos centros de emprego da AMP, em 1997. Hoje, o total é de 137.396.


A assinalar mais um 1º de Maio, o Ponto Norte decidiu perceber melhor como funciona o mundo dos estágios não remunerados e por que continuam os jovens estudantes a dizer sim a empresas que não lhes pagam um tostão Diana Ramos Ferreira

dianarferreira@pontonorte.pt

Trabalho, sim dinheiro, nem por isso

S

e abrirmos o motor de busca na internet e procurarmos emprego, logo percebemos que uma grande parte dos anúncios não são de emprego, mas sim de trabalho. Trabalho não remunerado, mas das 9h às 18h, como se lê em muitos casos. Há os que dizem inclusivamente que não pagam salário, mas, em contrapartida, oferecem uma “uma nova experiência profissional” e uma “grande mais-valia para o currículo”. Serão essas promessas suficientes para os nossos jovens? O que procuram eles aprender nos estágios não remunerados? Foram estas as perguntas que decidimos colocar-lhes. Teresa Castro Viana é uma jovem de 22 anos, licenciada em Ciências da Comunicação na Faculdade de Letras da Universidade do Porto. A trabalhar há quase um ano na revista “Time Out”, o jor-

nalismo sempre foi o seu grande sonho, a primeira de todas as ambições. Tanto é assim que, desde 2011 e até conseguir atingir o seu tão almejado lugar de jornalista, Teresa passou por quatro estágios não remunerados. O JornalismoPortoNet, o “Jornal de Notícias”, a “Time Out” e o Departamento de Comunicação do Futebol Clube do Porto compõem a lista dos estágios que frequentou. No total, foram 13 meses a trabalhar sem nada receber em troca. Mas Teresa, sempre como um sorriso no rosto, não o diz com mágoa. Pelo contrário, “foi muito útil fazer os estágios, mesmo para fazer contactos”, diz.

Defensora de que o “jornalismo se aprende na rua”, Teresa afirma que, “mesmo não sendo remunerados, e desde que não explorem as pessoas, os estágios são muito úteis e vantajosos, porque o que se aprende não é na universidade, mas sim na vida prática”. “E a verdade é que se não tivesse feito o estágio na Time Out, não estava lá a trabalhar agora”, remata. A culpa é da crise Sempre optimista, Teresa rejeita a ideia de que as empresas se aproveitam do

facto de terem sempre estagiários a entrar e a sair, “até porque muitas empresas só aceitam estágios curriculares que resultam de protocolos assinados com as universidades”, esclarece-nos. Para a jovem jornalista, a culpa é da conjuntura actual, “está tudo dependente de como avançar a economia: se não houver dinheiro, não se pode contratar pessoas e continuam os estágios”.

Nome da Sociedade

secção /8

Diana Ramos Ferreira

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“Está tudo dependente de como avançar a economia”

Teresa afirma que, “mesmo não sendo remunerados, e desde que não explorem as pessoas, os estágios são muito úteis e vantajosos, porque o que se aprende não é na universidade, mas sim na vida prática”.


“É pior do que escravatura” O trabalho gratuito é apontado pelo Sindicato dos Jornalistas como um dos motivos pelos quais as empresas recebem tantos estágios não remunerados. No entanto, acusa, as universidades têm também responsabilidades nesta matéria MAR MAI,, 02 28 2013

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“acreditamos que é um período de observação e aprendizagem muito importante”. Aquilo que, para o Sindicato dos Jornalistas, não pode acontecer é que o estudante participe no processo produtivo da empresa onde está a estagiar. A proposta que Alfredo Maia deixa às empresas e às universidades é que o estudante seja integrado na redacção, onde pode “acompanhar a equipa de reportagem para depois fazer um trabalho de ateliê”. A culpa também é das universidades Porém, para o sindicalista, as instituições de ensino também têm responsabilidades para com os seus estudantes. A falta de controlo e acompanhamento dos jovens estagiários é também apontada por Alfredo Maia: “O que acontece é que eles são largados às feras e não têm qualquer acompanhamento nem do professor, nem do tutor no jornal”. /D.R.F.

Estágios não remunerados

Trabalhar alguns meses sem nada receber em troca faz parte do dia-a-dia de muitos jovens portugueses. A necessidade de entrar no mercado de formação e a vontade de melhorar o currículo são os principais motivos desta força de trabalho em gestação. No entanto, e apesar de alguns criarem expectativas em relação ao futuro, ficar colocado no local de estágio não é possível para a maioria

Nove meses a trabalhar de borla para entrar na Ordem

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“Recuso-me a ser explorada, ainda mais sem qualquer tipo de remuneração”, assegura Patrícia Gomes

Existe, segundo Ana Rita Machado, uma certa “predisposição” das empresas para “aproveitar ao máximo as capacidades e a existência de um estagiário”

O presidente do Sindicato dos Jornalistas, Alfredo Maia, não poupa críticas aos chamados estágios curriculares. Para o jornalista, é simples. “As empresas estão disponíveis e interessadas em receber estágios curriculares porque assim têm trabalho gratuito. É pior que escravatura”, afirma. Alfredo Maia esclareceu que a situação de estagiário está prevista na carreira de jornalista, mas apenas no início, numa altura em que o estudante “já tem uma relação de trabalho com a empresa, com todos os seus direitos inerentes – salário, folgas, férias...”. No entanto, o que está a acontecer é uma situação “ilegal”, uma vez que, “se não tem carteira, o estudante não pode exercer a actividade de jornalista”, afirma. “Nós não somos contra os estágios curriculares”, acrescenta. Pelo contrário,

Ficar na empresa a trabalhar não passa de uma ilusão A frequentar o segundo ano do mestrado em História e Relações Internacionais e Cooperação da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, Ana Rita Machado, encontra-se, desde Fevereiro, em estágio curricular na Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP). E aí espera permanecer até Junho, altura em que completa as 400 horas de trabalho acordadas. Ao Ponto Norte, a jovem de 22 anos admitiu existir uma

certa “predisposição” das empresas para “aproveitar ao máximo as capacidades e a existência de um estagiário, ainda para mais nos dias de hoje”. Sem papas na língua, Ana Rita diz ser “inconcebível que, num mestrado que admite a hipótese de usar os estágios como avaliação de um segundo ano curricular, não haja oferta de empresas válidas para um aluno” poder escolher. “O mote é ‘queres? Procura, desenrasca-te!’”, diz, revoltada. Consciente de que quase não existem hipóteses de ficar a trabalhar na AICEP, Ana Rita diz encarar este estágio como uma experiência que a vai ajudar a atingir o seu objectivo, que passa pela “conclusão da tese e do mestrado e, claro, fica no currículo”. /D.R.F.

Para entrar para a Ordem dos Arquitectos e, assim, conseguir assinar os seus próprios projectos, os estudantes têm que frequentar um estágio não remunerado. Qualquer aspirante a arquitecto tem que fazer um estágio de nove meses não remunerado para entrar para a Ordem dos Arquitectos. Patrícia Gomes, estudante da Universidade do Minho, é uma das muitas jovens que se encontram nesta situação. A estagiar num gabinete de arquitectura há já um mês, é lá que a jovem de 25 anos vai permanecer durante os próximos oito meses. “Na empresa onde trabalho, não sou remunerada, mas também desde logo me disseram que seria um trabalho a tempo parcial e que eu mesma faria os meus horários”, explica-nos. Sem fazer drama com os estágios não remunerados, Patrícia admite que “o ideal seria ganhar

1 no estágio, mas está verdadeiramente difícil encontrar algo assim. No entanto, recuso-me a ser explorada, ainda mais sem qualquer tipo de remuneração.” Apesar de não ser o seu caso, a

jovem contou-nos que conhece muitos estagiários e, que para “além de não serem remunerados, trabalham mais de oito horas por dia e, muitas vezes, ao fim-de-semana”. /D.R.F


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A Nome Minha da

Terra secção /10

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O último fabricante de concertinas

Joaquim Nogueira é o único fabricante de concertinas em Portugal. “Um homem habilidoso que nunca tem descanso”. O seu segredo é usar madeiras de excelência, que garantem um som inconfundível. Entre outros Susana Ferrador

É

susanaferrador@pontonorte.pt

um brincalhão incorrigível. Enérgico também. Quase não conseguimos fazer a entrevista com a seriedade a que estamos obrigados, até entrarmos na oficina do Sr. Joaquim Nogueira. Este artesão de 70 anos é mestre na arte de contagiar todos os que estão à sua volta. A sua gargalhada é afamada e quase ninguém lhe resiste. Carteiro reformado, diz não saber “se entregou as cartas todas” mas que, pelo menos, ten-

A

primeira concertina foi criada em 1995 e o gosto pela música

tou. “Muitas eram nasceu ainda em o conhece como o de amor, por isso eu “fabricante de contambém fui um cupicertinas”. do”, conta, quando lhe Quando lhe perguntáperguntámos sobre a sua vimos o preço de cada uma, da. Vive em Matosinhos há 40 responde-nos, muito apressaanos, mas foi em Baião que do, que as concertinas não têm nasceu, terra pela qual sente o preço. “Nunca se fala de preços. carinho que os filhos têm pelas De preços, só falamos no fim mães. do trabalho feito. E como eu sei Trabalhou 27 anos nos correios. que a menina não quer que eu Hoje, passa os fins-de-semana a lhe construa nenhuma concertocar as suas concertinas, com o tina, não lhe vou revelar quanto filho e amigos, pelas festas e ro- custam”, vai dizendo, enquanto marias de Portugal. Toda a gente anda de um lado para o outro.

criança

Não sobra nenhuma para vender Começou a tocar aos 12 anos e, depois de se reformar, decidiu que queria “construir as suas próprias concertinas”. Nunca mais parou. Como ele mesmo diz, “um homem habilidoso nunca tem descanso”. Hoje, é o único construtor do instrumento em Portugal, e nenhum que faça é igual ao anterior. Cada concertina demora dois meses a construir e as madeiras que usa “são especiais e de excelência”. Pesam quase todas, “mais ou menos”, sete quilogramas e só faz um modelo de concertinas, que “podem ser maiores ou mais pequenas, conforme os gostos”. No entanto, Joaquim Nogueira não tem nenhuma de sobra para vender, “porque só faz por encomenda”. Ou seja, vende praticamente tudo o que faz, o que é um atestado indiscutível de qualidade.

Diana Ramos Ferreira

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Material onde o mestre guarda e separa as peças que utiliza

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Todas as máquinas foram feitas por Joaquim Nogueira

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Primeira concertina suscitou dúvidas A

sua primeira obra foi olhada com uma enorme curiosidade, gerando até especulações quanto à origem do instrumento. A questão é que ninguém imaginava uma concertina produzida por um português e em Portugal. “Ainda hoje cá tenho a minha mascote” - refere-se a uma concertina em tons dourado, com a inscrição “Joaquim Nogueira Professional”, que diz ser “única no mundo”. “Não há ninguém que desenhasse isto como eu”, assegura.

Marca “Joaquim Nogueira” é uma referência a nível mundial

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O artesão nunca faz concertinas iguais e não tem nenhuma de sobra


“Acabamento perfeito sonoridade inigualável” Há quem diga que as concertinas “Joaquim Nogueira” estão ao nível de qualquer outra marca, a nível mundial. Os músicos que com elas têm tocado gabamlhe o som e o desenho, que são “brilhantes e únicos” MAR MAI,, 02 28 2013

BREVES

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Pedro Mota é músico, natural da terra de Joaquim Nogueira, Baião. E embora já tenha tocado com muitas concertinas, nunca encontrou nenhuma igual às que este artista faz. “Aprendi a tocar concertina em 2006 e quando, um dia, me juntei a um amigo para tocar umas músicas e fazer uns vídeos, e ele tinha uma concertina “Joaquim Nogueira”, fiquei apaixonado. O meu sonho era ter uma e personalizá-la. Felizmente, realizei-o no ano passado”, diz ao Ponto Norte Pedro Mota. As concertinas de Joaquim Nogueira são “únicas”, garante. “Esteticamente, têm um acabamento completamente perfeito, o que não acontece com muitas outras marcas. Cada centímetro do instrumento é feito com uma precisão enorme, o fole é todo ele trabalhado de modo a contrastar com a madeira da concertina, com os botões e com as correias”, afirma.

Quanto à música que a concertina “deita cá para fora”, assegura Pedro Mota que “é algo único, é uma melodia fantástica, que faz mexer cá por dentro, pela sua sonoridade inigualável”. “Inteligente e empenhado” Andreia Vieira, 25 anos, toca concertina desde criança, conhece pessoalmente Joaquim Nogueira e acredita que o sucesso dos instrumentos que cria se deve ao facto de o mestre “colocar um toque de carinho em tudo o que faz”. “É uma pessoa amável, bastante inteligente e muito empenhada no seu trabalho”, considera. Já Pedro Mota recorda o dia em que foi pela primeira vez à oficina de Joaquim Nogueira. “Fui com o meu pai, para que o mestre reparasse a palheta da minha concertina. Ali, depareime com uma panóplia de máquinas que nunca tinha visto na vida”, recorda o músico. /S.F.

Vários prémios

Em 1998, cria a concertina “Joaquim Nogueira Professional”, com um som inconfundível e estridente. Críticos consideram-na “brilhante”. Passa a participar em eventos importantes, tais como o Festival Intercéltico do Porto, nos anos 1999 e 2000, e na Exposição de Construtores de Instrumentos Tradicionais, e recebe vários diplomas de participações a nível nacional.

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Oficina fica em Matosinhos, na habitação do artista

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Além de fabricante, o senhor Joaquim também é um tocador exímio

O artesão fez uma concertina miniatura para o neto, ainda ele não tinha nascido. Desde cedo tentou incutir na família o gosto pela música. O filho, Ruka Nogueira, aprendeu a tocar em pequeno. Hoje em dia, vai-se dividindo entre a música e a engenharia. Tem uma banda popular e percorre Portugal, todos os fins-de-semana, a tocar

Legenda de foto Concertinas em exposição

Concertina está na moda As di-

ferenças entre o acordeão e a concertina são grandes. “A concertina é um bocadinho mais agressiva do que o acordeão. É também um instrumento mais popular, é o instrumento das festas e dos arraiais. O acordeão já é mais clássico. Além de que o acordeão emite sempre o mesmo som, ao abrir e ao fechar. A concertina tem um som diferente em cada abertura. Há 10 anos, não se ouvia falar de concertinas. Hoje em dia, a moda pegou e toda a gente quer aprender a tocar”, segundo Joaquim Nogueira.

Não dá como meio de subsistência Joaquim No-

gueira diz que faz as concertinas por hóbi e que a arte não dá para viver. “Faço uma para vender de longe a longe, por isso não podia comer à custa delas”, garante. “Por isso, é que as concertinas que faço são para colecção e não têm uma vertente comercial”, explica, confessando: “Quando estou a fazer uma concertina, não me lembro que vai ser vendida, porque gosto de fazer arte”.

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Um artesão completo

Joaquim Nogueira não se limita a fazer concertinas. Também concebe engenhos para as fabricar. “Não havia aqui, em Portugal, máquinas que me ajudassem a fazer algumas tarefas. Então, decidi construí-las eu”

A oficina de Joaquim Nogueira, em sua casa, e onde constrói as concertinas, está forrada com exemplares, todos eles reluzentes e únicos. São mais de 10 instrumentos e dezenas de fotografias, em arraiais e festas por Portugal fora. “Um dia, disseram-me que eu não era capaz de construir uma concertina”. Foi a partir daí, e depois de ter construído a primeira, que “o bichinho pegou, até hoje”. Foi tudo uma questão de “aposta”, conta. Quase todas as concertinas expostas têm o seu nome afixado, num amarelo reluzente que sobressai até no escuro. Quando lhe perguntámos como foi capaz de construir

a primeira concertina, dissenos: “Primeiro, fiz as máquinas para a construir e, só depois de abrir uma, é que consegui fazer a primeira”. Pedimos-lhe, então, que nos mostrasse a primeira concertina. Aponta para o alto da parede e confessa-nos que acabou de a fazer às cinco horas da manhã. “Assim que acabei, liguei à minha mãe. Eu a tocar e ela a chorar ao telefone”, relembra, emocionado. Construiu todas as máquinas sozinho Dada a dificuldade de obtenção de ferramentas adequadas, Joaquim Nogueira, como autodidacta, recorreu à investigação e começou, na altura, uma fase experimental da criação de engenhos manuais e electromecânicos, tornando o seu trabalho muito mais precioso e com uma forte marca pessoal. As máquinas que nos levou a conhecer mostram isso mesmo. “Cada uma serve para uma função. Não havia aqui, em Portugal, máquinas que me ajudassem a fazer algumas tarefas. Então, decidi construí-las eu. Hoje em dia, são raras no mundo”, diz o artesão. /Susana Ferrador

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Uma vida lado a lado com a música Aprendeu desde novo a arte de marceneiro e, ainda jovem, teve uma paixão enorme pela concertina. Nos anos 60, Baião “viveu uma época de bailes e de danças tradicionais” ao som deste típico instrumento. Migrou para o Porto logo após o casamento, e em 1967 entrou para os Correios do Norte, onde ficou a trabalhar como efectivo. Sentindo-se deslocado na Capital do Norte, ingressou no Grupo Etnográfico do CD-

CR dos CTT, o qual lhe permitiu estabelecer uma ponte com a tradição da sua aldeia, podendo continuar a tocar concertina. A vida e o trabalho reservaram-lhe alguns momentos difíceis de superar, contudo, “a força e vontade” foram sempre trunfos que usou. Joaquim Nogueira conseguiu que a música caminhasse sempre consigo, lado a lado. Apesar de viver em Matosinhos há 40 anos, fala de Baião com um brilho nos olhos. “Estive lá a tocar, há pouco tempo, na Feira do Fumeiro e do Cozido à Portuguesa. Também vou sempre tocar nas janeiras”, conta, orgulhoso.


MÚNDI Alfredo Barbosa

Director

Porque se escreve e fala tão mal? (1) “Desgraciadamen-

te en los periódicos y emissoras se escribe y habla muy mal. En su calidad de intermediários linguísticos, y a causa de su deficitária formación, los periodistas actuan más como agentes degeneradores del lenguaje común que como intermediários en la exposicion de ideas.” – Núñez Ladevéze (catedrático da Universidade CEU de San Pablo, jornalista e escritor, autor do romance “El impetu del viento”. 2004. Madrid: Editorial Apóstrofe): Porque escrevem mal os jornalistas? Porque deixam que os erros ortográficos se instalem nas suas peças? Porque revelam desconhecer a significação de muitos vocábulos? Porque resumem os seus textos à utilização de um conteúdo lexical incipiente e desestruturado? Porque demonstram falta de brio e profissionalismo? Porque não têm cuidado e se mostram insensíveis aos que os lêem e avaliam? Porque não sentem vergonha de parecerem funcionalmente iliteratos? Por diversos motivos, que vou explanar em três planos: o da escola; o da universidade; e o da empresa.

“A escola ensina insuficientemente a comunicar pela escrita e pela oralidade” Hoje, falo do primeiro plano.

A escola, na formação do primeiro ao terceiro ciclos do secundário, não dá a formação linguística e interpretativa necessária. A escola (em geral, claro) não é exigente na transmissão de diversos saberes fundamentais para a compreensão das coisas e coisinhas da vida. A escola ensina insuficientemente a comunicar pela escrita e pela oralidade. A escola devia dedicar algum do seu tempo a descobrir vocações e talentos e a estimulá-los e promovê-los. A escola não pode permitir (é uma figura de retórica, claro) que alunos formados com o 12.º ano entrem na universidade sem dominar elementos fundamentais (básicos) da escrita, da oralidade, da interpretação da sua língua (do português!) e sequer percebam (não estão “nessa”, como dizem) o que lêem (muito pouco) e ouvem – obviamente, não sendo capazes de perceber as coisas e coisinhas da vida com todas as suas minudências. (1) (Continua)

MEDIALECTO (*) Mário Pinto / Membro do Centro de Literaturas e Culturas Lusófonas e Europeias da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa - CLEPUL

Esta declaração assinala a nossa fusão; queira assiná-la. “D. António Couto referiu-se ao assunto durante o debate sobre “Ecumenismo e diálogo inter-religioso”, realizado em Estarreja, no âmbito da Missão Jubilar que assiná-la os 75 anos da restauração da Diocese de Aveiro, e de que foi orador, a par do ex-Presidente da República Jorge Sampaio.” O parágrafo transcrito, o segundo de uma notícia há semanas difundida pela Agência Lusa, foi reproduzido ipsis verbis (tal como foi recebido nas redacções) por quatro diários (‘de referência’, como se auto-intitulam e alguns insistem em ser chamados) sem que nenhum dos jornalistas e editores responsáveis (?) o corrigisse antes de o inserir no seu jornal. Ora, afigurando-se-me altamente improvável que alguém que ainda esteja a ler estas linhas não tenha de imediato detectado o grave erro ortográfico patente naquela citação – confundir o verbo assinalar (na terceira pessoa do singular do presente do indicativo: ‘assinala’) com a conjugação pronominal do verbo assinar (‘assiná-la’) –, erro que os referidos responsáveis não identificaram, e

não admitindo que tão deplorável situação seja imputável a insanidade colectiva (apesar da ignorância que grassa em muitas redacções), cremos que só o laxismo campeante pode explicar o lapso. Razão tem, por isso, uma jornalista veterana (que muito admiro, quer pela excelência da sua prosa quer pelo sumo dos conteúdos) que, discreteando acerca do “jornalismo português contemporâneo, que tão doente anda”, e depois de explicar “Nunca tirei um curso de jornalismo, muito menos de ciências da comunicação ou de comunicação social”, conclui: “Quando me perguntam em que escola aprendi jornalismo respondo sempre que aprendi jornalismo com jornalistas dentro de jornais. Nem todos eram famosos, ou são hoje conhecidos, mas foram grandes professores e vigilantes da prosa e do rigor.” Será possível explicar isto (e conseguir que o entendam) a ‘paletes’ de semianalfabetos que depois de passarem três anos numa dessas universidades que por aí abundam se acham aptos a escrever em jornais?

UMA ESTRATÉGIA FÉRTIL Sandra Tuna / Docente Universitária

Cientificamente… publicitado Uma breve incursão no discurso publicitário permitirá constatar uma profusão de alusões aos sentidos, sentimentos e sensações, enfim, uma evidente predominância dos chamados apelos emocionais, que disfarçam, ou mesmo compensam, a escassez de atributos objectivos dos produtos ou serviços que se pretende promover. Se há produtos que, pela sua natureza, e falta de propriedades tangíveis, resistem a uma argumentação – ainda que elogio-

sa – fundamentada e (aparentemente) objectiva, outros há que, mesmo ostentando predicados merecedores de relato, se tornam quase indistintos entre a imensidão de produtos idênticos, não conseguindo arrogar-se qualquer traço distintivo que os torne únicos e que se possa, assim, exibir num anúncio. Acresce ainda a manifesta dificuldade de seduzir os já tão cépticos e impacientes consumidores, cuja atenção se torna cada vez mais arredia e desconfiada. Aura (pseudo)científica A busca de referentes capazes de elidir e iludir esta difícil tarefa de atrair a atenção dos públicos tornou o discurso ‘científico’, tão prezado e valorizado pela sociedade contemporânea, um recurso conveniente. Assim, cada vez mais, povoam os anúncios as expressões emprestadas pela ciência e que visam legitimar os apelos e promessas neles constantes. Ao já cristalizado ‘Cientificamente comprovado’, vieram juntarse as fórmulas, compostos e ingredientes inovadores que, mesmo quando indecifráveis numa primeira (ou segunda) leitura, cumprem a sua função de proporcionar uma aura (pseudo)científica à mensagem publicitária e ao produto a que estão vinculadas. Sendo os anúncios textos compostos também por

Público, 24/01/2013, Portugal, por Lusa.

http://www.publico.pt/sociedade/noticia/igreja-catolica-nao-vai-agregar-paroquias-garante-bispo-de-lamego-1581896?utm_source=feedburner&utm_medium=feed&utm_campaign=Feed%3A+PublicoRSS+%28Publico.pt%29

Diário de Notícias, 24/01/2013, Portugal, por Lusa, texto publicado por Paula Mourato. http://www.dn.pt/inicio/portugal/interior.aspx?content_id=3012113

Jornal de Notícias, 24/01/2013, Sociedade.

http://www.jn.pt/PaginaInicial/Sociedade/Interior.aspx?content_id=3012133

i, 24/01/2013, Por Agência Lusa.

http://www.ionline.pt/portugal/igreja-catolica-nao-vai-agregar-paroquias

«uma jornalista veterana (que muito admiro…), discreteando acerca do “jornalismo português contemporâneo, que tão doente anda”, (…) conclui: “Quando me perguntam em que escola aprendi jornalismo respondo sempre que aprendi jornalismo com jornalistas dentro de jornais. Nem todos eram famosos, ou são hoje conhecidos, mas foram grandes professores e vigilantes da prosa e do rigor.” (*) Dialecto próprio dos media, segundo Gérard Genette

imagens, soma-se a esta composição, a figura de um médico, cientista, técnico (de bata branca) ou laboratório, que concorre para proporcionar um ambiente (cientificamente) convincente. ‘A ciência torna-se uma sensação’! E a estratégia parece ser fértil: quem não se deixou já tentar por um cosmético que reclama contar com ‘O poder da ciência no combate ao tempo’? E, mesmo desconhecendo o ‘extracto de semente de Yuzu’, a ideia de que é suficientemente exótico, inovador e eficaz como ‘humectante natural’ tornase reconfortante. Se ser ‘dermatologicamente testado’ quer dizer que, de facto, foi testado em (apenas) dez mulheres, poderá não ser de todo relevante uma vez que este detalhe estará remetido para uma parte do anúncio (em letras minúsculas) que não usufruirá da nossa atenção. Fica a sensação de que é bom. Como alegam alguns destes anúncios, ‘a ciência torna-se uma sensação’!

«Se ser ‘dermatologicamente testado’ quer dizer que, de facto, foi testado em (apenas) dez mulheres, poderá não ser de todo relevante uma vez que este detalhe estará remetido para uma parte do anúncio (em letras minúsculas) que não usufruirá da nossa atenção. Fica a sensação de que é bom

«(…) confundir o verbo assinalar (na terceira pessoa do singular do presente do indicativo: ‘assinala’) com a conjugação pronominal do verbo assinar (‘assiná-la’) (…), cremos que só o laxismo campeante pode explicar o lapso.

Mário Pinto

Nome Médiada &

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“A escola não pode permitir (é uma figura de retórica, claro) que alunos formados com o 12.º ano entrem na universidade sem dominar elementos fundamentais (básicos) da escrita, da oralidade, da interpretação da sua língua (do português!) e sequer percebam (não estão nessa, como dizem) o que lêem (muito pouco) e ouvem”

Alfredo Barbosa

«(…) quem não se deixou já tentar por um cosmético que reclama contar com ‘O poder da ciência no combate ao tempo’? E, mesmo desconhecendo o ‘extracto de semente de Yuzu’, a ideia de que é suficientemente exótico, inovador e eficaz como ‘humectante natural’ torna-se reconfortante

Sandra Tuna


Os comportamentos anticoncorrenciais estão a afundar a economia nacional. Um problema agravado pelo facto de a Autoridade da Concorrência estar de pés e mãos atadas, ser “pouco eficiente” e não ter os melhores quadros”, defende um professor da Portucalense Pedro Emanuel Santos

pedroesantos@pontonorte.pt

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MAR, 28 Economia 2013

MAI, 02 2013 /13

PONTONORTE

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Impotente incompetente e ineficiente

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A Portucalense receberá a acção formativa orientada por José Caramelo Gomes

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“A dívida soberana pode ser atenuada com coimas a comportamentos anticoncorrenciais”, diz o professor

osé Caramelo Gomes é professor da Universidade Portucalense, no Porto, e foi o orientador de um estudo que revelou resultados surpreendentes. Para ele, uma das razões para a economia portuguesa funcionar, ou até não funcionar, é o facto de a Autoridade da Concorrência não realizar convenientemente o seu papel. A conclusão é clara: “A dívida soberana pode ser atenuada com coimas a comportamentos anticoncorrenciais, pois Portugal actua segundo princípios corporativos e não de acordo com as regras do mercado concorrencial, o que explica a situação que atravessa o País”. Em entrevista ao Ponto Norte, José Caramelo Gomes considerou que as regras de mercado em território nacional estão subvertidas, levando a que os consumidores, nós, não estejam a sair beneficiados e que, consequentemente, a economia sofra consequências gravíssimas. Para o docente, a questão é de tal forma grave, que só será solucionada se houver uma “vontade forte de mudar as regras” de funcionamento da Autoridade da Concorrência, entidade que, na sua opinião, está de pés e mãos atados e não consegue fazer frente a este “ciclo vicioso que está a afundar a nossa economia”. José Caramelo Gomes é claro e aponta ao Ponto Norte onde es-

tá o cancro que mina as boas relações de concorrência que deveriam existir e não existem. “Quem tem o poder de mercado é insensível ao jogo da oferta e da procura. Faz o preço que quer, independentemente da procura”. E o que significa isto? “Que alguém que ganhe, por exemplo, 1000 euros por mês apenas gaste no que considera essencial e não tenha acesso a outros produtos que deveriam estar mais baratos no mercado e não estão. Uma “espiral perigosa” que leva ao arruinar da economia e ao qual a Autoridade da Concorrência não consegue pôr cobro,

José Caramelo Gomes considera que as regras de mercado em território nacional estão subvertidas, levando a que os consumidores não estejam a sair beneficiados e que, consequentemente, a economia sofra consequências gravíssimas

porque “é pouco eficiente e não tem os melhores quadros”. Direito da Concorrência em formação A ineficácia da Autoridade da Concorrência e outros temas vão estar em destaque numa oferta formativa da Universidade Portucalense que decorrerá, amanhã e sábado, nas instalações da instituição, na Asprela, Porto, e que terá José Caramelo Gomes como professor. Os destinatários serão advogados, solicitadores e jornalistas, além de indivíduos de outras áreas interessados em direito da concorrência. A primeira sessão decorre amanhã, entre as 18h e as 22h, e terá seis temáticas: “Justificação económica do direito da concorrência”, “Direito do comunitário da concorrência”, “Direito português da concorrência”, “A dupla jurisdição em direito da concorrência na União Europeia”, “Ilicitude substantiva e ilicitude processual” e “Poderes da Comissão Europeia, da Autoridade da Concorrência e dos órgãos jurisdicionais”. No dia seguinte, entre as 9h e as 13h, serão abordadas as seguintes questões: “Acordos, práticas concertadas, decisões de associações de empresas e comportamento induzido”; “Proibições nacionais e comunitárias - a ordem pública jus concorrencial”; “A regra de minimis”; “Isenções individuais e por categoria”.


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inscrições abertas


[Os jovens estagiários de jornalismo] são largados às feras e não têm qualquer acompanhamentonem do professor nem do tutor no jornal” Alfredo Maia

Presidente do Sindicato dos Jornalistas

Editado por Alfredo Barbosa

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fala

Paulo Portas não pode continuar, no contexto atual – e sem se desacreditar totalmente – a dar uma no cravo e outra na ferradura, sem destruir o seu partido. No interior do CDS/ PP há quem pense assim e queira deixar cair o PP e fique só o CDS”

(…) a hora é da Esquerda e para salvar o euro e a União Europeia esse é o único caminho possível, com o auxílio da Democracia-Cristã, que pensa de novo aparecer, para vencermos a crise”

Mário Soares

QUEM SABE

DN, 30.04.2013

MAR, 28 Opinião 2013

MAI, 02 2013 /15

PONTONORTE

«(…) fazer do consenso uma estratégica de respaldo para prosseguir políticas já implementadas, pouco mais será do que seduzir para o conformismo com o que já está determinado.

Daniel Seabra

«(…) ou há malabarismos e renúncias pré-acordadas ou se opta por recorrer aos familiares e amigos, ou, no mínimo, cria-se a suspeição sobre quem, sendo competente, viverá na sombra da dúvida criada por comentários mal-intencionados. Qualquer dos casos me parece muito pouco digno!

João Paulo Meireles

NO DIA 25 DE ABRIL… Daniel Seabra / Professor universitário

Consenso, conformismo e diversidade

As comemorações do 1º de Maio e o 25 de Abril parecem ser hoje um formalismo para recordar o passado através de discursos que continuarão a ser proferidos no cumprimento de um ritual que vale como significante e não tanto pelo significado. Se assim é, urge dar significado a tais datas através da dignificação do trabalho e dos trabalhadores numa sociedade dominada por um capital sem moral, pelo valor sem valores, pela contabilidade sem humanidade. Urge ainda denunciar, como sublinhou Bourdieu, os processos de censura latente que corrompem e se sobrepõem à liberdade formal e institucionalizada. Suportados por dominações económicas, mas também ideológicas e políticas, este tipo de censura esconde-se, por vezes, sob as virtudes legitimadoras de um consenso generalizado que visa a preservação da ordem social. Ora, o consenso pressupõe acordo, emergindo este como produto de caminhos escolhidos, operacionalizados, construídos e partilhados pelos agentes sociais em interacção e associação. Tem, por isso, avanços e recuos, pois parte, muitas vezes, de posições e interesses divergentes. Tal como o consenso, a diversidade é também constitutiva das sociedades democráticas. No plano político, é a divergência de posições que configura alternativas colocadas à escolha dos cidadãos. É reconhecida a vantagem do consenso pa-

ra a promoção da coesão social, para a qual todos os agentes concorrem. Mas, fazer do consenso uma estratégica de respaldo para prosseguir políticas já implementadas, pouco mais será do que seduzir para o conformismo com o que já está determinado. No 39º aniversário do dia que trouxe a Portugal a democracia, o Sr. Presidente da República considerou ser «essencial alcançar um consenso político que garanta que, quaisquer que sejam as concepções político-ideológicas, quaisquer que sejam os partidos no governo, o país (...) adoptará políticas compatíveis com as regras fixadas pelo Tratado Orçamental». Esqueceu-se, contudo, que é das diferentes concepções político-ideológicas e partidárias que decorrem caminhos diversos para as cumprir. E é nas concepções diferentes que encontramos um dos pilares da democracia. Convenhamos, por isso, que foi um discurso insólito para aquele dia.

«(…) é das diferentes concepções políticoideológicas e partidárias que decorrem caminhos diversos para as cumprir. E é nas concepções diferentes que encontramos um dos pilares da democracia

ABRIU A ÉPOCA DA CAÇA ÀS QUOTAS (2) João Paulo Meireles / *

Espaço para habilidades

(Continuação) A montante, identificamos impedimentos que se manifestam na vida de pessoas que consideramos mais válidas. A jusante, criamos a obrigatoriedade de integrar as listas. Ora, quem se encontrava “impedido” em nada viu essa situação alterada, logo a obrigatoriedade “servirá” para chamar não aqueles casos, mas sim os outros que nele não se encontram e, portanto, há um desfasamento inconciliável entre aqueles sobre quem se pretendia agir e aqueles que acabam por usufruir da estatuição da lei. Que resulta disto? Ou criamos quotas para quem delas não precisava – porque já teriam essas condições de participação – ou criamos quotas para uns casos quando as pretendíamos criar para outros.

«(…) se não cumprir os requisitos a lista não é aceite? Era o que mais faltava… as consequências são apenas um “juízo de censura”, já que a lista é afixada com essa indicação e que a própria Comissão Nacional de Eleições divulga no seu sítio na Internet, ao mesmo tempo que é reduzido o valor da subvenção estatal para a campanha até 50%.

E depois dá “nisto”: ou há malabarismos e renúncias pré-acordadas ou se opta por recorrer aos familiares e amigos, ou, no mínimo, cria-se a suspeição sobre quem, sendo competente, viverá na sombra da dúvida criada por comentários mal-intencionados. Qualquer dos casos me parece muito pouco digno! Mas é curioso que em cada dez pessoas que se pergunte a opinião, nove não concordam com esta Lei… Mas não foi a mesma votada na Assembleia da República? Todo e qualquer deputado não é porta-voz da sensibilidade e opinião dos seus representados (ainda que numa mandato imperativo)? E o mais engraçado é atender às consequências: se não cumprir os requisitos a lista não é aceite? Era o que mais faltava… as consequências são apenas um “juízo de censura”, já que a lista é afixada com essa indicação e que a própria Comissão Nacional de Eleições divulga no seu sítio na Internet, ao mesmo tempo que é reduzido o valor da subvenção estatal para a campanha até 50%. São consequências dramáticas portanto para quem afirma esta necessidade de forma tão peremptória! Durante esse mandato o legislador fartou-se de «meter água». As leis desse período ou se revelam pouco claras, ou falham o alvo, ou tinham na base uma reserva mental e a consciência muito pesada – e atenção que ainda não havia quotas. * Deputado Municipal pelo PSD no Porto, Presidente Concelhia JSD Porto e Secretário-Geral Distrital JSD Porto, Conselheiro Nacional do PSD


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CRÓNICAS DO NORTE ADORMECIDO Luís Miguel Novais / Advogado

C’est l’Afrique

Jorge Gonçalves

Vice-reitor da Universidade do Porto

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MAR, 28 Opinião 2013

MAI, 02 2013 /17

PONTONORTE

«(…) a ruptura da coligação parlamentar de incidência governamental entre o PSD e o CDS, que poderá levar a uma nova coligação parlamentar de incidência governamental entre CDS, PS e CDU, ou novas eleições, é inacreditável e impossível? C’est l’Afrique. Luís Miguel Novais

“O desaparecimento de pólos universitários não era bom para o país. E, no caso concreto do Norte, a região deve encontrar formas de reforço e não de desaparecimento. É preciso reforçar a rede” Da crise financeira à crise da dívida a intervenção informada das populações foi escassa. Desta prática até ao desamor europeu, há um risco que nenhum governo pode ignorar”

Adriano Moreira DN. 30.04.2013

«E não colhe o lugar-comum das “tutelas externas não democráticas”, pois esta (a troika) teve o consentimento dos partidos que representam 87% dos votantes. Tem o Prof. Boaventura [dos Santos] melhor medida para calcular a vontade popular (sem ser a sua vontade)?

Paulo Vila Maior

Existem várias versões para esta verdadeira fábula da natureza, mas a minha favorita foi a que me contou o meu amigo espanhol Luis Delgado de Molina, presidente honorário da UIA - União Internacional dos Advogados, por ocasião do congresso de Nova Delhi da UIA, em 1999. Estávamos na Índia, em Uttar Pradesh, no forte vermelho de Agra, observando ao longe o Taj Mahal e, pelo meio do nosso campo de observação, o rio Ganges. Passáramos a porta dos dois elefantes gigantes de pedra e contou-me o Luís: O elefante e o escorpião Um dia, um elefante preparava-se para atravessar um rio. Aproximou-se dele um escorpião. “Elefante, leva-me nas tuas costas para o outro lado do rio”, disse o escorpião ao elefante. O elefante

sorriu e respondeu: “Escorpião, tu pensas que eu nasci ontem? Se eu te deixo subir às minhas costas, tu acabas por me espetar o teu ferrão e matas-me”. “Não percebes mesmo nada, elefante”, replicou de imediato o escorpião, “se eu te espetar o ferrão nas costas enquanto estivermos no meio do rio, morremos os dois, já que eu não sei nadar, não achas?”. A razoabilidade da explicação do escorpião convenceu o elefante, que lá o deixou subir para as suas costas e logo iniciaram a travessia do rio. A meio do rio, o escorpião espeta o ferrão nas costas do elefante. O elefante surpreendido e já moribundo, a afundar-se no rio, com o escorpião a afundar-se com ele também, ainda diz “escorpião, que coisa mais inacreditável e impossível! Depois de me teres convencido de que não me picarias

€SCÓPIO Paulo Vila Maior / Professor universitário

As eleições são uma chatice

“Um boletim de voto tem mais força que um tiro de espingarda”. Abraham Lincoln, 16.º presidente dos EUA. No 39.º aniversário do 25 de abril, duas eméritas personagens proferiram declarações que soaram a tiros de espingarda. O presidente da República, em discurso no parlamento, exortou os partidos a meterem os braços na empreitada do “consenso”. E avisou que não contassem com ele para eleições antecipadas. Fica-lhe mal cercear o direito à divergência. Mostra o seu entendimento da democracia e das liberdades. No mesmo dia, no Público, estavam vertidos depoimentos de “personalidades” respondendo ao repto “o que melhoraria na democracia portuguesa?”. O Prof. Boaventura de Sousa Santos teve a palavra. Fiquei preocupado com o sociólogo coim-

brão, pois garantiu que a “cultura autoritária dominante está a tentar convencer os portugueses de que o 25 de Abril foi uma aberração e que não merecíamos ter saído do jugo salazarista”. Ou ando distraído ou com lapsos de entendimento, pois me não recordo de alguma vez a “cultura dominante” (mas quem?!) ter sequer insinuado tal dislate. “Sorte grande...” O Prof. Boaventura está preocupado com as fragilidades da democracia e com a soberania que se ausentou. A solução – assegura – é sair do euro e demitir o governo (não se sabe se é por esta ordem). É intrigante que o Prof. Boaventura, especialista em ciência de vanguarda, não tenha percebido que a soberania mudou. Talvez não goste da globalização em que vivemos, tanto que vai à missa da “alter-globalização”. Tem bom remédio, o Prof. Boaventura: continue a mobilização de quem o segue acriticamente, que um dia destes pode ser que saia a sorte grande na lotaria das eleições. Até lá, enquanto os partidos de extrema-esquerda não conseguirem mais

no meio da travessia do rio, acabamos por morrer os dois. Como é possível?”. O escorpião responde prontamente, sem sombra de arrependimento, apenas um lampejo de loucura no olhar: “C’est l’Afrique”. Inacreditável e impossível? Neste Portugal adormecido, a ruptura da coligação parlamentar de incidência governamental entre o PSD e o CDS, que poderá levar a uma nova coligação parlamentar de incidência governamental entre CDS, PS e CDU, ou novas eleições, é inacreditável e impossível? C’est l’Afrique.

“Depois de me teres convencido de que não me picarias no meio da travessia do rio, acabamos por morrer os dois. Como é possível?”. O escorpião responde prontamente, sem sombra de arrependimento, apenas um lampejo de loucura no olhar: “C’est l’Afrique”

que 20% dos votos, pode encher a boca com democracia que a palavra se desfaz em língua de trapos. “Uma ideia luminosa…” Alguém podia explicar ao Prof. Boaventura que sem a ajuda dos forasteiros da troika talvez fosse elevado o risco de a pensão de reforma (agora que é professor jubilado) não ser depositada na sua conta bancária. E não colhe o lugar-comum das “tutelas externas não democráticas”, pois esta (a troika) teve o consentimento dos partidos que representam 87% dos votantes. Tem o Prof. Boaventura melhor medida para calcular a vontade popular (sem ser a sua vontade)? A saída do euro é uma ideia luminosa. Recomendo daqui literatura de economistas keynesianos (portanto, próximos às suas preferências) que explicam o efeito catastrófico que a saída do euro teria num país pequeno, periférico e aberto ao comércio internacional. Temos de perguntar ao Prof. Boaventura se quer o empobrecimento severo dos portugueses. Mas talvez sejam apenas tiros de pólvora seca. (Escrito segundo o novo acordo ortográfico)

“O presidente da República, em discurso no parlamento, exortou os partidos a meterem os braços na empreitada do “consenso”. E avisou que não contassem com ele para eleições antecipadas. Fica-lhe mal cercear o direito à divergência. Mostra o seu entendimento da democracia e das liberdades”


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Festival de Máscaras vai animar o Rossio O EGEAC (empresa municipal da Câmara de Lisboa) comparticipa em 20 mil euros para o festival de máscaras, mas colhe bom proveito do investimento ao tornar a Praça do Rossio centro de cultura visitado por muitos milhares de portugueses e estrangeiros. /19

O Projecto FIMI – Festival Internacional de Máscaras Ibérico vai decorrer em Lisboa de 9 a 12 de Maio. No fim-de-semana seguinte, a Projestur.net promoverá o Festival das Sopas de Peixe em Vila Velha de Ródão. Em Julho, ocorrerá em Oviedo, sob a mesma entidade organizadora, o ensaio de um projecto para mercado da saudade com fado gourmet. Será coordenado por José Silva (“Hora de Baco”, da RTP) e pelo “chef” Marco Gomes, integrando cerca de uma dezena de produtores portugueses de vinho, azeite, conservas, queijos e enchidos. Vão levar de um restaurante amarantino um prato forte de bacalhau com o apoio de uma grande empresa nacional ligada à transformação do “fiel amigo”. Para 26 a 4 de Agosto está previsto o Festival Arco Atlântico, em Gijón, nas Astúrias. Portugal far-se-á representar com a Rota do Românico, Dolmem e Adraces (Beira Interior). Esta-

rão ali presentes diversos produtos tradicionais portugueses – da Serra da Estrela, das Aldeias do Xisto, da zona de Amarante, do Alentejo, com a Adega Cooperativa Granja Amareleja e o enólogo Virgílio Loureiro. Búlgaros também presentes Em Setembro acontecerá um Festival de Máscaras Ibérico em Zamora, mas o que está à porta é a oitava edição do festival português, que vai reunir no Rossio cerca de 500 participantes (de Portugal, Espanha, França e, desta vez também, da Bulgária), os quais serão distribuídos pelas residências do Inatel e hotéis. Cada tenda a montar na praça da capital custará entre 2500 e 3500 euros, dependendo da localização e das aberturas. A organização envolverá 15 pessoas, sendo quatro dos membros da direcção da Projestur.net, que não são remunerados. Os custos do festival andarão entre os 80 e os 89 mil euros.

MAR, 28 Cultura 2013

MAI, 02 2013 /19 PONTONORTE 1

Cada tenda a montar na praça da capital custará entre 2500 e 3500 euros

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O Festival das Máscaras regressa a Lisboa. Mas, este ano, ainda passará por Zamora

A PROJESTUR. NET é uma associação cultural sem fins lucrativos fundada em 2003, de que faz parte, nomeadamente, Carlos Magno, presidente da ERC. O líder da associação (que tem sede em Lisboa) é Helder Ferreira O festival do ano passado foi motivo de grande atracção dos canais televisivos, que lhe dedicaram 12 horas de transmissão em directo e mais de 600 notícias

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Um português e um galego organizam fado gourmet

A Progestur.net é gerida, a José Manuel Diaz assumiu a vice-presidência da Progestur.net em 2012 tempo inteiro, por Helder na sequência do sucesso obtido Ferreira e José Manuel A há dois anos com a organização Progestur. Diaz, um português e da presença em Lisboa de uma net vai levar o um galego que estão fado gourmet às delegação amarantina ao FIsediados em Lisboa e Astúrias, cujo povo MI. “Pediram-me para me dedi“adora o produto Amarante, mas, apesar car ao norte do país – conta Joportuguês” da distância, evidenciam sé Manuel Diaz – e estreitar relauma coerência de trabalho ções com a Espanha aproveitando e dinâmica muito produtivas os meus conhecimentos. A experiência

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les são presidente e vice-presidente da organização. Helder Ferreira publicou recentemente “Mistérios da Semana Santa de Idanha”, com prefácio do bispor do Porto, D. Manuel Clemente. Fala de uma semana santa única no mundo e da qual está a ser preparada candidatura a património imaterial da UNESCO. No ano passado, aquele autor apresentou o volume 2 da Máscara Ibérica prefacido por Durão Barroso.

tem corrido muito bem e estamos cheios de projectos, que vão ser bem-sucedidos, como tem acontecido com o Festival de Máscaras Ibérico. A Progestur.net (www.progestur.net) está envolvida em iniciativas em Idanha-a-Nova, Penamacor e Castelo Branco e Vila Velha de Ródão através de um Proder junto da Adraces, que junta toca toda a região a nível turístico e visa criar uma agenda cultural com 12 temas para 12 meses.

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Asturianos apaixonados pelo produto português Os dois dirigentes associativos (não-remunerados enquanto tal) têm criado empresas que realizam parcerias, consultorias e exposições. Possuem um protocolo com a Fundação Luso-Espanhola que permite efectuar encontros empresariais. Está nos propósitos de Hel-

der Ferreira e José Manuel Diaz levar o fado gourmet ao mercado da saudade: Suíça, Luxemburgo, França, EUA, Canadá e Brasil. “Já reunimos com o administrador da AICEP – avança Diaz – e ele achou muito bem. Agora, vai avançar a candidatura”. Como experiência, a Progestur.net vai levar o fado gourmet às Astúrias, cujo povo “adora o produto português, é verdadeiramente apaixonado por ele”. José Silva coordenará o tema vínico, permitindo beneficiar das relações que possui.


Couves cozidas Com

água das Pedras Todos os molhos de Diva Costa

são confeccionados de acordo com ficha técnica. Mas os truques não estão lá, como o que usa na preparação da sopa de cozido: “Não tapar a panela quando se coze a couve e deitar água das Pedras. As couves (da chamada couve portuguesa) tiram-se, o mais direitinhas possível, sem as deixar desfazer e reservam-se. E deita-se fora o molho em que as couves foram cozidas”.

a sugestão de

Diva

Ementa com harmonização de vinhos: sopa de cozido; roupa velha e massa crocante; aletria dourada em pêra bêbada com bolinho de Jerimu e compota de uva (de touriga nacional)

Diva Cristina Boavista Pontes Costa vai a caminho dos 40 anos. Nasceu em S. Gonçalo de Amarante em 17 de Setembro de 1973. Começou a pintar aos 14 anos. Estudou BelasArtes, completando o 12.º ano no Liceu Garcia de Orta, no Porto. Fez provas para entrar na universidade, mas a nota para entrar na Escola Superior de Belas-Artes do Porto era ainda mais alta do que a de Medicina.

Também não levou por diante o curso de Imagem e Comunicação. Arranjou trabalho num supermercado, conheceu um galego da Corunha e… ficou na restauração.

António da Rocha Junior

C

antoniorjunior@pontonorte.pt

onstrói e repara, arranja. “Tudo”, gabase. Não manda chamar nenhum técnico para reparar electrodomésticos do seu restaurante e do seu café em Amarante. É uma especialista do “bricolage”: “Deus me livre de ficar à espera que venha aqui um técnico para arranjar o que quer que seja!”. E mais surpreende ao dizer: “Sempre detestei cozinhar. Nas sobremesas ainda lhe dava um jeito…”. A ligação à restauração começou num café do supermercado Modelo, que explorou durante oito anos com o marido,

o “seu” Manolo. Mas ainda ho- grados? “Tive formação com o je não se intitula, sequer, co“chef” Marco Gomes e evomo “cozinheira” e arraluí imenso: na maneisa o autor destas lira de confeccionar, “Não me nhas ao confessar, de fazer o prato, de peçam para ainda com as vesusar técnicas de fazer um tes da cozinha, lim- seco. Gosto de criar utilização da cepratos novos, pinha e os cabelos bola, do alho, do vi” pretos bem presos: nho…” “Não me peçam paO famoso “chef” ra fazer um arroz seco”. (que está em Macau a Parece que as coisas simples criar um restaurante) connão a estimulam: “Gosto de quistou-a para a arquitectura e criar pratos novos, complexos”. a engenharia da culinária, de tal Até às milésimas de sal… forma que, hoje, Diva tem ficha E como é que alguém que não técnica de todos os pratos que gostava de cozinhar – mais do integram a lista do seu restauque isso: “detesta” a cozinha rante: “Está lá [na ficha técnica] – ganha prémios entre consa- tudo, até às milésimas de sal”.

arroz

complexos

Culinária secção /20 Direitos reservados

Conquistada para a cozinha pelo “chef” Marco Gomes

Cozinha maravilhosamente, mas não gosta de cozinhar. Imaginou ser arquitecta e sempre gostou de construção. Cria os pratos que serve no restaurante “A Eira” com originalidade e edifica-os com maestria já premiada

Nome Artes de da

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“Tive formação com o “chef” Marco Gomes e evoluí Imenso”, reconhece Diva Costa

Diva Costa rezou para que não lhe calhasse fazer a sobremesa. Por uma simples razão: “F icaria doida, sobretudo, a empratar 150 vezes o doce tão complexo que criei”.

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Deus e uma sopa de cozido que é uma delícia… Diva apresentou o seu primeiro prato mais elaborado na Ementa d’Ouro com que o restaurante A Eira foi um dos vencedores do Concurso de Gastronomia e Vinhos Verdes (a nível nacional). Preparou uma ementa com harmonização de vinhos, com: sopa de cozido; roupa velha e massa crocante; aletria dourada em pêra bêba-

da com bolinho de Jerimu e compota de uva (de touriga nacional). Na gala dos vencedores (cinco), que decorreu no Palácio do Freixo, Diva Costa rezou para que não lhe calhasse fazer a sobremesa. Por uma simples razão: “Ficaria doida, sobretudo, a empratar150 vezes o doce tão complexo que criei. Deus ouviu as minhas preces”. Coube-lhe a sopa de cozido, que é constituída pelos seguintes elementos: orelha fresca, chouriço de carne, vitela, butelo de Bragança, couve portuguesa e pão de Padronelo (Amarante). Diz quem já a provou que é uma delícia…


As “dicas” de Diva para a sopa de cozido Não há receita que ensine a cozinhar. Quem não souber, não vai lá. E, mesmo quem sabe, por vezes, não é feliz na confeccção – e não raro não aprecia o que fez. Cada cozinheira ou cozinheiro tem o seu toque. Numa simples sopa.

As sopas podem ser fáceis de fazer, mas apresentam também as suas dificuldades. Há cuidados essenciais. Há voltas e mais voltas. As voltas da proprietária do Restaurante A Eira ficam aqui: “Primeiramente, cozem-se as carnes (orelheira fresca, chouriço de carne e vitela), com sal (à defesa), uma folha de louro e um bocadinho de azeite. O butelo de Bragança é cozido à parte. É bem cozido e picado durante a cozedura. Quando se está a desfazer, tira-se da água, que se reserva. As carnes de orelheira, vitela e butelo são, depois, cortadas aos bocadinhos, quase picadas, depois de ter havido o cuidado de separar todos os ossinhos do butelo. O chouriço é laminado. Todas as carnes são colocadas em recipientes diferentes. Com parte do caldo de cozer as carnes, cozem-se as couves (da couve portuguesa).

Põe-se a ferver o caldo restante, que é rectificado de temperos.” Até aqui, não parece difícil. Vamos lá ouvir Diva Costa a falar dos passos seguintes: “Estendem-se as couves numa mesa. Depois, as mais largas, e tenrinhas, são colocadas dentro de alumínio.No fundo, põese uma rodelinha de chouriço de carne e, depois, bocadinhos de orelheira, vitela e butelo. Fechamos e põe-se cada dose na sua forma. Vai a aquecer em banho-maria (dentro da forma) com a água do cozido. Depois de quente, põe-se cada forma no prato de sopa, virando a trouxa para dentro e removendo a folha de alumínio com cuidado. Junta-se tostas de pão torrado à volta e adiciona-se mais caldo rectificado e a fervet na hora de servir”. Muito bem: agora, se quiserem comer esta sopa de cozido criada pela Diva Costa e confeccionada pelas duas cozinheiras que colaboram com ela têm de encomendar…

BREVES

MAR MAI, 02 28 2013

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A cozinheira e o “seu” Manolo

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Os dotes de Diva Costa ficaram para sempre (enquanto for cozinheira) ligados à sopa de cozido, que faz salivar quem já alguma vez a comeu

O “SOLOMILLO” MARONÊS ao molho de pimenta com batata à roda e legumes é o prato de maronesa mais caro que se pode degustar n’A Eira:13,50 euros. Mas, por exemplo, o churrasco rodilhão maronês ou a costela mendinha com batata… grelhada (depois de assada e partida a meio) ou o cachaço maronês assado com açorda de grãode-bico (a 9,50 euros) também são apetitosas escolhas

Preferem pratos tradicionais Menus 1

Com molho de coentros Roupa ve-

lha com massa crocante Do

menu com que A Eira ganhou o concurso gastronómico faz parte uma roupa velha em massa crocante com molho de coentros (a partir da ideia do prato de Natal). Explica Diva Costa: “As batatas são cozidas em cubinhos, o bacalhau, depois de cozido, é lascado sem peles nem espinhas. A cenoura é fatiada e o ovo laminado. Coze-se massa chinesa Kataifi, que parece linho. Monta-se num aro de alumínio, pondo batata por baixo e juntando ovo cozido, bacalhau, cenoura e grelos. Rega-se com azeite. Leva-se ao forno o tempo suficiente para aquecer e dar tonalidade à massa. No final, põe-se à volta o molho de azeite com coentros (frescos, picados). E serve-se.” Bom apetite!

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A sopa da Geninha e as criações de Diva A sopa da Geninha, que os bebés adoram, as cozinheiras e as empregadas que são uma família e os sacrifícios de um casal que “não tem vida”…

Os clientes é que mandam Um erro de restaurantes e “chefs” é não respeitarem as tradições e os gostos dos clientes. Isso não se faz n’A Eira de Diva Costa e José Manuel Diaz, o “Manolo”: “Sabe qual é o bolo que mais sai aqui? Bolo de bolacha. É o que os clientes querem, e temos de satisfazê-los”, assegura Diva, que m casa, ninguém consegue meter uma tem vindo, no entanto, a procurar servir colher de sopa na boca do Tomás ou da “uma cozinha tradicional com roupagem diMariana: vão ao restaurante A Eira ferente”, esclarece Manolo. Neste cone comem dois pratos. Qual é o setexto, os rolinhos de linguado com gredo, qual é ele? É a Geninha. “A pesto e presunto em cama de “A minha filha atira-me à Geninha é minha cozinheira despuré de batata já se tornaram cara que não lhe de o princípio do restaurante e um “must”. dedico atenção. E é já tinha estado comigo no café verdade: vou a casa Apesar da crise, a vida corre – conta Diva Costa –. Eu posso bem a Diva e Manolo, que inpara dormir e tomar banho” fazer a sopa exactamente igual, ventam formas de atrair clienmas não fica com o mesmo sabor”. tes, para além das festas, que são Confirmamos: a sopa da Geninha é habituais. O pior é o tempo que não um encanto. Mas Diva não tem ciúmes: “Não sobra para terem… vida (fora os 15 dias de me importo nada que elogiem a sopa da Geni- férias em que entregam o restaurante e o canha, e as sobremesas da Geninha, pois ela, aí, fé aos seus empregados e vão descansados faz o que ninguém faz e é a cara desta casa, co- para onde quer que seja). “A minha filha atimo se fosse da família, como todos os aqui tra- ra-me à cara – confessa Diva – que não lhe balham: a Fátima, que também é cozinheira, a dedico atenção. E é verdade: vou a casa para dormir e tomar banho”. Susana e a Mónica, que trabalham na sala”.

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muito elaborados não têm saída A aletria dourada dá “uma trabalheira”. “Para isto – observa Diva – é preciso uma página”. Mas não há. Nem se pode contar tudo. O que se adianta é que quem a desejar provar tem que encomendar (pelo menos, para duas pessoas) no Restaurante A Eira o menu de degustação completo com que a cozinheira ganhou a Ementa d’Ouro. Quanto custa? “Vinte e dois euros e meio por pessoa. Com direito a bom vinho”, esclarece Diva Costa. Mas os menus muito elaborados, como este, não têm muita saída para os amarantinos e vizinhos, que preferem os pratos tradicionais, dos bacalhaus aos assados.

Vitela maronesa Ra-

ça autóctone com milhares de anos A carne é de-

liciosa de tenrura e paladar. Fala-se da maronesa, que conquista cada vez mais apetites. Era preciso mais uma página para esta raça autóctone com milhares de anos de existência. Pode começar-se no naco de vitela na grelha com batata a murro e grelos, a uns simpáticos nove euros e meio por dose…


Maio é mês de cultura em Guimarães

Os vimaranenses, e não só, vão poder usufruir de vastas iniciativas onde terão a possibilidade de estar lado a lado com a arte. Para todos, adultos e crianças, há opções que os podem colocar por dentro do que é cultura

O concelho de Guimarães vai viver um mês de Maio pleno de eventos culturais. De exposições a conferências, de passeios recheados de história a iniciativas focadas nas famílias, nada vai faltar para animar esta localidade minhota e chamar, também, visitantes de fora. No próximo dia 18, um sábado, Pedro Portugal vai guiar os visitantes pela exposição “A Arte Que É”, da sua autoria, às 10h e às 17h, no Palácio Vila Flor. “A Arte Que É” desenvolve uma reflexão sobre a especificidade do pensamento artístico em relação a áreas como a ciência ou a filosofia. No mesmo dia, no Centro Internacional das Artes José de Guimarães, haverá programa familiar. Às 11h, para famílias com crianças até seis anos, e às 17h, para famílias com crianças dos sete aos 10 anos, e a preço de

Volta a fumegar no Coliseu do Porto Trinta anos depois, estão de volta. E o Coliseu servirá de ponto de encontro. Muito mais do que dar um espectáculo, os Jafumega vêm para matar saudades

É

para jovens dos sete aos 77, a música dos Jafumega. Graças ao refrão “a ponte é uma passagem, prá outra margem”, do tema “Ribeira”, este grupo portuense andou nas bocas do mundo, desde que saiu com o “single”, no já longínquo ano de 1981. Já lá vão mais de 30 anos, mas parece que foi ontem. Muito à custa da “ponte” e da “Ribeira”, os Jafumega transformaram-se numa das bandas mais importantes do rock português. Nos dois anos seguintes, lançaram dois álbuns com canções como “Latin’América”, “Nó Cego” e “Kasbah”, entre outras, que os inscreveram na história da nossa música popular. Porém, em 1985, os Jafumega resolveram inesperadamente parar. Os seus elementos seguiram carreiras individuais e alguns deles tornaram-se figuras incontornáveis da cena musical portuguesa. “Grandes instrumentistas, com excelentes letras, algumas de Carlos Tê, deixaram na memória espectáculos que foram vistos pela crítica como verdadeiros hinos de mestria técnica”, escreveu sobre eles Luís Osório, em 2011. Entre os mais velhos, são mui-

tos são os que gostariam de voltar a ver os Jafumega em palco. Quanto aos mais novos, que apenas ouviram as suas gravações, a curiosidade é grande. Para os Jafumega, será um desafio reencontrar as suas canções 30 anos depois, após muitas passagens para outras margens, da vida e de tantas músicas. Como soarão hoje? É fácil. Poderá reencontrá-los, ao vivo, no próximo dia 24 de Maio, no Coliseu do Porto. Luís Portugal (voz), Mário Barreiros (guitarra), José Nogueira (saxofone, teclados), Eugénio Barreiros (voz, teclados), Pedro Barreiros (baixo), Álvaro Marques (bateria) voltam a reunir-se em palco para, em conjunto com todos os que com eles quiserem partilhar esta aventura, descobrir como serão os Jafumega em 2013.

cinco euros, poderá ser explorada a mostra “Para Além da História”, onde é desenhado um novo mapa de relações entre artistas e as formas produzidas. Domingo, dia 19, Catarina Pereira vai guiar os visitantes por uma exposição sobre peças de colecções locais que representam o património popular, religioso e arqueológico vimaranense. Serão os “Passos em Volta”, às 11h, no Centro das Artes José de Guimarães. Entre os dias 16 e 18, é a vez de “A Beleza”, pequena conferência sobre a beleza perante crianças e jovens. Também no Centro das Artes José de Guimarães. Finalmente, e agora exclusivamente para crianças, dia 18, Artomos e Gambozinos vão andar à solta no Palácio Vila Flor, às 15h. “Os Caminhos do Olhar” vão preencher os horizontes dos jovens, a 18 e 19, no mesmo local.

Os 100 anos da estreia de A Sagração da Primavera, de Igor Stravinsky,com a evocação de novos valores

03 mai

porto Consagração da Primavera Casa da Música 21h

Nome da& Escolhas

secção Sugestões /22 1

As cinco sábias

1

Mulheres sábias de visita a Serralves “Les Femmes Savantes” é um colectivo de cinco mulheres artistas: Sabine Ercklentz, Hanna Hartman, Andrea Neumann, Ana-Maria Rodriguez e Ute Wassermann. A Serralves, trazem, a 15 e 16 de Junho, um dos seus projectos mais recentes: um “concerto em auscultadores”. Em alternativa ao tradicional espaço acústico de audição colectiva da sala de concertos, elegem o espaço directo e íntimo da cabeça e

dos ouvidos dos espectadores como espaço de audição. A música que o público ouve concentra-se em micro-estruturas amplificadas, como que ampliadas pela lente de um microscópio, sublinhando a capacidade característica da percepção auditiva de penetrar a superfície dos objectos e da matéria para revelar e explorar o seu mundo interior. Ao público, todo ele equipado com auscultadores, abre-se a porta à intimidade com objectos e matérias através das suas características e possibilidades sonoras. Este concerto tem o apoio do Goethe Institut e integra-se no seu 50º aniversário em Portugal.

Theatro Circo “Nunca Estive em

Bagdad” O Theatro Circo, em Braga, vai

receber no próximo dia 16, quinta-feira, a peça “Nunca Estive em Bagdad”, pela Escola da Noite. Tratase de uma interpretação que narra a história de um casal português que muda de casa durante a Guerra do Iraque, em 2003, e vai confrontarse com dilemas íntimos motivados pelo conflito e suas implicações. Mesmo assim, e apesar do quotidiano de guerra, tentará prosseguir uma vida normal. Maria João Robalo e Miguel Magalhães compõem o elenco.

Ana Paula Machado tem a palavra, em mais uma sessão das “Conversas em torno de uma peça”, no dia 25 de Maio, no Museu Nacional de Soares dos Reis. A “conversa” será desta vez sobre 26 placas de esmalte, de Limoges, com cenas da “Pequena Paixão”, de Durer. A proliferação de peças deste género levantou muitas dúvidas quanto à sua genuinidade. No entanto, a colecção do museu portuense é considerada uma referência a nível europeu. Museu Nacional de Soares dos Reis, Palácio dos Carrancas Telf.: 223 393 770 mnsr@mnsr.dgpc.pt


Salários ok V.

Guimarães inscrito na UEFA O V.

Guimarães regularizou os salários com três ex-atletas – Vítor Bastos, Rafa e Kaká – e, assim, preencheu todas as formalidades necessárias para a inscrição nas provas da UEFA da próxima época. Os vimaranenses estão na final da Taça de Portugal e são sextos no campeonato.

Vila Real Futebol

em vez de piscinas Manuel Martins, presidente

da Câmara de Vila Real, anunciou que a autarquia desistiu do projecto das piscinas do Calvário e substituiu-o pela colocação de relva sintética no campo de futebol. “Não estavam reunidas as condições financeiras para o avultado investimento” das piscinas, justificou.

Bandeiras azuis Gaia

e Porto mantêm, Matosinhos perde A Associação Bandeira Azul da

Europa revelou que o Porto e Vila Nova de Gaia vão manter este ano as mesmas bandeiras azuis que em 2012 – 3 e 18, respectivamente. Pelo contrário, Matosinhos perdeu duas, Pedras Brancas e Conchinha, e fica com um total de 11.

Independente Guilherme

na corrida a Gaia José Guilherme

Iniciativas JS

contra a austeridade O secretário-geral da

Juventude Socialista (JS), João Torres, deu ontem início a um Roteiro da Austeridade. A primeira etapa passa pela Madeira, onde a JS tem previstas diversas iniciativas, até amanhã. Tudo contra “as políticas cegas de austeridade implementadas pelo Governo”.

Guimarães 2013 Governo

dá 100 mil euros O Instituto

Aguiar vai mesmo concorrer como independente à Câmara de Gaia. Actual vereador em Matosinhos, chegou a ser indicado pela Concelhia de Gaia pelo PSD, liderada por Luís Filipe Menezes, mas viu o seu nome ultrapassado por Carlos Abreu Amorim. A candidatura é formalizada esta semana.

Português do Desporto e Juventude e a Guimarães Cidade Europeia do Desporto 2013 assinaram um protocolo que prevê a entrega por parte do Governo de 100 mil euros àquela entidade. O valor é considerado “insuficiente” pela organização do evento para a construção de uma nova academia.

Guilherme contra Amorim

Ontem

BREVES

Aconteceu

MAI, 02 2013 /23

PONTONORTE 1

O presidente da Câmara novamente na mira da oposição

2

“O GNRation é uma boa ferramenta para a juventude” diz Mesquita Machado

Quando a receita cai tanto, acabase por ter um excesso de prudência do lado da despesa”

Rui Rio

Contas da Câmara do Porto revelaram dívidas aos bancos num valor superior aos 100 milhões de euros

1

Rui Rio gaba-se de ter poupado em demasia

As contas da Câmara do Porto de 2012 denunciaram um superavit maior do que o previsto. Rui Rio defende-se dizendo que as receitas ficaram a desejar e, por isso, não houve como realizar despesa. A oposição desconfia O presidente da Câmara Municipal do Porto, Rui Rio, admitiu que as contas da autarquia referentes a 2012 revelam que “o superavit foi maior do que poderia ser e que houve um excesso de prudência do lado da despesa”. De acordo com o “Jornal de Notícias”, Rui Rio proferiu estas declarações na sequência da aprovação pela Assembleia Municipal das contas de 2012, as quais revelaram, segundo a mesma fonte, uma dívida aos bancos superior a 100 milhões de euros. A oposição denunciou que Rio “esconde números” e cri-

ticou também o curto investimento realizado pela Câmara. O autarca defendeuse afirmando que o superavit em 2012 “foi maior do que poderia ser pois quando a receita cai tanto, acaba-se por ter um excesso de prudência do lado da despesa”. Entretanto, a Sociedade de Reabilitação Urbana (SRU) do Porto anunciou que está a estudar como agir “do ponto de vista legal” ao chumbo das contas da empresa e ainda à dívida de 2,5 milhões de euros por parte do Executivo, devida desde os anos de 2010 e 2011. De acordo com a Câmara do Porto, citada pela Agência Lusa, “no plano político estão a ser tentadas diversas vias para tentar explicar ao Governo a reabilitação urbana no Porto”. A SRU está desde Dezembro sem presidente. As contas do ano passado foram chumbadas pelo accionista maioritário, numa assembleia geral realizada no passado dia 18 de Abril. O PS, na oposição, foi cáustico: “As contas foram chumbadas e agora não se sabe. Ou há vigarice ou má gestão”, acusou o vereador Manuel Correia Fernandes.

Porto Câmara

não desiste da Feira do Livro A Câmara do

2

Mesquita Machado acredita no GNRation

Foi ontem inaugurado em Braga o GNRation, um espaço onde a juventude pode encontrar soluções criativas, tendo em vista o futuro no mercado de trabalho. Uma forma de tentar combater o calvário do desemprego jovem. Mesquita Machado, presidente da Câmara de Braga, disse ontem que o GNRation, estrutura bracarense que estimula o trabalho criativo, pode ser o “local ideal” para a juventude “dar largas à sua criatividade”. Para o autarca, “é preciso dar ferramentas à

juventude para se poder preparar para o mercado de trabalho”, que visitou o GNRation, nas antigas instalações da GNR, e assinalou a entrada em funcionamento deste equipamento destinado à criatividade artística e digital, e ao empreendedorismo. “O GNRation é uma boa ferramenta para a juventude aprender novas coisas e criar os seus negócios. Estou certo de que vai ter um grande futuro”, disse Mesquita Machado. Por seu lado, o vereador da Juventude da autarquia de Braga, Hugo Pires, aproveitou a ocasião para referir que o concelho não irá render-se ao desemprego e tem pela frente “um futuro de rigor e sentido estratégico”. O dia de ontem foi preenchido por eventos no GNRation, que foi inaugurado a 1 de Maio, Dia do Trabalhador, para celebrar, segundo a organização, “o empreendedorismo, a vida criativa e o futuro”.

Porto anunciou, em comunicado, que é favorável à edição deste ano da Feira do Livro da cidade, embora exija “condições mínimas” para a sua realização. A Feira do Livro foi suspensa pela Associação Portuguesa de Editores e Livreiros, depois de a autarquia não ter prorrogado o protocolo anual de apoio, no valor de 75 mil euros. O assunto dominou a última reunião do executivo portuense, anteontem, durante o qual os vereadores da oposição, PS e CDU, apelaram ao consenso e a que a Câmara viabilize o evento.

Bebidas brancas Proibi-

ção a menores

Entrou ontem em vigor a lei que prevê a disponibilização ou consumo de bebidas espirituosas a menores de 18 anos, e de cerveja e de vinho, a menores de 16. À Lusa, o secretário de Estado adjunto do ministro da Saúde, Fernando Leal da Costa, destacou que a legislação veio trazer mecanismos mais eficazes de fiscalização, que passam a poder encerrar os estabelecimentos, para efeitos de recolha de prova. Os menores ficam ainda proibidos de consumir álcool em locais públicos ou abertos ao público.


EDITORIAL Alfredo Barbosa Director

alfredobarbosa @pontonorte.pt

lico

À espera da decisão do mais cínico maquiavé-

Mesmo alguns social-democratas (bem conhecidos) só percebem a “teimosia” de Vítor Gaspar em aprofundar a austeridade e cortar milhares de milhões de euros na despesa à luz de uma agenda pessoal, como começou por ser falado na Irlanda e esteve na base da manchete do Expresso na semana passada, com todo o mal-estar existente no Conselho de Ministros. Não entendem, porém, a obstinação de Pedro Passos Coelho na defesa do seu ministro das Finanças, admitindo quem conhece bem o primeiro-ministro que ele não recuará no apoio, não adoptará, neste caso, procedimento semelhante ao que seguiu relativamente a Miguel Relvas.

Olimpíadas nacionais de informática Final decorre

no Porto Os 28 finalistas já

seleccionados competem amanhã por um lugar na final internacional da prova, a decorrer entre os dias 6 e 13 de Julho em Brisbane, Austrália. A final da prova nacional vai decorrer nas instalações do Departamento de Ciência de Computadores na Faculdade de Ciências da Universidade do Porto. As Olimpíadas Nacionais de Informática, que já se realizam desde 1984, são organizadas pela Associação para a Promoção e Desenvolvimento da Sociedade da Informação, em parceria com a Faculdade de Ciências do Porto. Dirigidas a estudantes do ensino básico

e secundário, o objectivo é promover o gosto pela programação nos jovens. Amanhã, os jovens apurados vão realizar provas presenciais e individuais. Depois disso, a organização vai divulgar o número de representantes nacionais nas Olimpíadas Internacionais.

vão misturar-se com o povo, e haverá pessoas a desfilarem trajadas à época, desgarrada e muita dança. Estas são só algumas das actividades que serão desenvolvidas nesta festa tão tradicional de Vila Nova de Famalicão. Por ser uma feira do Minho, os produtos tradicionais da região também vão marcar presença. Haverá enchidos, mel, queijos, compotas, entre muitos outros. Para além disso, os visitantes vão ter ainda a oportunidade de apreciar e adquirir gado bovino, caprino, suíno, cavalos, aves de capoeira e mais.

Feira Franca de Maio Regressa

a Famalicão

Durante três dias, os Famalicenses vão ter a oportunidade de vivenciar de perto os costumes próprios da terra. A Feira Franca de Maio, também conhecida como Feira das Trocas ou Feira do Burro, arranca hoje e a organização promete muita animação. Os tocadores e os dançarinos dos grupos etnográficos do concelho

Impresso em papel que incorpora 30 por cento de fibra reciclada, com tinta ecológica de base vegetal

Queima das Fitas

Durante uma semana, a festa académica vai animar milhares de estudantes universitários da cidade do Porto. De dia e de noite

6.ª f

2 MAI

HOJE

O céu vai apresentar-se pouco nublado ou limpo. As temperaturas mínimas serão de 23 graus e máximas de 12º

2.ª f

23.º 12.º 19.º 10.º

1

sáb. 3.ª f

22.º 9.º 23.º

dom 4.ª f

9.º

19.º 9.º 26.º

/24

13.º

BREVE

Director Alfredo Barbosa

«Há quem pense que Paulo Portas se cansou de participar numa encenação que já não permite nada de prodigioso e que estará a gerir ao milímetro o momento em que sairá do governo” Passos Coelho está amarrado à estratégia de Gaspar e irá com ele para o fundo, de nada adiantando as críticas e as previsões de Marcelo Rebelo de Sousa na TVI, onde é um “one man show” que torna absolutamente indiferente a presença da jornalista Judite de Sousa. Mas não são apenas os social-democratas que aguardam o pior da obstinação pela austeridade de Gaspar e Coelho. Democratas-cristãos também. E começam a sair do “isolamento” e a sugerir que o melhor será deixar pelo caminho o PP se Paulo Portas insistir em governar o partido como seu dono e em fazer no governo o que o seu tacticismo político aconselha. No entanto, Portas é muito diferente de Coelho. É dotado de uma intuição rara, é muito esperto e inteligente e já perdeu a conta aos cadáveres que meteu no armário. Tem nervos de aço, torna a frieza glacial e é o mais cínico dos maquiavélicos gerados pela política nacional. Mas há quem pense que Paulo Portas se cansou de participar numa encenação que já não permite nada de prodigioso e que estará a gerir ao milímetro o momento em que sairá do governo com mais uma importante cabeça para juntar ao número dos adversários políticos que deixou pelo caminho… O afastamento das peças no tabuleiro é evidente. Vale a pena reflectir sobre o que escreve Luís Miguel Novais na sua crónica do “Norte adormecido” que hoje publicamos.

Última

alfredobarbosa@pontonorte.pt

Chefe de Redacção Manuel Almeida

manuelalmeida@pontonorte.pt

Director de Arte Carlos Alves carlosalves@pontonorte.pt

Editora do jornal digital Diana Ramos Ferreira dianarferreira@pontonorte.pt

Redacção Diana Ramos Ferreira Pedro Emanuel Santos pedroesantos@pontonorte.pt

Susana Ferrador susanaferrador@pontonorte.pt

Colaboração fotográfica Emanuel Rocha emanuelrocha@pontonorte.pt

Gabriel o Pensador no arranque da Queima do Porto

na Avenida dos Aliados. A noite é, uma vez mais, de festa: José Cid e Os Azeitonas vão tomar conta do palco. O Dia da Beneficência e do Concerto Promenade é na segunda-feira. Ao palco sobem os Block Party e os Supernada. Para terça-feira, está reservado um dos momentos mais esperados do ano para os estudantes: o Cortejo Académico, onde a cidade do PorA Queima das Fitas do Porto to pára para ver os estudantes. A noicomeça a aquecer na madrugada te é, por norma, uma das mais animadas, sendo a vez de Quim Barreiros e a de sábado. Gogol Bordello, Block Banda Red entrarem em palco. Party e Gabriel o Pensador constituem-se como cabeças de cartaz O XXVI FITA – Festival Ibérico de Tunas Académicas realiza-se na quarta. do programa apresentado pela No Queimódromo, é a vez de Mónica Federação Académica do Porto Ferraz e os Expensive Soul animarem a estudantada. A vez dos Knife Party e dos The Frederik darem o seu contriMonumental Serenata que, esbuto a uma das principais festas acate ano e contrariando a démicas do país chega na quintradição, vai decorrer ta-feira. Para na Avenida dos Aliados, asterça-feira, Os Xutos & Pontapés e os sinala na madrugada de Quinta do Bill farão a recepestá reservado um dos momentos sábado o início da Queição dos estudantes na sexma das Fitas do Porto mais esperados do ta-feira. No sábado, a enano: o Cortejo cerrar a festa, actuam os 2013. No Queimódromo, Académico Gogol Bordello e os Brass são os ritmos de CruzaWires Orchestra. Finalmente, a mente e Gabriel vo Pensador tarde de domingo, que marca ofia animar a noite de centenas de cialmente o encerramento da Queima jovens estudantes. das Fitas, é passada na Garraiada, na O domingo começa com a Missa da Praça de Touros da Póvoa de Varzim. Bênção das Pastas, às 11h, que decorre

A

Departamento Comercial Abel Ribeiro abelribeiro@pontonorte.pt

Entrada no Queimódromo Bilhete sema-

nal custa 56 euros A tão desejada entra-

da no recinto onde tudo pode acontecer tem um custo de 56 euros, caso os estudantes prefiram comprar o bilhete semanal. Quanto aos ingressos diários, têm um custo de 7,5 euros para os estudantes e de 14 euros para os não estudantes. Estes preços sofrem um aumento de 50 cêntimos nas noites de quinta-feira, sexta-feira e sábado. A Casa do Infante acolheu, na terça-feira, a apresentação do cartaz completo das noites da Queima das Fitas do Porto. Durante o evento, a vice-presidente da Federação Académica do Porto (FAP), Sara Bastos, preferiu destacar a importância do evento académico “do ponto de vista cultural” e financeiro. Também o vereador da Câmara Municipal do Porto António Sousa Lemos se referiu à Queima como um acontecimento “virado para o exterior – cidade, região e País”, sendo por isso “um dos maiores eventos ao nível do distrito”.

Correspondência Praça Coronel Pacheco, 33 - 4050-453 Porto Endereço da empresa Poder da Narrativa - Edições, Lda Rua do Almada, 679 - Sala 103-1.º, Porto Impressão Unipress Distribuição Vasp Tiragem 10 000 Depósito legal n.º 356985/13 Propriedade Poder da Narrativa – Edições, Lda Contribuinte 510193277 Capital social 5000 euros Gerência Patrícia Teixeira

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Gabriel o Pensador volta a Portugal


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