reportagem Oferta para a comunidade gay floresce no Porto Director
Miguel Ângelo Pinto Número 1 | Novembro 2.80 Euros
magazine
PEdro Arroja “A mudança está para breve”
entrevista
presidente do infarmed
Um homem do Norte no combate à fraude do medicamento
Mesa ao Vivo 4 a 7 Dezembro - Portugal e Brasil trocam sabores
abertura
| editorial |
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Abertura
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Entrevista Eurico Castro Alves
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Opinião Daniel Serrão
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Actualidade Mesa ao Vivo
Recomeço
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Reportagem
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miguel ângelo pinto
Actualidade Nuno Botelho
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Actualidade Centro de Reabilitação do Norte
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. É um lugar-comum dizer que nada se perde, tudo se transforma. O que, no caso, de que não é inteiramente verdade. Esta revista que agora chega às bancas perde o imediatismo do semanário que a precedeu, mas ganha na profundidade com que os temas são abordados e no tempo disponível para o debate de ideias. E isso é fundamental para uma região que continua a não aprender com os erros do passado e que insiste em deixar morrer as suas vozes, para continuar o berreiro inútil contra Lisboa e o Terreiro do Paço. Mas a triste realidade é que esse berreiro não vai além das portagens de Grijó, perdendo-se num fiozinho de voz inaudível às portas de Vila Franca de Xira. Por isso, esta é também uma história de resistência, que começou em 2009 e que se recusa a morrer sem dar luta. A GRANDE PORTO Magazine quer assumir-se como um espaço privilegiado para o debate em torno das grandes questões que dizem respeito ao Norte e que raramente conseguem espaço mediático nos órgãos de comunicação ditos nacionais. Queremos dar espaço às gentes que têm algo para contar, aos protagonistas que nunca têm palco, aos empreendedores de quem nunca ninguém ouviu falar. Era o mesmo propósito que tínhamos enquanto jornal semanário? Sim, era, mas esta é uma realidade que se mantém cada vez mais actual. O Norte precisa de afirmar-se, não contra ninguém, mas por si. E nós queremos continuar a dar um pequeno contributo para isso.
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. Rui Rio recusou presidir ao Banco de Fomento que vai ter sede na Invicta. Acredito que o ex-presidente da Câmara do Porto não tenha gostado de liderar com um modelo previamente definido ou que esteja mesmo decidido a um período de nojo no que a responsabilidades públicas diz respeito. No entanto, também me parece certo que Rio recusou um presente envenenado de Pedro Passos Coelho. O primeiro-ministro sabe perfeitamente que Rio é já uma enorme sombra a pairar sobre si. Com a situação do país a agravar-se, multiplicam-se as vozes que olham para Rui Rio como o homem providencial para o PSD. Daí não ser despiciendo considerar que o ex-autarca portuense disse não a uma gaiola dourada que o tiraria do centro da luta pelo poder em que inevitavelmente o PSD vai cair. E por muito que diga que não tem ambições políticas, Rio terá uma das mais fortes palavras a dizer no pós-Passos Coelho.
Actualidade Miguel Guimarães
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Roteiro
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Negócios Pedro Arroja
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Cultura George Hein
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Reportagem
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Opinião Manuel Queiroz
Direcção Miguel Ângelo Pinto Editora Isabel Cristina Costa Redacção Ana Caridade, João Queiroz, Pedro José Barros, Sérgio Pires Fotografia Ivo Pereira Departamento Gráfico Pedro Cunha Secretariado Mónica Monteiro (Administração), email: geral@grandeportomagazine.pt Revisão José Barbedo Magalhães Departamento Comercial email: geral@grandeportomagazine.pt Contactos Rua Guilhermina Suggia, 224, 1º Sala 8 4200-318 Porto Tel: 220 981 317 | Fax: 220 981 328 email: geral@grandeportoonline.com Correspondência Apartado 4130, E. C. Município Porto, 4002-804 Porto Registo Provisório na ERC Nº 125709 Impressão Multiponto Distribuição Vasp Tiragem 5 000 Depósito Legal 298025/09 Propriedade Sojormedia Norte SA Contribuinte Nº 508 853 540 Capital social 73 mil euros Detentores de mais de 10% do capital Rogério Gomes Administração Rogério Gomes
assinaturas@grandeportoonline.com
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entrevista
O presidente do Infarmed rejeita que haja uma falta generalizada de medicamentos em Portugal, mas não enjeita que há alguns comportamentos à margem da lei que causam perturbações no sistema. Entrevista com o homem do Norte que está à frente da política do medicamento. Textos
Miguel Ângelo Pinto Fotos
IVO PEREIRA
Era difícil ser mais portuense. Eurico Castro Alves, presidente do Infarmed, nasceu na Invicta há 52 anos, na Rua Nossa Senhora do Porto. Foi aqui que fez grande parte do seu trajecto académico, primeiro no Colégio Almeida Garrett e depois no Liceu D. Manuel II, actual Rodrigues de Freitas. A Faculdade de Medicina do Porto foi o passo seguinte para uma carreira toda ela ligada à Medicina, onde tem a especialidade de cirurgia geral. Completou a sua formação na Southern Illinois University Medical School e no Cook County Hospital of Chicago, em Illinois nos EUA, onde lhe é conferido também o grau de Instrutor em Advanced Trauma Life Sup-
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“Há comportamentos ilícitos de distribuidores e farmácias” port pelo Comité de Trauma do Estado de Illinois. É pós-graduado em Gestão pela Universidade Católica/Ordem dos Médicos, Liderança e Networking pela Universidade Nova de Lisboa, Programa de Alta Direcção de Instituições de Saúde pela Associação de Estudos Superiores de Empresa – AESE Business School, em Program Advanced Management pelo Instituto de Estudos Superiores Financeiros e Fiscais no Porto e ainda formado em Media -Training. O seu lugar de base é no quadro médico do Hospital Geral de Santo António, no Porto, obviamente, na qualidade de consultor/assistente graduado de cirurgia geral. Na unidade desempenhou as funções de adjunto da direcção do Internato Médico e de adjunto do presidente do Conselho de Administração. Assumiu ainda a direcção do Gabinete de Relações Públicas. Ainda neste hospital idealizou, propôs e elaborou o projecto do Centro Integrado de Cirurgia de Ambulatório. Foi vogal do conselho directivo da Entidade Reguladora da Saúde, onde criou o sistema de fiscalização do cumprimento dos requisitos legais de Qualidade dos Prestadores de Cuidados de Saúde. No plano académico é professor auxiliar convidado da cadeira de Cirurgia da licenciatura em Medicina do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar, professor convidado e coordenador de pós-graduações na área da saúde na Universidade Lusíada. Amante de música, estudou piano du-
rante 12 anos no Conservatório do Porto e ainda hoje, muito em privado, não deixa de exercitar os seus dotes, não obstante classificar as suas performances como “péssimas”. Nos últimos tempos, amigos como Manuel Serrão e Juca Magalhães pegaram-lhe o bichinho do golfe, modalidade que pratica com regularidade e onde detém um handicap de 24. O facto de ser um homem do Norte à frente dos destinos da autoridade máxima do medicamento em Portugal, sediada em Lisboa, não lhe trouxe qualquer dissabor. “Há pessoas boas e más em todo o lado”, diz à GRANDE PORTO Magazine, frisando ter sido muito bem recebido na capital. No entanto, confessa, “”chego à sexta-feira com uma enorme vontade de regressar ao Porto”. Afinal, é onde está a família, que mesmo à distância “está sempre no coração”. Não vê os cargos públicos que vem ocupando como uma opção de carreira. “Encaro como uma missão e no fim regressarei à casa-mãe, que é o Hospital de Santo António”, afiança. Portista convicto, vai ao Dragão sempre que pode assistir aos jogos, mas não embarca em críticas sobre o momento da equipa. “Como bom portista que sou, não desanimo e sei que tudo há-de melhorar”. Paulo Fonseca agradece o voto de confiança. Na conversa com a GRANDE PORTO Magazine, falou sobre outro desafio: as mudanças na política do medicamento em Portugal. E aí, o resultado é ainda mais incerto.
entrevista
“Queremos equidade entre cidadãos” Completou em Setembro um ano de mandato como presidente do Infarmed. Como considera a experiência até agora e que balanço faz? Considero que tem sido uma experiência bastante gratificante que me incute um sentimento diário de estar a cumprir um serviço público de grande importância estratégica para o nosso país e, sobretudo, ao cidadão. Em termos de balanço de um ano de mandato destacaria os nossos contributos para a preparação e sustentação das decisões do Ministério da Saúde, no âmbito da política do medicamento. Num contexto de uma intervenção externa, as actividades que o Infarmed desenvolve derivam das orientações estratégicas para o sector, para as quais temos vindo a desenvolver um trabalho tecnicamente sólido e sustentado. No plano internacional consolidou-se a posição do Infarmed como agência de referência a nível internacional, nomeadamente no âmbito do Sistema Europeu de Avaliação de Medicamentos e no âmbito dos Laboratórios Oficiais de Controlo de Medicamentos na União Europeia. Refira-se, a título de exemplo, a qualidade técnico-científica e o trabalho desenvolvido que permitiu ao Infarmed posicionar-se em 3.º lugar como Estado Membro de Referência, entre as 27 agências, e ser a 6ª agência cujo laboratório mais activamente participa no sistema europeu de comprovação de qualidade. Há cooperação com instâncias internacionais? No âmbito da cooperação salientaria a criação do FARMED – Fórum das Agências Reguladoras do Medicamentos do Espaço Lusófona, uma ideia original do Infarmed à qual aderiram todos os representantes destes diferentes países, que reunirá formalmente pela primeira vez em Lisboa, ainda em Novembro, e do qual o Infarmed assumirá a primeira presidência. A nível interno, foram implementadas medidas de consolidação orçamental e de gestão de recursos humanos e materiais particularmente rigorosas
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sabia que Toca piano e guitarra, mas só exibe os seus dotes musicais para os amigos íntimos Pratica golfe, um bichinho que lhe foi passado por amigos como Manuel serrão e Juca Magalhães Portista convicto, sempre que pode não perde um jogo no Estádio do Dragão Mantém boas relações em todos os sectores da sociedade, independente das cores políticas Dedica uma manhã por semana ao exercício da Medicina no Hospital de Santo António Dá aulas no Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar
em algumas áreas, nomeadamente as de participação em reuniões internacionais e as associadas a publicações impressas, que permitiram uma redução global de custos de operação de 10%. Apesar da contenção exercida foi possível reforçar o mapa de pessoal do Infarmed com 54 postos de trabalho, implementar diversas medidas no âmbito do clima organizacional e reforçar a qualificação dos colaboradores, nomeadamente através do aumento de 91% do número de horas de formação. Concluindo, os desafios têm requerido muito envolvimento mas, numa perspectiva geral, com empenho e espírito de missão que referi, o balanço é bastante positivo. O Ministério da Saúde definiu seis centros que podem recorrer a fármacos inovadores em especialidades como a oncologia e a oftalmologia. A Ordem dos Médicos diz que esta medida pode levar ao racionamento. Qual a posição do Infarmed sobre esta questão? Era urgente resolver uma situação que criava desigualdades entre cidadãos do nosso país e que fazia depender o acesso de determinados doentes a medicamentos de que necessitavam em função do hospital que os assistia. Esta sim, era uma situação de desigualdade que se corrigiu através de um processo que confere, claramente, maior equidade, celeridade nos processos e transparência nas regras de utilização excepcional de medicamentos que se encontrem em fase de avaliação prévia. Esta avaliação prévia analisa o valor terapêutico acrescentado de um novo medicamento o qual, quando é reconhecido o seu valor positi-
entrevista
“Até final do ano contamos fazer 900 inspecções” Valor médio das coimas é de 7.300 euros
Acha que a indústria farmacêutica está sensibilizada e cooperante para o esforço de poupança que o Serviço Nacional de Saúde tem vindo a fazer na área do medicamento? O actual contexto provoca uma forte pressão nos agentes económicos do país, incluindo a indústria farmacêutica. Seria impossível não reconhecer o importante contributo que a indústria farmacêutica tem realizavo, poderá ser utilizado nos hospitais do Serviço Nacional de Saúde (SNS). do no âmbito dos esforços de reduO que se pretende com estas regras ção de despesa com medicamentos, não é limitar, mas sim reforçar as conrealidade já traduzida em diversos acordos entre a APIFARMA e o Minisdições de equidade, entre cidadãos, no acesso às terapêuticas quando detério da Saúde. Por se reconhecer eslas necessitam e aumentar signifise contributo, e porque é importante para o país ter uma indústria farcativamente a celeridade dos processos. Com a criação macêutica economicamente Medida dos seis Centros Especiasólida, consideramos releNovas regras criam lizados para Utilização vantes os contributos que normas mais claras Excepcional de Medicapossam fortalecer esta ine transparentes no que respeita mentos será possível obdústria e a economia naao preço dos ter uma definição e harcional. Por isso, o Infarmed medicamentos tem vindo a trabalhar em esmonização de quais os critérios clínicos que permitem treita articulação com a indúsa inclusão de doentes em tratatria farmacêutica de base nacional, com o objectivo de agilizar e flexibimentos que requeiram este tipo de autorizações. Desta forma será possílizar os nossos procedimentos intervel um acesso equitativo entre doennos de forma a criar condições adetes nas mesmas condições clínicas quadas e favoráveis ao reforço das em determinada patologia e, de igual exportações e da internacionalizaimportância, ter uma avaliação dos ção dessas empresas. Essencialmenresultados obtidos, o que não acontete temos procurado que os procescia até agora. Por outro lado, estas nosos de exportação decorram de forvas regras criam normas mais claras e ma ágil e expedita, evitando que as transparentes no que respeita ao preempresas se deparem com barreiras desnecessárias à realização dos seus ço dos medicamentos adquiridos por investimentos. estas autorizações. Recordo que esta medida, e estes centros de referência, aplicam apenas a medicamentos inoQuantas ações de fiscalização leva o Infarmed a cabo anualmente? Qual o vadores ainda em processo de avaliavalor médio das coimas aplicadas? ção prévia e que abrange um ínfimo número de casos, na ordem das pouO número de inspecções varia de ano para ano, consoante os temas mais cas centenas.
preocupantes. Este ano focalizamos muito a atenção da nossa actividade inspectiva nas falhas de medicamentos. Até ao final de 2013 prevemos concluir um total de 900 inspeções em todo o circuito do medicamento. Contudo, e no que se refere à dispensa de medicamentos, temos um plano de inspecções alinhado que prevê a visita à totalidade das farmácias do território de Portugal continental num prazo de dois anos. O valor resultante dos processos de contraordenação depende da gravidade da situação encontrada e estes nem sempre resultam em coimas. As sanções dos processos de contraordenação podem ir desde a advertência à aplicação da coima máxima que corresponde a 44.890€. Este ano, e até ao momento, o valor médio das coimas aplicadas é de cerca de 7.300€. O Infarmed tem os meios humanos e materiais necessários para fazer face à sua missão? O Infarmed desempenha um papel muito importante de defesa da saúde pública. Como todas as instituições, e tendo em conta o contexto actual, o Infarmed tem tido a capacidade de adaptar a sua dimensão de recursos humanos às circunstâncias, gerindo-os de forma inteligente e extraindo o seu melhor.
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“Não há resistência aos genéricos” Entre Janeiro e Setembro houve um crescimento de 19%
O Infarmed acusou os médicos de prescreverem os medicamentos mais caros. Continua a haver resistência aos genéricos? Porquê? O Infarmed não fez essa acusação. Posso, no entanto, referir que o mercado de medicamentos genéricos em Portugal tem tido um crescimento progressivo nos últimos anos o que me leva a concluir que não existem razões para admitir que haja, actualmente, qualquer tipo de resistências. Os últimos dados, referentes ao período entre Janeiro e Setembro deste ano, evidenciam um aumento em número de embalagens de cerca de 19% face ao período homólogo. Estes dados colocam a quota de mercado de genéricos, em volume, em 39,0%, assinalando um crescimento de três pontos percentuais comparativamente a Setembro de 2012. Estes dados não evidenciam qualquer resistência aos medicamentos genéricos, antes pelo contrário. E neste aspecto
será justo reconhecer o papel dos médicos e das farmácias para estes resultados, quer num contexto da aplicação da prescrição por denominação comum internacional, quer na procura de soluções terapêuticas de menor custo para os seus doentes e os seus utentes. Saliente-se ainda o papel decisivo que o crescimento do mercado de medicamentos genéricos tem tido na redução de despesa de medicamentos, revertendo essa redução em poupanças não só para o SNS mas também para o cidadão. No entanto, existe ainda um grande potencial de crescimento deste mercado com impacto acrescido na redução geral de despesa com medicamentos. Tal poderá vir a verificar-se com a entrada de novos medicamentos genéricos já no próximo ano uma vez que, aquando da sua entrada no mercado, o seu preço é automaticamente 50% inferior ao medicamento de referência.
Saliente-se o papel decisivo que o crescimento do mercado de medicamentos genéricos tem tido na redução de despesa de medicamentos
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Continuam a surgir relatos sobre a falta de alguns medicamentos. Há dificuldades das farmácias? Se sim, a que se deve? O Infarmed tem dedicado especial atenção ao tema da falta de acesso a medicamentos, quer através de acções de monitorização e fiscalização, recorrendo a acções inspectivas no terreno, quer através da recolha de informação. No último ano o Infarmed realizou 349 inspecções especificamente sobre as falhas de medicamentos, quatro campanhas de inquéritos telefónicos para recolha de informação junto de farmácias, num total de 2 635 contactos efectuados. Os últimos dados de que dispomos, através de dois sistemas de comunicação, um para farmácias e outro para utentes, ambos criados também pelo Infarmed ainda em 2012, demonstram que essa é uma realidade que tem vindo a diminuir substancialmente. As dificuldades verificadas, pontuais, resultam da conjugação de vários factores. A exportação de medicamentos realizada à margem da lei, o actual modelo de gestão de stocks praticado pelas farmácias, mais reduzido por razões económicas, e as ruturas de stock com origem no fabricante. Não há privação, é isso? A conjugação destes factores embora cause perturbações no abastecimento de medicamentos no circuito de distribuição e dispensa, e na sua disponibilidade no momento em que o doente se desloca à farmácia, não se consubstancia em qualquer privação do seu acesso. No entanto, importa minimizar o impacto destas situações. Por isso, estão já consagradas na legislação algumas propostas do Infarmed que visaram precisamente actuar numa dessas causas, nomeadamente a divulgação e manutenção de uma lista de medicamentos essenciais sobre os quais os fabricantes e distribuidores estão obrigados a comunicar as quantidades de medicamentos que colocam no mercado e outra lista de medicamentos considerados essenciais para os quais é necessária uma notificação prévia sempre que se pretenda proceder à sua expor-
entrevista
tação. No plano preventivo ainda, e de forma a capitalizar o conhecimento adquirido no seguimento das acções que descrevi, criou-se um grupo de trabalho interno, cuja missão é acompanhar, propor e implementar medidas de mitigação de eventuais problemas de falhas de medicamentos e, acima de tudo, manter uma prevenção activa de futuras situações. Confirma que existem casos de exportação ilegal de medicamentos? Quais os mais exportados e para que mercados? Existem comportamentos ilícitos, por parte de distribuidores e farmácias, com o intuito de proceder à exportação de medicamentos. Mas, como referi, essa não é a razão principal para as falhas de medicamentos reportadas. Das inspecções que realizamos foi possível constatar que os medicamentos mais exportados são antipsicóticos, antipiléticos, anticonvulsionantes e algumas insulinas. Os principais mercados para esta exportação situam-se nos países nórdicos, onde estes medicamentos são mais caros.
Concorda com a existência de incentivos às farmácias para que promovam a venda de genéricos mais baratos? Enquanto entidade reguladora, o Infarmed procura trabalhar em conjunto com todos os parceiros de modo a identificar possibilidades para melhorar a eficiência do circuito do medicamento, em benefício de todos os envolvidos e sobretudo do cidadão. Neste âmbito, considero que não pode ser desconsiderada a oportunidade de se utilizar a capacidade instalada das farmácias a nível nacional. Tal utilização poderá traduzir-se em ganhos partilhados entre todos e daí serem obtidos benefícios para as farmácias, para a oferta do sistema de saúde e, sobretudo, para o acesso do cidadão aos cuidados de saúde. Também considero muito importante criar
condições para um crescimento sustentado do mercado de medicamentos genéricos em Portugal. Concordo que todas as opções que permitam o crescimento de mercado destes medicamentos, associadas a um sistema remuneratório equilibrado ou outras, devem ser analisadas se contribuírem para um incremento da acessibilidade e para o ajustamento adequado dos encargos do cidadão com o medicamento. Todas as propostas são merecedoras de uma reflexão aprofundada com os parceiros. As novas regras de prescrição e dispensa de medicamentos vão permitir uma poupança significativa? A prescrição por Denominação Comum Internacional (DCI) veio mudar as regras e permitiu que o mercado
Existem comportamentos ilícitos, por parte de distribuidores e farmácias, com o intuito de proceder à exportação de medicamentos. de medicamentos tenha assistido a um profundo ajustamento, em resultado desta e de outras medidas, centrado no potencial de redução de encargos com medicamentos. De acordo com dados relativos ao período entre Janeiro e Setembro deste ano, as diferentes medidas implementadas permitiram gerar poupanças de cerca de 78 milhões de euros para o utente e de 92 milhões de euros para o SNS. Tal demonstra que a dinâmica do mercado de medicamentos em Portugal tem evoluído de forma a garantir o acesso a medicamentos seguros, de qualidade e eficazes a preços comportáveis, contribuindo para a redução do esforço financeiro dos cidadãos na acessibilidade às terapêuticas de que necessitam e para a sustentabilidade do SNS. Todavia, ainda existe um grande potencial gerador de poupanças adicionais, sobretudo no mercado de medicamentos genéricos como referi.
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opinião
| porto sénior |
O “Consentimento informado” para actos médicos Daniel Serrão
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. Por estes dias o tópico do consentimento informado teve grande repercussão na imprensa e muitos cidadãos podem ter pensado que se tratava de uma novidade. Mas estão enganados os que assim pensaram. Como ensina o Jurista de Coimbra André Dias Pereira, em livro publicado em 2004 - sublinho, 2004 - a doutrina do consentimento informado para actos médicos está apoiada na Constituição da República Portuguesa que, pelo Artigo 25.º, garante o direito à integridade pessoal, e no Código Penal que, e cito, ”pune a intervenção médica realizada sem o consentimento do paciente, com o tipo de intervenções ou tratamentos médico-cirúrgicos arbitrários (Art. 156º) e estabelece, com rigor, o dever de esclarecimento (art. 157º). A pena, de prisão efectiva, para quem não cumpra este requisito do acto médico, agindo sem ter obtido o consentimento da pessoa doente, pode ir até três anos. Portanto,, o Instituto jurídico de informação para o consentimento está consagrado há muitos anos no ordenamento jurídico português e todos os problemas resultantes da sua efectivação têm sido objeto de estudos numerosos, não só do Professor Guilherme de Oliveira, como dos seus discípulos , entre eles André Pereira, no quadro do Centro de Direito Biomédico da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra. Eu próprio em conferências e artigos, alguns publicados na Revista da Ordem
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dos Médicos, em 2003, já lá vão 10 anos, chamei a atenção dos médicos para a obrigação legal de informarem os seus doentes das suas propostas de intervenção diagnóstica e/ou terapêutica e de obterem o seu consentimento tácito, oral ou explícito, consoante as situações. A um dos artigos dei este título: Consentimento informado – o mal-amado dos médicos. Direi à frente porquê. Em acções de Tele-formação que faço anualmente a convite da Enf.ª Maria José Branquinho da ARS-Alentejo para os Estabelecimentos de Saúde desta Área, explico durante mais de uma hora e depois em tele-diálogo com os profissionais o que está em causa e como deve ser praticado o consentimento informado. Debato alguns problemas como a capacidade para consentir, os incapazes para consentir, a compreensão da informação que o médico dá, a legitimidade de ocultar uma parte da informação ao doente e outros. Porque o cumprimento rigoroso desta obrigação legal é difícil, demora tempo e não está formalizado, os médicos não gostam de cumprir esta obrigação. O consentimento informado é, de facto, mal-amado pelos clínicos As Comissões de ética em saúde, dos Hospitais e, algumas, das Administra-
ções Regionais de Saúde, estão particularmente atentas a esta obrigação quando se trata de praticar investigação em doentes internados; em especial a pedido das Empresas farmacêuticas para a introdução de novos medicamentos ainda não aprovados para uso clínico de rotina. . Então o que é que aconteceu para este tema aparecer na imprensa? Foi a Direcção-Geral de Saúde - a meu ver muito bem - que resolveu estabelecer uma Norma para que todo o processo de informação aos doentes e obtenção do seu consentimento cumpra uns requisitos mínimos. Não burocratizou nem uniformizou em excesso o processo mas deu-lhe o enquadramento necessário para que seja válido aos olhos inquisidores dos juristas. Coisas tão simples como a identificação correcta do médico responsável pela informação ao doente e para a obtenção do consentimento, com a indicação do seu contacto, para o caso de o doente poder querer discutir de novo e, eventualmente, retirar o consentimento já dado, o que está dentro da lei, passam a figurar obrigatoriamente no documento de consentimento; que agora será feito em duplicado para que o doente conserve em seu poder o documento que ele e o médico subscreveram. Mas não se diga que os médicos vão agora ser obrigados a informarem os doentes, porque esta obrigação não é nova,existe há muitos anos.
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actualidade
“Somos provavelmente a melhor cozinha do mundo” António Souza Cardoso é um dos rostos da organização da Mesa ao Vivo, um evento que une Portugal e Brasil à volta da cozinha e do mundo dos negócios. À GRANDE PORTO magazine explica o que une os dois países, para lá da língua. Texto
Miguel Ângelo Pinto Foto
IVO PEREIRA
Qual é o principal objectivo do evento Mesa ao Vivo Portugal Brasil? Iniciar uma parceria de valor com um conjunto de parceiros portugueses e brasileiros que entendem que a gastronomia é o pretexto mais tangível e mais afectivo, para uma aproximação de carácter sócio-cultural e principalmente económico, dos países que foram “tocados” pelo chamado Mundo Português. O Mesa ao Vivo é um conceito já testado no Brasil pelo parceiro do Grupo 4Capas que faz a revista “Prazeres da Mesa”, talvez a mais notável e prescricional revista brasileira na área da gastronomia e dos vinhos. A revista fará no Porto, ao vivo, uma edição especial deste evento que será distribuída no Brasil, em Portugal e em Angola. Há a ideia de que a gastronomia brasileira é mais conhecida e apreciada pelos portugueses do que o contrário? Concorda? E porque acontece? É uma ideia errada. Para lhe dar uma ideia certa, cinco dos dez mais relevantes restaurantes de S. Paulo são de cozinha portuguesa (nem sempre de gestão portuguesa, mas de cozinha portuguesa). O mes-
mo não se passa em Portugal em relação à cozinha brasileira. Na gastronomia e no vinho o made in Portugal está feito no segmento mais cosmopolita e mais sofisticado do Brasil. Um Barca Velha pode valer mais que um Petrus. Somos provavelmente a melhor cozinha e os melhores produtores de vinho do Mundo. No outro lado, temos uma enorme afectividade pela cozinha brasileira em Portugal, curiosamente muito de raiz portuguesa, mas mais popular, baseada em produtos pobres, mas com uma pronúncia própria, simples e tocantemente festiva. Nós portugueses, que somos mais tristes, gostamos disso, da caipirinha que é afinal, aguardente de cana, da feijoada que é feita com o feijão mais pobre, com a carne seca que também se resguarda na carne conservada de menor qualidade. A vertente empresarial assume também particular importância. Como vê as relações económicas entre os dois países?
O Brasil tem de vencer a “soberba” do tamanho do seu mercado interno. Quero dizer, a emergência de uma nova classe média permite uma enorme tentação da adopção de políticas públicas proteccionistas que não animam o sector privado, no contexto do mercado global. E isto a prazo paga-se. No nosso caso, as medidas proteccionistas, fiscais ou de efeito equivalente, têm atrasado ou “mascarado” uma oportunidade de cooperação muito valiosa no mundo de hoje que é a ligação de blocos económicos distintos – a UE e o Mercosul. Sim, Portugal e o Brasil têm outra vez uma oportunidade histórica de liderar o mundo. A parte afectiva, traduzida na gastronomia, na cultura ou, por exemplo, no futebol poderão ser motores de uma aproximação inexorável da Europa com a América Latina.
Acredita que o Brasil, mais do que um mercado de grandes dimensões, deve também ser a porta de entrada natural dos empresários portugueses na América Latina? Deveria ser, sim. Mas os portugueses sempre souberam encontrar a sua porta de entrada. Julgo que é determinante que o Brasil perceba esNegócios ta agregação de valor que é feita O Brasil tem de por ter sido a primeira capital do vencer a soberba Império do Mundo Português. Isdo tamanho do seu mercado interno so faz do Brasil um país transcontinental e de Portugal a sua “zona económica exclusiva”, a sua sala de visitas numa Europa que têm a patine, a cultura e o modelo aspiracional que hoje atrai os sul-americanos. O mesmo do lado de Portugal. Se pudermos ser no Brasil e na América Latina os anfitriões dos Países Europeus, ganharemos uma relevância, uma centralidade e um protagonismo que não tivemos na Europa no último século.
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reportagem
Uma ponte com margens assentes no futuro... Pedro Bandeira e Pedro Nuno Ramalho aproveitaram um concurso de arquitectura para fazerem a proposta radical de deslocalizarem a centenária Ponte Maria Pia, ao abandono, para o Centro da Cidade. A ideia gerou polémica, dividiu opiniões e galgou fronteiras. O primeiro objectivo está conseguido. Do debate sobre a relação que temos com o património, ambos esperam fazer perceber o “efeito Eiffel” que este ícone arquitectónico transformado em atracção turística traria ao Porto
Textos
sérgio pires Fotos
IVO PEREIRA/dr
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Em meados da década de 1980, a banda portuense Jáfumega ganhava popularidade a cantar “A ponte é uma passagem... para a outra margem”. Nessa altura, a Ponte Maria Pia, já centenária, era a única ligação da linha do Norte entre Porto e Gaia. Facto é que desde 1991 aquela obra de Théophile Seyrig concebida pela empresa de Gustave Eiffel perdeu utilidade, ficou ao abandono, a ver os comboios migraram uns metros mais para poente, para a Ponte de São João. Desde há mais de duas décadas que a Ponte Maria Pia deixou de ser uma passagem, apesar de continuar agarrada às duas margens. Pedro Bandeira e Pedro Nuno Ramalho lembraram-se agora dela quando, no âmbito de um concurso de ideias promovido pelo Núcleo do Norte da Ordem dos Arquitectos para a recuperação do quarteirão da antiga Companhia Aurifícia, propuseram deslocalizar aquela estrutura treliçada em ferro e montá-la no centro da cidade. Proposta radical de requalificação A proposta não ganhou o concurso, mas desde então tem merecido
a atenção de meios de comunicação em Portugal e no mundo e motivado um debate aceso nas redes sociais. “Fomos ambiciosos ao questionar o âmbito do concurso. Requalificar o interior do quarteirão da Companhia Aurifícia não bastava. Propor mais comércio, escritórios ou habitação seria redundante com aquilo que a cidade já oferece e não nos parecia legítimo ir por aí, tal como não nos pareceu interessante propor um jardim público, quando ali ao lado temos jardins que estão numa situação decadente, como o da Praça da República”, conta ao GRANDE PORTO Pedro Bandeira, salientando que esta “proposta radical serve para chamar à atenção para a regeneração urbana do centro do Porto” e lançar o debate sobre a requalificação da cidade: “A ponte, enquanto objecto funcional só tem sentido se ligar duas margens, mas esta já perdeu a sua funcionalidade há mais de 20 anos. A partir desse momento a ponte pode passar a ser vista como um objecto de arte... Além disso, é uma estrutura contemporânea da Companhia Aurifícia [foi construída uns seis anos depois de a fábrica abrir] e
reportagem
Proposta
Relocalização da ponte deveria de ser feita com dinheiros privados, argumentam os arquitectos ambas são sinónimos abandonados da industrialização do Porto.” Pedro Nuno Ramalho, co-autor do projecto, confessa-se surpreendido com o facto de a nova ponte que propõe ter extravasado os limites do concurso e já ter merecido referências no El País, no britânico Telegraph ou na norte-americana Business Insider. Novo ícone no centro da cidade “Quisemos fazer uma proposta fora do baralho para lançar o debate sobre a regeneração urbana. Estávamos à procura de uma solução atractiva para aquele local. A Ribeira já tem muito turismo concentrado, mas parece-nos que a zona mais alta da cidade precisa de um ‘landmark’”, explica o arquitecto. Um “landmark”, ou seja, um ícone arquitectónico como a Casa da Música, a Torre dos Clérigos, a Ponte Luís I ou o casario do centro histórico, com um pegão perto da igreja de Cedofeita e outro junto à Praça da República. Algo capaz de alterar o “skyline” da cidade e para ambos “uma ambição que tornaria o Porto numa cidade ainda mais excepcional”. Resumindo: uma infra-estrutura de grande beleza e história fora do seu contexto, mais do que uma extravagância
monumental e algo que seria capaz de atrair turistas de todo o mundo também para inovação na relação com o património, que evolui ao longo dos tempos. “A imagem que disponibilizámos foi partilhada muitas vezes. É só uma imagem; agora, imaginem o que era ter uma obra destas no centro da cidade? Seria o efeito Eiffel: havia turistas que iam a Paris ver a torre e vinham ao Porto ver a ponte”, argumenta Pedro Bandeira, consciente do debate que abriu desde que a proposta conjunta com Pedro Nuno Ramalho foi conhecida em finais de Outubro. Uma proposta que abriu o debate “Há quem seja extremamente contra ou entusiasticamente a favor. Agrada-nos a discussão. Mas temos dificuldade em encontrar argumentos contra que sejam válidos. Por exemplo, a ponte praticamente não interferiria com a luz solar, dada a sua estrutura tão leve... Mas há sobretudo quem nos possa dizer: ‘Eu não quero ver o dinheiro dos meus impostos para construir uma ponte inútil.’ Eu também não... Este projecto teria de andar para a frente com dinheiro dos privados, que teriam retorno com a concessão da ponte. Mas acho que o problema prin-
cipal é perceber se queremos mesmo que esta infra-estrutura passe a ser outra coisa...”, sustenta Pedro Bandeira, que até vê com bons olhos a hipótese de a ponte manter-se no local actual e abrir o tabuleiro para uma ciclovia (solução avançada ao longo dos anos), apesar de achar que a ligação não une dois pontos movimentados de Porto e Gaia e naquele local aquele monumento continuará com o seu efeito visual cortado, encravada agora entre duas pontes (São João e Infante) de betão e construídas numa cota mais alta. A verdade é que o debate continua aceso, independentemente de haver quem aponte que a crise actual poder ser considerada um mau momento para avançar com propostas deste tipo. O entendimento dos arquitectos é até inverso. “Esta crise permite-nos pensar com outro tempo e outra radicalidade e é uma oportunidade importante para lutar contra a descrença. Não é tempo de nos podemos conformar a ser só pragmáticos e a deixar de sonhar”, exprime Pedro Bandeira, para quem esta ponte é uma oportunidade de imaginar um Porto de futuro: “Esta proposta para a ponte é o nosso sinal de que não podemos abdicar da capacidade de imaginar.”
13 Nov’ 13
reportagem
Pedro Bandeira e Pedro Nuno Ramalho junto à Ponte Maria Pia
Projecto custaria um quinto da Casa da Música “Também a Torre Eiffel teve muitos críticos”, recordam os arquitectos
Apesar do debate intenso, não é crível que uma proposta deste tipo saia do papel nos próximos tempos. Mas... E se houvesse disponibilidade para concretizar esta ideia? O custo inerente a uma operação deste tipo rondaria os 20 milhões de euros, 10 milhões pelo transporte e montagem da ponte e outro tanto pela aquisição dos terrenos da Companhia Aurifícia... Ou seja, “um investimento cinco vezes inferior ao da Casa da Música”, diz Pedro Ramalho. “Esse valor poderia ser recuperado pelo turismo, já que esta proposta tem mais vantagens económicas do que a solução de reabilitar a ponte no local em que está, que será algo que não trará grande retorno. Estamos a falar de uma obra de Eiffel, de uma estrutura muito bonita, que podia ser explorada ao máximo
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é que passado um ano tinha-a em termos turísticos”, aclara Pepaga...”, salienta Pedro Bandeira, dro Nuno Ramalho, com Pedro explicando que além da monuBandeira a detalhar: “Se a ponmentalidade deste novo ícone, a te Maria Pia fosse em betão seponte poderia também ser visiria impossível desmontá-la, mas tada. O tabuleiro superior ficaria como é em ferro, treliçada e com a uma cota da qual seria visível rebites há hoje em dia técnicas o mar e teria acesso ao púeficazes de o fazer e nem é blico através de uma preciso peça por peça, plataforma elevatóbasta fazê-lo em mó20 milhões ria. No entanto, tudulos”. É o custo estimado do isso seria deOs arquitectos para mudar a ponte para batido numa fase acham curioso o centro da cidade, posterior. que também no fimetade da verba seria para a operação Antes, explicam os nal do século XIX autores do projecto, os notáveis de Paris “teria de fazer-se um se tenham manifestareferendo para perceber do contra a construção da quem gosta”. Talvez aí houvesse Torre Eiffel. “Eiffel passou exacum real debate sobre a possibilitamente pela mesma polémica. dade de transformar uma ponte Acusavam a torre de ser inútil e abandonada num monumento monstruosa, de fazer sombra sode Eiffel no centro da cidade, um bre os monumentos de Paris. Eiícone arquitectónico para o Porffel teve de arriscar tudo o que tito e para o mundo. nha para construir a torre. Facto
perfil Pedro Bandeira e Pedro Nuno Ramalho formaram-se na Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto e vivem ambos no centro da cidade, pelo que conhecem de perto os problemas da reabilitação urbana. Pedro Bandeira, 43 anos, é professor auxiliar na Escola de Arquitectura da Universidade do Minho e actualmente é sócio, com Dulcineia Santos, da empresa Pierrot le Fou. Na sua carreira destaca-se a co-autoria do projecto da nova Aldeia da Luz (19962000), no Alqueva. Já Pedro Nuno Ramalho, 33 anos, formou-se em 2006, dez anos depois do seu colega e co-autor deste projecto da Ponte Maria Pia, e estagiou e colaborou com os Arquitectos Herzog & de Meuron em Basileia, Suíça (2003-2004, 2006-2008). Trabalha como profissional liberal desde 2008, ano em que fundou com Luís Campos e Tiago Torre a empresa PARQ Arquitectos.
reportagem
Duas décadas de abandono Ponte Maria Pia continua à espera de um entendimento entre a REFER e as autarquias de Porto e Gaia
Há 22 anos ao abandono, mas com estatuto de monumento nacional, a Ponte Maria Pia espera um entendimento entre as autarquias de Porto e Vila Nova de Gaia com a REFER, empresa pública que gere as estruturas de caminhos-de-ferro, para saber do seu futuro. Em Março de 2005, foi assinado um protocolo entre as três partes para a criação de um corredor ciclo-pedonal entre as duas cidades que revitalizasse esta ligação. O projecto chegou a ter uma candidatura a fundos comunitários, mas continua parado. Fonte ligada ao processo, refere que a REFER quis passar o custo da manutenção da futura via ciclo-pedonal para as câmaras e que a falta e acordo parou o projecto e a empresa defende a “repartição de responsabilidades”. Em 2009, a REFER fez um investimento de 2,4 milhões de euros na A ponte no centro da cidade, numa imagem que consta da proposta dos arquitectos
empreitada de pintura e protecção anticorrosiva da estrutura metálica, apesar de a infra-estrutura continuar ao abandono. Há pouco mais de um ano, as autarquias das cidades alemãs de Remscheid e Solingen (na Renânia do Norte), como o apoio da Universidade de Aachen, criaram uma comissão para estudar e preparar a possibilidade de a Ponte de Müngsten vir a ser distinguida pela UNESCO como património mundial. Uma candidatura que segundo a própria comissão alemã seria mais facilmente atribuível se a proposta fosse conjunta e integrasse outras duas pontes ferroviárias construídas em ferro. Ou seja, se a Mungsten se juntasse a Ponte Maria Pia e o Viaduto de Garabit (1885), ambas construídas no século XIX pela empresa de Gustave Eiffel e que hoje são exemplos maiores de pontes monumentais em ferro no continente europeu.
Viaduto de Garabit
Em 1885, oito anos depois da construção da Ponte Maria Pia, a ligação ferroviária entre Clermont-Ferrand e Béziers, sobre o rio Truyère, no sul de França, tem um arco de 165 metros e um treliçado em ferro que em tudo recorda a sua congénere portuguesa. A estrutura, que continua hoje em actividade, é também uma obra com a chancela de Eiffel e apesar do menor valor histórico em relação à ponte sobre o Douro, já foi cenário de filmes como Cassandra Crossing (1976).
Ponte de Müngsten
Esta ligação entre as cidades alemãs de Remscheid e Solingen, sobre as margens do Rio Wupper, foi inaugurada em 1889 e até aos dias de hoje serve o serviço regional de caminhos-de-ferro. Com 107 metros de altura, a estrutura construída pelo arquitecto Anton von Rieppel ainda hoje mantém o estatuto de ponte ferroviária mais alta da Alemanha. A irmã germânica da Ponte Maria Pia tem um arco de 170 metros de comprimento e empregou na sua construção cinco toneladas de ferro.
15 Nov’ 13
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perfil
presidente da AssociaçÃo Comercial
Boas contas e bom património Texto
isabel cristina costa Foto
IVO PEREIRA
Nuno Botelho sucedeu ao mestre. O pupilo e braço direito de Rui Moreira na Associação Comercial do Porto (ACP), que foi eleito por unanimidade no final de Outubro e tem a seu lado nomes sonantes como, por exemplo, o professor Alberto Castro, o deputado europeu Paulo Rangel, o economista Manuel Ferreira da Silva e o jurista António Lobo Xavier, entre outros, era até então director executivo da ACP. Nuno Botelho, 40 anos, assumiu a presidência da mais antiga associação empresarial de Portugal com quatro preocupações em mente. A primeira: “manter a boa situação financeira da ACP”, que “tem resultados positivos ano após ano, que não depende de subsídios” e que por isso “é autónoma e independente”. A segunda preocupação diz respeito ao plano de reabilitação do Palácio da Bolsa. “Em 2014 iremos dar início a obras de reabi-
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litação, trata-se de recuperar os brasões do Parque das Nações, que estão num estado de degradação muito avançado”, adianta. O Palácio da Bolsa é a jóia da coroa e a grande fonte de receitas da Associação Comercial do Porto, além de que ano após ano tem servido de testemunho do grande dinamismo turístico na cidade Invicta. Por ano, o Palácio da Bolsa, que é talvez o monumento mais visitado no Porto, recebe 220 mil visitantes e consegue facturar 650 mil euros. Acresce outro valor, que se prende com a realização anual de 80 a 90 eventos, traduzido numa receita da ordem dos 300 mil euros. Esses eventos são a Essência do Vinho, pequenos concertos, exposições de fotografia, de pintura, apresentações de livros, conferências nacionais e internacionais, festas de aniversário de associados ou não, bailes de finalistas de colégios, acções de formação e aniversários de empresas, entre outros. Os números são avançados, orgulhosamente, pelo novo presidente da ACP.
Nuno Luís Cameira de Sousa Botelho nasceu no dia 20 de Novembro de 1973, no Porto. O novo presidente da Associação Comercial do Porto (ACP), que sucede no cargo a Rui Moreira, é licenciado em Direito pela Universidade Católica do Porto e pós-graduado em Banca, Bolsa e Seguros pela Universidade de Coimbra. Em 2004, a convite de Rui Moreira, assumiu o cargo de director executivo da ACP. Nuno Botelho é accionista e fundador da Essência do Vinho, certame vínico que reúne anualmente centenas de produtores e milhares de visitantes no Palácio da Bolsa. A Essência do Vinho foi, inclusive, internacionalizada para o Brasil. Depois, surgiu o projecto Essência Gourmet e a revista Wine, da qual é director. Nuno Botelho iniciou a actividade profissional no Banco Mello. Assumiu, depois, a gestão de clientes da Exponor e, mais tarde, ingressou na Câmara do Porto onde foi, entre 2002 e 2004, adjunto do vereador do pelouro dos Recursos Humanos, Desporto, Educação e Juventude. Foi, ainda, vice-presidente da Associação de Turismo do Porto, administrador da Escola de Comércio do Porto e presidente do Conselho Fiscal do Instituto para o Desenvolvimento Agrário da Região Norte.
do Porto Outra das preocupações de Nuno Botelho é a “defesa intransigente dos valores da cidade”, como é o caso da gestão do Aeroporto Francisco Sá Carneiro e do porto de Leixões. Por último, a quarta preocupação do jovem presidente da ACP é o rejuvenescimento da massa associativa. A ACP tem cerca de 1000 associados. Agora, “queremos chegar a esta nova geração de empresários que está a criar novos negócios, que está a sair das universidades. Vamos ter de os saber cativar e dar-lhes a conhecer a ACP”. Antes de chegar à presidência da ACP, Nuno Botelho foi director de campanha do independente Rui Moreira na corrida à Câmara do Porto, “a tarefa mais exigente que já tive na vida”, sublinha. “Foram seis meses muito, muito duros, sempre a correr, 24 horas sobre 24 horas, mas, por isso mesmo, a vitória teve um sabor especial”. E prossegue, empolgado: “A cidade do Porto deu um grande sinal e ganhou um grande presidente, que é uma referência moral na cidade e no país. A ACP também se empenhou nesta vitória”.
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17 Nov’ 13
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Centro de Reabilitação abre no início do ano Gestão da Misericórdia do Porto até 2016 Quando, em anos idos, estava previsto que o Porto recebesse um centro de reabilitação, era a Santa Casa da Misericórdia que estava encarregue da gestão, dada a sua tradição na medicina física e de reabilitação. O projecto acabou por não avançar, nascendo entretanto, em Gaia, o Centro de Reabilitação do Norte (CRN), pronto desde Agosto do ano passado, que agora se prepara para abrir as portas pela mão da Misericórdia do Porto, a quem o Estado entre-
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gou a gestão até 2016 a troco de 27 milhões de euros. “É um reencontro com a história”, como lhe chama António Tavares, e que já tem data marcada. Assinado o contrato de gestão com o Ministério da Saúde e com a Administração Regional de Saúde do Norte e entretanto autorizado pelo Conselho de Ministros, estão reunidas quase todas as condições para que o CRN possa começar a receber os primeiros doentes.“Falta apenas equiparmos o
António Tavares, provedor da SCMP
centro e estou convicto de que no início do próximo ano ele já esteja a funcionar em pleno”, revela o provedor da SCMP, adiantando ainda que está iminente a assinatura de um protocolo com a Faculdade de Medicina de Helsínquia, na Finlândia, com “um excelente know how nesta área”. Esta será mais um equipamento no sector da saúde que estará sob a alçada da SCMP, tal como o Hospital da Prelada e o Centro Hospitalar Conde Ferreira. A continuação da reabilitação física e de missão deste último é, aliás, uma das outras medidas do programa do segundo mandato para o qual António Tavares foi eleito recentemente.
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“Governo continua a penalizar os médicos” Miguel Guimarães recandidata-se à liderança da Secção Regional do Norte da Ordem dos Médicos
Que razões o levam a apresentar-se a um segundo mandato na Secção Regional do Norte? São várias. Desde logo, o respeito pela instituição e pelas pessoas que me acompanham e que estão disponíveis para prosseguirem este projecto. Depois, há um imperativo moral e cívico que cabe à Ordem dos Médicos e aos seus representantes assumir: a defesa intransigente dos princípios da profissão médica e do direito dos doentes a uma Medicina de qualidade. Uma das suas intenções em 2010 passava por dar maior preponderância política ao Conselho Regional. Conseguiu fazê-lo? Penso que sim. Procuramos impor um novo registo de intervenção desde o início do mandato, com iniciativas políticas diversificadas que envolveram os médicos em matérias importantes para o seu exercício profissional e para a organização do próprio sistema de saúde. Na minha opinião, esse é o facto mais relevante destes três anos. Conseguimos mobilizar os colegas para virem às instalações da Secção Regional do Norte debater os seus problemas e trocar impressões com a instituição que os representa. Essa proximidade teve, na maior parte dos casos, um bom resultado e ajudou à resolução de muitas questões. Que questões foram essas? Debatemos a chamada “fidelização” obrigatória dos médicos internos ao Serviço Nacional de Saúde após o internato, proposta pela ministra Ana Jorge, e contribuímos para que a medida, muito contestada pelos jovens médicos, não fosse aplicada. Demos um
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forte contributo para a aproximação da Ordem aos sindicatos e aos movimentos de médicos que foram surgindo nas redes sociais, ao convocar uma Reunião Geral que foi um contributo importante para o sucesso da primeira greve da classe médica em mais de 20 anos. Estivemos na primeira linha de intervenção contra a prescrição por DCI, porque achamos que se trata de uma violação clara das competências médicas. A lei foi travada numa primeira fase, mas o actual ministro da Saúde, sob pressão da troika, avançou contrariando de forma clara a segurança e qualidade do tratamento dos doentes. Infelizmente, o tempo está a dar-nos razão e a prescrição por DCI só está a servir para que nas farmácias seja decidido o medicamento que é fornecido ao doente sem respeito pela legislação em vigor, que obriga a dispensa de um dos cinco medicamentos mais baratos. Encarou a aplicação da prescrição por DCI como uma derrota da Ordem dos Médicos? Foi uma derrota para os doentes e para os médicos que viram violada de forma escandalosa a relação de confiança médico-doente e a segurança e qualidade que deve prevalecer na escolha adequada e partilhada da terapêutica a realizar. O que esta lei representa é muito grave, porque se trata da primeira violação clara das competências médicas, como disse há pouco. A prescrição por DCI vem possibilitar, na prática, que sejam as farmácias, que vivem da comercialização de medicamentos, a decidir qual é o medicamento que o doente vai tomar. Para mim, continua a ser um conflito de interesses inaceitável.
Porquê esse papel da Ordem dos Médicos no apoio a uma greve, que é matéria sindical? Foi uma questão de consciência de classe? O Conselho Regional e eu próprio, enquanto seu presidente, tivemos oportunidade de transmitir divergências claras relativamente à actuação deste Ministério da Saúde, praticamente desde a primeira hora. A situação foi-se agravando, com aumento das taxas moderadoras, diminuição do acesso aos cuidados de saúde, crescimento das listas de espera, racionamento de medicamentos, entre outras medidas amplamente conhecidas de todos os cidadãos. A contratação de médicos através de empresas pelo preço hora mais baixo como único critério, sem qualquer preocupação com a qualidade foi, na minha opinião, uma atitude desrespeitosa e revoltante. Nunca vi tanta unanimidade contra uma medida do Governo. Por isso, a Ordem dos Médicos não se podia eximir das suas responsabilidades e deixar de estar ao lado dos profissionais numa altura em que a sua dignidade estava a ser colocada em causa de forma tão flagrante. “Estava a ser” ou continua a ser posta em causa? De facto, continua. A greve foi importante porque o Ministério da Saúde percebeu claramente que os médicos estavam unidos e não estavam dispostos a aceitar uma degradação maior das suas condições laborais. O acordo obtido pelos sindicatos médicos foi, nas circunstâncias existentes, positivo, mas não resolveu tudo. Foi uma
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solução de compromisso que permitiu que mais jovens acedessem à carreira médica e que fosse definida uma tabela única remuneratória para o regime de 40 horas. No entanto, o que se tem verificado é que o Governo continua a não aplicar na prática a carreira médica, penalizando sistematicamente os médicos. O recurso reiterado a concursos fechados para acesso ao SNS, a nomeação de júris de âmbito regional e sem qualquer respeito pelos serviços e hospitais, a contratação externa e directa de médicos em algumas unidades de saúde, são apenas alguns indícios importantes da falta de respeito pelos médicos. O tema da falta de médicos é muito recorrente na sociedade portuguesa. A Ordem tem contribuído para resolver essa situação ou, como dizem os críticos, tem uma atitude corporativista? Não temos qualquer problema em discutir essa matéria. Aliás, enquanto presidente do Conselho Regional defendi sempre que deveríamos fazer um estudo rigoroso que determinasse, com rigor e sem margem para dúvidas, a necessidade de médicos no sistema de saúde português a curto, médio e longo prazo. Esse estudo está feito, foi coordenado pela Profª. Paula Santana, da Universidade de Coimbra, e foi apresentado em Setembro. O que é que nos diz? Entre muitas estatísticas aponta para um excesso de profissionais em 2025 que pode ir de 3500 até 9 mil médicos! É uma realidade assustadora, que nos deve pôr a pensar. Investir dinheiro – e um mestre em Medi-
cina custa muito dinheiro ao erário público e às respectivas famílias – na formação de um aluno para depois o exportar é inconcebível. Não somos um país rico. Não há corporativismo algum nesta matéria, é simplesmente uma questão de bom senso, de rigor e escrúpulo na gestão do dinheiro dos contribuintes. Além disso, prescindir de alguns dos nossos melhores recursos humanos, desvalorizando as expectativas dos jovens e das respectivas famílias, é incompreensível. O estudo que citei determina que, num cenário de procura razoável, teremos de reduzir 550 alunos ao numerus clausus que anualmente é fixado nos cursos de Medicina. E para isso, bastaria que fossem respeitadas as capacidades formativas dos cursos de medicina existentes. O que está a fazer o Ministério da Educação? Aumenta o numerus clausus ano após ano. É uma atitude inaceitável que afecta de forma séria a qualidade da formação pré-graduada.
te e discutida e consensualizada em CNE, e entregue ao Ministério da Saúde no início deste ano, é uma matéria absolutamente essencial para agilizar o funcionamento e capacidade de resposta da instituição. A revisão das normas específicas dos Colégios de Especialidade e dos programas de formação dos internatos médicos, para que as idoneidades e capacidades formativas dos diferentes serviços sejam atribuídos com total transparência e fundamentação técnico-científica. Monitorizar activamente as condições dos internatos e, com isso garantir melhor qualidade de formação para os nossos jovens médicos. Defender a existência de um Regulamento do Internato Médico que contribua para um salto qualitativo na formação, avaliação e progressão dos jovens médicos. Apostar na valorização e aplicação prática das Carreiras Médicas e, em articulação com os sindicatos, pugnar pela abertura dos concursos que o Ministério
Têm de ser planeadas as necessidades reais de recursos humanos para o sistema de saúde nos próximos anos
Acredita que este estudo poderá ter impacto numa redistribuição dos médicos? Acredito e desejo que isso venha a acontecer. Vou empenhar-me pessoalmente para que a Ordem dos Médicos não desista deste tema e para que aprofunde as conclusões do estudo de forma a sensibilizar os decisores políticos. De uma vez por todas, têm de ser planeadas as necessidades reais de recursos humanos para o sistema de saúde nos próximos anos.
da Saúde teima em não abrir. Insistir na definição de um quadro legal para o Acto Médico. Continuar a lutar para que o SNS mantenha o seu código genético e a sua determinação constitucional. Defender a complementaridade da medicina privada e convencionada. Fomentar a solidariedade inter-pares, com a revisão do Regulamento do Fundo de Solidariedade da Ordem dos Médicos entre outras medidas programadas.
Quais são as principais propostas do programa para o próximo mandato? Continuar a defender os médicos e os doentes e não desistir de lutar pela Medicina que escolhemos quando decidimos ser médicos. A consagração legal da proposta de Estatutos apresentada pelo Conselho Regional do Nor-
A nível da gestão interna da SRNOM o que propõe fazer? O mandato que agora termina também foi muito intenso e produtivo a esse nível. Queremos, no fundo, consolidar todos as reformas internas que desenvolvemos, ao nível dos procedimentos administrativos e financeiros.
21 Nov’ 13
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IVO PEREIRA
Economia e afectos Nov’ 13 22
“Portugal é uma figura de mulher” é um livro que um avô dedica à neta mais velha. Pedro Arroja fala de um Portugal governado pelo estrangeiro, de desemprego a subir em flecha, de impostos que atingiram níveis históricos, de uma justiça que é, muito antes da economia, a principal chaga da sociedade portuguesa e de um
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“Assuntos importantes, só com mulheres” Pedro Arroja com António Ferreira, presidente do CA do Centro Hospitalar S. João e Manuel Fonseca, director da editora Guerra & Paz
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4 país sem oportunidades para os mais jovens. Mas também fala do amor pelos netos e das brincadeiras com a F., de quatro anos de idade. Fala do pirata, da Rapunzel, do Pai Natal e do príncipe encantado. Autor de livros de economia e de estatística, Pedro Arroja quis explicar à neta os erros da sua geração. F. só o lerá na idade adulta, pois claro. Mas fica cumprido o desejo do avô. “Apropriou-se de mim um certo sentimento de culpa, senão mesmo de vergonha, que me angus-
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Uma vez que o livro é dedicado à sua neta, pergunto-lhe como é que ela, apesar de ser ainda pequenina, reagiu? A F. viveu com grande antecipação o lançamento do livro, cuja iniciativa lhe anunciei pela primeira vez há cerca de um ano. Primeiro, no espírito dela, era apenas uma coisa difusa, excepto para o facto de eu lhe ter dito que a fotografia dela viria na capa e que, depois, as pessoas só iriam querer comprar o livro com ela na capa. À medida que o projecto se foi materializando, foi também ganhando realidade no espírito dela. Quando recebi o primeiro exemplar do livro há cerca de um mês e lho mostrei, ficou muito orgulhosa. Dizia a toda a gente que ia ao lançamento do livro do avô e só me pedia convites para dar às professoras e aos amigos do colégio. Que Portugal vai deixar aos seus netos? Vai ser um Portugal melhor, estou optimista. E a mudança está para breve. Como é que Portugal pode sair deste “provincianismo atávico”, quando mudaremos de caminho? A força das circunstâncias vai fazer-nos mudar. O caminho presente é o de ruína económica e das instituições (justiça, estado, família, segurança social, etc.). Demoramos muito tempo a mudar mas quando mudamos, fazemo-lo rapidamente. Não há alternativa. O que quer dizer quando sugere “os caminhos da nossa tradição”? Sentimento de comunidade (família, região, nação, etc.), centralidade da mulher na comunidade, economia protegida, moeda própria, justiça como retribuição e não como imparcialidade, monarquia em lugar de república, estatutos em lugar de constituição (Portugal não se constituiu em 1976), ênfase na raiz católica da nossa cultura e do nosso país, democracia censitária em lugar de democracia partidária, etc. Como tem mais três netos também vai dedicar-lhes os próximos livros? Não está previsto, mas não excluo que o faça. Mas, provavelmente, só para as netas, assuntos importantes falam-se apenas com mulheres.
tiou durante meses, por aquilo que fiz ao longo da minha vida e, sobretudo, por aquilo que não fiz, mas que deveria ter feito”, explica Pedro Arroja. Já no caminho das soluções, o economista avança com a teoria de que um país católico como Portugal encontra a solução para a grave crise económica e social na tradição. E, segundo ele, compete ao Estado português proteger as tradições económicas, como é o caso da indústria das pescas e não a indústria dos fundos de investimento nem a indústria da exploração espacial. O livro atravessa os últimos 15 anos e desemboca na política actual, que desagrada profundamente o autor. Fala de um Portugal que perdeu a independência, de certos políticos deslumbrados, da falência do projecto europeu e do protestantismo nórdico. F. Portugal é uma figura de mulher, da editora Guerra & Paz, foi lançado no passado dia 20 na Fnac do Norte Shopping, em Matosinhos. A apresentação do livro esteve a cargo do presidente do conselho de administração do Centro Hospital de São João, António Ferreira, que o resumiu a “uma viagem em busca da verdade”. E a F.? Também lá estava, bem-comportada. De vez em quando levantava-se para ir espreitar o avô, que lhe dedicou um livro no qual ela aparece na capa a brincar com o barco do pirata, que o sr. João fez para ela. Esteve sempre atenta, talvez à espera que alguém adivinhasse o seu nome. Afinal como é que a menina se chama? ‘Fernandinha’, disse o avô na brincadeira. Todos se riram e a F. estava… f, de feliz.
23 Nov’ 13
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The Yeatman vence “Best of Wine Tourism 2014”
O hotel vínico de luxo de Vila Nova de Gaia foi o grande vencedor da categoria de “Alojamento” nos prémios internacionais de enoturismo “Best of Wine Tourism 2014”, promovidos pela “Great Wine Capitals”, rede que integra as “capitais” das principais regiões vínicas do mundo. O The Yeatman conquistou a medalha “Global Winner”. No ano passado, o hotel do grupo Fladgate, dono da Taylor’s, da Fonseca e da Croft, tinha sido reconhecido com uma medalha de “Regional Winner” na categoria “Restaurantes Vínicos”. Os prémios “Best of Wine Tourism” premeiam a excelência e inovação da oferta de enoturismo em sete categorias. Ao todo eram 350 candidatos das várias regiões vinícolas integradas na rede: Porto (Portugal), Rioja (Espanha), Bordéus (França), Cidade do Cabo (África do Sul), South Island (Nova Zelândia), Toscânia (Itália), Rheinhessen (Alemanha), Mendoza (Argentina) e Napa Valley (Califórnia, EUA).
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Calçado apresenta FOOTure 2020 Na Alfândega do Porto com o Ministro da Economia Depois da vitória de há dias nos Prémios Europeus de Promoção Empresarial, atribuído pela Comissão Europeia, “The Sexiest Industry in Europe”, que é como quem diz a indústria portuguesa apresentará o novo plano estratégico do sector para o período 2014-2020. O FOOTure 2020 será apresentado, no próximo dia 4, pelas 12h30, no Salão Nobre da Alfândega do Porto, num almoço que será presidido pelo ministro da Economia, António Pires de Lima. O novo plano estratégico tem vindo a ser preparado pela associação do sector, a APICCAPS, com a colaboração do Centro de Estudos de Gestão e Economia Aplica-
da da Universidade Católica do Porto. A APICCAPS candidatou-se com o projecto “Portuguese Shoes: The Sexiest Industry in Europe”, em parceria com a Academia de Design e Calçado e teve o apoio do programa Compete. Em traços gerais, o projecto elenca o conjunto de ações desenvolvidas no processo de internacionalização do calçado português nos últimos três anos (mais de 70 certames profissionais como média anual). E nesse período, as exportações de calçado aumentaram 30%. Este ano, nos primeiros nove meses, o sector regista um novo crescimento das vendas no exterior em 7,2%.
negócios Grupo Onebiz comemora 16 anos AEP reedita encontro “Ócios dos Negócios”
A Associação Empresarial de Portugal (AEP) reúne no dia 4 de Dezembro, a partir das 11 horas na Pousada do Porto – Freixo Palace Hotel, no Porto, os empresários e gestores que anualmente participam nas dezenas de acções de promoção externa que continua a promover pelos quatro cantos do mundo. “Liderança na internacionalização” é o tópico central dos debates e apresentações que animarão este encontro de networking. Ou seja, a AEP está a reeditar, ao fim de três anos, o “Ócios dos Negócios”, tendo como objetivo estimular empresários e gestores que investem grande parte do ano em feiras e missões no estrangeiro a estreitar relações e partilhar informação.
Líder no mercado de franchising português e presente em 31 países, o grupo Onebiz comemorará no próximo dia 7 de Dezembro, no HF Ipanema Park, Porto, o seu 16º aniversário. Uma das grandes novidades deste dia será a apresentação do projecto de expansão internacional para os mercados da China e Brasil. Como parte desta estratégia, o Grupo Onebiz está a criar as estruturas Onebiz China e Onebiz Brasil. Além disso, o Grupo integra a partir de agora uma nova marca em franchising, a LIFE Training.
Essência do Gourmet - Natal
Receitas da época natalícia em aulas de cozinha com mediáticos chefes, demonstrações no Salão Árabe, restaurantes com degustação e um mercado com mais oferta. Azeites, bolachas e doçaria tradicional, cogumelos e trufas, compotas, conservas, chás e infusões, queijos, enchidos e frutos secos, chocolates e vinhos. A Essência do Gourmet - Natal acontece a 7 e 8 no Palácio da Bolsa, no Porto, e é organizado pela EV - Essência do Vinho, especialista em produções enogastronómicas. O ingresso terá um valor de 10 euros por pessoa, mas os visitantes que optarem pela aquisição prévia online, até às 18h00 do dia 4 de Dezembro, beneficiarão de um desconto de 2,50 euros.
“Não tenhais medo do futuro” É a mensagem do Governo aos empresários do sector têxtil e do vestuário no XV Fórum da ITV
O ministro da Economia não pôde estar presente no XV Fórum da Indústria Têxtil, que decorreu no Citeve, em Famalicão, mas Luís Filipe Costa, presidente do IAPMEI, em sua representação, passou a mensagem aos empresários: “Não tenhais medo do futuro. O futuro está lá, assim como os mercados, para ser conquistado”. Mas “não convém deitar foguetes antes da festa”, disse o ex-ministro Augusto Mateus, que não faltou a mais uma assembleia-magna da Indústria Têxtil e Vestuário (ITV). Segundo o economista, é preciso concluir com sucesso e no tempo certo o programa de ajustamento. “Se não fizermos isso, não conseguimos diminuir o risco do país e, assim, criar melhores condições para as empresas. Se não fizermos
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isso, haverá um próximo programa de ajustamento”, atirou. E deixou um conselho aos empresários: “Pensem mais em produtividade-valor, é o grande contributo que podem dar à economia”. Augusto Mateus não duvida que “a recuperação do país só será possível se o tecido empresarial assumir a liderança da recuperação”. Sob o tema “Empresas Familiares: Mudar de Geração, Preservar o Sucesso”, a 15ª edição do Fórum da Indústria Têxtil, o presidente da ATP, João Costa, sublinhou o bom momento que a ITV portuguesa vive, projectando um crescimento das exportações, que deverão atingir os 4,3 mil milhões de euros em 2013, com um saldo positivo da balança comercial de 1,2 mil milhões de euros.
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O Fórum da Indústria Têxtil, organizado pela Associação Têxtil e Vestuário de Portugal (ATP), conta com o apoio do QREN e o financiamento UE/ FEDER, através do Compete - Programa Operacional Factores de Competitividade, no âmbito do Sistema de Apoio às Acções Colectivas.
negócios
“O Natal está a perder força para o comércio ” Nuno Camilo, líder dos comerciantes do Porto, diz que a época está a deixar de ser a melhor do ano para o sector
Texto
joão queiroz Foto
“App” para conhecer o Porto
IVO PEREIRA/DR
O aumento do IVA e a consequente quebra de rendimentos relativamente aos escalões do IRS teve como efeito imediato a perda de poder de compra dos portugueses e também provocou alterações significativas – e inevitáveis – no período de saldos, sobretudo no Natal. E se para determinados sectores do comércio, esta “era a melhor época do ano, está a tornar-se cada vez mais apenas mais uma época do ano”, porque os saldos, que na teoria deveriam começar a 28 de Dezembro, são antecipados para promoções que arrancam logo no início do mês. “O Natal ainda é o balão de oxigénio das empresas, mas a garrafa é cada vez mais pequena, mais curta, porque há uma desregulação do mercado que faz com que essa época deixe de ter o interesse que tinha antes. O Natal tem vindo a per-
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A ACP encontra-se a desenvolver uma aplicação para telemóvel, que promete “revolucionar a forma de fazer compras” na cidade. “É uma espécie de canivete suíço para todos, residentes e turistas. Qualquer pessoa que entre na cidade e tenha um ‘smartphone’ pode, de uma forma muito fácil, com dois ou três cliques, conseguir saber a informação que precisa, desde os horários de uma farmácia de serviço, de um restaurante ou de uma loja. Para alguém que está numa cidade que não conhece, ter informação útil como esta é importante e permite um conforto muito maior”, afirma Nuno Camilo. A aplicação, que se encontra em fase de conclusão, deverá ser lançada no início do próximo ano e será restrita à cidade do Porto. Do seu sucesso depende o seu alargamento a outras cidades. “É um projecto que pode ser estratégico para o comércio e para o turismo e inédito numa cidade europeia”, acrescenta o presidente da ACP.
der a sua força e a sua influência, porque há promoções que chegam logo no início do Dezembro para que se possam escoar os produtos e assim obter receita para investir em novos”, explica o presidente da Associação de Comerciantes do Porto Nuno Camilo, que alerta para a necessidade de maior regulação e fiscalização da lei dos saldos. “A lei impede que sejam introduzidos nessa época produtos que não tenham estado no armazém durante um determinado tempo e o que acontece na realidade é que as empresas adquirem produtos a preços que já são baixos para venderem nos saldos. Por outro lado, vemos grupos económicos franchisados de âmbito nacional a entrarem numa lógica de promoções selvagens. Quantos de nós não somos bombardeados por SMS a dizer que temos um vale de 20€ para ir ao espaço X, ou se fizer uma compra no sítio X vai ter desconto em combustível…?” O estacionamento e a iluminação Ainda assim, o Natal continua a ser época de excelência para o comércio tradicional, onde as associações de comerciantes mais apostam em acções de dinamização e promoção do sector. No caso do Porto, para além do alargamento dos horários, durante o mês todo de Dezembro, a ACP volta a distribuir papel de embrulho e senhas de estacionamento aos seus associados para oferecer aos clientes. “Por norma, o estacionamento é caro dentro da cidade, apesar de alguns parques serem baratos e esta é uma acção de charme de forma a convidar as pessoas a virem fazer compras ao Porto”, explica Nuno Camilo. É mais uma das medidas concertadas entre a associação e a Câmara do Porto, que continuam a trabalhar em articulação no que à animação e às iluminações das ruas diz respeito durante esta época do ano. A questão até pode ser acessória, mas na realidade é estratégica e decisiva para cativar as pessoas a fazerem as compras no centro da cidade. Como lembra o líder da ACP, “ninguém vai a uma cidade que não seja acolhedora, que não tenha animação, que esteja às escuras, que não tenha brilho”.
desporto
O faz-tudo do todo-o-terreno Piloto e empresário, Bianchi Prata é o responsável pela única equipa 100 por cento portuguesa que vai participar no Rali Dakar
Textos
sérgio pires Fotos
IVO PEREIRA/dr
Metade piloto, metade empresário... A um mês do arranque do Rali Dakar, o portuense Pedro Bianchi Prata divide os seus dias entre os treinos e o trabalho logístico para levar a sua equipa à América do Sul. “Gostava de concentrar-me apenas na corri-
da e na navegação, como os outros pilotos, mas se não tratar das reuniões ninguém vai fazê-lo por mim e, se assim fosse, não poderia ir ao Dakar. Por isso, de manhã sento-me ao computador para trocar e-mails e fechar os últimos contratos para patrocínios e à tarde pego na moto e vou para a pista”, conta à GRANDE PORTO magazine o piloto, considerando que os últimos dois anos foram especialmente difíceis para conseguir apoios.
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desporto
“Nas épocas de crise, as empresas cortam logo em primeiro lugar nos departamentos de marketing e publicidade. No ano passado, foi até mais complicado reunir apoios, mesmo assim ainda não tenho o orçamento fechado para este ano”, conta o piloto, que para combater o efeito negativo que a crise tem nos patrocínios apelou à sua criatividade. Patrocínios “low cost” Ao contrário das equipas de fábrica, em que um patrocínio custa largos milhares de euros, a equipa de Bianchi Prata propõe-se de uma forma “low cost” a levar o nome de qualquer empresa à maior prova de todo-o-terreno à escala global. Se uma empresa investir 10 euros tem direito a inscrever o nome no camião de apoio da equipa e por mais 15 pode tê-lo também na moto. Já se quiser incluir o logótipo os valores vão dos 200 (só no camião) aos 500 euros (camião e moto). “Através desta modalidade damos hipótese a qualquer pessoa de ser patrocinadora da única equipa nacional em prova. É uma iniciativa engraçada, à qual muita gente tem aderido. Reservamos um espaço publicitário na moto e no camião exclusivamente dedicado ao apoio para que empresas coloquem o nome ou símbolo e dessa forma participem no Dakar e ao longo dos dias da prova colocaremos as fotos no nosso site”, explica o piloto, complementando que a colaboração nesta iniciativa pode ser feita por parte de qualquer empresa pela iniciativa “Estejam comigo no Dakar”, através do site oficial da equipa (http://www.bianchiprata.com/).
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Contingente português com trio de candidatos
Uma aventura de 100 mil euros A Bianchi Prata Team é um caso de persistência e um exemplo único a nível nacional em participações na grande prova do todo-o-terreno mundial. Tem a sua base logística no Marco de Canaveses, escritórios no Porto e três pilotos portugueses. Além de Pedro Bianchi Prata, que faz a sua sétima participação no Dakar, a equipa conta com os pilotos Mário Patrão e Vítor Oliveira. No suporte ao trio de pilotos, a equipa é ainda composta por dois mecânicos e um motorista para o mini-camião de assistência, que acompanhará a equipa ao longo de duas semanas de competição. É esta a estrutura que a 30 de Dezembro parte com destino à Argentina, onde terá início a competição. Tudo somado, o orçamento da equipa para esta edição do Dakar ronda os 100 mil euros, uma verba significativa, embora as principais equipas de fábrica invistam até dez vezes mais. “Apesar da distância ser maior, estes gastos são idênticos aos que tínhamos quando o Dakar se disputava em África. Temos tido a sorte de manter alguns patrocinadores e ligações duradouras, embora alguns reduzam o seu apoio, mas não tem sido fácil angariar novos patrocínios. Faço 300 contactos por ano para conseguir uma ou duas reuniões que se traduzam em algo concreto”, explica o piloto, que até ao final do mês continuará a dividir as suas atenções entre os treinos e fechar os últimos acordos para financiar a aventura da única equipa 100 por cento portuguesa no Dakar.
O Rali Dakar será disputado de 5 a 18 de Janeiro entre Rosário (Argentina) e Valparaíso (Chile). Nove pilotos portugueses vão participar nesta 35.ª edição, entre as mais de quatro centenas de pilotos inscritos. Hélder Rodrigues, Rúben Faria e Paulo Gonçalves, campeão mundial de todo-o-terreno, são os “motards” portugueses com aspirações a lutarem por um lugar no pódio com o espanhol Marc Coma e o francês Cyril Déspres, vencedores das últimas oito edições. Já Bianchi Prata tem objectivos mais comedidos: “Espero melhorar o 30.º lugar na geral, o meu melhor resultado desde que comecei a participar, em 2006. Mas não é fácil fazer prognósticos. Por exemplo, no ano passado fiz quarto lugar numa etapa e houve outra etapa em que perdi oito horas...” O itinerário da grande prova do todo-o-terreno mundial terá 9.374 km para os carros, dos quais 5.552 de “especiais”, enquanto as motos terão de percorrer 8.734 km, incluindo 5.228 de troços cronometrados, repartidos por 13 etapas e com apenas um dia de descanso a 11 de Janeiro. Além de Pedro Bianchi Prata (Husqvarna), Victor Oliveira (Husqvarna) e Mário Patrão (Suzuki), trio de “motards” da equipa Bianchi Prata, e dos candidatos Hélder Rodrigues (Honda), Rúben Faria (KTM) e Paulo Gonçalves (Honda), o contingente português conta ainda com o “motard” Pedro Oliveira (Speedbrain) e, nos automóveis, conta com as duplas Carlos Sousa/Miguel Ramalho (Haval) e Francisco Pita/ Humberto Gonçalves (SMG).
cultura
Texto
Pedro JOSÉ BARROS
“#1” conta com colaborações de Valete, Bezegol e Dengaz
O pai era futebolista e um apaixonado pela música. Jimmy P descende de angolanos e os sons sempre estiveram presentes na sua vida. Até aos 16 anos apenas como ouvinte, depois já como compositor. Dia 9 de Dezembro edita o seu disco de estreia, o “#1”. Adepto incondicional de Rap e R n’ B, Jimmy P despertou bem cedo para a lírica e a linha melódica. Este artista do Porto tenta ser “o mais honesto possível” na abordagem criativa. As coisas têm de sair “com o máximo de espontaneidade e naturalidade”, conta à GRANDE PORTO magazine. “Há artistas muito bons a personificar ou a vestir a pele de outras personagens, mas eu tenho muita dificuldade em falar do que não vivi”. O disco aborda as boas e más experiências e o que é possível encontrar ali é tudo o que o define como artista e pessoa. Não são, por isso, de admirar incursões de Reggae, de Blues e mesmo de Samba, visível no single de apresentação, “O que vai ser”, uma versão de um tema de uma banda brasileira. “Enviei-lhes um email e responderam-me logo. Eu ia fazer só uma remistura, mas eles sugeriram que fizesse uma nova versão. Gravei o tema e fizemos um videoclip.”, relata Jimmy P.
É precisamente na fusão de estilos sem nenhuma regra ou padrão de coerência aparente que Jimmy se sente mais à vontade e é essa a característica que o tem destacado. No seu percurso discográfico contabilizam-se diversas participações em projectos de renome como a colectânea “Rascunhos” (produzida por Conductor dos Buraka Som Sistema) e o tema “Melhores Anos” com Valete, bem como colaborações com artistas como Chullage, Bezegol, ou Expensive Soul. Colaborações Os rappers Valete e Dengaz, o músico português de reggae Bezegol, e ainda D-Ro e Kyara Rose que pertencem à família Storytellers, foram convidados a participar no CD. Jimmy P considera Valete “o melhor artista de Hip Hop nacional” e uma das suas maiores referências. “Estimo-o imenso também como pessoa.”, diz. Quanto a Bezegol, “foi uma das pessoas que apadrinhou” o início da sua carreira e é visto por Jimmy P “como um irmão mais velho”, nome obrigatório da cena alternativa portuguesa. Depois de ter passado por festivais como o Positive Vibes ou o Surf at Night no Verão, depois de esgotar o Hard Club e de actuar perante um Coliseu dos Recreios lotado, Jimmy prepara-se agora para a apresentação do CD em Lisboa, Porto e, em princípio, Algarve.
31 Nov’ 13
cultura
Os museus como espaços vivos “não são salas de aulas” Os museus têm uma função educativa importante e os governos têm de reconhecer isso e apoiar igualmente os mecenas
O professor emérito da Lesley University Graduate School of Arts and Social Sciences de Cambridge, em Massachusetts, nos Estados Unidos, esteve em Portugal para falar da temática a que dedicou toda a sua vida académica: a aprendizagem nos museus. George Hein também é autor de vários livros, entre os quais o “Learning in the museum”. Nos últimos dois anos esteve envolvido no
projecto “Museums and Cultural Institutions as Places for Citizenship”, na Dinamarca. Em Portugal, George Hein foi orador na conferência “Em nome das artes ou em nome dos públicos”, organizada em parceria entre a Culturgest e Serralves. Fomos saber porque continua a ser ”um grande fã de museus”, tendo já visitado milhares em todo o mundo.
1 “Os museus estão mais preocupados com os públicos”
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De todos os museus que visitou em todo o mundo, qual é o seu preferido? Estão sempre a perguntar-me isso, mas a verdade é que não sei responder a essa pergunta. Só nos Estados Unidos existem 800 museus. Já visitei centenas, talvez milhares de museus em todo o mundo. Posso admirar vários museus por diferentes razões: organização, colecções, componente educativa e forma como recebem os visitantes.
Para Hein, se os museus forem somente ideias e palavras, então são escolas. “Não gosto de museus onde as crianças são levadas como se fossem para uma sala de aula e têm lições nas galerias”, afirma o professor emérito. E explica: “Um museu não deve ser transformado numa sala de aula, tem que ser um sítio onde os alunos, de qualquer idade, possam conviver, esperiênciar e, dessa forma, apren-
2 Conhece algum museu em Portugal? Não. Também é a primeira vez que estou em Serralves e no pouco tempo que cá vou estar aproveitarei para conhecer o Museu de Arte Contemporânea.
cultura
Texto
Isabel crsitina costa Foto
IVO PEREIRA
der com a arte”. Hein também critica o facto de “na vida escolar, a determinada altura, os alunos são desencorajados a desenhar e isso é mau, porque é uma forma de se expressarem. Actualmente, o que interessa é saber qual a profissão que dá mais dinheiro... mas à custa de grandes valores humanos que são especialmente importantes numa sociedade democrática”. Nos Estados Unidos existe uma “Race to the top” entre escolas. “Se é uma corrida, por definição há perdedores quando o que importa é educar todos e premiar as boas práticas”. Como têm uma função educativa importante, os museus continuam muito preocupados em atrair visitantes. Mas o que interessa ao público? George Hein não tem dúvidas e responde de imediato: “Algo a que se possa relacionar”. E o que tem mais valor, os objectivos ou as ideias? “Não podemos ter museus sem objectos. E se forem só ideias e palavras são escolas”, conclui.
3 Os museus estão a investir cada vez mais na componente educativa? Na generalidade, os museus estão mais preocupados com os visitantes, com o que estes pensam e com a forma de atrair largas audiências. Por exemplo, no famosíssimo Getty Museum (em Los Angeles, nos Estados Unidos) o director disse que a colecção e a sua conservação são mais importantes do que a educação. Há cerca de dois anos chegou mesmo a despedir dois terços do pessoal do departamento educativo, justificando que não era necessário pessoal treinado em pedagogia para adultos. É o exemplo de um homem importante no mundo dos museus e que pensa que a educação é secundária. Felizmente, há museus que vão noutra direcção e vão aumentando cada vez mais a importância da educação para crianças e adultos na sua organização.
4 Existe algum museu que o tenha surpreendido, pela positiva, nos últimos tempos? Sou um grande fã de museus, não só de arte mas de todos os tipos de museus. O museu deve encorajar a fazer coisas e a voltar. No Staten Museum (em Copenhaga, na Dinamarca) estão a tirar aquela enorme escadaria da frente do museu. Pode dizer-se que é uma coisa pequena, mas que pode ajudar a atrair mais pessoas. Não me refiro apenas aos fisicamente inaptos, que se movimentam em cadeiras de rodas, mas também a mães com carrinhos de bebé e a todas as pessoas com malas de rodas. Ou seja, é uma medida aparentemente simples, que vai ajudar muita gente.
33 Nov’ 13
reportagem
Viagem à noite gay
“Parado no tempo
só relógio
sem pilha” Com a movida em alta, mergulhámos no negócio da noite ‘gay-friendly’, um segmento a expandir-se em todo o mundo. Encontrámos alguma variedade na oferta, mas as novidades parecem chegar com ‘delay’. A cidade sofre com a crise e está ainda a formar públicos, apesar da maior abertura à diferença e de já ninguém se esconder na sombra.
Textos
Pedro JOSÉ BARROS Fotos
IVO PEREIRA
onde ir
Bruno ajusta meticulosamente a peruca comprida diante do espelho. Escolheu um vestido justo e de decote generoso. Só para se maquilhar precisa de uma hora e hoje vai sobressair com um batom rosa. Dentro de minutos, quando subir ao palco, será Ramona e irá transformar-se em Alexandra Burke. Para muita gente, mais é menos. Para Ramona, “show é brilho” e quanto mais brilho melhor. Há sete anos que este portuense faz espectáculos no Pride Bar, localizado na zona do Marquês, no Porto. Foi aprendendo com os erros e concretizou “um sonho”. A pista já está à pinha, mas nos camarins a azáfama ainda é grande: ligam-se secadores de cabelo, experimentam-se vestidos e sapatos, dão-se entrevistas. São os artistas a tratarem de tudo. Escolhem as músicas, a roupa, a maquilhagem e preparam a performance. Um dia podem ser Mary J. Blige, outro Whitney Houston e no seguinte Amy Winehouse. Agatha Top, outra performer, explica que o ritual teve de se ir metamorfoseando. “Mudou bastante
Lusitano Aberto às quartas e quintas-feiras, 21:30 - 2:00, e às sextas, sábados e vésperas de feriado, 22:00 - 4:00 Decoração evoca a tradição de cafés históricos do Porto ou dos bistrots parisienses da belle époque. Música vai desde os anos 80 à electro-actualidade.
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Spartakus Aberto de quarta-feira a domingo, inclusive, 21:00 – 02:00. Ambiente sossegado, ideal para pôr a conversa em dia com a música a não ferir o ouvido. Decoração entre o antigo e o moderno. Tem quarto escuro.
desde há dez anos. Procuramos acompanhar o mercado musical, o que o povo curte e vamos evoluindo. Não dá mais para continuar a fazer aquele show muito burlesco e espanhol. O mundo já passou isso e nós também, estamos à frente e por isso destacamo-nos. Ficar parado no tempo só relógio sem pilha, n’é?”. Surpreender Fernando Ferreira, proprietário do Pride Bar e Pride Coffee, tem promovido uma mudança constante. Defende que os clientes têm de ser bem tratados e isso implica “apresentar bons espectáculos e festas completamente diferentes”. Ao fazer sempre o mesmo “o espaço acaba por morrer”, considera. Canto, dança, transformismo, strips, presenças de figuras públicas…
Luxus Night Club Aberto às quartas, sextas e sábados, 23:00 – 04:00. O Luxus abriu a porta em Agosto e todos os meses aposta forte num espectáculo de transformismo diferente, com uma temática, bailarinos, coreografias e representação.
reportagem Artistas preparam show nos camarins do Pride Bar
Quarto escuro no Spartakus O bar Spartakus é o único bar com um quarto escuro permanente (há outros onde este se improvisa em noites temáticas). Os curiosos terão de descer à casa de banho. É dentro do wc masculino que fica a porta de entrada para o quarto. Por sua vez, o hall das casas de banho dá acesso a três cabines.
Ram
Bruno, d ona e 25 é Ramo anos, n em palc a Pink é o. das sua uma s arti preferid stas as. Alimenta-se o interesse através do factor surpresa. A tendência da casa “é mais GLS (Gays, Lésbicas e Simpatizantes), com todo o gosto”, mas abre-se “a todo o tipo de pessoas”, refere o empresário. Plataformas como a Internet têm ajudado na divulgação e contribuem para que seja frequentada “maioritariamente por pessoas de fora, inclusive muitos estrangeiros”. Bailarinos e representação Por falar em mudança, na mesma rua do Pride fica o Luxus Night Club. Reabriu em Agosto com este nome, mas já foi Sindicato, HIM, Outra Face e Glamour. Funciona às quartas, sextas e sábados e apresenta espectáculos diferentes todos os meses, com um coreógrafo, figurinos e obedecendo sem-
Zoom sextas, sábados e vésperas de feriados, 00:00 – 06:00. Discoteca de decoração cuidada, dois bares e uma pista de dança para vibrar ao som da melhor música electrónica, com muita animação à mistura, noite dentro.
pre a uma temática. “Não tem só transformistas, tem bailarinos e outras coisas. É um espectáculo musical com muita representação e muita coreografia e só por isso é diferente do show tradicional, em que sai uma artista e entra outra.”, descreve Albano Martins, um dos sócios. Mais uma vez, não se trata apenas de um espaço GLS, todos são bem-vindos e a gerência estimula essa mistura “para que as pessoas se vão habituando que ser gay não é nada de transcendente”. As luzes estão acesas, “The show must go on” e nós devemos fazer um ‘flashback’ para melhor percebermos o presente.
Pride Bar Quarta, sexta-domingo e vésperas de feriado, 00:00 – 05:00 Próximo da Praça do Marquês, com festas temáticas, shows de transformismo e strip. A escolha musical percorre o house e os principais hits da cena comercial.
Pride Coffee Segunda a sábado, 14:00 – 02:00 É um café situado em plena Praça do Marquês, também aberto durante a tarde, com internet sem fios e zona de estudo.
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A alegria saiu do gueto A festa faz-se cada vez mais de frente para o movimento “Primeiro estranha-se, depois entranha-se”. O slogan publicitário criado por Fernando Pessoa, em 1927, podia bem ilustrar a forma como a novidade costuma ser absorvida pelo Porto. Não é digerida da noite para o dia, mas pode grudar se se alinhar com a idiossincrasia da cidade. Miguel Rodrigues Pereira percebeu-o quando em meados dos anos 90 quis transportar para o Porto o fenómeno do bar Frágil, epicentro da mixagem noctívaga que animava a capital. A música era ecléctica e o conceito “um híbrido de coisa nenhuma”. “Nem era um bar gay nem hetero, era tudo tudo menos objectivo e no Porto temos de ser objectivos”.
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O Portfólio fechou ao fim de dez meses. Miguel alugou depois o espaço a um “cavalheiro” que o transforma no Gente Gira, uma “espécie de Tony Carreira dos bares gay, com shows travestis de péssima qualidade”, mas que para sua surpresa se tornou num sucesso. Quando a ‘criança’ lhe cai novamente nos braços, decide conservar o conceito dos shows e aprimorá-lo com pessoas diferentes e algum ‘acting’. “Não querem José Salvador nem o Frank Morello? Vamos dar-lhes Tonicha e o Zumba na Caneca”. Estávamos em 1997 e nascia o Boys ‘R’ Us, que funcionou até 2010. Durante muito tempo, o circuito da noi-
Escondido debaixo de chuva torrencial O antigo proprietário do Boys ‘R’ Us, Miguel Rodrigues Pereira, ainda é do tempo em que ser-se visto num bar com shows de transformismo podia causar embaraço ou melindre na cabeça de algumas pessoas. Há cerca de sete anos, estava o Boys em pleno funcionamento quando o empresário teve de “esconder uma figura pública num pátio que tinha atrás do bar” para que algumas pessoas suas conhecidas que estavam a descer as escadas do bar não a encontrassem ali. Aconteceu tudo em segundos. Miguel só ouviu “esconde-me, esconde-me” e prestou-lhe auxílio. “Ficou lá três horas a apanhar a chuva torrencial que caía porque não podia ser visto”, recorda a sorrir.
reportagem
frases “Vinha com um amigo na auto-estrada para Paris, à saída de Amesterdão, e vimos um Toys r Us. Ele vira-se e diz: “Já sei como se vai chamar o bar! Foi assim que nasceu o nome do Boys r Us. Era um ovo de Colombo e nunca me chatearam.” Miguel Rodrigues Pereira Ex-proprietário do Boys ‘R’ Us
Miguel Rodrigues Pereira
Bruno Pachedo e Fernando Ferreira
Durante muito tempo, o circuito da noite gay no Porto resumiu-se a um trio. Até à 01h00, sensivelmente, o ponto de encontro era o Café na Praça, até às 04h00 rumava-se ao Boys e daí desaguava tudo no também extinto Moinho.
“Já compensou muito mais ter um bar GLS, está uma crise instalada, mas ainda compensa. As pessoas vêm menos vezes e consomem menos.” Pista de dança do Zoom começa a encher
te gay no Porto resumiu-se a um trio. Até à 01h00, sensivelmente, o ponto de encontro era o Café na Praça (Praça de Lisboa), até às 04h00 rumava-se ao Boys e daí desaguava tudo no também extinto Moinho, “o primeiro com nome, visibilidade e sem vergonha” de integrar a comunidade GLS numa pista que se desejava para todos. O Moinho promovia a convivência saudável entre diferentes orientações e era aí onde a noite na Baixa, por excelência, terminava. Fora isto, “não havia rigorosamente mais nada na Baixa, era um deserto total”, recorda Miguel. Passo a passo Por esta altura, em Lisboa “já havia uma postura muito mais aberta e natural face à noite gay”. A Invicta começava a mexer-se. “No Porto, a novidade chega sempre com uma décalage de pelo menos dez anos. Primeiro que
João Madureira Um dos sócios do Zoom João Madureira
“Há quem passe na rua e olhe para o bar como se aqui viessem pessoas esquisitas. Muitas vezes vou à porta e digo que podem entrar e que não vão ser contagiados porque isto não é um vírus.”. Mário Carvalho Proprietário do Lusitano
“A única ocasião em que senti que houve algum sentido comunitário [na população gay do Porto] foi na noite da morte do meu pai” Miguel Rodrigues Pereira Ex-proprietário do Boys ‘R’ Us
as coisas mudem é o cabo dos trabalhos. A cidade não é muito permeável a novidades, daí a noção de que a noite gay demore a chegar e a enraizar-se”, analisa o antigo dono do Boys. Exemplo deste atraso é a oferta direccionada para a subcultura ‘bear’. Só na zona do Príncipe Real, em Lisboa, funcionam neste momento meia dezena de bares massivamente frequentados por ‘bears’ - ursos em português. O único que abriu no Porto com este público no horizonte durou um ano (ver páginas seguintes). Neste momento, a oferta nocturna GLS existente no Porto conta-se pelos dedos de uma mão, embora complementada com alguns cafés não assumidamente GLS mas frequen-
tados por esta comunidade. Já foi menor, mas dizem-nos que é parca para que se possa falar de um roteiro gay. “Ainda é um bocado cedo para falar nisso, estamos uns dez anos atrás de Lisboa, não há a mínima duvida. A comunidade ‘bear’, por exemplo, ainda não saiu do armário no Norte, está ainda muito fechada. Lisboa libertou-se, o Porto ainda não, mas havemos de lá chegar.”, comenta Carlos Alberto, proprietário do Spartakus, um bar com dois anos, um “ambiente um pouco mais sossegado” e ideal para conversar, É frequentado sobretudo por “pessoas acima dos 30” e o único com quarto escuro permanente. Albano Martins, do Luxus, diz que “ainda não há gente” su-
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reportagem
Mário Carvalho
ficiente para falar num roteiro. O empresário amplifica a escala: comparada com a metrópole londrina, a noite gay portuense “está muito aquém”. Para si, o problema nem sequer é a quantidade de espaços, mas a sua qualidade. Mistura de públicos São 02h00 e ainda é muito cedo para a pista da discoteca Zoom encher. Por norma, aqui a rainha é a electrónica. André, 23 anos, passeia o copo pelos corredores e confidencia que gostava mesmo era de ver no Porto “uma
disco gigantesca e uma sauna autêntica, como se vê em Madrid, Barcelona e São Francisco”. No escritório, um dos sócios do Zoom, João Madureira, sublinha que hoje há “n espaços abertos que são misturas e as pessoas circulam, há quase uma Ryanair gay de gente que vem de fora de propósito para conhecer o lado gay do Porto: já nem se devia falar em gays, mas em pessoas”. O cliente pensa global aumentando o tamanho, o empresário pensa global diluindo fronteiras. Os bares que visitámos são GLS-frien-
1 Caverna dos Ursos durou um ano Uma proeminente subcultura da comunidade gay é a dos ‘bears’, ou ursos. São geralmente homens mais corpulentos e adeptos de pêlos, que projectam uma imagem de masculinidade. Em Lisboa há diversos espaços para esta franja, mas o Porto é um deserto. O Bears Cave foi a efémera excepção, mas só durou um ano. O antigo proprietário, Paulo Varela, explica porquê.
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Por que decidiu abrir o Bears Cave? Nasceu da necessidade de termos um espaço no Porto onde as pessoas pudessem entrar e estar, naturalmente, sem se sujeitarem ao olhar preconceituoso, mas também livre da pressão dos espaços gay que existiam, alguns que ainda se mantêm, que funcionam quase como uma passerelle, onde se entra para ver e ser-se visto, mas onde pouco ou nada se socializa, a não ser na típica tentativa de engate. Um espaço onde as pessoas se conhecessem pelo nome e entrassem sem estarem preocupados se os sapatos combinavam com a camisa. Propício a um meio-termo, entre o engate e o desprezo.
dly, mas recusam a exclusividade do rótulo gay. Abrem-se a todos os públicos e talvez o actual expoente máximo dessa mistura seja o Café Lusitano, com fins-de-semana (sobretudo sábados) lotados. Abriu em 2005, passa música que vai dos anos 80 ao pop e electro actuais e a decoração evoca a tradição de cafés históricos do Porto ou bistrots parisienses da belle époque. Mais do que o tipo de música, o que importa ao dono do Lusitano, Mário Carvalho, é o ambiente, as pessoas “respeitarem o espaço umas das outras”. Nunca quis um bar escuro e com “aspecto de gueto”. Quis uma casa “assumidamente de porta aberta para todo o tipo de pessoas”. Não precisava de nenhum arco-íris à porta, mas de “um certo glamour na decoração e que as pessoas viessem independentemente das suas preferências”, um sítio “alegre (que é o que a palavra gay significa), onde cada noite é uma festa”. Para Miguel Rodrigues Pereira, o Lusitano “é uma boa casa em qualquer parte do mundo porque o que lá se passa passa-se em qualquer sítio do mundo civilizado, há uma desguetização”. Muitos negócios deixaram de ter razão de ser com a “normalização”, lembra, mas até aqui a gerência tem conseguido fazer valer uma espécie de “diferença articulada”.
2 Quais as suas características? Era um espaço descontraído, sem controlo de entradas, sem consumo obrigatório, que abria a meio da tarde, para aquelas pessoas que nem sempre podem ou querem sair à noite. Como estava anexo a um restaurante, tinha a vantagem do pessoal poder petiscar ou jantar, sem sair do mesmo espaço físico. O quarto escuro existia, embora nunca tivesse sido anunciado como tal. O espaço já existia, era um armazém que acabou por ficar entre o restaurante e o bar e só por isso passou a existir como tal. Os curiosos notavam e entravam, a outros passava-lhes ao lado. Nunca foi intenção da gerência incentivar ou controlar o seu uso.
reportagem
“Continua a haver” preconceito Há maior abertura, mas a homofobia não desapareceu Já lá vão 35 anos. Um dia, Miguel Rodrigues Pereira, antigo proprietário do Boys ‘R’ Us, virou-se para a família e disse que também gostava de homens. Puseram-no na rua e dormiu quatro dias na Praça da República. “Os statements são feitos assim.”. Os que trabalham na noite GLS do Porto há muito tempo são, em geral, pessoas ‘resolvidas’ também há muito tempo, seja qual for a sua orientação sexual. Sabem quem são e o que querem e talvez seja essa naturalidade a fazer com que o preconceito lhes passe ao lado. Mas embora as suas histórias pessoais sejam positivas e de verem o Porto como uma cidade mais aberta, não se faz de conta que a homofobia desapareceu. João Madureira, do Zoom, “nunca” sentiu discriminações e o mesmo se passa com Bruno, a Ramona do Pride: “Houve alturas em que trabalhava aqui, ia curtir para um sítio maquilhado e na boa”. Albano Martins, do Luxus, diz que a ci-
dade evoluiu ao nível da homofobia, mas ainda há”. Nos primeiros anos de vida do Pride, a cidade “ainda era um bocadinho fechada”. “Agora nem tanto, já se respeitam mais os travestis e os gays e tenho muito gosto em dizer que contribuí para isso.”, refere Fernando Ferreira. “O ambiente melhorou muito nos últimos anos. Há 20 anos, para as pessoas se assumirem como gays no Porto era muito difícil. A maior parte casava, disfarçava e depois tinha as suas aventuras.”, comenta Mário Carvalho, do Lusitano. Porém, para o empresário “continua a haver” preconceito: “Telefonaram-me a perguntar se tinha virado e se tinham de andar encostados às paredes quando fossem lá a casa. Um disparate completamente desactualizado.”.
3 Em que altura fechou e por que razão o negócio não singrou? Se tivesse aberto o bar num local mais central e com mais visibilidade poderia ter tido outro desfecho? Apesar de o restaurante já existir antes e se ter mantido depois do bar, este só funcionou durante um ano. Perdeu a razão de ser quando percebemos que afinal não haveria muitas pessoas no Porto, interessadas num espaço com aquelas características. Aquelas que gostavam e nos incentivaram a abrir algo assim, mantiveram-se fiéis até ao fim, mas facilmente percebemos que comercialmente não se justificava. Outros vieram uma ou outra vez e desapareceram. Curiosidade, creio. Curiosamente, éramos visitados mais assiduamente por pessoas de fora, quando vinham ao Porto. Tanto portugueses, como estrangeiros. Não creio que a pouca adesão das pessoas tivesse a ver com visibilidade ou localização. Todos conhecemos espaços que abriram no centro e que não singraram.
Quebra no consumo
Duas certezas quando se tenta averiguar a rentabilidade deste segmento de mercado. Ninguém fala de números e todos sofreram com a crise. Sobre a evolução média do consumo por cliente, Fernando Ferreira, do Pride, diz que com a crise caiu de 16 euros/noite para 4 euros/noite. A tendência repete-se no Zoom. João Madureira diz que a casa factura “relativamente bem” senão não estaria aberta, mas já facturou “o triplo”. Carlos Alberto, do Spartakus, assume “algumas dificuldades de sobrevivência” e nota “uma grande quebra em relação ao ano passado e há dois anos”. Albano Martins, do Luxus, garante que antigamente se consumia “muito mais”. Viam-se cartões cheios, enquanto agora o cliente bebe “os 5 euros consumíveis mais uma bebida ou duas”. Mário Carvalho, do Lusitano, diz que qualquer tipo de negócio da noite “normalmente resume-se a um fim-de-semana para pagar a renda, um para os empregados, um para o IVA e outro para os fornecedores”, folgandose mais as costas nos meses de cinco semanas..
39 Nov’ 13
roteiros
28 Novembro, 21h30
Inside Music Machine Música e ciência Casa da Música, Porto 8€
28 Novembro, 21h30
Concerto de piano por Elena Filonova Encontros de Piano do Porto Fundação Eng. António de Almeida, Porto
29 Novembro, 21h30
Aventuras e Desventuras
Orquestra Sinfónica do Porto Casa da Música. Direcção musical de Lothar Zagrosek Casa da Música, Porto 17€ (32€ com jantar)
29 e 30 Novembro, 21h30
Despertar da Primavera
Musical vencedor de 8 Tony Awards e de um Grammy Casa da Criatividade, S. João da Madeira 5€-17,5€
29 Novembro, 21h30
Slimmy
Apresentação de “Freestyle Heart” Theatro Circo, Braga 7€
29 Novembro, 22h00
Richie Campbel
Encerramento da digressão “Focused Tour” Coliseu do Porto 18€-22€
30 Novembro, 19h00
Música
Ciclo de Jazz_Porta Jazz Edifício AXA, Porto
Oratória de Natal (1ª Parte) na Casa da Música Casa da Música, Porto 14 Dezembro, 18h00 21€ (36€ com jantar)
30 Novembro, 21h30
Concerto de Natal AMI
Trio In Tempori Fundação Eng. António de Almeida, Porto 30 Novembro, 21h30
Récita 1º de Dezembro
A Casa da Música apresenta, a 14 de Dezembro, a primeira parte da “Oratória de Natal” de Bach, que se divide em 6 cantatas. Cabe à Orquestra Sinfónica e ao Coro Casa da Música a interpretação da primeira parte, narrando o nascimento de Jesus, a anunciação e a adoração dos pastores (cantatas 1 a 3). Sob Direcção musical de Christoph Konig e com Joana Seara (soprano), Cátia Moreso (meio-soprano), John Mark Ainsley (tenor) e Markus Butter (barítono). Apresentada pela CdM como “uma oportunidade única para comparar uma interpretação moderna, com instrumentos actuais, com uma interpretação historicamente informada, com réplicas da época”.
Nov’ 13 40
Grupos culturais da Universidade do Minho Theatro Circo, Braga
30 Novembro, 22h00
Anjos
Concerto acústico Casa das Artes de Arcos de Valdevez 12€
30 Novembro, 22h00
Santamaria
Comemoração dos 15 anos Coliseu do Porto 10€-15€
roteiros
29 Novembro, 22h00
6 Dezembro, 21h00
14 Dezembro, 11h00
Noiserv
Transfiguração
Percussão Tradicional Portuguesa
Apresentação de “Almost Visible Orchestra” Centro Cultural de Vale de Cambra 5€-7€
30 Novembro, 22h30
Optimus Clubbing
Unkown Mortal Orchestra; Archie Bronson Outfit; DI’s set’s; bandas Optimus Casa da Música, Porto 12€
Orquestra Sinfónica do Porto Casa da Música. Direcção musical de Michael Sanderling Casa da Música, Porto 17€ (32€ com jantar)
Instrumentos tradicionais de percussão Casa da Música, Porto 7,5€ 14 Dezembro, 17h00
6 e 7 Dezembro, 21h30
XX Celta
Certame Lusitano de Tunas Académicas Theatro Circo, Braga
Concerto de Natal
Concerto de Natal pelo Dryads Duo (Carla Santos e Saul Picado) Museu Romântico da Quinta da Macieirinha, Porto Entrada livre (lotação limitada)
7 Dezembro, 16h00 30 Novembro, 23h59
Kimi Djabaté
Café-concerto Centro Cultural Vila Flor, Guimarães 3€
1 Dezembro, 18h00
Orquestra Jazz de Matosinhos Direcção musical de Pedro Guedes Casa da Música, Porto 11€ (27€ com jantar)
Em canto se conta o Natal
Direcção artística de Helena Caspurro e Brendan Hemsworth. Encenação de António Oliveira Casa da Música, Porto 6€
14 Dezembro, 18h30
Lado Esquerdo Edifício AXA, Porto 14 Dezembro, 19h00
7 Dezembro, 16h00
Coro Vilancico
Casa do Infante, Porto Informações: 222060423 ou casadoinfante@cm-porto.pt
Bob Ostertag
Concerto de encerramento da exposição “Música e Palavras: Obras da Coleção de Serralves” Edifício Axa, Porto 14 Dezembro, 21h30
7 Dezembro, 21h00
Motorama | Soviet Soviet | Black Leather
Carlos do Carmo
Hard Club, Porto 15€
Comemoração de 50 anos de carreira Theatro Circo, Braga 15€
8 Dezembro, 18h00
14 Dezembro
Pedro Burmester
Dealema
Encerramento do ciclo de piano 2013 Casa da Música, Porto 15€
Apresentação de “Alvorada da Alma” Hard Club, Porto 15 Dezembro, 18h00
9 Dezembro, 21h00
Patxi Andion 2 Dezembro, 21h00
Morcheeba
Apresentação de “Head Up HIgh” Coliseu do Porto 22,5€-25€
2 Dezembro, 21h00
Harlem Gospel Choir
Novo espectáculo de Natal; inclui homenagem a Stevie Wonder Casa da Música 30€
Apresentação de “Porvenir” Casa da Música, Porto 30€
Bob Ostertag
Apresentação de “Sooner or Later” Serralves, Porto 15 Dezembro, 21h00
10 Dezembro, 19h30
No silêncio da noite
Madredeus
Casa da Música, Porto 30€
Quarteto de Cordas de Matosinhos Casa da Música, Porto 8€ (24€ com jantar) 10 Dezembro, 21h00
Italian Instabile Orchestra The Duke of Instabile Casa da Música, Porto 15€
3 Dezembro, 19h30
Prémio Conservatório de Música do Porto/Casa da Música
Beatriz Soares (flauta transversal) e Isolda Lidegran (violino) Casa da Música, Porto 8€ (24€ com jantar)
12 e 13 Dezembro, 21h30
Ana Bacalhau
“15”. Revisita o trabalho de músicos que influenciaram o percurso musical Casa da Música, Porto 15€
5 Dezembro, 22h00
Mayra Andrade
Apresentação de “Lovely Difficult” Casa da Música, Porto 3 Dezembro, 21h00 25€ Cine Teatro de Estarreja 15€-20€
5 Dezembro, 21h00
Quarteto “Cellissimo”
Marin Cazacu, Alexandra Guțu, Rãzvan Suma e Octavian Lup (violoncelos) Casa da Música, Porto 10€
5 Dezembro, 21h30
André Indiana
Apresentação do quarto álbum, homónimo Theatro Circo, Braga 7€
41 Nov’ 13
roteiros
Teatro
24 Horas de Teatro em S. João da Madeira Casa da Criatividade, S. João da Madeira Dias 14, 21h30 (apresentação resultado)
Depois de Nova Iorque e Londres, é a vez de Portugal receber “24 horas de teatro”. A 6 escritores, a 6 encenadores e a 30 actores profissionais e amadores são dadas apenas 24 horas para criar, produzir e ensaiar seis peças de teatro. O programa é ambicioso: recepção dos participantes (23h00); apresentação dos participantes (23h15); actores e encenadores vão descansar (23h45); escritores escolhem os seus actores preferidos (00h00); cada escritor escreve uma peça de teatro nova (1h00 às 7h00); os encenadores escolhem a peça que que-
rem encenar (7h30); actores chegam e descobrem com quem vão trabalhar e qual a sua peça de teatro (9h00); ensaios começam (10h00); cada peça tem apenas 20 minutos no palco para preparar luzes e som (15h00 às 18h00); actores
aproveitam para decorar o texto (18h00 às 20h00); 408 espectadores chegam ao auditório, ansiosos por ver as novas peças de teatro (21h00); encenadores, escritores e actores apresentam as seis novas peças de teatro. (21h30).
Dança 28, 29 e 30 Novembro, 21h30
7 Dezembro, 22h00
O último a sair que apague a luz
As veias abertas da humanidade memória de amor e guerra
De e com Óscar Branco Rivoli, Porto 10€
Auditório da Quinta da Caverneira, Maia 28 Novembro a 1 Dezembro, 21h30 Auditório Municipal da Póvoa de Varzim
28, 29 e 30 Novembro, 21h30
Labaret 3 - A Morte
8 Dezembro, 16h00
Direcção artística e encenação de Pedro Fabião Teatro Helena Sá e Costa, Porto 3,5€-10€
Em direcção aos céus
De Ödön von Horváth. Encenação de Rodrigo Francisco Teatro Nacional São João, Porto 5 a 7 Dezembro, 21h30 7,5€-16€ 6, 7, 8, 13, 14 e 15 Dezembro, 21h30
Morreste-me
Adaptação da obra homónima de José Luís Peixoto. Com Sandra Barata Belo Rivoli, Porto 12€ Dia 15, 16h00
Alice
A partir de “Alice no País das Maravilhas”, de Lewis Carroll. Autoria e encenação de Carlos J. Pessoa Teatro Carlos Alberto, Porto Dias 11 a 14, 21h30 15€ 13 Dezembro, 21h30
Ah, os dias felizes
De Samuel Beckett. Encenação, cenografia e figurinos de Nuno Carinhas. Com Emília Silvestre e João Cardoso Theatro Circo, Braga 12€
“Hoje” estreia-se no Porto Teatro Nacional São João, Porto 13 e 14 Dezembro, 21h30 7,5€-16€
Tiago Guedes regressa aos palcos com “Hoje”, cuja coreografia assina. “Hoje vivemos tempos conturbados. Não sabemos bem onde pomos os pés e que textura tem esse terreno”, diz.
28 Novembro, 21h30
Lago dos Cisnes
Música de Tchaikovsky. Pelo Russian Classical Ballet Coliseu do Porto 23€-33€ + 8 Dezembro, 16h00 e 21h00
Teatro Diogo Bernardes, Porto de Lima 3€-10€ 30 Novembro, 22h00
Landing
Coreografia de Né Barros Centro Cultural Vila Flor, Guimarães 7,5€-10€ 6 Dezembro, 21h30
Your Majesties, Welcome to the Antrophocene De Claudia Martins e Rafael Carriço. Pela Vortice Dance Company Casa da Artes de Famalicão 5€-10€ Nov’ 13 42
roteiros
Exposições
Até 29 Novembro
Fio do Tempo
Artes plásticas. De Isabel Machado Centro Cultural de Vila das Aves, Santo Tirso
Até 29 Novembro
Mulher sem título
Artes plásticas. De Milita Doré Edifício-sede da Câmara Municipal de Vizela
Cildo Meireles
30 Novembro a 23 Fevereiro 2014
Habitar(s)
Obras das coleções da Fundação de Serralves e da Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento Biblioteca Municipal Almeida Garrett, Porto
Até 30 Novembro
Manuela Bacelar
A arte da ilustração Biblioteca Pública Municipal do Porto
Até 30 Novembro
Da terra ao mar
Exposição antológica de Graça Morais Centro de Arte Contemporânea Graça Morais, Bragança
Serralves, Porto
O Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofia, Madrid, em coprodução com o Museu de Arte Contemporânea de Serralves, e HangarBicocca, Milão, apresentam no porto, até 26 de Janeiro próximo, uma exposição do artista brasileiro Cildo Meireles (Rio de Janeiro, 1948). A mos-
tra inclui, a par de uma selecção de peças emblemáticas produzidas entre 1969 e 2013, obras e instalações de grandes dimensões, de entre as quais se destaca “Nós formigas”, um “projecto pela primeira vez materializado em Serralves, onde dialogará com a arquitectura do Museu e o espaço do Parque”.
Até 30 Novembro
Estigmas
Pintura e desenho. De Dulce de Macedo Casa das Artes de Felgueiras
Até 30 Novembro
Apeteceu-me repetir
De Inês Bessa, Joana Couto, Maria João Marques, Ana Loureiro e Bessa Oliveira REM - Galeria Por Amor à Arte, Porto
Até 15 Dezembro
Até 31 Dezembro
Música e Palavras
Pague Leve
Até 20 Dezembro
Até 31 Dezembro
Obras da Colecção de Serralves Edifício Axa, Porto
Almanaque Até 1 Dezembro
Histórias Fora de Palco
Uma história do design português em revista Espaço Quadra, Matosinhos
Colectiva/venda de arte Galeria Vantag, Porto
Ruralidade Maiata Arquitectura rural Quinta da Caverneira, Maia
Fotografia. De Paulo Pimenta Centro Português de Fotografia, Porto
Até 31 Dezembro
3 Dezembro a 5 Janeiro 2014
Vida, pensamento e luta de Álvaro Cunhal
Documental Casa das Artes de Arcos de Valdevez
Exposição de presépios Artes plásticas. Colectiva Casa do Infante, Porto
Até 31 Dezembro
Adália Alberto
5 Dezembro a 23 Fevereiro 2014
Escultura Abstracta na Coleção da Fundação de Serralves, nas décadas de 1960-1970 Museu Municipal Abade Pedrosa, Santo Tirso
Até 7 Dezembro
Devolver o olhar
Pintura. De Paula Rego Museu Amadeo de Souza-Cardoso, Amarante
Esculturas Hotel Casa da Calçada Relais & Châteaux, Amarante Até 21 dezembro
Ensaio sobre o comprimento do silêncio. Nepal, a verticalidade do Silêncio Fotografia. De Pepe Brix Casa das Artes de Famalicão Até 22 Dezembro
Japão 1997 7 Dezembro a 19 Janeiro 2014
João Onofre
Objectos sonoros Solar - Galeria de Arte Cinemática, Vila do Conde
Fotografia. De António Júlio Duarte Palácio Vila Flor, Guimarães Dia 21, 18h00 1€-2€
Biblioteca: das obras nascem obras
Artes plásticas. Colectiva Biblioteca Municipal Ferreira de Castro, Oliveira de Azeméis
10 Dezembro a 2 Janeiro 2014
Concurso de Presépios 2013
Artes plásticas. Colectiva Biblioteca Municipal Ferreira de Castro, Oliveira de Azeméis
A arte do estuque
Documental Palacete Viscondes de Balsemão, Porto
Até 31 Dezembro
Thumbnails e Modelos Pintura. De Eduardo Batarda Galeria 111, Porto
Até 11 Janeiro 2014
XV PortoCartoon
Rogério Timóteo e Mar Yela
Caricatura. Colectiva Museu Nacional da Imprensa, Porto
Escultura e fotografia Aparte - Galeria de Arte, Porto
Até 31 Dezembro
Até 30 Janeiro 2014
Até final Dezembro 9 a 14 Dezembro
Até 31 Dezembro
Lições da Escuridão
Artes plásticas. Colectiva Centro Internacional das Artes José de Guimarães, Guimarães 3€-4€ (gratuito ao domingo entre as 10h00 e as 14h00)
Bordados de Castelo Branco
Artes plásticas Museu da Chapelaria, S. João da Madeira
43 Nov’ 13
roteiros
Até 31 Janeiro 2014
30 Novembro, 11h00
14 Dezembro 11h00
Geishas - uma tradição milenar no Japão
Bebéteca Letras e Chupetas
A Estrela de Natal
Artes plásticas. De Leonor Alvim Casa-Museu Guerra Junqueiro, Porto Até 9 Fevereiro 2014
Letras pelo chão. Para bebés dos 0 aos 36 meses Biblioteca Municipal José Marmelo e Silva, Espinho
Encenação de Gami Ferrão Museu Romântico da Quinta da Macieirinha, Porto Entrada livre (lotação limitada a 70 lugares sentados) 11h00
8 Dezembro, 11h00 e 15h00
COM FOTO BAIXO
Ahlam Shibli: Phantom Home Fotografia Serralves, Porto Até 2 Março 2014
Panda e os Caricas Musical infantil Multiusos de Guimarães 1 Dezembro, 11h00 e 15h00 Multiusos de Gondomar 15€-30€
Antologia.Gervasio Sánchez 2 a 20 Dezembro
Até 4 Março 2014
Teatro de sombras e oficina Museu de Santa Maria de Lamas, Santa Maria da Feira 10h00 às 12h00 e 14h30 às 16h30 3€
Acervo de Publicações e Livros de Artista da Fundação Serralves, Porto
Noite de Natal
Papel de Natal, etc. e tal
A Torre dos Clérigos e os seus fotógrafos Fotografia Centro Português de Fotografia, Porto
Para crianças dos 4 aos 10 anos Biblioteca Municipal Ferreira de Castro, Oliveira de Azeméis
Afinal o Caracol
Pela Andante, associação artística. Para bebés e crianças Biblioteca Municipal Ferreira de Castro, Oliveira de Azeméis Entrada livre Até 15 Dezembro
Pelos Cabelos Ter. a sex., 10h00 e 14h00
Até 30 Março 2014
O rei com uma vida desgraçada e o pastor
14 Dezembro, 16h00
Fotografia Centro Português de Fotografia, Porto
Artistas brasileiros e poesia concreta
14 Dezembro, 15h00
Oficina de elaboração de postal de boas festas e um saco para embrulho de presentes Casa do Infante, Porto 3 a 20 Dezembro
Pelo Teatro de Marionetas do Porto Teatro de Belomonte, Porto Ter. a sex., 10h30 às 15h00 (marcação prévia) Sáb., 11h00 e 16h00 Dom., 16h00
Até 17 Dezembro Até 31 Março 2014
Ano da Fé: pedras que falam
Arte sacra. O Mosteiro de S. Salvador de Moreira Museu de História e Etnologia da Terra da Maia
7 Dezembro, 10h30 e 11h30
Música com Bebés & Papás - 7 Dez Dos 0 aos 36 meses Casa da Criatividade, S. João da Madeira 5€ (bebé + dois acompanhantes)
O Museu do Vinho do Porto no azulejo Oficina de pintura de azulejos. Para grupos escolares Museu do Vinho do Porto, Porto Ter., 10h00 às 13h00 e 14h00 às 17h00 2,5€
Até 13 Maio 2014
Contas de Rezar
Instrumentos de oração e meditação. De Júlia Lourenço Convento Sto. António dos Capuchos, Guimarães Até 2015
Esposende, o Cávado e as memórias Exposição documental Museu Municipal de Esposende
7 a 29 Dezembro
O velho e a sua linda nogueira
Texto de Álvaro Magalhães. Pelo Pé de Vento Teatro da Vilarinha, Porto Sáb. e dom., 16h00 Sessões especiais para público escolar (ter. a sex., 11h00 e 15h00, até 10 Janeiro 2014) 3,4€-10€
As aventuras da Banda do João Ratão Teatro musical Casa das Artes de Famalicão 5€-10€
Terra dos Sonhos em Santa Maria da Feira Quinta do Castelo de Santa Maria da Feira Qua. qui. e sex., 13h00 às 18h00 Sáb. e dom., 14h00 às 20h00 1 a 29 Dezembro 5€-6€ (grátis até 2 anos; pulseira: 8€; 10€ a partir de 2 de Dezembro)
Santa Maria da Feira transforma-se novamente, durante todo o mês de Dezembro, na Terra dos Sonhos. Recuperando as figuras e histórias do imaginário infantil, as fábulas, as lendas, os contos de fadas e o encanto de Natal, a Terra dos Sonhos propõe-se ser “a porta de entrada para um mundo de pura magia”.
Nov’ 13 44
Tarzan, o musical
De Francisco Santos Teatro Sá da Bandeira, Porto Sáb., 16h00 Dom., 11h30 7,5€-20€
Até 31 Dezembro (domingos) 7 Dezembro, 17h30
Crianças
Até 31 Dezembro
O Livro da Selva
A partir do conto original de Rudyard Kipling. De Francisco Santos Teatro Sá da Bandeira, Porto Sessões especiais para escolas: seg. a sex., 10h30 e 15h00 7,5€-12,5€ (bilhete família de 4 ou mais pessoas - desconto de 20 por cento)
roteiros
Tempo Livre
28 Novembro, 21h30
Salve a Língua de Camões
“O Terceiro Quarto Amarelo e o Diário de um Homem So’Lo”, de Espedito Multibranco. Leituras pela Companhia Teatro Reactor De Matosinhos Museu da Quinta de Santiago, Matosinhos 1€ 29 e 30 Novembro e 1 Dezembro
Terra Sã
Feira Nacional de Agricultura Biológica. www.agrobio.pt Palácio de Cristal, Porto
20 Novembro, 21h15
Cinema na Ordem
“Vermelho”, de Krystof Kielowski Ordem dos Médicos, Porto Entrada livre
30 Novembro, 10h00 às 20h00
Mercadinho dos Clérigos Venda de produtos Rua Cândido dos Reis, Porto Entrada livre
30 Novembro, 10h00 às 19h00
Feira de artesanato de Natal Artesanato local e original Centro de Vale de Cambra Entrada livre
30 Novembro, 12h00 às 19h00
Mercado Porto Belo
Venda de produtos novos e usados Praça Carlos Alberto, Porto Entrada livre 30 Novembro, 16h00
O Livro que ninguém leu
Visita encenada sobre um livro da Biblioteca de Assuntos Portuenses Casa do Infante, Porto 14 Dezembro, 16h00 30 Novembro, 22h00
Filme-concerto
“The Kid”, de Charlie Chaplin, com música de bueno.sair.es Casa das Artes de Famalicão 2,5€-5€
1 Dezembro, 16h00 às 19h00
O sabor do cinema: momento XXIV
“Quem espera por sapatos de defunto morre descalço”, de João César Monteiro; “O rio do ouro”, de Paulo Rocha Serralves, Porto
1 a 7 Dezembro, 16h00 às 19h00 e 21h30 às 24h00
Feira de velharias
Venda de produtos usados Rua de Camões, 643, Porto Entrada livre
Quintas de Leitura chegam à sessão 150 Teatro do Campo Alegre, Porto 28 Novembro, 22h00 7,5€-11€
“Agora que o leste mudou será que eles vão dar outro nome ao mar vermelho?” é o título da sessão 150 do ciclo poético Quintas de Leitura, marcada para 28 de Novembro. Com a participação de João Luís Barreto Guimarães, Golgona Anghel e Filipa Leal (todos poetas), de Joana Bagulho (cravista), de Rui Spranger e Teresa Coutinho (actores), de Natalia Juskiewicz (violinista) e de Miguel Araújo (músico). A imagem é da pintora Joana Rêgo.
2 a 20 Dezembro
Um Natal de Cortiça
Visitas e oficinas de expressão plástica Museu de Santa Maria de Lamas, Santa Maria da Feira 10h00 às 12h00 ou 14h30 às 16h30 3€
8 Dezembro, 16h00 às 19h00
15 Dezembro, 17h30
O sabor do cinema: momento XXIV
Matiné de domingo
“Greed” (Aves de Rapina), de Eric von Stroheim Serralves, Porto
3 e 17 Dezembro, 21h00
Leituras no Mosteiro
“O Sangue das Promessas: Litoral, Incêndios”, de Wajdi Mouawad (3 Dezembro) e “O Sangue das Promessas: Florestas, Céus”, de Wajdi Mouawad (17 Dezembro) Mosteiro S. Bento Vitória, Porto Entrada livre
12 e 18 Dezembro, 18h30
Invicta Filmes Ciclos de cinema no Porto. Ciclo Clint Eastwood Biblioteca Municipal Almeida Garrett, Porto Entrada livre
Mixtapes de Al Lover e curtas-metragens do Bando à Parte Centro para os Assuntos da Artes e da Arquitectura Até 31 Dezembro
15º PortoCartoon 2014
Votações para Prémio do Público do PortoCartoon 2013 em www.cartoonvirtualmuseum.org.
45 Nov’ 13
eventos
Por Manuel Serrão
O Japão no Muuda
No próximo dia 30 de Novembro, o Muuda recebe Itsuyo Terumoto, uma actriz japonesa, que fará um workshop acerca da cultura do seu país, boas maneira, uso do leque, como vestir um kimono e ainda algumas técnicas de Dança Japonesa. O preço do workshop é de 25€. Mais info em muuda.com.
Novo livro de Hélio Loureiro
“À portuguesa” – assim se chama o novo livro de receitas do Chef Hélio Loureiro. O lançamento do livro decorreu no passado dia 21 de Novembro no Ateneu Comercial do Porto. Uma série de receita com sabor a Portugal compõe o livro que pode ser uma excelente ideia para os presentes de Natal.
Campeonato do Clube no Axis
Decorreu no passado dia 23 de Novembro o Campeonato do Clube 2013, organizado pelo Clube de Golf de Ponte de Lima, no campo do Axis Golfe. O torneio, disputado na modalidade Strokeplay, sagrou campeão César Correia em ambas as categorias – gross e net.
Nov’ 13 46
A moda portuguesa continuou a sua “peregrinação” pelo mundo, levando mostras reais da qualidade da produção “Made in Portugal”. Nos passados dias 27 e 28 de Novembro a energia positiva dos portugueses assentou arraiais em França, para mais uma edição do Fast Fashion Lille, o certame que reúne duas áreas distintas – a Tissu Premier, dedicada aos têxteis e matérias-primas e a Collections, uma mostra variada de vestuário e acessórios. Para Lille partiram 13 empresas portuguesas. A Têxtil de Serzedelo, a Acatel, a Celostecelagem, a Gulbena, a Lipaco, a NGS e a Sanmartin instalaram-se no espaço Tissu Premier, com as últimas novidades e tendências em tecidos e matérias primas. A Kalisson e Bagoraz, a Goucam, a Groché Internacional, a Lady Suzy, a Orfama e a Raith Têxteis representaram Portugal na Collections, apresentando as suas propostas para a próxima estação. Em França, a presença lusa fez-se ainda sentir de forma especial através da apresentação do Fórum From Portugal, um espaço inovador, situado na entrada da feira, onde se reuniram alguns dos produtos das empresas portuguesas participantes. Ainda antes da presença em França, os portugueses marcaram pontos na Alemanha e na China. Em Düsseldorf, seis empresas portuguesas – A. Sampaio e Filhos Têxteis S.A.; Axfilia, Endutex, Gulbena, Idepa e Ultra Creative – participaram
Aldeias Históricas de Portugal no novo Passeio dos Clérigos A história da colecção Aldeias Históricas de Portugal é recente, mas toda ela é marcada por um passado que vem de longe. Isto porque a história, a cultura e os costumes tradicionais das Aldeias Históricas de Portugal influenciam cada casaco, saia, camisola ou acessório da colecção criada por Miguel Gigante. A peças são todas em lã e juntam técnicas de corte e produção contemporânea a técnicas mais tradicionais como o tricot, o pa-
na A+A 2013, o mais importante certame mundial especializado em saúde e segurança no trabalho. Para a Alemanha viajou também o CITEVE, como parceiro da comitiva From Portugal que participou na A+A entre os dias 5 e 8 de Novembro. Nos finais de Outubro passado, foi no outro lado do mundo que oito empresas portuguesas mostraram os seus tecidos luxuosos para a próxima estação Outono/Inverno. Das flanelas mais quentes aos sumptuosos veludos e aos pelos artificiais, passando pelos tecidos de matérias primas naturais e pelo denim mais inovador, foi com uma mostra eclética e surpreendente que a comitiva From Portugal conquistou a China. Para a Intertextile Shangai Apparel Frabrics partiram a Têxtil de Serzedelo, a Arco Têxteis, a Gierlings Velpor, a ITS/Somelos, a Lemar, a Riopele, a Teviz e a Troficolor. A participação das empresas portuguesas em todos estes importantes certames internacionais está inserida dentro do projecto From Portugal, uma iniciativa levada a cabo pela Associação Selectiva Moda, com o apoio do Compete e do QREN. Durante este ano de 2013 o projecto levou a moda portuguesa a vários pontos do mundo, com mais de 60 acções espalhadas por quatro continentes.
tchwork ou o tear manual. Ir espreitar as propostas contemporâneas, confortáveis, elegantes e com um traço de época é um excelente pretexto para conhecer o novo e bonito espaço do Passeio dos Clérigos. A colecção Aldeias Históricas de Portugal está à venda até ao final do mês no espaço “Fora D’Espaço”, um conceito que combina “várias lojas” dentro da mesma loja e que se situa no Passeio dos Clérigos.
gastronomia
Roupa Velha, Vida nova A roupa velha, como tantos outros pratos insignes da nossa gastronomia, surge do engenho de quem se sente obrigado a transformar o que nos sobra naquilo que nos falta. A roupa velha - que também pode ser a dos colarinhos virados e das calças que, por exemplo, eu recebi do meu irmão mais velho, deveria ser também um guia de vida para os que hoje tentam sobreviver a um modelo económico que para precaver que nada faltasse, fez opulentamente tudo de forma a sobrar e deitou despreocupadamente fora as sobras e o engenho. A roupa velha é normalmente o prato do almoço de Natal, depois da barrigada da véspera – onde as lascas do bacalhau graúdo se estalam em azeite e alho e se envolvem com a batata, a couve, a cebola e o ovo que também sobraram. Um golpezinho de coentros (ou salsa acabada de segar) e cá está a maravilha culinária que guardamos para celebrar o nascimento do Menino. E que bem nos sabe! O Grande Porto também quis fazer de novo. Com as muitas coisas boas que tinha e ainda tem. E fazer, se possível, melhor. A mim que sou, para aí, a lasca mais pequena da cebola, renovaram-me o desafio de fazer de novo. E aqui estou, o mesmo, com a mesma roupa velha a tentar encontrar um forma de Vos agradar mais. E por isso, em primeiro lugar, brindo, com Vinho do Porto, a este Grande Porto que acredita, que quer muito, que teima em ser a voz do Norte e que não desiste de reunir as ideias e os protagonistas para que o Norte se cumpra outra vez ou se cumpra de uma vez por todas. Mensalmente convidarei uma pessoa do Norte para almoçar comigo num espaço restaurativo, uma tasca ou uma taska, não importa; um espaço de autor ou de co-
zinheiro, tanto faz; um espaço de cozinha molecular ou de cozinha de tacho, é indiferente. Tem é que ser do Norte. Uma vez por mês, com o mesmo convidado, beberemos um vinho branco, tinto ou rosé, tanto dá; jovem e gordo ou velho e elegante (para velho e gordo já basto eu) é igual; verde ou maduro, o que vier. Tem é que ser do Norte ou, por razões que eu cá sei, feito por gente do Norte. O convidado escolhe o restaurante. Na ideia de qual é para Ele o melhor restaurante do Norte, ou um dos melhores. Entretanto porque a voz dos leitores é quem mais ordena, receberei no mail asc@nomore.pt, as V. sugestões sobre o melhor restaurante do Norte e tentarei ir a todos, se Deus me der saúde. No final de 2014, o Grande Porto fará uma Festa com vários Prémios individuais e Colectivos de enaltecimento dos Chefs e Cozinheiros, dos Restaurantes, dos Vinhos, etc. e com a proclamação de uma Selecção nacional, composta por todos quantos se distinguiram. Serão nossos convocados os que para nós melhor representam o Norte. Teremos prémios diferentes e insígnias que servirão para distinguir e recomendar. Faremos igualmente um Guia bilingue que será encartado nessa altura. Tentaremos que este seja um Grande Evento Anual do Norte Tudo a bem da nossa gastronomia. Com a roupa velha mas com o sentido e o coração renovados com a conjura com o Norte que sempre manteremos.
Participe Envie as suas proposta sobre “O Restaurante da minha Vida” ou “O Vinho da minha Vida” para asc@nomore.pt.
Por antónio souza-cardoso
Gastronomia com Vinho do Porto
A edição deste ano do concurso Gastronomia com Vinho do Porto, promovida pelo IVDP, registou um recorde de medalhas de ouro. No total, 20 restaurantes receberam medalhas de ouro, 42 de prata e 16 de bronze. Os “medalhados” figuram agora no Guia de Restaurantes com Vinho do Porto.
Vinho verde na Mesa ao Vivo
Os vinhos verdes viajaram até ao Brasil para a Semana de Mesa ao Vivo em São Paulo, o maior evento enogastronómicos da América Latina. Entre os dias 7 e 9 de Novembro os brasileiros puderam provar vários Vinhos Verdes e participar num seminário orientado pelo enólogo da CVRVV, Bruno Almeida.
Vinhos a guardar
A selecção Top Cellar Selection da revista americana Wine Enthusiast elegeu o vinho Noval Nacional Vintage 2011, para ocupar o primeiro lugar no top 100 dos principais vinhos a guardar. Da lista fazem parte nove vinhos portugueses, sete dos quais da região do Douro.
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Restaurante O Ernesto
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Restaurante Pizaria
Rua da Picaria nº 85 | Porto Tel. 222 002 600 www.oernesto.com Horário: Aberto de Segunda a Sábado 12:00H às 15:30H / 19:00H às 21:30H Sábado à noite: só por marcação a partir de 20 pessoas Encerra ao Domingo
Debaixo da Ponte D’Árrabida Rua do Ouro, 797 | Porto Tel: 226 106 012 www.restaurantecasanostra.com casadoro@sapo.pt Aberto todos os dias
O Caloirinho Praça Coronel Pacheco nº 76 | Porto Tel. 932226664 Encerra ao Fim-de-Semana
Cozinha Caseira – Pratos Regionais Rua da Madeira nº 194 | Porto Tel. 222 054 847 | Telm. 966 528 924 Horário: 12H às 22H Descanso Semanal: Domingo
BILI BI – Sociedade de Restauração LDA
Restaurante Abadia do Porto
Foz Velha Esplanada do Castelo nº 141 | Porto Tel. 226 154 178 mail@fozvelha.net Encerra ao Domingo e Segunda-Feira ao Almoço
Restaurante O Rápido
Rua Ateneu Comercial do Porto, 22 a 24 | Porto Tel: 222008757 | Fax: 222008758
Restaurante Peninsular Confeitaria Peninsular
Adega e Presuntaria Transmontana
Praça Mouzinho Albuquerque, 65 | Porto Tel: 2226097468
Rua Cândido dos Reis nº 132 | Vila Nova Gaia Tel. 223 758 380 Horário: Das 12:00 às 00:00. Encerra à Segunda-Feira
Restaurante Your Palace Porto Praça Dr. Francisco Sá Carneiro 283 | Porto Tel: 225097702
B Restaurante
Rua Dr. Marques de Carvalho, 111 Porto Tel: 226 050 000 | Fax: 226 050 001 Horário: Almoço das 12h30 às 14h00 (segunda a sexta) das 13h00 às 14h30 (sábados, domingos e feriados) Jantar - das 20h00 às 23h00 Nunca Encerra
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contacte-nos Envie-nos mais informações para agenda@grandeportoonline.com
A Marisqueira de Matosinhos Rua Roberto Ivens, 717 | Matosinhos Reservas: Tel. 229 381 763 Fax: 229 374 157 geral@amarisqueiradematosinhos.com Horário: 12H às 00.30H Encerramento: Quartas-Feiras
Restaurante Milho Rei
Rua Heróis de França, 721 | Matosinhos Tlf.: 229 385 685
Restaurante Casa Aleixo 5
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Adega e Presuntaria Transmontana II Rua Avenida Diogo Leite nº80 | Vila Nova Gaia Tel.223 758 380 Horário: Das 12:00 às 02:00 Nunca Encerra 6
Café Guarany
Avenida dos Aliados Nº 89/85 | Porto Telefone: 223 321 272 Fax: 222 002 710 E-mail: guarany@mail.telepac.pt
Restaurante D´Oliva Al Forno
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Rua de Brito e Cunha nº 354 | Matosinhos Telefone: 229351005 Aberto todos os dias até as 24 Horas Fins de Semana e Vésperas de Feriados Aberto até à 1:00Hora manhã
Restaurante Pedra Furada Rua Santa Leocádia nº 1415 | Barcelos Junto a estrada Nacional 306 Tel. 252 951 144 Horário: Das 12:00 às 15:30 e das 19:00 às 22:00. Encerra à Segunda-Feira hora Jantar Aceita reservas para Grupos de Pessoas
Terrace Rua Fernandes Tomás nº 985 | Porto
Restaurante o Góshò
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Avenida da Boavista nº 1277 | Porto Tel. 226 086 708 Horário: Das 12:00 às 15:00 e das 19:30 às 23:30. De quinta a sábado aberto até às 01:00. Dia (s) de Encerramento: Domingos
Restaurante A Máscara Av. Brasil, 308 | Porto Telef.: 226176092 Horário: Todos os dias das 12h às 15h, exceto às 3as-feiras Todos os dias das 20h às 24h
Rua da Estação, 216 | Porto Tlf.: 225 370 462
Restaurante/Café Diu Rua da Boavista, 663 | Porto Telf.: 222 011 680
Lais de Guia
Av. Norton de Matos, S/N | Matosinhos Telf.: 229 381 428 1
Café Majestic
Rua Santa Catarina, 112 Tlf.: 223321272
Café Calçada
Lugar de Ribas | Venade Tel: 258922428
Restaurante Casa Agrícola
Rua do Bom Sucesso, 241/243 | Porto Tlf.: 226 053 350 Horário: 12h às 15h e das 20h às 23h, excepto aos Domingos www.casa-agrícola.com
Confeitaria Juquinha
Rua da Cerca, 466 | Porto | Tel: 226184370
Confeitaria Pastorinha 3 Rua Jorge Reinel, 7 | Porto Tel: 226181728 / 226174762
Restaurante Senhor Abade
Rua do Bonjardim, 680 | 4000-119 Porto Tel.: (+351) 220 114 266 Email:restaurantesenhorabade@gmail.com
Restaurante Portucale Rua da Alegria, 598 – 14º / Porto Tel.: 225370717 www.miradouro-portucale.com
Restaurante Dubai
Av. Clube dos Caçadores, 5559 | Atães | Jovim Tlf.: 224 041 456 Horário: 12h00 às 24h Todos os dias
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Restaurante O Escondidinho
Rua de Passos Manuel, 142 | 4000-382 Porto Tlf.:222 0001 079 | Fax.: 222 085 050 | Telem.: 933 101 600 Abertos todos os dias das: 12h às 15h e das 19h às 23h
Cafe Aviz
Rua de Aviz, 27 | Porto Tlf.:222 004 575
Pingo Cimbalino Cafetaria
Praceta Guilherme Gomes Fernandes, 63 | Porto Tlf.: 222 012 335
Restaurante Proa
Rua Sousa Aroso, 22 | Matosinhos Tlf.: 229 380 022
Restaurante Choupal dos Melros e Quinta dos Choupos
Rua Tardinhade, 425 | Fânzeres | Tlf.: 224 890 622 “Abertos para eventos e almoços de domingo.”
Restaurante Marisqueira Majára
Rua Roberto Ivans, 603 | Matosinhos | Tlf.: 229 382 352 Horário: Todos os dias das 12h à 1h da manhã
Restaurante Rogério do Redondo
Rua Joaquim António de Aguiar, 19 | Porto | Tlf.: 225 379 533
Café Guanabara
Miraporto - Restaurante & Petisqueira Rua Sampaio Bruno nº 31 | 4000 – 439 Porto Telf. 222001687 |Telem. 918042915
A Casa do Gordo
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Restaurante Dop - Palácio das Artes Largo S. Domingos nº 18 | 4050 – 545 Porto 91 0014041/ 22 2014313 dop@ruipaula.com
Restaurante Pitada de Mar
Rua Heróis de França, 340 | 4450-155 Matosinhos Telf.: 229379981
Neptuno Restaurante
Rua Rodrigues Sampaio, 133 | 4000-425 Porto Telefone: 222 007 937
Restaurante Roma
Rua Santo Ildefonso, 273 | 4000-470 Porto Telf.: 309 722 031
Rua Heróis de França, 241 | 4450-158 Matosinhos Telef.: 224 927 160
Restaurante Lage de Senhor do Padrão
Café Nosso Lar
Restaurante O Lagostim
Praça D. Filipa de Lencastre, 200 | 4050-260 Porto Telef.: 222 056 141 Encerra ao sábado 8
Baixaria
Av. da Boavista, 4245 | Porto Tel.: 226178303
Rua do Almada, 224 | 4050-032 Porto Telef.: 222 086 143
Restaurante/Snack-Bar Aramis
Restaurante Tripeiro
Rua Conde de Abranches, 453 | Porto | Tel.: 225500562
Restaurante Alcaide Rua do Amial, 736 | Porto Tel.: 228322612
Restaurante Praia dos Ingleses Rua Coronel Raul Peres, S/N | Porto Tel.: 226170419
Restaurante “En Casa”
Rua Brito e Cunha, 640 | Matosinhos | Telf.: 229 380 396 7
Restaurante “Adega São Nicolau”
Rua de S.Nicolau, nº 1 / Porto Telf.: 222 008232
Restaurante A Grade Rua S. Nicolau, nº 9 / Porto Telf.: 223 321 130
Rua Passos Manuel, 95 | 4000-385 Porto Telef.: 222 005 886
Restaurante “O Caçula”
Praça Carlos Alberto 47 | 4050-157 Porto Telefone: 222 055 937
Café Vera Cruz
Rua de Cedofeita, 250 | 4050-174 Porto Telefone: 229 259 553
RestauranteA Chalandra Avenida Serpa Pinto | Matosinhos Telef.: 229375553
Lado B | Cervejaria. Cafetaria. Snack. Bar
Rua Fonte Taurina, 83-85 | 4050-270 Porto Tel.: 222 052 033
Metro café
Rua de Avis, nº 10 Porto Tel: 917953387
Rua Justino Teixeira, 17 | Tel.: 225 101 458
Baixa 22 Sushi & Sangrias Bar
Rua António Carneiro, 437 | Telf.: 225 371 973
Praça D. Filipa de Lencastre, nº 203 Porto Tel: 910718766
Praçabar, Bistrô & Cocktail Bar Praça D. Filipa de Lencastre, n º 195 Porto Tel: 91 0718766
Baixa 22 Sushi & Sangrias Bar
Casa Sta. Clara Vinhas D’Alho
Rua da Reboleira, 39/41 | Telf.: 222 012 874 E-mail: geral@vinhas-dalho.com Web: www.vinhas-dalho.com
Restaurante A Corça
Praça D. Filipa de Lencastre, nº 203 Porto Telef.: 910718766.
Rua Santo Ildefonso, 310 | 4000-465 Porto | Telf.: 225 365 261 E-mail: restaurante.corca@gmail.com Facebook: restaurante.corca
Bar Fuzelhas - Bar. Café. Restaurante
Restaurante Novo Ambiente
Av. da Liberdade, 4450 Leça da Palmeira | Telef.: 229952410 Telem.: 919039086
Rua Sá Noronha, 55 R/C | 4050-483 Porto
Miraparque - Café. Restaurante. Take Away
Com música africana ao vivo Sexta-feira e Sábado. Com reserva: 934 708 721
Rua de Angeiras nº 1183, 4455-039 Lavra Telf. 229286518 |Telem. 919037743
Praceta da Concórdia, Loja 175 Telef.: 229530778 9
A Cozinha do Manel
Rua do Heroísmo, 215 | Porto Telef.: 225 363 388
Monsanto Café - Snack-Bar - Pão Quente Rua Nova Regado, 335 4250-038 Porto | Telef.: 228325449
Churrasqueira Central de Francos Rua Central de Franco, n.º8 | 4250-122 Porto Telef.: 228316426
Restaurante Pavilão de Caça Rua Gonçalves Zarco, 2516 | 4455-821 Santa Cruz do Bispo Tlf: 229955107 Horário: 12h30 às 16h e das 20h à 1h00
Restaurante Via Garrett Rua Clube dos Fenianos, 1 a 5 | Porto | Telef.: 222052756 Horário: das 7h às 24h Encerra ao domingo
Restaurante Patuaá Rua da Conceição, 94 | Porto Telef.222080622 2ª a 5ª das 12h às 24h | 6ª e sáb das 12h às 2h Encerra ao domingo
Pão Quente Cunha & Barbosa
Restaurante Porto Seguro
Restaurante Ora Viva
Restaurante Book
Ao Pão Quente
Bistrô Restaurante
Code Bar
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Rua Sra. Da Luz, 258 | Foz do Douro – Porto | Telf.: 226189284 Dia de fecho: Domingo Horário: das 12h às 15h e das 19h às 2h
Rua Central do Olival, 2736 | Olival-Vila Nova de Gaia Telef.227637060 Horário: das 7h30 às 21h30.
Travessa dos Congregados, 17 | Santo Ildefonso Tel.: 222 015 015 | Telemóvel: 915 747 487 www.costume-bistro.com
Av. Beira Mar, 969 Canidelo - Vila Nova Gaia Tel: 22 7729226
Restaurante Cêpa Torta
Rua Passos Manuel, 190/192 Email.: geral@ladobcaf.pt www.ladobcafe.pt
Café Sckack-Bar Almada Rua Dr. Ricardo Jorge, 74 / Porto Telf.: 222 052 5864
Restaurante Quinta da Boucinha
Av. Vasco da Gama, Oliveira do Douro Tlm.: 918 047 508 Fax.: 227 827 815 info@boucinha.com Horário: Aberto das 12 às 24 horas. Encerrado aos Domingos à noite e Segunda-Feira todo o dia
Restaurante Dom Peixe
Rua Heróis de França, 516 | 4450-159 Matosinhos Telef.: 229 384 807 Horário: 12h às 15h30 e das 19h às 24h.
Restaurante Fundação Dr. António Cupertino Miranda
Rua 5 de Outubro, 262, Porto | T.: 226 094 310 Rua de Sta. Catarina, 949 4000-455 Porto | T.: 223 321 922
Travessa Rodolfo Mesquita, 37 | Praia de Angeiras
Rua Oliveira Monteiro, 33 4052-442 Porto | Tel: 222 056 335
Rua Augusto Luso, 97 | Porto Tel: 226 091 807
Meidin Pizzeria
Casa Cabo Verdiana
Av. da Boavista, 1430, loja 6/7 | Porto Telef.226098318 Horário: 2ª a 6ª das 12h às 15h e das 19h às 22h30 Sábado das 19h às 23h | Domingo das 19h às 22h30
Restaurante “A Pêga” Rua 8 de Dezembro, Nr. 2316 | Famalicão Tlf: 252 374 175 Horário: 2ª a sábado das 12h às 15h30 e das 19h30 às 22h Domingo das 12h às 15h30 e encerra ao jantar.
Will Restaurante Sushi Bar Praça Carlos Alberto, 123 A e B | Porto Telf.: 222086513/936794599 Sáb das 12h30 Às 15h e das 20 às 2h Encerra à 2ª e ao domingo
Restaurante Bar Tolo Rua Sra. da Luz , 185 Porto Telef.: 224938987 Horário: Dom a Quarta das 12h às 24h | Quintas a Sáb. das 12h às 2h 3
Restaurante Tia Orlanda
- Sabores moçambicanos Rua das Taipas, 113 | 4050-600 Porto Tlf.914622823 Horário: 2ª a 5ª das 11h00 às 15h30 e das 19h às 23h 6ª, sábado e domingo das 11h às 15h30 e das 19h às 24h orlandakliro@gmail.com
opinião
| longe do tejo |
O triste caso dos Estaleiros manuel queiroz
Se olharmos para Portugal, Espanha, França, Inglaterra, Estados Unidos e por aí fora há uma e uma única característica comum a todos: a opinião dos cidadãos sobre os seus governos é muito má. Como não acredito em que o mundo se tenha conluiado de uma qualquer maneira para eleger governantes com um nível abaixo da média, o que acontece é que o mundo vive uma mudança de paradigma o que torna muito mais provável tomar decisões erradas ou, pelo menos, decisões menos ponderadas pela emergência da situação. Ou seja, é preciso compreender o momento em que vivemos e darmos um desconto quando a qualidade das decisões não é a melhor. Tendo tudo isto em conta, o caso dos Estaleiros de Viana do Castelo é daqueles que faz com que o maior número de más decisões seguidas termine num caos. Em Junho de 2011 soube-se que o governo Sócrates deixara um plano para despedir mais de metade (380) dos 720 trabalhadores; o ministro da Defesa suspendeu o plano e deu três meses para uma solução; um ano e meio depois ? com os trabalhadores parados ? é então anunciado concurso para a concessão dos terrenos que é ganho, finalmente, pela Martifer mas que implica a dispensa de todos os 620 trabalhadores o que custa 30 milhões de euros. Mas afinal para que é que o Estado quer receber pouco mais de 400 mil euros anuais da renda da concessão? E a concessão serve para quê se os trabalhadores, que são um ativo importante por todo o know-how adquirido, vão embora e depois poderão ser recontratados ? até ao
Nov’ 13 50
número de 400 em três anos diz a Martifer, se as condições de mercado ajudarem? Há dois anos, o ministro das Finanças de então, Vítor Gaspar, queria encerrar a empresa pura e simplesmente. Dois anos depois, é mesmo isso que está a acontecer sem se ter ganho nada com a demora. Pelo contrário. Ou seja, faltou capacidade de decisão. Os Estaleiros de Viana chegam ? chegariam? ? aos 70 anos em 2014. Foram nacionalizados em 1975 por arrasto do Grupo CUF e foram sempre uma unidade importante em Viana e no Norte do pais. Não tenho dúvida que o ministro Aguiar-Branco está perfeitamente ciente disto e que se convenceu que não havia outro caminho que não fosse a concessão. E o facto de não ter havido verdadeiro interesse de estrangeiros indica que não é fácil encontrar um caminho. E hoje, por muito que isso custe aos trabalhadores, não é possível manter empresas improdutivas só para manter os postos de trabalho ? o povo não aceita isso e o Estado não tem como pagar. Os trabalhadores, neste caso, também têm que aprender que há uma lógica sindical perversa que é a de ter que defender tudo. Nesses casos acaba-se no nada.
Mas o processo todo fica como um daqueles que mostra como era preciso ter ideias mais claras e determinação mais firme a partir do governo, que não foi capaz de ter ânimo de reforma do Estado mas só fez cortes diretos ? para isso não é preciso ter muitas ideias. Era preciso ter uma estratégia e o executivo foi, sim, surpreendido e a reação foi empurrar o problema, não resolvê-lo. Nisso o governo falhou. A magia do começo Herman Hesse escreveu uma vez qualquer coisa como cada começo tem uma magia nova. É essa magia que espero que tenha a Grande Porto Magazine, sucessor em linha directa do Semanário Grande Porto. E que essa magia permita que o Porto e o Norte tenham uma voz esclarecida nestes tempos tão difíceis de destruição do velho antes de, esperemos, construção de qualquer coisa novo. Procurar novos caminhos, porque a única certeza que existe é que os velhos não voltam de certeza.