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Gaia é amiga do Ambiente Indíce 3 - Gaia é amiga do Ambiente 4 - Ambiente na agenda dos politicos... Entrevista ao vereador do Ambiente 5 - Escola EB1 de Miramar 6 - ...Ambiente na agenda dos politicos Entrevista ao vereador Mário Fontemanha 7 - Escola EB1/JI do Cedro Escola EB1 de Laborim de Baixo 8 /9 - À descoberta da natureza Entrevista ao administrador do P. Biológico 10/11 - Viagem ao fundo das marés Entrevista ao administrador da ELA 13 - Tratar as pilhas para proteger o Ambiente 14/15 - Excelência azul e verde Entrevista ao director do CEAR ´ 16/17 - Poupar energia é apostar no futuro Entrevista ao administrador da ENERGAIA 18 - Tratamento de lixo valorizado em 2009... Entrevista ao administrador da Suldouro 19 - Escola EB1/JI de Lavadores Escola EB1/JI do Alquebre 20 - ...Tratamento de lixo valorizado em 2009 Entrevista ao administrador da Suldouro 21 - Escola ES/3 Arquitecto Oliveira Ferreira Escola EB/2,3 Escultor António F. Sá 22 - Escola Eb1 de Laborim de Baixo Escola EB1 do Cabo Mor
Direcção: Maria Leonor da Silva Coordenação: Natália Paulo Lage Redacção: Mónica Carvalho Fotografia: Silvia Costa Concepção e Execução: Grafigaia - Publicações de Gaia Unipessoal, Lda Rua Eng.º Adelino Amaro da Costa, 15-8º Sala 8.1 e 8.2 • Apartado 144 4400-134 Vila Nova de Gaia Tiragem: 10.000 exemplares
A Educação Ambiental em Gaia foi o tema eleito pelo Jornal “O Comércio de Gaia” como o primeiro de um conjunto de projectos editoriais que vamos lançar já a partir de 2008. Antecipamos a nova experiência com a publicação desta revista para fechar com chave de ouro o velho ano que se aproxima do fim. Trata-se de um projecto formativo e informativo, porém simples e despretensioso, que procura apenas contribuir para o despertar crescente das consciências dos gaienses para a defesa e preservação do Ambiente. E porque as crianças e jovens são os principais mensageiros da causa ambiental, convidamos todas as escolas dos ensinos básico e secundário do concelho a participar neste projecto com alguns trabalhos dos alunos. Nem todas responderam, foi mesmo uma minoria que aderiu ao nosso desafio. Foram poucos, mas bons. Poucas as escolas, mas muitos os trabalhos. O que nos obrigou, devido ao formato e dimensão da revista, a proceder a uma selecção daqueles que considerámos estar mais em conformidade com os objectivos do projecto. Desfolhe as páginas e veja a beleza dos desenhos e a pertinência das mensagens dos mais pequenos. O nosso agradecimento aos alunos e aos professores. Optamos, numa outra vertente, por evidenciar os projectos e estruturas ambientais nascidos e criados em Vila Nova de Gaia e actualizamos todas as informações e preocupações, conselhos e recomendações dos responsáveis máximos por cada pólo de educação ambiental no concelho: o Parque Biológico de Gaia que se prepara para comemorar 25 anos de vida e acaba de atingir 2 milhões de visitantes que aceitaram o desafio de se lançarem na descoberta da paisagem local, a Estação Litoral da Aguda que proporciona uma verdadeira viagem ao fundo do mar e desenvolve programas pedagógicos e projectos de investigação científica, o Centro de Educação Ambiental das Ribeiras de Gaia que promove as boas práticas ambientais em estreita interacção com a comunidade escolar. Num plano mais científico, destaca-se a Energaia que dinamiza uma política energética local, promove a gestão das energias renováveis e fomenta numerosas campanhas de sensibilização para a importância da racionalização e poupança de energia, cujos resultados garantem um futuro com mais qualidade ambiental. Esta preocupação é partilhada pela Suldouro, a empresa responsável pelo tratamento dos lixos produzidos em Vila Nova de Gaia e Santa Maria da Feira (180 mil toneladas/ano) que, até 2009, vai valorizar o aterro de Sermonde com a criação de um novo equipamento para tratar os resíduos sólidos urbanos. A Câmara Municipal está empenhada em contrariar as más práticas ambientais, numa lógica de optimização das potencialidades naturais do concelho e de investimento em educação ambiental, uma vez que a prioridade reside na necessidade de alertar consciências para a importância da defesa e preservação do meio ambiente. O Jornal “O Comércio de Gaia” agradece a todos os patrocinadores – Águas de Gaia, Suldouro, Valormed, Ecopilhas e Gaianima - que acreditaram neste projecto e permitiram maximizar o nosso pequeno contributo em prol de um ambiente melhor. Porque Gaia é amiga do Ambiente!
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Ambiente na agenda dos políticos
Dr. Mário Fontemanha vereador do Ambiente da Câmara de Gaia
Vila Nova de Gaia já não é o patinho feio da Área Metropolitana do Porto. É o patinho bonito. A afirmação é do vereador do Ambiente da Câmara Municipal, Mário Fontemanha, que evidencia nesta entrevista as potencialidades naturais do concelho, valoriza os investimentos na educação ambiental e congratulase pela consciencialização dos gaienses na preservação dos ecossistemas. A população de Gaia preocupa-se com o ambiente? Eu acho que sim, mas há dez anos atrás tinha pouca consciência daquilo que era o ambiente. Depois do doutor Filipe Menezes ter entrado para a Câmara, começou-se a ter a preocupação de que este concelho não devia ser só parte urbana, nem prédios, nem desorganização e tinha mais do que isso. É um dos concelhos mais bonitos do país, porque tem cerca de 26 kms de rio, e não é um rio qualquer, é o rio Douro, e cerca de 18 kms de mar. E tem ainda uma coisa que é importante: muitos espaços verdes, não só no centro do concelho, mas também toda aquela zona mais interior, como as freguesias de Crestuma, Lever, Olival. É uma paisagem extraordinária e densamente florestal. É atravessada Página
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por um rio que nasce e desagua em Gaia, o rio Febros, e é atravessada também por um rio que nasce em Santa Maria da Feira e desagua em Gaia, que é o rio Uíma. E portanto, todo este conjunto levou a que a Câmara tivesse uma preocupação ambiental, no sentido de recuperação de todas estas zonas, sem esquecer as chamadas ribeiras de Gaia. A cidade de Gaia pela sua localização geográfica e clima possibilita que os gaienses se preocupem com as questões ambientais? Como lhe disse, não eram muito preocupados com estas questões ambientais. Foi necessário despertar consciências: dizer à população que, de facto, temos um concelho que não é o patinho feito da Área Metropolitana do Porto. Antes pelo contrário, é o patinho bonito. Se já temos um concelho assim, foi só dizer às pessoas que tínhamos essas condições naturais e é necessário preservá-las.
tiveram estas preocupações ambientais, para que o meio ambiente seja preservado. Quando se fala na questão da higiene e limpeza do próprio concelho, não é fácil encontrar um concelho com a dimensão de Vila Nova de Gaia, com 167 km2, e termos praticamente varreduras e recolhas diárias, à excepção do domingo. E, em função disso, é toda esta parte de educação que vamos iniciar. Primeiro pelas escolas e depois pelos mais adultos. E foi esse tipo de acções que levaram a que o concelho de Gaia fosse considerado um dos mais limpos a nível nacional, nomeadamente no que se refere a serviços básicos. Que lugar é que o concelho ocupa e quem fez a classificação? Esta classificação foi feita pela ABAE (Associação Bandeira Azul da Europa), onde fomos o segundo concelho do país com maior número
Na revista “Gaia Primeiro”, lançada pela Câmara, defende-se a ideia que é necessário “alertar consciências para a importância da defesa e preservação do meio ambiente”. De que forma o fazem? Começando pela Educação Ambiental, que vai ter que começar nas escolas. E nós temos uma preocupação enorme dentro dos agrupamentos de todas as escolas que existem no concelho, não é despertar a consciência das crianças, porque a consciência delas está de tal ordem limpa que não precisa de ser despertada. Nós temos é que educar as crianças para que sejam elas mais tarde a alertar a consciência dos pais, que não
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de bandeiras verdes. Isto diz tudo! As bandeiras verdes são atribuídas, normalmente, em função que é a Educação Ambiental que nós promovemos junto das escolas, que, no fundo, fazem esse trabalho e são apreciados por esta associação. Nós temos três escolas, como referências das eco-escolas, que simbolizam esta consciência ambiental. O concelho de Gaia é um dos maiores do Grande Porto e também um dos mais industrializados, o que pode levar a alguns problemas ambientais. Como se contraria esta tendência? O concelho não é só um dos maiores da Área Metropolitana do Porto, é também o terceiro maior do país, em termos de área geográfica, rendimento per capita, população. É, de facto, um dos mais industrializados da AMP e nós procurámos junto das empresas que tenham essa sensibilidade ambiental. Hoje, a maior parte tem um departamento que se preocupa já com a gestão ambiental da própria empresa. E a gestão ambiental começa pela reciclagem dentro dessa mesma empresa. E, então, tudo que são resíduos industriais banais são devidamente tratados no aterro sanitário, que, neste momento, existe em funcionamento em Sermonde. O concelho evita ter resíduos industriais banais espalhados por tudo quanto é valeta, pinhal, floresta. A outra questão é que tem havido uma preocupação muito grande da nossa parte, no sentido da reconstituição e na requalificação daquilo que são normalmente as sucatas ao ar livre. Como sabe, um veículo em fim de vida tem os óleos, as válvulas que começam a penetrar nos solos, o que é uma preocupação ambiental terrível. Há pouco falou da orla marítima Página
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que é bastante extensa e, da qual, fazem parte 17 bandeiras azuis. Que investimentos foram feitos para atingir esta excelência? Muitos investimentos. Os investimentos começam logo a ser feitos a montante. Nós temos uma rede viária bastante densa, onde somos atravessados pelas maiorias vias rodoviárias que existem a nível nacional, seja a A1,a A29, a A44, uma série de vias estruturantes que ligam o Sul ao Norte, por milhares de veículos automóveis. As primeiras chuvas começam a lavar as estradas, as estradas através das águas pluviais são todas canalizadas para as nossas ribeiras e isso tem que ter um tratamento específico, para que as águas das ribeiras que vão desaguar normalmente ao mar não comecem a poluir as ribeiras. Segundo ponto: o tratamento, quer a montante, quer a jusante, tem que ser um tratamento global do próprio concelho, refiro-me ao saneamento básico. Hoje, o concelho está coberto com 96% de saneamento básico, onde foi necessário enterrar quilómetros de condutas de saneamento para que todo ele fosse conduzido até às ETAR (Estações de Tratamento de Águas Residuais). E, em função disso, as águas que hoje lançámos no mar são absolutamente tratadas. Mas as bandeiras azuis não se relacionam só com este fundamento. As praias têm que estar limpas, as areias têm que estar limpas. Não é possível hoje termos bandeiras azuis e praias limpas e, por muito que gostemos dos animais, não podemos permitir que os nossos animais andem ao abandono nas nossas praias. E temos também que ter acessibilidade às praias. E praias acessíveis implicam que uma ambulância possa entrar e sair com muita frequência de determinadas zonas balneares, onde existem as bandeiras azuis. Temos que ter apoios de praia onde as pessoas possam beber uma água, beber um
refresco, tomar qualquer coisa, ir às casas de banho, que devem ser públicos. A Câmara apoia iniciativas como as eco-escolas, o Projecto do Museu do Granito e a Lixoteca. De que forma é que o faz? Eu próprio ando pelas escolas, falo com os professores, com os alunos a promover este concelho que é amigo do meio ambiente. E obviamente também com a Lixoteca, que é um autocarro que anda pelas escolas em parceria com a Suma, a empresa que faz a recolha de lixos em Gaia, em parceria também com a Suldouro, que é a empresa que faz a gestão dos resíduos sólidos urbanos, com as Águas de Gaia, com o Parque Biológico. Todo um conjunto transversal, quer de empresas, quer de instituições que fazem esta apologia do meio ambiente.
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Á descoberta da natureza O Parque Biológico de Gaia preparase para comemorar 25 anos de idade e já recebeu dois milhões de visitantes. Este modelo peculiar que alia o planeamento à desorganização natural é um factor de atracção das pessoas que se aproximam da fauna e flora autóctones que despontam ao longo do vale do rio Febros. Nuno Gomes Oliveira, presidente do CA desta empresa municipal, explica as razões do sucesso da gestão deste espaço verde com 35 hectares, que mostra a paisagem, e cujo modelo está a ser replicado nalgumas regiões do país.
actividades. Quais são as mais requisitadas? O Magusto, a Desfolhada, as noites dos pirilampos, com as quais as pessoas deliram, porque já não viam pirilampos há muitos anos, isto apela à memória, às recordações de infância, são dos programas que mais êxito têm no Parque.
Dr. Nuno Oliveira presidente do CA do Parque Biológico de Gaia
O Parque Biológico tem 24 anos. Qual o balanço desta já longa existência? O balanço do Parque Biológico em si, enquanto instituição de Gaia, é altamente positivo, a meu ver. Começou com um projectozinho muito tímido, sem meios e, hoje, é um grande projecto que ganhou expressão, inclusive a nível internacional. O Parque Biológico tem inúmeras Página
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Quanto custa por ano o Parque Biológico? Ao município de Gaia, custa quatrocentos mil contos, um preço normal, porque o Parque Biológico hoje já gere o Parque da Lavandeira, o Parque de Dunas da Aguda e, muito brevemente, o Refúgio Ornitológico do Estuário do Douro e o Parque de Vale de Sampaio. O modelo de organização do Parque foi devidamente planeado para não se parecer com um jardim ou com um parque formal. Porquê? O Parque nasceu por razões ligadas à Educação Ambiental, portanto, procurou-se mostrar a paisagem. Não quisemos fazer um jardim formal, como os jardins da Expo 98 e também fugimos ao modelo Parque Zoológico ou Jardim Zoológico, criando o nosso próprio modelo. Mas é um modelo que resulta? É um modelo que resulta para um tipo de pessoas e não resulta para
outro. Isso tem a ver com a preparação cultural das pessoas e com a sua origem. Uma pessoa menos culta mas com origem no campo compreende bem o Parque. Uma mais culta mas com origem na cidade tem dificuldade em perceber, porque, de facto, frequentemente as pessoas chegam cá com o estereótipo do Jardim Zoológico. Acha que as iniciativas, no âmbito da Educação Ambiental, promovidas pelo Parque Biológico, ajudam os jovens a perceberem melhor o ambiente, aquilo que se vai passando à sua volta, as mudanças que vamos sofrendo? Fatalmente! Não vou dizer, nem é essa a nossa intenção, que uma pessoa entra aqui a não respeitar o ambiente e sai a respeitar, porque não fazemos lavagens cerebrais. Obviamente que se a visita da escola for uma visita de estudo verdadeira, por mais distraídos, por mais divertidos que os alunos estejam, vão perceber que aqui há qualquer coisa de diferente, que há uma qualquer mensagem que se quer transmitir. No dia 29 de Julho de 2000, o Parque deixou de ser um departamento da Câmara para se tornar numa empresa municipal. O que mudou? Desde logo, passou a ter autonomia
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administrativa e financeira, como qualquer empresa. Isso quer dizer que a equipa do Parque começou a sentir o gosto em poupar, em rentabilizar. Antes de sermos uma empresa, no fim do mês, tínhamos que levar as receitas à tesouraria da Câmara, portanto, não sentíamos que era para o projecto. Como empresa municipal, isso sente-se e, então, faz sentido poupar, faz sentido gerar receitas e uma série de coisas que nos tornem melhores, mais competitivos, com melhores serviços. Falou nas vantagens, mas houve alguma desvantagem neste processo? Houve um encargo de maior trabalho, porque toda a área administrativa de gestão de pessoal, administrativa, contabilística, que até então era feito na Câmara, passou a ser feita aqui. Houve uma maior responsabilização.
Sem espanto nenhum, porque aquilo que pretendemos criar foi exactamente um modelo novo de mostrar e expor animais. A nossa norma, a nossa orientação é que só temos animais da fauna portuguesa, porque queremos é falar do ambiente em Portugal.
especificamente que uma das coisas que custeia é a construção dos centros de recuperação, é inadmissível, é perfeitamente indesculpável que a candidatura não tenha sido aprovada, especialmente com os argumentos de que não há dinheiro, que é coisa que não falta.
O Centro de Recuperação de Fauna não teve aprovação. É negativo o Governo não apoiar este género de iniciativas? É péssimo! Porque no que toca à recepção de fauna apreendida, de animais encontrados feridos, esse trabalho que incumbe ao Estado português, por força da lei, por directivas comunitárias, e está a ser há anos desempenhado por associações e, essencialmente pelo Parque Biológico, porque é o que recebe mais animais. Havendo o Programa Ambiente que diz
A 15 de Março de 2008 vão celebrar os 25 anos do Parque. Têm algo especial preparado? Nós não temos tido tempo para comemorar os 25 anos. Mas vamos ter que fazer alguma coisa, são vinte e cinco anos e provavelmente vamos editar a monografia do Parque. A 21 de Março, que é o dia do aniversário, é quando estamos em S. Tomé e Príncipe, no Primeiro Encontro Sobre Biodiversidade e Ecoturismo, e é também uma boa maneira de comemorar a maioridade do Parque.
Em 2003, o Parque Biológico foi considerado o melhor na sua vertente enquanto Parque Zoológico. Queriam fugir ao estereótipo, mas acabaram por receber uma nomeação deste género. Há uma directiva comunitária sobre a detenção de animais em ambiente zoológico e isso foi transposto para o Direito português, com um decretolei, a que se chama Decreto-Lei dos Parques Zoológicos e, perante essa lei, um Parque Zoológico é qualquer colecção de animais que esteja aberto ao público mais de sete dias por ano. Portanto, nos termos dessa lei, tivemos que legalizar-nos como Parque Zoológico. Numa avaliação, este foi considerado o melhor, em termos de instalações, de apresentação dos animais, de informação. E como é que reagiram a esta nomeação? Página
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Viagem ao fundo das marés A Estação Litoral da Aguda é um espaço único que alia programas de educação ambiental para todas as faixas etárias, projectos de investigação científica em ecologia marinha e iniciativas de proximidade com a pesca artesanal. Mike Weber, fundador e director da ELA, convida nesta entrevista a uma viagem ao fascinante mundo do mar e das marés. A Estação Litoral da Aguda (ELA) esteve em preparação desde 1988. Como nasceu a ELA? O tempo da construção e da instalação de equipamentos, os processos administrativos, de elaboração do projecto, a apresentação da ideia, todo este pacote demorou quase onze anos. É muito tempo… O empreiteiro foi à falência a meio do caminho, depois entraves de muitos lados. Foi um caminho bastante duro, mas valeu a pena. Quais são os principais objectivos da estação? Em primeiro lugar ter uma casa, uma instituição aberta ao público, com uma vertente turística, cultural, pedagógica e investigação cientifica. Estamos activos no âmbito da investigação científica, porque estamos ligados ao Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar da Universidade do Porto (ICBAS). O nosso programa de Educação Ambiental é um programa muito vasto, para todas as faixas etárias, todos os níveis pedagógicos,
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desde creches até ao Ensino Superior. E de todas essas faixas etárias quem vem com mais frequência? É difícil dizer. Por exemplo, o programa de Educação Ambiental no Litoral, que é o programa mais antigo, já existe há onze anos, é mais frequentado por escolas secundárias. Se olharmos para as estatísticas dos visitantes, verificamos que 60% são crianças, das quais 40% crianças a partir dos quatro anos. Os adultos ficam tão fascinados como as crianças? Despertamos um grande interesse sobretudo nas pessoas que mantêm um fascínio pelo mar. A ELA está vocacionada para o mar, litoral, pescas. Temos o Museu das Pescas que tem mais de dois mil itens ligados à pesca artesanal em todo o mundo. O Aquário é montado de uma forma auto guiada, pedagógica, mostra ao visitante a fauna local, o que para muitas pessoas é uma surpresa, ver aquela diversidade de peixes e vertebrados que se encontram aqui em frente a sua casa. Aqui há apenas fauna local. E aí é o fascínio dos adultos. Ficam surpreendidos por existirem aqui, por exemplo, tartarugas marinhas, ou, de repente, peixes que quase só se conhecem no prato. Os comentários são sempre os mesmos: ficam fascinados pelas cores das fanecas, porque a faneca viva é uma coisa fabulosa, nada a ver com a fanequinha frita. Mas a maioria dos
Prof. Dr. Mike Weber administrador da Estação Litoral da Aguda
adultos mostra um interesse muito sincero, um interesse ecológico, um interesse pela informação que damos. A informação é introduzida de forma quase inconsciente. Vale a pena ler as legendas, claro, mas quem abre bem os olhos e deixa-se guiar pelos aquários, seguindo os números, consegue fazer um passeio fantástico pela fauna que existe aqui. Que serviços é que a ELA oferece? Serviços pedagógicos: para os jardinsde-infância temos o programa “Contos do Mar”. Depois temos a “Turma do Mar”, um programa em que os professores encomendam um certo tema, por exemplo, uma tempestade, ou correntes, ou peixes, e nós tratamos esse tema. Depois as crianças vêm, têm até uma hora de ensino na sala de aulas e, em seguida, vêem o Aquário. Depois temos um programa muito giro, mas pouco frequentado que se chama: “Uma Noite no Fundo do Mar”. As crianças vêm às nove da noite, trazem um saco-cama e dormem no Aquário, acompanhadas por um monitor. É pouco requisitado, porque é muito dispendioso, são 50 euros. Mas a criança está connosco desde as nove da noite às nove da manhã, recebe uma t-shirt muito bonita, recebe uma ceia, o pequeno-almoço, um livro. Tudo isto
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acompanhados. Os pais podem deixar as crianças que aqui ficam seguros. Temos o programa para as escolas secundárias que é “Educação Ambiental no Litoral”. Temos o programa “Trilho da Interpretação da Natureza”, entre Miramar e a Granja. Neste trilho está integrada uma visita ao Centro de Educação Ambiental das Ribeiras de Gaia (CEAR), como uma entrada na ELA. E o novo programa “Litoral em Mudança”. As escolas agora querem esse tipo de informação e nós estamos num sítio privilegiado por causa do quebra-mar. Aqui vê-se mesmo in loco, in situ as grandes mudanças que foram feitas pela Natureza, ou melhor, pela influência directa do homem no sistema marítimo. Depois temos o programa “Ciência Viva”, no Verão, geralmente no mês de Setembro, para pequenos grupos de adultos. Nós escolhemos um tema ligado ao litoral e biologia das espécies. Também é muito frequentado. Agora vamos avançar para o Ensino Superior. Devo dizer que eu sou professor no ICBAS e, para a licenciatura, eu estou aqui a leccionar Ecologia Marinha e Tecnologia das Pescas. Na Ecologia Marinha, há muitos aspectos de Educação Ambiental directos, ligados também aos programas para as crianças, claro que com outro tipo de informação, mais adaptado aos livros do Ensino Superior. Depois, para os cursos da pós-graduação e mestrado tenho uma cadeira que se chama Ecologia Costeira. E para o público em geral, são as visitas guiadas, de meia a uma hora, em português, inglês ou alemão. Este é o nosso programa. Não conheço nenhuma instituição em Portugal que tenha um programa tão vasto e tão estruturado para todas as faixas etárias, desde crianças até aos adultos.
da bilheteira e da loja, portanto, os livros que vendemos, postais, t-shirts, e, claro, os bilhetes. Um bilhete para um adulto custa quatro euros, uma criança paga um euro, grupos também. Além disso, estamos a prestar serviços para a empresa municipal Águas de Gaia. Os aquários que estão montados no CEAR são mantidos por nós. Uma vez por dia, um funcionário nosso, ao domingo sou eu, vai lá alimentar os peixes e verificar se está tudo a trabalhar bem e se houve alguma falha no equipamento. Com estas verbas nós conseguimos existir. Podemos dizer, em média, quase vinte mil euros por mês. A ELA tem diversos departamentos. Como funciona cada um deles? No Museu das Pescas expomos artefactos e utensílios da pesca artesanal. A grande atenção recai sobre equipamento da praia da Aguda. O nosso objectivo é valorizar um bocadinho o papel do pescador local. Para ter uma ideia do que há no mundo, encontramos no museu peças dos cinco continentes. Sempre que fazia uma viagem, e fiz muitas viagens, sempre coleccionei utensílios da pesca e trouxe para cá. Estão aqui quase dois mil itens. O Aquário tem fauna e flora local, apenas local, nada de exotismos. É um pequeno aquário com quinze tanques. Os peixes gostam muito de viver connosco, estão num hotel cinco estrelas. São cerca de 60 espécies e cerca de mil e duzentos indivíduos, peixinhos. A exposição é montada de uma forma a que a pessoa faça um
mergulho simbólico: entra no mar e vai para os vinte e cinco metros de profundidade e em cada patamar vê os peixes típicos. Depois volta e regressa a terra e, no fim, entra numa pequena ribeira que atravessa as dunas. Os últimos quatro aquários da exposição são de água doce, com a fauna típica das ribeiras. Além da fauna marinha, também temos fauna de água doce. No Departamento de Investigação temos dois projectos em curso. Um está a acabar que é a “Colonização do Quebra Mar”, e o outro é um programa de longo prazo que iniciamos há dois anos e meio: o cultivo do lavagante e o repovoamento do mar com lavagante. Os pescadores vão sabendo o que nós vamos fazer, nós informámo-los muito bem de cada passo. Está no próprio interesse deles que o projecto vá para a frente. Como vai ser o futuro da ELA? Eu espero que próspero. Espero que continue como agora. Espero que continuemos a ter, em média, vinte e cinco mil visitantes por ano. Nós temos apenas duzentos metros quadrados de exposição, é uma casa pequena e esta é uma boa média, entre cinquenta e setenta e cinco pessoas por dia. Espero que a autarquia continue a apoiar-nos. Espero que não haja acidentes, como uma bomba avariar às três da manhã e eu ter que vir de pijama salvar o barco.
De onde vem o financiamento para a estação? A Câmara dá-nos um subsídio mensal de doze mil e quinhentos euros. Além disso, podemos ficar com as receitas Página
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Desde 2004 foram recolhidas em média por ano 14 milhões de pilhas
51,7 Milhões de pilhas enviadas para reciclagem A Ecopilhas, entidade responsável por gerir a recolha, triagem e reciclagem de pilhas e acumuladores usados, recolheu e enviou para reciclagem 51,7 milhões de unidades desde o arranque da sua actividade, em 2004, até final do primeiro semestre deste ano. Entre 2004 e 2006, foram em média recuperadas para reciclagem, cerca de 14 milhões de unidades por ano, o que equivale a mais de 13 por cento do total de pilhas e acumuladores colocadas no mercado.Em 2004 a Ecopilhas recuperou 8 milhões de pilhas. Em 2006 já conseguiu recuperar 17 milhões de pilhas e acumuladores, o que corresponde a um crescimento de 53%. O ano de 2007 poderá registar nova tendência de crescimento, na medida em que durante o primeiro semestre foram recolhidas cerca de 10,7 milhões de unidades de pilhas e acumuladores. Comparativamente com o período homólogo de 2006 tal representa 9% de crescimento. As associações de municípios e os sistemas multimunicipais, a par dos hiper e supermercados, são as entidades que mais contribuem para o esforço de recolha e para o bom desempenho de Portugal nesta área – 40 por cento cada. A fatia restante, 20 por cento, corresponde à recolha que resulta do esforço feito pelos Ecoparceiros. Eurico Cordeiro, Director-Geral da Ecopilhas, sublinha que «o esforço desenvolvido pela Ecopilhas e pelos seus Ecoparceiros na distribuição de pilhões em todo o País tem sido bem sucedido». Mas, reforça, «é ao cidadão que cabe o papel principal de colocar as suas pilhas, baterias de telemóvel, de computador, de câmaras de vídeo e outras nos pilhões». Recolha de pilhas já cobre todo o País A Ecopilhas conta actualmente com 1.497 Ecoparceiros, ou seja entidades envolvidas no consumo de pilhas e
acumuladores que colaboram na recolha selectiva de pilhas e acumuladores usados. A entidade gestora cobre actualmente todo o território nacional, incluindo as regiões autónomas da Madeira e dos Açores. Existem hoje mais de 15 mil pilhões à disposição da população, 2.700 dos quais colocados e recolhidos directamente pela Ecopilhas (18% do total). Estes pilhões, colocados pela Ecopilhas, foram responsáveis em 2006 por cerca de 60% das pilhas e acumuladores recolhidos. A evolução dos pontos de recolha está directamente ligada ao esforço de colocação de pilhões pelas autarquias, supermercados e outros Ecoparceiros. Com vista a aumentar anualmente os níveis de recolha, a Ecopilhas leva a cabo, pelo segundo ano consecutivo, em Dezembro, uma acção especial de recolha de pequenas quantidades de pilhas e acumuladores usados dirigida a todos os Ecoparceiros que tenham em seu poder entre um e três pilhões cheios. «Desta forma damos apoio a todos os nossos Ecoparceiros que, apesar de contribuírem activamente para a recolha de pilhas e acumuladores usados não conseguem atingir o mínimo estabelecido de quatro pilhões cheios (100kg) para solicitar uma recolha», explica Eurico Cordeiro. Outra das apostas da Ecopilhas consiste no lançamento de campanhas de sensibilização com o objectivo de chamar à atenção não só para as pilhas usadas esquecidas em casa, mas também para a diversidade de acumuladores existente em todos os equipamentos que fazem parte do dia-a-dia: baterias de telemóvel, de computador, de câmaras de vídeo, entre outros, e que são igualmente para colocar no Pilhão. Tratar as Pilhas para Proteger o Ambiente!
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Excelência azul e verde neste momento situarmo-nos à frente naquilo que é a gestão de águas e saneamento. Foi com base nisso que conseguimos atingir excelentes patamares, tanto na gestão operacional, nas infra-estruturas, como também na gestão da própria empresa.
Engº Fernando Ferreira Director do CEAR
Um forte investimento em infraestruturas de abastecimento de água, saneamento básico, tratamento de esgotos, despoluição e renaturalização de ribeiras permitiu ao município de Gaia atingir a excelência da qualidade das águas e a conquista da bandeira azul em todas as praias. Fernando Ferreira, director do Centro de Educação Ambiental das Ribeiras de Gaia, tutelado pela Águas de Gaia, EM, explica nesta entrevista em que medida o CEAR interage com a população e se afirma como pólo aglutinador das questões ambientais. A empresa municipal Águas de Gaia conseguiu em 2006 uma performance macroeconómica ao nível das melhores empresas do sector da Europa. Qual é a chave para o sucesso. Em 1998 houve uma alteração relativamente profunda no modelo de gestão na área da Água e Saneamento. Esta estratégia foi delineada pelo município de Gaia e houve uma transformação naquilo que eram os serviços municipalizados na empresa municipal Águas de Gaia. Esta estratégia de gestão permitiu desenvolver um conjunto de infraestruturas absolutamente indispensáveis para que pudéssemos Página
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A água de Gaia é uma água com qualidade, mesmo para consumo? Sim. A questão da qualidade da água para consumo tem que ser vista segundo dois prismas. Primeiro, a produção não é da responsabilidade das Águas de Gaia, porque a água é adquirida à empresa inter-municipal Águas do Douro e Paiva que abastece toda a zona da Área Metropolitana do Porto. Nós temos o controlo da qualidade da água na distribuição e a garantia que podemos dar é que são cumpridas todas as análises exigidas por lei e, por isso, posso dizer-lhe que a água distribuída em Gaia é de excelente qualidade, em termos de abastecimento. Além da água para consumo, podemos falar também da água balnear. Gaia orgulha-se de ser o município com mais bandeiras azuis do país. Temos 17 praias com bandeiras azuis, ou seja, todas as zonas balneares de Gaia têm este galardão, que é um símbolo de qualidade de todo
o sistema de gestão das praias. Tal como aconteceu este ano, em 2008 todas as praias de Gaia vão hastear a bandeira azul. E como se chega a este patamar onde todas as praias de Gaia são consideradas dignas de bandeira azul? Isto no fundo representa a história daquilo que é a empresa desde o final da década de 90. Era preciso definir as estratégias e a aplicação dos investimentos que estavam à disposição, dentro daquilo que é o orçamento do município e dentro dos fundos comunitários a que se poderia recorrer. A estratégia do município foi muito clara: apostar em questões fundamentais, como as estruturas de saneamento e, por isso, desde 1998 o investimento foi muito canalizado para este sector. Nós só podemos ter praias com bandeira azul, se tivermos o saneamento, o esgoto recolhido e tratado. Depois foram construídas cinco Estações de Tratamento de Águas Residuais, que estão a funcionar bem, e ainda cerca de 1200 quilómetros de colectores e 150 quilómetros de emissários. Não vale a pena termos passadiços, nem muita gente na praia se não pudermos oferecer qualidade,
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e essa qualidade não é conseguida se tivermos esgotos nas ribeiras mas tendo uma água balnear de excelente qualidade. O Centro de Educação Ambiental das Ribeiras de Gaia (CEAR) era um centro imprescindível para o município? O CEAR é uma peça fundamental para o município de Gaia. Desde já, porque fazer coisas não é fácil, mas fazem-se havendo os recursos disponíveis. Mas queremos ir, paulatinamente, educando e sensibilizando as pessoas para algumas questões, para isto não basta haver meios para atingir esses objectivos. É preciso interagir com os munícipes, criar uma interligação com as escolas. E, nessa perspectiva, o centro funciona como pólo aglutinador das questões de sensibilização ambiental. Neste momento temos no centro, além das cerca de oito a dez mil pessoas que nos visitam todos os anos, uma campanha de parcerias com escolas do 1º e 2º ciclos e jardins-deinfância que fazem com que praticamente estejamos em contacto permanente e há parcerias que estão relativamente contratualizadas de forma a que essas escolas tenham aqui toda a disponibilidade para as recebermos. As escolas aderem aos projectos do CEAR? As escolas estão muito sensíveis para isso. No fundo, essas oito a dez mil visitas são de escolas, visitas programadas. Nós também temos um conjunto de programas que estão especialmente vocacionados para as escolas, designadamente o Programa Pedagógico das Ribeiras (PPR). Para nós é um PPR ambiental. Isto é destinado a crianças dos 3 aos 10 anos e é um programa que tem tido uma adesão muito grande. Os objectivos deste programa correspondem aos objectivos fulcrais da Educação Ambiental: incutir hábitos ambientalmente correctos, reconhecer
a importância das questões ambientais e respeitarmos a natureza, identificar no nosso comportamento diário o que pode interferir com o ambiente. Temos outro programa destinado a crianças do 2º e 3º ciclos que é o Programa de Educação Ambiental das Ribeiras de Gaia, em que os conteúdos já são um pouco mais trabalhados e com conteúdos científicos mais próprios: promover o conhecimento da fauna e da flora do ecossistema ribeirinho, demonstrar a importância da biodiversidade para o equilíbrio sustentado das questões ambientais; evidenciar a importância do saneamento para preservarmos a qualidade da água das ribeiras. Nós também procuramos, nestes contactos com as escolas, que as crianças sejam um veículo de comunicação das nossas ideias para as famílias. E, nesse aspecto, estes programas tiveram uma importância muito grande: houve uma altura em que poucas pessoas não tinham a casa ligada ao saneamento e houve necessidade de incentivar a fazer essas ligações e foi também com a colaboração destes programas e do CEAR que conseguimos atingir uma taxa de cobertura de saneamento da ordem dos 90%.
crescido. O Centro abriu em 2002 e podemos dizer que temos vindo sempre a crescer. Tentamos também criar novas iniciativas, para que se torne interessante visitar o Centro mais que uma vez, para não ser sempre repetitivo e para que o Centro tenha capacidade de responder àquilo que as crianças querem. Temos também programas de Verão, colaboramos com o programa Ciência Viva, que nos permite fazer intercâmbio com outras instituições, de modo a optimizarmos os nossos recursos e a estarmos sempre a um nível bastante bom de conhecimentos nesta área.
Que balanço faz dos programas? Fazemos um balanço muito positivo. Obviamente que há sempre algum trabalho ainda para fazer. Mas é um balanço positivo, porque sentimos que há receptividade por parte das pessoas a quem queremos chegar com a nossa mensagem. Com as escolas as coisas têm corrido bastante bem. Fizemos, ao longo de 2007, cerca de trinta parcerias com escolas do município. Temos visitas que já excedem os limites do nosso município, por exemplo, há quinze dias tivemos uma escola do Porto que trouxe 150 crianças a visitarem o Centro. Temos crianças que vêm de Santa Maria da Feira, de S. João da Madeira. É uma cobertura que se vai estendendo além do município. O número de visitantes anualmente tem Página
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Poupar energia é apostar no futuro A dinamização de uma política energética local, a promoção da gestão de energia e das energias renováveis constituem a génese da Energaia – Agência Municipal de Energia, criada em 1999, por iniciativa da Câmara de Gaia, e constituída por treze associados de diversas áreas de actuação da sociedade, designadamente administração local, educação, transportes e energia. Nesta entrevista, o presidente do CA da Energaia, Joaquim Borges, Gouveia fala dos benefícios da racionalização energética e avança com algumas recomendações práticas para poupar energia e preservar o ambiente. questões do ambiente e da energia. Relativamente à eficiência energética temos vindo a promovê-la nos edifícios públicos, como a Piscina da Granja. Por exemplo, a redução do consumo da energia eléctrica fazendo um contrato mais adequado, fazendo com que o aquecimento não seja eléctrico, mas através de energias renováveis.
Prof. Dr. Joaquim Borges Gouveia presidente do CA da Energaia
Quais são as competências e funções da Energaia? Uma primeira tem a ver com a promoção da eficiência energética nos mais diversos locais e actividades. Em segundo lugar, a introdução das energias renováveis e a sensibilização da população e sobretudo dos mais jovens para estas Página
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Acha que as pessoas estão, de facto, sensibilizadas para a poupança de energia? O que acontece é que nos últimos dois anos tem começado a haver campanhas mais intensas. Provavelmente, no próximo ano vamos ter campanhas massivas de poupança de energia, para a eficiência energética, como a troca de lâmpadas, a questão do contador bihorário, a própria questão da possibilidade do consumidor/produtor. Todo um conjunto de situações que estão a dar a volta. Quando falamos em energia, falamos em hábitos que nós temos e que são quotidianos. Ora, mudarmos as nossas formas de actuar não é fácil, mesmo na nossa própria casa.
Em termos de energias renováveis o que existe em Gaia? Em Gaia, fundamentalmente temos a energia solar térmica, o biogás e, provavelmente, há uma outra terceira forma, que é a energia fotovoltaica, que serve para produzir directamente electricidade. O que podemos pedir é que a produção de energia cresça sobre as renováveis. E é essa a linha de pensamento a seguir? É. Mas também há uma outra linha: aquilo que estamos a utilizar, que o utilizemos melhor. Mas isto é trabalho nos consumidores, a nossa mudança de pensamento. Este tipo de questões passa por uma reorganização não só da nossa maneira de estar, mas também da quantidade de deslocações que fazemos por ano, por isso é importante que os serviços digitalizados de uma autarquia permitam que em casa possamos fazer tudo. A Energaia, juntamente com a EDV Energia, promove o programa
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Ecoempresas. Desde quando o fazem e em que consiste? Há cerca de quatro anos que o programa iniciou, em parceria com as associações comerciais e empresariais dos concelhos, para definir um conjunto de empresas e para elas fazer a análise dos consumos e ver que soluções seriam mais favoráveis. E como foi a aceitação das empresas? A aceitação das empresas é sempre interessante, numa primeira fase, quando não há custos para as empresas. Quando têm que fazer investimentos, começam a ter alguma dificuldade; há umas que fazem e outras que não. Tal como houve empresas que, a partir daqui, desenvolveram negócios nessa área. Em relação à questão do biogás que foi algo que foi aprovado no aterro de Sermonde. A Energaia
liderou um estudo em que avaliava o processo energético e a viabilidade económica duma valorização, bem como um estudo sobre a produção de electricidade e calor através do biogás. Quais as principais conclusões a que chegaram? O objectivo do estudo foi, em conjunto com a Suldouro, analisar a potencialidade da produção do biogás no aterro. Foi detectado que havia uma oportunidade, porque o aterro podia produzir biogás em quantidade suficiente para instalar, numa primeira fase, um Megawatt, e agora outro. Também fizemos a análise do ponto de ligação à rede, porque para produzir energia eléctrica é preciso podê-la injectar na rede e, a partir daí, poder vendê-la à EDP. Fez-se a instalação, o ponto de funcionamento e fomos fazendo a análise dos resultados que foram sendo obtidos. E que têm sido tão interessantes que, ao fim de ano e meio, tomaram a decisão de introduzir
um novo grupo, até porque a quantidade de biogás que o aterro produzia permitia essa possibilidade. Que pequenos acções podemos fazer para poupar diariamente? O stand by (dos aparelhos electrónicos); a troca de lâmpadas por lâmpadas eficientes, tomar banhos mais curtos; ao pôr-do-sol ou um pouco antes fechar as janelas e as persianas; calafetar portas e janelas; fazer menos kms com o automóvel; cozinhados não tão longos; não fazer muitas lavagens da máquina; escolher electrodomésticos com classes superiores. Como vai ser o futuro energético aqui no concelho de Gaia? Há que incentivar a progressão das energias renováveis, quer a energia solar, quer a biomassa. A redução dos consumos energéticos e de energia eléctrica de iluminação pública vai ter que ser obrigatório, que são estes programas que estamos a avançar.
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Tratamento de lixo valorizado em 2009 As 180 mil toneladas de lixo que os 440 mil habitantes de Vila Nova de Gaia e Santa Maria da Feira produzem são tratados pela Suldouro, Valorização e Tratamento de Resíduos Sólidos Urbanos, SA. Loureiro Campos, administradordelegado desta empresa criada em 1996, explica nesta entrevista o plano de intervenção durante os dez anos: encerramento e requalificação das lixeiras de Vilar de Andorinho e Canedo, um Aterro Sanitário Controlado para tratamento de resíduos não perigosos em Sermonde, um Sistema de Recolha Selectiva que abrange os dois municípios, constituído por uma vasta rede de eco pontos e eco centros, uma Estação de Triagem e uma Central Termoeléctrica para produção de energia a partir do biogás proveniente do aterro. Até 2009, ano em que esgotará a capacidade do aterro sanitário, a Suldouro vai construir uma Central de Valorização de Resíduos Orgânicos por Digestão Anaeróbica e outra de Produção de Energia a partir do biogás resultante da Digestão Anaeróbica. Quais são as competências da Suldouro?
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A nossa missão é tratar os resíduos dos concelhos de Gaia e Santa Maria da Feira, que são os principais accionistas, e valorizá-los o mais possível. Fazemos também a recolha selectiva de resíduos de embalagens nos dois concelhos, através de cerca de 1300 eco pontos. Também fazemos a separação dos materiais recolhidos em eco ponto, fazemos a separação, eliminámos os produtos que são prejudiciais à sua reciclagem, emparedámos e vendemos a retomadores da Sociedade Ponto Verde, com quem temos contrato. Ligado ao aterro, temos de tratar quer os influentes líquidos, o produto líquido que resulta da formatação dos resíduos, o chamado lixiviado, quer os gasosos, e depois uma percentagem mais reduzida de oxigénio e outros compostos gasosos. Além dos resíduos urbanos que os municípios deixam aqui, nós, mediante uma autorização especial do Ministério do Ambiente, podemos também depositar aqui resíduos industriais banais, provenientes de processos industriais não perigosos e que também nos dão um bom proveito. A Suldouro foi muito criticada pela
Engº Loureiro Campos administrador-delegado da Suldouro
população e pelas associações ambientalistas relativamente à poluição feita. Como reage aos protestos? Foi um processo complicado e eu reconheço que há fases em que, devido às condições climáticas, de temperaturas, de humidade, com os ventos, na periferia do aterro há populações que foram massacradas com mau cheiros. Isso significa que já não são? Não, porque na realidade o grande factor causador do cheiro é o biogás. Quando começámos a operar no aterro, em Março de 1997, o projecto teve as suas falhas, uma delas era, por exemplo, o tratamento dos lixiviados, que viemos a corrigir. Outro aspecto era a questão do biogás. Os livros têm modelos técnicos para figuração de tratamento de biogás, de recolha de biogás, de quantidades, simplesmente o que acontece é que o lixo é todo diferente, de zona para zona. E a bibliografia que existia, na altura, era estrangeira. E, ao longo dos anos, é que vamos aperfeiçoando, é que vamos ganhando conhecimento, vamos fazendo uma certa investigação prática, uma investigação aplicada e, agora, dominamos o processo. Quando instalamos o primeiro motor de biogás, em Setembro de 2004, as
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reclamações de mau cheiro baixaram. A partir de Abril deste ano ainda baixaram mais, com a instalação do segundo motor. Falou-se na comunicação social que 2006 era a data prevista para o esgotamento do aterro. Mas foi algo que não se verificou. Não tínhamos nenhuma data prevista, excepto uma coisa: que nós iríamos encerrar o aterro quando o aterro estabilizasse à quota de 110. Já chegámos, mas não estabilizamos. O que acontece é que os resíduos vão assentado, porque sai água, sai biogás, há decomposições e, portanto, ainda não estabilizou. Em 2009, esgotamos o aterro. E o que acontece quando o aterro esgotar? Esperemos que até lá façamos duas coisas importantes: uma delas é estudar a localização de um novo aterro e defini-la com os dois municípios. O segundo ponto é fazer um estudo de impacto ambiental desse novo aterro para ser lançado o concurso público para a construção do novo aterro e avançar com isso.
água para o vinho. É um salto qualitativo enorme. É uma solução que não é inédita no nosso país. As vantagens são muito grandes: não tem impacto ambiental, como tinha há anos atrás; os sistemas de filtragem são eficientíssimos. E tem uma vantagem enorme: produz energia. E a termos uma incineradora, onde seria a sua localização? Pensava-se que na zona de Águeda, isto em 2004. Mas o Ministro do Ambiente Luís Nobre Guedes defendia o tratamento mecânico biológico no tratamento dos resíduos e chumbou a nossa incineradora. No ano seguinte, em 2005, o ministro Nunes Correia também chumbou a nossa solução conjunta de incineradora. E o que acontece é que nós temos que ir para um novo aterro com um tratamento desses. Temos que fazer uma unidade de demolição orgânica, uma parte será com o tratamento mecânico biológico. Teremos que reforçar a triagem e a
recolha selectiva. Acha que as pessoas estão sensibilizadas para as questões ambientais? As nossas percentagens de reciclagem têm aumentado fortemente, também porque partimos de valores muito baixos. Nos plásticos estamos com 22% por ano, no vidro, com 5 ou 6% ano, e no papel, à volta dos 18% por ano. Começámos a ter uma consciência ambiental muito mais elevada. A mensagem tem que ser esta: reciclar, separar. Mais importante que isso é reduzir! Esta é que tem que ser a palavra-chave Além de reduzir que outros pequenos actos podemos ter no nosso dia-a-dia para ser mais amigo do ambiente? Podemos usar lâmpadas de consumo económicas. Arranjar as torneiras em casa quando começam a pingar. Coisas pequenas que fazem a diferença.
O próprio Ministério do Ambiente chegou a falar, no início do ano, da possibilidade da construção de um novo aterro que servisse Gaia e Santa Maria da Feira. Este projecto teve desenvolvimento? Em 2004, nós, juntamente com uma empresa que é a SUC (Sistema Unificado de Controlo), que faz o tratamento dos resíduos em Coimbra, Aveiro, estudámos uma solução conjunta que era interessantíssima: juntávamos as duas empresas e íamos para uma solução de incineração, tratar os resíduos por incineração. E qual é a diferença entre o que existe agora e uma incineradora? É uma diferença enorme, como da Página
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Educação Ambiental em Gaia Eu tenho um sonho. O meu sonho é que um dia a minha cidade vai ser a mais ecológica do Mundo. Na minha cidade há ecopontos em todas as ruas e toda a gente recicla o lixo, no ecoponto azul põe-se papel e cartão, no amarelo plástico e metal, no verde o vidro e no pilhão as pilhas usadas. A camada de ozono está a ficar danificada e o sol está mais forte, o que provoca doenças ao ser humano e derrete o gelo do Pólo Norte. Mas, no meu sonho, a camada de ozono não está danificada, porque as pessoas andam de bicicleta, não há carros e as fábricas têm um escudo protector que transforma a poluição em electricidade. No meu sonho, as praias estão limpas e o rio Douro é o rio mais limpo do Mundo, porque na minha cidade nenhuma pessoa nem nenhuma fábrica deita lixo para as águas. No meu sonho, a minha cidade tem muitos jardins com árvores enormes e lindas flores que ajudam a purificar o ar. Eu gosto muito de viver na minha cidade, GAIA, e desejo que um dia Gaia seja a minha cidade de sonho. Pedro Ennes EB1 de Cabo-Mor “Educação” Ambiental em Gaia A educação é muito importante quer para as pessoas quer para o ambiente. Dela depende o bom relacionamento entre as pessoas e o bom ambiente. Todas as pessoas devem ser educadas e disciplinadas para se respeitarem umas às outras. As pessoas educadas também devem preocupar-se com o meio ambiente, isto é respeitá-lo. Este respeito significa uma melhoria ambiental que se consegue com a eliminação dos chamados resíduos poluentes. Para este fim temos que recorrer à reciclagem dos produtos sólidos. O vidro, o papel, o metal e o plástico são resíduos perigosos e de difícil decomposição, pelo que devem ser depositados nos respectivos contentores. Se todos procederem assim acabamos por mostrar que somos educados e respeitadores do ambiente que será mais puro e saudável. João Nuno Almeida EB1 Cabo-Mor
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